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A Empresa como um "Lugar de Memória"? Uma Análise do Discurso do Programa Memória Petrobras

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Academic year: 2021

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A Empresa como um "Lugar de Memória"? Uma Análise do Discurso do Programa Memória Petrobras

Autoria: Alessandra de Sá Mello da Costa, Denise Franca Barros, Ana Christina Celano Teixeira Resumo:

A presente pesquisa buscou identificar como uma organização brasileira reúne e utiliza a memória individual de seus trabalhadores para construir a sua memória corporativa, problematizando esse processo como estratégico e legitimador tanto da trajetória histórica da organização quanto de suas práticas de gestão. A análise crítica do discurso do Programa Memória Petrobras nos permitiu identificar como a constituição de um Centro de Memória e Documentação parece contribuir para o alcance do objetivo estratégico de promover um maior entendimento do que a empresa é hoje e de quais são os seus principais valores.

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1. Introdução

Desde os anos 1980, os estudos de memória vêm problematizando cada vez mais as formas de representação, mediação e circulação das memórias nas sociedades (NORA, 1993; 2011; VERMEULEN e CRAPS, 2012). Identidade, contestação, maleabilidade, persistência, reputação, conhecimento: transbordando fronteiras entre disciplinas e culturas, a memória passa então a ser compreendida como global (HUYSSEN, 2000), adquirindo estas críticas uma importância cada vez maior nas áreas de ciências humanas e sociais (OLICK e ROBBINS, 1998). Tal movimento também pode ser percebido na área de Administração (ANTEBY e MOLNAR, 2012; ROWLINSON et. al 2010) onde, sob diferentes perspectivas, estes estudos vinculam memória à noção de estratégia e passam a orientar pesquisadores e seus novos objetos de pesquisa.

No que diz respeito mais especificamente à área de estudos organizacionais, uma das formas possíveis de apropriação estratégica da memória (SOUSA, 2010) é entendê-la como uma facilitadora de relacionamentos com grupos considerados estratégicos e de interesse (FOSTER et al., 2011). Ancorada nos estudos sociais de memória - social memory studies - (OLICK, 1999), esta forma de apropriação busca: (a) aproximar funcionários, colaboradores e parceiros, estabelecendo e/ou confirmando a identificação destes com a organização (NISSLEY e CASEY, 2002); (b) fortalecer a marca e a identidade da organização no mercado, através da transmissão de uma imagem de credibilidade e solidez (COSTA, 2006); (c) contribuir para a gestão de pessoas e para uma melhor comunicação interna e externa, como no caso de estudos em memória comunicativa (ASSMAN, 2011); (d) desenvolver mecanismos que permitam a uma organização um maior grau de autoconhecimento, por meio do resgate de processos, princípios e valores (RIBEIRO E BARBOSA, 2007); (e) cooperar com pesquisadores, oferecendo informações históricas da organização (FIGUEIREDO, 2009); e (f) viabilizar uma integração mais eficiente de diferentes culturas empresariais provenientes de fusões, aquisições e processos de reestruturação.

Ao mesmo tempo, segundo Rowlinson et al. (2010), esta memória empresarial que pretende-se estratégica materializa-se de diferentes formas, como por meio da criação: (a) de calendários de festas, livros e publicações comemorativas; (b) de atrações que oferecem experiências de marca; (c) de comemorações corporativas de eventos nacionais; (d) de museus corporativos e, como é o foco desta pesquisa, (e) de Centros de Memória e Documentação (CDM).

No que diz respeito ao Brasil, a partir dos anos 1970 as empresas passam a gerenciar os seus próprios estudos de memória, construindo seus espaços (primeiro físicos e depois também virtuais) e cargos estratégicos específicos para essa atividade. Este movimento adquire maior visibilidade na década seguinte em particular com a ação do Museu da Pessoa, organização responsável pela criação de vários importantes CDM no Brasil e que defende a ideia de que a “memória empresarial não é simplesmente o passado de uma empresa. Memória empresarial é, principalmente, o uso empresarial que uma organização faz de sua História” (WORCMAN, 2004, p.28). Considerados “os mais completos produtos de memória empresarial" (TOTINI e GAGETE, 2004, p.124), a partir de 1980 uma série de CDM foram sendo criados no Brasil: o Núcleo de Memória Odebrecht em 1984; o Centro da Memória da Eletricidade em 1986; o Centro de Documentação e Memória da Klabin em 1989; o Memória Gerdau e o Memória Globo em 1999; o Memória Votorantim e o Centro de Memória Bosch em 2003, entre outros. No que se refere mais especificamente ao Programa Memória Petrobras – objeto de estudo desta pesquisa – a sua criação ocorreu em 2004 (como desdobramento de projetos anteriores já relacionados à memória empresarial) com o objetivo de “resgatar, registrar e difundir a história e a cultura da Companhia, utilizando-a como ferramenta de relacionamento e valorização da marca Petrobras junto a seus públicos internos e externos” (FIGUEIREDO, 2009, p.71).

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Neste contexto, esta pesquisa tem por objetivo: (a) identificar como uma grande organização brasileira reúne e utiliza a memória individual de seus trabalhadores para construir a sua memória corporativa; e (b) problematizar esse processo como estratégico e legitimador tanto da trajetória histórica da organização quanto de suas práticas de gestão. Ao buscar alcançar este objetivo, a pesquisa pretende contribuir para o debate sobre os estudos da memória social buscando ampliar os possíveis lugares de constituição de memória coletiva ao escolher como objeto de pesquisa um Centro de Memória e Documentação Corporativo. Esta ampliação nos permite problematizar a instrumentalização do passado ao desvelar procedimentos organizacionais que ao vincular narrativas de trabalhadores (na forma de depoimentos concedidos à organização) com a trajetória histórica das organizações, iniciam um processo no qual tanto as memórias quanto as experiências individuais podem estar sendo selecionadas, formatadas e enquadradas em uma memória coletiva empresarial pretendida. 2. A Organização como um "lugar de memória"

Segundo Pollak (1989), a memória é um fenômeno construído socialmente e são duas as suas funções essenciais: a) manter a coesão interna; e b) defender as fronteiras daquilo que um grupo tem em comum. Em função dessa condição, transforma-se tanto em um quadro de referência quanto em pontos de referência por meio da identificação e do compartilhamento de significados, ou seja, em “uma memória estruturada com suas hierarquias e classificações, uma memória (...) ao definir o que é comum a um grupo e o que o diferencia dos outros, fundamenta e reforça os sentimentos de pertencimento e as fronteiras sócio-culturais” (POLLAK, 1989, p.3).

