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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz

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Substituição do milho ou feno pela casca de soja na alimentação de

pequenos ruminantes

Renato Shinkai Gentil

Tese apresentada para obtenção do título de Doutor em Ciências. Área de concentração: Ciência Animal e Pastagens

Piracicaba

2010

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Renato Shinkai Gentil Engenheiro Agrônomo

Substituição do milho ou feno pela casca de soja na alimentação de

pequenos ruminantes

Orientadora:

Profa. Dra. IVANETE SUSIN

Tese apresentada para obtenção do título de Doutor em Ciências. Área de concentração: Ciência Animal e Pastagens

Piracicaba 2010

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP

Gentil, Renato Shinkai

Substituição do milho ou feno pela casca de soja na alimentação de pequenos ruminantes / Renato Shinkai Gentil. - - Piracicaba, 2010.

113 p. : il.

Tese (Doutorado) - - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 2010.

1. Alimentação animal 2. Capim coast-cross 3. Caprinos 4. Cascas 5. Digestibilidade 6 Feno 7. Fibras na dieta 8. Milho 9. Ovinos 10. Ração 11. Rúmen 12. Soja I. Título

CDD 636.3084 G338s

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Aos meus pais,

Paulo e Elza, pela minha formação, pelo amor e a imensurável

dedicação despendida em todas as etapas da minha vida.

Às minhas irmãs,

Marina e Eliza

, pelo carinho, companheirismo e amizade.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela presença em todos os dias da minha vida.

À Universidade Estadual de Londrina (UEL – Pr), pela formação profissional e pessoal.

À Escola Superior de “Agricultura Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP) e ao Departamento de Zootecnia, pela oportunidade da realização do curso e do grande aprendizado propiciado.

À Prof.ª Dr.ª Ivanete Susin, pela oportunidade, amizade e orientação cuja atenção, dedicação e ensinamentos não faltaram em nenhum momento.

Ao Prof. Dr. Alexandre Vaz Pires, pela colaboração, profissionalismo, preocupação e amizade dada ao longo deste curso.

Aos Professores Wilson Roberto Soares Mattos, Maria Claudia Araripe Sucupira e Antonello Cannas, pela atenção e aos valiosos ensinamentos.

À FAPESP, pelo suporte financeiro através da bolsa de estudos.

A todo o pessoal do Departamento de Zootecnia, em especial a Creide e a Vera por atenderem as incontáveis solicitações.

À Profa Dr.ª Carla Maris Bittar e ao técnico Carlos César Alves, pela paciência e auxílio nas análises laboratoriais.

Aos funcionários do SIPOC: Adílson, Alexandre, Benedito, Joseval, Marcos e Roberto, pela colaboração na condução do experimento e convivência durante todo esse período.

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Aos amigos do SIPOC: Omer, Mário, Gustavo, Cirilo, Michelle, Fumi, Evandro, Sfinge, Miau, Cris, Marcos, Marlon, Fabiane, Potter, C-trero e Pirulão pela importante colaboração e convivência durante esta jornada.

A todos os amigos do Departamento de Zootecnia, em especial ao Adenílson, Salim, Rodrigo, Leandro, Delci, Davi, Vitor e Kneco pela convivência e troca de experiência.

Aos amigos, Mineiro, Purpurina, Bob, João, Neto, Sãdulin, Tobias e Médi-Dog companheiros de república e, principalmente grandes amigos.

À Monique, pelo apoio, companheirismo e aos bons momentos vividos.

Enfim, a todos, que direta ou indiretamente colaboraram para realização desse trabalho, meus sinceros agradecimentos.

(9)

SUMÁRIO

RESUMO... 11

ABSTRACT ... 13

1 INTRODUÇÃO ... 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 17

3 SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO MILHO PELA CASCA DE SOJA NA ALIMENTAÇÃO DE CABRAS EM LACTAÇÃO ... 33

Resumo ... 33

Abstract ... 33

3.1 Introdução ... 34

3.2 Material e Métodos ... 35

3.2.1 Animais e instalações experimentais ... 35

3.2.2 Tratamentos e fornecimento das dietas ... 36

3.2.3 Amostragem, análises químico-bromatológicas e determinação da FDN fisicamente efetiva ... 38

3.2.4 Determinação de N-ureico e ácidos graxos não-esterificados (AGNE) ... 38

3.2.5 Avaliação do comportamento ingestivo dos animais ... 39

3.2.6 Análise Estatística ... 40

3.3 Resultados e discussão... 40

3.4 Conclusões ... 48

Referências ... 48

4 DIGESTIBILIDADE APARENTE DOS NUTRIENTES, METABOLISMO DO N E PARÂMETROS RUMINAIS DE RAÇÕES CONTENDO CASCA DE SOJA EM SUBSTITUIÇÃO AO MILHO NA ALIMENTAÇÃO DE BORREGOS ... 53

Resumo ... 53

Abstract ... 53

4.1 Introdução ... 54

4.2 Material e Métodos ... 55

4.2.1 Animais e instalações experimentais ... 55

4.2.2 Tratamentos e fornecimento das dietas ... 55

(10)

4.2.4 Parâmetros ruminais ... 58

4.2.5 Análises estatísticas ... 59

4.3 Resultados e discussão ... 60

4.4 Conclusões ... 69

Referências ... 70

5 SUBSTITUIÇÃO DO FENO “COASTCROSS” (Cynodon sp.) POR CASCA DE SOJA NA ALIMENTAÇÃO DE CABRAS EM LACTAÇÃO ... 74

Resumo ... 74

Abstract ... 74

5.1 Introdução ... 75

5.2 Material e métodos ... 76

5.2.1 Animais e instalações experimentais ... 76

5.2.2 Tratamentos e fornecimento das dietas ... 77

5.2.3 Amostragem e análises químico-bromatológicas ... 78

5.2.4 Avaliação do comportamento ingestivo dos animais ... 79

5.2.5 Análises estatísticas ... 79

5.3 Resultados e discussão ... 80

5.4 Conclusões ... 88

Referências ... 88

6 DIGESTIBILIDADE APARENTE DOS NUTRIENTES, METABOLISMO DO N E PARÂMETROS RUMINAIS DE RAÇÕES CONTENDO CASCA DE SOJA EM SUBSTITUIÇÃO AO FENO DE “COASTCROSS” (Cynodon sp.) NA ALIMENTAÇÃO DE BORREGOS ... 92

Resumo ... 92

Abstract ... 92

6.1 Introdução ... 93

6.2 Material e Métodos ... 94

6.2.1 Animais e instalações experimentais ... 94

6.2.2 Tratamentos e fornecimento das dietas ... 94

6.2.3 Análises laboratoriais e cálculos ... 96

(11)

6.2.5 Análise estatística ... 98

6.3 Resultados e discussão... 99

6.4 Conclusões ... 110

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RESUMO

Substituição do milho ou feno pela casca de soja na alimentação de pequenos ruminantes

Os objetivos deste experimento foram avaliar os efeitos da substituição do milho e do feno de “coastcross” pela casca de soja (CS) no desempenho e comportamento ingestivo de cabras em lactação e na digestibilidade dos nutrientes das rações e parâmetros ruminais de borregos Santa Inês. Foram realizados quatro experimentos.

