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PROJETO DATCHUKA: ALUNOS INDÍGENAS E QUILOMBOLAS DA UFG/REJ FALANDO DE SUAS TRISTEZAS E ALEGRIAS

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PROJETO DATCHUKA: ALUNOS INDÍGENAS E QUILOMBOLAS DA UFG/REJ FALANDO DE SUAS TRISTEZAS E ALEGRIAS

Margareth Araújo e Silva1 Verônica Clemente Ferreira2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOÍAS (UFG) – REGIONAL JATAÍ (REJ) Resumo: O Projeto Datchuka objetiva promover a saúde mental dos discentes indígenas e quilombolas da Universidade Federal Goiás/ Regional de Jataí - criando um espaço de discussão e interação dos quarenta e seis alunos indígenas e quilombolas, através de um grupo psicoterápico (elaborado com base na interface entre Psicologia e Antropologia). A ideia desse estudo participativo surgiu a partir da percepção de uma infinidade de problemas psicológicos entre esses estudantes, os quais advêm do contato interétnico por eles vivenciado ao ingressarem na universidade, uma região de fronteira intercultural. Ao saírem de suas aldeias/comunidades em busca do necessário conhecimento cultural disponível em nossa sociedade, eles enfrentam inúmeras preocupações que lhes causam sofrimento psicológico(tais como o preconceito dos alunos não cotistas, o despreparo dos docentes ao lidar com a pluralidade cultural, as dificuldades financeiras e as saudades de casa). O Projeto Datchuka tem por base a promoção do bem-estar subjetivo através de encontros semanais, onde buscamos valorizar as questões identitárias, fomentar a inclusão e combater a discriminação. A modalidade da Psicoterapia de Grupo vem ao encontro dessa necessidade do ser humano. Ocorre que um grupo terapêutico não se restringe a um somatório de pessoas. Trata-se de um grupo organizado, com objetivos e tarefas comuns, que possui acordos e funcionamentos próprios e tem uma finalidade terapêutica. Nas rodas de conversa abordamos temas escolhidos pelos discentes indígenas e quilombolas, conforme suas necessidades, através da mediação da professora doutora Margareth Araújo e Silva,utilizando a observação participativa direta, respaldada por aportes teóricos da Antropologia, da Psicologia da Educação e da Psicologia Social.

Palavras-Chave: Alunosindígenas e quilombolas da Universidade Federal de Goiás/Jataí; Fronteiras Interétnicas; Psicologia da Educação.

Introdução

A questão maior desse estudo é buscar caminhos para uma universidade inclusiva, que melhor compreenda as etnias que a tecem e que saiba lidar e contribuir para a constituição de um novo modo de vida para os alunos indígenas e quilombolas que nela ingressam (com seus modos de vida e suas práticas culturais), integrando seu cotidiano no mundo urbano contemporâneo. Para tanto, buscamos uma articulação teórica, dialogando com a Antropologia, Psicologia da Educação e Psicologia Social. São observadas as práticas

1 Professora Doutora do Curso de Pedagogia, UFG-REJ. E-mail: margareth_araujo_silva@yahoo.com.br

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Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas. Docente da Universidade Federal de

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cotidianas que envolvem a vida dos discentes indígenas e quilombolas:suas culturas e a constituição de suas identidades, as quais transitam em um espaço de fronteiras em meio a UFG/REJ- onde se encontram elementos da tradição indígena e outros, advindos do espaço urbano.

A reprodução e as ressignificações dos saberes envolvidos no limiar de mundos diferenciados e presentes na subjetividade desses alunos são ouvidas e descritas principalmente através de relatos e desenhos, ‘nos’ e ‘dos’ contextos ambientais em que traduzem, reproduzem e são produtores de culturas próprias. Suas experiências sociais podem ser compartilhadas no grupo do Projeto Datchuka, contribuindo para o seu desenvolvimento pessoal e sua adaptação como protagonistas do processo sócio histórico, de se fazerem presentes em grupo social. Através da articulação e partilha de suas experiências sociais, os estudantes podem agir sobre o mundo, desenvolvendo práticas sociais e culturais originais, que os unem por laços de identidade esolidariedade.