De acordo com Laborie (2009), as memórias: (1) são plurais; (2) podem ser utilizadas e empregadas de várias formas; (3) colocam em evidência eventos selecionados e com significação particular; (4) são encenações do passado; (5) congelam o tempo e a ‘verdade’; e (6) possuem uma função militante. Assim, pensar o tema memória permite refletir sobre a ideia de que nenhum diálogo acerca do passado e do presente é neutro, uma vez que exprime um sistema de atribuições de valores. Segundo Bosi (2012, p.55) “na maior parte das vezes, lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir, repensar, com imagens e ideias de hoje, as experiências do passado”. E, por possuir uma condição modificadora - uma vez que vincula o conhecimento do passado com as perspectivas do presente - a memória, quando formalizada, torna possível uma (re)elaboração do mundo, transformando e sustentando realidades existentes (RICOUER, 2007).

De qualquer forma, a memória recupera uma das várias possíveis representações do passado. É neste sentido que, de acordo com Halbwachs (1992), pode-se falar da existência de quadros sociais da memória. Preocupado com os níveis sociais da memória, este autor argumenta que a memória dos indivíduos depende do seu relacionamento social (relações familiares, políticas, religiosas, profissionais, entre outras) uma vez que “(...) é na sociedade que as pessoas normalmente adquirem suas memórias. É também na sociedade que elas recordam, reorganizam e localizam as suas memórias. (...) Na maioria das vezes, quando me lembro, é o outro que me estimula, a sua memória vem em auxílio da minha, e a minha depende deles" (HALBWACHS, 1992, p.38). Neste sentido, sustentado pela argumentação de Halbwachs (1975) de que (a) a memória é sempre uma memória dos indivíduos (apesar do processo de relembrar ser social pois é feito junto com outros indivíduos) e (b) a memória coletiva é o processo por meio do qual as ideias individuais são influenciadas pelas ideias dos grupos ao quais estes indivíduos pertencem; pode-se assumir que a memória coletiva é um fenômeno de enquadramento social de memórias individuais (OLICK, 1999).

Como já foi dito, toda essa discussão pode ser transferida para a gestão das memórias nas organizações: a memória empresarial, recorrentemente (re)construída, (re)enquadrada e disseminada, está presente no dia a dia da organização e pode ser identificada nas várias

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expressões da memória coletiva da empresa. Cabe ressaltar que estas visões ainda privilegiam, no entanto, a função utilitária da memória tanto no que diz respeito ao processo de tomada de decisão empresarial por meio da elaboração de modelos mecânicos processados em sistemas de informação quanto por meio da utilização da trajetória empresarial como estratégia (ROWLINSON et al., 2010).

De acordo com Gourvish (2006), é inegável o foco instrumental das empresas. Por um lado, as histórias empresariais buscam engrandecer os seus feitos do passado, a narrar de forma épica dificuldades dos anos iniciais, a romantizar a atuação dos líderes em períodos-chave, enfim, a contar a história da empresa como se tratasse de um relato oficial e único de fatos – e não de uma versão, entre as várias possíveis. E, por outro lado, essas mesmas histórias buscam silenciar e procurar esquecer momentos históricos não tão convenientes, o que vem sendo estudado por pesquisadores como Black (2001) no caso da aliança estratégica entre a Alemanha nazista e a IBM ou Booth et al. (2007) no caso da editora alemã Bertelsmann.

Ampliando e problematizando os estudos de memória, é do historiador Pierre Nora a ideia de que existem, contemporaneamente, lugares de memória. Em parte decorrente da aceleração, da fluidez e da efemeridade da história (e dos objetos da história), identifica-se um crescente interesse – nos termos do historiador, quase uma obsessão - pelos lugares onde a memória se refugia. Resultado da relação entre os instrumentos tradicionais de base do trabalho histórico e os (mais novos) objeto simbólicos da memória, estes lugares são reconhecidos como espaços de pertencimento dos grupos sociais, como “os arquivos, as bibliotecas, os dicionários, os museus, as comemorações, as festas, os monumentos, os tratados, os aniversários, os santuários, as associações, os cemitérios (...)” (NORA, 1993, p.13).

Ainda de acordo com Nora (2011), pode-se identificar dois desdobramentos mais imediatos do ressurgimento do interesse pelas questões de memória. O primeiro seria um crescimento no uso político, comercial e turístico da memória. O segundo desdobramento, diz respeito à desapropriação do tradicional monopólio do historiador na interpretação do passado: “se nos tempos clássicos, os três grandes produtores de arquivos reduziam-se às grandes famílias, à Igreja e ao Estado. Quem não se crê autorizado hoje a consignar suas lembranças, à escrever suas Memórias?” (NORA, 1993, p.15). Incluídas neste movimento de escrita da própria história, as organizações também passam a assumir esse papel. A ideia de Memória-Arquivo transforma-se na ideia de Memória-Arquivo-Empresarial, onde cada um (com suas memórias particulares) passa a ser historiador de si mesmo.

Neste contexto, será que os Centros de Memória e Documentação Corporativos podem ser entendidos como legítimos lugares de Memória? De acordo com Rowlinson et al (2010); Rowlinson (2002) e Zerubavel (2011) a resposta é sim.

Na perspectiva de Rowlinson et al (2010, p.13), as corporações recorrentemente se apropriam de várias formas de memória social e coletiva da sociedade, lembrando, relembrando e legitimando o passado "em uma série de documentos e eventos organizacionais disponíveis publicamente, tais como relatórios anuais, comunicados de imprensa, páginas da web, revistas, eventos corporativos, comemorações de centenário, artefatos, produtos, lembranças, decoração e edifícios". De forma complementar, Zerubaval (2011, p.222) argumenta que as memórias nunca são somente memórias individuais e que o ato de relembrar (ou rememorar) é mais do que um simples ato espontâneo pessoal uma vez que este também "é regulado por regras sociais (...) que nos dizem muito especificamente o que devemos lembrar e que podemos ou devemos esquecer (...) [e] o que nós lembramos inclui mais do que apenas o que temos experimentado pessoalmente".

Neste sentido, considera-se que o processo de relembrar ocorre sempre a partir da específica ótica de “mnemonic communities”, tais como organizações, famílias e ou nações.

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Como desdobramento, tornar os novos membros familiarizados com o passado “é uma parte

importante dos esforços de uma comunidade para incorporá-los (...) sociedades anônimas,

batalhões do exército, faculdades e escritórios de advocacia, (...) muitas vezes introduzir

novos membros para a sua história é parte de sua orientação geral" (ZERUBAVAL, 2011,

p.224). Rowlinson et al (2010) complementa argumentando que não deve-se considerar apenas o que lembramos como membros de um grupo mas, de forma mais complexa, considerar e investigar como somos constituídos como grupo neste processo.

4. A Petrobras e o Programa Memória Petrobras

A Petrobras é uma empresa de capital aberto, com ações negociadas na Bolsa de Valores. Além de ser a maior empresa do Brasil, é a oitava maior empresa do mundo em termos de valor de mercado e ocupa a posição de terceira maior empresa de energia. Opera em 28 países, nas áreas de exploração e produção, refino, transporte, comercialização e petroquímica, distribuição de derivados, gás natural, biocombustíveis e energia elétrica. Com 60 anos de existência, possui mais de 100 plataformas de produção, 16 refinarias, 30.000 quilômetros de dutos e mais de 6.000 postos de gasolina. Suas reservas comprovadas estão na região de 14.000 milhões de barris de petróleo, mas a perspectiva é que este número dobre nos próximos anos (PETROBRAS, 2012a; 2012c).

