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CRISTIANE FERNANDES ZAPPELINI DOS SANTOS

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Academic year: 2021

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CRISTIANE FERNANDES ZAPPELINI DOS SANTOS

ESTUDO COMPARATIVO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR E PERFIL PSICOSSOCIAL DE CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES ENTRE 03 E 05 ANOS

DE IDADE DOS CENTROS EDUCACIONAIS INFANTIS MICKEYLÂNDIA E PIRULITO DE TERMAS DO GRAVATAL-SC

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CRISTIANE FERNANDES ZAPPELINI DOS SANTOS

ESTUDO COMPARATIVO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR E PERFIL PSICOSSOCIAL DE CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES ENTRE 03 E 05 ANOS

DE IDADE DOS CENTROS EDUCACIONAIS INFANTIS MICKEYLÂNDIA E PIRULITO DE TERMAS DO GRAVATAL-SC

Monografia apresentada ao Curso de Fisioterapia como requisito para obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia.

Universidade do Sul de Santa Catarina

Orientador: Profa. MSc. Fabiana Durante de Medeiros

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a toda a minha família, minha mãe Zélia, ao meu pai Jaime, ao meu querido e saudoso irmão Sandro e ao meu amado marido Paulo, que estiveram comigo nestes anos de luta.

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AGRADECIMENTOS

A DEUS, por me dar a vida, e fazer dela um imenso e largo sorriso, pois as oportunidades foram as melhores e as pessoas que estiveram e estão ao meu redor são incomparáveis... ...ao meu pai Jaime, que entendeu e compreendeu os desafios que a vida nos proporciona,

com fé e garra seus sonhos e meus se realizaram...

...minha mãe Zélia, que deu a vida por seus filhos, que não mediu esforços diante das surpresas da vida, mulher de garra, forte, honesta,...essa é minha mãe!

...ao meu querido e saudoso irmão, que onde estiver, sei que estás olhando por mim e eu orando e pensando em você, saudades irmão...

...as minhas doces e queridas sobrinhas Júlia e Yasmin, que com seus sorrisos e afagos, conseguiam me distrair das coisas ruins e do trabalho escolar é claro...

...minha cunhada Flávia por seu apoio, ajuda e compreensão nos atrasos dos materiais, sei que não foi fácil, mas valeu!

Ao meu eterno e grande amor, meu marido Paulo, que me compreendeu, me apoiou e me ajudou nos momentos difíceis desta jornada, abdicando de finais de semana, feriados, ficando

ao meu lado. Sem você minha vida não seria tão colorida quanto é, pois você me completa, me realiza: AMO VOCÊ!

A toda minha família, pois a união que nos cerca, contagia mesmo quando você não está bem, proporcionando um momento de alegria e paz...AMO VOCÊS!!!

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A todos os professores que participaram da minha jornada até o final, que contribuíram de

uma maneira ou de outra para a conclusão deste sonho...

...em especial a professora Rita Teodoroski que não foi só uma mestre, mas uma amiga, que me ouviu e me aconselhou nas horas em que precisei...

...ao professor Alexandre Zaboti, por quem sempre tive carinho... ...a professora Ester por suas aulas mais do que maravilhosas, espetaculares!!!

Ao professor Ralph, com “ph”, por seus conselhos e “broncas”, pois o verdadeiro mestre não é aquele que dá as respostas, mas sim aquele que as faz...

...a minha orientadora e professora Fabiana, por seus conselhos, dedicação, interesse, pois um bom trabalho resulta de uma boa parceria...

...a professora Inês Lima e ao professor Júlio César por terem aceito a fazer parte da banca examinadora do meu trabalho de conclusão de curso, possibilitando maiores conhecimentos e

compreensão de um bom trabalho...

...a professora Dayane por sua amizade, dedicação, pois tudo se torna mais fácil, quando se têm um amigo a seu lado...

...a professora e coordenadora Luci Fabiane, por seus préstimos ao curso, aos acadêmicos, sua luta, que não é nada fácil, quando se está atrás de uma mesa com muitas

responsabilidades, só quem passa, é quem sabe...

Aos funcionários da Clínica Escola de Fisioterapia pela dedicação e respeito a nós, o meu muito obrigado.

O meu agradecimento aos responsáveis pelos Centros Educacionais Infantis, pelo apoio e dedicação dados no momento da elaboração desta pesquisa, e também aos pais pela

compreensão e por acreditarem na pesquisa.

As crianças, que contribuíram para esta pesquisa, meu muito obrigado, vocês são a alegria do mundo adulto!

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...a minha grande e melhor amiga Simone da Luz Rodrigues, que me compreendeu, me deu apoio, me ajudou nas horas em que precisei. Sua amizade nestes anos foi essencial para minha

caminhada até aqui, amiga te adoro e te admiro muito!

As minhas grandes amigas Ediane Macari, Gilmara Martins, Gláucia Silvano, Cândida Pitthan, Luana Isidoro, Mariana Ceolin, Monique Assis, Sabrina Moreira, Samanta Rattis por seus conselhos, pela companhia, pelo apoio nos momentos mais difíceis do curso.

Vocês sempre estarão comigo!

Ao meu grande e melhor amigo Diego Alano, por seus conselhos, por sua ajuda, por seu jeito MEIGO, foi bom te conhecer, e ver que ainda existem pessoas sinceras nesta vida. Sucessos

amigo.

Aos demais colegas minha admiração e respeito, suas amizades e compreensão nestes anos foram essenciais para o meu crescimento profissional, pessoal e certamente espiritual. Adoro

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"Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir. Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz."

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RESUMO

O desenvolvimento motor é adquirido e aperfeiçoado pela criança através de tentativas e erros, ou seja, ela usa, modifica e adapta suas experiências sensório-motoras presentes, sempre na dependência da direção e do input sensorial, fornecido pela visão, audição, tato, pressão e propriocepção. Assim esta pesquisa teve como finalidade avaliar o desenvolvimento motor de crianças de 3 a 5 anos de dois Centros Educacionais Infantis – (CEI´s), sendo uma de caráter público e a outra privado. Foram avaliadas 32 crianças – 16 crianças do CEI Pirulito (privado) e 16 crianças do CEI Mickeylândia (público). Para a realização dos testes motores utilizou-se a Escala de Desenvolvimento Motor – EDM (ROSA NETO, 2002), além de um questionário psicossocial de autoria do CEFID/UDESC, 2000. Para o tratamento dos dados foi utilizado o programa Epi-Info 6.0, a estatística descritiva e o teste estatístico para amostras independentes de Wilcoxon. As áreas avaliadas foram motricidade fina e global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial e temporal, lateralidade. Os resultados desta pesquisa indicaram que os pré-escolares de ambos os CEI´s mostraram-se dentro de um perfil motor considerado normal, com resultado significativo para o CEI Mickeylândia, mostrando a importância das experiências motoras vivenciadas e exploradas pelos escolares. Através deste estudo evidenciamos a importância de um fisioterapeuta atuando com outros profissionais, preconizando a prevenção, que atualmente tem ganhado de maneira lenta e progressiva, um espaço maior na área da saúde, dando um enfoque nos níveis “primário e secundário”, identificando precocemente o fator causal e proporcionando uma intervenção mais expressiva à atenção básica desta população.

