Introdução à
Reforma do IRC
Introdução à Reforma do IRC
Abílio Sousa 2 grandes vetores da reforma do IRC novo regime simplificado alterações aos pagamentos especiais por contaIntrodução à Reforma do IRC
Programa:
1. O novo regime simplificado
2. Alterações ao regime de transparência fiscal
3. O cálculo do pagamento especial por conta
4. Novas taxas de tributações autónomas 5. Regime fiscal da dedução de prejuízos
6. Regime de participation exemption
7. Alterações ao regime fiscal das mais e menos valias e do reinvestimento
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Programa:
8. Simplificação de obrigações declarativas e dedução de gastos e perdas
9. Imparidades por dívidas de cobrança duvidosa e créditos incobráveis
10. Realizações de utilidade social
11. Revisão do regime especial de tributação de grupos de sociedades
12. Política fiscal internacional: alterações ao regime de prova de aplicação de Convenções para evitar a dupla tributação (RFI), tributação de
estabelecimentos estáveis de entidades residentes e regime de eliminação da dupla tributação internacional
Nota final: taxas do IRC e derrama estadual
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Introdução à Reforma do IRC
Regime simplificado – artigo 86.º-A do CIRC
Podem optar pelo regime simplificado, os sujeitos passivos residentes, não isentos nem sujeitos a um regime especial de tributação, que exerçam a título principal uma atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola e que cumpram, cumulativamente, as seguintes condições:
1) Tenham obtido, no período de tributação imediatamente anterior, um
montante anual ilíquido de rendimentos não superior a € 200 000,00; 2) O total do seu balanço relativo ao período de tributação
imediatamente anterior não exceda € 500 000,00;
3) Não estejam legalmente obrigados à revisão legal de contas;
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Regime simplificado – artigo 86.º-A do CIRC
Podem optar pelo regime simplificado, os sujeitos passivos residentes, não isentos nem sujeitos a um regime especial de tributação, que exerçam a título principal uma atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola e que cumpram, cumulativamente, as seguintes condições:
4) O capital social não seja detido em mais de 20%, direta ou indiretamente, por entidades que não cumpram os requisitos anteriormente mencionados;
5) Adotem o regime de normalização contabilística aplicável a micro entidades, previsto no Decreto-lei n.º 36.º-A/2011, de 9 de Março;
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Regime simplificado – artigo 86.º-A do CIRC
Não obstante o disposto na alínea c) do n.º 1 do artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março, as empresas que apliquem o regime
simplificado de tributação previsto no artigo 86.º-A do Código do IRC
podem adotar o regime de normalização contabilística para
microentidades previsto naquele diploma, independentemente do número
de trabalhadores.
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Regime simplificado – artigo 86.º-A do CIRC
A opção pela aplicação do regime simplificado de determinação da matéria coletável deve ser formalizada pelos sujeitos passivos:
a) Na declaração de início de atividade;
b) Numa declaração de alterações a apresentar até ao fim do 2.º mês do
período de tributação no qual pretendam iniciar a aplicação do regime
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Regime simplificado – artigo 86.º-A do CIRC
O regime simplificado cessa:
Quando deixem de se verificar os requisitos anteriormente referidos;
Quando o sujeito passivo não cumpra a obrigação de comunicação das faturas prevista no n.º 1 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 198/2012, de 24 de Agosto;
Quando o sujeito passivo renuncie à aplicação do regime mediante
declaração de alterações a apresentar até ao fim do 2.º mês do período de tributação.
