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OS LUSÍADAS E SUA TRANSPOSIÇÃO PARA OS QUADRINHOS

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Academic year: 2021

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OS LUSÍADAS E SUA TRANSPOSIÇÃO PARA OS QUADRINHOS Ana Carolina Gonçalves (G – UENP/campus Jac.)

aninhacg_20@hotmail.com Adenize Franco (Orientadora – UENP/campus Jac.) Introdução

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma breve análise sobre a obra Os Lusíadas, de Luís de Camões e sua transposição para os quadrinhos por Fido Nesti. Através das teorias comparatistas, tal análise servirá como material de apoio ao ensino do período clássico da Literatura Portuguesa em classes do ensino médio. Também procuramos divulgar essa outra arte que são os quadrinhos, um recurso que contempla várias áreas do conhecimento, inclusive a literatura.

Na história de Luís Vaz de Camões não há registros exatos, nasceu não se sabe ao certo se em Lisboa ou Coimbra. Quando moço, após algumas decepções, decide embarcar em expedição, uma delas a comandada por Vasco da Gama, onde descobrem uma nova rota para as Índias, ao retornar, Camões narra os fatos ocorridos na viagem, transformando os manuscritos em “Os Lusíadas”, na qual teve suas primeiras publicações em 1572, porém teve sua glória apenas após a morte do escritor ocorrida em 10 de Junho de 1580.

Após as primeiras tiragens muitas foram suas reedições, tanto que na atualidade fica difícil de contabilizá-las, sendo que sua última publicação, no Brasil, foi em 2006, numa transposição para os quadrinhos do ilustrador Fido Nesti.

Fido Nesti nasceu em São Paulo em 1971. Trabalhou na Briquet Filmes como ilustrador no final dos anos 80. Depois de alguns anos em agências publicitárias, decidiu seguir carreira de ilustrador como

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freelancer, colaborando com trabalhos editoriais em várias revistas, livros

e propagandas, também produziu muitos quadros e quadrinhos. Passou um ano em Londres para aprimorar suas técnicas e retornou ao Brasil onde mantém clientes em todo o mundo pela internet.

Desenvolvimento

A transposição de Fido Nesti despertou o interesse para estudos na área de literatura comparada pois aborda a literatura de modo diferente do que se imagina.

Tânia Carvalhal em seu livro intitulado Literatura

Comparada diz que o termo em sua primeira impressão designa o

confronto de duas ou mais literaturas, no entanto ao nos depararmos com os “estudos literários comparados” podemos perceber que essa denominação vai além de apenas comparar, ela abrange um vasto campo de atuação e adotam diferentes metodologias. Segundo Carvalhal,

Comparar é um procedimento que faz parte da estrutura de pensamento do homem e da organização da cultura do pensamento. Por isso valer-se da comparação é hábito generalizado em diferentes áreas do saber humano (CARVALHAL. 1992, p. 6)

O adjetivo “comparado” já era usado na idade média para se comparar estruturas e fenômenos análogos. Porém, o termo “Literatura Comparada” teve surgimento na Europa no século XIX, de lá até os dias atuais teve várias definições e tentativas de criação de um método que a caracterizasse. Na França foram criados vários manuais, e o Brasil logo incorporou o termo tendo vários seguidores como Tasso da Silveira, João Ribeiro, Otto Maria Carpeux, Eugênio Gomes e Augusto Meyer.

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de obras e autores, eles estão voltados para os estudos das relações entre literatura

e outras áreas do conhecimento como as artes, a filosofia, a história, as ciências sociais, as religiões etc.

A literatura comparada é uma forma específica de interrogar os textos literários na sua interação com outros textos, literários ou não, e outras formas de expressão cultural e artística. ( CARVALHAL, 1992, p. 74).

Dentre os estudos comparatistas está a arte seqüencial o qual Will Eisner considera

Um veículo de expressão criativa, uma disciplina distinta, uma forma artística e literária que lida com a disposição de figuras ou imagens e palavras para narrar uma história ou dramatizar uma idéia. (EISNER, 2000,p. 5).

Segundo Eisner em seu livro Quadrinhos e arte seqüencial, essa arte não é tão nova como se pensa. Nos tempos medievais já se fazia o uso de inscrições para se retratar pessoas, tendo sido abandonada a prática após o século XVI, ressurgindo no século XVIII em panfletos e publicações com os artistas que lidavam com a arte de contar histórias destinadas ao público de massa, criando uma Gestalt, uma linguagem coesa para expressar ideias, sons e ações numa disposição em seqüência, separados por quadros.