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ABSTRACT

The motor development is acquired and perfected for the child through attempts and errors, that is, it uses, modifies and adapt its sensory-motors experiences gifts, always in the dependence of the direction and input sensorial, supplied for the vision, hearing, tate, pressure and propriocepção. Thus this research had as purpose to evaluate the motor development of children of three the five years of two Infantile Educational Centers - CEI´s, being one of private character and another one of public character - through a descriptive-comparative and quantitative research. Sixteen children of the CEI Pirulito (private) and sixteen children of the CEI Mickeylândia had been evaluated thirty and two children - (public). For the accomplishment of the motor tests it was used Scales the motor development - EDM (ROSA NETO, 2002), beyond a psicossocial questionnaire of authorship of CEFID/UDESC, 2000. For the treatment of the data the program was used Epi-Info 6,0, the descriptive statistics and the statistical test for independent samples of Wilcoxon. The evaluated areas had been fine and global motricity, balance, corporal project, space and secular organization, lateralidade. The results of this research had indicated that preschool of both the CEI´s had revealed inside of a normal considered motor profile, with significant result for the CEI Mickeylândia, having shown the importance of the motor experiences lived deeply and explored by the pertaining to school. Through this study we evidence the importance of a physiotherapist acting with other professionals, praising the prevention, that currently has earned in slow and gradual way, a bigger space in the area of the health, giving an approach in the levels “primary and secondary”, identifying precociously the causal factor and providing a expressy intervention to the basic attention of this population.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Pontuação de acordo com o nível de idade cronológica...64 Tabela 2. Idade cronológica de acordo com o número de acertos (esquema corporal)...65 Tabela 3. Idade cronológica de acordo com o número de acertos

(organização temporal)...72 Tabela 4. Resultados de lateralidade de acordo com o número de repetições

exato de testes...74 Tabela 5. Classificação geral do desenvolvimento motor...80 Tabela 6. Distribuição do número e % das crianças avaliadas no Centro

Educacional Infantil Pirulito, segundo idade e gênero no período de setembro

e outubro de 2006, na cidade de Gravatal/SC...85 Tabela 7. Distribuição do número e % das crianças avaliadas no Centro

Educacional Infantil Mickeylândia, segundo idade e gênero no período de

setembro e outubro de 2006, na cidade de Gravatal/SC...86 Tabela 8. Distribuição do número e % - segundo idade da mãe no

momento do parto e condições da gravidez – CEI Pirulito...86 Tabela 9. Distribuição do número e % - segundo idade da mãe no

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Tabela 10. Distribuição da idade da mãe no momento do parto e o tempo

gestacional em semanas do CEI Pirulito...89

Tabela 11. Distribuição da idade da mãe no momento do parto e o tempo gestacional em semanas do CEI Mickeylândia...89

Tabela 12. Distribuição do tempo gestacional da mãe em semanas e o peso do bebê no momento do parto do CEI Pirulito...91

Tabela 13. Distribuição do tempo gestacional da mãe em semanas e o peso do bebê no momento do parto do CEI Mickeylândia...91

Tabela 14. Distribuição da idade da criança em relação às aquisições do CEI Pirulito...92

Tabela 15. Distribuição da idade da criança em relação às aquisições do CEI Mickeylândia...93

Tabela 16. Distribuição do sono da criança no primeiro ano de vida e atualmente do CEI Pirulito...94

Tabela 17. Distribuição do sono da criança no primeiro ano de vida e atualmente do CEI Mickeylândia...95

Tabela 18. Distribuição da escolaridade do pai, da mãe e do responsável pela criança do CEI Pirulito...95

Tabela 19. Distribuição da escolaridade do pai, da mãe e do responsável pela criança do CEI Mickeylândia...96

Tabela 20. Condição de moradia da família das crianças do CEI Pirulito...97

Tabela 21. Condição de moradia da família das crianças do CEI Mickeylândia...97

Tabela 22. Distribuição da renda familiar dos pais das crianças do CEI Pirulito...97

Tabela 23. Distribuição da renda familiar dos pais das crianças do CEI Mickeylândia...98 Tabela 24. Análise do desenvolvimento motor/16 crianças do CEI Pirulito

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de 3 a 5 anos...99 Tabela 25. Análise do desenvolvimento motor/16 crianças do CEI Mickeylândia

de 3 a 5 anos...101 Tabela 26. Distribuição da média, desvio padrão e Wilcoxon para amostras

independentes no CEI Pirulito...103 Tabela 27. Distribuição da média, desvio padrão e Wilcoxon para amostras

independentes no CEI Mickeylândia...103 Tabela 28. Distribuição dos valores da idade motora – IM2 segundo o teste de

Wilcoxon para amostras independentes nos CEI´s Mickeylândia e Pirulito...104 Tabela 29. Distribuição dos valores do quociente motor - QM2 segundo o teste de

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TABELA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Quocientes motores obtidos em pesquisas, visto que QMG (A),

pertence ao CEI Mickeylândia...105 Gráfico 2. Quocientes motores obtidos em pesquisas, visto que QMG (A),

pertence ao CEI Pirulito...106 Gráfico 3. Distribuição dos níveis de desenvolvimento motor encontrados no

CEI Pirulito...107 Gráfico 4. Distribuição dos níveis de desenvolvimento motor encontrados

no CEI Mickeylândia...108 Gráfico 5. Preferência da utilização de uma das partes simétricas do corpo: mão,

olho, ouvido e perna do CEI Mickeylândia...110 Gráfico 6. Preferência da utilização de uma das partes simétricas do corpo: mão,

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TABELA DE QUADROS

Quadro 1. População dos CEI´s distribuídas por idades cronológicas...51

Quadro 2. População dos CEI´s distribuídas por idade cronológica utilizada na pesquisa...52

Quadro 3. Como realizar os gestos simples com os movimentos das mãos...63

Quadro 4. Como realizar os gestos simples com os movimentos das braços...64

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...18

2 DESENVOLVIMENTO MOTOR...24

2.1 Características do desenvolvimento humano...24

2.2 Etapas do desenvolvimento motor...29

2.2.1 Motricidade Fina...29 2.2.2 Motricidade Global...31 2.2.3 Equilíbrio...32 2.2.4 Esquema corporal...34 2.2.5 Organização espacial...35 2.2.6 Organização temporal...36 2.2.7 Lateralidade...38 2.2.8 Linguagem...40

2.3 Etapas cognitivas do desenvolvimento...42

2.4 A importância da estimulação no desenvolvimento da criança...43

2.5 Atraso Motor...43

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2.6.1 Teste motor...45

2.6.2 Prova motora...46

2.6.3 Perfil motor...46

2.7 A Fisioterapia no desenvolvimento motor...46

3 DELINEAMENTO DA PESQUISA...49

3.1 Tipo de pesquisa...49

3.1.1 Tipo de pesquisa quanto ao nível...49

3.1.2 Tipo de pesquisa quanto à abordagem...50

3.1.3 Tipo de Pesquisa quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados...50

3.2 População e amostra...51

3.2.1 Critérios de inclusão...52

3.3 Procedimentos utilizados na coleta de dados...53

3.3.1 Motricidade fina...54 3.3.2 Motricidade global...58 3.3.3 Equilíbrio...60 3.3.4 Esquema corporal...63 3.3.5 Organização espacial...65 3.3.6 Organização temporal...70 3.3.7 Lateralidade...73

3.3.8 Definição dos termos...74

3.4 Instrumentos utilizados na coleta dos dados...77

3.5 Tratamentos utilizados para análise dos dados...79

3.6 Classificação dos resultados...80

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3.7.1 Aspectos Legais...81

3.7.2 Aspectos Éticos...81

3.7.2.1 Pesquisa em seres humanos...81

3.7.3 Aspectos Morais...82

4 APRESENTAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...84

4.1 Comparação dos resultados obtidos do questionário psicossocial aplicado aos pais e/ou responsáveis pelas crianças nos CEI´s do município de Gravatal/SC...85

4.2 Desenvolvimento motor...99 4.2.1 Lateralidade...109 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...112 REFERÊNCIAS...115 ANEXOS...120 Anexo A – Labirinto...121

Anexo B – Prova de imitação de gestos simples/Mãos...122

Anexo C – Prova de imitação de gestos simples/braços...123

Anexo D – Prova de rapidez...124

Anexo E – Prova de organização espacial/Tabuleiro posição normal...125

Anexo F – Prova de organização espacial/Tabuleiro posição invertida...126

Anexo G – Prova dos palitos...127

Anexo H – Jogo de Paciência...128

Anexo I – Direita e Esquerda/ Conhecimento sobre si...129

(18)

Anexo L – Direita e Esquerda/Reconhecimento sobre o outro...131

Anexo M – Lateralidade das mãos...132

Anexo N – Lateralidade dos pés...133

Anexo O – Lateralidade dos olhos...134

Anexo P – Ficha técnica da EDM...135

Anexo Q – Ficha de avaliação da EDM...136

Anexo R – Termo de Consentimento...137

Anexo S – Questionário Psicossocial...139

(19)

1 INTRODUÇÃO

O padrão de crescimento, comportamento e desenvolvimento evolutivo do aparelho motor humano, são facilmente modificados através do tempo, sofrendo influências, que são inúmeras, comprometendo, afetando sua evolução. A adaptação de uma necessidade específica a um movimento, um ato motor, caracteriza em bases científicas o movimento intencional, provocado, com significância para o ser humano. De tal forma que, as influências sofridas pelo mesmo em seu aparelho motor, nada mais é do que a combinação das mesmas, ou seja, a maturação biológica com ação do meio. Com isso, o ser humano tende a se adaptar neuropsicomotoramente ao meio onde vive.

