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FELIPE ZUNINO FRANÇA RÔMULO D AVILA PEDRINI

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Academic year: 2021

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CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE ODONTOLOGIA

FELIPE ZUNINO FRANÇA

RÔMULO D’AVILA PEDRINI

ÍNDICE DE SALIVAÇÃO CORRELACIONADO À IDADE E À

PRESENÇA DE PATOLOGIAS SISTÊMICAS EM IDOSOS

FREQÜENTADORES DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA DO IDOSO NO

MUNICÍPIO DE ITAJAÍ (SC).

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FELIPE ZUNINO FRANÇA

RÔMULO D´AVILA PEDRINI

ÍNDICE DE SALIVAÇÃO CORRELACIONADO À IDADE E À

PRESENÇA DE PATOLOGIAS SISTÊMICAS EM IDOSOS

FREQÜENTADORES DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA DO IDOSO NO

MUNICÍPIO DE ITAJAÍ (SC).

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí

Orientadora: Profª. Maria Regina Orofino Kreuger.

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos inicialmente a Deus por ter nos concedido o dom da vida.

Agradecemos aos nossos pais Afonso e Rosa Maria pela parte do acadêmico Rômulo; Edson e Norma pela parte do acadêmico Felipe, sem os quais não teríamos conseguido alcançar este objetivo.

Agradecemos a nossa orientadora Maria Regina Orofino Kreuger, pela paciência, pela sabedoria em orientar, pelos conhecimentos transmitidos e pela dedicação ao nosso trabalho.

O acadêmico Rômulo agradece também seu irmão Eduardo, seus avós Archimedes e Marina, seus tios Raquel, Lauro , Vera e primos por serem sua família e base de tudo. Sua namorada Ana Kely por todo amor, carinho, compreensão e dedicação e seus pais Celso e Aliseti pelo suporte tão importante. Aos verdadeiros amigos pela força em toda caminhada.

O acadêmico Felipe gostaria também de agradecer seus irmãos Fábio e Fernanda pela amizade e carinho; as avós Olga e Alice e avôs Alberto e Nelson (In memoriam); sua namorada Karen pelo carinho e apoio, todos os familiares e amigos que sempre estiveram presente, dando apoio nos momentos difíceis e contribuindo para o resultado deste trabalho.

Agradecemos a todos os idosos e funcionários do Centro de Convivência do Idoso – Dom Bosco pela colaboração na execução da pesquisa.

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ÍNDICE DE SALIVAÇÃO CORRELACIONADO À IDADE E À PRESENÇA DE PATOLOGIAS SISTÊMICAS EM IDOSOS FREQÜENTADORES DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA DO IDOSO NO MUNICÍPIO DE ITAJAÍ (SC).

Felipe Zunino FRANÇA e Rômulo D’Avila PEDRINI Orientadora: Profª. Maria Regina Orofino KREUGER Data de Defesa: Setembro de 2007

RESUMO:

A xerostomia, sensação subjetiva de boca seca, conseqüente ou não da diminuição ou interrupção da função das glândulas salivares é mais freqüente entre os idosos e em pacientes do sexo feminino. Estima-se que 23% da população brasileira consomem 60% da produção nacional de medicamentos, principalmente as pessoas acima de 60 anos, sendo o uso de medicamentos a causa mais comum de hipossalivação. Este estudo teve por objetivo conhecer a freqüência de hipossalivação e as condições clínicas gerais de pessoas da terceira idade, cadastradas e freqüentadoras de um Centro de Convivência do Idoso, do bairro São Judas do município de Itajaí (SC) no período de abril e maio de 2007. Foi realizado um questionário semi-aberto com questões relacionadas à saúde geral e bucal e uma análise clínica com teste de fluxo salivar estimulado, em cada idoso que se dispôs a participar da pesquisa. Durante a pesquisa atingiu-se o número de 100 idosos que desejaram participar da pesquisa, dos quais 05 não aceitaram participar do teste de fluxo salivar sendo excluídos da amostra. Os resultados mostram que a maioria dos entrevistados pertence ao sexo feminino, possuem hipossalivação, apresentam patologias sistêmicas, principalmente as cardiovasculares, e fazem uso de medicação. Verificou-se assim que há uma estreita relação entre hipossalivação e determinados medicamentos e suas respectivas patologias sistêmicas.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Fotografia 01 -Centro de Convivência do Idoso localizado no bairro Dom Bosco, Itajaí

(SC)...29

Fotografia 02 -Entrevista individual com o idoso utilizando questionário semiaberto elaborado. ... 31

Fotografia 03 -Materiais utilizados para análise clínica ... 32

Fotografia 04 -Idosos realizando o teste de fluxo salivar estimulado...33

Gráfico 01 – Número de entrevistados divididos pelo fluxo salivar...35

Gráfico 02 – Número de entrevistados divididos por sexo...36

Gráfico 03 – Número de entrevistados divididos por sexo e associados com fluxo salivar...37

Gráfico 04 – Número de entrevistados divididos pela faixa etária...38

Gráfico 05 – Número de entrevistados divididos pela faixa etária e associados com fluxo salivar...39

Gráfico 06 -Número de entrevistados divididos pela presença ou não de patologias e associados com fluxo salivar...41

Fotografia 05 -Palestra realizada no dia 08 de maio de 2007 no CCI – Dom Bosco...50

Fotografia 06 - Palestra realizada no dia 04 de julho de 2007 no Centro de Múltiplo Uso João Ferreira de Macedo...50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Doenças cardiovasculares apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar...42 Tabela 02 – Doenças osteoarticulares apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar...43 Tabela 03 – Doenças endócrinas apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar...43 Tabela 04 – Doenças gastrointestinais apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar...44 Tabela 05 – Doenças do sistema respiratório apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar...44 Tabela 06 – Outras doenças apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar...44 Tabela 07 – Medicações cardiovasculares apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar...46 Tabela 08 – Outras medicações apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar...47

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO. ...08 2 REVISÃO DE LITERATURA ...11 3 MATERIAIS E MÉTODOS ...29 3.1 Local da pesquisa ...29 3.2 Amostra populacional...29 3.3 Período da pesquisa...30

3.4 Obtenção dos dados...30

3.5 Análise clínica...31

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...34

4.1 Discussão dos resultados obtidos...34

4.1.1 Análise do fluxo salivar...34

4.1.2 Análise do gênero...36

4.1.3 Análise do gênero em relação ao fluxo salivar...37

4.1.4 Análise da faixa etária...38

4.1.5 Análise da faixa etária em relação ao fluxo salivar...39

4.1.6 Análise da saúde geral...40

4.1.7 Análise das patologias presentes em relação ao fluxo salivar...42

4.1.8 Análise das medicações consumidas em relação ao fluxo salivar...46

4.2 Devolução dos resultados...48

4.3 Encaminhamento dos pacientes...49

4.4 Palestras sobre saúde bucal...49

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1 INTRODUÇÂO

O envelhecimento é um processo não homogêneo formado por um conjunto de reações caracterizado por alterações que levam a uma diminuição da capacidade de adaptação do ser humano ao meio ambiente. Essas alterações são de ordem morfológica, fisiológica, bioquímica e psicológica. É um processo contínuo, que deve ser vivido da forma mais agradável possível, com a saúde sendo mantida pelos diversos meios preventivos (BRUNETTI; MONTENEGRO, 2002; CAMPOS et al., 2006)

De acordo com Kalache (1987) os avanços científicos, as intervenções médicas e o saneamento básico têm ajudado a aumentar a longevidade da população. No Brasil, o crescimento da população idosa passou de 4,2% em 1950 para 8,7% em 1997, estimando-se 24% em 2050 (CAMPOS et al., 2006).

O Artigo 2º do Estatuto do Idoso (BRASIL, 2004) relata que o idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade

.

A partir da década de 1960, o número de idosos tornou-se mais expressivo, ocorrendo uma preocupação maior com a cavidade oral da pessoa idosa. Com isso, a Odontogeriatria surge como ramo da Odontologia visando cuidar da saúde bucal da população de terceira idade.

