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DETECÇÃO DE VAZAMENTOS EM OLEODUTOS POR MEIO DE ANÁLISE WAVELET DO SINAL DE PRESSÃO

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Academic year: 2021

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DETEC ¸C ˜AO DE VAZAMENTOS EM OLEODUTOS POR MEIO DE AN ´ALISE WAVELET DO SINAL DE PRESS ˜AO

Gabriell John Medeiros de Araujo∗, ´Alvaro Medeiros Avelino∗, Rodrigo Eduardo Ferreira da Silva∗, Jos´e ´Alvaro de Paiva†, Andr´e Laurindo Maitelli∗, Andres Ortiz

Salazar∗, Adri˜ao Duarte D´oria Neto∗

Departamento de Computa¸ao e Automa¸ao

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Natal, RN, Brasil

Departamento de Inform´atica

Instituto Federal de Educa¸c˜ao, Ciˆencia e Tecnologia do Rio Grande do Norte Natal, RN, Brasil

Emails: gabriell@dca.ufrn.br, alvaro@dca.ufrn.br, refs@dca.ufrn.br,

josealvaro@cefetrn.br, maitelli@dca.ufrn.br, andres@dca.ufrn.br, adriao@dca.ufrn.br

Abstract— Leaks in pipelines cause enormous economic losses and environment. The oil industry has been investing increasingly detection systems that allow the minimization of damage. This Work aimed at building a methodology to detect leaks based on digital signal processing of pressure. The idea is that during the leaks, spectral changes occur in the pressure signal. The Wavelet Transform provides a simultaneous analysis in the time and frequency, thus permitting the detection of spectral changes in real time.

Keywords— Leak Detection, Digital signal processing, Wavelet Transform.

Resumo— Os vazamentos em oleodutos causam enormes preju´ızos econˆomicos e ambientais. A ind´ustria petrol´ıfera vem investindo cada vez mais em sistemas de detec¸c˜ao que permitam a minimiza¸c˜ao dos danos. Este trabalho visa a constru¸c˜ao de uma metodologia de detec¸c˜ao de vazamentos baseada no processamento digital do sinal de press˜ao. A id´eia ´e que, durante os vazamentos, ocorrem altera¸c˜oes espectrais no sinal de press˜ao. A Transformada Wavelet provˆe uma an´alise simultˆanea nos dom´ınios do tempo e freq¨uˆencia, possibilitando assim, a detec¸c˜ao, em tempo real, das altera¸c˜oes espectrais.

Keywords— Detec¸c˜ao de vazamentos, Processamento digital de sinais, Transformada Wavelet. 1 Introdu¸c˜ao

Fisicamente, a energia pode ser definida como po-tencial para realizar um trabalho ou a¸c˜ao. Por isso, se diz que a energia move o mundo.

A energia ´e respons´avel, biologicamente, pelos impulsos nervosos, pelo pensamento humano, pela capacidade de criar e de modificar. O que o ser humano pensa, precisa inevitavelmente de energia para ser colocado em pr´atica. A economia ´e uma entidade concebida pelo ser humano, mas, fisica-mente, ´e uma conex˜ao complexa entre ind´ustria e presta¸c˜ao de servi¸co. Ind´ustria ´e sinˆonimo de m´aquinas, que ´e sinˆonimo de dependˆencia energ´ e-tica.

A dependˆencia energ´etica ´e um fato inevit´ a-vel. E, `a medida que a popula¸c˜ao aumenta a demanda de energia tamb´em aumenta. Muitos pa´ıses sofreram ou ainda ir˜ao sofrer com crises energ´eticas.

No cen´ario atual, grande parte das reservas energ´eticas s˜ao n˜ao-renov´aveis, como o petr´oleo e o carv˜ao mineral, ou seja, `a medida que a demanda aumenta as reservas diminuem. Se-gundo a Revis˜ao Estat´ıstica publicada pela British Petroleum em junho de 2010, as reservas mun-diais de petr´oleo suportam mais 45,7 anos, con-siderando que n˜ao sejam descobertas novas

reser-vas e que o consumo permane¸ca igual ao de 2009. Al´em de considerar um cen´ario hipot´etico, a estimativa n˜ao considera outro fato relevante: O petr´oleo tem importˆancia estrat´egica para os pa´ıses. Com as reservas em situa¸c˜ao cr´ıtica, ´e imposs´ıvel prever quais pol´ıticas energ´eticas ser˜ao tomas pelos pa´ıses.