Desde o momento da concepção o organismo humano tem uma lógica biológica, uma organização, um calendário maturativo e evolutivo, uma porta aberta à interação e a estimulação. As possibilidades motoras da criança evolucionam amplamente com sua idade, sendo cada vez mais variadas e complexas. Durante a gestação, o feto começa a dar sinais de vida ao mundo exterior fundamentalmente através de uma atividade motora (ROSA NETO, 1996).

Com isso o processo evolutivo se resume em apenas uma palavra: movimento. Movimento o qual, está sempre projetado à frente de uma satisfação, de uma busca pela necessidade.

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Schwartzman (2000) afirma que o desenvolvimento se refere ao conjunto de alterações seqüenciais na vida de um organismo e que podem ocorrer a nível molecular, funcional ou comportamental. Estas modificações são idade-dependentes sendo quantitativas e qualitativas. O desenvolvimento será, em última instância, o resultado final da interação contínua entre potenciais biológicos geneticamente determinados e circunstâncias ambientais.

Portanto, podemos afirmar que o desenvolvimento motor é adquirido e aperfeiçoado pela criança através de tentativas e erros, ou seja, ela usa, modifica e adapta suas experiências sensório-motoras presentes, sempre na dependência da direção e do input sensorial, fornecido pela visão, audição, tato, pressão e propriocepção. A qualidade da atividade motora é de grande importância no desenvolvimento global da criança, considerando que um bom controle motor permitirá a criança explorar seu meio, oferecendo-lhe experiências concretas sobre as quais formar-se-ão as noções básicas para o seu desenvolvimento intelectual.

Segundo Gesell (1996), a maneira como a criança utiliza seu potencial é sempre influenciada pelo ambiente, considerando a importância do contexto sócio-afetivo.

Para Andraca (1998), um ambiente carente em estímulos pode atrasar o ritmo de desenvolvimento, o que diminuiria a qualidade de interação da criança com o seu meio, restringindo sua capacidade de aprendizagem.

É através da estimulação que a criança adquire maturação suficiente para desenvolver suas potencialidades, sendo indispensável que as crianças sejam estimuladas desde o nascimento e principalmente no início da vida escolar.

Em 1925 Heuyer (apud ROSA NETO, 2002, p. 13), que partiu da perspectiva de Dupré, empregou o termo psicomotricidade a fim de ressaltar a associação estreita entre o desenvolvimento da motricidade, da inteligência e da afetividade. Em sua memória sobre os

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transtornos da motricidade em uma criança normal e em outra anormal, propôs o que seria a prática reeducativa.

Com isso, Heuyer (apud ROSA NETO, 2002, p. 13), relata que crianças que apresentam retardamento intelectual, é necessário conceder um lugar importante à educação motriz ao lado da instrução pedagógica particular que deve receber um débil mental.

Não se pode esquecer do desenvolvimento da linguagem, a qual nos possibilita representar as complexas abstrações que são o fundamento de nossa sociedade e nem a lateralidade que é a preferência da utilização de uma das partes simétricas do corpo: mão, olho, ouvido e perna; já que o mundo não foi feito mais para os destros do que para os sinistros, desta maneira cada criança se adapta e adquire sua lateralidade conforme a organização de suas atividades motoras. Nesse sentido, esse conjunto de ações, atividades realizadas com a criança, nos permite uma visão ampla para a classificação da idade motora da mesma, obtendo um resultado positivo ou negativo, neste último caso teríamos um atraso motor em meses.

Segundo Ajuriaguerra (apud ROSA NETO, 2002, p. 27), o acesso à linguagem propriamente dita se caracteriza por um abandono progressivo das estruturas elementares da linguagem infantil e do vocabulário que é o próprio, substituindo-o por construções cada vez mais parecidas com a linguagem do adulto. Ao mesmo tempo, a linguagem passa a ser um instrumento de conhecimento, um substituto da experiência direta. A redundância com a ação e com o gesto desaparece pouco a pouco. Desta forma, observa-se a constante relação entre as aquisições verbais da criança e os estímulos recebidos no ambiente.

Há uma crescente preocupação em verificar como a dinâmica e o nível sócio-econômico de instituições que se destinam a matricular crianças pré-escolares está ou não afetando o seu processo de desenvolvimento neuropsicomotor.

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Atualmente, neste sistema de globalização, a mulher começou a participar de forma mais ativa na sociedade, precisando dispor de mais tempo fora de casa. Neste processo os pais até aqui responsáveis pelos cuidados diários de seus filhos, estão sendo substituídos pelas creches, escolinhas e centros educacionais.

Têm-se mostrado que o ambiente coletivo de creche, centros educacionais e escolinhas nem sempre traz oportunidades à criança de participar de todas as atividades estimulantes necessárias ao seu desenvolvimento. O fato de ter muitas crianças juntas é quase inevitável que sejam excluídas das atividades, além de se pretender que elas fiquem quietas e obedientes. Isto reforça a teoria de que receberão menos atenção, afeição e estimulação em uma instituição do que em casa (BOWLBY, 1988; MUSSEN et al 1995).

Através da análise sobre o desenvolvimento motor nas instituições, a pesquisa pretende saber : o quociente motor geral é mais baixo na rede pública ou na particular? Qual quociente motor específico está em maior desenvolvimento? Há diferença entre as instituições? Se sim, qual a relação desta análise?

As condições familiares quando desfavoráveis, influenciam negativamente no desenvolvimento da criança, em relação às instituições com qualidade, pois uma mãe desequilibrada ou de baixa condição social afeta a saúde mental da criança e seu desenvolvimento. Estas questões vêm sendo intensamente discutidas em pesquisas sobre o apego e psicomotricidade (MUSSEN et al 1995; PAPALIA ; OLDS, 2000).

A avaliação do desenvolvimento motor geral destas crianças é importante no diagnóstico de possíveis atrasos, evitando assim complicações que possam vir a ocorrer futuramente.

De acordo com o exposto acima, pode-se conhecer melhor as alterações precocemente nos pré-escolares, traçando desta maneira melhores objetivos e técnicas para a população analisada.

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Quanto mais precocemente for identificado tais alterações, melhor será o desenvolvimento motor da criança, pois a fisioterapia atua de maneira efetiva junto as alterações motoras, propiciando à mesma uma condição melhor de aprendizagem, minimizando o fator causal que possa vir a provocar as alterações e complicações no letramento do pré-escolar.

Nesse contexto, os cuidados proporcionados pela fisioterapia aplicada em pediatria também objetivam a prevenção de alterações motoras, que se apresentam muito mais freqüentes em crianças pré-escolares quando não estimuladas ou quando não se desenvolvem adequadamente em seu meio, provocando um desequilíbrio em suas habilidades motoras.

Além de a fisioterapia minimizar e/ou prevenir o fator causal no pré-escolar, ela proporcionará uma interdisciplinariedade entre os profissionais que atuam diretamente com a criança, promovendo uma melhora no rendimento escolar, bem como atividades diretamente ligadas ao desenvolvimento, e que possam estar sendo utilizadas em seu contexto escolar de forma lúdica, promovendo desta forma um prazer maior a criança.

Por este motivo, há a necessidade de buscar medidas de prevenção e tratamento para algumas dificuldades e alterações encontradas que possam interferir no rendimento e aprendizado escolar, constatado através de provas de motricidade encontradas na Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) – Rosa Neto, e uma avaliação psicossocial obtida por um questionário composto por questões abertas e fechadas, determinando a causa da possível alteração. Os mesmos foram realizados em crianças na faixa etária de 3 a 5 anos nos CEI´s Mickeylândia e Pirulito no bairro de Termas do Gravatal, na cidade de Gravatal/SC.