Experimento 1: Oito cabras foram alojadas em baias tipo “tie stall” e distribuídas em um

delineamento de quadrado latino duplo 4x4, com duração de cada período de 16 dias, sendo 12 dias para adaptação às rações experimentais e quatro dias para colheita das amostras. Os animais foram alimentados com dietas compostas por 40% de volumoso e 60% de concentrado. A CS substituiu o milho em 0, 20, 40 e 60%, da matéria seca (MS). Não houve efeito (P>0,05) no consumo de MS, produção de leite e no comportamento ingestivo, contudo, o teor de gordura no leite aumentou (P<0,05) com a inclusão da CS na ração. Experimento 2: Quatro borregos foram alojados em gaiolas metálicas para ensaio de metabolismo e distribuídos em delineamento experimental quadrado latino 4x4. Os períodos foram de 14 dias, sendo 10 dias para a adaptação dos animais às rações experimentais e 4 dias para colheita das amostras. Os tratamentos e as dietas foram semelhantes ao Experimento 1. Não houve efeito (P>0,05) da substituição do milho pela CS para o consumo e digestibilidade da MS. No entanto, ocorreu diminuição (P<0,05) da concentração de propionato no rúmen e aumento (P<0,05) da digestibilidade da fibra em detergente neutro (FDN), do pH ruminal e da concentração de acetato. Experimento 3: Trinta e seis cabras foram alojadas em baias tipo “tie stall” e distribuídas em delineamento experimental de blocos completos casualizados pelo período de oito semanas. As cabras foram alimentadas com dietas compostas por 50% de volumoso e 50% de concentrado e com o mesmo teor de FDN. A CS substituiu o feno de “coastcross” em 0, 33, 67 ou 100% da MS. O consumo de MS e FDN apresentaram efeito quadrático (P<0,05). A produção de leite e a variação do peso corporal não foram alteradas (P>0,05), porém a concentração de gordura aumentou (P<0,05) e os tempos gastos com ruminação e mastigação decresceram (P<0,05) com a inclusão da CS na dieta. Experimento 4: Dezesseis borregos foram alojados em gaiolas metálicas para ensaio de metabolismo e distribuídos em delineamento experimental blocos completos casualizados. O experimento teve duração de 14 dias, sendo 10 dias para a adaptação dos animais às rações experimentais e 4 dias para colheita das amostras. Os tratamentos e as dietas foram semelhantes ao Experimento 3. O consumo de MS e FDN apresentaram efeito quadrático (P<0,05) quando foi adicionada CS na dieta. Entretanto, observou-se aumento (P<0,05) da digestibilidade da MS e FDN, enquanto a concentração de ácidos graxos de cadeia curta, acetato e propionato não se alteraram (P>0,05) e o pH ruminal diminuiu (P<0,05). A CS pode substituir parcialmente o milho ou o feno de “coastcross” sem prejudicar o desempenho ou o metabolismo dos nutrientes de pequenos ruminantes.

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ABSTRACT

Replacement of corn and hay by soybean hulls in diets for small ruminants

The objectives of this experiment were to determine the effects of replacing corn and coastcross hay by soybean hulls (SH) on performance and ingestive behavior in lactating goats and nutrient apparent digestibility and ruminal measures in ram lambs.

Experiment 1: Eight goats were housed in a tie stall and used in a two 4 x4 Latin square

design conducted concurrently. Each experimental period consisted of 16 d; the first 12 d were used to adapt the goats to the treatments and the remaining 4 d were used for data collection. Animals were fed a 40:60 (concentrate:roughage ratio). Soybean hulls replaced corn by 0%, 20%, 40% or 60% on a dry matter (DM) basis. Dry matter ground intake (DMI), milk yield and ingestive behavior were not affected (P>0.05) by replacing corn by soybean hulls. However, milk fat concentration increased (P<0.05) with soybean hulls inclusion. Experiment 2: Four ram lambs were placed individually in metabolism crates and assigned to a 4 x 4 Latin square design. The experimental period consisted of 14 d; the first 10 d were used to adapt the lambs to the treatments and the remaining 4 d were used for data collection. The treatments and diets were the same as in Experiment 1. Dry matter intake and digestibility were not affected (P>0.05) by replacing ground corn by soybean hulls. Nevertheless, propionate concentration decreased (P<0.05) while neutral detergent fiber (NDF) intake and digestibility, ruminal pH and acetate concentration increased (P<0.05) with soybean hulls inclusion. Experiment 3: Thirty-six goats were assigned to a complete randomized block design and housed in a tie stall for a period of 8 weeks. Goats were fed a 50:50 (concentrate:roughage ratio) with similar amount of NDF. Soybean hulls replaced hay by 0%, 33%, 67% or 100% on a DM basis. Dry matter and NDF intake showed a quadratic response (P>0.05). Milk yield and body weight change didn’t differ (P<0.05), however milk fat concentration increased (P>0.05) while time spent with rumination and chewing decreased (P>0.05), when SH were added to the diet. Experiment 4: Sixteen ram lambs were housed individually in metabolism crates and assigned to a complete randomized block design. The experimental period consisted of 14 d; the first 10 d were used to adapt the lambs to the treatments and the remaining 4 d were used for data collection. The treatments and diets were the same used in Experiment 4. DMI and NDF intake showed a quadratic effect (P<0.05) when SH were added to the diet. However, DM and NDF digestibility increased (P<0.05) while short-chain fatty acids, acetate and propionate concentration, didn’t change (P>0.05) and ruminal pH decreased (P<0.05). SH can partially replace corn or coastcross hay with no detrimental effects on performance or nutrient metabolism in small ruminants.

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1 INTRODUÇÃO

Os principais pequenos ruminantes domesticados e de interesse econômico são os caprinos e os ovinos, correspondendo aproximadamente a uma população mundial de 1,94 bilhão de animais (FAOSTAT, 2008). No Brasil este número é de 26 milhões, sendo 9,0 milhões de caprinos e 17,0 milhões de ovinos (IBGE, 2009), dos quais grande parte é criada extensivamente em sistemas de baixa eficiência produtiva.

Para ser bem sucedido o produtor deve adotar estratégias de suplementação do rebanho para o período de menor disponibilidade de forragem, no qual, muitas vezes, os animais apresentam elevadas exigências nutricionais, principalmente aqueles que se encontram em fase de lactação ou crescimento.