As últimas décadas do século XX ficaram marcadas, no que se refere à intervenção psicossocial e psicoeducacional, por diversas e importantes modificações de paradigmas relacionados à forma como se processa o desenvolvimento e a aprendizagem humana. Hoje, é relativamente consensual que o desenvolvimento humano se processa em interação, e que para a análise dos processos educativos é necessário analisar holisticamente os diferentes contextos sociais e culturais nos quais os discentes se movimentam.

Em relação às tendências e concepções das pesquisas na Psicologia da Educação e sua influência nos caminhos teorias direcionadoras, Gatti (2003) apontou para uma vertente surgida nos últimos vinte anos, que problematiza aspectos da própria Educação sob uma ótica mais complexa, integrando várias áreas numa perspectiva transdisciplinar, em que a questão político social está presente e interage com a ótica do campo. Assume-se nessa perspectiva, que cabe a essa área do conhecimento tentar clarear as relações entre os fins da Educação e o conhecimento que vem das teorias em Psicologia Educacional. Relações estas, que se processam dentro de um ambiente, no bojo de uma sociedade em transformação. Um olhar que se preocupa com a pessoa/sujeito, isto é, não apenas aquele que é submetido a, mas aquele que simultaneamente atua sobre sua realidade.

A ideia desse estudo participativo surgiu a partir da percepção de uma infinidade de problemas psicológicos advindos do contato interétnico que os alunos índios de origem indígena e quilombola vivenciam ao ingressar na universidade (região de fronteira intercultural). Ao saírem de suas aldeias em busca de uma necessária capacitação e dos conhecimentos culturais disponíveis em nossa sociedade, eles enfrentam inúmeras

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preocupações que lhes causam problemas psicológicos. Esses problemas psicológicos são nossa principal preocupação, de modo que o Projeto Datchuka tem por base a promoção do bem-estar subjetivo, onde buscamos valorizar as questões identitárias, de modo a promover maior inclusão, combater a discriminação e buscar caminhos para uma aproximação entre as diversas visões de mundo presentes no ambiente universitário.

A universidade precisa conhecer quem é o indígena e quilombola que quer estar nela, para assim, buscar caminhos para uma aproximação. Porque está buscando esse conhecimento? Qual a sua concepção de mundo? Por outro lado, a preocupação com a educação nas aldeias e comunidades deve existir na universidade para que a educação diferenciada se efetive e sobreviva. Os professores universitários devem se utilizar de recursos didáticos para trabalhar com os discentes de diferentes etnias, a partir da perspectiva da Antropologia, discutindo cultura e diversidade. Devem refletir e contribuir na formação desses jovens, que são multiplicadores de conhecimento para seus povos.

Desenvolvimento

A necessidade de inserção da epistemologia e da ética, em “fenômenos psicológicos” (SILVA, 2005) foi sendo estabelecida na trajetória da psicologia e está informada política e ideologicamente, apesar da suposta neutralidade, como, por exemplo, no caso do racismo. Assumimos a responsabilidade de refletir sobre o papel da psicologia na construção de conhecimento relativo aos processos de produção de identidades desses alunos indígenas e quilombolas, e a relação desse fenômeno, com o contexto cultural e ambiental. Nesses parâmetros, a pesquisa vem sendo desenvolvida, desde seu o início, até a sua conclusão.

Martinez (2005) coloca que a Psicologia Educacional e Escolar tem que contribuir para otimizar o processo educativo, que é um complexo processo de transmissão cultural e de espaço para desenvolvimento da subjetividade. A subjetividade individual constitui um espaço pessoal de sentido para as experiências que vivenciamos - como representantes da constituição da história de relações sociais e experiências determinadas, em uma cultura que tem ideias e valores próprios e que vai se constituindo, ou seja, vai construindo sentido para nossas experiências.