Lembrando que para determinadas atividades, há uma consideração em relação aos êxitos e fracassos, conforme as normas estabelecidas pelo autor da escala.

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Segundo Rosa Neto (2002, p. 27-28), “[...] é importante lembrar que o caráter estatístico de nível normal de referência dos testes não engloba o mesmo valor para todas as populações, tendo em vista os aspectos afetivos e sociais.”

Portanto, após a contextualização, justifica-se este projeto, através da experiência já realizada e relatada na disciplina de Fisioterapia Preventiva II, em um bairro da cidade de Tubarão-SC, considerado de baixa renda, a qual mostrou uma discrepância nos resultados dos dados referentes ao gênero, quocientes motores e idade motora geral das crianças pesquisadas bem como influências sócio-afetivas, o estado nutricional e neuropsicomotor. Trabalho este publicado no II Congresso Internacional de Especialidades Pediátricas – Criança 2005, no módulo de reabilitação, na forma de pôster.

Neste estudo, o objetivo geral foi o de analisar o desenvolvimento motor em crianças pré-escolares. Esta pesquisa tem ainda como objetivos específicos, avaliar o quociente motor geral, avaliar a motricidade fina e global, o equilíbrio, a organização espacial e temporal, a lateralidade, comparar os quocientes motores entre as instituições.

Este estudo está subdividido em cinco capítulos. O primeiro consta da apresentação do problema, justificativa e os objetivos do estudo. O segundo capítulo fala do referencial teórico, descrevendo detalhadamente sobre o assunto da pesquisa. O terceiro capítulo refere-se ao delineamento da pesquisa, expondo o tipo de pesquisa, população e amostra, procedimentos, instrumentos e métodos utilizados na coleta dos dados, tratamento para análise dos dados e classificação dos resultados. Já o quarto capítulo, relata a apresentação, interpretação e discussão dos resultados. E o quinto capítulo refere-se às considerações finais.

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2 DESENVOLVIMENTO MOTOR

2.1 Características do desenvolvimento humano

Para Bee (1996), a expressão desenvolvimento motor é usada para descrever a emergência das várias capacidades de movimentar-se, usar o corpo de maneiras hábeis. Ele inclui várias habilidades de movimento, como engatinhar, caminhar, correr e andar de bicicleta, assim como as habilidades manipulativas como agarrar e apanhar objetos, atirar uma bola, segurar um lápis.

O desenvolvimento motor é uma série de transformações, caracterizadas pelos processos de maturação que irão acontecer ao longo da vida através de interação entre o biológico e o social. "A motricidade possibilita ao homem o confronto com o meio ambiente. Para a criança, a melhora constante das capacidades motoras significa a aquisição da sua independência e a capacidade de adaptar-se a fatos sociais." (FLEHMIG, 2000, p. 2).

Para Shepherd (1998), a coordenação motora de cada indivíduo é resultante do desenvolvimento de habilidades que ele consegue na relação espontânea de seu corpo com o mundo dos objetos e indivíduos. Por outro lado, também é resultante das aprendizagens adquiridas através do treino das habilidades ou potencialização neuronal, em que a escola e as atividades práticas têm um valor muito significativo.

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Desde o nosso nascimento até a morte, sofremos variações constantes em nosso desenvolvimento motor, dentro de um ritmo cronológico.

Para Ajuriaguerra (1983), o desenvolvimento passa por três etapas distintas. A primeira fase compreende a organização da constituição motora, a organização tônica de fundo, a organização proprioceptiva e o desaparecimento das reações primitivas. As crianças nascem com as condições anatomofisiológicas de seus reflexos. Para que estes se tornem atos é preciso que o ser tenha experiências em relação ao meio, através de estímulos que vem a romper o equilíbrio de sua organização. O segundo período é da organização do plano motor, onde ocorre a passagem da interação sucessiva para a integração simultânea. O ser humano evolui para a mobilidade funcional, cujo desenvolvimento traz consigo a base de sua construção em relação a uma maior plasticidade do funcionamento das formas anatômicas, em relação à função cognitiva descoberta progressivamente. Por fim, a terceira etapa caracteriza-se pela automatização do movimento. Este, por sua vez, torna-caracteriza-se mais eficiente, adequando-caracteriza-se de maneira mais eficaz às intenções da criança.

Segundo Rosa Neto (2002, p. 12) o desenvolvimento representa a aquisição de funções cada vez mais complexas. Ocupa-se de fenômenos que indicam a diferenciação progressiva dos órgãos e de suas especializações, no amadurecimento de sua função.

O desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) é o incremento organizado das funções neuropsicomotoras cada vez mais complexas. O DNPM tem substrato orgânico e depende da integridade do SNC maturação (mielinização) a qual dependerá da nutrição adequada, estimulação psicomotora e afetiva. (ROSA NETO, 2002, p. 12).

Segundo Burns, McDonald (1999), a criança do primeiro mês até o oitavo mês de idade desenvolve-se como descrito abaixo.

1º Mês

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Resposta reflexa diante de estímulos sensoriais específicos. Quanto ao comportamento social e emocional a criança consola-se quando pegada ao colo. Alerta aos sons e às imagens visuais, reagindo à mãe. Tranqüiliza-se. Com seis semanas: sorri e se deixa acariciar. Quanto à audição, vocalização, fala, linguagem sobressalta-se com o som de vozes. Com seis semanas: presta atenção aos sons. Quanto à visão, manipulação olho-mão segue bola com o olhar: horizontalmente com quatro semanas, verticalmente com seis semanas, em círculo com oito semanas. Seu desempenho leva a mão à boca, movimentos ativos das pernas, alguns movimentos com os braços.

4º Mês

No quarto mês a criança se mantém na posição sentada deixa a cabeça erguida e equilibrada, em decúbito ventral apóia-se sobre os cotovelos e mãos, é capaz de virar-se para o lado. Brinca com a mãe. Prevê quando levada ao colo. Percebe situações novas. Vocaliza dois sons diferentes. Vira-se para a origem do som. Observa objeto puxado por corda. Explora visualmente o espaço, olhos acompanhando todos os movimentos, convergindo e fixando determinado objeto. Brinca com os próprios dedos, tenta pegar um brinquedo que lhe é estendido em distância apropriada.

8º Mês

No oitavo mês a criança tem presente o Reflexo de Landau. Colocação com apoio, suporte de peso, reação de endireitamento. Protege-se para adiante e lateralmente durante a prova do pára-quedismo. Fica sentada sozinha, vira-se, arrasta-se e engatinha. Distingue entre estranhos e amigos, embora cautelosa. Estende os braços para ser pega. Reage diante da própria imagem no espelho. Chora quando lhe tiram o brinquedo. Presta atenção à fala, balbucia "mamá, dadá", quatro sons diferentes. Bebe com copo, segurado pela mamãe. Pega

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objeto bamboleante, transfere de um a mão para outra. Puxa brinquedos pelo cordão. Toca uma sineta. Descobre um brinquedo escondido desde que mostrado. Manipula dois objetos, um em cada mão.

Falando ainda sobre o desenvolvimento motor da criança, Holle (1990) relata do décimo segundo mês até o sexto ano de vida da criança.

12º a 15º Mês

Do décimo segundo ao décimo quinto mês a criança fica de pé e dá alguns passos sozinha. Vai da posição deitada à de pé, sem apoio. Come com colher, mas desperdiça boa quantidade. Constrói torre de dois blocos. Pára de levar as coisas à boca. Reage ao seu próprio nome. Compreende que todas as coisas e todas as pessoas têm nomes. Estende as pernas quando está sendo vestida. Emprega a mão dominante com mais freqüência.

15º a 18º Mês

Do décimo quinto ao décimo oitavo mês a criança sobe escadas, caminha com os pés separados. Bebe na caneca sozinha. Localiza rapidamente os sons e compreende algumas frases simples. Compreende onde a bola foi quando ela rola para fora de seu campo visual.