A saúde bucal é parte integrante e inseparável da saúde geral do indivíduo e está relacionada diretamente com as condições de saneamento, alimentação,

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moradia, trabalho, educação, renda, transporte, lazer, liberdade, acesso e posse de terra, aos serviços de saúde e a informação (CFO, 2006). Assim, é fundamental que a realização de estudos enfocando a atuação integral de sujeitos de terceira idade seja estimulada, pois, como destacaram Shinkai e Cury (2000), os aspectos de saúde bucal são indissociáveis dos aspectos e saúde geral, quando do atendimento do idoso.

Pucca Júnior (2002) relatou que o edentulismo configura-se como resultado, ou seja, é um quadro de seqüela derivado de um processo de desgaste do corpo, sendo que, os componentes patológicos deste desgaste se sobrepuseram aos demais. Portanto, percebe-se que, quando o edentulismo se faz presente, é porque as medidas de atenção à saúde bucal anteriormente colocadas inexistiram ou fracassaram integralmente.

Segundo Flores e Mengue (2005) estima-se que 23% da população brasileira consomem 60% da produção nacional de medicamentos, principalmente as pessoas acima de 60 anos. Esse padrão elevado no consumo de medicamentos entre os idosos que vivem na comunidade tem sido descrito em outros estudos no Brasil e no mundo.

Pupo et al. (2002) afirmaram que a xerostomia, sensação subjetiva de boca seca, conseqüente ou não da diminuição/interrupção da função das glândulas salivares é mais freqüente entre os idosos e em pacientes do sexo feminino. Pode se manifestar através de uma dificuldade para mastigar, deglutir e falar, sensação de queimação na boca e língua, diminuição da gustação, mucosites e até ulcerações na boca.

Neste sentido o Curso de Odontologia da UNIVALI, através de atividades de extensão e de pesquisa, tem enfocado a questão de saúde do idoso. Recentemente,

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dois estudos investigativos, abordando a questão com indivíduos de dois municípios de área de abrangência da UNIVALI, foram relatados por Raitz e Seibert (2006) e Souza e Cantele (2006).

Frente a isso, no primeiro semestre de 2007, foi realizada no município de Itajaí – SC, esta pesquisa envolvendo idosos freqüentadores de um centro de convivência. Este estudo teve por objetivo conhecer a freqüência de hipossalivação e as condições clínicas gerais de pessoas da terceira idade, cadastradas e freqüentadoras de um Centro de Convivência do Idoso, do bairro São Judas do município de Itajaí (SC).

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Maia et al. (1999) relataram que a hipertensão arterial é definida como uma elevação da pressão sistólica acima de 140mmHg e diastólica acima de 90mmHg e que ela atinge em todo mundo milhões de pessoas, constituindo um grave problema de saúde pública no Brasil. Existem diferentes graus de hipertensão o que em termos de prática odontológica se traduz na necessidade de condutas clínicas diferenciadas. As drogas usadas no tratamento da hipertensão incluem diuréticos, antiadrenérgicos, vasodilatadores e inibidores da conversão da angiotensina tendo como efeitos colaterais hipocalemia com arritmias associadas, hipotensão postural, confusão mental, depressão e sonolência. Outro efeito colateral, com possíveis implicações odontológicas é a inibição salivar central, acarretando xerostomia em pacientes medicados com anti-hipertensivos de ação central, como metildopa e clonidina. Os tratamentos odontológicos eletivos devem ser adiados até que o paciente não controlado esteja corretamente tratado e o seu quadro estabilizado. Tratamentos de emergências deverão ser os mais conservadores possíveis. Não há contra-indicação de tratar pacientes controlados. O paciente com hipertensão leve ou moderada suportará todos os tratamentos não cirúrgicos e cirúrgicos simples executados.

Shinkai e Cury (2000) discutiram a atuação da odontologia na atenção integral à saúde dos idosos, considerando a necessidade de abordagem interdisciplinar. São destacadas as interações entre diversas profissões de saúde e a odontologia, para a promoção de saúde, prevenção específica e reabilitação de pacientes idosos com ênfase na importância da comunicação e troca de informações. É fundamental a indissociabilidade dos aspectos de saúde bucal e de saúde geral no atendimento ao

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idoso, sendo importante a troca de informações. Esse aspecto é fundamental em todos os níveis de atendimento, seja na promoção de saúde, na prevenção específica ou na reabilitação, e envolve não apenas a equipe de profissionais por meio de ações integradas mais objetivas e eficazes, que respeitem as necessidades reais do idoso. Um grave problema na odontologia é a necessidade de formação de recursos humanos capacitados em odontologia geriátrica para o atendimento especializado ao idoso. Outro problema seria a inexistência de programas preventivos e assistência odontológica direcionados à terceira idade em nível coletivo.

Silva e Valseki Júnior (2000) relataram que apesar de não existirem doenças bucais relacionadas diretamente à população idosa, algumas complicações têm efeitos cumulativos negativos e prejudiciais para os idosos, tais como a secura na boca, a dificuldade de deglutição, diminuição da capacidade mastigatória, as modificações no paladar e a perda de dimensão vertical. Os pesquisadores realizaram um estudo na cidade de Araraquara, em 1998, quando foram examinadas 194 pessoas com 60 anos ou mais. Cerca de 65% dos entrevistados apresentaram a falta de dentes enquanto nos dentados foram encontrados em média 4 dentes. Mais de 90% dos dentes, de acordo com o índice CPO-D, já estavam perdidos. Em média havia menos de dois dentes hígidos em cada indivíduo examinado. O uso de próteses era em média de 70%. A necessidade de prótese foi de 70% em média, mostrando assim que uma expressiva parcela das próteses usadas não estavam em condições clínicas satisfatórias necessitando de substituição. Entre as pessoas institucionalizadas a prótese estava em uso em média há 18 anos. Observaram que a condição clínica, de maneira geral, era precária. Porém, esta condição clínica não é muito diferente da situação encontrada em outros estudos realizados no Brasil e

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em outros países. A situação epidemiológica encontrada neste estudo indica que há a necessidade de se tomar alguma providência. Os recursos disponíveis poderiam ser distribuídos de maneira mais equilibrada, sem que se deixe de dar atenção a outros grupos prioritários, levando em consideração a atual situação demográfica e epidemiológica do país.

Colussi e Freitas (2002) efetuaram uma revisão crítica dos estudos epidemiológicos apresentados nas publicações nacionais com relação à saúde bucal do idoso. Foram pesquisados todos os artigos sobre saúde bucal do idoso no Brasil que constavam na literatura a partir de 1988. Dos 29 artigos encontrados, foram selecionados oito que traziam dados epidemiológicos sobre a cárie, a partir dos quais foram feitos uma análise do índice CPOD, do percentual de dentes extraídos e indivíduos edêntulos e do uso e necessidade de prótese total. Os dados quanto ao grau de dependência não foram incluídos nas análises deste artigo e apenas sete dos oito artigos epidemiológicos foram considerados. Com relação aos resultados, a cárie foi o principal problema bucal dos indivíduos com sessenta anos ou mais. A necessidade do uso de prótese encontrada na amostra domiciliar foi bem inferior àquela encontrada nas instituições, e quanto ao uso de prótese total os estudos revelaram que a mais utilizada é no arco superior. Os resultados apresentados nos artigos confirmam as precárias condições de saúde bucal em que se encontra a população idosa brasileira, necessitando de uma reformulação do serviço púbico, direcionando ações especificas aos problemas da terceira idade, além de medidas educativas e preventivas.

Pupo et al. (2002) afirmaram que a xerostomia, sensação subjetiva de boca seca, conseqüente ou não da diminuição/interrupção da função das glândulas salivares é mais freqüente entre os idosos e em pacientes do sexo feminino. Pode

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se manifestar através de uma dificuldade para mastigar, deglutir e falar, sensação de queimação na boca e língua, diminuição da gustação, mucosites e até ulcerações na boca. Alterações na flora oral predispõem a infecções oportunistas, principalmente por Cândida albicans e contribuem para a proliferação de microorganismos cariogêncos. Assim, pacientes com xerostomia são predispostos a desenvolver cáries e doença periodontal.