O petr´oleo, diferentemente do carv˜ao mineral, ´e utilizado numa diversidade enorme de aplica¸c˜oes nobres, como a fabrica¸c˜ao de tintas, pl´asticos, teci-dos e at´e medicamentos. A diminui¸c˜ao das reser-vas faz surgir um novo paradigma entre os espe-cialista, uma nova concep¸c˜ao na qual o petr´oleo ´e considerado uma mat´eria-prima nobre, que atende in´umeros setores da ind´ustria, e como tal deve ser aplicado para fins igualmente nobres. A queima para gerar energia se configura num desperd´ıcio de um recurso valioso.

1.1 O problema

O fato ´e que a sociedade atual depende do petr´oleo, n˜ao s´o como fonte de energia, como dos in´umeros derivados produzidos pela ind´ustria. N˜ao ´e uma quest˜ao de conforto, mas sim de neces-sidade. Necessidade esta que causa um dos mais complexos paradigmas da atualidade: o consumo de petr´oleo versus aquecimento global.

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Al´em dos impactos inerentes ao consumo, como a emiss˜ao de gases poluentes, o setor petrol´ıfero ´e caracterizado pelos riscos de vaza-mentos no transporte dos fluidos. Nas ´ ulti-mas d´ecadas, vazamentos em oleodutos e navios causaram impactos ambientais de dimens˜oes catastr´oficas. Contudo, o n´umero de vazamentos, bem como a quantidade de ´oleo despejado, pode ser reduzido atrav´es de pol´ıticas de seguran¸ca adotadas pelas empresas encarregadas do trans-porte. Deste modo, quando ocorre um vazamento, a sociedade responsabiliza a empresa, que acaba sofrendo enormes preju´ızos econˆomicos, sentidos sob v´arias vertentes: enfraquecimento e boicote `a marca e aos produtos, desvaloriza¸c˜ao da empresa no mercado, multas elevadas, entre outras.

M´etodos como ultra-som vˆem sendo utilizados para fazer an´alise de integridade dos oleodutos. A meta ´e verificar as tens˜oes a que os dutos subter-rˆaneos est˜ao sujeitos, permitindo a manuten¸c˜ao preventiva (ARANHA, 2003). Por mais que seja feito todo um esfor¸co na tentativa de exclus˜ao dos riscos de determinada atividade, h´a sempre uma parcela que n˜ao ´e eliminada, caracterizando, as-sim, um res´ıduo de risco (SILVA, 2004).

As pr´oprias condi¸c˜oes de trabalho j´a oferecem riscos a integridade dos oleodutos. Afinal, o trans-porte ´e realizado sob press˜ao, as bombas imp˜oem vibra¸c˜oes `a estrutura e o material transportado ´e, normalmente, contaminado por substˆancias cor-rosivas. Sem contar que os dutos est˜ao sujeitos `a a¸c˜ao de agentes f´ısicos externos. Todos estes fa-tores comp˜oem o res´ıduo de risco, que torna as instala¸c˜oes suscept´ıveis a acidentes operacionais.

Por estes motivos, a ind´ustria petrol´ıfera vem investindo em sistemas de detec¸c˜ao que permitam a tomada r´apida de decis˜oes, de forma a minimizar os efeitos dos vazamentos.

2 Transformada Wavelet

Os conceitos de freq¨uˆencia e onda tˆem uma cor-rela¸c˜ao muito forte. O pr´oprio Fourier, quando definiu matematicamente a freq¨uˆencia, se referiu a ondas senoidais de dura¸c˜ao infinita (GABOR, 1946). Em 1946, Gabor apresentou alguns ques-tionamentos sobre esta defini¸c˜ao: “Como falar sobre varia¸c˜ao de freq¨uˆencia, se a freq¨uˆencia ´e definida como algo infinito?”. Os questionamentos resultaram na postula¸c˜ao do teorema da incerteza de Gabor-Heisemberg (GABOR, 1946).

