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PROPRIEDADES FÍSICAS DE RECURSOS PEDAGÓGICOS E/OU ADAPTADOS E SUAS IMPLICAÇÕES: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 3319-3328

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PROPRIEDADES FÍSICAS DE RECURSOS PEDAGÓGICOS E/OU ADAPTADOS E SUAS IMPLICAÇÕES: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Fabiana Delgado Diaz Medina1 Ligia Maria Presumido Braccialli2

Instituição: UNESP-Marília Agência financiadora: CAPES/PROESP

Introdução

O ambiente escolar, principalmente a sala de aula, é um meio no qual o aluno está exposto a vários tipos de atividades pedagógicas que podem lhe proporcionar as mais diversas experiências. Para que o aluno com deficiência física participe de algumas dessas atividades necessitam de recursos pedagógicos adaptados para atender as suas necessidades específicas e, deste modo, propiciar situações estimulantes e motivacionais que cooperem com a eficácia de seu aprendizado (PAIVA, 2007).

Desse modo, para auxiliar a prática pedagógica do professor do aluno com deficiência com o conteúdo do currículo escolar, uma das principais ações é a adaptação do recurso pedagógico. Em vista da relevância em adaptar o recurso pedagógico, é preciso buscar na literatura a sua definição. Em um contexto educacional, em específico para alunos com paralisia cerebral, Manzini (1999) caracterizou o recurso pedagógico como o instrumento mais utilizado no contexto acadêmico, sendo um material considerado concreto, manipulável e com objetivo pedagógico. Assim, pode-se entender por recurso pedagógico adaptado, como um material concreto que se adapta às condições motoras do aluno dentro de um objetivo pedagógico, possibilitando a sua manipulação e a realização da atividade. No entanto, deve-se entender que o recurso, por si só, não promove o ensino, sendo fundamental a presença do professor para oferecer oportunidades de aprendizagem (SILVA, 2010).

Com base nas considerações de Manzini (1999), três aspectos são pontuados como indispensáveis para a utilização efetiva do recurso pedagógico: (a) nenhum recurso substitui o professor; (b) o recurso é um instrumento auxiliar para atingir uma finalidade pedagógica, por isso, não deve ter sua manipulação como objetivo final da atividade; e (c) sua utilização não é a coisa mais fundamental na aprendizagem, mas é indispensável para que ela se realize. É relevante considerar ainda, que o recurso só será adaptado quando houver reais necessidades e sua adaptação não é permanente.

Segundo Audi (2006), as duas grandes finalidades para adaptar um recurso pedagógico são: garantir que o aluno consiga ter acesso à atividade e melhorar o seu desempenho na realização das tarefas.

1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação do Departamento de Educação Especial da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP – Marília – (SP), Brasil

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Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação e do Departamento de Educação Especial da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP – Marília – (SP), Brasil

Endereço para correspondência: Fabiana Delgado Diaz Medina. Av. Sargento Ananias de Oliveira, 286. Cascata, Marília-SP, CEP: 17519-200. E-mail: fddmedina@yahoo.com.br

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Assim, para adaptar um recurso pedagógico é preciso conhecer as características motoras, cognitivas, emocionais do aluno, e as exigências pedagógicas e sociais do meio em que ele está inserido (ARAÚJO; MANZINI, 2001).

De acordo com Manzini e Santos (2002), as adaptações com relação à textura, espessura, tamanho, cores do recurso pedagógico, são usadas para proporcionar o desenvolvimento da percepção tátil cinestésica, discriminação visual e preensão de forma a propiciar a vivência de várias sensações, as quais podem servir de estímulo para as funções manuais presentes nas atividades do cotidiano escolar e nas atividades de vida diária. Desta forma, pequenas modificações no recurso pedagógico e, ainda, a prática e experiências repetidas, podem produzir maiores êxitos no desempenho motor desses alunos.

Para as pessoas com paralisia cerebral, especificamente em relação ao movimento dos membros superiores, observa-se que o peso do recurso, o tamanho, a forma podem contribuir com o movimento ou dificultá-lo na preensão e manipulação dos materiais pedagógicos (CRUZ, 2006; PAIVA, 2007). Logo, a utilização de recursos adaptados pode contribuir na aquisição de habilidades funcionais, promover estímulos sensoriais e motores e desenvolver aspectos cognitivo, perceptivo, emocional e social do individuo com distúrbios severos de natureza neurológica.