Espinoza et al. (2003) realizaram um estudo para verificar a prevalência de lesões de mucosa oral em cidadãos idosos de Santiago (acima de 65 anos). Idade, gênero, status médico, medicações, uso de próteses, xerostomia, uso de cigarros e fatores sociais e culturais foram associados com a prevalência de lesões de mucosa oral, sendo que os diagnósticos específicos sobre as lesões foram feitos clinicamente de acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS). Os dados obtidos a partir deste estudo demonstraram que mais da metade dos casos (53%) apresentaram uma ou mais lesões de mucosa oral. As lesões mais freqüentes foram as estomatites (22,3%) e as hiperplasias (9,4%). De um total de 574 portadores de dentaduras analisados, que representam a verdadeira população com risco de estomatites, a prevalência destas foi de 34%, sendo as mulheres as que apresentaram mais lesões, na proporção de 27,8%, enquanto os homens foram na faixa de 13,3%. Ao se analisar as variáveis associadas com a maior probabilidade de se ter uma ou mais lesões (idade, sexo, menos de 6 anos de educação formal, medicação, uso de cigarros, dentaduras em uso, xerostomia e ausência de visitas ao dentista no último ano), somente o uso de dentadura aumentou significativamente a probabilidade para tal. Foram também determinadas as variáveis com um aumento do risco de haver leucoplasias, líquen plano e lesões associadas à infecção por Cândida. Os fatores que aumentaram significativamente o

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risco de estomatites foram o sexo feminino, placa aderida em próteses e o fato de dormir com a prótese. As leucoplasias e o líquen plano foram analisados de acordo com a idade, sexo, grau de instrução e uso de cigarros, sendo que o único fator de risco para leucoplasia foi o cigarro e, no caso do líquen plano, o fator determinante foi o sexo feminino. Para lesões especificas, os fatores associados a estas foram o sexo, uso de cigarro e hábitos e higiene oral em usuários de próteses.

Maupomé et al. (2003) investigaram se as doenças bucais estavam associadas com doenças crônicas sistêmicas em 532 idosos canadenses moradores de instituições. Associações entre saúde bucal e geral, incluindo relações entre periodonto e doenças sistêmicas têm sido relatadas nos últimos anos da literatura cientifica. Como um exemplo há evidências para suportar associações entre doenças bucais e diabetes mellitus e acidente vasculocerebral. (AVC) Além disso, aumentou o número de pacientes que usam o serviço clínico e que também possuem doenças bucais. Infelizmente, a situação atual de conhecimento sobre a saúde bucal nas pessoas idosas é mesmo menos clara. A saúde bucal e geral nos pacientes mais jovens difere da mesma situação nos pacientes idosos visto os maiores cuidados que o primeiro grupo está recebendo desde o início da vida nos últimos anos. Um breve exame bucal documentou retenção dental, cáries e saúde gengival e periodontal. Uma parte do estudo foi associada com uma grande experiência de cáries e problemas gengivais e periodontais. Participantes com pressão alta, osteoporose ou diabete estavam mais sujeitos a ser edêntulos ou a ter menos dentes do que os participantes que não tinham essas condições sistêmicas. Idosos que tinham artrite retiveram mais dentes com o decorrer da idade. Pacientes que tinham mais doenças também tenderam a ter uma condição periodontal e gengival pobre, menos dentes e grande risco de edentulismo. As associações entre

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doenças sistêmicas e doenças bucais deve ser direto ou deve ser mediado por fatores como comportamentos da saúde.

Os idosos têm alguns direitos os quais muitas vezes não são respeitados. O Artigo 15, § 1°, inciso V do Estatuto do Idoso (BRASIL, 2004) determina que a prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão efetivadas por meio de: reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para redução das seqüelas decorrentes do agravo da saúde. E o § 2° cita que incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.

Campostrini (2004) relatou que o ser humano, no decorrer da sua vida, transita por diferentes fases ou etapas estabelecidas e inter-relacionadas: a infância e a adolescência, a idade adulta e a velhice ou idade avançada, na qual se incluem as pessoas de 60 anos ou mais. A velhice é uma etapa no curso de vida dos seres humanos, com suas características próprias, suas necessidades e interesses específicos. As necessidades básicas da vida humana são: alimentação, sono, trabalho/atividades, amor, aceitação, autonomia, auto-aceitaçao, segurança, respeito, realização e agregação. A velhice é parte do desenvolvimento integral da pessoa, resultado dinâmico de uma vida pela qual o individuo se modifica e enriquece constantemente no decorrer dos anos, o que deveria permitir às pessoas mais velhas transmitir às gerações sucessoras os valores humanos, sociais e culturais que hoje possuem.

Chaimowicz (2004) afirmou que a média de idade da população brasileira vem aumentando desde o início da década de 1960, quando a queda da fecundidade começou a alterar sua estrutura etária, estreitando progressivamente a base da

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pirâmide populacional. O aumento da longevidade, fruto da contínua queda da mortalidade, foi tão expressivo que se no início do século passado menos de um quarto da população conseguia alcançar os 60 anos, em 2000 cerca de 81% das mulheres e 71% dos homens já conseguiam; a esperança de vida ao nascer, então , ultrapassava 65 anos (homens) e 73 anos (mulheres).

De acordo com Ferreira et al. (2004) a Organização Mundial de Saúde, em conjunto com o Centro Internacional de Longevidade (ILC) tem sistematizado uma discussão a respeito de ganhos ou perdas na saúde que podem ocorrer durante o curso da vida. Apresenta os modelos teóricos que sugere para estudos e pesquisas: os períodos críticos, com e sem efeito posterior à acumulação de riscos, com ou sem relação a danos posteriores. Esse fato aponta para a preocupação existente com as exposições e agravos que ocorrem durante a vida, podendo resultar em riscos acumulados, e conseqüentemente, problemas em períodos posteriores e reforça a tese de que o cuidado com o idoso, com vistas a melhor qualidade de vida, deve ter seu início bem antes dos 60 anos. Assim, a promoção de saúde deverá apresentar atos e ações necessárias e próprias a este grupo etário, porém, intimamente relacionados e dependentes de ações para os outros grupos etários.

Fox e Eversole (2004) relataram que embora a xerostomia seja um indicativo mais freqüente de redução da produção salivar, isto não é invariavelmente associado com caso de hipofunção da glândula salivar. Não se pode assumir um diagnóstico de disfunção de glândula salivar com base apenas em relatos de ressecamento oral. Contrariamente, a falta de sintomas de boca seca não é garantia de adequada função salivar. Uma avaliação satisfatória e completa é essencial para determinar se a disfunção da glândula salivar está presente. Existem numerosas causas de disfunção da glândula salivar e xerostomia. A causa mais comum dos

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sintomas de boca seca é o uso terapêutico de medicamentos. É interessante notar que muitos medicamentos não reduzem quantitativamente a produção secretora. Embora não exista uma explicação completamente satisfatória para esse fenômeno, ele pode estar relacionado com alterações qualitativas na composição da saliva ou com fatores não salivares. Entre os agentes que afetam diretamente a função salivar estão os antidepresivos, anticoinérgicos, hipertensivos (alguns) e anti-histamínicos. Muitas condições sistêmicas podem afetar a função salivar como doenças ganulomatosas, doenças do enxerto-versus-hospedero, fibrose cística, paralisia de Bel, diabetes mellitus (não controlado), amiloidose, HIV, disfunção da tireóide, estágio avançado de doença hepática, fatores psicológicos, má-nutrição, idiopática sendo talvez a mais proeminente a síndrome de Sjögren, uma exocrinopatia auto-imune. Existe uma discussão continua concernente ao papel da idade na disfunção da glândula salivar. Sintomas de ressecamento e reduções mensuráveis na função salivar são observados principalmente em pacientes mais idosos. Entretanto, muitos investigadores acreditam que isto pode ser explicado pelo aumento da incidência de uso de medicamentos e doença sistêmica nessa faixa etária. Nos indivíduos saudáveis que não fazem uso de medicamentos, não se verifica redução consistente na função das glândulas salivares com o passar da idade. É verdade que ocorre um declínio de aproximadamente 30% em todo tecido epitelial salivar com a idade, mas é necessário uma pesquisa detalhada para outras causas possíveis.

