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AVALIAÇÃOpráticaoudilema

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

ESPECIALIZAÇÃO EM INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL À EDUCAÇÃO BÁSICA NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E

ADULTOS

AVALIAÇÃO: prática ou dilema?

Jorge Eduardo Pereira de Azevedo

Orientador: Profª Ms. Patrícia Marchand

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FICHA CATALOGRÁFICA

___________________________________________________________________________ A994a Azevedo, Jorge Eduardo Pereira de

Avaliação: prática ou dilema? / Jorge Eduardo Pereira de Azevedo ; orientadora Patrícia Souza Marchand. – Porto Alegre, 2009.

21 f. : il.

Trabalho de conclusão (Especialização) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação. Curso de Especialização em Educação Profissional integrada à Educação Básica na Modalidade Educação de Jovens e Adultos, 2009, Porto Alegre, BR-RS.

1. Educação. 2. Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos. 3. PROEJA. 4. Educação profissional. 5. Avaliação – Prática antagônica – Interação – Reflexão - Escolas - Viamão, RS. I. Marchand, Patrícia Souza. II. Título

CDU 374.7 _____________________________________________________________________________ CIP-Brasil. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação.

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SUMÁRIO RESUMO ... 09 INTRODUÇÃO ... 13 DESENVOLVIMENTO: 1. A avaliação ... 17

2. A avaliação e o processo avaliativo ... 27

3. Analisando os dados coletados... 33

CONCLUSÃO ... 41

REFERÊNCIAS ... 43

ANEXOS 4.1. Entrevista dos alunos... 45

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RESUMO

Tomando-se como base, a necessidade de uma visão mais clara e definida sobre a avaliação, nas Escolas do município, justifica-se o presente trabalho, que descreve, sistematiza e delimita a Avaliação evidenciada pela comunidade viamonense, refletindo as dúvidas, definindo o objeto e o objetivo dessa avaliação, refletindo sobre a prática educativa nas Escolas da Comunidade Viamonense. Existe, conforme constatação nas pesquisas realizadas, muito a se fazer, para que a avaliação supere seu caráter punitivo e encare realmente o seu papel como processo sistemático e contínuo. Tanto professores, quanto pais e alunos possuem uma grande dúvida quanto ao lugar ocupado por cada um deles dentro do processo avaliativo, ninguém consegue ver-se ora como avaliador, ora como avaliado. A dificuldade reside em aplicar a avaliação como uma reflexão inerente ao trabalho educativo, sem que a mesma apresente este ou aquele indivíduo como centro do processo. A avaliação, de uma maneira generalizada, não envolve um centro específico para a reflexão do desempenho, isto é, seu foco são “todos” os envolvidos no processo. Podemos afirmar que não existe um lado sem o outro, não existe o sujeito sem o objeto e assim sucessivamente, não existe um acerto, sem antes ter acontecido um erro. A avaliação da aprendizagem não é um assunto sobre o qual já recebemos teorias, definições, metodologia e instrumentos acabados, é no decurso de sua prática educativa que o professor vai descobrir o sentido da avaliação para o seu fazer pedagógico, É uma descoberta única, pessoal e individual e que durante o percurso o educador vai reciclando seus medos e anseios, crescendo com a prática antagônica da avaliação: ora avaliador, ora avaliado. A vivência da avaliação, numa concepção errônea, sugere a idéia de repressão, exclusão e punição, utilizada muitas vezes para classificar e sobretudo excluir. O debate em torno da avaliação parece ter adquirido um caráter repetitivo e, muitas vezes, é desnecessário promovê-lo entre os educadores, pois há hoje certo consenso de como a avaliação deve se dar, tornou-se comum ouvir do professor que a avaliação deve ser processual, sistemática e contínua. A contradição presente entre teoria e prática revela-nos a necessidade de buscar alternativa visando à transformação da prática educacional. Encara-se a avaliação como um processo que recai e incide sobremaneira no comportamento do aluno, em detrimento da sua capacidade para resolver os desafios a ele apresentado. O processo de avaliação tem sido permeado por inúmeros equívocos, devido às dificuldades pelas quais passam os educadores, no caso da EJA, o problema não é menor, pelo contrário, devido às suas especificidades e a sua história, há uma tendência muito forte de os educadores, como forma de resistência aos modelos tradicionais de avaliação, não atribuírem à devida importância a esse processo. Ou se age com muito rigor ou se desconsidera a avaliação, como se nenhuma importância ela tivesse no processo pedagógico. Os dois equívocos devem ser combatidos, na busca pelo equilíbrio entre ambos.