O Princ´ıpio da Incerteza estabelece que ´e pos-s´ıvel descobrir as freq¨uˆencias que est˜ao presentes num certo intervalo de tempo. Contudo, afirma que a diminui¸c˜ao do intervalo de tempo (maior exatid˜ao no dom´ınio do tempo) reflete numa maior incerteza no dom´ınio da freq¨uˆencia.

Desta forma, a an´alise sobre um instante de tempo n˜ao ter´a nenhuma exatid˜ao ou, em outras palavras, ´e imposs´ıvel saber quais freq¨uˆencias

es-t˜ao presentes num instante de tempo. Por outro lado, se o intervalo de tempo ´e infinito, ´e poss´ıvel identificar cada uma das freq¨uˆencias presentes, mas n˜ao d´a para ter nenhuma id´eia de localiza¸c˜ao (incerteza no dom´ınio do tempo). A transformada de Fourier se enquadra neste caso, pois trata todo o sinal sob um ´unico intervalo [−∞, ∞].

A Transformada de Fourier foi concebida para tratar sinais estacion´arios, ou seja, fun¸c˜oes cujo espectro n˜ao varia no decorrer do tempo. Desta forma, a an´alise de Fourier n˜ao tem car´ater local, ´e puramente frequencial.

A contribui¸c˜ao dos questionamentos de Ga-bor n˜ao se limitou a formula¸c˜ao do Princ´ıpio da Incerteza de Gabor-Heisemberg. Atrav´es destes questionamentos, concluiu-se que todas as fre-q¨uˆencias est˜ao presentes a todo instante. O que torna uma freq¨uˆencia ω mais vis´ıvel ´e a quantidade de energia que a onda de freq¨uˆencia ω apresenta. A energia de um sinal ´e definida pela equa¸c˜ao 1.

E(t) = Z ∞

−∞

|f (t)|2dt (1) Com o objetivo de balancear a an´alise en-tre os dom´ınios do tempo e freq¨uˆencia, possi-bilitando, assim, o tratamento de sinais n˜ ao-estacion´arios, Dennis Gabor sugeriu uma modi-fica¸c˜ao na equa¸c˜ao da Transformada de Fourier. A modifica¸c˜ao possibilitou tratar os sinais sob intervalos, conferindo um car´ater de localidade `

a an´alise de Fourier. A t´ecnica ficou conhecida como Transformada de Gabor ou STFT (do in-glˆes: Short Time Fourier Transform).

Gabor utilizou fun¸c˜oes de energia concen-trada, como a gaussiana, para modificar as fun¸c˜oes de base de Fourier. O efeito da fun¸c˜ao gaussiana pode ser observado nas figuras 1 e 2. A figura 1 mostra uma seno´ıde com freq¨uˆencia ωS, e a

sua resposta espectral. O produto entre a gaus-siana e a sen´oide funciona como uma modula¸c˜ao, gerando uma onda oscilat´oria com energia concen-trada. A figura 2 mostra a onda e a resposta no dom´ınio da freq¨uˆencia. O resultado pode ser en-carado como uma conseq¨uˆencia direta do princ´ıpio da incerteza, pois limitando a sen´oide no tempo (maior resolu¸c˜ao no tempo), temos uma resposta mais espalhada (menor resolu¸c˜ao) no dom´ınio da freq¨uˆencia.

Diferentemente da Transformada de Fourier cl´assica, que responde com um ´unico espectro. Es-pectro este, que representa uma an´alise global m´ e-dia do sinal, e que praticamente desconsidera per-turba¸c˜oes espor´adicas que alterem momentanea-mente as bandas de freq¨uˆencia. A Transformada de Gabor responde com um conjunto de espectros que expressam o comportamento frequencial local. A STFT resolveu o problema da an´alise si-multˆanea nos dom´ınios do tempo e freq¨uˆencia. Entretanto, a solu¸c˜ao n˜ao foi t˜ao abrangente. Uma vez definido o tamanho dos intervalos de

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pro-ω s(t) S(ω) t ω S ωS (a) (b)

Figura 1: (a) Fun¸c˜ao de base de Fourier e (b) o respectivo espectro.