Para contornar a menor produção de forragens, tradicionalmente utiliza-se a prática de conservação de forragem. No entanto, devido ao alto custo e complexidade de produção de forragens conservadas, tem-se proposto o emprego de co-produtos agroindustriais ricos em fibra. Estes, quando incluídos nas rações, fornecem quantidades adequadas de fibra e, em alguns casos, possuem valores nutricionais melhores que volumosos de baixa qualidade. Adicionalmente, a utilização de co-produtos possibilita que as propriedades necessitem menores espaços para armazenagem e maior dinamismo no fornecimento para os animais.

O uso do milho na nutrição de ruminantes visa aumentar o consumo de energia e melhorar a eficiência produtiva. No Brasil, a cultura do milho é cultivada em grande escala, no entanto, o preço do grão está condicionado à procura do mercado externo aliado às variações climáticas, que pode prejudicar a produtividade e provocar oscilações nos custos. Desta forma, com intuito de reduzir os gastos com alimentação, tem-se buscado utilizar co-produtos da agroindústria em substituição a alimentos energéticos de alto valor comercial.

A casca de soja, obtida do processamento de extração do óleo de soja, surge como uma potencial fonte a ser explorada, já que sua disponibilidade é elevada em algumas regiões do País. A produção nacional de soja no ano agrícola de 2008/2009 foi de 57,0 milhões de toneladas de grãos (IBGE, 2009). Como principais características, este co-produto contém baixas quantidades de amido, elevado teor de nutrientes

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digestíveis totais (NDT) e de fibra de alta digestibilidade. Portanto, sua inclusão em substituição ao milho e/ou a forragens permite fornecer rações com quantidades adequadas de energia e de fibra em detergente neutro. Além disso, sua utilização propicia ambiente ruminal mais favorável a digestibilidade da fibra e com menores incidências de distúrbios metabólicos (acidose e laminite), que podem ocorrem em dietas com altas concentrações de amido.

A presente proposta de estudo teve como objetivo avaliar o efeito da substituição do milho ou do feno pela casca de soja sobre o desempenho e comportamento ingestivo de cabras Saanen em lactação e sobre a digestibilidade aparente dos nutrientes e parâmetros ruminais em cordeiros Santa Inês.

Referências

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION STATISTICAL DATABASES. Disponível em: <http://faostat.fao.org>. Acesso em: 20 mai. 2010.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍTICA. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 20 mai. 2010.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Características da casca de soja

A casca de soja (CS) é o envoltório do grão de soja considerado co-produto da indústria esmagadora que produz o óleo vegetal, o farelo e a lecitina de soja. Sua retirada provém do primeiro passo no processo de obtenção do óleo vegetal. Possui baixa densidade, 170 kg/m3 (ANDERSON et al., 1988b) e corresponde a 8% do peso do grão de soja. No entanto, na indústria de processamento, o rendimento da CS pode variar de 0 a 3%, de acordo com o teor de proteína da soja que foi esmagada. Assim, quando o teor de proteína é elevado, não há necessidade de retirar a casca de soja do farelo. Entretanto, se o teor de proteína do grão for baixo, maior quantidade de casca é extraída para que o farelo apresenteteor de proteína adequado (ZAMBOM et al., 2001).

Como é característica dos co-produtos utilizados na alimentação animal, a composição bromatológicas da CS sofre grande variação. Os principais fatores associados a esta ocorrência são: métodos e eficiência no processamento e extração do óleo e do endosperma, baixo controle de fiscalização sobre a qualidade do ingrediente, diferenças genéticas entre as plantas e condições diversas de cultivo (ambiente e fertilidade do solo) em que a cultura se desenvolve (IPHARRAGUERRE; CLARK, 2003).

Segundo Miron, Yosef e Ben-Ghedalia (2001), aproximadamente 80% da matéria seca (MS) da CS é representada por polímeros de glicose, sendo que grande parte destes (~75%) são recuperados na fração de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN). De acordo com Garleb et al. (1988), os principais constituintes desta fração são a celulose (75,6%) e a hemicelulose (18,2%). Adicionalmente, esta fração é pouco lignificada contendo em média 2,4% de lignina (NRC, 2007).

De acordo com o NRC para pequenos ruminantes (2007), a CS apresenta na base seca 13,0% de proteína bruta (PB); 77% de nutrientes digestíveis totais (NDT); 2,6% de extrato etéreo (EE); 62,0% de FDN e 46,0% de fibra insolúvel em detergente ácido (FDA). O amido é encontrado em baixos teores, em média 2,3% na MS (IPHARRAGUERRE; CLARK, 2003). No entanto, valores entre 0% (HSU et al.; 1987) e 9,4% (BATAJOO; SHAVER, 1998) podem ser observados, dependendo do

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processamento empregado. Outra característica importante é a presença considerável de substâncias pécticas. Estas fazem parte da fração de carboidratos estruturais (CE), contudo no rúmen são rapidamente fermentescíveis atuando como carboidratos não-fibrosos (CNF). Em revisão de literatura, Ipharraguerre e Clark (2003) reportaram que a pectina representa 62% dos CNF que compõe a CS, enquanto o amido (19%) e açúcares simples (16%) estão em menores proporções.

Devido à sua composição, alguns autores definem a casca de soja como alimento volumoso - concentrado, pois tem a função fisiológica de fibra vegetal e funciona como um grão de cereal em termos de disponibilidade de energia (NAKAMURA; OWEN, 1989; SARWAR; FIRKINS; EASTRIDGE, 1991).

Além de possuir boa aceitabilidade, a sua inclusão, como suplemento, em dietas a base de forragens proporciona efeitos associativos positivos, pois promove a manutenção do pH ruminal e assim, não prejudica a digestibilidade da fibra (ANDERSON et al., 1988a; GRIGSBY et al., 1993; MARTIN; HIBBERD, 1990; SUDWEEKS, 1977). Isso não acontece quando o milho (processado ou não) é fornecido em altas quantidades na dieta, pois o pH ruminal pode ser reduzido em função do seu alto teor de amido (em torno de 73%), prejudicando o desenvolvimento das bactérias fibrolíticas e possibilitando o aparecimento de problemas metabólicos, como acidose e laminite, comum em vacas leiteiras de alta produção.

2.2 O uso da casca de soja como fonte energética

Para animais de elevada produção é comum a utilização de alimentos de alta densidade energética. Estes são, principalmente, ricos em amido e são representados pelos grãos de cereais (milho, sorgo, trigo). No entanto, quando utilizados em altas concentrações pode-se observar redução na digestão da fração fibrosa da dieta (MERTENS; LOFTEN, 1980; Van SOEST, 1994) e diminuição no consumo de matéria seca (CMS) (PORDOMINGO et al., 1991). Mertens e Loften (1980) sugeriram que o mecanismo primário causador da diminuição da digestão in vivo da fibra é a menor atividade das bactérias celulolíticas, sendo isto, devido à condição ácida do rúmen promovida pela rápida fermentação do amido.