De acordo com Magalhães et al. (2004) indivíduos idosos apresentam risco aumentando para o desenvolvimento da doença cárie devido ao grande número de alterações fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento, ocorrência de múltiplas patologias, exposição de superfícies radiculares, redução do fluxo salivar

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induzida por drogas, dieta cariogênica, redução da destreza manual ou motivação para higiene bucal, alem de fatores psicossociais. A causa mais comum de hipossalivação é o efeito colateral de drogas (diuréticos, antidepressivos, neurolépticos, cirostáticos, antiparkinsonianos e anti-hipertensivos). Outras causas são doenças sistêmicas como diabetes mellitus, doenças auto-imunes, síndrome de Sjögren, doenças de glândulas salivares, respiração bucal, radioterapia de cabeça e pescoço, desordens psicológicas e hormonais. O papel da idade na função salivar permanece controverso. A hipótese de que a diminuição do fluxo salivar é uma alteração inevitavelmente relacionada ao envelhecimento foi desafiada por estudos que demonstram não haver diminuição da função salivar em relação à idade em voluntários saudáveis não medicados. Independente desta relação, a prevalência de doenças crônicas aumenta com a idade assim como o uso de múltipla medicação e quanto maior o número de medicamentos ingeridos, maior é a tendência para redução do fluxo salivar.

Flores e Mengue (2005) realizaram um estudo relatando que há uma estimativa que 23% da população brasileira consomem 60% da produção nacional de medicamentos, principalmente as pessoas acima de 60 anos. Esse padrão elevado no consumo de medicamentos entre os idosos que vivem na comunidade tem sido descrito em outros estudos no Brasil e no mundo. Em relação às classes terapêuticas mais utilizadas por idosos em Porto Alegre (RS), em virtude das doenças cardiovasculares liderarem as causas de morbidade em indivíduos com idade acima de 65 anos, os medicamentos cardiovasculares têm sido amplamente prescritos pelos médicos. Também se observou elevado consumo de analgésicos e de medicamentos envolvendo o aparelho digestivo, revelando o desconforto eminente dos idosos em aliviar ou eliminar suas dores agudas. Este fato merece

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atenção dos profissionais de saúde no sentido de orientar quanto a possíveis casos de interações medicamentosas e redundância. Pode-se inferir também que, eventualmente, esses medicamentos foram lembrados em função de serem de uso esporádico, de curta duração. Porém, são marcantes em suas lembranças, uma vez que podem estar associados a experiências desagradáveis de episódios de doenças agudas e, por isso, mais fáceis de serem lembrados. Já os medicamentos cardiovasculares são usados diariamente por longos períodos, e por isso também são facilmente lembrados pelos idosos em memórias recentes. Tentativas têm sido feitas para explicar a diferença populacional entre os sexos na terceira idade. Algumas hipóteses sugerem que o homem tem as mais altas taxas de mortalidade relacionadas à violência, acidentes de trânsito e doenças crônicas. Já as mulheres têm as mais altas taxas de morbidade em quase todas as doenças crônicas não-fatais, principalmente por menor exposição a determinados fatores de risco, notadamente no trabalho. Além disso, elas apresentam uma postura diferente em relação às doenças e ao conceito de saúde, sendo mais inclinadas a prestar atenção aos sinais e sintomas e procurar assistência mais freqüentemente que os homens. Conseqüentemente, o gênero pode influenciar o consumo de medicamentos, sendo as mulheres as mais prováveis usuárias. A polifarmácia aumentou com a progressão da idade, fenômeno este que pode ser explicado por uma série de fatores, incluindo aumento de morbidade.

De acordo com Moreira et al. (2005), foi realizado, em 2003 o Levantamento das Condições de Saúde Bucal da População Brasileira. O projeto SB BRASIL 2003 revelou que o índice CPO-D para o grupo etário de 65 a 74 anos foi de 27,93. Isto significa que cada pessoa desse grupo possuía apenas quatro dentes livres de cárie e de suas conseqüências (obturação/extração). No caso dos idosos, houve maior

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participação do componente “perdido” (92,16). Quanto à necessidade do uso de prótese, 56,0% e 32,4% necessitavam de próteses inferior e superior, respectivamente. A prótese total foi a que apresentava maior necessidade entre os procedimentos de reabilitação oral, indicando a alta prevalência de edentulismo. Para entender melhor o atual quadro em que se encontram as condições de saúde bucal dos idosos, torna-se necessário considerar que essa parte da população brasileira traz consigo uma herança de um modelo assistencial focado em práticas curativas e mutiladoras. Além disso, as barreiras de acesso aos serviços odontológicos como a baixa escolaridade, a baixa renda e a escassa oferta de serviços públicos de atenção à saúde bucal voltados à população idosa ajudam a alimentar essas precárias condições.

Domingues et al., (2006) apresentaram os conceitos relativos à rede de relações dos idosos e descreveram alguns instrumentos para sua avaliação, destacando entre eles o mapa mínimo de relações (MMR). A odontogeriatria é atualmente considerada um dos ramos da gerontologia e exige profissionais que entendam ainda melhor o impacto do envelhecimento na saúde bucal e também no comportamento social daí decorrente. Assim se faz necessário uma avaliação da vontade do paciente que muitas vezes tem a participação significativa de sua família ou de uma pessoa de confiança da sua rede social de apoio e cuidados juntamente com o que é possível fazer em termos técnicos para que o odontogeriatra tome as corretas decisões. A identificação das pessoas importantes para o idoso melhora o relacionamento com o profissional e facilita o seu reconhecimento como integrante dessa mesma rede de relações e apoio. No envelhecimento os relacionamentos que existem ao longo de todo o ciclo vital e que atendem à motivação básica do ser humano de interação, tendem a se contrair devido a dois fatores: a morte de seus

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componentes e diminuição de oportunidades para construir novas relações. Porém, os vínculos que se mantêm ainda assim são de grande intensidade, tornando sua atuação bastante efetiva. Os instrumentos de avaliação da rede de suporte social permitem identificar e avaliar a composição, as funções e a qualidade do suporte social recebido segundo a percepção do individuo. Além dos questionários e escalas como o Questionário de Suporte Social Norbeck (NSSQ), o Questionário de Suporte Social (SSQ), a escala de Mc Farlante, 1981(SRS) etc., existe um instrumento gráfico intitulado Mapa Mínimo de Relações que posteriormente foi adaptado e modificado para identificar a rede de suporte social do idoso, sendo assim denominado Mapa Mínimo de Relações do Idoso (MMRI). Este apresenta vantagem em relação aos outros tipos de avaliação social, pois é um instrumento gráfico, permitindo assim a fácil identificação e visualização dos vínculos significativos mencionados além de poder ser aplicado pelos profissionais de uma equipe multidisciplinar, desde que seja capacitado, sendo sua utilização então muito pertinente para a área social e de saúde, em especial para a saúde pública.

