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INTEGRAÇÃO ESCOLAR E MEIO AMBIENTE UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA EM DEFESA DO RIO SANTA MARIA DA VITÓRIA

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Maria Helena Klein Escola Municipal de Ensino Fundamental “Francisco Lacerda de Aguiar”

klein2004@ig.com.br

INTEGRAÇÃO ESCOLAR E MEIO AMBIENTE “UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA EM DEFESA DO RIO SANTA MARIA DA

VITÓRIA”

1. INTRODUÇÃO

A questão ambiental vem sendo considerada cada vez mais urgente e importante para a sociedade, pois o futuro depende da relação estabelecida entre a natureza e o uso pelo homem dos recursos naturais disponíveis.

Conforme TRISTÃO (2004)

“... a relação entre Meio Ambiente e Educação para a Cidadania assume um papel cada vez mais desafiador, demandando a emergência de novos saberes para apreender processos sociais que se complexificam e riscos ambientais que se intensificam.”

No que se refere à área ambiental, há muitas informações, valores e procedimentos que são transmitidos à criança pelo que se faz e se diz em casa.

De acordo com os PCN’s (vol. 9)

“... esse conhecimento deverá ser trazido e incluído nos trabalhos da escola, para que se estabeleçam as relações entre esses dois universos no reconhecimento dos valores que se expressam por meio de comportamentos, técnicas, manifestações artísticas e culturais.”

A “Preservação Ambiental”, assunto de tamanha importância, já chegou às escolas. Muitas iniciativas têm sido desenvolvidas em torno da questão, que envolve a conservação, recuperação e proteção de diversos ecossistemas (ou recursos hídricos).

Porém, entender a relação entre homem e meio ambiente não é uma tarefa fácil para crianças, pois envolve um grande volume de conhecimentos a serem adquiridos em diferentes momentos da escolarização. O real impacto educacional pode estar na maneira pela qual serão apresentadas aos estudantes essas relações. Em outras palavras, importa notar a

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qualidade da abordagem de assuntos tais como poluição e degradação, o reconhecimento do espaço onde vivem as espécies animais e vegetais, como também aprender a deslocar-se. Sobre questões de localização e deslocamento, ALMEIDA (2006) assim descreve:

“... localização e orientação são, portanto, conceitos a serem construídos ao longo da escolaridade. Desenvolver a percepção de formas e volumes e saber que muitas das fontes vitais ao homem, como a água, não são infindáveis.”

Dentro dessa abordagem, verificamos que o Rio Santa Maria da Vitória constitui um dos principais mananciais da região da Grande Vitória/ES, porém sofre com problemas de desmatamento indiscriminado das suas margens, lançamento de agrotóxicos, esgoto e detritos em toda sua extensão de 95 km (desde a sua nascente na Serra do Garrafão até a sua desembocadura na Baía de Vitória), numa extensa área de manguezal, habitat natural e berço da reprodução de muitas espécies, muitas ameaçadas de extinção.

De acordo com MORAES (2004)

“... o Rio Santa Maria da Vitória ao desembocar na Baía de Vitória, forma um delta, com 19 ilhas, todas pantanosas, algumas ainda inteiramente submersíveis nas marés de lua, de forma que há mais este delta a reunir aos raros da costa do Brasil.”

Para VALE (1992)

“... O manguezal, por tradição, tem uma grande importância social e econômica, é fonte de subsistência para muitas famílias de catadores de caranguejos, mariscos e pescadores que moram nos bairros vizinhos. Além disso, cabe ressaltar sua importância social, uma vez que propicia alimentação farta e barata, de fácil acesso às populações mais carentes. [...] O mangue é um tipo de vegetação costeira estuarina que se desenvolve nas regiões intertropicais do planeta. É facilmente identificável, seja pela sua localização, margeando estuários, baías, enseadas e acompanhando os rios continente adentro, ou pela singular harmonia desta complexa vegetação com a água salgada.”