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Regime simplificado – artigo 86.º-A do CIRC
Não podem optar pelo regime aqueles que tenham renunciado à
aplicação do mesmo nos três anos anteriores, com referência à data em
que se inicia a aplicação do regime
No período do início de atividade, o enquadramento no regime
simplificado de determinação da matéria coletável faz-se, verificados os demais requisitos, em conformidade com o valor anualizado dos
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Regime simplificado – artigo 86.º-B do CIRC
A matéria coletável relevante para efeitos da aplicação do regime
simplificado obtém-se através da aplicação dos seguintes coeficientes:
4% das vendas de mercadorias e produtos, bem como das prestações de
serviços efetuadas no âmbito de atividades hoteleiras e similares, restauração e bebidas;
75% dos rendimentos de atividades profissionais constantes da tabela a
que se refere o artigo 151.º do Código do IRS
10% dos restantes rendimentos de prestações de serviços e subsídios
destinados à exploração;
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Regime simplificado – artigo 86.º-B do CIRC
A matéria coletável relevante para efeitos da aplicação do regime
simplificado obtém-se através da aplicação dos seguintes coeficientes:
30% dos subsídios não destinados à exploração;
95% dos rendimentos provenientes de contratos que tenham por objeto a
cessão ou utilização temporária da propriedade intelectual ou industrial ou a prestação de informações respeitantes a uma experiência adquirida no sector industrial, comercial ou científico;
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Regime simplificado – artigo 86.º-B do CIRC
A matéria coletável relevante para efeitos da aplicação do regime
simplificado obtém-se através da aplicação dos seguintes coeficientes:
95% do resultado positivo de rendimentos prediais;
95% do saldo positivo das mais e menos-valias e dos restantes incrementos
patrimoniais, tal como determinados para efeitos de IRS;
100% do valor de aquisição dos incrementos patrimoniais obtidos a título
gratuito, determinado nos termos do n.º 2 do artigo 21.º.
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Regime simplificado – artigo 86.º-B do CIRC
As mais-valias e as menos-valias correspondem à diferença entre o valor de realização, líquido dos encargos que lhe sejam inerentes, e o valor de aquisição deduzido das perdas por imparidade e outras correções de valor, das depreciações ou amortizações que tenham sido fiscalmente aceites e, no que respeita a ativos depreciáveis ou amortizáveis, das
quotas mínimas de depreciação ou amortização relativamente ao período em que seja aplicado este regime simplificado de determinação da
matéria coletável.
Os subsídios seguem a mesma regra de tributação do regime geral (artigo 22.º do CIRC).
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Regime simplificado – artigo 86.º-B do CIRC
Abílio Sousa 16 REGIME SIMPLIFICADO Vendas e prestações de serviços BASE CONTABILÍSTICA Rendimentos prediais, capitais e mais-valias BASE FISCAL
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Regime simplificado – artigo 86.º-B do CIRC
Os coeficientes aplicáveis às vendas (4%) e prestações de serviços (10%) são reduzidos em 50% e 25% no primeiro e segundo períodos posteriores ao início de atividade, respetivamente
Coeficiente aplicável às vendas: início de atividade = 2%, ano seguinte = 3%, anos seguintes = 4%
Coeficiente aplicável às outras prestações de serviços: início de atividade = 5%, ano seguinte = 7,5%, anos seguintes = 10%
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Regime simplificado – artigo 86.º-B do CIRC
Nos sectores de revenda de combustíveis, de tabacos, de veículos sujeitos ao imposto sobre os veículos e de álcool e bebidas alcoólicas, não se
consideram, para efeitos de determinação da matéria coletável, os montantes correspondentes a:
Impostos especiais sobre o consumo; e
Imposto sobre os veículos.
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Regime simplificado – artigo 86.º-B do CIRC
A matéria coletável do regime simplificado não poderá ser inferior a 60% do valor anual da retribuição mensal mínima garantida.
Mantendo-se a retribuição mensal mínima garantida no seu atual
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Regime simplificado – artigo 86.º-B do CIRC
O artigo 64.º do IRC aplica-se no regime simplificado
Assim, os sujeitos passivos que adotem o regime simplificado não podem considerar, para efeitos de determinação da matéria coletável, na
transmissão de direitos de bens imóveis um valor inferior ao valor
patrimonial tributário que serviu de base à liquidação do IMT ou que
serviria de base à liquidação deste imposto caso este se mostrasse devido
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Regime simplificado – artigo 86.º-B do CIRC
Notas finais sobre o regime simplificado:
Deduções à coleta: apenas é dedutível a relativa a dupla tributação
jurídica internacional
Pagamento especial por conta: dispensados
Tributações autónomas: só aquelas que incidem sobre viaturas ligeiras de
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2. Alterações ao regime de transparência fiscal
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Regime de transparência fiscal– artigo 6.º do CIRC
É alterado o conceito de sociedade de profissionais, passando este a incluir a sociedade cujos rendimentos provenham, em mais de 75%, do exercício conjunto ou isolado de atividades profissionais especificamente previstas na lista constante do artigo 151.º do Código do IRS, desde que, cumulativamente,
em qualquer dia do período de tributação, o número de sócios não seja superior a cinco, nenhum deles seja pessoa coletiva de direito público, e
pelo menos 75% do capital social seja detido por profissionais que exercem as referidas atividades, total ou parcialmente, através da sociedade.