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como finalidade, relatar e registrar a pesquisa de campo realizada com os alunos e professores, da rede de ensino da cidade de Viamão, definindo assim a visão que os envolvidos diretamente no processo de ensinagem possuem a respeito da avaliação.

Tomando-se como referência instrumentos de pesquisa, observações de práticas educativas e conversas informais, pode-se traçar o real sentido da avaliação nas escolas desse município, envolvendo as diferentes modalidades de ensino que as mesmas desenvolvem.

Embora, atualmente, muitas definições e práticas avaliativas têm sido adotadas e especificadas pelas Escolas, em seus Planos de Estudos, Projeto Político Pedagógico, etc., nota-se, porém certa insegurança dos docentes sobre a prática da avaliação descritiva, enfocada nos planos da Escola e legitimada pela legislação vigente.

A aplicabilidade desse “processo processual, qualitativo e contínuo” tem sido a maior dificuldade na prática cotidiana dos professores. Se para os docentes já existe uma séria dificuldade para avaliar, o problema torna-se maior ainda quando se refere aos alunos, que não entendem a “falada qualidade de ensino”.

Pais, alunos e a sociedade de uma forma geral, leigos sobre o caráter e enfoque pedagógico atual da avaliação, cobram “notas”, não se consegue rever o enfoque diagnóstico da avaliação, apenas o seu caráter classificatório.

A descrição definida, pela comunidade viamonense observada no decorrer da pesquisa sobre a avaliação, reflete a dúvida da comunidade escolar, como um todo, envolvendo pais, alunos e professores.

Ultimamente, têm sido mais freqüentes as discussões em torno desse assunto, principalmente as mudanças na política educacional, especificamente no que diz respeito à forma de promoção e retenção de alunos.

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, a atual LDB 9394/96, que prevê o regime de progressão continuada nos Artigos 23 e 24, no

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Ensino Fundamental e Médio destaca-se entre outros aspectos a organização escolar seriada que poderá ser substituída por um ou mais ciclos de estudo.

A discussão sobre a avaliação passa a exigir um repensar sobre a organização educacional, considerando como um fator de relevante importância, a articulação entre o projeto de sociedade que defendemos e o processo de avaliação que propomos.

À luz das diferentes teorias e considerando o enfoque que estudiosos do assunto têm elaborado bem como as práticas avaliativas presentes no cotidiano da escola, busca-se definir o objeto e o objetivo dessa avaliação, refletir sobre a prática educativa nas Escolas e da comunidade.

Durante o desenvolvimento desta pesquisa procura-se definir com clareza o objeto e o objetivo desta avaliação, desenvolvida por essas escolas.

A fim de registrar os resultados da pesquisa, utilizam-se vários instrumentos, além das questões escritas, foram realizadas observações, anotação dos relatos e a tabulação dos dados coletados, refletindo as questões que buscarão determinar se: avaliação é uma prática ou um dilema para todos os envolvidos no “fazer” educativo.

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Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, a atual LDB 9394/96, que prevê o regime de progressão continuada nos Artigos 23 e 24, no Ensino Fundamental e Médio, destaca-se entre outros aspectos a organização escolar seriada que poderá ser substituída por um ou mais ciclos de estudo.

Avaliar, antes de tudo é escolher, delimitar e traçar prioridades. É a hierarquia dos valores e ações que decidirão à progressão dentro do curso ou etapa de ensino seguido.

Para podermos entender melhor o processo que envolve a avaliação, é necessário que façamos uma análise sobre a idéia de “caos estruturado” que arquiteta o contexto social de ordem dinâmica e não estática.

Nesse sentido poderemos entender porque o igual e o desigual passam a coincidir, isto é, a contradição existente entre o avaliar e o ser avaliado é que definem talvez a única e legítima autoridade do avaliador, que provém de ser avaliado ao mesmo tempo em que avalia.