A EMEF “Francisco Lacerda de Aguiar” começou a funcionar em 03 de março de 1983 e foi construída com recursos da comunidade local. Está localizada no bairro São Pedro I, que surgiu quando foram erguidos os primeiros barracos sobre o manguezal, no baixo curso do Rio Santa Maria da Vitória. Por força da posição geográfica da escola, a professora Maria Helena Klein desenvolveu um projeto pedagógico de interação e intervenção no referido rio, com seus alunos da turma BU-F (Bloco Único, turma F) e outros estudantes dos municípios de Santa Maria de Jetibá Escola “Prof. Herman Berger”, município de Santa Leopoldina -EPSG “Alice Holzmeister” e município de Cariacica - EMEF “Tânia Poncil Leite”, numa relação de proximidade com o acidente geográfico, propondo uma reflexão sobre a importância da preservação e conservação das suas águas, do ecossistema manguezal e

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bioma Mata Atlântica, a partir das interrelações que se estabeleceram entre os alunos da escola piloto do projeto e os estudantes das instituições de ensino dos demais municípios. A proposta de trabalho envolvendo a bacia do Rio Santa Maria da Vitória destacou-se principalmente em face dos seguintes aspectos:

 As populações estão sempre relacionadas às águas, principalmente à água doce;  Os rios tiveram um importante papel histórico na ocupação e povoamento de grande

parte do território de Espírito Santo. Levy-Rocha (2008) informa como o Imperador descreveu o rio Santa Maria:

“... o rio é muito tortuoso e às vezes as varas não tocavam o fundo, grande correnteza por estar muito cheio; mata pelas margens; bastantes mosquitos”.

 Grande parte da água para abastecimento da Grande Vitória é proveniente da bacia desse rio. Cabe ressaltar que a referida região abriga cerca de 50% da população do estado, bem como o seu mais expressivo complexo industrial e comercial;

 Todos os aterros ocorridos desde os primórdios da ocupação lusitana, realizados para suprir as necessidades de desenvolvimento da cidade contribuíram para impactar de forma negativa o estuário do Rio Santa Maria da Vitória, berço do maior manguezal do Espírito Santo;

 A ocupação da Ilha das Caieiras, próxima a Escola, e que, como o nome indica, está ligada à instalação de uma fábrica de cal pelo português José Lemos de Miranda, como local de moradia, propiciada pelo Rio Santa Maria. Produtos, como o café, eram escoados pelas canoas que desciam pelo Santa Maria até o Porto de Vitória. Esse povoado nasce, no final do século XIX, como ponto de descanso de remadores que descem da região serrana trazendo produtos agrícolas. Seus primeiros moradores são colonos de fazenda de café e mercadores que descem nos barcos e resolvem mudar de vida, passando a dedicar-se à exploração do abundante pescado existente no estuário e ao trabalho na fábrica de cal, que acaba empregando todos os moradores. O rico manguezal oferece também, além do pescado, as conchas, matéria-prima da cal, e a lenha utilizada para a queima do material;

 Em sua desembocadura estão localizados manguezais com uma área aproximada de nove km2 e que representam 10% da área de todos os manguezais do Estado do Espírito Santo;

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 A manutenção do equilíbrio de nutrientes na Baía de Vitória é dependente das contribuições provenientes do Rio Santa Maria da Vitória;

 O Rio Santa Maria da Vitória é o principal tributário de água doce do seu estuário e da Baía de Vitória, sendo fundamental na manutenção desse ecossistema. VALE (1992) assim menciona:

“... a fauna representada pelos crustáceos, moluscos, peixes e aves, dentre outros, se utiliza desse ecossistema, no mínimo, em uma das fases de seus ciclos biológicos, tornando-o responsável por grande parte da renovação da fauna marinha.”.

 Os rios influem diretamente nas atividades econômicas (agricultura, pecuária, indústria, pesca e turismo) e, ainda, na flora, na fauna e na vida humana.