Embora seja hoje uma empresa global, deve-se salientar que a Petrobras mantém uma forte imagem de empresa nacional na mente dos brasileiros, uma imagem cuja trajetória histórica está ligada à história do Brasil como uma nação. Criada em 1953 pelo governo federal a partir da campanha “O Petróleo é Nosso”, como destaca Scaletsky (2001, p.138), desde o seu nascimento, foi objeto de polêmicas “não só por sua importância econômica, mas principalmente pelos inúmeros simbolismos que foi assumindo ao longo de quase meio século de existência, cujos significados são [recorrentemente] interpretados e reinterpretados”.

Segundo Figueiredo (2009, p.46) os anos 2000 trouxeram novas preocupações para a empresa uma vez que por possuir “uma face privada e outra pública, a Petrobras convive com as tensões características de uma empresa que precisa levar em conta os interesses econômicos de geração de lucro e que possui também uma função pública vinculada às políticas de governo”. Neste sentido, a empresa busca “aprimorar suas relações com a sociedade procurando atuar dentro do novo conceito de empresa-cidadã”. Para Scaletsky (2001, p.148) o sucesso empresarial e a popularidade da empresa "passou a ser usado como símbolo da política governamental de reestruturação do Estado (...) neste papel, a ideia de uma Petrobras cujo dono é o povo brasileiro adquiriu uma roupagem prosaica, mas representativa dos novos tempos”.

Estas novas preocupações podem ser observadas no Relatório de Sustentabilidade de 2010 da empresa. Segundo este relatório, seu foco inclui grupos de indivíduos ou organizações com problemas e necessidades de caráter social, político, econômico, ambiental e cultural, que estabelecem ou podem estabelecer relações com a empresa e são capazes de influenciar ou ser influenciado pelas atividades de negócios, e pela reputação da empresa (PETROBRAS, 2012b). Além disso, em relação às práticas de governança corporativa e responsabilidade socioambiental da empresa, estas são consideradas pelo índice Dow Jones

Sustainability desde 2006 como uma das mais sustentáveis do mundo (PETROBRAS 2012a).

Ainda conforme a empresa, todas as suas práticas de gestão são baseadas e orientadas por um conjunto de valores organizacionais, que são: (1) Desenvolvimento sustentável (sucesso nos negócios com visão de longo prazo, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social e para um ambiente saudável onde quer que opere); (2) Integração (maximização de colaboração e sinergias entre equipes, departamentos e unidades,

assegurando uma perspectiva integrada para a empresa em suas iniciativas e decisões); (3)

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gestão de custos e reconhecimento de pessoas e equipes com um alto nível de desempenho); (4) Prontidão para a Mudança (busca de mudança e responsabilidade de inspirar e criar mudanças positivas); (5) Empreendedorismo e Inovação (superação de desafios e implementação de soluções tecnológicas); (6) Ética e Transparência (guiado pelos princípios éticos do Sistema Petrobras); (7) Respeito pela vida (respeito pela vida em todas as suas formas, manifestações e situações e busca de excelência em questões de saúde, segurança e meio ambiente); (8) Diversidade humana e cultural (apreciar a diversidade humana e cultural nas relações com pessoas e instituições e respeito às diferenças); (9) Orgulho de ser Petrobras (orgulho de pertencer a uma empresa brasileira que faz; não discriminação e igualdade de oportunidades); e (10) Pessoas (para fazer de seu povo e de seu desenvolvimento um diferencial no desempenho da empresa, a diferença onde quer que ela opere, por sua história, suas conquistas e por sua capacidade de superar desafios) (PETROBRAS, 2012b, 2012c). 4.1 A Memória dos Trabalhadores da Petrobras

O Projeto Memória dos Trabalhadores da Petrobras foi criado oficialmente em 2002 com o objetivo de ser um projeto de registro histórico, conservação de documentos e coleta de depoimentos feitos por empregados da empresa (PETROBRAS, 2003). Concebido e executado pelo Museu da Pessoa, este projeto foi baseado em uma ideia anterior, apresentada pelo Sindicato dos Petroleiros, que tinha a proposta de contar a história da empresa a partir da perspectiva de seus empregados (LOUREIRO, 2004). Cabe destacar que o registro das histórias e das visões dos trabalhadores por meio da história oral reflete a mesma trajetória de constituição de outros projetos de memória desenvolvidos pelo Museu da Pessoa, “onde há a valorização do papel dos indivíduos como protagonistas da história, buscando maior legitimação e reforço ou reconstrução de identidade [e] através desse grande painel de histórias individuais, cria-se uma história múltipla e, ao mesmo tempo, particular da empresa” (FIGUEIREDO, 2009, p.63).

O projeto foi, neste momento, avaliado e considerado pela área de recursos humanos da empresa como inovador (LOUREIRO, 2004, p.63) e “uma ótima oportunidade de relacionamento com os trabalhadores e com o sindicato” (FIGUEIREDO, 2009, p.54). Era um momento, dentro da empresa, de foco na relação empresa-empregado. O projeto teria a duração de onze meses e, segundo Figueiredo (2009, p.64), de forma a tentar abranger as diversas regiões do país onde a empresa atuava, foram definidas sete unidades iniciais (cabe destacar que não por coincidência, a primeira unidade a ser visitada foi a Refinaria de Paulínia, considerada reduto dos sindicalistas que idealizaram o projeto).

Em 2004, o projeto foi transformado em um programa de memória permanente - o Programa Memória Petrobras - e retirado da égide dos sindicatos. Segundo a empresa, essa transformação ocorreu "porque este assunto foi percebido como uma ferramenta estratégica importante para a empresa" (PETROBRAS, 2010, p.168). Nesta mesma linha de raciocínio, Figueiredo (2009, p.70), afirma que um dos argumentos para justificar a transformação do projeto em um programa de ação contínua era, exatamente, “o de que a empresa poderia fazer uso desse acervo como ferramenta de gestão e de relacionamento com os seus públicos de interesse, valorizando a marca junto aos empregados e à sociedade (...) A ideia era demonstrar como fazer uso da história da Companhia para melhorar a sua gestão”.

Mediante todas estas mudanças e a incorporação do projeto inicial pela empresa, o Memória Petrobras passa a contar com quatro linhas de pesquisa, que também incluem a memória do conhecimento, a memória de patrocínio e a memória das comunidades. Atualmente as iniciativas deste programa já estendem a quase todas as unidades da empresa na forma de coleta de depoimentos e digitalização de fotos e documentos sobre a história da empresa e seus empregados. Com a proposta de abrir um canal de comunicação com várias audiências, a cada ano um tema de pesquisa é escolhido e uma seleção feita daqueles que

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poderiam prestar depoimentos relevantes. Nos dias de hoje, a empresa foca em dois temas básicos: a memória da implantação dos novos empreendimentos e memória da gestão

ambiental na empresa.