18º a 24º Mês

Do décimo oitavo ao vigésimo quarto mês a criança desce escadas engatinhando para trás. Sobe escada de pé, sozinha: segurando no corrimão. "Corre" desajeitadamente. Caminha lateralmente e para trás. Chuta uma bola. "Salta" desajeitadamente. Come com uma colher. Arremessa, mas sem direção definida. Constrói torre de três a quatro blocos. Ajuda a despir-se. Balbucia, imitando o tom e o ritmo da mãe, repete sons. Pronuncia frases de duas palavras. Compreende frases curtas, localiza sons em outra sala. Aponta algumas partes do

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corpo. Coloca as figuras de maneira certa. Consegue associar banheiro/defecação e banheiro/micção.

24º a 36º Mês

Com dois e três anos a criança articula o pé ao caminhar: marcha calcanhar-dedos. Desce escadas sozinha, segurando no corrimão. Pára e muda subitamente de direção. Anda de velocípede. Agarra uma bola grande com ambos os braços. Come com garfo. Diz o nome de uma cor. Constrói torres de seis a oito blocos. Despeja líquido na xícara. Discrimina quente/frio. Não balbucia mais, combina de três a cinco palavras, verbaliza ações, tem a dentição completa e a mastigação trituradora. Diz o nome de algumas partes do corpo e conhece seu próprio sexo.

36º a 48º Mês

Com três e quatro anos a criança ao caminhar não bamboleia, corre bem, sobe e desce escadas facilmente. Caminha sobre uma linha. Agarra bola grande com os dedos abertos e agarra bola pequena com dedos em concha. Constrói torres de nove blocos. Reconhece as coisas pelo tato sem vê-las. Diz o nome das partes do corpo. Vai ao banheiro sozinha, mas precisa se ajuda.

48º a 60º Mês

Com quatro e cinco anos a criança caminha em rotação. Ergue-se da posição supina com um só movimento. Fica de pé sobre uma perna só, salta para frente sobre as duas pernas. Agarra bola pequena com ambas as mãos. Diz o nome de todas as cores. Lava as mãos e o rosto. Diz onde dói. Pronuncia frases longas, faz perguntas constantemente. Distingue o pesado/leve.

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60º a 72º Mês

Com cinco e seis anos a criança pula corda. Fica de pé sobre uma perna só. Salta agilmente. Salta em um pé só. Come e desenha com preensão. Arremessa bola com movimento completo. Visão totalmente completa. Reconhece os símbolos numéricos. Veste-se sozinha e amarra os cordões dos sapatos. Pergunta os significados das palavras. Conhece seu lado direito e esquerdo.

2.2 Etapas do desenvolvimento motor

A motricidade compreende o desenvolvimento das funções do corpo e de suas partes. As atividades motoras buscam desenvolver funções perceptivas do organismo e a organização destas informações na coordenação de respostas musculares.

De acordo com Rosa Neto (2002), a motricidade abrange os seguintes elementos a serem estudados e avaliados na amostra: motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial, organização temporal, linguagem e lateralidade.

2.2.1 Motricidade fina

A motricidade fina engloba todas as habilidades da criança e requer a participação de várias funções coordenativas para realização de um determinado movimento.

Motricidade fina, segundo Burns, McDonald (1999, p. 45) "[...] manifesta-se por meio de construir usando a imaginação, com auxílio de blocos ou de materiais semelhantes, de copiar ou de imitar as atividades dos adultos, de jogar bola, enfiar, desenhar, cortar com tesoura ou escrever."

A coordenação visuo manual representa a atividade mais freqüente e mais comum no homem, que atua para pegar um objeto e lançá-lo, escrever, desenhar, pintar, recortar, etc.

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Inclui uma fase de transporte da mão seguida de uma fase de agarre de manipulação para integrar um conjunto seus três componentes: objeto-olho-mão.

A atividade manual, guiada visualmente, faz intervir simultaneamente o conjunto dos músculos que asseguram a manutenção dos ombros e dos braços, do antebraço e da mão particularmente responsável do agarre manual ou do ato motor, assim como os músculos óculo motores que regulam a fixação do olhar, as sacudidas oculares e os movimentos de perseguição (ROSA NETO, 2002).

O giro pré-central e as áreas córtico-sensomotoras desempenham funções importantes na motricidade.

Segundo Rosa Neto (2002), o giro pré-central corresponde à motricidade fina e tem um papel fundamental no controle dos movimentos isolados das mãos e dos dedos para pegar o objeto. A importância das áreas córtico-sensomotoras das mãos, dos dedos, faz ressaltar a fineza extrema dos controles táteis e motores. As explorações tácteis e palmatória permitem o reconhecimento das formas sem a intervenção da visão. As informações cutâneas e articulares associadas à motricidade digital proporcionam as indicações a partir das quais as formas podem ser reconstituídas.

Segundo Oliveira (1998), temos que ter condições de desenvolver formas diversas de pegar os diferentes objetos. É através do ato de preensão que uma criança vai descobrindo pouco a pouco os objetos do seu meio ambiente. A diversificação de experiências de manipulação vai favorecer o controle tônico e visual dos movimentos das mãos e dedos, estimulando o desenvolvimento eficiente da praxia fina.

2 anos: Construção de uma torre. 3 anos: Construção de uma ponte. 4 anos: Enfiar a linha na agulha.

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5 anos: Fazer um nó.

6 anos: labirinto. (anexo A) 7 anos: Bolinhas de papel.

2.2.2 Motricidade global

A motricidade global se refere aos movimentos dos grandes grupos musculares responsáveis pelo andar, correr, saltar...

A capacidade da criança, seus gestos, atitudes, seus deslocamentos, seu ritmo nos permitem conhecer-lhe e compreender-lhe, às vezes, melhor que pelas palavras pronunciadas. Naturalmente, a criança brinca imitando cenas da vida cotidiana: fala movimentando-se, canta dançando ou o contrário, se põe primeiro a dançar e o canto nasce ao mesmo tempo. Expressa sua afetividade e exercita sua inteligência simultaneamente (ROSA NETO, 2002).

Ainda Rosa Neto (2002, p. 26), "[...] é através da brincadeira espontânea que a criança descobre os ajustes diversos, complexos e progressivos da atitude motriz, resultando em um conjunto de movimentos coordenados em função de um fim a conseguir.”

Conforme Fiates (2001), a eficiência da motricidade global depende da integração dos mecanismos como a tonicidade, o equilíbrio, o esquema corporal e a estruturação espaço-temporal. E, a partir destes mecanismos, a criança realiza ações econômicas e precisas.

A motricidade global diz respeito a movimentos de grande porte.

Para Fonseca (1995), as atividades normais da criança de correr, saltar, lançar, arrastar-se, fazem parte da infância e representam as atividades de motricidade ampla. A mesma depende do tônus muscular, do equilíbrio e da postura que juntos dão lugar a movimentos homônimos, sincronizados e eficientes. Consiste na motricidade global quando há uma organização cerebral.

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[...] habilidades básicas são atividades motoras comuns, como uma meta geral, sendo ela a base para atividades motoras mais avançadas e altamente específicas. Estudos mostram que, até aproximadamente seis e sete anos de idade, o desenvolvimento motor da criança se caracteriza basicamente pela aquisição, estabilização, diversificação das habilidades básicas. Nos anos que seguem, até dez a doze anos, o desenvolvimento se caracteriza pelo refinamento e diversificação na combinação destas habilidades, em padrões seqüenciais cada vez mais complexos. (FONSECA, 1995, p. 54).

2 anos: Subir sobre um banco. 3 anos: Saltar sobre uma corda. 4 anos: Saltar sobre o mesmo lugar 5 anos: Saltar uma altura de 20 cm. 6 anos: Caminhar em linha reta. 7 anos: Pé manco.

2.2.3 Equilíbrio

O equilíbrio abrange o controle tônico-postural frente à força gravitacional que atua sobre o indivíduo.

Segundo Fiates (2001, p. 26), "[...] o organismo alcança o equilíbrio quando é capaz de manter e controlar posturas, posições e atitudes, e depende intimamente da função proprioceptiva, da função vestibular e da visão, sendo o cerebelo o principal coordenador destas informações."