2. OBJETIVOS

O objetivo foi possibilitar um trabalho que desenvolvesse aos alunos das escolas participantes do projeto a noção da importância de preservar e conservar o Rio Santa Maria, possibilitar a interação escolar, valorizar a importância da água e a preservação de espécies animais e vegetais para a qualidade de vida humana, enumerar espécies animais e vegetais dos ambientes em estudo, despertar a conscientização dos estudantes em movimentos de conservação e preservação, conhecer os municípios atingidos pelo Rio Santa Maria com a utilização de fotos, mapas, internet, livros, revistas, jornais e panfletos além do trabalho in

loco, perceber e conhecer as causas da poluição do Rio desde o seu nascedouro até a sua

desembocadura, estabelecer relações entre o modo de vida característico dos alunos em cada município atingido pelo projeto, valorizar a vida em todas as suas formas e manifestações, compreendendo que o ser humano é parte integrante da natureza e pode transformar o meio em que vive, iniciar os discentes na Ciência Cartográfica e trabalhar a bacia do Santa Maria numa visão integradora.

3. METODOLOGIA

O projeto desenvolvido é um estudo de campo e de sala de aula sobre uma importante bacia hidrográfica do Estado Espírito Santo que desemboca na baía de Vitória.

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O trabalho foi iniciado em 2007, com a visita da turma BUF (correspondente à 2ª série) da EMEF “Francisco Lacerda de Aguiar” ao manguezal, no entorno da escola, no píer da Ilha das Caieiras, para que fosse questionado de onde vem a água que chega ao local em estudo. Anteriormente a essa ida ao píer, outras várias visitas já haviam acontecido. O propósito era que os alunos pudessem observar e se apropriar de alguns conceitos relacionados à preservação do meio ambiente. Desses trabalhos de campo, vários desenhos e produções escritas foram produzidos e garças, barcos, pescadores, vegetação, água, montanhas entravam sempre no contexto.

A professora sempre intervinha explicando que naquele lugar desembocavam as águas do Rio Santa Maria da Vitória, e que ele nasce na Serra do Garrafão, passa por alguns municípios capixabas e chega finalmente à Baía de Vitória.

A movimentação das marés do estuário também foi observada pelos alunos, mostrando sua importância para a população que vive da cata de caranguejos, siri, sururu, ostra, camarão. Para mostrar a importância da mata ciliar, sempre que chovia os alunos eram levados para verificar a coloração da água.

Os pescadores, as desfiadeiras de siri e os catadores de sururu, entre outros trabalhadores, sempre estiveram presentes nestes trabalhos in loco e muito contribuíram para o sucesso e andamento do projeto.

Já em sala, foi apresentado aos alunos um cartaz com várias fotos de diversos setores do Rio: do alto curso (município de Santa Maria de Jetibá), do médio curso (município de Santa Leopoldina) e do baixo curso (municípios de Cariacica e Vitória). Tais fotos foram tiradas durante extenso trabalho de campo feito previamente pela professora Maria Helena antes da elaboração do projeto. O mapa político do Espírito Santo foi apresentado, apontando os municípios da Bacia do Santa Maria, assim como o mapa das bacias hidrográficas do nosso Estado, o mapa do Brasil e o da região da Grande São Pedro. Jornais com matérias sobre as bacias hidrográficas do Espírito Santo foram levados a fim de serem lidos e estudados pelos alunos.

A história da origem do Bairro São Pedro I e adjacências, como também da Ilha das Caieiras, foi contada com auxílio de diversas fontes bibliográficas. Cartões-postais do “Píer da Ilha das Caieiras” foram confeccionados, a fim de serem levados aos alunos das escolas a

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serem visitadas. Com material reciclado foram confeccionados quadros, retratando a paisagem do entorno da escola, o ecossistema manguezal, e o estuário da Ilha das Caieiras. Pela internet (recurso tecnológico que encurtou as distâncias e o relacionamento entre as escolas envolvidas no projeto), os alunos conheceram os municípios que seriam visitados: a vegetação, o relevo, o clima, sua cultura, localização, distância em relação ao Município de Vitória, número de habitantes através de gráficos, economia, pontos turísticos, sempre comparados ao de suas realidades.