5. Metodologia

A coleta de dados foi feita no site oficial da Petrobras e do Programa Memória dos Trabalhadores da Petrobras (http://www.memoria.petrobras.com.br) durante o período de janeiro a março de 2012. Foram coletados tanto documentos públicos (Relatórios de Sustentabilidade e Relatórios Anuais) quanto os 575 depoimentos concedidos à empresa pelos seus empregados até o momento.

A partir do referencial teórico e das questões de pesquisa, foram construídas quatro grandes categorias que nos permitiram identificar e problematizar como as memórias individuais dos trabalhadores da Petrobras foram reunidas, enquadradas e transformadas na expressão da trajetória histórica da empresa, quais sejam: (1) A natureza do trabalho na empresa (2) A importância da empresa para os trabalhadores; (3) A experiência individual na empresa; e (4) O Memória Petrobras. Após a criação das categorias, o movimento de análise seguiu três etapas. Primeiro, foram identificados os temas mais recorrentes definidos pela empresa para o enquadramento dos depoimentos. Depois, entre os temas mais recorrentes, foram selecionados para análise os que mais convergiam com os valores estratégicos organizacionais definidos nos relatórios oficiais da empresa. Após a identificação e seleção, os temas foram agrupados nas quatro categorias previamente definidas.

De forma a embasar e conduzir os protocolos metodológicos requeridos, os dados foram analisados segundo a análise crítica do discurso. Assume-se nesta pesquisa que a análise do discurso é o estudo sistemático de um conjunto de textos que tem por objetivo desvendar a forma como os discursos adquirem significado por meio de atividades que incluem a produção, a distribuição e o consumo desses mesmos textos. Mais do que interpretar a realidade social como ela existe, esta análise busca compreender como a realidade social é produzida (FAIRCLOUGH, 1993). Como desdobramento, por meio da análise de um conjunto de discursos, é possível encontrar as motivações de um dado grupo, o que desvendaria os interesses estratégicos existentes em um contexto específico.

6. Análise de Dados

6.1 A natureza do trabalho na empresa

A primeira categoria – a natureza do trabalho na empresa - tem por objetivo expressar como a memória dos indivíduos resgata o dia a dia das práticas de gestão da empresa e como ela atua em diferentes contextos. Foram alocados nesta categoria os temas identificados nos depoimentos que dizem respeito às questões socioambientais; ao cotidiano e às relações de trabalho; à presença e atuação da empresa no mundo; e às relações da empresa com governos e sindicatos. O principal fundamento teórico norteador desta categoria foi a ideia de que os fatos ocorridos na história organizacional podem fazer parte do repertório de memória individual, mesmo que tal indivíduo não tenha vivenciado tal experiência. Ou seja, como argumenta Bosi (2012, p.407), considera-se que a memória é constituída tanto por fatos que vivemos quanto por fatos que aconteceram antes de nascermos e “muitas de nossas lembranças (...) não são originais, foram inspiradas em nossas conversas com os outros (...) [e] com o correr do tempo, elas passam a ter uma história dentro da gente, acompanham a nossa vida e são enriquecidas por experiências e embates. Parecem tão nossas que ficaríamos surpresos se nos dissessem o seu ponto exato de entrada em nossa vida”.

No primeiro tema, "Responsabilidade Socioambiental", aparecem os discursos acerca da relação da empresa com o contexto sócio-ambiental em que esta opera. Quase sempre considerada uma boa relação, em um primeiro momento pode-se identificar um alinhamento

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entre os discursos dos trabalhadores e os valores organizacionais 'desenvolvimento sustentável', 'ética e transparência', 'pessoas', 'integração' e 'resultado'. Cabe ressaltar que ao resgatar a memória destas práticas sustentáveis de gestão, que deveriam ser expressão de experiências individuais, os depoentes acabam por rememorar experiências e valores coletivos organizacionais.

Esse movimento de imbricação pode ser identificado nos depoimentos que reproduzem o uso de expressões que denotam o coletivo, como por exemplo, o uso do pronome “nós” (primeira pessoa do plural). Assim, tais depoimentos apontam indícios de que a historia contada pelo individuo pode surgir – como a teoria argumenta – não só como um discurso coletivo (BOSI, 2012), mas também como o próprio reforço estratégico deste discurso (NISSLEY e CASEY, 2002), como é o caso do valor organizacional desenvolvimento sustentável:

Ah, existem milhares de histórias! Mas nós construímos uma escola e um posto de saúde nas áreas onde estavamos operando. Pegamos um sistema de energia solar para instalar nas casas, nas fazendas. (...) Naquele tempo, tivemos um excelente relacionamento com as pessoas locais (D24).

Esse processo do indivíduo reconhecer como seu o discurso da empresa, aparece também nas demais categorias analisadas. Porém, no caso específico deste tema, tal processo adquire, no nosso entender, uma maior relevância em função das especificidades do contexto dos riscos envolvidos. O próprio core business da empresa (extração de petróleo e gás em águas profundas) oferece risco real de destruição ambiental e social. Neste cenário de riscos, mesmo quando as memórias retratam momentos de crise, ou momentos negativos, como no caso de vazamentos e acidentes de óleo de maior gravidade, o discurso imbricado permanece o mesmo:

“A gente conseguiu reverter o quadro daquele acidente da Baía de Guanabara, depois o acidente do Paraná. (...) Conseguimos conter o óleo, não degradou o meio ambiente. Nós conseguimos contornar a situação (...) investindo em tecnologia, investindo nas pessoas, na cultura, na questão da consciência de SMS” (D215).

O segundo tema, "Cotidiano e Relações do Trabalho” contém os discursos que falam sobre as atividades realizadas no dia-a-dia da empresa e os valores organizacionais que mais se destacaram foram 'pessoas', 'integração', 'respeito pela vida', 'ética e transparência' e 'prontidão para mudança' e 'resultado'. É possível encontrar entre os depoimentos, por exemplo, vários registros que corroboram a percepção dos trabalhadores desta empresa de terem construído a tecnologia de exploração em águas profundas e o orgulho de terem participado deste processo, que hoje marca a companhia como líder mundial neste setor.