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A CS é um alimento com baixo teor de amido, sendo extensivamente digerida no rúmen (HSU et al., 1987). Assim, sua utilização como tentativa de incrementar o teor energético de uma dieta tem sido amplamente estudada. Contudo, a energia digestível da CS é inferior à do milho, sendo esta 3,40 e 3,90 Mcal/kg, respectivamente (NRC, 2007).

Ao ser empregada na suplementação de animais em pastagens de moderada ou baixa qualidade, a CS pode substituir o milho ou o sorgo sem prejuízo ao desempenho (ROYES et al., 2001; SANTOS et al., 2005). Isso ocorre em razão à quase inexistência de amido, em que os efeitos negativos associados à redução da degradação de fibra e do consumo de MS de pasto são reduzidos (ANDERSON et al., 1988a). Dessa forma, a adição de CS na ração é utilizada com objetivo de aumentar o consumo de energia e ao mesmo tempo, manter o consumo de fibra. Corroborando, Orr, Henley e Rude (2008), ao substituírem o milho pela CS na suplementação de novilhos alimentados com feno de baixa qualidade, não encontraram alteração no CMS e verificaram aumento na digestibilidade da fração fibrosa da ração. No entanto, Prohamann et al. (2004), observaram que a suplementação com CS nos teores de até 0,6% do peso vivo, não alterou o ganho de peso de bovinos pastejando “coastcross” com 14,3% de PB e 64,2% de NDT.

De acordo com revisão de literatura realizada por Ipharraguerre e Clark (2003), a CS, em dietas para vacas leiteiras, pode substituir o milho até valores próximos de 30% da MS, sem que haja efeitos negativos, tanto sobre a fermentação ou digestão dos nutrientes no trato gastrointestinal quanto sobre o desempenho. Pedroso et al. (2007), ao substituírem o milho pela CS (0, 10 e 20% da MS total) não observaram diferenças no CMS, produção de leite ou produção de leite corrigida para 3,5% de gordura. No entanto, produção total de gordura (kg/dia) aumentou e a concentração de N-ureico no leite decresceu. Os autores indicam que o efeito da CS na redução do CMS parece ocorrer somente quando este ingrediente é incluído em taxas mais elevadas do que a utilizada.

Nakamura e Owens (1989) observaram que a completa substituição do milho pela CS (48% da ração) em dietas contendo 50:50 (volumoso:concentrado, V:C) diminuiu a produção de leite de vacas em lactação. Os autores sugerem que o baixo conteúdo de

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amido e energia da ração com CS possam ter contribuído para redução da produção. Adicionalmente, Hashimoto et al. (2007) ao substituírem o milho pela CS (nos teores de 50% e 100%) em rações oferecidas a cabritos mestiços Boer X Saanen observaram maior ingestão de FDN e menor de energia com a elevação da CS na dieta. No entanto, não constataram diferenças no consumo de MS, MO e PB.

Ipharraguerre; Ipharraguerre e Clark (2002) ao incluírem até 40% de CS na ração em substituição ao milho, não constataram diferenças no desempenho de vacas lactantes e na digestibilidade da MS, FDN e FDA. Em experimento realizado por Zervas et al. (1998), alimentou-se ovelhas em lactação com rações com 40% de volumoso e 36% de milho ou CS, e foi constatado que os animais alimentados com o co-produto obtiveram melhora na digestibilidade da FDN sem efeito na produção de leite. Adicionalmente, Zenou e Miron (2005) observaram que ovelhas Assaf, alimentadas com rações que continham CS (até 33% de MS da ração) em substituição a grãos de amido (milho e cevada), apresentaram maiores CMS, produção de leite e digestibilidade in vitro da FDN. Os autores sugerem duas possíveis causas para o aumento do consumo: (1) a maior digestibilidade da fração fibrosa e gravidade específica de rações com CS podem acelerar a taxa de passagem dos alimentos e, consequentemente, aumentando a ingestão; (2) grandes quantidades de amido na ração podem inibir a atividade da população celulolítica ruminal e desta forma, reduzindo a digestão da FDN e o consumo pelos animais.

O aumento da digestibilidade da fração fibrosa de rações contendo CS seria decorrente da natureza da fibra deste co-produto. Esta é altamente digestível e de baixa lignificação e deve ser mais digestível que a FDN encontrada em outros ingredientes (MENG et al., 2000). Desta forma, a simples adição de fibra digestível na dieta poderia elevar a digestibilidade aparente total da fração fibrosa (AIKAM; BEEVER; HUMPRIES, 2006; ORR; HENLEY; RUDE, 2008). Adicionalmente, ao substituir o milho pela CS observa-se efeito positivo na digestão da fibra, já que há menor abaixamento do pH ruminal fornecendo ambiente favorável aos microrganismos fibrolíticos (FIESER; VANZANT, 2004; HASHIMOTO et al., 2007).

Os resultados de experimentos que estudaram os efeitos da utilização da CS sobre a digestibilidade aparente da fibra são consistentes, de forma que na há

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disparidades. Meng et al. (2000) verificaram efeito linear crescente da digestibilidade da FDN com o aumento dos teores de CS em substituição ao milho e farelo de trigo em rações para vacas em lactação. Aikam, Beever e Humpries (2006) também encontraram aumento da digestibilidade da FDN com a diminuição de amido e inclusão da CS. Da mesma forma, cabritos mestiços Boer X Saanen, ao receberem rações com CS em substituição ao milho, apresentaram maiores coeficientes de digestão da fibra sem alterar a digestibilidade da MS, MO e PB (HASHIMOTO et al., 2007).

Com relação à composição do leite observa-se diversidade nos resultados dos trabalhos consultados. Bernard e Mcneill (1991), ao suplementarem vacas em lactação com diferentes ingredientes energéticos, observaram que a substituição de 68% do milho pela CS não alterou as concentrações dos componentes do leite. Ipharraguerre, Ipharraguerre e Clark (2002), semelhantemente, não reportaram diferenças nos componentes do leite de vacas alimentadas com rações com teores crescentes de CS em substituição ao milho.

Miron et al. (2004), ao avaliarem a mistura de CS e farelo de glúten de milho (2:1), em peletes para suplementação, em substituição a grãos de cevada e milho, observaram redução do teor de lactose e aumento nos teores de gordura e uréia no leite. Da mesma forma, Zervas et al. (1998) e Zenou e Miron (2005) verificaram que a inclusão de CS em rações para ovelhas em lactação ocasionaram maiores concentrações de gordura no leite. Os autores atribuem este resultado ao fato da CS possuir maiores teores de celulose e hemicelulose digestíveis, que resultariam em maior produção de acetato pelas bactérias celulolíticas, utilizado posteriormente como precursor da síntese de gordura na glândula mamária.

