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Prática Jurídica Interdisciplinar B. Caso prático nr. 1

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Academic year: 2021

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1 Prática Jurídica Interdisciplinar B.

Caso prático nr. 1

Em 1 de Setembro de 2008, Daniela apresenta uma queixa-crime por crime de

injúria contra a sociedade Calote, Lda. e os seus dois gerentes, Amílcar e Bruno,

com fundamento numa reunião de 15 de Fevereiro de 2008 em que os dois últimos terão ofendido a sua honra.

No final do inquérito, porém, Daniela decide deduzir acusação particular apenas contra Amílcar e a empresa Calote, Lda., pela prática, em co-autoria material, de um crime de injúria, que lhes é notificada em 11 de Janeiro de 2013.

Tendo em conta que o crime de injúria (art.º 181.º, n.º 1 do Código Penal) é de natureza particular, explique sucintamente de que forma poderão ser aproveitados pela defesa do Amílcar os seguintes factos:

a) A queixa-crime ter sido apresentada por Daniela apenas no dia 1 de Setembro de 2008;

b) A acusação não ter sido deduzida por Daniela também contra Bruno, sem que seja apresentada qualquer justificação, muito embora Bruno ter sido indicado como responsável na queixa-crime que deu início ao processo e nada na acusação o pôr em causa;

c) A acusação ter sido notificada a Amílcar e à empresa Calote, Lda. apenas no dia 11 de Janeiro de 2013, sendo certo que, até esse momento, ninguém foi constituído arguido no processo;

d) A acusação ter sido deduzida também contra uma pessoa colectiva (Calote, Lda.), estando em causa um crime de injúria.

Caso prático nr. 2 Factos da acusação

De acordo com as contas relativas a 2012, a empresa “Esquemas”, da qual é sócio único e gerente o arguido Barreiros, apresentou prejuízos, e concretamente dívidas aos bancos no valor de € 500.000, que estariam a ser objecto de negociação por parte do arguido Barreiros.

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2 A sociedade “Esquemas” tem contratado um seguro relativo à sua fábrica dedicada à indústria de fibras de madeira “Chapa quente”, sita em Loures, que inclui a cobertura de incêndios. No dia 1 de Janeiro de 2013, o arguido Barreiros contrata com a seguradora um aumento do capital seguro de € 750.000 para € 1.000.000. No dia 4 de Abril de 2013, à uma da manhã, ocorreu um incêndio na fábrica, propriedade da sociedade “Esquemas” e, em resultado do mesmo, todo o edifício ficou destruído, tendo ainda sido encontrado nos destroços o cadáver do trabalhador Amílcar.

Amílcar foi contratado pelo arguido Barreiros um mês antes, para desempenhar as funções de director fabril.

Amílcar tem registado no seu cadastro duas anteriores condenações pela prática de um crime de incêndios, explosões e outras condutas especialmente perigosas (art.º 272.º do CP).

A seguradora recusa-se a entregar a Barreiros e à sua empresa qualquer quantia, alegando ter sido burlada (cfr. art.º 219 do CP).

O arguido Barreiros, conhecendo o passado de Amílcar, ofereceu-lhe emprego na sua fábrica, com o intuito de provocar um incêndio na mesma e, com isso, levar a seguradora a efectuar o pagamento da quantia de € 1.000.000, que utilizaria para liquidar as dívidas da sua empresa.

Testemunha da acusação - Filipa, secretária

Testemunha da defesa - Gabriel, irmão de Barreiros

Depoimento de Filipa, junta ao processo

Trabalha com Barreiros desde que foi constituída a empresa, desempenhando as funções de secretária.

Por volta de Fevereiro de 2013, Barreiros contratou outra mulher para ocupar o seu lugar e, a partir daí, entrou de baixa e não mais voltou à empresa.

Informa que manteve um caso extra-conjugal com Barreiros durante dois anos. Barreiros dizia-lhe que era muito infeliz com a esposa e que a iria abandonar. No entanto, tal nunca aconteceu.

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3 Esclarece que em inícios de 2013 começaram a dar-se bastante menos, sobretudo porque se sentia atraiçoada e porque chegou à conclusão que, afinal de contas, tinha estado a ser usada durante todo aquele tempo. E acabaram mais ou menos na mesma altura por terminar, com uma grande discussão, já que estava furiosa com ele porque lhe mentira e porque descobrira que Barreiros estaria, afinal de contas, envolvida com a nova secretária, uma tal de Helga, com quem iria casar. Recorda-se que o ano de 2012 foi desastroso para a empresa e as dívidas totalizavam quase meio milhão de euros, não havendo dinheiro para as cumprir. Sabe que estavam a decorrer negociações entre os bancos de Barreiros, mas que tinham chegado a um impasse.