As dificuldades inerentes às suas operações, seja em águas profundas ou em outros ambientes que têm potencial de riscos ambientais, são muitas vezes relatadas pelos funcionários da empresa de duas maneiras (a) ressaltando a superação de desafios e o desenvolvimento de tecnologias e práticas inovadoras a fim de alcançar os objetivos, o que é considerado tarefa para poucas empresas; e (b) como lembranças descritivas dos acidentes ocorridos no desenvolvimento das atividades, por vezes com vítimas fatais. De qualquer forna, os depoimentos retratam uma empresa que age de forma transparente e ética, buscando resolver ou mitigar os problemas da - considerada pelos depoentes - melhor forma possível:

"Realmente, essa preocupação é genuína, na transparência com que ela [Petrobras] lida com as questões de meio ambiente, saúde e segurança, nos acidentes. A maneira como lida com isso, a transparência que temos quando falamos sobre isso, o que nós aprendemos, as lições que aprendemos com esses acidentes e incidentes, isto não é para qualquer empresa" (D29). O terceiro tema, a "Área Internacional", contém os discursos que falam sobre as atividades da empresa no mundo e da experiência das pessoas em trabalhos no exterior. Nesse tema, os valores organizacionais que mais se destacaram foram 'diversidade humana e cultural', 'resultado', 'integração' e 'empreendedorismo e inovação'. De acordo com os

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depoimentos analisados, o processo de internacionalização da empresa é uma realidade e uma fonte de orgulho individual e coletivo:

“Emotivamente... a Petrobras é tudo!(...) com esse crescimento, eu acho que ela traz ao Brasil uma oportunidade enorme de projeção internacional, uma projeção forte (...) Estamos entre os melhores do mundo, somos bons. A minha mulher é petroleira também. Sou um petroleiro de alma. Sangue e alma. Somos o casal petroleiro” (D455)

Em consonância com o valor 'resultados', também surge nos depoimentos analisados as ideias de competitividade, rentabilidade e da capacidade da empresa de se destacar nos mercados internacionais como algo sempre recorrente às suas práticas de gestão. Esta visão de futuro da Petrobras alinha-se com a literatura que argumenta que a história empresarial é, na verdade, um marco referencial para a construção de uma memória do futuro (WORCMAN, 2004). No caso, o futuro da empresa vincula-se ao futuro do país. Sucesso no exterior, orgulho e progresso. Estas são expressões recorrentes os depoimentos. No entanto, cabe ressaltar, que os depoimentos também ressaltam a importância que a empresa atribui ao desenvolvimento profissional de seus trabalhadores e às relações estabelecidas entre estes e os demais funcionários terceirizados (brasileiros ou não) reconhecendo a importância da diversidade humana e cultural:

“Aqui, você tem uma oportunidade, muito grande, de se desenvolver e conhecer pessoas, conhecer diversas atividades. Na implantação dessa planta, isso aqui parecia uma Torre de Babel. Era um falando em espanhol, outro falando em inglês, português, outro em árabe, outro em japonês. É interessante esse convívio com pessoas de diferentes culturas” (D277). O quarto tema desta categoria é "Relações com o Governo e Sindicatos" e contém os depoimentos alocados pelo Memória Petrobras que falam sobre as relações entre a empresa, o governo e os sindicatos. Nesse tema, os valores organizacionais que mais se destacaram foram 'pessoas', 'integração', 'resultado' e 'ética e transparência'.

No que diz respeito a uma perspectiva mais institucional, as relações como governo e com os sindicatos adquirem importância em função, (a) do projeto inicial do Programa ter sido uma proposta do próprio sindicato dos trabalhadores e (b) dos gestores na época, entenderem essa aproximação como benéfica (LOUREIRO, 2004; FIGUEIREDO, 2009). No entanto, essa importância também aparece nos depoimentos. Em vários trechos analisados, aparece a ideia de que a melhor solução para os problemas organizacionais é a instauração de processos de negociação, o que gera relações consideradas mais maduras. Assume-se em alguns depoimentos que existem temas e interesses comuns entre os trabalhadores, a empresa e o governo e que todo conflito é ruim para qualquer uma das partes e, sempre que possível, deve ser evitado:

“(...) essa talvez seja a melhor lição, de sempre buscar na mesa de negociação, buscar tratar os temas e os interesses, que são comuns aos trabalhadores da Petrobras e a Petrobras na mesa de negociação, o conflito é sempre ruim, é ruim para ambas as partes além de ser ruim

para sociedade (...)” (D304)

De forma complementar, apesar de surgir nos discursos analisados a ideia de que nem sempre foi assim, a todo momento os depoentes falam da satisfação e do benefício mútuo proveniente de uma boa relação entre Sindicato dos Trabalhadores, Empresa e Governo sendo recorrente a utilização de expressões como democracia, legitimidade, harmonia e parceria. Cabe destacar ainda que, em relação aos sindicatos, mesmo os depoimentos dos depoentes mais críticos e mais vinculados às práticas e discussões sindicais, não assumem posições totalmente contrárias à empresa Petrobras propriamente dita. Na verdade, são questionados os gestores que ocupam os cargos em um determinado momento – da empresa e do país – mas não a estrutura e a dinâmica organizacional.

6.2 A importância da empresa para os trabalhadores

  A segunda categoria tem por objetivo expressar como os trabalhadores percebem a

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de cada um dos entrevistados. Foram alocados nesta categoria os temas identificados nos depoimentos que dizem respeito à cultura organizacional e às imagens construídas. O principal fundamento teórico norteador desta categoria foi a ideia de que a memória serve de meio para a produção e reprodução discursiva de imagens, símbolos de poder e outros artefatos que constrõem específicos valores culturais e identitários (ROWLINSON et al, 2010) modificando e sustentando realidades existentes e/ou pretendidas (RICOEUR, 2004). Os discursos vinculados a esta categoria aparecem nos depoimentos quase sempre em tons bastante emocionais e se traduzem em termos de orgulho por pertencer à empresa, remetendo ao sucesso que este pertencimento proporciona.

  O primeiro tema desta categoria, "Cultura Petrobras”, contém discursos que falam

sobre as percepções de seus empregados em relação à cultura da organização. Nestes, aparecem de forma recorrente tanto o sentimento de orgulho em trabalhar para a Petrobras quanto o impacto disto na vida de cada um. Este tema está diretamente relacionado, por exemplo, ao valor organizacional 'orgulho  de ser Petrobras' e refere-se ao orgulho dos trabalhadores de pertender a uma organização discursivamente construída como uma empresa: (a) que faz a diferença onde quer que ela opere; (b) que possui uma respeitada trajetória histórica; e (c) com inúmeras realizações e exemplos de capacidade de superação de desafios, orgulho no seu passado, sua história, suas realizações e na sua capacidade de superar desafios. Assim, trabalhar na Petrobras, aparece na fala dos depoentes como um sonho individual e coletivo:

“A Petrobras era um sonho que eu tinha, como acho que todo brasileiro tem. Trabalhar nessa empresa, que é a maior empresa da América Latina. Embora, todos nós saibamos que os governos que passaram, tentaram liquidar com essa empresa, ela ainda continua sendo a empresa mais respeitada nesse País. É de uma potencialidade (...) o que ela representa de fato para esse País e para a sociedade, como um todo” (D8).

