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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.263.157 - PE (2011/0150903-5)

RELATOR : MINISTRO BENEDITO GONÇALVES

RECORRENTE : CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO-CREMEPE

ADVOGADO : ROBERTA SILVA MELO FERNANDES E OUTRO(S) RECORRIDO : MÁRIO MEDEIROS CARDOSO

ADVOGADO : ARY SANTA CRUZ O JUNIOR E OUTRO(S)

EMENTA

ADMINISTRATIVO. TRANCAMENTO DE PROCESSO

ÉTICO-DISCIPLINAR. ART. 1º DA LEI N. 6.838/80. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. NÃO OCORRÊNCIA.

1. Nos termos do que dispõe o artigo 1º da Lei n. 6.838/80, a competência para o

exercício do direito de investigar e punir o profissional liberal é do Conselho Profissional no qual aquele se encontra inscrito, e o início do prazo prescricional se dá pela verificação do fato pelo órgão de classe.

2. No caso, não ocorreu a extinção da punibilidade prevista no artigo 1º da Lei n.

6.838/80, pois a verificação do fato pelo Conselho Regional de Medicina se deu em 2 de julho de 2001 e a instauração do processo ético-disciplinar ocorreu no referido mês.

3. Recurso especial provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da PRIMEIRA Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Sérgio Kukina (Presidente), Regina Helena Costa e Marga Tessler (Juíza Federal convocada do TRF 4ª Região) votaram com o Sr. Ministro Relator.

Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Brasília (DF), 05 de março de 2015(Data do Julgamento)

MINISTRO BENEDITO GONÇALVES Relator

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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.263.157 - PE (2011/0150903-5) RELATOR : MINISTRO BENEDITO GONÇALVES

RECORRENTE : CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO-CREMEPE

ADVOGADO : ROBERTA SILVA MELO FERNANDES E OUTRO(S) RECORRIDO : MÁRIO MEDEIROS CARDOSO

ADVOGADO : ARY SANTA CRUZ O JUNIOR E OUTRO(S)

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO BENEDITO GONÇALVES (Relator): Trata-se de recurso

especial interposto pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco - CREMEPE, com fundamento no artigo 105, III, "a" e "c", da Constituição Federal contra acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região, assim ementado (fl. 283):

Processual Civil e Administrativo. Operação cirúrgica realizada em 02 de junho de 1988, da qual a paciente tomou conhecimento, no ano de 1990, ter sido desnecessária, constituindo-se, a seu entender, em erro médico, a ponto de levar ao conhecimento do Conselho Regional de Medicina em Pernambuco, em 02 de julho de 2001, para fins de instauração de processo disciplinar contra o profissional que recomendou e realizou a intervenção cirúrgica aludida.

1. A Lei 6.388, de 1980, fixa o prazo de cinco anos para a pessoa prejudicada poder acionar o Conselho Regional, em caso de falta sujeita a processo disciplinar, praticado por profissional, assinalando, no seu art. 1º, a regra no sentido de que a prescrição começa a ser contada da data de verificação do fato respectivo. No caso, o prazo começa a correr da data da realização da intervenção cirúrgica.

2. Quando a paciente-prejudicada levou o fato ao conhecimento do Conselho Regional de Medicina, em 02 de julho de 2001, já estava alcançado o fato pela prescrição, visto a passagem, de 1988 a 2001, de mais de onze anos.

3. A Resolução CFM 1.617, de 2001, art. 60, ao fixar o prazo de cinco anos para o Conselho Regional de Medicina apurar a denúncia, não se refere a fato já engolido pela prescrição, mas à ocorrência ainda não atingida pelo prazo de cinco anos, a que se refere o art. 1º da Lei 6.388. O art. 60, da aludida Resolução, não pode ser interpretado isoladamente, como se fosse possível o paciente guardar, por mais de uma década, como aqui ocorre, um fato, para, quando achar conveniente, levar ao Conselho respectivo a fim de buscar uma punição.

4. Direito líquido e certo de o impetrante de ver trancado o processo disciplinar instaurado pelo Conselho Regional de Medicina em Pernambuco.

5. Improvimento do recurso e da remessa obrigatória.

Embargos de declaração rejeitados às fls. 296-299.

O recorrente sustenta, além do dissídio jurisprudencial, a ofensa aos artigos 2º da LICC, 1º e 2º da Lei n. 6.838/80 ao argumento de que o acórdão recorrido não levou em consideração que o prazo prescricional para apuração de falta disciplinar deve ser contado a partir da data da verificação do fato, "[...] qual seja, quando o CREMEPE tomou conhecimento da suposta

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infração ao Código de Ética Médica".

Sem contrarrazões.