A capacidade para manter o equilíbrio durante os movimentos realizados na posição sentada ou bípede é fundamental para o funcionamento eficaz na vida cotidiana.

Um equilíbrio correto é a base essencial de toda coordenação dinâmica geral e também de toda ação diferenciada dos membros superiores. Quanto mais o equilíbrio é falho, maior é a absorção de energia útil para outros trabalhos, e esta luta constante contra o desequilíbrio, ainda que inconsciente, fatiga o espírito e distrai involuntariamente a atenção. (PICQ; VAYER, 1985, p. 29).

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Rosa Neto (2002) afirma que o equilíbrio é a capacidade de manter o corpo em uma mesma posição durante um tempo determinado. Entende-se por equilíbrio a capacidade de assumir e sustentar qualquer posição do corpo contra a lei da gravidade e que, um equilíbrio correto é à base de toda a coordenação dinâmica geral do corpo, bem como das ações diferentes de seus seguimentos. Neste caso, se uma criança não adquiriu um equilíbrio geral, os movimentos específicos, com grandes e pequenos músculos, poderão ficar prejudicados, como por exemplo, ao receber uma bola, ao correr girando o pneu, ao recortar com a tesoura, ao desenhar, etc., apresentando assim, um consumo maior de energia e, conseqüentemente, estados de fadiga.

O equilíbrio é a base primordial de toda ação diferenciada dos segmentos corporais. Quanto mais defeituoso é o movimento mais energia consome, tal gasto energético poderia ser canalizado para outros trabalhos neuromusculares. Dessa luta constante, ainda que inconsciente, contra o desequilíbrio resulta numa fatiga corporal, mental e espiritual, aumentando o nível de estresse, ansiedade, e angústia do indivíduo. Em efeito, existem relações estreitas entre as alterações ou insuficiências do equilíbrio estático e dinâmico e os latentes estados de ansiedade ou insegurança (ROSA NETO, 2002).

2 anos: Equilíbrio estático sobre um banco. 3 anos: Equilíbrio sobre um joelho.

4 anos: Equilíbrio com o tronco flexionado. 5 anos: Equilíbrio nas pontas dos pés. 6 anos: Pé manco estático

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2.2.4 Esquema corporal

A construção do esquema corporal tem um papel fundamental no desenvolvimento da criança, pois tal organização é o ponto de partida de suas diversas possibilidades de ação.

Esquema corporal refere-se ao conhecimento que temos de nosso corpo em movimento ou posição estática quanto aos objetos e ao espaço.

Para Picq e Vayer (1985, p. 25), "[...] o esquema corporal é a organização das sensações relativas ao seu próprio corpo em relação aos dados do mundo exterior."

A construção do esquema corporal tem um papel fundamental no desenvolvimento da criança, pois tal organização é o ponto de partida de suas diversas possibilidades de ação.

Para Fiates (2001), a aquisição do esquema corporal dá condições para adquirir o conhecimento, consciência e domínio progressivo dos elementos que constituem o mundo, e permite a conexão da criança consigo mesma e com o meio.

Mucchielli (apud PICQ; VAYER 1985) afirma que este processo que forma o esquema corporal desenvolve-se lentamente na criança e é completado normalmente nos 11-12 anos de idade. A criança na sua própria atividade constrói seu próprio esquema em relação ao seu próprio corpo, através de sensações visuais e auditivas.

Segundo Rosa Neto (2002), os primeiros contatos corporais que a criança percebe, manipula e com os quais joga são de seu próprio corpo. A construção do esquema corporal, isto é, a organização das sensações relativas a seu próprio corpo em associação com dados do mundo externo exerce um papel fundamental no desenvolvimento da criança, já que essa organização é o ponto de partida das suas diversas possibilidades de ação, sendo assim,

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esquema corporal é a organização das sensações a seu próprio corpo, associadas com dados do mundo externo.

2 a 5 anos: Controle do próprio corpo (anexo B e C) 6 a 11 anos: Prova de rapidez (anexo D)

2.2.5 Organização espacial

Organização espacial diz respeito à capacidade de situar-se a si próprio, localizar outros objetos num determinado espaço e orientar-se perante o meio. De Meyer e States (1999) definem organização espacial como a tomada de consciência da situação de seu próprio corpo em um meio ambiente; a tomada da situação das coisas entre si; e a possibilidade do sujeito de organizar-se perante o mundo que o cerca, de organizar as coisas entre si, de colocá-las em um lugar e de movimentá-las.

A partir da percepção do próprio corpo é que se pode perceber o espaço exterior. Segundo Salgado Filho (2001), este espaço é explorado por uma dupla e simultânea percepção: uma exteroceptiva, ligada à percepção imediata do meio ambiente, caracterizada pelo espaço perceptivo ou sensoriomotor, e outra proprioceptiva, baseada sobre as operações mentais que saem do espaço representativo e intelectual.

Para Rosa Neto (2002) a noção do espaço é uma noção ambivalente, ao mesmo tempo concreta e abstrata, finita e infinita. Inclui tanto o espaço do corpo diretamente acessível, como o espaço que nos rodeia, finito enquanto nos é familiar, porém que se estende ao infinito, no inverso, e desvanece no tempo. O espaço físico absoluto existe independente de seu conteúdo e de nós, enquanto que o espaço psicológico associado a nossa atividade mental se revela diretamente em nosso nível de consciência. Na vida cotidiana utilizamos

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constantemente os dados sensoriais perceptivos relativos ao espaço que nos rodeia. A organização espacial depende simultaneamente da estrutura de nosso próprio corpo (estrutura anatômica, biomecânica, fisiológica, etc.), da natureza do meio que nos rodeia e de suas características. Diversas modalidades sensoriais entram no contexto da percepção espacial.

Ainda segundo o autor citado acima, todas as modalidades sensoriais participam em certa medida na percepção espacial: a visão, a audição, o tato, a própria percepção e o olfato. As informações recebidas não estão sempre de acordo e implicam, inclusive, percepções contraditórias. A orientação espacial designa nossa habilidade para avaliar com precisão a relação entre nosso corpo e o ambiente e para efetuar as modificações no curso de nossos deslocamentos.

2 anos: Tabuleiro/ Posição normal (conforme modelo em anexo E). 3 anos: Tabuleiro/ Posição invertida (conforme modelo em anexo F). 4 anos: Prova dos Palitos (conforme modelo em anexo G).

5 anos: Jogo de Paciência (conforme modelo em anexo H).

6 anos: Direita/ Esquerda - Conhecimento sobre si (conforme modelo em anexo I).

7 anos: Execução de Movimentos (conforme modelo em anexo J).

2.2.6 Organização temporal

Podemos perceber o tempo a partir do momento em que classificamos algum acontecimento em antes ou depois, e através das mudanças ocorridas em um determinado tempo.

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mudanças que se produzem durante um período estabelecido e da sua sucessão que transforma progressivamente o futuro em presente e depois em passado. O tempo é antes de tudo memória, à medida que leio, o tempo passa. Assim aparecem os dois grandes componentes da organização temporal, a ordem e a duração, que o ritmo reúne, o primeiro define a sucessão que existe entre os acontecimentos que se produzem, uns a continuação de outros, numa ordem física irreversível; a segunda permite a variação do intervalo que separa dois pontos, o princípio e o fim de um acontecimento. Esta medida possui diferentes unidades cronométricas como o dia e suas divisões, horas, minutos e segundos. A ordem ou distribuição cronológica das mudanças ou acontecimentos sucessivos representa o aspecto qualitativo do tempo e a duração seu aspecto quantitativo.

Ainda de acordo com o mesmo autor, a organização temporal inclui uma dimensão lógica (conhecimento da ordem e da duração, acontecimentos se sucedem com intervalos), uma dimensão convencional (sistema convencional de referências, horas, dias, semanas, meses e anos) e um aspecto de vivência que surge antes dos dois (percepção e memória da sucessão e da duração dos acontecimentos na ausência de elementos lógicos ou convencionais). A consciência do tempo se estrutura sobre as mudanças percebidas - independentemente de ser sucessão ou duração, sua retenção está vinculada à memória e à codificação da informação contida nos acontecimentos. Os aspectos relacionados à percepção do tempo evoluem e amadurecem com a idade.