Em alguns depoimentos, esse sentimento de orgulho (e de sonho realizado) é tão forte que acaba por construir uma relação de idolatria com a empresa, sendo esta, inclusive, identificada como um santuário ou como uma empresa que somente possui aspectos positivos:

"Então, uma das coisas que eu lamento é não ter deixado um filho na Petrobras. Porque eu sempre digo que a Petrobras só tem um lado ruim. O lado de fora! O resto é excelente. (...) Fizemos a Petrobras, ela está maior, cada vez maior, porque a Petrobras é um símbolo do Brasil. (...) A Petrobras está em nossos corações, em nosso sangue” (D10).

Deve-se salientar que este orgulho muitas vezes se sobrepõe ao orgulho de ser brasileiro. Desta forma, os depoentes falam sobre a possibilidade de trabalhar para uma empresa como a Petrobras, e, ao assim proceder, ajudar o país a crescer e a desenvolver-se. Este tema surge com bastante frequência e, mesmo quando se referem a alcançar as metas individuais, tais resultados parecem fazer parte de um todo maior, capaz de construir um projeto de desenvolvimento nacional:

De forma complementar, o segundo tema, “Imagens da Petrobras", mostra como a empresa é vista pelos entrevistados. O que mais se destaca neste conjunto de discursos é a imagem do exemplo. Exemplo de empresa que nunca parou de crescer, mesmo diante de conjunturas políticas e econômicas consideradas adversas. E neste movimento, como salienta Worcman (2004), a história da empresa passa a ser um marco referencial de exemplaridade não só para os seus empregados, mas também, para o Brasil (exemplo comparado não só com as empresas estrangeiras, por sua competência, mas também, e especialmente, a outras empresas nacionais) e para todos os brasileiros:

“Essa Empresa é feita por pessoas que não a construíram pensando em um dia, mas na nação. Essa Empresa nasceu do sonho de um povo. É um dos maiores exemplos de que esse país é viável, possível e maravilhoso. Esse exemplo pode ser replicado para todo trabalho” (D44).

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Uma segunda imagem também recorrente é a familiar. De forma paternal, todos os trabalhadores são considerados como beneficiários das (boas) práticas e resultados da empresa (uma grande família), até mesmo quando eles próprios não conseguem perceber os benefícios. Ao mesmo tempo, todos sabem dos problemas e defeitos uns dos outros, mas a crítica, da mesma forma que fazemos em um ambiente familiar, deve ficar circunscrita apenas ao grupo:

“É uma relação quase familiar, você até pode ver os defeitos e comentar, mas não admite que ninguém faça isso. Quer dizer, você não admite que ninguém fale mal da Petrobras, que ninguém diminua a Petrobras em alguma coisa, porque é uma grande empresa” (D145). 6.3 A experiência individual na empresa

A terceira categoria tem por objetivo expressar a experiência individual de cada trabalhador na empresa. Foram alocados nesta categoria os temas identificados nos depoimentos que dizem respeito à identidade de ser um petroleiro (ou petroleira); aos relatos das experiências individuais nos dois ritos de passagem identificados como os mais importantes (admissão e aposentadoria); e como o depoente avalia trabalhar na empresa e como isso impacta na sua vida. Ou seja, o sonho de vir a trabalhar na empresa, as expectativas e o trabalho que passa de pai para filho, a herança de funcionários que tem família na empresa - a família de sangue e de 'petróleo'.

O principal fundamento teórico norteador desta categoria foi a ideia de que a memória coletiva é um processo no qual a memória individual é influenciada pelas idéias do grupo ao qual o indivíduo pertence. Ou seja, a memória é sempre compartilhada e associa-se, simultaneamente, à preservação da identidade individual e coletiva (HALBWACHS, 1975). Desta forma, a memória organizacional, como expressão de uma memória coletiva, pode ser considerada um fenômeno de engajamento social de memórias individuais e tal construção coletiva pode ser uma ação estratégica da empresa no sentido de criar um senso de compartilhamento, de pertencimento (OLICK, 1999).

O primeiro tema desta categoria é "Identidade Petrobras” e contém os discursos que descrevem como trabalhadores compreendem e compartilham suas próprias identidades como trabalhadores do setor de petróleo, e como esta identidade é construída e relacionada com a empresa. Nesse tema, os valores organizacionais que mais se destacaram foram 'orgulho de Ser Petrobras', 'pessoas', 'diversidade humana e cultural' e 'empreendedorismo e inovação'. Os discursos analisados desvelam a ideia de que o trabalho de um homem petroleiro (ou uma mulher petroleira) é algo mais do que apenas um trabalho, expressando sentimentos de pertencimento a uma espécie de comunidade maior, quase como uma nação. Ser petroleiro é fazer parte de um ‘povo’ ou uma 'nação', e, como tal, é algo que ultrapassa as fronteiras do trabalho, sendo considerada uma herança que deve ser transmitida de pai para filho. Ou seja, ele é entendido como um patrimônio dos trabalhadores que têm família na empresa, uma família uma família de sangue e 'de petróleo':

"Meu pai era um homem do petróleo, infelizmente ele morreu, e meus dois irmãos passaram nos exames de admissão no ano passado. (...) Um dos grandes sonhos do meu pai era ter vindo aqui para a refinaria para tirar uma foto com seus três filhos. Ele acabou morrendo no ano passado, sem ver seu sonho realizado" (D107).

O discurso que vincula a identidade do trabalhador com a empresa na qual ele desenvolve as suas atividades profissionais pode ser identificado em vários depoimentos. Ao rememorar as suas experiências individuais, os trabalhadores influenciavam-se pelas ideias da própria organização a qual fazia parte. Ou seja, como argumenta Halbwachs (1975), pode-se afirmar que a memória é compartilhada e associa-se, simultaneamente, à preservação da identidade individual e coletiva:

"A Petrobras significa tudo na minha vida, porque eu nasci lá dentro (...) A Petrobras está no meu sangue desde que nasci, acho que as primeiras coisas com as quais eu brincava eram da Petrobras. Eu costumava jogar com capacetes, botas de trabalho. Gostava de colocar as botas com macacões e óculos, tudo para soldagem que meu pai iria usar. Eu não tenho

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nenhuma outra referência na minha vida que não seja dentro da empresa. Falar sobre mim é falar sobre a Petrobras "(D108).

O segundo tema, “Ritos de Passagem", aborda as lembranças dos depoentes acerca de dois momentos considerados por todos como marcantes: o de admissão na empresa e o de aposentadoria. Os valores organizacionais identificados neste tema foram 'orgulho de ser Petrobras' e 'pessoas'. No que diz respeito mais especificamente ao processo de admissão, por um lado, o discurso recorrente expressa orgulho, satisfação e alegria em passar a pertencer ao quadro de funcionários da Petrobras. Por exemplo, como não são todos os candidatos que conseguem passar no concorrido concurso público, ser admitido é algo valorizado pelo

indivíduo e pela sociedade. Ao mesmo tempo, os depoimentos chamam a atenção para a

importância atribuída pela empresa ao crescimento profissional das pessoas que compõem o seu quadro de funcionários. Em vários depoimentos analisados, este argumento apareceu como um fator determinante para a escolha em fazer o concurso de admissão.