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Regime de transparência fiscal– artigo 6.º do CIRC
Abílio Sousa 24 50% 50% médico enfermeiro Novas Sociedades de Profissionais Objeto social: prestação de serviços de medicina e enfermagem
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Regime de transparência fiscal– artigo 6.º do CIRC
95% 5% médico outro Novas Sociedades de Profissionais Objeto social: prestação de serviços de medicina
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Regime de transparência fiscal– artigo 6.º do CIRC
Abílio Sousa 26 75% 25% TOC outro Novas Sociedades de Profissionais Objeto social: prestação de serviços de contabilidade
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Regime de transparência fiscal– artigo 6.º do CIRC
Não se consideram sociedades de simples administração de bens as que exerçam a atividade de gestão de participações sociais de outras
sociedades e que detenham participações sociais que cumpram os requisitos previstos no n.º 1 do artigo 51.º do CIRC
Tais requisitos são: participação mínima de 5% e detida de modo ininterrupto durante 24 meses
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3. O cálculo do pagamento especial por conta
Introdução à Reforma do IRC
Pagamento especial por conta – artigo 106.º do CIRC
Ao contrário do inicialmente previsto, não se verificam alterações no cálculo dos pagamentos especiais por conta, mantendo-se os limites
máximo e mínimo de € 70.000,00 e € 1.000,00, respetivamente, bem como os prazos de pagamento: Março ou Março e Outubro.
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Pagamento especial por conta – artigo 106.º do CIRC
Abílio Sousa 30 pagamento especial por conta Regime Simplificado = dispensa Regime Geral = manutenção do valor mínimo de € 1.000
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Pagamento especial por conta – artigo 106.º do CIRC
Mantêm-se as situações de dispensa previstas no n.º 11 do artigo 106.º do CIRC:
Sujeitos passivos totalmente isentos
Empresas em insolvência ou com processo de recuperação
Sujeitos passivos que tenham deixado de efetuar vendas ou prestações de serviços e tenham entregue a correspondente declaração de
cessação de atividade a que se refere o artigo 33.º do Código do IVA
bem como a não aplicabilidade no período de tributação de início de atividade e no seguinte
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Pagamento especial por conta – artigo 93.º do CIRC
No entanto, o período de dedução dos PEC é alargado até ao sexto
período de tributação seguinte àquele a que respeita.
Quando não seja possível a dedução integral dos PEC até ao final dos 6 anos, passa a ser possível solicitar o seu reembolso, sem dependência da realização de ação de inspeção, mediante requerimento do sujeito
passivo, dirigido ao chefe do serviço de finanças da área da sede,
direção efetiva ou estabelecimento estável em que estiver centralizada a contabilidade, apresentado no prazo de 90 dias a contar do termo
daquele período.
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Pagamento especial por conta – artigo 93.º do CIRC
O novo regime de recuperação dos PEC aplica-se apenas aos
pagamentos especiais por conta relativos aos períodos de tributação que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 20l4
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4. Novas taxas de tributações autónomas
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Tributações autónomas – artigo 88.º do CIRC
As taxas de tributação autónoma incidentes sobre viaturas ligeiras de
passageiros deixam de estar indexadas ao valor de aquisição fiscalmente aceite nos termos da alínea e) do n.º 1 do artigo 34.º do CIRC.
Assim, as novas taxas de tributação autónoma constantes do n.º 3 do artigo 88.° do Código do IRC aplicam-se aos encargos efetuados ou
suportados por sujeitos passivos relacionados com todas as viaturas ligeiras de passageiros, motos ou motociclos, excluindo os veículos movidos
exclusivamente a energia elétrica, independentemente da respetiva data
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Tributações autónomas – artigo 88.º do CIRC
Assim, os encargos efetuados ou suportados com viaturas ligeiras de passageiros (deixa-se de fazer referência a viaturas mistas), motos ou motociclos, excluindo veículos elétricos, passam a ser tributados às seguintes taxas:
10% se respeitarem a veículos com valor de aquisição inferior a € 25.000; 27,5% se respeitarem a veículos com valor de aquisição igual ou superior
a € 25.000 e inferior a € 35.000; e,
35% se respeitarem a veículos com valor de aquisição igual ou superior a
€ 35.000
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Tributações autónomas – artigo 88.º do CIRC
Exemplo 1:
Viatura ligeira de passageiros adquirida em 2013 por € 25.000,00 e depreciada em 5 anos.