Os alunos com paralisia cerebral podem apresentar algumas dificuldades relacionadas à preensão de objetos, em virtude dos comprometimentos motores apresentados. Assim, algumas vezes, não adaptar as características físicas desses recursos, como formato, peso, tamanho e textura, poderá culminar no insucesso durante atividades específicas que envolvam movimentos com os membros superiores, já que estes também podem ser considerados importantes ferramentas para a exploração do meio e aquisição de novos conhecimentos (PAIVA, BRACCIALLI, 2009).

Dessa maneira, o que garante que o recurso adaptado favoreça a educação do aluno é uma avaliação e intervenção sobre as necessidades e capacidades do aluno, para direcionar a escolha do material mais adequado; as sugestões do aluno sobre a adaptação e o uso do recurso pedagógico; e a elaboração de atividades compatíveis com o currículo escolar da série em que ele está inserido.

Conhecer a real necessidade do aluno com necessidade especial no contexto acadêmico para que sejam proporcionados resultados satisfatórios em atividades dentro de sala de aula é de grande interesse para profissionais da Educação e da Saúde, além de promover a inserção do aluno na escola e, principalmente, de promover o acompanhamento desse aluno de acordo com o currículo escolar.

Este estudo tem como objetivo identificar a produção bibliográfica brasileira baseada em teses e dissertações acerca de características físicas dos recursos pedagógicos e/ou adaptados e suas implicações na realização de atividades pedagógicas, no período de oito anos, identificando aspectos tidos como relevantes. Dentre estes, serão destacados: 1) a adaptação do recurso pedagógico; 2) as propriedades físicas dos recursos na adaptação; 3) a interferência das propriedades físicas desses recursos no desempenho do aluno com necessidades educacionais especiais.

Metodologia

O presente trabalho utiliza o referencial da pesquisa bibliográfica, entendida como o ato de indagar e de buscar informações sobre determinado assunto, por meio de um levantamento

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realizado em base de dados nacionais, com o objetivo de detectar o que existe de consenso ou de contradição na literatura.

Com este propósito foi efetuada uma revisão das teses e dissertações na área da Educação Especial nos acervos bibliográficos digitais das principais universidades do Brasil: UFRJ, UFRS, UNICAMP, UFSCar e UNESP, em virtude da importância das pesquisas desenvolvidas nessas universidades em relação à temática proposta nesse estudo.

O período da pesquisa realizado foi de 2002 a 2010. Este recorte temporal foi operado devido ao fato de serem enfatizadas para esse estudo, pesquisas atuais, ao longo dos oito últimos anosNa totalidade das buscas, foram utilizadas seis palavras-chave, sendo elas: (1) Recursos pedagógicos; (2) Recursos pedagógicos adaptados; (3) Recursos adaptados; (4) Propriedades físicas de recursos pedagógicos; (5) Propriedades físicas de recursos adaptados; (6) Tecnologia assistiva.

Quando utilizada a palavra-chave “recursos pedagógicos”, foram encontradas quatro pesquisas. Com o intuito de estreitar mais as buscas e adquirir mais resultados referentes à área de Educação Especial, foi utilizada a palavra-chave “recursos pedagógicos adaptados” sendo encontrados três estudos. Por fim, quando empregada a palavra-chave “recursos adaptados” com o objetivo de encontrar resultados satisfatórios que abrangessem a temática, uma vez que algumas pesquisas na área de Educação Especial apresentam essa palavra-chave no assunto, foram disponibilizadas duas pesquisas.

Para tanto, foram selecionadas nove pesquisas, compostas por teses e dissertações a serem analisadas conforme o tema desenvolvido em cada pesquisa, a metodologia, os resultados alcançados e as conclusões para direcionamentos futuros.

Resultados

Na Tabela 1 se encontra a caracterização do acervo estudado segundo a instituição de ensino as quais as pesquisas foram desenvolvidas, o número de pesquisas por instituição de ensino e tipos das pesquisas (dissertação e/ou tese) juntamente com a quantidade do tipo de pesquisa por instituição.

Tabela 1 - Caracterização do acervo de revisão, segundo instituição de ensino, número de pesquisas e tipos de fontes bibliográficas.