Mapas mentais foram feitos retratando o caminho de casa para a escola, o caminho da escola ao píer, pois considerando o que a professora Rosângela Doim de Almeida comenta acerca de localização e orientação espacial, estes são conceitos a serem construídos ao longo da escolaridade. A observação do céu foi, e ainda é ponto de partida para estudar as coordenadas de orientação. Elas foram construídas, através dos séculos, para atender à necessidade de localização e orientação dos navegadores e exploradores de terras e mares. Hoje, as coordenadas geográficas continuam necessárias na construção do conceito de mapa e na representação cartográfica da informação espacial.

Cartas foram escritas e enviadas aos alunos das escolas participantes do projeto, explicando o motivo da visita. O documentário “Lugar de Toda Pobreza” foi assistido pelos alunos para o entendimento das modificações daquele espaço geográfico denominado “Região da Grande São Pedro”.

A primeira escola visitada foi a EPSG “Alice Holzmeister”, em 30/10/2007, no município de Santa Leopoldina, que fica as margens do rio Santa Maria da Vitória. Para a ida a esse município, foi orientado aos alunos levarem agasalhos, pois teríamos variação climática por conta dos efeitos da altitude. Assim reforçamos os estudos sobre o clima. Pelo caminho, foi-se observando a fauna, a flora, o rio, bastante assoreado, o relevo, as modificações feitas pelo homem na paisagem e a utilização dos recursos naturais. A escola nos recebeu com alegria. Foram apresentados, por meio de data show, os objetivos do projeto, a localização da EMEF “Francisco Lacerda de Aguiar” e seu entorno, assim como o ecossistema manguezal e o “píer da Ilha das Caieiras”. Houve o momento de conversa, de interação dos alunos das duas escolas, oportunidade em que relataram suas vivências e a importância da necessidade da conservação e preservação das águas do Rio Santa Maria. Para esta escola levamos os cartões-postais anteriormente produzidos, além de um lápis enfeitado com um

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desenho de siri, representando a fauna do ecossistema manguezal e após essa visita os alunos relataram através de produções escritas e desenhos o que vivenciaram.

Em 09/11/2007, nossa EMEF recebeu os alunos da EPSG “Alice Holzmeister” para continuar os trabalhos de interação escolar e, juntos, fomos visitar o manguezal do entorno da escola. Os alunos visitantes puderam assim conhecer este ecossistema e também o local próximo à desembocadura do Rio Santa Maria, ocasião que oportunizou mais uma vez a conversa sobre a importância da preservação desse rio. Contactaram pescadores e catadores de mariscos e conheceram de perto a fauna da região (sururu, siri, camarão lameirão) – importante fonte de renda desses moradores –, além de garças e outras espécies de peixes. Desse encontro foram feitos relatos escritos e desenhos pelos alunos das duas escolas.

No dia 06/11/2007, estivemos na escola “Prof. Herman Berger” no município de Santa Maria de Jetibá. Fomos recebidos também com muita alegria. O município conta com um grande número de descendentes pomeranos. Pudemos prestigiar uma homenagem feita à nossa escola: os estudantes da escola visitada recepcionaram-nos vestidos com trajes da cultura de seus antepassados e leram-nos diversas poesias no dialeto pomerano. A diretora contou uma bela história sobre o rio Santa Maria. Um gostoso lanche com comidas típicas pomeranas foi-nos oferecido e muito apreciado. Após esse momento, apresentamos o nosso projeto e a razão de nossa ida àquela escola e de lá partimos para um sítio onde pudemos observar um reflorestamento efetivado pelo Projeto “Mata Viva”, às margens de uma nascente que é contribuinte do Rio Santa Maria da Vitória. Nessa caminhada, os alunos trocaram bastantes experiências. Foi uma conversa bastante agradável, na qual os discentes daquela região puderam mostrar como é de fato sua vida em família, que muitos falam o dialeto pomerano, que ajudam suas famílias nas lavouras e o que fazem quando voltam pra casa após as aulas. Também ficamos conhecendo de perto a Mata Atlântica e ficamos conhecendo a espécie animal macaco Muriqui. Depois disso, fomos para as proximidades da sede do município. Neste local, verificamos a real situação do rio e áreas assoreadas e muita poluição, além de nenhuma mata ciliar, e com casas construídas próximas as suas margens. Da escola visitada nesse município gentilmente ganhamos uma muda de Jequitibá. Deixamos um folder do nosso projeto, além de um lápis enfeitado de caranguejo, representando a fauna do manguezal. Junto à estrada que nos levou a escola “Prof. Herman Berger” está construída a represa e a hidrelétrica do Rio Bonito. A imagem da construção causou grande entusiasmo nas crianças,