Ao se utilizar baixos índices de substituição, em rações de alta proporção de concentrado, a CS não compromete o desempenho quando comparada ao milho, pois reduz transtornos metabólicos de tal modo que aumenta a disponibilidade energética de outros nutrientes da dieta. Por outro lado, de acordo com Ludden, Cecava e Hendrix (1995), em altos teores de substituição (acima de 20% MS da dieta) o desempenho pode ser comprometido. Diante disso, os autores concluíram que quando incluída em dietas de alto concentrado com moderada ou altas quantidades de milho (cerca de 90%), a CS tem valor alimentar estimado de 74 a 80% do valor do milho. Contudo,

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Ferreira et al. (2007), ao alimentarem cordeiros confinados com rações com 90% de concentrado, verificaram que a substituição do milho, em até 45%, pela CS não alterou o ganho de peso e as características da carcaça dos animais. Restle et al. (2004) reportaram que a inclusão da CS em substituição ao sorgo (até 33%) em rações de bovinos confinados acarreta a um maior ganho de peso e melhor conversão alimentar.

Adicionalmente, Gilaverte (2009) avaliou a utilização de co-produtos energéticos (casca de soja e polpa cítrica) em substituição ao milho, em rações contendo 20% de volumoso, na alimentação de borregas Santa Inês e não encontrou diferenças entre os tratamentos, seja para as variáveis do desempenho (CMS, ganho de peso e eficiência alimentar), seja para o comportamento ingestivo. Desta forma, em dietas com alta proporção de concentrados, a decisão com relação à utilização de milho ou CS, deve ser tomada com base na análise dos custos desses ingredientes.

De acordo com Mertens (1997), a substituição de um ingrediente de baixo teor de FDN por uma fonte de fibra não-forragem pode acarretar em alterações no comportamento ingestivo dos animais. No entanto, segundo Armentano e Pereira (1997) e Van Soest (1994) o tempo total de mastigação é mais influenciado pelo conteúdo de forragem e tamanho de partícula das rações. Além disso, outro ponto a ser considerado é a efetividade física da fibra, que relaciona teor de FDN e tamanho de partícula do alimento e está ligada com a capacidade do alimento em estimular a mastigação (MERTENS, 1997).

Aikam, Beever e Humphries (2006) e Miron et al. (2004b), ao avaliarem a inclusão da CS em rações para vacas em lactação, observaram aumento no tempo gasto com ingestão e mastigação. Ambos sugerem que o co-produto tem maior capacidade de enchimento que o trigo e o milho, sendo necessário, desta forma, mais tempo de

ingestão para consumir igual quantidade de alimento. Adicionalmente, Aikam, Beever e

Humphries (2006) não verificaram variações no tempo despendido com ruminação

devido à inclusão da CS em substituição ao grão de trigo. Estes reportam que as rações avaliadas não diferiram em relação à fibra fisicamente efetiva.

Ipharraguerre e Clark (2003) sugerem que a substituição do milho pela CS em rações para ruminantes não afeta a concentração ruminal total dos ácidos graxos de cadeia curta AGCC. No entanto, diversos trabalhos têm demonstrado que a utilização

(25)

deste co-produto promove alteração no padrão de fermentação ruminal. Face ao exposto, Ipharraguerre; Ipharraguerre e Clark (2002), ao incluírem até 40% de CS na ração em substituição ao milho verificaram aumento nas produções de AGCC total, acetato e butirato. Adicionamente, Ferreira et al. (2008) observou efeito quadrático para concentração molar de propionato no rúmen e efeito linear crescente na concentração de acetato e do pH, quando foi adicionado até 31% de CS na ração em substituição ao milho.

2.3 Fibra proveniente de fontes não-forragem (FFNF)

Além da forragem, outras fontes de alimentos, como os co-produtos das indústrias alimentícias, contribuem para o incremento de fibra na dieta de ruminantes. Entre eles destacam-se: casca de soja, caroço de algodão, polpa cítrica, farelo de glúten de milho, casca de aveia e resíduo de cervejaria. Adicionalmente, estes ingredientes possuem, geralmente, maiores teores de proteína bruta do que volumosos de baixa qualidade.

Em determinadas condições de preço, os co-produtos podem minimizar os custos de alimentação, já que forragens conservadas, geralmente, são mais onerosas do que as fontes de fibra não-forragem (FFNF). Contudo, o tamanho reduzido de partículas e a alta gravidade específica destas fontes podem facilitar o escape ruminal, reduzir a digestibilidade da fibra e a atividade de mastigação. Branco et al. (2010), ao reduzirem o teor de fibra em detergente neutro (FDN) oriunda de forragem na alimentação de cabras leiteiras, verificaram redução da digestibilidade da MS e efeito quadrático na digestibilidade da FDN. Desta forma, os autores concluem que o teor de FDN de forragem que propícia melhor eficiência de síntese de proteína microbiana é 29,6%.

Portanto, em dietas contendo alto teor de FFNF, a quantidade e, principalmente, o tamanho de partícula da forragem devem ser adequados para aumentar o tempo de retenção das partículas dos subprodutos no rúmen e estimular a ruminação e a secreção de saliva (FIRKINS, 1997; GRANT, 1997) sem prejudicar a digestão da fibra.

A CS, considerada uma fonte de fibra não forragem, apresenta alto teor de FDN, variando entre 53 e 74% (IPHARRAGUERRE; CLARK, 2003), que permite seu uso

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como substituto às fontes de forragem tradicionais, aumentando a energia disponível no rúmen. Além disso, seu teor de lignina é baixo (2,5% da MS) com pequenas concentrações de ácido ferúlico e p-cumárico, que são os principais compostos fenólicos envolvidos na ligação lignina e hemicelulose (GARLEB et al. 1988). Desta forma, estas características conferem a este alimento alta digestibilidade da fração fibrosa (NRC, 2001).

Por essas razões, deve-se explorar o efeito associativo verificado entre a CS e volumosos de fibra longa. Hintz et al. (1964) verificaram que ração contendo 50% de CS e 50% de feno de partículas longas resultou em maior digestibilidade in vivo da MS e da fibra bruta (FB) do que ração contendo apenas feno ou apenas CS. Da mesma forma, Berge e Dulphy (1991) verificaram efeito quadrático na digestibilidade da matéria orgânica (MO) quando foram feitas substituições de 0 a 100% de feno pela CS.

Morais et al. (2006) observaram que a CS possui menor quantidade de FDN fisicamente efetiva em comparação à FDN de feno de “coastcross” e, ao ser adicionada em dietas para borregas, até 37,5% da MS, aumentou a digestibilidade da MS e da MO. Da mesma forma, quando a CS substituiu a silagem de milho verificou-se incremento na

digestão da FDN e MO (HALACHMI et al., 2004). Adicionalmente, Araújo et al. (2008b)

encontraram efeito quadrático ao substituírem parcial ou totalmente feno de “coastcross” pela CS. De acordo com as equações de regressões, os autores determinaram que o teor de inclusão, que proporcionou melhores coeficientes de digestibilidade de MS e MO, foi de aproximadamente 55% da ração na MS.