Para Fiates (2001), a estruturação temporal é muito importante no desenvolvimento da criança, pois uma criança bem ajustada temporariamente é uma criança dotada de gestos harmônicos e ritmados, capaz de orientar-se no tempo e espaço. Por outro lado, a criança com distúrbios na percepção temporal apresenta dificuldades para organizar-se em função do tempo e na ordenação e seqüencialização dos fatos.

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2 anos: Frase de duas palavras, observação da linguagem espontânea.

3 anos: Repetir uma frase de seis a sete sílabas. 4 anos: Recorrendo às frases: "Você vai repetir".

5 anos: Lembrando as frases: "Bom, vamos continuar, você vai repetir".

2.2.7 Lateralidade

Vários autores possuem teorias diferentes sobre a lateralidade. Alguns autores explicam pela hereditariedade, outros com a hipótese de dominância hemisférica ou influência de fatores ambientais e outros defendem que é o resultado de uma associação de vários outros fatores. A lateralidade na criança se tornar mais evidente pela diferenciação de lado esquerdo do direito, a partir dos 6 a 8 anos de idade. A lateralidade ou lateralização constitui-se pelo predomínio motriz dos segmentos direito ou esquerdo do corpo, ou seja, durante o desenvolvimento, a criança define uma dominância lateral.

Segundo Le Boulch (apud SALGADO FILHO, 2001) "[...] a lateralidade é a manifestação de um predomínio motor relacionado com as metades do corpo, predomínio este que, por sua vez, provocam a aceleração do processo de maturação dos centros sensórios motores dos hemisférios cerebrais.”

Quanto às origens da lateralidade existem várias teorias. Uma se refere à herança, isto é, a lateralidade, relacionada com fatores genéticos. Outra se refere à dominância de um lado do córtex cerebral sobre o outro.

Segundo Rosa Neto (2002), o corpo humano está caracterizado pela presença de partes anatômicas pares e globalmente simétricas. Esta simetria anatômica se redobra, não obstante, por uma assimetria funcional no sentido de que certas atividades só intervêm numa das partes. Por exemplo, escrevemos com uma só mão; os centros de linguagem se situam na

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maioria das pessoas no hemisfério esquerdo. A lateralidade é a preferência da utilização de uma das partes simétricas do corpo: mão, olho, ouvido, membros superiores e inferiores; a lateralização cortical é a especialidade de um dos dois hemisférios cerebrais em quanto ao tratamento da informação sensorial ou em quanto ao controle de certas funções. Logo a lateralidade está em função de um predomínio que outorga a um dos dois hemisférios a iniciativa da organização do ato motor, o qual desembocará na aprendizagem e na consolidação das praxias. Essa atitude funcional, que é suporte da intencionalidade, se desenvolve de forma fundamental no momento da atividade de investigação, ao longo da qual a criança vai preparar-se com seu meio. A ação educativa para colocar a criança nas melhores condições para acender uma lateralidade definida, respeitando fatores genéticos e ambientais, é a que lhe permite organizar suas atividades motoras. As primeiras manifestações da lateralidade apresentam-se desde o nascimento. Nesta fase, a lateralidade axial referente à organização tônica assimétrica do eixo do corpo é bastante visível.

Gesell (apud LE BOUCH, 1984) afirma que o estudo do reflexo tônico cervical no lactente permite predizer a lateralização em 75% dos casos.

Zazzo (apud RODRIGUES, 2000) estudando este fenômeno, defende que a lateralidade pode ser definida pela sua natureza, patológica ou normal, sem grau, mais ou menos forte, homogenia ou cruzada.

Segundo o mesmo autor, a lateralização cruzada pode ser um fator de risco para o surgimento de desequilíbrio e alterações.

Conforme Holle (apud SALGADO FILHO, 2001) a afirmação definitiva da lateralidade começa em média aos 6 anos até a sua culminância aproximadamente aos 10-11 anos.

Para Picq e Vayer (1985), os distúrbios da lateralidade causam dificuldades para a criança quanto à estruturação espacial e obstáculos paralelos à escrita, leitura e ditado.

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A linguagem nos permite representar as complexas abstrações que são o fundamento de nossa sociedade. No desenvolvimento da linguagem intervêm fatores biológico e ambiental. A execução de tarefas construtivas práticas é uma das formas manifestadas da atividade intelectual do homem. A segunda forma, muito mais elevada, é o pensamento discursivo ou lógico verbal, mediante o qual o homem, baseando-se nos códigos da linguagem, é capaz de ultrapassar os marcos da percepção sensorial, refletir sobre relações simples e complexas, formar conceitos, elaborar conclusões e resolver problemas teóricos complicados. Esta forma de pensamento é singularmente importante. Utilizada de base à assimilação e emprego dos conhecimentos e como meio fundamental da atividade cognitiva complexa do homem. (AJURIAGUERRA apud ROSA NETO, 2002).

• Lateralidade das mãos

• Lateralidade dos olhos: Cartão furado • Lateralidade dos pés: Chutar uma bola

2.2.8 Linguagem

Segundo Newcombe (1999) a linguagem é a capacidade de se comunicar com os demais por meio de palavras e frases, e é um componente poderoso da herança biológica humana.

Segundo Rosa Neto (2002) graças à linguagem, o pensamento permite delimitar os elementos mais essenciais da realidade; configurar em uma mesma categoria coisas e fenômenos que, na percepção direta podem parecer diferentes; reconhecer os fenômenos que, não obstante a semelhança externa pertence a esferas diversas da realidade. Na criança normal, a aquisição da linguagem se desenvolve segundo um plano cuja regularidade não deixa surpreender. A primeira etapa da aquisição da linguagem pode ser classificada como período pré-linguístico.

Segundo Ajuriaguerra (1983) esta fase, igualmente chamada de pré-verbal, se desenvolve durante os 10 primeiros meses de vida; é caracterizada por uma expressão

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bucofonatória que, por si mesma, não tem significado comunicativo.

Segundo Rosa Neto (2002) a partir do primeiro mês, à medida que o bebê adquire uma melhor coordenação respiratória, aparece o balbucio, que seria de sons não específicos em resposta a estímulos sem especificações. O papel dessa atividade é importante para a formação das coordenações neuropsicomotoras articulatórias.

Ainda dentro desse plano, aos 6 a 8 meses e outro autores dos 9 aos 12 meses de idade, podemos observar a fase de ecolalia, que segundo Rosa Neto (2002), o bebê instaura com seus pais uma espécie de sorte do "diálogo", o bebê responde a palavra do adulto mediante uma série de melodia homogênea e contínua. Pouco a pouco as emissões sonoras se transformam em emissões vocálicas e consonantais fundamentais. As primeiras palavras são, na maioria das vezes, "papai" e "mamãe".

Segundo Lemos e Daenecke (2000), isto pode ser explicado pelo fato de /p/ e /m/ serem consoantes labiais, sendo que a emissão é mais visível e mais constante em todas as línguas.

Passando a fase de ecolalia, se dá o período lingüístico, porém interpondo-se a esse podemos observar o período da pequena linguagem.

Segundo Rosa Neto (2002), as primeiras palavras aparecem muitas vezes em situação de ecolalia, porém, aos 12 meses, a criança deve ter adquirido de 5 a 10 palavras, e aos 2 anos de idade o vocabulário pode alcançar 200 palavras, e dos 3 aos 5 anos, 1500 palavras.

Dentro do período lingüístico, temos o período de locução que, segundo Ajuriaguerra (1983), a criança emprega as mesmas palavras de diversos significados para a mesma situação. É também o período delocutivo que corresponde à aquisição e utilização diferenciada dos elementos da frase. A criança emprega palavras-frase antes de chegar às palavras na relação sujeito-predicado. A terceira fase diz respeito ao "aprendizado da

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literatura".