Para a Psicologia Sócio Histórica, não há como se saber de um indivíduo sem que se conheça seu mundo. Para compreender o que cada um de nós sente e pensa, e como cada um de nós age, é preciso conhecer o mundo social no qual estamos imersos e do qual somos construtores; assim procuramos, buscando respaldo teórico em Vygotsky (1979), investigar os valores sociais, as formas de relação e de produção da sobrevivência de nosso mundo, e as

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formas de ser de nosso tempo. De forma que nessa pesquisa, procuraremos identificar o mundo social e os espaços no qual os discentes índios e quilombolas estão imersos, e do qual são construtores e reconstrutores de práticas culturais.

A principal preocupação na etnografia é com o significado que as pessoas ou grupos estudados atribuem às ações, eventos e à realidade que as cercam. Os significados podem ser diretamente expressos pela linguagem ou indiretamente pelas ações. Em toda sociedade as pessoas usam sistemas complexos de significados para organizar seu comportamento, suas práticas, para entender a si próprias e aos outros, e para dar sentido ao mundo em que vivem. Esses sistemas de significados constituem sua cultura.

Assim, o que acontece comigo vem da influência ‘do outro’ com quem me relaciono, que tem linguagem, significados e é um representante da cultura. É sempre ‘um outro’ que permite minha relação com o mundo social. O trabalho do pesquisador psicólogo é desta forma, influenciar e direcionar o processo do sujeito que está se constituindo, na busca de potencializar a capacidade de atuar de modo transformador sobre o mundo, satisfazendo necessidades pessoais e do coletivo. O pesquisador psicólogo trabalha buscando a compreensão das significações construídas pelo sujeito e suas mudanças, quando são geradoras de sofrimento ou de alienação. Desse ponto de vista, o nosso olhar é construído, com nossa formação, locais de onde vemos, onde encontramos nossos paradigmas direcionadores.

Segundo Urie Bronfenbrenner (1996, p. 26), “[...] estamos em constante crescimento psicológico a partir das relações de reciprocidade, sentimento afetivo positivo de equilíbrio e poder, que se desenvolvem entre as pessoas e seus ambientes”. A partir desse ponto de vista, a construção de conhecimentos e integração de experiências originadas em contextos variados passam a ser dados importantíssimos para compreensão da percepção que os discentes indígenas e quilombolas têm dos ambientes que habitam e de como processam as experiências vividas e pensadas, e assim, revelam o seu aprendizado, desenvolvendo um estilo de representação singular no mundo. Ver e pensar o mundo a partir da forma de como a pessoa percebe e lida com o seu ambiente, ou seja, como está inserida nos diferentes sistemas ambientais que são dinâmicos e vivenciados concomitantemente.

Ambiente ecológico é constituído por uma série de estruturas, encaixadas uma dentro da outra, representando os diferentes meios em que as pessoas transitam, de forma direta ou indireta e atuam como sistemas de influência na construção de suas identidades, pois o homem é um ser social que se constrói ao mesmo tempo em que constrói com outros homens, a sociedade e sua história.Os ambientes estão inter-relacionados e o mais importante é a

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maneira como a pessoa os percebe e interage dentro deles e com eles. Todos os elementos envolvidos no contexto cotidiano dos alunos indígenas e quilombolas são importantes nessa perspectiva. Para se compreender as práticas culturais desses alunos, é preciso apreender seu contexto, suas atividades cotidianas e compreender suas percepções.

O pesquisador que se utiliza da Psicologia Ecológica precisa desenvolver uma compreensão holística, ou seja, compreender o conjunto de energias e vetores que influenciam e constituem novos indivíduos, aqueles que, como nós, são responsáveis pelo futuro da humanidade, uma compreensão dos contextos que vai do micro ao macrossistema, identificando vetores responsáveis pela construção dos indivíduos, intervindo assim, na esfera das políticas públicas proporcionando oportunidade de participação da comunidade na tomada de decisões e na solução de problemas socioambientais. Segundo Bronfrenbrenner (1996), existe entre os sistemas ecológicos uma dinâmica de interação entre eles: microssistema, mesossistema, exossistema e macrossistema. O microssistema é o núcleo familiar, relações estáveis e significativas, onde deve haver reciprocidade, equilíbrio do poder, afeto, etc. O mesossistema é um conjunto de microssistemas.