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apesar de ela estar bem vazia, por causa do período da seca. As crianças observaram ainda as plantações nas margens do rio, as construções, montanhas e áreas desmatadas. Todas as observações feitas após a ida ao município de Santa Maria de Jetibá, foram registradas através de relatórios, desenhos, pinturas e muitos relatos orais.

No dia 08/12/2007 recebemos os alunos da Escola “Prof. Herman Berger”, para que eles pudessem conhecer nossa EMEF assim como o ecossistema manguezal, entorno da escola e o local das proximidades da desembocadura do Rio Santa Maria da Vitória. Nesta oportunidade, as crianças da escola visitante puderam conhecer um pouco do cotidiano dos pescadores, dos catadores de caranguejo, siri, sururu e observar as desfiadeiras de siri trabalhando, além de realizarem uma caminhada pelo manguezal da Baía Noroeste onde a fauna e a flora foram melhores observadas. Verificaram a toca dos caranguejos e avistaram também garças e outros pássaros desse ecossistema. Todos juntos discutimos as causas da poluição das águas do Santa Maria e da região visitada. Desse encontro novamente os alunos fizeram registros escritos, orais e em forma de desenho acerca de como as crianças daquela escola reagiram ao que presenciaram.

Aconteceu no dia 11/12/2007 uma visita a EMEF “Tânia Poncil Leite”, situada no município de Cariacica, zona rural, e que fica mais à jusante da nascente do Rio Santa Maria da Vitória em região de planície. A manhã foi bastante proveitosa: depois da apresentação para esta escola de todo o trabalho que já tínhamos desenvolvido, fomos caminhar no entorno da escola, onde encontramos o manguezal. Comparamos então a região onde está situada a escola-piloto com este local e verificamos a semelhança da paisagem em estudo, além do aproveitamento da cata de mariscos como fonte de renda para os moradores dessa localidade. Novamente os alunos das escolas conversaram, contando suas experiências e vivências. Mais uma vez, após esta visita tudo foi registrado com produções escritas e desenhos, sendo confeccionado também um livro com fotos do desenvolvimento do projeto. Além das visitas a escolas próximas as margens do Rio Santa Maria da Vitória, as idas ao “Píer da Ilha das Caieiras” (local próximo à EMEF “Francisco Lacerda de Aguiar”) e seu entorno aconteceram durante o ano de 2007 para observações das águas deste estuário. Folders foram confeccionados pelos alunos da escola-piloto e enviados às escolas participantes do projeto, a fim de serem distribuídos às comunidades locais. Encerramos as

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atividades no ano com uma apresentação teatral. Na oportunidade, o Rio Santa Maria da Vitória foi retratado desde sua nascente até a desembocadura.

Em 2008, confeccionamos panfletos educativos sobre a necessidade da preservação e conservação do Rio Santa Maria da Vitória e do manguezal, que foram entregues na comunidade no dia 14/06/2008. Recebemos também cartas dos estudantes da EMEF “Hermann Berger”, relatando o aprendizado sobre o Rio Santa Maria e o manguezal.