cessamento (espalhamento da fun¸c˜ao gaussiana), a rela¸c˜ao de incerteza entre os dom´ınios n˜ao pode ser alterada. A an´alise passa a considerar um ´

unico ponto de vista, uma ´unica resolu¸c˜ao. Avaliar sinais sob uma ´unica resolu¸c˜ao ´e problem´atico. Idealize um gerador de sinais fornecendo uma seno´ıde de baixa freq¨uˆencia, en-t˜ao, gradativamente aumenta-se a freq¨uˆencia da onda e, em certo momento, altera-se o formato para dente de serra. Um oscilosc´opio regulado para baixas freq¨uˆencias n˜ao permite visualizar a mudan¸ca no formato da onda. A visualiza¸c˜ao s´o ´e poss´ıvel por meio de uma amplia¸c˜ao na regi˜ao de alta freq¨uˆencia. A amplia¸c˜ao consiste num au-mento de resolu¸c˜ao no dom´ınio do tempo, o que n˜ao ´e poss´ıvel na an´alise de Gabor.

De uma forma geral, a dinˆamica dos sinais de alta freq¨uˆencia pode ser percebida por meio da observa¸c˜ao de um curto intervalo de tempo. En-quanto que, a dinˆamica dos sinais de baixa fre-q¨uˆencia s´o ´e compreendida ap´os a an´alise de um intervalo relativamente maior.

Por isso, se diz que a an´alise de sinais de alta freq¨uˆencia exige alta resolu¸c˜ao no dom´ınio do tempo. Enquanto que, os sinais de baixa fre-q¨uˆencia exigem resolu¸c˜ao baixa. Mas, e quando o sinal apresenta trechos de baixas e altas freq¨uˆ en-cias? Como tratar estes sinais? Na d´ecada de 80, o geof´ısico Jean Morlet se deparou com este pro-blema no estudo de s´ısmica aplicado `a explora¸c˜ao de petr´oleo.

Os sinais s´ısmicos s˜ao de natureza n˜ ao-estacion´aria. A componente fundamental ´e de baixa freq¨uˆencia, mas ´e comum a ocorrˆencia de varia¸c˜oes de alta freq¨uˆencia ao decorrer do tempo. A Transformada de Gabor ´e ineficiente para o tratamento de tais sinais, pois promove uma

ω s(t) S(ω) t ω S ωS (a) (b)

Figura 2: (a) Fun¸c˜ao de base de Gabor e (b) o respectivo espectro.

an´alise com uma ´unica resolu¸c˜ao. Definir um tamanho para janela gaussiana que se ad´eq¨ue a an´alise de todas as freq¨uˆencias ´e imposs´ıvel.

Para resolver o problema, Morlet desenvolveu uma nova t´ecnica que permitia a an´alise so-bre m´ultiplas resolu¸c˜oes (MORLET et al., 1987). A t´ecnica ficou conhecida como Transformada Wavelet. A express˜ao Wavelet significa “ondinha”. O que ´e uma men¸c˜ao `as fun¸c˜oes de base. Assim como Gabor, Morlet utilizou ondas oscilat´orias com energia concentrada. Mas diferentemente das fun¸c˜oes de base de Gabor, as Wavelets n˜ao tˆem es-palhamento fixo. A equa¸c˜ao 2, que define a Trans-formada Wavelet, apresenta um parˆametro de es-cala a que permite expandir a regi˜ao de energia durante a an´alise das baixas freq¨uˆencias e com-primir durante a an´alise de altas freq¨uˆencias.

W (a, b) = Z ∞

−∞

f (t)ψa,b(t)dt (2)

Em 1989, o engenheiro francˆes Stephane Mal-lat concebeu um algoritmo eficiente para tratar a Transformada Wavelet Discreta. O algoritmo (MALLAT, 1989), que utilizava bancos de filtros para decompor de forma recursiva os sinais, exi-gia menos recursos computacionais que as vers˜oes anteriormente propostas, e, por isso, tornou-se a maneira mais elegante de implementar a Transfor-mada Wavelet.

A id´eia do algoritmo ´e que a cada itera¸c˜ao sejam criadas duas s´eries de coeficientes: c[k] e d[k]. Os coeficientes da s´erie c[k] armazenam ape-nas informa¸c˜oes de baixa freq¨uˆencia, e s˜ao de-nominados de coeficientes de aproxima¸c˜ao. J´a a s´erie d[k], armazena as informa¸c˜oes de alta freq¨uˆencia, os chamados coeficientes de detalhe (BOUTON, 2006).