Instituição de ensino Número de pesquisas Número de dissertações Número de teses

UNESP Marília 05 04 01

UFSCar 03 02 01

UFRJ 00 00 00

UNICAMP 00 00 00

UFRS 01 01 00

Conforme os procedimentos de buscas, nove pesquisas foram selecionadas, pois abordavam a temática estudada das três principais instituições de ensino: Universidade Estadual Paulista – Marília (UNESP-Marília), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). Nas bibliotecas digitais das demais universidades pesquisadas, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade de Campinas (UNICAMP), não foram encontrados estudos.

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Das seis pesquisas realizadas pela UNESP-Marília, quatro são dissertações de Mestrado e uma tese de Doutorado. Das dissertações de Mestrado, estavam disponíveis as de Audi (2006), Paiva (2007), Silva (2010) e Rocha (2010) e a tese, a disponível foi a de Gonçalves (2010).

O estudo de Audi (2006) tratou-se de um estudo comparativo do comportamento motor de membro superior em indivíduos com encefalopatia que utilizavam a pulseira estabilizadora. Quanto ao estudo de Paiva (2007) foi investigado se a textura do objeto influenciou na sua utilização do recurso em relação às variáveis força, atividade eletromiográfica e desempenho do movimento, realizado na execução de uma atividade pedagógica com 6 participantes com seqüelas de paralisia cerebral do tipo espástica, diplegia e quadriplegia, com idade entre 7 anos e 8 meses e 28 anos e 1 mês. Os resultados mostraram que não houve significância estatística para as variáveis estudadas, durante a realização da tarefa, com o recurso apresentado nas três diferentes texturas. Porém, os dados da estatística descritiva permitiram observar que a textura áspera foi a que exigiu menor quantidade de força de preensão palmar dos participantes do estudo e que a textura lisa requisitou menor atividade eletromiográfica dos músculos estudados, proporcionou uma menor quantidade de tempo para execução da tarefa e, também, foi a que determinou um melhor desempenho dos participantes com relação à trajetória do movimento executado.

Na pesquisa de Silva (2010), o objetivo foi de elaborar um instrumento para a prescrição e adaptação de recursos pedagógicos para o ensino do aluno com paralisia cerebral, destinado ao profissional da área de educação especial. Os participantes foram onze estudantes do quarto ano de pedagogia da Habilitação em Educação Especial, área de deficiência física e quatro profissionais da área da educação especial, sendo que o instrumento foi elaborado em quatro versões. A realização desta pesquisa contribuiu para fornecer etapas metodológicas sobre a construção de um instrumento de avaliação dentro da área da pedagogia; por outro lado, a quarta versão do protocolo configurou-se em um instrumento para auxiliar o profissional da área de educação especial na avaliação não só do aluno com paralisia cerebral, mas também de suas preferências individuais e das características do ambiente da sala de aula, resultando em dados que possam direcionar a prescrição ou adaptação de recurso pedagógico para o aluno com paralisia cerebral.

Rocha (2010) objetivou em seu trabalho, descrever o processo de prescrição e confecção de recursos da tecnologia assistiva para crianças com paralisia cerebral no contexto da Educação Infantil, visto que foi possível concluir que para a prescrição do recurso de tecnologia assistiva foi necessário estabelecer etapas com procedimentos específicos, ou seja, foi necessário a implementação de programas de intervenção. Os itens designados no protocolo utilizado para representar o recurso adaptado a ser confeccionado foram : estrutura física (tamanho, peso, volume, consistência, textura, forma), estrutura visual (percepção da cor, contraste, coordenação viso-motora, relação espacial, posição espacial, figura-fundo, constância perceptual, memória visual), estrutura auditiva (presença de som, reconhecimento de som), estrutura de comunicação (compreensão e expressão). Para a confecção dos recursos de tecnologia assistiva foi necessário primeiramente entender a situação de todo contexto escolar, neste estudo o alunos foram os protagonistas deste processo, porém foi necessário perceber as demandas do ambiente e as necessidades do professor, só assim foi possível pensar em recursos com potencial pedagógico para proporcionar experiências significativas para o processo de aprendizagem do aluno.