O ambiente ecológico é construído por uma série de estruturas, cujos ambientes atuam como sistema de influência na construção de suas identidades. Para compreender o aluno indígena e quilombola é preciso apreender seu contexto, suas atividades cotidianas e compreender suas percepções, isto é, compreender o micro, meso, exo e macrossistemas nos dias atuais. A participação em múltiplos ambientes varia diretamente com a facilidade e extensão da comunicação de duas vias entre esses ambientes.

Não fugimos dos preceitos de Fredrick Barth (1998) no que diz respeito à descrição identitária, auto atribuição ou heteroatribuição identitária. Neste estudo, partimos do pressuposto de que as identidades são sempre construídas, devendo por isso serem

definidashistórica e não biologicamente, pois identidade étnica não pode ser entendida como

algo constituído, naturalizado e sim, como processo de singularização identitária.

A etnicidade se apresenta nos diversos contextos, seja na educação informal (nas residências e comunidades de onde vêm os estudantes), seja no ambiente da Universidade Federal de Jataí, (nas muitas formas cotidianas de se organizar, que permitem a transição entre o saber tradicional dos alunos indígenas e quilombolas e o saber oriundo do espaço urbano). Em suma, nas práticas culturais, maneiras que traduzem, reproduzem e são produtoras de uma cultura própria.

Nosso estudo será respaldado em abordagens que pensam a pessoa em movimento, buscando novos significados nos elementos da realidade, que permitem a criação de

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processos culturais, a ampliação das possibilidades de significações, o desvelamento de suas próprias condições de vida e uma maior compreensão da complexidade e da amplitude da constituição da identidade étnica desses universitários índios e quilombolas.

Metodologia

A subjetividade individual é o espaço pessoal dos sentidos que atribuímos ao mundo”, ou seja, o indivíduo ao viver relações sociais determinadas e experiências determinadas em uma cultura que tem ideias e valores próprios, vai se constituindo, ou seja, vai construindo sentido para as experiências que vivencia. Bock complementa afirmando que “subjetividade individual representa a constituição da história de relações sociais do sujeito concreto dentro de um sistema individual.Há um movimento constante que vai de cada um de nós, para o mundo social e que nos vem deste mesmo mundo. O instrumento básico para esta relação é a linguagem. Para tanto utilizaremos as rodas de conversa como forma de articulação das vivências dos estudantes.

Utilizaremos a descrição etnográfica e o uso do diário de campo como procedimentos metodológicos, uma vez que uma de nós vem de formações na área da Psicologia e da Educação, duas áreas que apenas recentemente passaram a se interessar pelos estudos sobre temáticas indígenas, apesar de estudar e pesquisar comunidades indígenas desde o ano de 1996, quando iniciei meu mestrado.

Através dos resultados de uma pesquisa empírica e participativa, traremos na conclusão desse trabalho, de traçar perspectivas para essa área do conhecimento, que podem colaborar na elucidação de pontos ainda obscuros no debate contemporâneo sobre práticas culturais de universitários indígenas e quilombolas e sobre a constituição de suas identidades.

Assumiremos a perspectiva sociointeracionista, com o objetivo de investigar as interações que se evidenciam na comunidade indígena/quilombola na UFG/REJ e no papel da instituição escolar UFG/REJ. Registraremos, através da observação de práticas específicas, como se mesclam, nesses espaços, componentes cognitivos e afetivos, conceitos cotidianos e/ou científicos. Esses dados permitiram a observação da constituição de subjetividades, entendida nesse estudo como um registro que os sujeitos fazem do mundo a partir de sua inserção neste mundo material, mundo que é cultural e social.