Torna-se fundamental perceber o pano de fundo acadêmico da avaliação, sobretudo o seu lugar dentro do processo de ensinagem: quem avalia, de repente é o avaliado e vice-versa, visto que não existe uma primazia de autoridades ou relação de poder entre o objeto e o sujeito, ambos ora são sujeitos e ora objetos dentro do processo.

Não existe exclusão, sem o excluído, portanto: não existe avaliação sem que para isso tenha-se o indivíduo (sujeito/objeto) e processo (objeto/sujeito).

“Todo avaliador deve ser contestado, por coerência também lógica, não só democrática, mas o menos contestado é precisamente aquele que não foge de ser avaliado. Confia-se mais nele, porque faz o que diz ou diz o que faz. Ademais, a capacidade já obsessiva de inovação do conhecimento é retirada precipuamente de seu caráter desconstrutivo, com base em capacidade avaliativa severa, em que nada

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escapa ao escrutínio analítico. Nesse sentido, o conhecimento é tão inovador, porque não busca fugir de ser avaliado. Ao contrário, oferece-se a si mesmo como protótipo de fenômeno que retira sua energia inovadora do fato de estar sempre exposto à crítica. Tanto é assim, que4, no fundo, a cientificidade é definida pela abertura permanente à discussão, ou seja, o critério principal da cientificidade é a discutibilidade.” (DEMO, p.07, 2002).

Num enfoque mais formal, buscamos a definição de vários autores sobre a avaliação como processo, suas necessidades, o enfoque que a mesma assume, dependendo da visão do avaliador.

“A avaliação é, o elemento do processo ensino-aprendizagem, fundamentada no Projeto Político Pedagógico, buscando a melhoria da qualidade do processo. A avaliação não é uma atribuição de notas. O professor deve avaliar o aluno, buscando sua própria avaliação.” (MELCHIOR, Maria Celina. Palestra sobre Avaliação, 2003)

Muitas vezes a visão que temos a respeito da avaliação, pressupõe uma mudança dos instrumentos e processo avaliativo, pois eles definem o que e o quanto se deve avaliar.

De nada adianta querermos definir a forma de avaliar se não tivermos definido com clareza a nossa concepção a respeito da avaliação.

“A avaliação muitas vezes exige mudanças nos métodos, nas trocas; a avaliação deve ser tão útil para o aluno como para o professor. Avaliar é uma forma de identificar as dificuldades dos alunos, fazendo um diagnóstico com base nos resultados.” (MELCHIOR, Maria Celina. Palestra sobre Avaliação, 2003)

Dependendo do enfoque dado à avaliação, parece-nos ser um instrumento de “poder”, só o professor poderá utilizá-lo, ficando definido então, um papel de mero expectador para o aluno e para a família, que não sabem e não entendem a necessidade deste ou daquele instrumento, ou ação que o aluno deverá realizar.

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A avaliação envolve, portanto uma ação conjunta dos envolvidos no processo ensino-aprendizagem.

Ninguém é o detentor do poder de inferir um valor a outrem, sem que o mesmo esteja envolvido na mudança de atitude que este valor insere.

“A avaliação é, portanto uma atividade que envolve legitimidade técnica e legitimidade política, na sua realização.” (FERNANDES. Cláudia. Pesquisa: organização da escolaridade em ciclos)

Considerando-se a avaliação como um processo individualizado, ressalta-se a dicotomia entre a teoria e a prática, onde se vê a avaliação padronizada, insensível e objetiva.

“A avaliação da aprendizagem consubstancia-se no contexto próprio da diversidade. É angustiante saber que milhares de crianças e jovens têm, em pleno século XXI, sua aprendizagem matematicamente validade, e tal fato considerado (ingenuamente) uma avaliação precisa e justa. O sentido da avaliação é o de promover uma diferença “sensível”, o que não se coaduna com a objetividade, com a padronização. ”(HOFFMANN. Jussara. 2007 p.15)

A avaliação pressupõe valorização, então, se faz necessário valorizar as diferenças individuais dos alunos. É um processo de reflexão, de ação e reação, que prioriza as ações e comportamentos individualizados.