As primeiras revistas de quadrinhos (por volta de 1934) apresentavam apenas obras curtas e aleatórias, hoje dispomos de obras completas como as graphic novels (novelas gráficas), as histórias em quadrinhos em geral podem ser chamadas “leitura” num sentido mais amplo pois não se dá apenas à leitura de palavras mas sim a toda decodificação de símbolos, figuras, mapas, diagramas, etc. A leitura dos

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quadrinhos se dá em uma convenção como o da escrita ou seja, da esquerda para a direita e de cima para baixo.

A obra a ser analisada segundo as concepções de Will Eisner é Os Lusíadas em quadrinhos do ilustrador Fido Nesti já citado anteriormente. A obra traz trechos do clássico camoniano sem alterações, apenas transposto para os quadrinhos, apresenta o próprio Camões e Vasco da Gama como narradores, tudo isso com intuito de inovação.

O episódio aqui analisado trata-se de um fragmento retirado do canto III (estrofes 118 a 135), referente à história de Inês de Castro. A narrativa fala do amor de Inês por Dom Pedro, os quadros são distribuído de forma que o de Inês está ao centro. Na página inicial predomina-se as cores preta e vermelha representando a maldade, também o vermelho pode representar o amor sentido por ela, no último quadro da página, Inês se apresenta voltada para o quadro anterior no qual há a figura de seu amado, com um balão que simboliza o pensamento.

A segunda página contém 8 quadros, na qual é possível visualizar o encontro do casal e após um balão de fala sobre o quadro de Dom João simbolizando o “murmurar do povo” para a condenação de Inês. Aparece o estereótipo da maldade, sendo dois homens de preto com armas e também uma espada apontada para a condenada, ela chora e há a representação com balão de fala contendo nele o amado e os dois filhos.

A terceira página é composto de apenas um quadro que dá ênfase às súplicas de Inês; ela e seus filhos aparecem retratados com cores claras sendo o rosa e o amarelo, novamente aparece a cor vermelha e o negro simbolizando a crueldade e o desenho estereotipado da maldade com armas nas mãos, e mais balões de fala pedindo compaixão dela e dos filhos.

Na quarta página, Inês continua com seu pedido de clemência através de balões de fala, o rei apresenta expressões de nervosismo e ela lágrimas que representam o choro, novamente o estereótipo da maldade e as armas são representadas, principalmente no

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último quadrinho contendo apenas uma mão que segura uma arma levantada enfatizando a crueldade.

A quinta página apresenta a execução da donzela, predominando a cor vermelha e o negro, aparece também um castelo todo em vermelho com nuvens escuras mostrando o que se passa na narrativa onde diz que o sol sumiu no instante que a executaram, há a figura de um corvo representando a morte. O último quadro apresenta Inês já sem vida, com cores num tom de cinza e seu rosto e cabelo esverdeados, em suas mãos encontra-se uma flor vermelha na qual está relacionada com o amor. Nessa página não há balões de fala, apresenta apenas a narrativa.

A última página do episódio mostra a “fonte dos amores de Inês”, as “filhas do Mondego” são representadas por figuras de sereias (seres também mitológicos) chorando para indicar como se formou a fonte.

Ao final do episódio, Fido Nesti brinca com o leitor, aparece a figura de Camões como narrador passando a narrativa para Vasco da Gama também caracterizado por ele.

Conclusão

Este trabalho encontra-se em construção, porém sua intenção é mostrar um pouco da obra em quadrinhos e a divulgar outras artes para o estudo da literatura. A arte seqüencial constitui um desses meios e são de grande ajuda para a releitura e apreciação de obras clássicas.

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Referências

ARISTÓTELES. Poética. Trad. Jaime Bruna. 7 ed. São Paulo: Cultrix, 1997. CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. Edição organizada por Emanuel P. Ramos. Lisboa: Porto, 1975.

CARVALHAL,T.F.Literatura comparada. Série Princípios. São Paulo: Ática, 1986.

EISNER, Will. Quadrinhos e Arte Seqüencial. 1ª ed. São Paulo: Mariens Fontes, 2000.

EISNER, Will. Narrativas Gráficas de Will Eisner/ escrito e ilustrado pelo autor; tradução Luigi Del Manto. São Paulo: Devir, 2005.

NESTI, Fido. Os Lusíadas em quadrinhos/adaptação Fido Nesti.São Paulo: Peirópolis,2006.

Referências

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