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Na teoria, a decomposi¸c˜ao ´e realizada por meio de duas fun¸c˜oes: a fun¸c˜ao de escala ϕ(t) ou Wavelet-pai, e a fun¸c˜ao de detalhe ψ(t), tam-b´em chamada de Wavelet-m˜ae (WARD, 2003). A fun¸c˜ao de escala est´a associada a gera¸c˜ao dos coe-ficientes c[k], ao passo que, a Wavelet-m˜ae est´a relacionada `a s´erie d[k].

Na pr´atica, o algoritmo de Mallat n˜ao utiliza as fun¸c˜oes de escala e detalhe. A implementa¸c˜ao ´e feita por meio de dois filtros: g[n] e h[n]. O filtro g[n] ´e passa-baixa, sendo respons´avel pela gera¸c˜ao dos coeficientes c[k]. Enquanto que, o filtro passa-alta h[n] responde pelos coeficientes d[k].

A maneira mais f´acil de entender o algoritmo ´e atrav´es do diagrama de blocos da figura 3. O diagrama mostra trˆes decomposi¸c˜oes. Os coefi-cientes da s´erie cj+3correspondem ao sinal

origi-nal. O s´ımbolo ↓ 2, conhecido como operador de decima¸c˜ao por dois, indica que a cada dois valores obtidos na convolu¸c˜ao, um ´e descartado. Na rea-lidade, o operador ´e apenas simb´olico, os valores “desnecess´arios” n˜ao s˜ao calculados, uma vez que calcular coeficientes para descartar em seguida ´e um desperd´ıcio computacional. c c c c d j+3 j+2 j+2 j+1 j h[-n] g[-n] 2 dj+1 h[-n] g[-n] dj h[-n] g[-n] 2 2 2 2 2

Figura 3: banco de filtros.

Cada uma das s´eries de coeficientes ocupa uma regi˜ao bem definida no espectro, como mostra a figura 4. Desta forma, se os coeficien-tes de uma determinada s´erie s˜ao baixos, significa que aquela banda de freq¨uˆencia ´e pouco represen-tativa para o sinal, ou seja, a presen¸ca de ondas naquela faixa de freq¨uˆencia ´e pequena.

dj+2 dj+1 dj cj |F(ω)| ω π π π π 2 4 8

Figura 4: An´alise de multirresolu¸c˜ao da Mallat.

3 Resultados

A efic´acia da Transformada Wavelet para carac-teriza¸c˜ao de padr˜oes de vazamento foi demons-trada por (MARTINS, 2006) e (AVELINO et al., 2009). Contudo, em ambos os trabalhos, foram utilizadas metodologias baseadas na an´alise con-junta das varia¸c˜oes freq¨uenciais e da tendˆencia da

curva de press˜ao. O objetivo deste trabalho ´e mostrar que a an´alise de multirresolu¸c˜ao, provida pela Transformada Wavelet, ´e suficiente para a de-termina¸c˜ao da assinatura de um duto. Com isso, a detec¸c˜ao dos vazamentos passa a independer da an´alise das quedas de press˜ao.

A id´eia ´e que durante situa¸c˜oes anˆomalas, como um vazamento, ondas com freq¨uˆencias ca-racter´ısticas se propagam pela tubula¸c˜ao. A pre-sen¸ca mais forte de tais componentes de freq¨uˆ en-cias, no sinal de press˜ao, denuncia as situa¸c˜oes cr´ıticas. E importante salientar que cada duto´ apresenta uma assinatura pr´opria. As freq¨uˆencias que caracterizam os vazamentos n˜ao s˜ao, neces-sariamente, iguais para todos os dutos. A possi-bilidade de que, em alguns dutos, as freq¨uˆencias afetadas sejam mais altas que o ponto de corte do sensor, n˜ao ´e descartada. Fato que impossibili-taria a detec¸c˜ao dos vazamentos. Mas, segundo (AZEVEDO, 2009) o sinal de press˜ao ´e consti-tu´ıdo, basicamente, de ru´ıdo eletromagn´etico e hidr´aulico. O ru´ıdo eletromagn´etico se deve `as in-du¸c˜oes e interferˆencias sofridas pelo sensor, cabos e outros dispositivos, podendo atingir freq¨uˆencia elevadas. J´a o ru´ıdo hidr´aulico que, realmente, expressa o comportamento do fluido no duto, n˜ao consegue atingir freq¨uˆencias t˜ao elevadas.