A escola é um lugar de interação onde as diferenças ficam evidentes nas relações interpessoais. É necessário valorizar essa troca de olhares, sem nunca perder de vista o contexto interativo, item básico para que aconteça a aprendizagem e, portanto a mudança de comportamento individual que irá refletir-se individualmente no aluno e conseqüentemente observado no grupo.

“Toda a relação de saber se dá a partir da interação do sujeito com os objetos de conhecimento, da relação com os outros e da relação consigo próprio.” (Charlot, 2000) Em se tratando de avaliação, mesmo um olhar objetivo, não deixa de carregar a nossa subjetividade.

“[...] a interpretação dos resultados é sempre, ao mesmo tempo, revelação da obra e expressão do seu intérprete. Só posso ver no “outro” o que entra em sintonia comigo, com meus próprios

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conhecimentos, experiências, sentimentos. Esse é o sentido subjetivo da avaliação.” (PAREYSON, 1984)

A avaliação assume diversas características, dependendo do enfoque que daremos a ela, no decorrer do percurso da aprendizagem, tornando-a um mero instrumento para detectar, observar e medir alterações comportamentais, como justifica TYLER:

“O processo de avaliação da aprendizagem consiste essencialmente em determinar se os objetivos educacionais estão realmente alcançados pelo programa do currículo e do ensino. No entanto, como os objetivos educacionais são essencialmente mudanças em seres humanos – em outras palavras, como os objetivos visados consistem em produzir certas modificações desejáveis nos padrões de comportamento do estudante – a avaliação é o processo mediante o qual se determina o grau em que essas mudanças do comportamento estão ocorrendo”. (TYLER, 1974)

Dentro de uma visão mais abrangente, a avaliação é vista sob o ponto de vista biológico, psicológico e social, evidenciando que o aluno é o resultado das experiências que vive definindo a avaliação como:

“[...] coleta sistemática de evidências por meio das quais se determinam mudanças que ocorrem nos alunos e como elas ocorreram. Incluem uma grande variedade de evidências que vão além do tradicional exame final de lápis e papel. É um sistema de qualidade pelo qual pode ser determinado, em cada etapa do processo ensino-aprendizagem, a afetividade ou não do processo e, em caso negativo, que mudanças precisam ser feitas para assegurar sua efetividade antes que seja tarde”. (BOMBOIR, 1976)

Ainda que atualmente não concordemos com a alternativa, podemos ainda encarar a avaliação como um mero instrumento de medida, seguindo as orientações da escola tradicional, como define NOVAK: “Avaliar significa emitir um julgamento de valor ou mérito, examinar os resultados educacionais para saber se preenche um conjunto particular de objetivos educacionais”.

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Independentes do enfoque que damos para a avaliação, em um ponto todos concordam: toda a avaliação do rendimento escolar envolve um processo longo, de coleta, organização e interpretação de dados, representando um julgamento dos resultados do qual o aluno é o objeto central da avaliação.

Ressalta-se, porém que ao avaliar o seu aluno, o professor está realizando, em última análise, uma reflexão sobre a própria grandeza do desenvolvimento do ser humano.

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2. A AVALIAÇÃO E O PROCESSO AVALIATIVO

Para entender os diversos enfoques dados à avaliação deve-se remeter ao passado, quando em tempos atrás, para favorecer alguns professores, investindo-os de autoridade, a avaliação, tinha um caráter prepotente e segregador. Então entenderemos o sentido de que a avaliação e medida fossem a mesma coisa, tivessem o mesmo significado: avaliar e medir, representando uma única tarefa.

O processo avaliativo, não deve centrar-se apenas no resultado e entendimento imediato do aluno sobre este ou aquele conteúdo, mas sim no percurso, no caminho percorrido por este aluno, até o momento da conclusão. A aprendizagem é o resultado do que o aluno apreendeu durante a caminhada.