Outro ponto importante, diz respeito à aposentadoria (ou afastamento do dia a dia de trabalho) que em alguns casos é entendida como um corte abrupto e não desejado com a empresa. E não desejado porque a identidade do trabalhador com a empresa é tão forte que ele resiste ao máximo o fim formal do vínculo empregatício. Em alguns depoimentos, esse corte muitas vezes é representado pela perda de um crachá de identificação organizacional:

“Quando a gente se aposenta, está desligado da empresa. Até a nossa carteirinha, que nós tínhamos aqui, tomaram, cortaram, botaram fogo, ficamos sem. Acaba nossa ligação direta com a Petrobras. (...) A minha não cortaram, porque eu não dei oportunidade para cortar. Está guardada em casa” (D25)

Em outros casos, o vinculo identitário é tão difícil de ser cortado, que o trabalhador aposentado mantém consigo artefatos organizacionais que não lhe pertencem:

“Tinha a Empresa como sendo minha (...)Mexia com a Petrobras, mexia comigo. É dela, é meu. Tanto que as placas que ela ganhou como homenagem do Exército Brasileiro, Aeronáutica, Marinha e diplomas de Prefeituras - Cubatão, Santos, São Paulo -, como eles não cuidavam e eu cuidava do Museu e das coisas da Petrobras, eu pegava e levava para mim. Tenho tudo comigo” (D444)

O terceiro tema, "Avaliação e Trajetória Profissional", aborda como o entrevistado avalia seu trabalho na empresa e como isso afeta a sua vida pessoal. Com relação a este tema, também foram identificados nos relatos uma visão de que há um grande sentimento de respeito por parte da empresa com seus empregados, e, por isso, procura-se assegurar seu desenvolvimento profissional como um diferencial para o seu próprio desempenho. Assim, promovendo mudanças significativas na vida dos trabalhadores:

"A Petrobras está aqui no meu coração. Ela me deu tudo: me deu a oportunidade de conhecer o mundo, falar várias línguas, ele me deu treinamento. Ela ainda me deu a oportunidade de apertar a mão do rei da Espanha, eu tenho uma foto minha com o rei de Espanha (...) A Petrobras abriu o mundo para mim! "(D37)

Cabe destacar que, da mesma forma que em temas já tratados, os discursos acerca da trajetória profissional na empresa são bastante emocionais. A escolha pelo uso de metáforas e/ou símbolos relacionados com outras dimensões da vida dos depoentes - como amor e casamento - são muito utilizados para descrever esta trajetória, como no caso do entrevistado que associava a Petrobras a uma amante possessiva:

“Pedi demissão. Quer dizer, você deixar uma amante possessiva pela qual você é apaixonado, quer dizer, foi fácil porque não dava mais, mas foi muito difícil, cortar uma vida de 28 anos (...)” (D510).

6.4 A importância do Programa Memória Petrobras

A quarta categoria tem por objetivo expressar a opinião dos trabalhadores sobre o Programa propriamente dito e possui o tema Memória dos Trabalhadores, que – diferente dos demais - apareceu ao final de todos os depoimentos. Os principais fundamentos teóricos

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norteadores desta categoria foram as ideias: (a) de que identifica-se na contemporaneidade um aumento na importância atribuída à memória; (b) de que as memórias não são apenas individuais, mas sim são expressões de significados compartilhados (HALBAWCH, 1975); e (c) de que este compartilhamento ocorre em um ‘lugar’ (NORA, 1993), neste caso, no próprio CDM.

Em primeiro lugar, em consonância com a literatura, pode-se identificar nos depoimentos a importância atribuída ao papel atual da memória. Eles destacam a importância de recuperar ou reviver a história da empresa, especialmente em uma organização que tem uma "memória curta":

“Acho o projeto muito interessante. Todos na Petrobras reclamam que a Petrobras é uma Empresa de memória curta - você já deve ter ouvido isso. Precisávamos descobrir uma maneira de transferir um pouco desses depoimentos para as pessoas mais novas” (D93). O resgate da memória também é importante, de acordo com os depoentes, porque apresenta-se como pedagógica: ensina, esclarece, aprimora, exemplifica e orienta futuras ações da empresa. E ao serem compartilhadas por um grupo (HALBWACHS, 1975; ZERUBAVAL, 2011) e alocadas em um lugar específico (NORA, 1993), as memórias deixam de ser apenas lembranças individuais e passam a ser expressões de significados compartilhados, isto é, coletivas.

“Eu acho fundamental. Nós temos que deixar registrada toda a nossa experiência, nossa visão de vida, o que nós fizemos dentro da Petrobras, para que os novos não voltem a reinventar a roda, para saberem que essas coisas todas já foram feitas e o que eles tem que fazer é aprimorar o que fizemos” (D237).

No entanto, cabe ressaltar, que não é qualquer tipo de memória que deve ser resgatada e ou valorizada pela empresa. É a memória sob o ponto de vista dos trabalhadores. Os relatos analisados, portanto, consideram o Programa Memória como um procedimento que valoriza o trabalhador no contexto das práticas de gestão, pois, afinal de contas, na opinião dos entrevistados, é isso o que realmente ajuda a construir a empresa:

“Para mim, é uma satisfação. Isso mostra que a Empresa tem um interesse em resgatar a sua memória, a sua história. Porque uma empresa é feita de histórias, é feita pelas realizações de seus empregados” (12).

Deve-se lembrar, no entanto, que o Programa Memória Petrobras (apesar de não ser percebido pelos entrevistados) foi construído e sistematizado por uma organização (Museu da Pessoa) especializada na criação de Centros de Memória e Documentação. De qualquer forma, ao reforçar a importância atribuída ao indivíduo na recuperação da história, esta adquire um grau ainda maior de relevância nos relatos analisados porque, para os entrevistados, este movimento não é feito do ponto de vista do historiador, mas do ponto de vista dos próprios trabalhadores, aqueles que efetivamente viveram a ascensão histórica da empresa:

“Acho a iniciativa muito feliz. Acho bastante interessante, porque a gente está resgatando a história não do ponto de vista do historiador em si, mas do ponto de vista da vida real. Estas entrevistas, essas imagens, esses registros, esses relatos que estamos fazendo vão ser perpetuados como uma parte viva da história dos trabalhadores da Petrobras” (D1).

7. Considerações finais

A pesquisa teve por objetivo identificar como uma grande organização brasileira reúne e utiliza a memória individual de seus trabalhadores para construir a sua memória corporativa buscando problematizar esse processo como estratégico e legitimador tanto da trajetória histórica da organização quanto de suas práticas de gestão. A análise dos discursos dos trabalhadores e dos documentos oficiais coletados nos permitiu identificar como a constituição deste Programa parece contribuir para o alcance do objetivo de promover um maior entendimento do que a empresa é hoje e de quais são os seus principais valores.