Segundo Araújo et al. (2006), a promoção de saúde dá ênfase à redução das desigualdades em saúde por meio da atuação sobre os determinantes sociais do processo saúde-doença, injúria e incapacidade, bem como mediante a adoção de medidas que favorecem ambientes saudáveis. O acesso facilitado aos serviços odontológicos, seja nos centros de saúde ou no atendimento domiciliar e unidades móveis, juntamente com uma conscientização da equipe de cuidadores sobre a importância de se manter uma boa condição bucal, são recursos importantes na busca de suporte para manutenção da autonomia e uma melhora no quadro geral do indivíduo idoso. A odontologia deve atuar como um agente de integração na sociedade, influenciando o suporte social, na medida em que mantém a saúde bucal

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do idoso, possibilitando a este uma aparência agradável, melhor auto-estima, maior capacidade de fonação alem de contribuir para a integração do idoso ao meio social. A estratégia do fator de risco comum na promoção de saúde atua na prevenção de diversas doenças crônicas que possuem os mesmos fatores de risco, como: dieta, fumo, uso de álcool, estresse, trauma, sedentarismo. A dieta, por exemplo tem influência na obesidade, diabetes e cárie dentária. A promoção de saúde por meio desta estratégia controla um número ilimitado de fatores de risco comum, apresentando grande impacto sobre a prevalência de doenças crônicas. Esta estratégia pode ser utilizada com idosos para prevenir o surgimento de doenças crônicas, associadas ou não, e suas complicações. A promoção de saúde pode ser realizada em ambientes multigeracionais, como a família, já que a maioria dos idosos vive em comunidades; em grupos freqüentados pelos idosos, como igrejas, associações. Desta forma, a promoção de saúde e saúde bucal na população idosa deve ser estimulada em todos os ambientes sociais tanto nos serviços de saúde quanto na família, promovendo a autonomia do idoso, possibilitando a consolidação da relação inegável entre o suporte social e a promoção de saúde, pois à medida que se implementa o primeiro, trabalha-se promovendo saúde.

Matear et al. (2006) realizaram um estudo na cidade de Toronto, Ontário, Canadá e os dados foram coletados através de um questionário que foi baseado na autopercepção oral e saúde geral, bem como no bem-estar do indivíduo. Com base nos resultados obtidos, a maioria dos participantes (80%) estavam satisfeitos ou muito satisfeitos com seu estado de saúde oral, enquanto 28% dos entrevistados reportaram piora na saúde oral no decorrer dos últimos dois anos. Para um pequeno número (9,8%) houve uma pequena melhora. De acordo com a saúde geral, 99% dos participantes relataram uma ou mais condição médica crônica. A artrite e

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problemas oculares, como por exemplo, glaucoma e catarata, foram as doenças mais citadas. Ainda relataram que 93% fazem uso de medicamento prescrito. Com relação à xerostomia (ou sensação de boca seca), é uma queixa freqüente na população idosa. A prevalência deste quadro é estimada na faixa dos 20% e é mais comum nos idosos do que nas outras faixas etárias. De acordo com o autor, a sensação de boca seca pode ser decorrente da severa redução do fluxo salivar ou mesmo quando aparentemente há uma função normal da glândula salivar. A causa mais freqüente da xerostomia são os medicamentos, os quais podem imitar ou contrariar os aspectos reguladores da salivação e afetar a taxa do fluxo e sua composição. Também pode ser causada por muitas doenças, condições e tratamentos. A sintomatologia da xerostomia pode incluir queimação e coceira na mucosa oral e língua, dificuldades com deglutição, fala e alimentação, diminuição da sensibilidade gustativa, dificuldade em usar próteses dentárias e, ainda, desnutrição. O resultado foi que quase metade dos indivíduos analisados apresentou alto grau desta doença. Foi também ressaltado que a xerostomia contribui para alterar a condição de saúde oral. De acordo com os autores, a xerostomia pode ser efetivamente avaliada usando métodos de auto-aprendizado na população idosa. Este estudo comprovou que a xerostomia tem impacto significativo e negativo na qualidade de indivíduos idosos, entretanto, a saúde oral pode ser menos afetada.

Raitz e Seibert (2006) realizaram uma pesquisa, na qual foi desenvolvido um levantamento epidemiológico do índice de edentulismo, utilizando o índice CPO-D em 306 idosos com faixa etária de 60 anos ou mais residentes na cidade de Brusque (SC) e avaliaram a autopercepção destes sujeitos com relação a sua saúde bucal adotando-se um questionário levando-se em conta o índice GOHAI. Verificaram que a maioria dos sujeitos, cerca de 70% eram edêntulos totais, 28,44% eram edêntulos

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superiores e 0,33% edêntulos inferiores e 1,63% não apresentavam edentulismo apesar de utilizarem prótese parcial removível ou fixa. Em relação ao índice GOHAI, a maioria dos sujeitos, cerca de 40% classificaram sua saúde bucal como boa, 20,26% relataram ter saúde bucal regular e um número quase igual ao de saúde bucal boa relataram saúde bucal precária, cerca de 39,54%., sendo que as questões que mais influenciaram no resultado do índice GOHAI foram relacionadas com a função mastigatória.

Souza e Cantele (2006) realizaram um estudo descrevendo as respostas dadas pelos idosos com 60 anos ou mais do município de Itajaí participantes de um questionário. Este foi desenvolvido pelo Projeto Saúde envelhecimento: inquérito domiciliar no município de Itajaí – SC, ano 2001 e foi denominado “Questionário de Avaliação Multidimensional da População Idosa para Estudos Comunitários – Versão Itajaí – SC”, que continha questões de saúde geral, saúde bucal e socioeconômicas. Participaram da pesquisa 994 idosos que tiveram suas respostas formando uma amostra e assim realizado um estudo transversal. A faixa etária de maior concentração na amostra foi de 60-69 anos sendo que a grande maioria dos entrevistados era do sexo feminino com 704 entrevistados, mais que o dobro dos participantes do sexo masculino. Os idosos com idade entre 80-89 anos e 90-99 anos apresentaram o grupo com maior índice de edentulismo sendo 70,59% e 69,23% respectivamente. Mesmo com o alto índice de endentulimso a grande maioria dos entrevistados considera a sua saúde bucal em bom estado e somente um número mais baixo com 23,08 a 31,09% conforme faixa etária relataram que acham ter problemas dentários que atrapalham ao mastigar.

De acordo com Studart-Soares et al. (2006) a saliva é um dos fluidos corporais mais importantes do organismo, desempenhando papel crítico na proteção

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e integridade dos tecidos orais, além de preparar o alimento para a mastigação e facilitar sua deglutição. Fluxo salivar insuficiente pode resultar em disfagia e diseugia, além de aumentar a susceptibilidade dos tecidos orais a doenças. Xerostomia é considerada uma desordem que pode estar relacionada ou não com a disfunção das glândulas salivares. Pode variar clinicamente desde uma pequena redução do fluxo salivar, com uma transitória inconveniência, até uma total xerostomia, tendo como principais causas distúrbios locais ou sistêmicos, agentes farmacológicos, radioterapia, desordens imunológicas, além de menopausa e poluição ambiental.

Narayana (2007) relatou que a xerostomia ou boca seca é definida como uma sensação subjetiva de boca seca, enquanto a hipofunção salivar é a redução verdadeira na quantidade de saliva produzida pelas glândulas salivares sendo, portanto, a xerostomia\boca seca um sintoma e, portanto, não é diagnóstico. Ela constitui uma queixa comum, especialmente em mulheres e nos mais idosos. Aproximadamente um terço dos pacientes ambulatoriais mais idosos queixam-se de boca seca, entretanto, os estudos não mostram consistentemente uma diminuição no fluxo salvar relacionada com a idade. Com freqüência, a xerostomia nos mais velhos é conseqüência de doenças sistêmicas, medicações e radiação de cabeça e pescoço. A saliva tem várias funções, dentre elas cita-se a importante atuação na percepção do paladar, ajuda na mastigação, deglutição, digestão e limpeza da boca. A saliva regula o conteúdo de água do corpo, tem propriedades antifúngicas e antibacterianas e desse modo ajuda a manter a flora oral normal; ajuda na remineralização dos dentes através do seu sistema de tamponamento e as mucoproteinas na saliva mantêm a integridade da mucosa bucal formando uma barreira efetiva às influências externas; Saliva é essencial para manter a umidade da