“[...] é preciso dar-se conta de que na estrutura escolar vigente, falta tempo ao aprendiz – de manifestar-se, perguntar, repensar conceitos, reformularem hipóteses, refazer textos, trocar idéias com os colegas, ser curioso, curtir o ambiente escolar. Os percursos trilhados por cada aprendiz, com avanços e dificuldades, é que determina o tempo necessário à sua aprendizagem, o que exige observá-los, dialogar com eles, acompanhá - los passo a passo”. (HOFFMANN, 2008)

Ainda que existam diferenças entre a visão do processo de avaliação de ontem e de hoje, os dois extremos mostram o quanto se faz necessário e essencial pesquisar novas formas para empregar com mais consciência os sistemas avaliativos, determinando o que o aprendiz aprendeu durante o processo ensino-aprendizagem.

O processo de avaliação varia de acordo com as perspectivas que se tem a respeito dos objetivos da educação e do sistema educacional em si.

Acreditando-se que a aprendizagem humana acontece na medida em que o indivíduo é capaz de produzir e construir seus próprios significados e dar um sentido ao conteúdo aprendido, acredita-se que o aluno é o centro de todo o processo de ensinagem, ele é o agente de seus próprios conhecimentos. Em outras palavras, este é o princípio básico da aprendizagem sob uma perspectiva construtivista.

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Segundo este ponto de vista, o processo avaliativo é uma caminhada individual do aluno, onde ao educador cabe apenas auxiliar o aluno a refletir sobre o saber adquirido de diferentes formas.

Ao entender que a aprendizagem não é apenas uma revelação do saber por meio das vias lingüística ou lógico-matemática, conclui-se que o aluno aprende por inúmeras linguagens, portanto é dotado de múltiplas inteligências, cabendo ao educador apenas estimulá-lo para que o saber desenvolva-se, o agente da aprendizagem é o professor, cabe-lhe a tarefa de oferecer condições para que o aluno aprenda.

Sob esta ótica o processo de avaliação é definido pelo professor, ele é o agente avaliador, que define o caminho que o aluno deve seguir, buscando atender as diferenças individuais dos educandos.

Quando se percebe a aprendizagem como um processo de longa duração, que sensibiliza a memória do educando na solução de problemas diários, aplicando conhecimentos únicos em diferentes situações, a aprendizagem é vista como um processo significativo e não um adestramento mecânico. Sob este ponto de vista tem-se a avaliação como um processo reflexivo, onde o centro do processo é o conteúdo e ao aluno cabe apenas aplicar de forma correta o conhecimento aprendido.

Para que a avaliação seja considerada um processo de reflexão eficiente é preciso que seja o produto de uma observação contínua ao longo do período escolar e não apenas em períodos definidos como época de provas e exames.

A avaliação pode valer-se de provas, testes, exames, etc., como instrumentos de avaliação, não esquecendo, porém, os trabalhos individuais, em grupos, com ou sem consulta.

Somente com uma variedade de instrumentos e estímulos oferecidos ou não pelo professor ou criados pelo aluno é que então acontecerá a aprendizagem verdadeiramente.

Sem uma razão específica, isto é um objetivo bem claro, elaborado de acordo com as necessidades do educando, poderemos então alcançar uma aprendizagem verdadeira e, portanto uma avaliação que realmente seja reflexiva, ponderada e resultante de alguma apreensão do saber.

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Não existe razão para avaliar, quando não há razão para ensinar, isto é, não haverá uma avaliação quando não houver um por que aprender, uma razão para aprender, uma necessidade deste ou daquele saber.

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3. ANALISANDO OS DADOS COLETADOS

Ao analisar os dados coletados e devidamente tabulados, constata-se o que no princípio deste estudo já se afirmava: é difícil, é complicada e contraditória a idéia sobre a avaliação, que os envolvidos no processo têm quando questionados ou refletem sobre a mesma.

A população alvo desta pesquisa serão alunos e professores de Escolas com Ensino Fundamental e Médio, além da EJA, situadas em bairros próximos, sem muitas diferenças de realidade sócio-econômicas.

Embora tanto os professores quanto os alunos saibam, com clareza o porquê de realizar a avaliação, diferem as idéias a respeito da mesma, quando são questionados sobre as definições da mesma. A maioria dos pesquisados, consideram a avaliação como o resultado de uma caminhada, podendo a mesma adquirir caráter diversos, dependendo do momento de sua aplicação.