De acordo com Hsu et al. (1987), a fibra da CS, altamente fermentescível no rúmen promove padrão de fermentação ruminal semelhante à causada por alimentos concentrados. Ipharraguerre e Clark (2003) indicaram que a CS quando substituiu fontes de forragem entre 5 e 25% em rações com mais de 50% de volumoso, houve aumento da proporção molar de propionato no fluido ruminal, sem contudo alterar a proporção molar de acetato e butirato. Por outro lado, em dietas com menos de 50% de volumoso, a inclusão de CS promoveu significativa redução da proporção molar de acetato (SARWAR; FIRKINS; EASTRIDGE, 1991; SARWAR; FIRKINS; EASTRIDGE, 1992) e butirato (CUNNINGHAM; CECAVA; JOHNSON, 1993; SARWAR; FIRKINS; EASTRIDGE, 1991; SARWAR; FIRKINS; EASTRIDGE, 1992).

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Souza et al. (2009), ao avaliarem a substituição do feno de “coastcross” pela CS, em rações com 60% de palma forrageira, na alimentação de caprinos, verificaram aumento na produção total de AGCC, sem alterar as concentrações de acetato, propionato e butirato e a relação acetato:propionato. Entretanto, quando a CS foi incluída em rações para vacas em lactação nas proporções de 15 e 25% (WEIDNER; GRANT, 1994a) e de 23,3 e 30,6% (HARMISON; EASTRIDGE; FIRKINS, 1997) foi observado elevação da concentração de propionato e redução da relação acetato:propionato.

Respostas na produção de leite devem ser consideradas como fator importante na avaliação de fontes de fibra não forragem (FFNF). Grande parte dos trabalhos demonstra que a substituição da FDN proveniente de forragens (FDNF) por FFNF, em rações com teores equivalentes de FDN total, resultou em produção de leite semelhante (PEREIRA et al., 1999).

Para vacas em lactação, Ipharraguerre e Clark (2003) concluíram que as repostas da substituição de forragem por CS estão relacionadas à quantidade de forragem na ração e à qualidade (tamanho de partícula e teor de FDN) da mesma. Em experimentos cujas rações possuem inclusões de forragem menor do que 50% e tamanho de partícula reduzido a adição de CS reduziu o consumo animal, a produção de leite e a produção de gordura (IPHARRAGUERRE; CLARK, 2003). Porém, quando o teor de forragem é maior que 50% e com tamanho de partícula adequado, a CS, de maneira geral, melhora ou não afeta o consumo e o desempenho animal. Desta forma, os autores sugerem que o fornecimento deste co-produto deve ser realizado em rações em que haja quantidades satisfatórias de fibra efetiva.

Com objetivo de estudar a eficácia da inclusão de fibra não-forragem, Miron et al. (2003) substituíram a silagem de milho pela CS na proporção de 16% da ração. Assim, ao reduzir a concentração de FDNF (de 18% para 12% na MS) não foi verificado alteração no CMS, produção e composição do leite dos animais. Por outro lado, Araújo et al. (2008a), ao avaliarem a substituição parcial e total do feno de “coastcross” pela CS observaram efeito quadrático no CMS e produção de leite de ovelhas Santa Inês. No entanto, os teores de gordura, proteína e sólidos totais não diferiram entre os tratamentos.

(28)

Loest, Titgmeyer e Drouillard (2001) estudaram o efeito da CS como principal ingrediente (até 91% na MS) em rações para bovinos em crescimento. Os autores observaram redução do CMS e do ganho de peso, todavia, sem alterar a eficiência alimentar dos animais. Por outro lado, Morais et al. (2007), constataram que borregas alimentadas com teores crescente de CS em substituição ao feno de “coastcross” (até 37,5% da MS total) apresentaram maiores CMS, ganho de peso e eficiência alimentar. Estes reportam que o maior ganho de peso observado com a inclusão de casca de soja na dieta foi ocasionado, provavelmente, pelo aumento do consumo de energia digestível, o qual proporcionou um maior aporte energético para o animal. Assim, de acordo com os resultados, sugere-se que, a utilização da CS está condicionada ao preço de sua comercialização (LOEST; TITGMEYER; DROUILLARD, 2001).

Quanto ao efeito da CS sobre o comportamento ingestivo, sabe-se que sua adição em substituição a volumosos promove alterações no comportamento ingestivo dos animais (MORAIS et al., 2006; WEIDNER; GRANT, 1994b). Grant (1997) sugere que este efeito é resultado da redução do tamanho de partícula das rações com CS e que esta contenha 20% da capacidade estimular mastigação de um feno de gramínea. Assim, possivelmente, acarretando menor produção de saliva e maior propensão à queda de pH ruminal (GRIGSBY et al., 1992).

Face ao exposto, Weidner e Grant (1994b) avaliaram a inclusão de 15% e 25% de CS em rações para vacas em lactação e verificaram diminuição nos tempos de ruminação e mastigação no tratamento com maior proporção de CS. Os autores relatam que embora a CS contenha elevada quantidade de FDN, o seu menor tamanho de partícula comparado às forragens acarretaria menor estimulação da atividade mastigatória e de ruminação. Semelhantemente, Araújo et al. (2008a) e Morais et al. (2006) observaram que rações para ovinos, contendo teores crescente de CS em substituição ao feno de “coastcross”, ocasionaram redução do tempo de ruminação e mastigação.

Souza et al. (2009) determinaram a influência da substituição do feno de “coastcross” pela CS e observaram que a inclusão da CS em substituição ao feno de “coastcross” (em até 250 g na dieta na MS) acarretou a diminuição no tempo total de mastigação, com consequente redução do pH ruminal. Adicionalmente, Grigsby et al.

(29)

(1992) substituíram feno de “bromegrass” pela CS e relataram efeito linear decrescente do pH ruminal. Os autores sugerem que a amplitude do declínio do pH ruminal está condicionada ao tamanho da partícula das rações. Harmison, Eastridge e Firkins (1997) constataram que a CS, ao substituir silagens de alfafa e de milho, provocou redução do pH da fezes de vacas Jersey em lactação.

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3 SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO MILHO PELA CASCA DE SOJA NA ALIMENTAÇÃO DE CABRAS EM LACTAÇÃO

Resumo

Os objetivos deste experimento foram avaliar os efeitos da substituição do milho pela casca de soja sobre o desempenho e comportamento ingestivo de cabras Saanen em lactação. Oito cabras com 39 ± 5 dias em lactação e produção inicial de 2,5 ± 0,2 kg/dia foram alojadas em baias tipo “tie stall”. Os animais foram distribuídos em um delineamento de quadrado latino 4x4 duplo, com duração de cada período de 16 dias, sendo 12 dias para adaptação às rações experimentais e quatro dias para colheita das amostras. Os animais foram alimentados com dietas compostas por 40% de volumoso e 60% de concentrado. A casca de soja substituiu o milho em 0, 20, 40 e 60%, constituindo os tratamentos 0CS, 20CS, 40CS e 60CS, respectivamente. Não se observou efeito (P>0,05) da substituição parcial do milho pela casca de soja no consumo de matéria seca, produção de leite, eficiência alimentar, variação do peso corporal, comportamento ingestivo e teores de lactose, sólidos totais e proteína no leite. O teor de gordura no leite e a concentração de ácidos graxos não esterificados no sangue aumentaram (P<0,05) e a concentração de ureia no leite e de N-ureico no plasma diminuíram (P<0,05) com a inclusão da casca de soja na ração. A casca de soja em substituição parcial ao milho não altera o consumo de matéria seca e produção de leite, porém aumenta o teor de gordura no leite.