Tributação autónoma incidente sobre as depreciações:
Em 2013 = 25.000 x 20% x 10% = € 500,00
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Tributações autónomas – artigo 88.º do CIRC
Exemplo 2:
Viatura ligeira de passageiros adquirida em 2013 por € 36.000,00 e depreciada em 6 anos.
Tributação autónoma incidente sobre as depreciações:
Em 2013 = 36.000 x 16,66% x 20% = € 1.200,00
Em 2014 = 36.000 x 16,66% x 35% = € 2.100,00 (agravamento de 75%)
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Tributações autónomas – artigo 88.º do CIRC
As restantes taxas de tributações autónomas mantêm-se
Mantém-se igualmente o agravamento de 10 pontos percentuais em todas as taxas de tributação autónoma quando o sujeito passivo
apresente prejuízo fiscal no período
É finalmente clarificado que os encargos ou as despesas de
estabelecimento estável situado fora de Portugal relativamente à
atividade exercida por seu intermédio não estão sujeitos a tributação autónoma
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5. Regime fiscal da dedução de prejuízos
Introdução à Reforma do IRC
Regime fiscal da dedução de prejuízos – artigo 52.º do CIRC
O prazo de reporte dos prejuízos fiscais é aumentado de 5 para 12 anos.
Este novo prazo aplica–se aos prejuízos fiscais apurados em períodos de tributação que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2014.
5 anos
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Regime fiscal da dedução de prejuízos – artigo 52.º do CIRC
A limitação à dedução de prejuízos fiscais, constante do n.º 2 do artigo 52.º do CIRC é alterada de 75% para 70% do lucro tributável apurado em cada exercício.
Exemplo:
Sujeito passivo com lucro tributável de € 10.000,00 e prejuízos fiscais dedutíveis de igualmente € 10.000,00
Matéria coletável em 2013 = € 2.500,00
Matéria coletável em 2014 = € 3.000,00
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Regime fiscal da dedução de prejuízos – artigo 52.º do CIRC
A nova percentagem de 70% é aplicável à dedução, aos lucros
tributáveis dos períodos de tributação que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2014, dos prejuízos fiscais apurados em períodos de tributação anteriores a 1 de janeiro de 2014, ou em curso nesta data.
Passa também a estar expressamente previsto na lei que devem ser utilizados em primeiro lugar os prejuízos fiscais apurados há mais tempo (conforme já constava das instruções da AT).
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Regime fiscal da dedução de prejuízos – artigo 52.º do CIRC
É eliminada do n.º 8 do artigo 52.º do CIRC, a limitação à dedução dos
prejuízos fiscais, quando se verifique a modificação do objeto social ou a alteração da atividade exercida
Mantém- se a limitação à dedução de prejuízos fiscais quando se verificar
a alteração da titularidade de mais de 50% do capital social ou dos direitos de voto
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Regime fiscal da dedução de prejuízos – artigo 52.º do CIRC
Para efeitos de aplicação do referido n.º 8, não há lugar à perda do direito à dedução dos prejuízos nas seguintes cinco situações:
1) passagem da titularidade do capital social ou dos direitos de voto de direta para indireta, e vice-versa;
2) operações de concentração a que se aplique o regime da neutralidade fiscal;
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Regime fiscal da dedução de prejuízos – artigo 52.º do CIRC
Para efeitos de aplicação do referido n.º 8, não há lugar à perda do direito à dedução dos prejuízos nas seguintes situações:
4) aquisições por titulares que já detenham ininterruptamente, direta ou
indiretamente, mais de 20% do capital social ou da maioria dos direitos de voto da sociedade;
5) quando o adquirente seja trabalhador ou membro dos órgãos sociais.