A grande maioria dos alunos sabe o porquê adquirir este ou aquele conhecimento, porém tem várias dúvidas na sua aplicabilidade, isto é, sabe que deve ser importante para o seu conhecimento e enriquecimento como ser humano, porém não sabem o que fazer ou quando utilizá-lo.

Os dados da pesquisa foram coletados através de entrevistas pessoais, individuais e em grupos, por escrito e gravadas, questionários que foram posteriormente tabulados e demonstrados em gráficos além da observação direta do pesquisador, através de instrumentos específicos de registro.

Observe o gráfico a seguir, ele demonstra as respostas dadas ao instrumento da pesquisa: entrevista realizada com alunos, professores (nas funções de docentes diretores e especialistas):

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0 5 10 15 20 25 Q. 01 Q. 02 Q. 03 Q. 04 Q. 05 Q. 06 Q. 07 Q. 08 Q. 09 Q. 10 OS ALUNOS E A AVALIAÇÃO

Altern. A Altern. B Altern. C Altern. D

As entrevistas foram realizadas com alunos do Ensino Fundamental, nas modalidades de Ensino Regular e EJA; Ensino Médio, nas mesmas modalidades do ensino fundamental. O campo de pesquisa são escolas da região da cidade de Viamão, municipais e estaduais, localizadas na periferia urbana e centro da cidade, perfazendo um total de quatro (04) escolas.

A referida pesquisa detectou que os alunos têm presente a idéia de avaliação, porém ainda não está bem definido o seu papel, como envolvidos no processo, ficando clara a idéia que apenas deve estudar o que o professor define como ideal, da forma que o mesmo lhes “ensina” e responderem positivamente as questões para alcançarem um rendimento positivo. Para os educandos, a avaliação é uma tarefa que é da responsabilidade do professor e deve ter instrumentos, tais como: provas, testes e trabalhos. Não cogitam sequer a idéia de auto-avaliação e quando são questionados a respeito da mesma, dizem que a “nota” que se atribuem, nem

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sempre é respeitada pelo professor. Enfim, a idéia sobre a avaliação é bastante clara, seus fins, seus objetivos, porém a prática, sua função, seus objetivos ainda são bastante confusos.

Os docentes, que desempenham diferentes funções, nas mesmas escolas pesquisadas, responderam a entrevista, apresentada sob a forma de gráfico descrito a seguir: 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Q. 01 Q. 02 Q. 03 Q. 04 Q. 05 Q. 06 Q. 07 Q. 08 Q. 09 Q. 10

OS DOCENTES E A AVALIAÇÃO

Altern. A Altern. B Altern. C Altern. D

Duas questões descrevem a realidade das escolas observadas, a primeira dirigida aos professores, e a segunda, respondida pelos alunos. Ambas foram representadas nos seguintes gráficos:

Professores:

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Alunos:

Você entende como é avaliado?

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Fácil

Difícil

Indif.

E.Fund.

E.Médio

Espec.

0

5

10

15

20

25

Endende

Não entende

Dúvida

E.Fund.

E.Méd.Reg

E.F.Eja

E.M.Eja

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CONCLUSÃO

O grande dilema é que não há como “ensinar melhor fazeres em avaliação”. Representa o conhecimento que os professores e alunos têm a respeito da avaliação, a maioria dos alunos e professores sabe a validade, mas não sabe aplicar no dia-a-dia.

Teoricamente sabem, mas na prática não têm reflexão.

É fundamental transformar a prática avaliativa em prática de Aprendizagem. É necessário avaliar como condição para a mudança da prática e para o redimensionamento do processo de ensino-aprendizagem.

Avaliar faz parte do processo de ensino e de aprendizagem: não ensinamos sem avaliar, não aprendemos sem avaliar.

Dessa forma, rompe-se com a falsa dicotomia entre ensino e avaliação, como se esta fosse apenas o final de um processo.

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REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. A avaliação da aprendizagem escolar – fascículo 11. 6ªed., Petrópolis, Ed.Vozes, 2002.

DEMO, Pedro. Mitologias da avaliação: de como ignorar, em vez de enfrentar problemas. 2ª ed., Campinas, Col.Polêmicas de nosso tempo, 2002.