Palavras-chave: Comportamento ingestivo, Co-produto, Desempenho, Leite

PARCIAL REPLACEMENT OF CORN BY SOYBEAN HULLS IN DIETS FOR LACTATING GOATS

Abstract

The objectives of this experiment were to determine the effects of replacing corn by soybean hulls on dry matter intake, milk production and composition in Saanen goats. Eight goats (39 ± 5 DIM and initial yield of 2.5 ± 0.2 kg/day) were housed in a tie stall and used in two 4 x4 Latin square design conducted concurrently. Each experimental period consisted of 16 d; the first 12 d were used to adapt goats to treatments and the remaining 4 d were used for data collection. Animals were fed a 40:60 (concentrate:roughage ratio). Soybean hull replaced corn by 0%, 20%, 40% or 60% on a DM basis, corresponding to the experimental treatments 0SH, 20SH, 40SH and 60SH, respectively. Dry matter intake, milk yield, production of 3.5% fat-corrected milk, efficiency feed, ingestive behavior, body weight change and milk lactose, protein and total solids concentrations were not affected (P>0.05) by replacing corn ground by soybean hulls. Milk fat concentration and non-esterified fatty acids increased (P<0.05) and milk urea and plasma N-urea concentration decreased (P<0.05) with soybean hulls inclusion. Soybean hulls replacing partially corn doesn’t affect dry matter intake, milk yield and ingestive behavior, however increasing milk fat concentration.

(36)

Keywords: By-products, Ingestive behavior, Milk, Performance

3.1 Introdução

Na produção intensiva de ruminantes, um dos principais componentes do custo final é representado pelos gastos com alimentação. A utilização de produtos considerados “commodities” na alimentação de ruminantes, como o milho, pode se tornar inviável em determinadas situações, principalmente em função das oscilações de preços. Desta forma, tem-se a necessidade de buscar ingredientes alternativos e de baixo valor comercial, como os resíduos e co-produtos agrícolas, como novas opções de alimento.

Rações formuladas para animais em lactação, comumente, incluem grão de milho em suas composições. No entanto, além da preocupação com aspecto econômico, problemas com distúrbios metabólicos, redução na digestibilidade da fibra (ORSKOV, 1986) e depressão da gordura no leite (WALKER; DUNSHEA; DOYLE, 2004) podem ser verificados em dietas com alta concentração de amido. Desta forma, a casca de soja (CS) surge como uma potencial fonte a ser explorada, já que é obtida do processamento de extração do óleo de soja e há facilidade de aquisição em algumas regiões do País. O elevado teor de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) (60-70% na MS) de alta digestibilidade da CS confere a este ingrediente característica de alimento energético podendo substituir grãos de cereais em dietas de ruminantes.

Por ser um ingrediente quase livre de amido (HSU et al., 1987) a CS tem demonstrado benefícios principalmente sobre a digestão da fibra e melhorias no padrão de fermentação ruminal, com manutenção do pH ruminal mais adequado ao desenvolvimento das bactérias celulolíticas (KLOPFENSTEIN; OWEN, 1987). Adicionalmente, trabalhos realizados com vacas em lactação não observaram diferenças no desempenho produtivo (consumo de matéria seca, produção de leite e eficiência alimentar) com a inclusão da CS em substituição ao milho (AIKAM; BEEVER; HUMPHRIES, 2006; NAKAMURA; OWEN, 1989; PEDROSO et al., 2007).

(37)

Assim, a presente proposta de estudo teve como objetivos avaliar os efeitos da substituição do milho pela CS sobre o desempenho e comportamento ingestivo de cabras Saanen em lactação.

3.2 Material e Métodos

3.2.1 Animais e instalações experimentais

O experimento foi conduzido nas instalações para caprinos do Sistema Intensivo de Produção de Ovinos e Caprinos (SIPOC) do Departamento de Zootecnia, da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz". Foram utilizadas oito cabras da raça Saanen (39,0 ± 5,0 dias em lactação e produção inicial de 2,5 ± 0,2 kg/dia) alojadas em baias individuais do tipo "tie-stall", medindo 0,50 x 1,2 m, em galpão coberto, com piso ripado, providas de comedouro e bebedouro. Foram realizados dois quadrados latinos (4x4), a duração de cada sub-período foi de 16 dias, sendo 12 dias para adaptação às rações experimentais e 4 dias para colheita das amostras.

As cabras foram pesadas em três dias consecutivos, sendo as pesagens realizadas no início do experimento e no final de cada sub-período sem jejum alimentar.

As cabras foram ordenhadas mecanicamente duas vezes ao dia (7:30 e 15:30 h). A produção de leite foi medida através da realização de controle leiteiro durante o período da colheita das amostras, por meio de medidor automático da marca Tru-Test®. Amostras compostas (ordenha da manhã e ordenha da tarde) foram colhidas nos dias do controle leiteiro. As amostras foram conservadas em 2-bromo-2-nitropropano-1-3-diol e as determinações de proteína, gordura, lactose, sólidos totais e uréia foram realizadas por leitura de absorção de infravermelho próximo em um equipamento Bentley 2000 (Bentley Instruments Inc., Minessota, EUA), no Laboratório de Análise de leite, da Clínica do leite, do Departamento de Zootecnia da ESALQ/USP.

(38)

3.2.2 Tratamentos e fornecimento das dietas

As rações experimentais continham 40% de volumoso e 60% de concentrado (Tabela 1), nas quais a casca de soja substituiu o milho em 0, 20, 40, e 60%, constituindo os tratamentos 0CS, 20CS, 40CS e 60CS, respectivamente. As rações foram fornecidas duas vezes ao dia, sendo o volumoso (feno moído), o concentrado e a casca de soja de cada unidade experimental pesados separadamente em balança eletrônica (LC100, Marte Balanças e Aparelhos de Precisão LTDA) com precisão de 20 g e misturados manualmente nos cochos. As sobras de alimentos de cada baia foram quantificadas diariamente, o que possibilitou o cálculo do consumo e ajuste da quantidade de alimento a ser fornecida em cada dia. Foi adotado, como critério, sobra de aproximadamente 10% da oferta, garantindo consumo ad libitum da ração.

As rações foram formuladas para atender ou exceder as exigências de cabras em lactação (AFRC, 1998) e estão descritas na Tabela 1.