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Regime fiscal da dedução de prejuízos – artigo 52.º do CIRC
21% 79%
A B
Exemplo – transmissão de 60% do capital da sociedade de B para A:
81% 19%
A B
Face à nova redação do n.º 8 do artigo 52.º do CIRC, o sujeito passivo mantém o direito à dedução dos prejuízos fiscais
Introdução à Reforma do IRC
Regime fiscal da dedução de prejuízos – artigo 52.º do CIRC
Passa a ser automático e sem necessidade de autorização o reporte de prejuízos fiscais individuais em operações de concentração com
neutralidade fiscal, estipulando-se, desde logo, que a dedução dos
prejuízos fiscais das entidades fundidas ou contribuidoras fica limitada ao valor correspondente à proporção entre o valor do respetivo património líquido e o património líquido de todas as entidades envolvidas nas
operações.
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Regime de participation exemption – artigo 51.º do CIRC
Um dos aspetos mais falados na reforma do IRC é a adoção de um regime de participation exemption de carácter universal.
Prevê-se que os lucros e reservas distribuídos, bem como as mais e menos
valias realizadas por sujeitos passivos de IRC, com sede ou direção efetiva
em Portugal, com a transmissão onerosa de partes sociais não concorram para a determinação do seu lucro tributável, desde que se verifiquem
cumulativamente determinados requisitos
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Regime de participation exemption – artigo 51.º do CIRC
Este novo regime é ainda aplicável às mais-valias e menos-valias
realizadas mediante a transmissão onerosa de partes de capital e de outras componentes do capital próprio no âmbito de operações de
reorganização empresarial não abrangidas pelo regime da neutralidade fiscal.
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Regime de participation exemption – artigo 51.º do CIRC
Os requisitos são:
1) detenção de uma participação não inferior a 5% do capital social ou
direitos de voto da entidade que distribui os lucros ou cuja transmissão onerosa do capital dê origem a uma mais ou menos-valia, deste que a participação seja detida por um período mínimo de vinte e quatro meses, de forma ininterrupta, ou, para o caso dos dividendos, se detida há
menos tempo, seja mantida durante o tempo necessário para completar aquele período;
2) sujeito passivo não pode estar abrangido pelo regime de transparência
fiscal;
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Regime de participation exemption – artigo 51.º do CIRC
Os requisitos são:
3) a entidade que distribui os lucros ou reservas ou cujo capital social é
objeto de transmissão onerosa, tem de estar sujeita e não isenta de IRC ou imposto similar, a uma taxa legal mínima de, pelo menos, 60% da taxa do IRC.
Introdução à Reforma do IRC
Regime de participation exemption – artigo 51.º do CIRC
O regime não é aplicável à transmissão onerosa de partes sociais quando o valor dos bens imóveis represente, direta ou indiretamente, mais de 50% do ativo (com exceção de bens imóveis afetos a uma atividade de
natureza agrícola, industrial ou comercial que não consista na locação ou na compra e venda de bens imóveis).
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Dupla tributação económica– artigo 51.º do CIRC
Condições de aplicação do artigo 51.º do CIRC (eliminação da dupla tributação) antes da reforma:participação direta no capital da sociedade que distribui os lucros não inferior a 10 % (agora 5%) e
detida de modo ininterrupto, durante o ano anterior (agora vinte e quatro
meses) à data da colocação à disposição dos lucros ou, se detida há menos
tempo, desde que a participação seja mantida durante o tempo necessário para completar aquele período
Introdução à Reforma do IRC
crédito de imposto– artigo 91.º-A do CIRC
O crédito por dupla tributação económica internacional, passa a ser
aplicável por opção do sujeito passivo que receba lucros ou reservas aos
quais não seja aplicável o regime de participation exemption, desde que
aquele detenha, ou venha a deter, por um período de 24 meses, uma participação não inferior a 5%.
Quando seja exercida a opção pelo crédito de imposto por dupla
tributação económica internacional, deve o sujeito passivo acrescer à matéria coletável o imposto sobre o lucro pago no estado fonte,
correspondente aos dividendos que lhe tenham sido distribuídos.
