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Pão de Açúcar: do cartão postal à educação ambiental

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Academic year: 2021

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FACULDADE DE TURISMO E HOTELARIA DEPARTAMENTO DE TURISMO

CURSO DE TURISMO

EMYLAI BRUM DE MEIRA LIMA

Pão de Açúcar: do cartão postal à Educação Ambiental

NITERÓI 2016

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EMYLAI BRUM DE MEIRA LIMA

Pão de Açúcar: do cartão postal à Educação Ambiental

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Turismo como requisito parcial para a obtenção do Título de Bacharel em Turismo.

Orientador:Prof. Dr.Marcello de Barros Tomé Machado.

NITERÓI 2016

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Dedico este trabalho a todos que me ajudaram direta e indiretamente na minha formação acadêmica a Deus e ao meu pai, que

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente Deus que sem ele nada seria possível,à minha mãe e meus familiares que estiveram presente esse tempo todo contribuindo para minha formação principalmente minha mãe que me ensinou a ser quem sou hoje, aos amigos que estiverem presente nesse caminho que eu percorri, não deixando desanimar. As pessoas do Pão de Açúcar que me ajudaram demais.

Ao meu orientador Marcello Tomé, o mais sincero obrigada por tudo. Sem você eu não teria nem tentado terminar, obrigada pela paciência, compreensão e carinho. E à professora Telma que foi um dos meus primeiros contatos positivos com professores na faculdade, obrigada por Ouro Preto.

Obrigada especial ao meu avô Aldo e Tio Almir que tornaram meu caminho até aqui possível.

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RESUMO

O Pão de Açúcar é um dos elementos paisagísticos mais destacados do Rio de Janeiro, sendo considerado um dos mais importantes atrativos turísticos da cidade, seja pela singularidade desta formação rochosa, que junto ao litoral compõe um conjunto de rara beleza cênica; seja pela possibilidade de uso de um dos mais modernos teleféricos do mundo; ou pela paisagem que proporciona do Rio de Janeiro e do seu entorno, alcançando visualmente a beleza das praias do Rio e Niterói e das águas da Baía de Guanabara e do Oceano Atlântico. No entanto, além de ser um importante atrativo turístico e cartão-postal carioca, o Pão de Açúcar é uma unidade de conservação, na categoria de Monumento Natural e possui relevante projeto de Educação Ambiental, o Educa Bondinho. É possível um atrativo turístico como o Pão de Açúcar, que recebe milhares de turistas todos os anos, realizar eficientemente um projeto de educação ambiental? Buscando responder este questionamento, definimos como principal objetivo desta pesquisa destacar o papel do Pão de Açúcar não só como atrativo turístico, mas também como instrumento de educação ambiental por meio do projeto Educa Bondinho, que consiste na realização de visitas guiadas e realização de atividades lúdicas orientadas por profissionais vinculados a este projeto. Trata-se de uma pesquisa exploratória de caráter descritivo, pautada em análise bibliográfica e entrevistas estruturadas. Acredita-se que a Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar consegue realizar com eficiência a proposta do projeto Educa Bondinho e de suas outras ações ambientas, minimizando impactos sofridos pela exploração turística da área e conseguindo aumentar a conscientização ecológica dos participantes do projeto ambiental Educa Bondinho.

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ABSTRACT

Sugar Loaf is one of the most outstanding landscape elements of Rio de Janeiro, being considered one of the most important tourist attractions of the city, or for the singularity of this rock formation, which together with the coast make up a set of rare scenic beauty; Or by the possibility of using one of the most modern cable cars in the world; Or the panoramic view that provides of Rio de Janeiro and its surroundings, visually reaching the beauty of the beaches of Rio de Janeiro and Niterói and the waters of Guanabara Bay and the Atlantic Ocean. However, besides being an important tourist attraction and Carioca postcard, Sugar Loaf is a conservation unit in the category of Natural Monument and has a relevant Environmental Education project, EducaBondinho. Is it possible to have a tourist attraction like the Sugar Loaf, which receives thousands of tourists each year, efficiently carry out an environmental education project? In order to answer this question, we defined as the main objective of this research to highlight the role of Sugar Loaf not only as a tourist attraction, but also as an instrument of environmental education through the EducaBondinho project, which consists of guided tours and play activities Oriented by professionals linked to this project. It is an exploratory research of descriptive character, based on bibliographic analysis and structured interviews. It is believed that CompanhiaCaminhoAéreoPão de Açúcar is able to efficiently carry out the proposal of the EducaBondinho project and its other environmental actions, minimizing the impacts suffered by the tourist exploration of the area and managing to increase the ecological awareness of the participants of the EducaBondinho environmental project.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Pão de Açúcar. 13

Figura 2: Gnaisse. 15

Figura 3: Praia da Saudade. 20

Figura 4: Vista Aérea da Exposição Nacional de 1908. 23

Figura 5: Pavilhões da Exposição Nacional de 1908 25

Figura 6: Primeiro teleférico de 1912 30

Figura 7: Bondinho de 1972 34

Figura 8: Bondinho de 2008 35

Figura 9: Plano Inclinado 35

Figura 10: Troféu Categoria média empresa 42

Figura 11: Morro da Urca antes do Reflorestamento 43

Figura 12: Morro da Urca depois do Reflorestamento 43

Figura 13: Painéis solares instalados na estação III 44

Figura 14: Painéis solares instalados na parede da estação III 44

Figura 15: Central de Resíduo da CCAPA 45

Figura 16: Compostagem 45

Figura 17: Trilha de acesso ao morro da Urca 46

Figura 18: Trilha de acesso ao morro da Urca 46

Figura 19: Dia da água, jogo interativo. 49

Figura 20: Dia da Mata Atlântica 50

Figura 21: Museu do Cocuruto. 50

Figura 22: Pesquisa de opinião sobre educadores que acompanharam a visita.