________ . Universidade, aprendizagem e avaliação: horizontes reconstrutivos. Porto Alegre, Ed. Mediação, 2004.

FREIRE, Madalena e outros. Avaliação e Planejamento. A prática educativa em questão. Instrumentos metodológicos II. São Paulo, Espaço Pedagógico, 1997, Série Seminários.

________ . Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa, 8ª ed., São Paulo, Ed. Paz e Terra, 1998.

GRILLO, Délcia Enricone Marlene. Avaliação: uma discussão em aberto. Porto Alegre, EDIPUCRS, 2000.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação, Mito e Desafio. Uma perspectiva construtivista. 26ª edição. Porto Alegre, Mediação, 19991.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à Educação no futuro. São Paulo, Ed.Cortez, Brasília, UNESCO, 2000.

PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens, entre duas lógicas. Porto Alegre, Ed. ArtMed, 1999.

TRIVINOS, A.N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1995.

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ANEXOS

4.1. ENTREVISTA DOS ALUNOS

Prezado(a) aluno (a):

Este instrumento tem como finalidade evidenciar, através da pesquisa, a realidade das escolas de nossa região, no que se refere à prática da avaliação, no nosso sistema de ensino.

Obrigado pela sua disponibilidade!

QUESTÕES

ALTERNATIVAS

A B C D

1) Você costuma fazer o registro diário das atividades desenvolvidas nas aulas?

a) Sim, sempre realizo as anotações na sala de aula. b) Sim, anoto tudo, após sair da sala de aula.

c) Não, quem tem muitas aulas no dia, não consegue. d) Ás vezes, quando faço alguma atividade diferente. 2) Você o porquê de cada conteúdo?

a) Sim, meus professores explicaram por que vamos ver estes conteúdos.

b) Não, nenhum professor explicou o por que.

c) Ás vezes, quando é proposta uma atividade diferente. d) Não importa quem sabe o que ensinar é o professor. 3) Avaliar é atribuir um valor a atividade que o aluno desenvolve?

a) Não. Avaliar é pensar, refletir sobre a atividade que o aluno realizou.

b) Sim, é verificar o quanto o aluno aprendeu.

c) Não, é refletir sobre o desempenho do aluno e do professor no desenvolvimento da aprendizagem. d) É atribuir uma nota ou conceito no término de uma

atividade.

4) O que são instrumentos de avaliação?

a) São todos os instrumentos que utilizamos para desenvolver uma atividade.

b) São todas as atividades que utilizamos com a intenção de verificar a aprendizagem.

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desenvolve.

d) São todas as atividades propostas com a finalidade de atingir um objetivo.

5) Para quê serve a avaliação?

a) Serve para detectar se o objetivo proposto foi alcançado ou não.

b) Serve para verificar o quanto o aluno aprendeu.

c) Serve como ponto de partida para um novo conhecimento.

d) Serve para atribuir uma nota ou conceito no término de uma atividade.

6) A avaliação tem relação direta com a evasão? a) Não, não existe nenhuma relação.

b) Sim, existe uma estreita relação quando a avaliação é realizada apenas com a intenção de promoção.

c) Sim existe uma relação, mas não sei dizer qual é. d) Sim, se o aluno não aprende, ele desiste de estudar. 7) A auto - avaliação realmente acontece como prática nas escolas?

a) Sim, inclusive é parte da avaliação do aluno desenvolvida durante o trimestre.

b) Não, nunca ouvi falar disso.

c) Na minha escola, nunca foi feita uma auto avaliação. d) Sim, nos conselhos de classe.

8) Você sabe como é a avaliação na sua Escola? a) Sim, a direção explicou numa reunião de pais.

b) Não, mas deve ser a mesma coisa que em todas as outras.

c) Sim, cada professor no início do ano explicou como faz a sua avaliação.

d) Não sei. Sou novo na escola.

9) O processo avaliativo, na sua escola, prioriza: a qualidade ou a quantidade da aprendizagem?

a) A quantidade, tudo vale nota.

b) A qualidade, pois não adianta saber tudo, se o que sabemos não tem significado.

c) Com os dois requisitos: a qualidade e a quantidade. d) Existe uma nota/conceito para alguns critérios de

qualidade que devem ser evidenciados, no decorrer da aprendizagem.