Introdução à Reforma do IRC
7. Alterações ao regime fiscal das mais e menos valias e do
Introdução à Reforma do IRC
Ativos intangíveis não amortizáveis– artigo 45.º-A do CIRC
É introduzido um regime de dedutibilidade do valor de aquisição dos ativos intangíveis, nos termos do qual aquele valor é considerado como gasto fiscal, em partes iguais, durante os primeiros 20 períodos de
tributação após o seu reconhecimento inicial.
Este regime é aplicável, quer a elementos de propriedade industrial (como marcas, alvarás, processos de produção, modelos ou outros
direitos assimilados) que tenham sido adquiridos a título oneroso e não
tenham vigência temporal limitada, quer ao goodwill adquirido numa
concentração de atividades empresariais desde que, uns e outros, sejam
registados ou adquiridos após 1 de Janeiro de 2014.
Introdução à Reforma do IRC
Ativos mensurados a justo valor– artigo 45.º-A do CIRC
Nas situações em que seja adotado o método do justo valor na
mensuração subsequente das propriedades de investimento e dos ativos
biológicos de produção, prevê-se a possibilidade de reconhecer como
custo fiscal o custo de aquisição destes ativos, bem como, as grandes reparações, beneficiações ou benfeitorias, em partes iguais, durante o
período de vida útil que resulta da quota mínima de depreciação que
seria aceite se esse ativo permanecesse reconhecido ao custo de aquisição.
Introdução à Reforma do IRC
Mais-valias e reinvestimento– artigo 48.º do CIRC
O regime fiscal do reinvestimento passa a ser aplicável aos ativos
intangíveis,
mas deixa de se aplicar às propriedades de investimento.
É também revogado o regime de reinvestimento de partes de capital.
Para a aplicação deste regime exige-se a obrigação de detenção por período não inferior a um ano dos bens em que seja reinvestido o valor de realização (este período mínimo de detenção é contado a partir do final do período de tributação em que ocorre a realização).
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Mais-valias e reinvestimento– artigo 46.º do CIRC
Regime fiscal do reinvestimentoartigo 48.º CIRC ativos fixos tangíveis Propriedades de investimento ativos biológicos de produção ativos não correntes
detidos para venda
ativos fixos tangíveis Propriedades de investimento ativos biológicos de produção ativos intangíveis novo ativos intangíveis novo
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8. Simplificação de obrigações declarativas
Dedução de gastos e perdas
Introdução à Reforma do IRC
simplificação de obrigações declarativas
Procede-se à substituição de requerimentos com vista à obtenção de
autorizações da AT por meras comunicações, por exemplo:
Deixa de ser necessária a obtenção de autorização prévia para a alteração do período de tributação, bastando, para o efeito, a mera comunicação dessa alteração (artigo 8.º do CIRC);
Idem na utilização de taxas de amortização inferiores às mínimas (artigo 30.º do CIRC);
E também na aplicação de um limite fiscal não linear para efeitos da
dotação anual da provisão para a reparação de danos de carácter
Introdução à Reforma do IRC
dedução de gastos e perdas – artigo 23.º
É alterada a noção de gastos ou perdas, passando a ser dedutíveis os que sejam incorridos ou suportados pelo sujeito passivo para obter ou
garantir os rendimentos sujeitos a IRC.
Abílio Sousa 64
noção anterior:
aqueles que comprovadamente sejam indispensáveis para a
realização dos rendimentos sujeitos a imposto ou para a manutenção da fonte produtora
noção atual:
incorridos ou suportados pelo sujeito passivo para obter ou
garantir os rendimentos sujeitos a IRC
Introdução à Reforma do IRC
documentação de gastos– artigo 23.º
No caso de gastos incorridos ou suportados pelo sujeito passivo com a aquisição
de bens ou serviços, o respetivo documento comprovativo deve conter:
a) Nome ou denominação social do fornecedor dos bens ou prestador dos serviços e do adquirente ou destinatário;
b) NIF do fornecedor dos bens ou prestador dos serviços e do adquirente ou destinatário, sempre que se tratem de entidades com residência ou
estabelecimento estável no território nacional;
c) Quantidade e denominação usual dos bens adquiridos ou dos serviços prestados;
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dedução de gastos e perdas – artigo 23.º
O n.º 6 do artigo 23.º passa a estabelecer que quando o fornecedor dos bens ou prestador dos serviços esteja obrigado à emissão de fatura ou documento legalmente equiparado nos termos do Código do IVA, o
documento comprovativo das aquisições de bens ou serviços previsto no n.º 4 deve obrigatoriamente assumir essa forma.