Os vazamentos ocorrem, normalmente, de-vido a a¸c˜ao de agentes f´ısico-qu´ımicos que provo-cam a corros˜ao da parede do duto. Nestes ca-sos, os vazamentos tˆem natureza extremamente lenta, iniciando com uma pequena ruptura que, com o passar dos dias, aumenta e acaba provo-cando o derramamento de grande quantidade de ´

oleo. Outros vazamentos, entretanto, ocorrem de forma abrupta. O motivo ´e, geralmente, o ex-cesso de carga em algum ponto da tubula¸c˜ao, que provoca o aparecimento de uma grande fissura.

O primeiro reflexo de um vazamento ´e a queda de press˜ao. A transi¸c˜ao para um n´ıvel de press˜ao inferior pode demorar dias, no caso dos vazamen-tos lenvazamen-tos, ou apenas alguns segundos, no caso dos vazamentos bruscos. Isto representa um pro-blema para os algoritmos de detec¸c˜ao baseados na tendˆencia da curva de press˜ao, uma vez que o pro-cessamento deve considerar intervalos com dife-rentes tamanhos, ou seja, uma esp´ecie de an´alise de tendˆencia de curva com m´ultiplas resolu¸c˜oes, o que demanda uma carga elevada de recursos com-putacionais.

As varia¸c˜oes freq¨uenciais provocadas pelos vazamentos n˜ao ficam limitadas ao intervalo em que ocorre a queda de press˜ao. Mesmo ap´os a estabiliza¸c˜ao do sinal num patamar inferior, os componentes de freq¨uˆencia que caracterizam os vazamentos continuam existindo. Assim, se a assi-natura do duto ´e conhecida, ´e poss´ıvel detectar um vazamento mesmo que j´a esteja ocorrendo h´a bas-tante tempo. Em outras palavras, a detec¸c˜ao n˜ao est´a condicionada ao momento em que come¸ca o

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vazamento.

O sinal de press˜ao da figura 5 ´e interessante para o entendimento da assinatura do duto, pois apresenta todas as situa¸c˜oes de opera¸c˜ao dese-jadas: escoamento constante, vazamentos, aciona-mentos e desligaaciona-mentos de bomba.

0 0.5 1 1.5 2 2.5 x 105 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 Amostras P re ss ão ( ba r)

Figura 5: Sinal de press˜ao utilizado no processa-mento.

As nove primeiras quedas de press˜ao referem-se a vazamentos. As duas referem-seguintes s˜ao desliga-mentos de bomba. O sinal foi capturado com taxa de amostragem de 1kHz. Assim, pelo principio de Nyquist, a an´alise espectral s´o pode considerar freq¨uˆencias inferiores a 500Hz.

Existem in´umeras fam´ılias Wavelets que po-dem ser utilizadas como filtros na decomposi¸c˜ao. Para este trabalho foi escolhida a Wavelet de Haar (BURRUS et al., 1998).

A decomposi¸c˜ao por meio dos filtros de Haar mostrou que ocorrem pequenas quedas nos valo-res dos coeficientes das s´eries do quarto, quinto e sexto n´ıveis durante os vazamentos. Juntas, es-tas s´eries correspondem a faixa de freq¨uˆencia en-tre 7, 8125 e 62, 5Hz, indicando que as ondas com freq¨uˆencia localizada nesta faixa tornam-se menos presentes no duto durante os vazamentos.

Os melhores padr˜oes para as situa¸c˜oes de vazamento, acionamento e desligamento de bomba s˜ao obtidos na s´erie de coeficientes de detalhe (alta freq¨uˆencia) do quinto n´ıvel da decomposi¸c˜ao, como mostra a figura 6.

A pergunta, agora, ´e como transformar estes perfis numa metodologia de detec¸c˜ao de vazamen-tos? Ou seja, que m´etodos utilizar para analisar os padr˜oes e responder precisamente qual a situa¸c˜ao do duto?

A solu¸c˜ao encontrada foi calcular a concen-tra¸c˜ao de energia sobre intervalos de 32 amostras. Com isso, foi obtido um gr´afico mais comportado, mostrado na figura 7.