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Em relação à pesquisa desenvolvida por Gonçalves (2010), a mesma apresentou como objetivo principal, o de analisar as propriedades físicas modificadas de um recurso pedagógico para facilitação do manuseio de crianças com paralisia cerebral, e para tanto, foram desenvolvidos dois estudos. No primeiro, foi aplicado um questionário para todos os professores do ensino infantil das Escolas Municipais de uma cidade do interior do estado de São Paulo e no segundo estudo, foram realizadas as adaptações nas propriedades físicas no que se refere ao tamanho, peso e textura. Os resultados do primeiro estudo mostraram que os professores de educação infantil utilizavam com maior frequência, nas salas de aula, os jogos de acoplagem e, na escola, os jogos de exercícios. Já a respeito do segundo estudo, os resultados evidenciaram que as modificações nas propriedades físicas do recurso pedagógico e a combinação entre elas apresentaram grande importância, desde que especificadas as necessidades de cada condição motora de crianças com paralisia cerebral, em vista que essas crianças apresentaram uma variedade significativa de manifestações clínicas, não sendo possível a generalização dos dados obtidos.

No que diz respeito às pesquisas desenvolvidas pela UFSCar, das três pesquisas selecionadas, duas foram dissertações de Mestrado e uma tese de Doutorado. Referente às dissertações, os estudos foram o de Lourenço (2008) e de Alves (2009) e referente à tese disponibilizada, foi o estudo de Alpino (2008).

O estudo de Lourenço (2008) compreendeu sistematizar uma ferramenta com procedimentos específicos para verificar a elegibilidade de recursos computacionais de alta tecnologia assistiva a alunos com paralisia cerebral a ser aplicado por uma equipe de profissionais da área da educação especial e da reabilitação. A metodologia desse estudo envolveu as fases de tradução e adaptação transcultural desse instrumento, além da construção de um roteiro suplementar para uso adicional ao referido instrumento para o contexto educacional. O resultado obtido foi o protocolo para avaliação da acessibilidade ao computador procurando assim, a melhora na educação desses alunos.

O objetivo do estudo de Alves (2009) foi identificar os efeitos do uso da tecnologia assistiva no contexto da escolarização do aluno com paralisia cerebral a partir de sua própria percepção, da percepção de seu professor e de seu cuidador. O estudo revelou que as crianças, professores e cuidadores, reconheceram que os recursos de tecnologia assistiva como um recurso auxiliar à produção, à participação e que favorecem o processo de escolarização de tais alunos. Porém, os participantes apontaram algumas limitações trazidas pelo recurso e pelo próprio contexto que a prática de inclusão escolar está inserida. Para o autor uma das estratégias indicadas para a participação e aprendizagem do aluno com maior comprometimento motor, é o uso de recursos de tecnologia assistiva para favorecer a execução das tarefas pedagógicas. Referiu ainda, a necessidade de novos estudos para caracterizar as contribuições da tecnologia assistiva nas atividades de escrita e comunicação dentro da sala de aula.

O estudo de Alpino (2008) foi acerca da consultoria colaborativa promovida pela mesma enquanto fisioterapeuta junto às professoras de cinco alunos com paralisia cerebral e que pôde promover capacitação específica aos professores e indicações para adaptações do espaço físico/mobiliário escolar, equipamentos de tecnologia assistiva, atividades e materiais. Esse estudo foi fundamentado nas necessidades dos alunos e dificuldades dos educadores vista a importância do conhecimento da rotina escolar.

Por fim, a tese de Doutorado de Ferrada (2009) realizada na UFRS, propôs uma investigação realizada no âmbito da Informática na Educação Especial em prol da inclusão digital e das

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Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), objetivando a adaptação e apropriação da Tecnologia Assistiva para indivíduos com necessidades educacionais especiais, levando em consideração as características individuais dos mesmos, até mesmo para uma adaptação adequada referente às propriedades físicas. Os resultados dessa pesquisa apontaram para melhorias em termos de tempo e precisão de uso para tornar os sujeitos independentes em situações virtuais/digitais de aprendizagem.

Discussão

Paiva (2007) referiu que a utilização de recursos adaptados pode contribuir para melhorar as habilidades funcionais de membros superiores em pessoas com seqüelas de paralisia cerebral, frente à possibilidade de fornecer estímulos sensoriais e motores, necessários para o desenvolvimento das habilidades motoras. E ainda, Gonçalves (2010) relatou que é possível entender as respostas motoras de crianças com paralisia cerebral quando submetidas a uma atividade de encaixe com recursos pedagógicos em que as propriedades físicas foram modificadas.