Esse mundo material permite a elaboração peculiar de suas singularidades, auto representação, presentes na construção da subjetividade coletiva, que abarca o fenômeno da etnicidade dos sujeitos envolvidos. A subjetividade é a dimensão do sujeito que só se torna

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possível sua existência a partir do contato com o mundo exterior, este mundo que é cultural e social (GONZALEZ REY, 2003).

Como explicita Ginzburg (2005, p.179), “ninguém aprende o ofício de conhecedor ou de diagnosticador limitando-se a por em prática regras preexistentes. Nesse tipo de conhecimento entram em jogo elementos imponderáveis: faro, golpe de vista, intuição”.

Como instrumentos humanos, nós, pesquisadores, podemos cometer erros, perder oportunidades, envolver-nos demais em certas situações ou com certas pessoas. Por esse motivo, procurei uma atuação de acordo com a educadora André (2005, p. 40), quando afirma, referindo-se à metodologia utilizada nas pesquisas em educação, que o pesquisador deve “manter uma constante vigilância para detectar e avaliar o peso de suas preferências pessoais, filosóficas, religiosas e políticas no decorrer da pesquisa”.

O foco de interesse dos etnógrafos é a descrição da cultura e das relações (práticas, hábitos, crenças, valores, linguagens, significados, organização social, conflitos etc.) de um grupo social. Por outro lado, os estudiosos da educação têm como preocupação central o processo educativo. Existe, pois, uma diferença de enfoque nessas duas áreas, o que faz com que certos requisitos da etnografia não sejam nem necessitem ser cumpridos pelos investigadores das questões educacionais, como afirma André (2005). O que se tem feito, de fato, é uma adaptação da etnografia à educação, o que nos leva a concluir que faremos estudos do tipo etnográfico, e não etnografia no seu sentido estrito. Nosso foco será nas práticas culturais dessesalunos índios/quilombolas e meu estudo poderia ser classificado do tipo etnográfico, uma vez que me utilizarei da observação participante.

A observação é chamada de participante porque se admite que o pesquisador tenha sempre um grau de interação com a situação estudada, afetando-a e sendo por ela afetado. Isso implica uma atitude de constante vigilância, por parte do pesquisador, para não impor seus pontos de vista, crenças e preconceitos. Antes, vai exigir um esforço deliberado para colocar-se no lugar do outro, e tentar ver e colocar-sentir colocar-segundo a ótica as categorias de pensamento e a lógica do outro. A observação participante e as entrevistas aprofundadas são, assim, os meios mais eficazes para que o pesquisador se aproxime dos sistemas de apresentação, classificação e organização do universo estudado (DA MATTA, 1978; CARDOSO DE OLIVEIRA, 1998).O pesquisador se aproxima das pessoas e com elas mantém um contato direto por meio derodas de conversa. Registra em seu diário de campo descrição de pessoas, eventos e situações interessantes; opiniões e falas de diferentes sujeitos; tempo de duração de atividades e faz representações gráficas de ambientes.

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Conclusões

Os discentes indígenas/quilombolas acompanham todas as instâncias da construção dessa pesquisa, desde a proposta inicial, os caminhos, direcionamentos, até o registro de dados e correções. Eles recebem esclarecimentos sobre que tipo de pesquisa é essa, sobre seus objetivos e sobre o que é ser psicólogo educacional. Assim, além de conversar, escutar, conhecê-los pelo nome, ouvir suas queixas, suas alegrias e entender um pouco sobre o que é ser um universitário índio ou quilombola hoje, procuramos desenvolver hábitos de autorreflexões, registrar nossas percepções, a fim de manter omundo interior deles desperto e apto compreender as necessidades e percepções desses discentes.

As rodas de conversas propiciam uma proximidade com o grupo, onde passamos a nos conhecer pelo nome, nos respeitar como sujeitos trabalhando juntos na construção de um saber sobre a identidade dos discentes indígenas da UFG/Jataí.

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Referências

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