A figura 7 mostra que, durante os vazamentos, ocorre uma queda no n´ıvel de energia. Os desliga-mentos de bomba provocam quedas semelhantes. Entretanto, no momento que a bomba p´ara total-mente ocorre um pico de energia caracter´ıstico. O

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 −1 −0.5 0 0.5 1 1.5 Amostras C oe fic ie nt es Padrões de vazamentos

Padrões de acionamento e desligamento de bomba

Figura 6: Padr˜oes encontrados nos coeficientes de alta freq¨uˆencia do quinto n´ıvel.

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 0 0.5 1 1.5 2 2.5 Amostras E ne rg ia

Figura 7: Concentra¸c˜ao de energia nos coeficientes do quinto n´ıvel.

acionamento de bomba responde de forma pare-cida, a diferen¸ca ´e que o pico ocorre no momento da partida e a queda imediatamente em seguida.

Em situa¸c˜ao de escoamento constante, a ener-gia permanece dentro de um faixa de opera¸c˜ao normal. Quando o duto est´a preenchido com o ´

oleo, mas n˜ao h´a escoamento, a energia se apro-xima de zero.

Considerando estes perfis, a detec¸c˜ao dos vazamentos pode ser feita atrav´es da delimita¸c˜ao de regi˜oes, como mostra a figura 8. Um vaza-mento ´e detectado quando a n´ıvel de energia per-manece por algumas janelas seguidas na regi˜ao de vazamento. Os acionamentos e desligamentos de bomba s˜ao detectados atrav´es dos picos que inva-dem a regi˜ao mais alta do gr´afico.

A delimita¸c˜ao das regi˜oes ´e a principal difi-culdade, pois requer o conhecimento profundo do comportamento da energia nas diversas situa¸c˜oes de escoamento. O limite mais importante ´e o que separa as regi˜oes de escoamento constante e vazamento. Definir um valor baixo para este li-mite implica em aumentar a regi˜ao de escoamento constante, reduzindo, assim, a sensibilidade do sis-tema. Por outro lado, se o limite ´e fixado num valor elevado, o sistema fica mais vulner´avel ao alarmes falsos.

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0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 0 0.5 1 1.5 Amostras E ne rg ia 0.13 0.6 Região de acionamento e desligamento de bomba

Região de escoamento constante

Região de vazamento Região de duto parado

Figura 8: Regi˜oes que caracterizam a situa¸c˜ao do duto.

4 Conclus˜oes

As informa¸c˜oes extra´ıdas por meio da Transfor-mada Wavelet revelaram que os vazamentos n˜ao s˜ao caracterizados pela presen¸ca de ondas com fre-q¨uˆencias caracter´ısticas, mas sim, pela ausˆencia de ondas de um faixa espec´ıfica (7,8125 `a 62,5Hz). As ondas da faixa citada tornam-se menos vis´ıveis du-rante todo o vazamento, n˜ao apenas no instante do rompimento. Assim, a detec¸c˜ao n˜ao fica restrita ao evento do rompimento. O vazamento passa a ser caracterizado pela ausˆencia das ondas caracte-r´ısticas por um determinado tempo, o que reduz a incidˆencia de alarmes falsos.

Os desligamentos e acionamentos de bomba, diferentemente dos vazamentos, s˜ao caracteriza-dos por altera¸c˜oes bruscas de freq¨uˆencia que ocor-rem durante o evento. A entrada ou sa´ıda de uma bomba interfere sobre todas as faixas de freq¨uˆ en-cia.

De uma forma geral, a Transformada Wavelet demonstrou-se eficiente na caracteriza¸c˜ao das di-versas situa¸c˜oes de opera¸c˜ao do duto utilizado nas simula¸c˜oes. Contudo, ´e importante salientar que as varia¸c˜oes freq¨uenciais apresentadas remetem as caracter´ısticas do duto, ou seja, a sua assinatura. Outros dutos podem apresentar varia¸c˜oes freq¨ uen-ciais totalmente diferentes.

Agradecimentos `

A Agencia Nacional de Petr´oleo, ao Laborat´orio de Automa¸c˜ao em Petr´oleo (LAUT), ao Laborat´ o-rio de Avalia¸c˜ao de Medi¸c˜ao em Petr´oleo (LAMP), ao CENPES e a UN-RNCE.

Referˆencias

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Referências

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