Para Silva (2010), antes de adaptar um recurso pedagógico e planejar estratégias de ensino é necessário avaliar: 1) as características do aluno: características motoras, cognitivas, sensoriais, sociais, preferências individuais e familiares; 2) características do contexto da sala de aula.

Na dissertação de Silva (2010), inicialmente, foram analisados os recursos pedagógicos existentes no Laboratório de Educação Especial Prof. Ernani Vidon (por volta de 100 recursos, tais como, caderno imantado, réguas adaptadas, caderno de madeira, jogo de memória, jogo da multiplicação, livro de leitura ampliado, virador de páginas, etc.). Essa analise teve o objetivo de identificar o tipo de material que foi utilizado para a adaptação desses recursos, identificando inclusive as suas dimensões (peso, tamanho, forma, textura, entre outras). Essa análise de materiais permitiu entender que a matéria-prima utilizada é determinante para o sucesso ou fracasso da

adaptação do recurso, devendo, portanto, ser item obrigatório no instrumento de avaliação. Ainda a respeito do estudo da mesma autora ela relaciona a prescrição ou adaptação do recurso com os dados da paralisia cerebral. O guia de avaliação do protocolo contém uma breve introdução sobre a importância de avaliar o aluno com paralisia cerebral para escolher o material para adaptação. Além disso, há disponibilizado no protocolo, uma parte destinada à escolha de categorias para adaptação do recurso, que relaciona as características do aluno com a escolha e a adaptação do recurso. Mesmo não englobando todas as possíveis características do aluno com paralisia cerebral, o conteúdo do protocolo permite que o avaliador identifique a necessidade de escolher dentre os materiais, o mais adequado para a adaptação, visando potencializar o desenvolvimento do aluno.

No processo de adaptação do recurso pedagógico, o aluno pode contribuir com a escolha de determinados materiais e seu design, pois o uso do recurso deve ser benéfico para os dois sujeitos da educação, ou seja, para o aluno e para o professor (MANZINI; SANTOS, 2002). A construção de recursos pedagógicos adaptados necessita da representação da idéia, que seria a definição de materiais, as dimensões do objeto, formas, medidas, peso, textura e cor. Depois, deve-se construir o objeto para experimentação e experimentar na situação real de uso, seguido da avaliação do seu uso, para isso, deve-se considerar se atendeu o desejo no

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contexto determinado. E por fim, deve-se acompanhar o uso, para verificar o possível uso e necessidade de uma nova adaptação (BRASIL, 1998).

O recurso pedagógico pode ser classificado em: pouco estruturado e muito estruturado (MANZINI, 1999; MANZINI; DELIBERATO, 2007). O recurso pouco estruturado permite que um mesmo recurso possa ser utilizado com diferentes objetivos e estratégias de ensino, como, por exemplo, jogo de cartas que pode ser usado com o objetivo de trabalhar com os números ou com os desenhos de cada carta. Por sua vez, um recurso muito estruturado só atende a um objetivo específico, como acontece com um jogo com peças construídas com o mesmo material, o mesmo design físico (conservando o mesmo formato, a mesma cor e o mesmo peso) e com diferentes texturas, no qual dificilmente outro objetivo além da identificação das texturas poderá ser trabalhado.

A literatura faz referências a determinados tipos de materiais e metodologias, que devem ser escolhidos de acordo com as características físicas, comunicativas, visuais e cognitivas do aluno com paralisia cerebral.

Em relação às características físicas, observa-se que, para a criança com paralisia cerebral do tipo atetóide, que apresenta movimentos involuntários nos membros superiores, é indicado o uso de um material mais pesado (AUDI, 2006; MANZINI; DELIBERATO, 2007). Ao considerar a mesma idéia, já no estudo de Paiva (2007), a desaceleração dos movimentos permitiria mais tempo para usar a realimentação visual e cinestésica, assim para que o participante ajustasse sua ação de acordo com a variação das texturas. Ou seja, os participantes podem ter usado as informações visual e cinestésica, proporcionadas pelas texturas do objeto a fim de ajustar o movimento realizado.