(39)

Tabela 1 - Proporção dos ingredientes e composição química das rações experimentais (% MS) Tratamentos1 Feno Casca de soja Milho moído 0CS 20CS 40CS 60CS Ingredientes Feno de “coastcross” - - - 40,00 40,00 40,00 40,00 Casca de soja - - - - 10,00 20,00 30,00 Milho - - - 50,00 40,00 30,00 20,00 Farelo de trigo - - - 2,80 4,15 5,50 6,75 Farelo de soja - - - 4,70 3,35 2,00 0,75 Uréia - - - 0,20 0,20 0,20 0,20 Mistura mineral2 - - - 2,30 2,30 2,30 2,30 Composição Química Matéria seca 91,5 91,3 89,0 90,0 90,7 90,9 91,1 Matéria orgânica 89,5 95,8 98,3 93,4 93,3 92,5 92,2 Matéria mineral 9,6 3,8 1,5 6,6 6,7 7,5 7,8 Proteína bruta 14,3 12,0 9,5 14,9 14,2 13,3 13,3 FDN3 73,9 70,3 14,0 38,0 43,9 50,4 56,5 FDNfe4 55,8 17,9 7,7 - - - - FDNforragem5 - - - 29,6 29,6 29,6 29,6 FDNforragem, 5 % FDN total - - - 77,8 67,4 58,3 52,4 EM rações6, Mcal/kg - - - 2,57 2,46 2,37 2,29

ELlact rações6, Mcal/kg - - - 1,65 1,58 1,53 1,47

Tamanho de partícula, %

> 1,18 mm 75,5 25,5 54.9 - - - -

≤ 1,18 mm 25,5 75,5 45.1 - - - -

1

Tratamentos: 0CS = sem inclusão de casca de soja; 20CS, 40CS e 60CS = 20%, 40% e 60% de substituição do milho (50% da MS) pela CS.

2

Composição:5,5% P; 22% Ca; 3,5% Mg; 2,2% S; 7,0% Na; 10,5% Cl; 500 ppm Fe; 450 ppm Cu; 1550 ppm Zn; 1500 ppm Mn; 40 ppm I; 50 ppm Co; 20 ppm Se.

3

Fibra em detergente neutro.

4

FDN fisicamente efetiva, calculada pela multiplicação da concentração de FDN pela fração (%) retida na peneira de 1,18 mm como sugerido por Mertens (1997).

5

Fibra em detergente neutro proveniente de forragem.

6

Estimado utilizando o modelo Small Ruminants Nutrition System, v. 1.8.7 (CANNAS et al., 2004; TEDESCHI; CANNAS; FOX, 2008).

(40)

3.2.3 Amostragem, análises químico-bromatológicas e determinação da FDN fisicamente efetiva

Amostras semanais dos concentrados, da casca de soja e do feno de “coastcross” foram colhidas e congeladas (-18°C) para posterior determinação da composição bromatológica. As amostras de feno, bem como das sobras, foram acondicionadas em sacos de papel, pesadas e mantidas em estufa de circulação forçada de ar, a temperatura de 55ºC por 72 horas. Em seguida foram pesadas e moídas em moinho com peneira de crivos de 1 mm, para posterior determinação da matéria seca (MS) e matéria mineral (MM) segundo a AOAC (1990). Os teores de fibra em detergente neutro (FDN) foram obtidos utilizando α-amilase e sulfito de sódio (VAN SOEST; ROBERTSON; LEWIS, 1991). A determinação de nitrogênio total das fezes e dos alimentos foi realizada com base na combustão das amostras (WILES; GRAY; KISSLING, 1998) pelo analisador da marca LECO®, modelo FP-528 com temperatura de combustão de 835°C. O teor de proteína bruta (PB) foi obtido por meio da multiplicação do teor de nitrogênio total por 6,25. Calculou-se a MO pela diferença entre a MS e MM.

Para estimar a FDN fisicamente efetiva (FDNfe) do milho, do feno e da casca de soja foi adotado o método proposto por Mertens (1997). Aproximadamente 200 g de milho e casca de soja e 50g de feno foram colocados separadamente em uma peneira de 1,18 mm, que foi agitada durante um minuto em um agitador vertical (Cenco-Meinzer Sieve Shaker). Após a agitação, a quantidade de cada amostra retida na peneira foi pesada para a determinação do fator de efetividade física (fef), que é calculado através da proporção de partículas retidas em peneiras de 1,18mm. A concentração de FDN de cada ingrediente foi multiplicada pela fração retida na peneira de 1,18 mm para calcular a FDNfe.

3.2.4 Determinação de N-ureico e ácidos graxos não-esterificados (AGNE)

No início do experimento, assim como no final dos sub-períodos experimentais, foram realizadas colheitas de sangue via punção da veia jugular de todos os animais antes e três horas após a oferta do alimento da manhã (GUSTAFSSON; PALMQUIST, 1993) para determinação da concentração de N-ureico plasmático e AGNE. As colheitas

(41)

foram realizadas em tubos a vácuo contendo gel separador e acelerador de coágulo (SiO2) (VACUETTE®, Greiner Bio-One). Imediatamente após a colheita, as amostras

foram centrifugadas para separação do soro sangüíneo, o qual foi armazenado em tubetes de plástico e congelado para posterior análise laboratorial.

Para determinação do nitrogênio ureico foi utilizado o método colorimétrico descrito por Chaney e Marbach (1962) adaptado para leitura em placas de microtítulo em aparelho do tipo Elisa Reader (BIO RAD Laboratories, Hercules, CA, EUA) com comprimento de luz de 540 nanômetros. Somente foram aceitos os resultados provenientes de placas com r2= 0,99 e coeficiente de variação entre duplicatas ≤ 7%. A determinação da glicose plasmática foi realizada através do aparelho autoanalisador bioquímico YSI 2700-S Biochem (Yellow Spring, OH, EUA).

A concentração de ácidos graxos não esterificados foi determinada através da utilização do kit comercial (NEFA-C Wako Chemicals®, Richmond, Virginia – USA) adaptado para leitura em placas de microtítulo, em aparelho tipo Elisa Reader (BIO RAD Laboratories, Hercules, CA, EUA) com comprimento de luz de 540 nanômetros.

3.2.5 Avaliação do comportamento ingestivo dos animais

No final de cada sub-período experimental do ensaio de desempenho, foi avaliado o comportamento ingestivo dos animais. A avaliação foi feita individualmente, com intervalos de 5 minutos, durante 24 horas, para determinar o tempo gasto com ingestão e ruminação, ócio e mastigação em minutos/dia. O tempo total gasto em cada atividade foi calculado multiplicando-se o número total de observações por cinco. A atividade de mastigação foi obtida através do somatório das atividades de ingestão e ruminação conforme Armentano e Pereira (1997). As atividades de ruminação, ingestão e mastigação foram expressas em minutos/dia, minutos/g MS ingerida e minutos/g FDN ingerida. As rações foram oferecidas antes do início da observação dos animais.

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