O trabalhador Amílcar foi contratado cerca de um mês antes do acidente, para desempenhar as funções de director da fábrica.

Um dia, julga que em meados de Fevereiro, escutou uma conversa entre o seu patrão Barreiros e a sua nova secretária, em que os dois discutiam os problemas da empresa, estando Barreiros muito preocupado, tendo Helga comentado que um senhor chamado Amílcar “podia ser a solução para todos os seus problemas”. Uma das expressões utilizadas foi mesmo que o Amílcar era “a chama que a fábrica

precisava”. Para além disso, uma pessoa que trabalhava na fábrica, cujo nome não

se recorda, disse-lhe mais tarde que ouviu o Amílcar uma vez a discutir de ao fim do dia com o Barreiros e a dizer-lhe que “tanto um como outro tinham que comer

igual, porque senão não valia a pena”.

Barreiros trabalhava sempre todos os dias até tarde na fábrica, geralmente até às duas ou três da manhã, indo a casa e regressando. Supõe que no dia do incêndio também estaria a fazê-lo, porque, como disse, era sempre assim que acontecia. Cerca de dois dias depois do incêndio, confrontou Barreiros com o sucedido e com as suspeitas que tinha, tendo o mesmo ficado nervoso, embora negando tudo. E, no seguimento dessa discussão, Barreiros decidiu despedi-la.

Na presente data, dois meses depois do acidente, uma vez que recebeu uma notificação para comparecer na Polícia como testemunha, decide contar toda a verdade.

Depoimento de Gabriel, junto ao processo É irmão de Barreiros, de quem é muito amigo.

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4 Barreiros é um empresário honesto, considerando impensável que alguma vez pudesse praticar algum ilícito e, muito menos, que deitasse fogo à sua própria fábrica, que sempre foi a menina dos seus olhos.

Aliás, desde 2011, gere um fundo e, em Dezembro de 2012, foi contactado pelo seu irmão, que lhe propôs que investisse na sua fábrica, uma vez que estava em processo de renovação de linha de produção.

Barreiros estava muito entusiasmado com a possibilidade de angariar investidores e, de acordo com o que pelo mesmo foi dito, estava a pensar contratar um novo director fabril, um indivíduo genial, que iria renovar completamente a empresa. Lembra-se que a certa altura lhe foi até dado a ler o currículo de Amílcar e achou que poderia ser uma excelente aposta, uma vez que aparentava ter passado e experiência no sector.

Não possui documentos que comprovem o negócio entre o fundo e a empresa, mas reafirma que é verdade, até porque foram feitas muitas reuniões entre ele e o irmão para o planear.

No dia do incêndio, o irmão esteve numa festa em sua casa. A casa tem uma sala de estar e uma sala de jantar, aberta para o jardim, e estavam cerca de cem pessoas, sobretudo família e amigos. Não esteve sempre junto ao irmão, porque tinha de se movimentar de um lado para o outro e conversar com as várias pessoas, mas não vê como seja possível que ele pudesse ter saído a meio da festa para voltar para a fábrica. De qualquer forma, no final da festa, por volta das três da manhã, tem a certeza que o seu irmão estava presente, porque já estavam menos pessoas. A casa fica a quinze minutos da fábrica.

Caso prático nr. 3 Factos da acusação

Desde data não apurada, mas que se situa pelo menos no ano de 1990, António tem-se dedicado à comercialização de produtos estupefacientes, designadamente cocaína.

Para tanto, e a fim de se abastecer desses produtos, António mantém contactos com fornecedores na Colômbia, com quem comunica de forma codificada, fazendo uso do telemóvel n.º 935554315.

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5 Na sua actividade, António assume as funções de liderança, contando com a colaboração de Bernardo.

No dia 15 de Maio de 2010, à 1h30 da manhã, António é contactado por um fornecedor Colombiano, que usa o número +57555455, que lhe diz que “está tudo

tratado” e para “estar atento a novidades”.

No mesmo dia, às 2 da manhã, António liga para Bernardo a dizer que “o outro

avisou que o chocolate branco já vem a caminho para o sítio do costume”.

Dois dias depois, António contacta o fornecedor, que o informa que “ela já saiu

daqui e que deve chegar no dia 20 de Maio”.