Introdução à Reforma do IRC
encargos não dedutíveis – artigo 23.º - A
É revogado o artigo 45.º passando os encargos não dedutíveis para efeitos fiscais a constar do artigo 23.º-A
Artigo 45.º
Artigo 23.º - A
Introdução à Reforma do IRC
encargos não dedutíveis – artigo 23.º - A
Estabelece-se que não concorrem para a formação do lucro tributável as
menos-valias e outras perdas relativas a instrumentos de capital próprio,
na parte do valor que corresponda aos lucros ou reservas distribuídos ou às mais-valias realizadas com a transmissão onerosa de partes sociais da mesma entidade que tenham beneficiado, no próprio período de
tributação ou nos quatro períodos anteriores, da dedução prevista no artigo 51.º, do crédito por dupla tributação económica internacional prevista no artigo 91.º-A ou da dedução prevista no artigo 51.º-C.
Introdução à Reforma do IRC
encargos não dedutíveis – artigo 23.º - A
Não são igualmente aceites como gastos do período de tributação os
suportados com a transmissão onerosa de instrumentos de capital próprio, qualquer que seja o título por que se opere, de entidades com residência ou domicílio em país, território ou região sujeito a um regime fiscal
claramente mais favorável constante de lista aprovada por portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças.
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9. Imparidades por dívidas de cobrança duvidosa e créditos
incobráveis
Introdução à Reforma do IRC
Imparidades
Artigo 28.º-A dívidas a receber Artigo 36.º CIRC Artigo 28.º-B créditosAs perdas por imparidade em dívidas a receber passam a constar do futuro artigo 28.º-A do CIRC, tendo sido revogados os artigo 35.º e 36.º
Introdução à Reforma do IRC
Perdas por imparidade em dívidas a receber - artigo 28.º-A
Alargamento do conceito de atividade normal do sujeito passivo:
Estabelece-se que a parcela das perdas por imparidade relativa aos juros
pelo atraso no cumprimento de obrigações relativas a créditos resultantes
da atividade normal releva para efeitos fiscais.
Introdução à Reforma do IRC
Perdas por imparidade em créditos - artigo 28.º-B
O risco de incobrabilidade considera-se estar devidamente justificado relativamente a créditos em que o devedor tenha pendente um processo especial de revitalização ou procedimento de recuperação de empresas por via extrajudicial ao abrigo do SIREVE (harmonização com o CIVA)
Clarifica-se que não são considerados de cobrança duvidosa os créditos detidos sobre pessoas singulares ou coletivas que detenham
indiretamente mais de 10% do capital da empresa e os créditos sobre empresas participadas indiretamente em mais de 10% do capital.
Introdução à Reforma do IRC
créditos incobráveis – artigo 41.º do CIRC
É revogada a obrigação de comunicação ao devedor do
reconhecimento para efeitos fiscais do gasto com a incobrabilidade.
Aqui, ao contrário do que acontece no artigo 28.º-B, regista-se uma
descoordenação entre o CIRC e o CIVA, por força da alteração ao n.9 do artigo 78.º -B do CIVA, constante da lei do OE 2014.
Introdução à Reforma do IRC
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Realizações de utilidade social – artigo 43.º do CIRC
Os gastos com contratos de seguros de doença ou de saúde de que beneficiem os familiares de colaboradores, nas mesmas condições aplicáveis aos seguros a favor destes, passam a ser dedutíveis, nas condições referidas no n.º 2 do artigo 43.º do CIRC.
Em consonância com alteração em igual sentido à alínea e) do n.º 8 do artigo 2.º do Código do IRS, constante do OE 2014
Introdução à Reforma do IRC
11. Revisão do regime especial de tributação de grupos de
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RETGS– artigo 69.º do CIRC
A percentagem de detenção mínima para a integração de uma sociedade no perímetro do grupo passa de 90% para 75%.
Passa também a constar expressamente na lei que sociedades detidas, em mais de 75% por intermédio de sociedades residentes noutro Estado Membro da UE ou do Espaço Económico Europeu (neste caso desde que exista obrigação de cooperação administrativa no domínio da
fiscalidade), poderão integrar o perímetro do consolidado fiscal.