4. RESULTADOS PRELIMINARES

O processo de aprendizagem dos alunos bem como o trabalho da professora desenvolveu-se através das produções em sala e do trabalho in loco. Em ambos os casos, pudemos perceber que os alunos mostram-se sensibilizados com a necessidade da preservação do Rio Santa Maria da Vitória, uma vez que é dele que nosso município se abastece. Percebemos também uma mudança de hábitos relatada pelos estudantes no seu cotidiano familiar no que diz respeito ao consumo e/ ou desperdício de água nas suas residências. Vimos também que a interação escolar vem ocorrendo de forma satisfatória, com a troca de correspondências entre professores e alunos e os relatórios de texto, assim como os mapas e desenhos, ganharam mais e melhores detalhes após cada nova situação. O aprendizado é o processo pelo qual o indivíduo adquire informação, habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de seu contato com a realidade, o meio ambiente e as outras pessoas. É um processo que se diferencia dos fatores inatos, pois a idéia de aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo.

É importante aqui destacar a fala de alguns alunos:

 “A vegetação daqui é diferente da de lá” (Victor Wanderkoken);

 “Professora, eles são brancos mesmo” – fala da aluna Rayane, entusiasmada ao sair do ônibus e se deparar com as crianças pomeranas.

O projeto colocou os alunos diante de um universo muito rico de informações e vivências, partindo do princípio de que foi muito além do livro didático, oferecendo-lhes noções de cartografia (ponto alto do projeto) e o contato com as outras comunidades, inclusive a de Santa Maria.

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Das crianças que anteriormente viam nas viagens apenas diversão, pôde-se observar que, ao final do projeto, esse sentimento já havia se transformado. Para a aluna Isabela, que ainda hoje mantém contato com crianças das escolas visitadas, o Rio representa muito mais que água, também é possibilidade de comunicação.

Certamente o bioma manguezal, restinga e mata atlântica, estudados de forma lúdica e prazerosa não serão esquecidos pelos alunos envolvidos devido à alegria de ter proporcionado esse contato com outras realidades, o manguezal, o local de chegada das águas vindas de tão longe e que são responsáveis por um universo tão grande de relações. A riqueza da “Ilha das Caieiras” com sua história e sua culinária tão famosa, o contato com caranguejos, sururu, siri, ostras, camarão, as garças sempre à procura de um peixinho aqui, outro ali e a idéia de que sem o Rio, o sistema todo não seria possível. Bem de perto, todos os alunos puderam perceber e conhecer as causas da poluição e degradação do rio Santa Maria, oriundas da ação antrópica e que também são responsáveis pelo convívio harmonioso entre natureza e pessoas. O presente trabalho pôde contemplar aos alunos a interdisciplinaridade dos conteúdos curriculares entre as diversas disciplinas estudadas, pois trabalhar uma visão integrada do espaço, sem a separação homem/meio, e utilizar a prática metodológica adequada asseguram ao aluno a aquisição do saber científico e, por meio dele, o domínio da realidade da qual ele faz parte e ajuda a construir.

Na seqüência o aluno é levado a construir o conceito de elemento natural e cultural que forma as diversas paisagens, sempre trabalhando o conceito de transformação no decorrer do tempo, para satisfazer as necessidades criadas pela sociedade.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Rôsangela Doim de. Do desenho ao mapa: Iniciação cartográfica na

escola, 4ª. ed. - São Paulo: Contexto, 2006. (Caminhos da Geografia).

______________________________ ORG. Cartografia escolar – São Paulo, Cartografia escolar.

ANDREATTA, Graça. Na lama prometida, a redenção. São Paulo: Ed. O recado, 1987. DIAS Tavares. São Pedro. Vitória: Secretaria Municipal de Cultura, Coleção Elmo Elton, 2001.

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GURGEL, A. P. & PESSALI, H. Coordenadores. São Pedro, um exemplo para o

mundo. Vitória: Contexto Jornalismo & Assessoria Ltda / Instituto Huah / Núcleo de

Projetos Culturais e Ecológicos, 2004.

MORAES, Cícero. Geografia do Espírito Santo. – Vitória: IHGES, 2004. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Volume nove. ROCHA, Levy. A viagem de D. Pedro I ao Espírito Santo, 2008.

TRISTÃO, Martha. A educação ambiental na formação de professores: rede de

saberes. 1ª. ed. - São Paulo: Annablume; Vitória: Facitec, 2004.

VALE, Cláudia Câmara. Homens e caranguejos: uma contribuição geográfica ao

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