Parecer do Ministério Público, pelo não provimento do recurso especial (fls. 349-355).

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.263.157 - PE (2011/0150903-5)

EMENTA

ADMINISTRATIVO. TRANCAMENTO DE PROCESSO

ÉTICO-DISCIPLINAR. ART. 1º DA LEI N. 6.838/80. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. NÃO OCORRÊNCIA.

1. Nos termos do que dispõe o artigo 1º da Lei n. 6.838/80, a competência para o

exercício do direito de investigar e punir o profissional liberal é do Conselho Profissional no qual aquele se encontra inscrito, e o início do prazo prescricional se dá pela verificação do fato pelo órgão de classe.

2. No caso, não ocorreu a extinção da punibilidade prevista no artigo 1º da Lei n.

6.838/80, pois a verificação do fato pelo Conselho Regional de Medicina se deu em 2 de julho de 2001 e a instauração do processo ético-disciplinar ocorreu no referido mês.

3. Recurso especial provido.

VOTO

O SENHOR MINISTRO BENEDITO GONÇALVES (Relator): Cuida-se de

mandado de segurança impetrado contra ato omissivo do Presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco, o qual não respondeu o pedido de trancamento de processo administrativo instaurado para apurar falta ético-disciplinar decorrente de procedimento cirúrgico supostamente desnecessário (histerectomia).

O acórdão recorrido manteve a concessão da ordem, acolhendo a tese da prescrição da pretensão punitiva administrativa, nos seguintes termos (fls. 279-284):

De incontroverso, os fatos, assim cronometrados: 1) operação cirúrgica realizada na pessoa da senhora Maria Verônica Sales de Souza em 02 de junho de 1988; 2) ciência da referida senhora da desnecessidade da intervenção cirúrgica no ano de 1990; 3) denúncia protocolada perante o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco em 02 de julho de 2001.

Na normatização do fato, destaque para o art. 1º da Lei 6.388 de 1990, a apregoar que a punibilidade de profissional liberal, por falta sujeita a processo disciplinar, através de órgão em que esteja inscrito, prescreve em cinco anos, contados da data de verificação do fato respectivo.

Por seu turno, o art. 60 da Resolução CFM 1.627, de 2001, estatui que a punibilidade por falta ética sujeita a processo Ético-Profissional prescreve em cinco anos, contados a partir da data do conhecimento do fato pelo Conselho Regional de Medicina.

Um dispositivo, o da Lei 6.388, volta-se para a punibilidade do profissional liberal, por falta sujeita a processo disciplinar, a fixar a data de verificação do fato respectivo. A partir da sua ocorrência, isto é, do fato sujeito a processo disciplinar, ao

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prejudicado assiste o direito de levar o fato ao conhecimento do Conselho Regional respectivo em até cinco anos. Não mais.

O art. 1º deixa bem fincado: o prazo de cinco anos começa a ser contado da data de verificação do fato respectivo.

No caso, é a intervenção cirúrgica denunciada, ocorrida em 02 de junho de 1988. A partir daí, a prejudicada teria o prazo de cinco anos para levar o fato ao conhecimento do Conselho Regional de Medicina, visando à punição, em caráter disciplinar, do impetrante. Sendo o marco a data da operação, o prazo de cinco anos vai diluir-se em 01 de junho de 1993.

Desta data em diante, não cabe mais à prejudicada formular qualquer queixa contra o impetrante, perante o Conselho Regional de Medicina, por já estar, no aspecto, precluso o seu direito de denúncia.

É certo que o fato – a intervenção cirúrgica tida como desnecessária – vai ter repercussões no campo do direito civil, na indenização que a prejudicada pode pleitear perante a Justiça Estadual, fato que, por seu turno, vai ser regido, em termos de prescrição, pelas normas do Código Civil.

Contudo, para a queixa disciplinar, perante o Conselho Regional de Medicina, o prazo é taxativo: cinco anos após a verificação do fato, entendendo-se este como o da intervenção cirúrgica.

Com efeito, não obstante tenham sido opostos os aclaratórios, a Corte de origem não emitiu juízo acerca da aplicabilidade, ou não, do artigo 2º da LICC, o que impõe a incidência da Súmula 211/STJ neste ponto.

O recurso especial também não deve ser conhecido no respeitante do dissídio jurisprudencial, isso porque não realizado o cotejo analítico nos moldes exigidos pelo artigos 541, parágrafo único, do CPC e 255, § 2º, do RI/STJ.

Já a alegada ofensa aos artigos 1º e 2º da Lei n. 6.838/80 está devidamente prequestionada, à margem do erro gráfico na indicação da lei ocorrido no acórdão recorrido, razão por que passa-se ao exame da irresignação.

