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FLORIPA PINHOLE: A UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS PRIMITIVAS DE REGISTRO FOTOGRÁFICO PARA O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES COM A FOTOGRAFIA CONTEMPORÂNEA

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Academic year: 2021

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RELATO

FLORIPA PINHOLE: A UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS PRIMITIVAS DE REGISTRO FOTOGRÁFICO PARA O

DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES COM A FOTOGRAFIA CONTEMPORÂNEA

Fernando Crocomo1

Flávia Guidotti2

Ivan Giacomelli3

RESUMO

Este trabalho apresenta um relato do primeiro ano de funcionamento do Projeto de Extensão Floripa Pinhole, desenvolvido por três professores do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina e aberto à comunidade acadêmica em geral. O projeto tem como principal objetivo fotografar a cidade de Florianópolis com uma câmera Pinhole e, a partir das atividades que envolvem o processo, suscitar a curiosidade e o aprimoramento das técnicas fotográficas contemporâneas. Após um ano de atividade o projeto apresentou resultados bastante satisfatórios, contando com um número crescente de participantes.

PALAVRAS-CHAVE

Fotografia. Fotojornalismo. Fotografia Pinhole. Ensino de Fotojornalismo. Estética fotográfica.

1 Jornalista, Mestre e Doutor em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Professor do Curso de Jornalismo da UFSC. E-mail: fernandocrocomo@gmail.com.

2 Jornalista, Mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e Doutora em

Educação pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Universidade de Barcelona, Espanha (UB). Professora do Curso de Jornalismo da UFSC. E-mail: flaviagguidotti@gmail.com.

3 Jornalista, Mestre em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professor do

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1. INTRODUÇÃO

A fotografia digital trouxe facilidades e rapidez no acesso às fotografias. A evolução dos equipamentos permite fotos perfeitas, de altíssima resolução, o que reduz drasticamente a utilização da fotografia com o uso de filmes. É difícil imaginar um possível retorno, em alta escala, do uso dos processos químicos para revelação. O que surge, no entanto, é a busca no processo digital de elementos característicos da fotografia produzida com filmes. O uso do preto e branco (p&b) ainda é um desafio. Hoje a Leica, por exemplo, produz uma câmera digital apenas para fotos em p&b (Leica Monochrom) que custa cerca de 7.500,00 dólares apenas o corpo da câmera. Os tons e a granulação das fotos analógicas ainda são pesquisados para serem incorporados às câmeras digitais. A Fuji também tem trabalhado muito nessa direção, procurando oferecer fotos em suas câmeras digitais com as características dos filmes tradicionais vendidos pela empresa nas últimas décadas (Provia (cores em geral/standart), Velvia (natureza), Astia (suave), Classic Chrome (cores/contraste suave), entre outros.

Além das facilidades, os usuários da foto digital passaram a ter um novo comportamento no uso dos modernos equipamentos: o número infindável de cliques. Com a certeza de espaço no cartão de memória, são muitas as fotografias do mesmo tema, diferente da limitação dos filmes que possuem 12, 24 ou 36 fotos cada bobina. As infinitas possibilidades da câmera digital nos deixam mais “preguiçosos”. De maneira geral não pensamos tanto no enquadramento, na luz. Afinal de contas, uma foto, no mínimo, deverá ficar boa! É o que se imagina.

A proposta do projeto “Floripa Pinhole”, na verdade, não é esquecer a câmera digital e voltar no tempo. É um exercício para que seja possível trabalhar cada fotografia com a atenção que o momento merece, de forma mais planejada, isso porque a técnica Pinhole é lenta e cara, o oposto das técnicas digitais atuais.

Fazer uma fotografia pinhole exige uma série de procedimentos manuais e lentos, pois, a cada nova foto, precisamos trocar o suporte que foi sensibilizado pela luz. Essa etapa do processo deve ser feita em local sem luz, que pode ser tanto uma sala escura, como uma caixa fechada. Depois disso precisamos revelar o papel ou filme já sensibilizado, e isso depende mais uma vez de um ambiente escuro e de químicos específicos para a revelação.

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Além de lento, o procedimento é bastante caro, já que hoje, com todas as facilidades da fotografia digital, é cada vez mais raro encontrar suportes fotossensíveis e químicos reveladores a um preço razoável, sobretudo no Brasil, que há algum tempo já não fabrica insumos para a fotografia analógica.

Fotografar com uma câmera pinhole é, portanto, um exercício que nos leva a refletir bastante sobre cada momento a ser registrado, um tempo para pensar na luz, nos enquadramentos, nas composições e no tempo de exposição, fazendo com que tenhamos uma percepção ampliada da fotografia.

2. O PROJETO FLORIPA PINHOLE

O Projeto Floripa Pinhole teve início em março de 2017. Num primeiro momento procuramos conhecer a câmera Obscura da Ilford: uma caixa-preta com um furinho de agulha. Utilizamos o papel fotográfico preto e branco Harman Positivo Direto de 10 cm x 12,5 cm. Como a imagem sensibiliza direto o papel, sem o uso de negativos, ela fica invertida.