Bernardo, entretanto, liga para António, a perguntar “quando é que temos

chocolatinho branquinho” e que “tem já interessados em comprar”.

Dia 19 de Maio, finalmente, o fornecedor contacta António, dizendo que “já está aí,

já chegou, agora é trabalhar”.

No dia 20 de Maio, a Polícia Judiciária desloca-se ao domicílio de António e, efectuando uma revista pessoal a António, apreende-lhe a quantia de 10.000 euros em notas, para além do telemóvel com o n.º 935554315.

António vem assim acusado da prática de um crime de tráfico de estupefacientes, como reincidente, por se concluir que o mesmo recebeu uma encomenda com cocaína vinda da Colômbia, que destinava a ser produzido, para venda, no mercado português, correspondendo o dinheiro apreendido a António ao produto da mesma. Testemunha da acusação

- Inspector Cassiano, que dirigiu toda a investigação e realizou as buscas e apreensões acima referidas

Testemunha da defesa - Bernardo

Relatório da Polícia Judiciária, junto ao processo e elaborado pelo Inspector Cassiano

O presente processo teve início na sequência de denúncia anónima recebida, segunda qual António receberia encomendas vindas da Colômbia, contendo cocaína.

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6 Ainda de acordo com a denúncia, António actuava em colaboração com Bernardo, seu antigo sócio numa padaria em Coimbra.

Tanto um como outro que possuem no seu registo criminal três condenações por tráfico de estupefacientes, proferidas em 1991, 1999 e 2004.

E, no âmbito de todos esses processos, que correram termos no tribunal de Coimbra, foram sistematicamente dados como provados os seguintes factos:

a) António e Bernardo importavam cocaína vinda da Colômbia, que chegava por via postal para o domicílio de António;

b) O fornecedor colombiano usava o número +57543331;

c) Nas intercepções telefónicas o produto era identificado, de forma codificada, por António e Bernardo como “chocolate branco”;

d) Apreendidas as encomendas, e efectuado teste ao produto, comprovava-se que se tratava de cocaína.

Não acompanhou as investigações referentes aos referidos processos, muito embora esteja ao corrente do seu objecto.

Iniciada a investigação, requereu-se a interceptação telefónica do telemóvel de António, n.º 935554315, tendo-se concluído que o mesmo contactava com um fornecedor colombiano não identificado, que usava o número +57555455.

Foi decidido não proceder à vigilância de António, uma vez que não se logrou determinar o seu concreto paradeiro durante a fase de inquérito.

Refira-se que, como é habitual neste tipo de crimes, os suspeitos referem-se ao produto estupefaciente de forma codificada, sendo que, neste caso, a expressão utilizada era, à semelhança do que vinha sucedendo, “chocolate branco”.

Assim, comprovando-se que o modus operandi era o mesmo, e porquanto as intercepções telefónicas indiciavam estar prestes a chegar uma encomenda para o domicílio de António, foi efectuada uma busca ao domicílio de António no dia 20 de Maio.

O produto estupefaciente, contudo, já havia nessa data sido vendido na sua totalidade. Na verdade, efectuando uma revista pessoal a António, apreendeu-se-lhe a quantia de 10.000 euros em notas, que correspondia ao produto da venda, para além do telemóvel com o n.º 935554315.

Depoimento de Bernardo, junto ao processo

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7 Conhece António há muitos anos, tendo trabalhado com ele numa padaria em Coimbra até 2004, ano em que ambos foram detidos por tráfico de estupefacientes. Desde essa data, e cumprida a pena, não mais se dedicou à prática de actos ilícitos, estando arrependido de tudo quanto se passou.

Tanto quanto sabe, António está desempregado desde 2008, não auferindo quaisquer rendimentos.

Não se recorda de ter tido conversas com António sobre “chocolate branco” em 2010, mas, ainda que tal sucedesse, trata-se de uma simples expressão que não quer dizer nada, até porque estava a planear iniciar em 2010 um novo negócio juntamente com António, numa pastelaria, sendo por isso natural falarem de bolos e chocolates, assim como de massas.

De qualquer forma, tal é a prova que nada teve que ver com os factos que, feita uma busca ao seu domicílio no dia 20 de Maio de 2010, não foi encontrado qualquer produto estupefaciente, nem sequer dinheiro em quantias avultadas. Pretende que fique claro que, no seu entender, António é boa pessoa e não acredita que tenha cometido algum crime. Assim que toda esta problemática se resolver, mantém o interesse em prosseguir o planeado negócio da pastelaria.

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