79 dominante A B C X Y Z 90% 90% 90% 90% 90% 90% 10%
exemplo de grupo de sociedades para o qual se passa a verificar o cumprimento da condição do
n.º 2 do artigo 69.º do CIRC, para todas as sociedades do grupo
10%
(indicam-se a vermelho e entre parêntesis as %
(90%)
(99%)
(90%)
(81%)
80 A C Y Z 90% 90% 90% a sociedade A não podia optar pelo RETGS com
inclusão das sociedades Y e Z
a sociedade C, embora dominante sobre Y e Z, não podia optar pelo RETGS, pois é dominada de A
a sociedade A pode optar pelo RETGS a partir de 2014
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RETGS– artigo 69.º do CIRC
Alterações ao nível das obrigações declarativas:
A não comunicação de alterações na composição do grupo não resulta na cessação automática do regime.
Possibilidade de continuidade do RETGS caso se verifique a alteração da sociedade dominante, mediante comunicação à AT efetuada nos 30 dias seguintes à data em que se verifique esse facto.
A utilização do reporte dos prejuízos fiscais apurados pelo grupo em
períodos anteriores, no caso de alteração da sociedade dominante fica condicionada à obtenção de autorização por parte da AT.
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12. Política fiscal internacional: alterações ao regime de
prova de aplicação de Convenções para evitar a dupla
tributação (RFI) e tributação de estabelecimentos estáveis de
entidades residentes
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estabelecimento estável situado fora do território português
Com o novo artigo 54.º-A do CIRC, passa a ser possível a opção pela
aplicação do método de isenção relativamente aos lucros e aos prejuízos
imputáveis a estabelecimento estável situado fora do território português, desde que:
esses lucros estejam sujeitos e não isentos a um imposto previsto na
Diretiva 2011/96/EU de 30 de Novembro (Diretiva Mães-Afiliadas) ou a um imposto de natureza similar ao IRC cuja taxa não seja inferior a 60% da taxa normal de IRC em vigor; e,
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estabelecimento estável situado fora do território português
Este regime opcional não é aplicável aos lucros imputáveis ao
estabelecimento estável até ao montante dos prejuízos imputáveis a esse estabelecimento estável que tenham concorrido para a determinação do lucro tributável do sujeito passivo nos 12 períodos de tributação
anteriores.
A opção pelo regime deve abranger, pelo menos, todos os
estabelecimentos estáveis situados na mesma jurisdição e deve ser
mantida por um período mínimo de 3 anos a contar da data em que se
inicia a sua aplicação.
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retenção na fonte – aplicação de CDT – artigo 98.º CIRC
São simplificados os requisitos para a aplicação das Convenções para
evitar a Dupla Tributação e de outros acordos de direito internacional que vinculem o Estado Português, passando a aceitar-se como válido
documento emitido pelas autoridades competentes do Estado de residência do beneficiário do rendimento.
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Taxas do IRC e derrama estadual
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Taxas – artigo 87.º do CIRC
A taxa do IRC é alterada para 23%
No caso de sujeitos passivos que exerçam, diretamente e a título principal,
uma atividade económica de natureza agrícola, comercial ou industrial
que sejam qualificados como pequena ou média empresa, nos termos previstos no anexo ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro, a taxa
de IRC aplicável aos primeiros € 15.000,00 de matéria coletável é de 17%,
aplicando-se a taxa de 23% ao excedente.
Esta taxa está sujeita às regras comunitárias para os auxílios de minimis, definidas no Regulamento (CE) n.º 1998/2006, da Comissão, de 15 de dezembro.
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Derrama Estadual – artigo 87.º-A do CIRC
São também alteradas as taxas da derrama estadual, criando-se um novo escalão para sujeitos passivos com lucro tributável superior a € 35.000.000,00
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"Nada precisa tanto de reforma como os hábitos dos outros.“
Mark Twain (1835-1910)
Escritor
Introdução à Reforma do IRC
Produzido por Abílio Sousa (Ivojoma – Formação e Fiscalidade, Lda)
dsf.formacao@gmail.com
Os casos práticos foram produzidos pelo autor
Não pode ser reproduzido sem autorização expressa da entidade promotora