O mesmo autor ainda relata que a criança começa a ler quando atinge certo grau de maturidade; a fase da literatura sobrevém após a fase de organização oral, expressiva e compreensiva. A leitura é uma nova forma de compreensão verbal, tende a libertar a criança das formas primitiva verbo-orais.

Conforme Nascimento e Machado (1996), a grande maioria das crianças que é portadora de um distúrbio psicomotor também apresenta problema de fala ou de linguagem. Esse problema se revela mais freqüentemente sob a forma de atraso - a criança começa a falar mais tarde, geralmente, após os quatro anos de idade cronológica e o faz com grande lentidão.

2.3 Etapas cognitivas do desenvolvimento

As funções cognitivas importantes que aparecem no início da infância, incluindo a memória, a linguagem e a auto consciência, não estão localizadas em lugares específicos do cérebro, de acordo com Newcombe (1995, p. 57), “[...] elas derivam de relações complexas entre diferentes partes do cérebro. Esse crescimento se deve a maturação bem como a experiência.”

Conforme Ratliffe (2000) Jean Piaget, o pesquisador suíço que influenciou profundamente o campo do desenvolvimento infantil, identificou quatro estágios de desenvolvimento pelos quais as crianças passam conforme se desenvolvem: estágio sensório motor, que é caracterizado pela exploração dos sentidos. Aprendem a manipular os objetos, leva-os a boca, aos pés e a todo corpo; estágio pré-operacional, onde a criança tem um entendimento literal do ambiente, não são capazes de ter perspectivas alternativas. O desenvolvimento da linguagem é do estágio pré-operacional; estágio operacional concreto, onde a criança desenvolve a capacidade de usar a lógica que abrange o aqui e agora; estágio

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operacional formal, que é quando a criança pode abstrair habilidades lógicas para criar hipóteses.

2.4 A importância da estimulação no desenvolvimento da criança

A infância é a etapa da vida do ser humano primordial para o seu desenvolvimento cognitivo, psicológico, biológico e motor, pois nesse período ocorrem as principais maturações em seu organismo, sendo que a criança mais especificamente, em idade pré-escolar e pré-escolar, está disponível à inúmeras formas relacionais com o corpo. Nesta fase, o convívio escolar possibilita uma constante troca de informações nas áreas do seu desenvolvimento biopsicossocial (PAPALIA; OLDS, 2000).

Segundo Rosa Neto (2002), “[...] a estimulação é um fator crucial no desenvolvimento biopsicossocial da criança, sendo que a atividade motora é de suma importância para o seu desenvolvimento global, pois através da exploração motriz ela desenvolve a consciência de si mesma e do mundo exterior.”

2.5 Atraso motor

Nós nos expressamos com movimento, e até mesmo a fala precisa de uma boa coordenação da musculatura da fala, da mesma maneira que os movimentos precisam da coordenação dos músculos. Aprender a mover-se significa aprender a responder adequadamente às demandas do ambiente e a desenvolver atividades funcionais para a independência, e para mais tarde ser capaz de ir à escola.

A criança normal leva 5 anos de desenvolvimento físico e social para poder beneficiar-se da escola. Ela precisa de muitas e de muito tempo de realizações no

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desenvolvimento para estar pronta para a escola. O desenvolvimento social e emocional também é afetado pela sua habilidade em mover-se, porque o movimento a faz independente da atenção constante de sua mãe (MEDEIROS, 2003).

Portanto, todo e qualquer movimento, estímulo e a fala podem alterar nosso desenvolvimento motor, tornando-o mais lento, desorganizado e incapaz de progredir enquanto algum agente causal ou estímulo inadequado estiver presente provocando tais alterações.

Segundo a mesma autora acima, as crianças pré-escolares na faixa etária de 3 a 5 anos podem ter seu desenvolvimento tardio quando apresentarem alguns indicadores que estão diretamente ligados às fases de desenvolvimento.

Indicadores de atraso no Desenvolvimento Motor de 3 a 4 anos

Não conseguem diferenciar menino de menina Não conseguem correr sozinha

Os meninos ainda não fazem xixi em pé Não conseguem desenhar um quadrado Não conseguem imitar um trem

Não conhecem longo e curto

Não conseguem diferenciar o pesado do leve Não conseguem cortar com a tesoura

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Indicadores de atraso no Desenvolvimento Motor de 4 a 5 anos

Não conseguem copiar um triângulo Não conseguem saltar em um pé só

Não conseguem mudar de direção quando correm Não conseguem fazer uma bola quicar

Têm dificuldade em dar nomes as texturas

Não distinguem a falta de um objeto quando tira um em um grupo de três Não conseguem utilizar talheres apropriados

Não conseguem saltar para trás

Não é independente ao se tratar de hábitos de toallet

2.6 Escala de desenvolvimento motor

Compreende um conjunto de provas muito diversificadas e de dificuldade graduada, conduzindo a uma exploração minuciosa de diferentes setores do desenvolvimento. A aplicação em um sujeito permite avaliar seu nível de desenvolvimento motor, considerando êxitos e fracassos, levando em conta as normas estabelecidas pelo autor da escala (ROSA NETO, 2002).

2.6.1 Teste motor

É uma prova determinada que permite medir, em um indivíduo uma determinada característica. Os resultados poderão ser comparados com os de outros indivíduos (ROSA

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NETO, 2002).

2.6.2 Prova motora

Designa um conjunto de atividades marcadas por uma determinada idade. Permite determinar o avanço ou o atraso motor de uma criança, de acordo com os resultados alcançados nas provas (ROSA NETO, 2002).

2.6.3 Perfil motor

Segundo Rosa Neto (2002), consiste em uma reprodução gráfica de resultados obtidos em vários testes de eficiência motora, a qual permite uma comparação simples e rápida de diferentes aspectos do desenvolvimento motor, colocando em evidência os pontos fortes e fracos do indivíduo.

2.7 A Fisioterapia no desenvolvimento motor

A fisioterapia apresenta uma missão primordial, de cooperação, mediante a nova realidade de saúde que se apresenta, através da aplicação de meios terapêuticos físicos, na prevenção, eliminação ou melhora de estados patológicos do homem, na promoção e na educação em saúde.

A atenção fisioterapêutica propicia o desenvolvimento de ações preventivas primárias, secundárias e terciárias. Mesmo antes da doença atingir o horizonte clínico, ou seja,

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de exibir sinais e sintomas, podem ser desenvolvidas intervenções preventivas (TEODOROSKI, 2005).

Fundamenta suas ações em mecanismos terapêuticos próprios, sistematizados pelos estudos da Bilogia, das ciências morfológicas, das ciências fisiológicas, das patologias, da bioquímica, da biofísica, da biomecânica, da cinesia, da sinergia funcional, e da cinesia de patologias de órgãos e sistemas do corpo humano e as disciplinas comportamentais e sociais.

Além disto, a complexidade da profissão reside na necessidade do entendimento global da fisiologia, anatomia, semiologia do homem, baseado na biofísica, bioquímica, cinesiologia, biomecânica e outras ciências básicas.

Segundo a mesma autora acima, a Fisioterapia possui um corpo próprio de conhecimentos, uma metodologia própria de intervenção, privativa do fisioterapeuta, ficando a critério do mesmo a ordenação, intervenção, consulta e alta fisioterapêutica.

Seguindo este contexto, podemos afirmar que, quanto mais precoce for a identificação das alterações motoras, melhor será o desenvolvimento da criança, pois a fisioterapia atua de maneira efetiva junto as alterações motoras, propiciando à mesma uma condição melhor de aprendizagem - sabendo-se que alterações motoras interferem no rendimento escolar de uma criança, reduzindo o risco de complicações para o pré-escolar.

Desta forma, os cuidados proporcionados pela fisioterapia aplicada em pediatria, têm como um dos objetivos a prevenção de alterações motoras, que se apresentam muito mais freqüentes em crianças pré-escolares quando não estimuladas ou quando não se desenvolvem adequadamente em seu meio, provocando um desequilíbrio em suas habilidades motoras. E a transtornos motores já instalados, os quais o fisioterapeuta através de uma avaliação, julgará qual a melhor maneira de se tratar e realizar as técnicas necessárias para o restabelecimento funcional do aparelho locomotor da criança.

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