Discute-se nos autos a ocorrência de prescrição da pretensão punitiva de o Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco instaurar processo ético-profissional contra profissional nele inscrito.

A Corte regional reconheceu a prescrição da punição ético-disciplinar ao aplicar artigo 1º da Lei n. 6.838/80. No caso, foi adotado o entendimento de que ocorreu a prescrição porque passados mais de cinco anos entre a data do procedimento cirúrgico e o exercício do direito da denunciante em comunicar o fato ao Conselho Regional de Medicina. No ponto, confira-se (fl.

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280):

A partir da sua ocorrência, isto é, do fato sujeito a processo disciplinar, ao prejudicado assiste o direito de levar o fato ao conhecimento do Conselho Regional respectivo em até cinco anos. Não mais (grifo nosso).

No caso, não há que se confundir prescrição do direito de ação do prejudicado ou denunciante para acionar civilmente o profissional liberal com a prescrição do direito do órgão fiscalizador de classe em apreciar e julgar infrações éticas.

A Lei n. 6.838/80 dispõe a respeito do prazo prescricional para a punição de profissional liberal, nos seguintes termos:

Art 1º A punibilidade de profissional liberal, por falta sujeita a processo disciplinar, através de órgão em que esteja inscrito, prescreve em 5 (cinco) anos, contados da data de verificação do fato respectivo.

Art 2º O conhecimento expresso ou a notificação feita diretamente ao profissional faltoso interrompe o prazo prescricional de que trata o artigo anterior.

Parágrafo único. O conhecimento expresso ou a notificação de que trata este artigo ensejará defesa escrita ou a termo, a partir de quando recomeçará a fluir novo prazo prescricional.

O artigo 1º define a quem compete punir o profissional liberal por falta disciplinar, o prazo para extinção da punibilidade e a forma pela qual se dá a aferição do início da prescrição da pretensão punitiva.

No que diz respeito ao termo inicial do prazo prescricional, evidencia-se que o comando inserto no artigo 1º não estabelece ser a data do fato o parâmetro a ser considerado para a observância do início da prescrição, mas sim a data em que ocorreu a verificação do fato, supostamente, incompatível com a conduta ético-profissional.

A exegese a ser dada sobre a quem considerar apto a verificar o fato deve levar em consideração a competência para o exercício do direito de investigar e punir a falta ético-profissional, ou seja, a norma tem por destinatário o Conselho Profissional no qual se encontra inscrito o profissional, razão por que o início do prazo prescricional se dá pela verificação do fato pelo órgão de classe.

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Assim, não ocorreu a extinção da punibilidade prevista no artigo 1º da Lei n. 6.838/80 se a verificação do fato pelo Conselho Regional de Medicina se deu em 2 de julho de 2001 (fl. 29) e a instauração do processo ético-disciplinar ocorreu no referido mês (fls. 27 e 43).

A propósito, constou na Resolução n. 1.617/2001 e consta na Resolução n. 1.897/2009, que aprovou as normas processuais que regulamentam as Sindicâncias, Processos Ético-profissionais e o Rito dos Julgamentos nos Conselhos Federal e Regionais de Medicina, o seguinte:

Art. 60. A punibilidade por falta ética sujeita a Processo Ético-Profissional prescreve em 5 (cinco) anos, contados a partir da data do conhecimento do fato pelo Conselho Regional de Medicina.

Ante o exposto, dou provimento ao recurso especial para denegar a ordem de trancamento do procedimento administrativo disciplinar.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA TURMA

Número Registro: 2011/0150903-5 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.263.157 / PE

Número Origem: 200683000113570

PAUTA: 05/03/2015 JULGADO: 05/03/2015

Relator

Exmo. Sr. Ministro BENEDITO GONÇALVES Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro SÉRGIO KUKINA Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. FRANCISCO RODRIGUES DOS SANTOS SOBRINHO Secretária

Bela. BÁRBARA AMORIM SOUSA CAMUÑA

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE

PERNAMBUCO-CREMEPE

ADVOGADO : ROBERTA SILVA MELO FERNANDES E OUTRO(S)

RECORRIDO : MÁRIO MEDEIROS CARDOSO

ADVOGADO : ARY SANTA CRUZ O JUNIOR E OUTRO(S)

ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Organização Político-administrativa / Administração Pública - Conselhos Regionais de Fiscalização Profissional e Afins - Questões Funcionais

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

A Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.

Os Srs. Ministros Sérgio Kukina (Presidente), Regina Helena Costa e Marga Tessler (Juíza Federal convocada do TRF 4ª Região) votaram com o Sr. Ministro Relator.

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