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boca e faringe durante a mastigação, deglutição e fala e também facilita na retenção de dentaduras. A xerostomia é um efeito colateral de muitas medicações prescritas e do álcool, apesar de o seu mecanismo de ação ser desconhecido. A produção de saliva pode ser influenciada pela ação de drogas sobre o sistema nervoso central ou periférico. Os efeitos atuam no sistema nervoso autônomo ou no sistema receptor anticolinérgico no tecido das glândulas salivares. Os antidepressivos reduzem o volume salivar pelos seus efeitos anticolinérgicos, enquanto os anti-hipertensivos podem induzir alterações na composição da saliva ou diminuir a função salivar. Além disso, as alterações induzidas por medicação na composição protéica da saliva por betabloqueadores podem resultar na percepção de boca seca. Dentre os medicamentos que têm efeito colateral na xerostomia podem ser citados os medicamentos para circulação e coração como os alfabloqueadores (prazosina, clonidina); betabloqueadores (atenolol, propanolol); diuréticos (tiazidas); bloqueadores dos canais de cálcio (verapamil, nifedipina); medicamentos que afetam o sistema nervoso central como os sedativos (benzodiazepinas); medicamentos antialérgicos como os anti-histamínicos (difenidramina); medicamentos contra acidez como os bloqueadores de receptores H2 (ranitidina) e os medicamentos imunossupressores (Interleucina 2). Fibrose cística, sarcoidose, diabetes mellitus mal controlada, doença hepática, distúrbios da tireóide, depressão, HIV, doença de Alzheimer, fibromialgia, doenças neurológicas, ocasionalmente também podem provocar boca seca. Nesses casos a queixa de boca seca pode não estar diretamente relacionada com as mudanças na função da glândula salivar e ser causada por alterações sistêmicas. A velocidade de fluxo estimulada inferior a 0,5-0,7 são consideradas baixas velocidades de fluxo. O tratamento da xerostomia deve objetivar a melhora dos sintomas subjetivos e tratar o agente etiológico que causa a

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xerostomia. O tratamento sintomático é beber água de 2-3 litros por dia, manter gelo na boca, mascar gomas sem açúcar, usar saliva artificial, colutório Biotene e flúor em moldeira. O tratamento farmacológico consiste no uso de Pilocarpina, Anetole-tritione e Betanecol.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Local da pesquisa

A pesquisa foi realizada no Centro de Convivência do Idoso (C.C.I.) no município de Itajaí (SC), localizado na Rua Vailatz, Bairro São Judas. (Fotografia 01)

Fotografia 01: Centro de Convivência do Idoso localizado no bairro São Judas, Itajaí (SC).

3.2 Amostra populacional

Indivíduos cadastrados e freqüentadores do Centro de Convivência nos meses de abril e maio de 2007. Dos 350 idosos cadastrados, 280 freqüentavam com certa regularidade (conforme informações da coordenadora do Centro). O número de idosos que aceitaram participar da pesquisa foi de 100. Desta população cinco

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idosos não aceitaram realizar o teste de salivação, sendo excluídos da amostra analisada.

3.3 Período da pesquisa

Durante os meses de abril e maio de 2007, todas as segundas e terças-feiras no período matutino (com exceção dos dias em que o Centro não realizou atividades). Foram atendidos, em média, 10 idosos por período.

3.4 Obtenção dos dados

Foi realizado um questionário semi-aberto, com entrevista individual com cada idoso que quis participar livremente da entrevista contendo perguntas sobre saúde geral e bucal. Dentre os dados solicitados, constava a idade, sexo, presença de patologias sistêmicas e medicação atualmente em uso. Para tal, o individuo assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A). Os dados obtidos foram mantidos sob sigilo, de acordo com os princípios éticos, sendo devidamente anotados em uma ficha individual para cada entrevistado (Apêndice B). As respostas foram representadas através de gráficos ou tabelas. (Fotografia 02)

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Fotografia 02: Entrevista individual com o idoso utilizando questionário semi-aberto elaborado.

3.5 Análise clínica

Para a realização da entrevista foi utilizada uma cadeira confortável, luz artificial, espátula, sugador, copos e seringas descartáveis e materiais de biossegurança para os pesquisadores, tais como jaleco, óculos de proteção, máscara, luvas e gorro (Fotografia 03). Foram analisados os elementos dentais, a mucosa bucal e o fluxo salivar. Destes, somente os dados relativos ao último foram anotados em ficha individual (Apêndice B) e expressos também em gráficos ou tabelas.

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Fotografia 03: Materiais utilizados para análise clínica.

O fluxo salivar foi avaliado por meio do teste de fluxo salivar estimulado citado por Maltz e Carvalho (1999). Foi solicitado ao indivíduo que ficasse sentado e mastigasse a fonte estimuladora (ponta de borracha do sugador) durante 1 minuto. Desprezava-se esta saliva e solicitava-se novamente ao participante que continuasse mastigando a ponta de borracha do sugador. À medida que a saliva era estimulada, o indivíduo a depositava em um copo de plástico descartável. Este processo foi realizado em um período de 5 minutos. Desta forma, obtinha-se toda a saliva formada neste tempo. Através de uma seringa descartável era possível descobrir o quanto foi salivado pelo individuo e, assim, dividir pelo tempo de mastigação, descobrindo a secreção salivar que é medida em mililitros por minuto. (ml/min). (Fotografia 04)

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1

Apresentação e discussão dos resultados obtidos

O índice de secreção salivar foi expresso em mililitros por minuto e adotou-se a classificação citada por Maltz e Carvalho (1999) e Narayana (2007) na qual valores abaixo de 0,7ml/min eram considerados baixo fluxo salivar para assim facilitar a tabulação e avaliação dos resultados.

Trezentos e cinqüenta idosos eram cadastrados no Centro de Convivência para Idosos, porém, 280 freqüentavam com certa regularidade segundo informações da coordenadora do Centro. O número de idosos que aceitaram participar da pesquisa foi de 100; desta população cinco idosos não aceitaram realizar o teste de salivação, sendo excluídos da amostra analisada.

4.1.1 Análise do fluxo salivar

Analisando o fluxo salivar na população idosa, foi notada a alta freqüência de hipossalivação (77,9%), sendo esta observada em 74 entrevistados. Os outros 21 idosos (22,1%) apresentavam um fluxo salivar normal. (Gráfico 01)

(35)

77,9% 22,1% 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0

Salivação normal Hipossalivação

Id os os e nt re vi st ad os

Gráfico 01 – Número de entrevistados divididos pelo fluxo salivar.

Fox e Eversole (2004) afirmaram que sintomas de ressecamento e reduções mensuráveis na função salivar são observados principalmente em pacientes mais idosos. Entretanto, muitos investigadores acreditam que isto pode ser explicado pelo aumento da incidência de uso de medicamentos e doenças sistêmicas nessa faixa etária. De maneira semelhante Magalhães et al. (2004) relataram que a hipótese de que a diminuição do fluxo salivar é uma alteração inevitavelmente relacionada ao envelhecimento foi desafiada por estudos que demonstram não haver diminuição da função salivar em relação à idade em voluntários saudáveis não medicados. Independente desta relação, a prevalência de doenças crônicas aumenta com a idade assim como o uso de múltipla medicação e quanto maior o número de medicamentos ingeridos, maior é a tendência para redução do fluxo salivar.

Aproximadamente um terço dos pacientes ambulatoriais mais idosos queixam-se de boca seca, entretanto, os estudos não mostram consistentemente uma diminuição no fluxo salivar relacionada com a idade (NARAYANA, 2007).

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4.1.2 Análise do gênero

Dos 95 indivíduos submetidos ao estudo 24 eram do sexo masculino (25,3%) e 71 eram do sexo feminino (74,7%). O gráfico 02 mostra que a maioria dos entrevistados eram mulheres.

25,3% 74,7% 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 Masculino Feminino Id os os e nt re vi st ad os

Gráfico 02 – Número de entrevistados divididos por sexo.