10) Você considera a avaliação uma prática ou um dilema?

a) Um dilema, sempre tenho dúvidas sobre o assunto. b) Uma prática, sempre se faz necessário refletir sobre

alguma coisa para prosseguir a caminhada.

c) Um dilema, pois acho que entender o que esperam de mim é muito complicado.

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4.2. ENTREVISTA DOS PROFESSORES

Prezado (a) professor (a):

Este instrumento tem como finalidade evidenciar, através da pesquisa, a realidade das escolas de nossa região, no que se refere á prática da avaliação, no nosso sistema de ensino.

Obrigado pela sua disponibilidade!

QUESTÕES

ALTERNATIVAS

A B C D

1) Você costuma fazer o registro diário do desempenho de seus alunos?

a) Sim, sempre realizo as anotações na sala de aula. b) Sim, anoto tudo, após sair da sala de aula.

c) Não, quem tem muitas aulas no dia, não consegue. d) Ás vezes, quando faço alguma atividade para

observar.

2) Você planeja suas aulas?

a) Sim, realizo um plano para todas as turmas. b) Sim, planejo as aulas de cada turma, diariamente. c) Não, quem tem muitas turmas, não consegue.

d) Ás vezes, quando faço alguma atividade diferente. 3) Avaliar é atribuir um valor a atividade que o aluno desenvolve?

a) Não. Avaliar é pensar, refletir sobre a atividade que o aluno realizou.

b) Sim, é verificar o quanto o aluno aprendeu.

c) Não, é refletir sobre o desempenho do aluno e do professor no desenvolvimento da aprendizagem. d) É atribuir uma nota ou conceito no término de uma

atividade.

4) O que são instrumentos de avaliação?

a) São todos os instrumentos que utilizamos para desenvolver uma atividade.

b) São todas as atividades que utilizamos com a intenção de verificar a aprendizagem.

c) São provas, testes, trabalhos, exercícios que o aluno desenvolve.

d) São todas as atividades propostas com a finalidade de atingir um objetivo.

5) Para quê serve a avaliação?

a) Serve para detectar se o objetivo proposto foi alcançado ou não.

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c) Serve como ponto de partida para um novo conhecimento.

d) Serve para atribuir uma nota ou conceito no término de uma atividade.

6) A avaliação tem relação direta com a evasão? a) Não, não existe nenhuma relação.

b) Sim, existe uma estreita relação quando a avaliação é realizada apenas com a intenção de promoção.

c) Sim existe uma relação, mas não sei dizer qual é. d) Sim, se o aluno não aprende, ele desiste de estudar. 7) A auto - avaliação realmente acontece como prática nas escolas?

a) Sim, inclusive é parte da avaliação do aluno desenvolvida durante o trimestre.

b) Não, mesmo sabendo que é importante, não sabemos ainda trabalhar com a auto-avaliação.

c) Eu, pessoalmente não trabalho.

d) Sim, pois é importante uma reflexão conjunta sobre os nossos desempenhos.

8) A avaliação realizada no trabalho com jovens e adultos é diferente?

a) Sim, pois o trabalho com jovens e adultos é diferente. b) Não, em se tratando de avaliação, idéia é a mesma. c) Sim, pois os adultos já possuem uma bagagem de

conhecimentos informais, que devem ser considerados.

d) Não sei, desconheço o trabalho com jovens e adultos. 9) O processo avaliativo, na sua escola, prioriza: a qualidade ou a quantidade da aprendizagem?

a) Procura-se ver o aluno como um todo, a qualidade já é inerente ao resultado alcançado pelo aluno.

b) A qualidade, pois não adianta saber tudo, se o que sabemos não tem aplicabilidade.

c) Com os dois requisitos: a qualidade e a quantidade. d) Possuímos alguns critérios de qualidade que devem

ser evidenciados, no decorrer da aprendizagem.

10) Você considera a avaliação uma prática ou um dilema?

a) Um dilema, sempre tenho dúvidas sobre ser justo. b) Uma prática, sempre se faz necessário refletir sobre

alguma coisa para prosseguir a caminhada.

c) Um dilema, pois acho que dar uma nota para alguém é muito difícil.

Referências

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