Nossa primeira saída para testes foi em abril, no campus da UFSC João David Ferreira Lima, em Florianópolis. Fizemos fotos do prédio do Centro de Cultura e Eventos. Foi um desafio trabalhar com papel fotográfico ISO 03. Pelo “fotômetro” da Obscura, que indica a abertura única f 248 (que é o furinho de agulha), um minuto é o tempo de exposição com ISO 03 para dias com muito sol. Foi apenas o primeiro contato. Pela frente a dificuldade em determinar novos tempos em dias mais nublados. Além disso surge o desafio de fazer enquadramentos, já que não existe um visor (utilizamos muito a câmera do smartphone para isso). Para a troca do papel a cada foto, construímos, de maneira artesanal, uma caixa de papel forrada com tecido preto. Nessa caixa é possível colocar as mãos por dois buracos com tecido e elástico. Dessa forma a luz não entra na caixa durante as trocas de papel.

O próximo passo foi a revelação no Laboratório de Fotografia do Curso de Jornalismo da UFSC (LabFoto). Com o papel positivo direto, fomos direto para a sala de revelação de papéis. Os químicos são os mesmos da fotografia em preto e branco. No caso o revelador usado é o Dektol da Kodak (em média, 01 minuto de revelação); depois um banho rápido de interruptor e, em seguida o

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banho de fixador. O resultado: fotos muito claras, outras escuras e pelos menos uma com a exposição certa.

Com nosso “kit” Pinhole saímos por Florianópolis levando conosco a câmera Obscura, o fotômetro, uma caixa de papel Harman Positivo Direto, uma outra caixa para colocar os papéis expostos, um nível de construção para uso em cima da câmera, um tripé e a caixa-preta para troca dos papéis. Percorremos o Sul da Ilha de Santa Catarina: Ribeirão da Ilha, Morro das Pedras, Lagoa do Peri, Matadeiro, Pântano do Sul, Lagoinha do Leste e Morro da Coroa. Estivemos também em Santo Antônio de Lisboa; em vários pontos do centro da cidade, fotografamos a ponte Hercílio Luz, etc.

3. CONCLUSÃO

O Projeto Floripa Pinhole foi um importante espaço de aprendizagem e aperfeiçoamento das técnicas fotográficas. Os números relativos às fotografias de boa qualidade mostram o quanto a equipe melhorou ao longo do ano. No início, de cada quatro fotos apenas uma ficava com a exposição correta; já nas últimas saídas, de cada três fotos, duas ficaram com exposição aceitável.

Tivemos a participação de muitos alunos do Curso de Jornalismo, curiosos num primeiro momento, não só pelo uso da Pinhole, mas pela fotografia analógica em si e pela sensação mágica de ver a foto aparecendo durante o processo de revelação.

Depois do primeiro contato, esses acadêmicos passaram a trabalhar a fotografia em geral com mais familiaridade, assimilando os processos necessários para a obtenção de boas imagens, o que permitiu a discussão acerca da relação entre os métodos anteriores e os atuais.

Em suma, o Projeto foi e tem sido uma forma de revisitar a fotografia analógica, repensar enquadramentos e analisar melhor a luz. Certamente tais exercícios vão se refletir durante o uso dos equipamentos digitais contemporâneos.

REFERÊNCIAS

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ADAMS, Ansel; BAKER, Robert. A cópia. 2. ed. São Paulo: Ed. SENAC, 2002.

ADAMS, Ansel; BAKER, Robert. O negativo. 3. ed. São Paulo: Editora SENAC, 2004. BUSSELLE, Michael. Tudo sobre fotografia. 9. ed. São Paulo: Pioneira, c1999. GURAN, Milton. Linguagem fotográfica e informação. Rio de Janeiro: Gama Filho, 1999.

HEDGECOE, John. Curso de fotografia. São Paulo: Círculo do Livro, 1980.

HEDGECOE, John.; MACHADO, Luís Eduardo. Guia completo de fotografia. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

KOSSOY, Boris. Hercules Florence, 1833: a descoberta isolada da fotografia no Brasil. São Paulo: Faculdade de Comunicação Social Anhembi, 1977.

RUGENDAS, Johann Moritz; TAUNAY, Adrien Aime; KOMISSAROV, Boris Nikolaevich; FLORENCE, Hercules. Expedição Langsdorff ao Brasil, 1821-1829. Rio de Janeiro: Alumbramento, 1988. 3v.

SCHISLER, Millard W. L.; SAVIOLI, Elisabete. Revelação em preto-e-branco: a imagem com qualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

TRIGO JUNIOR, Thales. Equipamento fotográfico: teoria e prática. São Paulo: Ed. SENAC, 1998.

TRIGO JUNIOR, Thales. Equipamento fotográfico: teoria e prática. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Ed. SENAC, 2005.

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