Tentativas têm sido feitas para explicar a diferença populacional entre os sexos na terceira idade. Algumas hipóteses sugerem que o homem tem as mais altas taxas de mortalidade relacionadas à violência, acidentes de trânsito e doenças crônicas. Já as mulheres têm as mais altas taxas de morbidade em quase todas as doenças crônicas não fatais, principalmente por menor exposição a determinados fatores de risco, notadamente no trabalho. Além disso, elas apresentam uma postura diferente em relação às doenças e ao conceito de saúde, sendo mais inclinadas a prestar atenção aos sinais e sintomas e procurar assistência mais freqüentemente que os homens (FLORES; MENGUE, 2005).

Souza e Cantele (2006) obtiveram no seu estudo uma grande maioria dos entrevistados do sexo feminino, sendo mais que o dobro dos participantes do sexo

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masculino. Em nosso estudo também observamos esta proporção chegando quase ao triplo o número de mulheres sobre os homens.

4.1.3 Análise do gênero em relação ao fluxo salivar

O resultado da análise da quantidade de saliva em mililitro por minuto mostra que das 71 mulheres da pesquisa, 14,1% apresentaram salivação normal e 85,9% apresentaram quadro de hipossalivação. No caso dos 24 homens entrevistados, 45,8% deles apresentaram salivação normal e 54,2% hipossalivação. (Gráfico 03)

85,9% 14,1% 54,2% 45,8% 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0 Salivação normal Hipossalivação

Masculino

Feminino

\ \ \ \ Id os os e nt re vi st ad os

Gráfico 03 – Número de entrevistados divididos por sexo e associados com fluxo salivar.

Conforme já citado no item 4.1.1 e de acordo com Pupo et al. (2002) e Narayana (2007), a xerostomia é mais freqüente entre os idosos. Estes autores ainda revelam que a xerostomia é mais comum também nos pacientes do sexo

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feminino. Além do que, segundo Flores e Mengue (2005) o gênero pode influenciar o consumo de medicamentos, sendo as mulheres as mais prováveis usuárias.

Pode-se citar como causas da xerostomia distúrbios locais ou sistêmicos, agentes farmacológicos, radioterapia, desordens imunológicas, além de menopausa e poluição ambiental. (STUDART-SOARES et al., 2006)

4.1.4 Análise da faixa etária

As idades dos indivíduos variavam entre 60 a 90 anos de idade. O gráfico 04 representa o número de idosos entrevistados divididos por faixas etárias. As idades compreendidas entre 71 a 80 anos foram as mais encontradas, sendo verificadas em 42 idosos (44,2%), seguida das idades entre 60 e 70 anos, observadas em 35 idosos (36,8%) e as idades entre 81 e 90 anos verificadas em 18 idosos (18,9%).

44,2% 18,9% 36,8% 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0

60 a 70 anos 71 a 80 anos 81 a 90 anos

Id os o s en tr ev is ta do s

Gráfico 04 – Número de entrevistados divididos pela faixa etária.

Tem sido observado um aumento gradativo da longevidade resultado da diminuição das taxas de fecundidade e de mortalidade nas ultimas décadas. Como

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conseqüência, desencadeia-se o fenômeno de envelhecimento populacional, gerando novas demandas sociais. (FLORES; MENGUE, 2005)

No estudo de Souza e Cantele (2006) realizado com idosos, a faixa etária de maior concentração na amostra foi de 60-69 anos. Este resultado foi diferente do nosso estudo, o qual apresentou a faixa etária de 71-80 anos como a de maior incidência.

4.1.5 Análise da faixa etária em relação ao fluxo salivar

Quando a quantidade de saliva mensurada foi distribuída entre as faixas etárias, observamos que nos 35 idosos com idade entre 60 a 70 anos 28,6% apresentaram salivação normal e 71,4% apresentaram hipossalivação. Nos 42 indivíduos pesquisados com 71 a 80 anos, 11,9% apresentavam salivação normal e 88,1% apresentavam hipossalivação. Já nos 18 idosos entre 81 a 90 anos, a salivação normal esteve presente em 33,3% e a hipossalivação em 66,7% dos indivíduos pesquisados com esta faixa etária. (Gráfico 05)

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33,3% 28,6% 71,4% 11,9% 88,1% 66,7% 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0 Salivação normal Hipossalivação 71 a 80 anos \ \ \ 60 a 70 anos \ \ \ Id os os e nt re vi st ad os 81 a 90 anos

Gráfico 05 – Número de entrevistados divididos pela faixa etária e associados com fluxo salivar.

Como já relatado no item 4.1.1, verificou-se a alta prevalência de xerostomia em pacientes idosos. Silva e Valsequi Júnior (2000) confirmaram este fato revelando que algumas complicações têm efeitos cumulativos negativos e prejudicais para os idosos, tais como a secura na boca, a dificuldade de deglutição, a diminuição da capacidade mastigatória, as modificações no paladar e a perda de dimensão vertical. Matear et al. (2006), da mesma maneira, afirmaram que a xerostomia é uma queixa freqüente na população idosa, sendo mais comum em idosos do que nas outras faixas etárias.

4.1.6 Análise da saúde geral

A pesquisa mostrou que 72 entrevistados, 75,8% do total, apresentaram pelo menos uma ou mais patologias sistêmicas e 23 entrevistados revelaram não apresentar qualquer anormalidade sistêmica (24,2%). Do total de pacientes portadores de patologia, 80,6% apresentavam hipossalivação e 19,4% salivação

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normal. Já, do total de pacientes não portadores de patologia e medicação, 69,6% apresentavam hipossalivação e 30,4% apresentavam salivação normal. (Gráfico 06).

69,6% 30,4% 80,6% 19,4% 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 Salivação normal Hipossalivação

Com patologia

Sem patologia e medicação

\ \ \ \ Id o so s en tr e vi st a d o s

Gráfico 06: Número de entrevistados divididos pela presença ou não de patologias e associados com fluxo salivar.

Nos indivíduos saudáveis que não fazem uso de medicamentos, não se verifica redução consistente na função das glândulas salivares com o passar da idade, entretanto, muitas condições sistêmicas podem afetar a função salivar como diabetes mellitus (não controlado), estágio avançado de doença hepática, fatores psicológicos dentre outros. (FOX; EVERSOLE, 2004)

Foi descrito por Matear et al. (2006) e Narayana (2007) que a xerostomia pode ser causada por muitas doenças, condições e tratamentos, sendo que Fox e Eversole (2004), Magalhães et al. (2004) e Matear et al. (2006), afirmaram que a causa mais freqüente da xerostomia são os medicamentos, os quais podem imitar ou contrariar os aspectos reguladores da salivação e afetar a taxa do fluxo e sua composição segundo Matear et al. (2006).

(42)

4.1.7 Análise das patologias presentes em relação ao fluxo salivar

A análise das principais patologias apresentadas pelos idosos mostra que as doenças cardiovasculares foram as mais encontradas – 48,86% do total. A tabela 01 demonstra as principais patologias cardiovasculares encontradas bem como o índice de salivação destes pacientes. A hipertensão arterial foi a patologia mais citada e neste grupo (51,40%), também foi registrado o maior número de casos de hipossalivação.. As patologias cardíacas também foram elevadas (26,17%), principalmente nos pacientes com baixo índice salivar, seguido da hipotensão arterial (9,35%), anemia (7,48%) e hipercolesterolemia (5,61%).