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Lembrando que a memória coletiva é entendida como um remanejamento de representações do passado a partir das questões do presente (HALBWACHS, 1992; LE GOFF, 2002; NORA, 1993, 2011), como um primeiro desdobramento deste movimento, a trajetória histórica da Petrobras - consubstanciada no e pelo Programa de Memória – passa a ser um norteador para a compreensão de um presente (quiça futuro) organizacional pretendido. E é exatamente neste contexto que faz sentido falar-se em uma memória estratégica do futuro, onde a história das empresas “não deve ser pensada como o resgate do passado, mas como marco referencial a partir do qual as pessoas redescobrem valores e experiências, reforçam vínculos presentes, criam empatia com a trajetória da organização e podem refletir sobre as expectativas dos planos futuros” (WORCMAN, 2004, p.23).

Como desdobramento, a trajetória histórica de uma empresa passa a nortear a compreensão do presente tanto para os indivíduos quanto para as organizações, uma vez que (a) a história passa a ser compreendida como uma visão de futuro; (b) a história de uma empresa passa a ser considerada como também a história das pessoas que participaram de sua trajetória; e (c) a história de uma empresa passa a ser entendida como parte da história do país (a história de uma empresa constrói e devolve para a sociedade parte da memória do país no qual está inserida) (WORCMAN, 2004).

Cabe ressaltar que essa trajetória construída é compreendida como legítima uma vez que a trajetória é rememorada pelos próprios trabalhadores, isto é, a história da empresa passa a ser também a história compartilhada dos seus trabalhadores. (Re)Descobrimento de valores organizacionais, vínculos reforçados pela experiência rememorada e compartilhada e entrecruzamento de histórias individuais com histórias empresariais. É neste sentido que a recuperação da memória do indivíduo reforça uma ligação intrínseca entre este e a identidade organizacional, garantindo, entre outras coisas, um sentido de coerência no que diz respeito à história organizacional e aos valores organizacionais, tanto no nível pessoal quanto no nível social (OLICK, 1999; ROWLINSON et al, 2010).

No entanto, que noção de história essa memória dos trabalhadores resgata? A história mestra da vida? Ou seja, a história que tinha por objetivo memorizar feitos humanos ou acontecimentos grandiosos para servir de exemplo e de modelo para ações futuras; que assume que em circunstâncias idênticas, os homens tendem a repetir os mesmos erros e acertos, comportando-se do mesmo modo; que possui uma função tanto política quanto moral e que colocava em discussão valores, princípios, comportamentos, costumes, leis, conceitos, paixões e sentimentos; e que tinha por objetivo educar e moralizar? (LE GOFF, 2002). Ou, por uma outra perspectiva, a história construtora de sujeitos, que assume como premissa que o passado não faz sentido em si mesmo e não está desconectado do presente? Ou seja, a história que torna possível compreender o presente como diferença e o tempo como diferenciador; que ensina e permite construir diferentes maneiras de olhar o mundo; e que busca desnaturalizar as relações, ressaltar as diferenças, relativizando valores e pontos de vista (POLLAK, 1989; RICOUER, 2004). Os resultados da pesquisa nos levam a pensar que, apesar do Programa Memória Petrobras ter sido criado inicialmente para ser um veículo de aproximação e para dar voz aos seus trabalhadores (talvez até em uma perspectiva de reconhecimento e exploração das diferenças), o que pode-se perceber na análise dos depoimentos é que, exatamente ao assumir o Programa como estratégico, este passa a (re)produzir uma história que tem por objetivo o resgate da memória apenas para educar, modelar e atribuir sentido a formas específicas de construção das relações de trabalho. Em outras palavras, passa a ser o mecanismo de promoção de tentativas de resolver e superar diferenças por meio de consenso, normalização e supressão de compartilhamento de significados dissonantes.

Um segundo desdobramento, advindo do primeiro, diz respeito a considerar os Centros de Memória e Documentação como um 'lugar de memória'. No caso do Programa Memória Petrobras, criado pela empresa como resposta a uma demanda do sindicato dos

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trabalhadores, essa discussão está ancorada em uma discussão maior acerca dos espaços de pertencimento de memórias alternativas (memórias singulares, comunitárias, grupais, etc.). Afinal, a ideia inicial era dar voz aos marginalizados pela memória oficial da Petrobras. Entretanto, no momento que a empresa passa a atribuir um viés estratégico ao projeto, assumindo que este poderia ser uma ótima oportunidade de melhorar as relações entre os trabalhadores, a empresa e o sindicato (FIGUEIREDO, 2009; LOUREIRO, 2004), o lugar de memória passa a cumprir outra função. Este não mais é entendido como um espaço questionador de memórias coletivas constituídas pela história dominante, mas sim como o espaço que reforça valores estratégicos organizacionais. Assim, novamente, qual memória deve-se resgatar neste lugar? A memória oficial da empresa? Cristalizada, monumentalizada e todo ano comemorada? Que (re)produzem versões consagradas do passado?

Por fim, assumindo que a memória é um processo adaptativo em constante construção e reconstrução de uma coleção de fatos, relatos e impressões, quando a memória se torna objeto de debate não encontramos relatos únicos de um provável passado, mas sim uma composição complexa de discursos imemoriais e representações com versões que expressam a heterogeneidade e o posicionamento sócio-histórico dos atores envolvidos. Esta heterogeneidade de discursos individuais podem ter múltiplas interpretações acerca dos eventos passados e das antigas práticas de gestão, no entanto, quando estas memórias individuais transformam-se em memória coletiva empresarial torna-se possível a identificação de nuances de produção e reprodução de interpretações dominantes do passado.

Enfim, como já discutido no início do artigo, o que sobrevive como história não é o conjunto daquilo que existiu no passado, mas sim o resultado de escolhas. E no caso desta pesquisa, de escolhas empresariais que – fazendo uso de pesquisadores profissionais - selecionam e enquadram as suas fontes buscando definir e legitimar uma determinada trajetória histórica. No nosso entender, este processo precisa ser problematizado, o que nos leva a sugerir a necessidade de pesquisas futuras acerca da memória e seu lugar nos estudos organizacionais, mais especificamente no que diz respeito à história empresarial. Como apontado por Nora (1993), as práticas mnemônicas atuais refletem lutas e negociações relacionadas tanto com o campo da memória e do passado e a referência ao passado quanto com a apropriação de interpretações acerca desse passado. E um dos desdobramentos destas negociações diz respeito exatamente à coesão e à definição do papel da empresa na sociedade. Mais do que a mera ilustração cronológica de acontecimentos anteriores, a construção da trajetória histórica de uma empresa diz respeito, em última instância, à legitimidade que possuem os empresários e seus representantes de definir, unilateral e extensivamente, o que deve ser lembrado naquele contexto organizacional específico.

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