Em relação ao aluno não falante ou que possui dificuldade para se comunicar com a fala oral, utiliza-se a comunicação alternativa para proporcionar uma comunicação funcional.

Segundo Manzini e Deliberato (1999), o uso da comunicação alternativa apresenta duas finalidades, a de promover e suplementar a fala e a de garantir uma forma alternativa de comunicação de um indivíduo que ainda não começou a falar. Para o uso desse tipo de comunicação, os autores evidenciaram que a escolha dos materiais, como: fotografias, desenhos, sistemas de signos ou cartas, ou ainda, expressões, como gestos manuais, piscar os olhos ou outros, é realizada de acordo com as potencialidades de cada criança.

A respeito do ensino de alunos com alterações visuais, é necessário que o professor escolha o material que permita uma melhor visualização, de acordo com suas possibilidades, podendo ser, atividades em figuras branco e preto, figuras coloridas, fotos coloridas ou em branco e preto, objetos em miniatura ou objetos em tamanho real (BRUNO, 2005).

Bruno (2005) obteve como resultados que a criança de sua pesquisa apresentou discriminação de detalhes em objetos e figuras simples, muitas vezes por associação à cor. Demonstrou dificuldade em transformações físicas, conservação de massa, estabelecimento de relações espaciais e temporais e representações gráficas. Suas dificuldades estavam mais relacionadas ao conhecimento físico e a lógica pré-operatória: relações lógicas, classificações e seriações de tamanho, largura, espessura e peso. Mostrou sensibilidade aos contrastes alterada, mesmo com mediação verbal e tátil, a aluna não decodificou a imagem com baixo-contraste. Com a adoção de procedimentos de mediação e ajuda foram necessárias para a compensação dessas dificuldades. A organização do ambiente, adaptação dos recursos e materiais foram elementos decisivos e incontestáveis para o êxito nas atividades propostas nesse estudo.

É importante considerar que em todas as pesquisas abordadas nessa revisão bibliográfica, traziam como parte dos procedimentos, entender a situação de todo contexto escolar, sendo

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necessário perceber as demandas do ambiente e as necessidades do professor, só assim foi possível pensar em recursos com potencial pedagógico para promover conhecimentos e vivências significativas para o processo de aprendizagem do aluno. Assim, foram necessários vários procedimentos que viabilizassem o conhecimento das características pessoais, os desejos e o desenvolvimento do aluno; os ambientes da escola; os profissionais e colegas que se relacionam com o aluno na escola (ROCHA, 2010); os recursos presentes; as atividades propostas; as estratégias utilizadas pela professora; a participação do aluno; o seu desempenho motor, perceptivo e comunicativo.

Considerações finais

Em vista da temática discutida acerca da adaptação do recurso pedagógico, suas propriedades físicas e a conseqüente interferência dessas propriedades físicas desses recursos no desempenho do aluno com necessidades educacionais especiais, foram apresentadas algumas considerações finais:

1) escassez de pesquisas sobre as características físicas dos recursos pedagógicos;

2) o tema é considerado de grande importância para a Educação Especial, pois está diretamente relacionado com o desempenho do aluno com necessidades especiais em sala de aula;

3) há a necessidade de novas pesquisas que possam subsidiar uma discussão mais ampla e consistente;

4) mais atenção e direcionamento às pesquisas voltadas às avaliações dessas propriedades físicas de maneira abrangente e específica;

5) existe a falta de pesquisas voltadas especificamente a cada uma das propriedades dos recursos e suas relações com o desempenho do aluno com necessidades especiais. Os profissionais que trabalham com indivíduos com necessidades especiais das diversas áreas de atuação podem realizar uma análise dos benefícios a serem atingidos com cada criança, de forma a utilizar o peso, a textura, consistência, tamanho dentre outras características que forem apropriadas e que possam auxiliar na execução de suas atividades, atendendo as suas necessidades específicas.

Por fim, essa revisão bibliográfica contribuiu, por meio de dados com a área da Educação, destacando-se aqui a Educação Especial, para que se tenha atenção aos subsídios científicos que podem ser oferecidos aos profissionais que trabalham com pessoas com necessidades especiais, durante a escolha de materiais quanto às características físicas dos recursos, a fim de contribuir para um bom desempenho de atividades motoras.

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Referências

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