Tabela 01 – Doenças cardiovasculares apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar

Salivação Normal Hipossalivação

Hipertensão 08 47 Cardiopatia Crônica 04 24 Hipotensão 01 09 Anemia 01 07 Hipercolesterolemia 01 05 Total 15 92

As patologias osteoarticulares foram o segundo grupo de patologias mais freqüentes - 19,18% do total, sendo que a artrite (38,10%), a osteoporose (28,57%), e a artrose (21,43%) foram as mais citadas e também foi onde foram registradas a menor quantidade de saliva. (Tabela 02)

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Tabela 02 – Doenças osteoarticulares apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar

Salivação Normal Hipossalivação

Artrite 02 14 Osteoporose 02 10 Artrose 02 07 Reumatismo 00 02 Bursite 01 01 Febre Reumática 00 01 Total 07 35

Entre as doenças endócrinas – 10,05% do total, foram citadas diabetes mellitus (90,91%) onde 18 apresentaram hipossalivação e 2 apresentaram índices normais de saliva, e distúrbios da tireóide (9,09%) onde 2 pacientes também apresentaram baixo volume salivar. (Tabela 03)

Tabela 03 – Doenças endócrinas apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar

Salivação Normal Hipossalivação

Diabetes Mellitus 02 18

Distúrbios da Tireóide 00 02

Total 02 20

As patologias gastrointestinais foram o quarto grupo com maior ocorrência – 13,24% do total. As patologias mais encontradas foram gastrite (41,38%) e úlcera (27,59%), e o índice de saliva também foi menor nos pacientes portadores de afecções. (Tabela 04)

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Tabela 04 – Doenças gastrointestinais apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar

Salivação Normal Hipossalivação

Gastrite 03 09 Úlcera 01 07 Hepatite 02 02 Hérnia Esôfago 01 02 Cálculo Vesicular 00 01 Diverticulite 00 01 Total 07 22

Entre as doenças do sistema respiratório – 5,02% do total, a asma brônquica foi a patologia do trato respiratório mais freqüente (63,64%) e dos sete pacientes portadores de asma seis apresentavam hipossalivação. (Tabela 05)

Tabela 05 – Doenças do sistema respiratório apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar

Salivação Normal Hipossalivação

Asma 01 06

Bronquite 01 02

Sinusite 00 01

Total 02 09

.

De relevância ainda, deve-se registrar a presença de cinco indivíduos em tratamento psiquiátrico, todos também com hipossalivação. (Tabela 06)

Tabela 06 – Outras doenças apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar

Salivação Normal Hipossalivação

Tratamento Psiquiátrico 00 05

Labirintite 00 02

Catarata 00 01

Total 00 08

A hipertensão arterial atinge em todo mundo milhões de pessoas, constituindo um grave problema de saúde pública no Brasil. (MAIA et al., 1999).

(45)

Muitas condições sistêmicas podem afetar a função salivar como doenças granulomatosas, doenças do enxerto-versus-hospedeiro, fibrose cística, diabetes mellitus (não controlado), amiloidose, HIV, disfunção da tireóide, estágio avançado de doença hepática, fatores psicológicos, má-nutrição e causa idiopática. Sendo talvez a mais proeminente a síndrome de Sjögren, uma exocrinopatia auto-imune. (FOX; EVERSOLE, 2004)

Doenças sistêmicas como diabetes, doenças auto-imunes, síndrome de Sjögren, doenças de glândulas salivares, respiração bucal, radioterapia de cabeça e pescoço, desordens psicológicas e hormonais são causas de hipossalivação (MAGALHAES et al., 2004).

As doenças cardiovasculares lideram as causas de morbidade em indivíduos em idade acima de 65 anos. (FLORES; MENGUE, 2005)

No estudo realizado por Matear et al. em 2006 com idosos em Toronto, Ontário, Canadá, 99% dos participantes relataram uma ou mais condição médica crônica. A artrite e problemas oculares, como por exemplo, glaucoma e catarata, foram as doenças mais citadas.

Com freqüência a xerostomia nos mais velhos é conseqüente de doenças sistêmicas, medicações e radiação de cabeça e pescoço. Fibrose cística, sarcoidose, diabetes meliltus mal controlada, doença hepática, distúrbios da tireóide, depressão, HIV, doença de Alzheimer, fibromialgia, doenças neurológicas, ocasionalmente podem causar boca seca, podendo não estarem relacionadas diretamente com as mudanças na função da glândula salivar e ser causada por alterações sistêmicas. (NARAYANA, 2007)

(46)

4.1.8 Análise das medicações consumidas em relação ao fluxo salivar

As medicações cardiovasculares - 64,09% do total, principalmente as anti-hipertensivas (70,69%), seguidas dos cardiotônicos (12,07%) são as mais utilizadas pelos idosos entrevistados. Sessenta e dois pacientes que utilizavam medicações anti-hipertensiva e 12 pacientes que utilizavam cardiotônicos apresentaram hipossalivação. O índice de saliva também foi menor nos pacientes que utilizavam outros tipos de medicações cardiovasculares. (Tabela 07)

Tabela 07 – Medicações cardiovasculares apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar

Salivação Normal Hipossalivação

Anti-hipertensivo 20 62 Cardiotônicos 02 12 Anticolesterol 01 05 Varizes 00 05 Vasodilatador 01 04 Diurético 01 02 Antitrombótico 01 00 Total 26 90

Menor volume de saliva também foi registrado nos pacientes que utilizavam outros tipos de medicamentos como antidepressivos (13 pacientes), analgésicos e antiinflamatórios (8 pacientes), medicação para diabetes mellitus (8 pacientes), medicamentos para distúrbios da tireóide (7 paciente), entre outros fármacos conforme tabela 08.

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Tabela 08 – Outras medicações apresentadas pelos entrevistados associadas com fluxo salivar

Salivação Normal Hipossalivação

Antidepressivos Ansiolíticos 03 13 Analgésico Antiiflamatório 02 08 Diabetes Mellitus 01 08 Alterações da Tireóide 01 07 Osteoporose 03 05 Alterações Gastrointestinais 01 03 Labirintite 00 03 Alterações Respiratórias 00 02 Antioxidantes 00 02 Osteoartrite 01 01 Antibiótico 00 01 Total 12 53

Medicamentos anti-hipertensivos de ação central, como metildopa e clonidina possuem efeito colateral com possíveis implicações odontológicas, sendo esta a inibição salivar central, acarretando xerostomia nos pacientes usuários. (MAIA et al., 1999)

A causa mais comum dos sintomas da boca seca é o uso terapêutico de medicamentos. É interessante notar que muitos não reduzem quantitativamente a produção secretora. Entre os agentes que afetam diretamente a função salivar estão os antidepressivos, anticolinérgicos, anti-hipertensivos (alguns) e anti-histamínicos. (FOX; EVERSOLE, 2004)

A causa mais comum de hipossalivação é o efeito colateral de drogas (diuréticos, antidepressivos, neurolépticos, cirostáticos, antiparkinsonianos e anti-hipertensivos). (MAGALHAES et al., 2004)

Flores e Mengue (2005) fizeram um estudo relatando que se estima que 23% da população brasileira consome 60% da produção nacional de medicamentos,

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principalmente as pessoas acima de 60 anos. Em relação às classes terapêuticas mais utilizadas por idosos em Porto Alegre (RS), os medicamentos cardiovasculares têm sido amplamente prescritos pelos médicos. Também se observou elevado consumo de analgésicos e de medicamentos envolvendo o aparelho digestivo. A polifarmácia aumentou com a progressão da idade, fenômeno este que pode ser explicado por uma serie de fatores, incluindo aumento da morbidade.

De acordo com o estudo de Matear et al. (2006) na cidade de Toronto, Ontário, Canadá, 93% dos idosos da pesquisa fazem uso de medicamento prescrito. A causa mais freqüente da xerostomia são medicamentos, os quais podem imitar ou contrariar os aspectos reguladores da salivação e afetar a taxa do fluxo e sua composição.

A xerostomia é um efeito colateral de muitas medicações prescritas e do álcool, apesar de seu mecanismo de ação exato ser desconhecido. A produção de saliva pode ser influenciada pela ação de drogas sobre o sistema nervoso central ou periférico. Dentre os medicamentos podem-se citar os para circulação e coração, os que afetam o sistema nervoso central, os antialérgicos, os contra acidez e os imunossupressores. (NARAYANA, 2007)

4.2 Devolução dos resultados

Os resultados obtidos na pesquisa foram devolvidos ao coordenador do Centro de Convivência para Idosos e, assim, entregues aos sujeitos da pesquisa.

Referências

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