54

Figura 23: Quanto ao conteúdo abordado no projeto. 54

Figura 24: Contribuição do programa a partir do conteúdo abordado no projeto.

55

Figura 25: Contribuição da CCAPA para uma sociedade mais sustentável.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...10

1 PÃO DE AÇÚCAR: DA MONTANHA AO CARTÃO POSTAL...12

1.1 NATUREZA (ORIGEM E FORMAÇÃO)...12

1.2 1.2.1 REFERÊNCIAS HISTÓRICAS...15

CIDADE DE SÃO SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO E SUA FORMAÇÃO...17

1.2.2 Bairro da Urca e sua história...20

2 PÃO DE AÇÚCAR COMO ATRATIVO TURÍSTICO...22

2.1 EXPOSIÇÃO NACIONAL DE 1908...22

2.2 COMPANHIA CAMINHO AÉREO PÃO DE AÇÚCAR...25

2.2.1 Teleféricos...27

2.2.2 Obras deconstrução dosteleféricos do Pão de Açúcar e seus “Bondes”...31

3 TURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL...37

3.1 MONA – MONUMENTO NATURAL DOS MORROS DO PÃO DE AÇÚCAR E DA URCA...40

3.2 COMPANHIA AÉREA PÃO DE AÇÚCAR E SEUS PROJETOS AMBIENTAIS...41

4 EDUCA BONDINHO...48

4.1 ANÁLISE DAS AVALIAÇÕES...53

CONSIDERAÇÕES FINAIS...58

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INTRODUÇÃO

A Educação Ambiental vem se mostrando cada vez mais necessária nos empreendimentos turísticos de pequeno, médio e grande porte. A exploração mais consciente das áreas destinadas ao turismo e principalmente à sensibilização do público quanto à necessidade de se preservar e manter o meio ambiente,para que possa minimizar os impactos causados pelo turismo tornou-se, nos últimos anos, uma importante preocupação dos pontos turísticos do estado do Rio de janeiro, mais especificamente do Monumento Natural do Pão de Açúcar, cuja atividade está relacionada principalmente coma visualização da paisagem/belezas cênicas do Rio de Janeiro e o litoral, tanto da cidade do Rio de Janeiro quanto de Niterói.

A Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcaradministra o complexo turístico do Pão de Açúcar e épopularmente conhecida como “Bondinho”, tendo sido fundada em 1909 esituada na zona sul da Cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente no bairro da Urca, sendoresponsável pela gestão de um dos pontos turísticos com maior visitação anual do estado do Rio de Janeiro.

O que poucos sabem é que a CCAPA vem desenvolvendo vários projetos de sustentabilidade e educação ambiental na companhia. Esse outro lado desconhecido da maior parte do público que visita o Pão de Açúcar será apresentado nesse trabalho juntamente com o histórico dessa rocha imponente. Esses projetos foram desenvolvidos com o intuito de reduzir os impactos ambientais negativos causados pela exploração turística da área e como forma de integrar positivamente o público ao local.Desta forma, a CCAPA passou a investir capital próprio para a preservação da mata,de animais nativos da região, reciclagem do que é consumido no complexo,uso de fonte de energia alternativa e o principal projeto, relativo à educação ambiental e foco desta pesquisa, a saber: o Projeto Educa Bondinho. Para ter êxito nos novos projetos, foi criado um subsetor responsável prioritariamente pelo meio ambiente e sustentabilidade vinculada ao setor de engenharia da CCAPA.

Em 1973, os morros do Pão de Açúcar e da Urca foram tombados pelo IPHAN. No entanto, em2006, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro oficializou-os na categoriade Monumento Natural (MONA). Depois desse reconhecimento, a

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CCAPA passou a investir mais firmemente em projetos ambientas e na melhoria de projetos já existentes.

A CCAPA conseguiu se adequar às exigências e necessidades do IPHAN para manter vivo o que tem grande importância no complexo turístico: sua flora e fauna.

O trabalho está estruturado em quatro capítulos, a primeira parte foi feita pesquisas bibliográficas acerca dos temas e a segunda parte foi realizada pesquisa documental e de campo, sendo feitas entrevistas estruturadas com os participantes do projeto principal em estudo.

O primeiro capítulo relata de forma breve a formação das montanhas do Pão de Açúcar e da Urca, contextualiza as referências históricas das mesmas, seguindo do histórico da cidade do Rio de Janeiro e do bairro da Urca. O segundo capítulo aborda a concretização das montanhas do Pão de Açúcar e da Urca como um dos principais atrativos turísticos do Rio de Janeiro contextualizando como foi o processo de criação de um dos teleféricos mais conhecidos do mundo.

O terceiro capítulo aborda o turismo e a educação ambiental, a dualidade de como deve ser feita essa ligação e como a Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcardesenvolve seus projetos voltados para a área ambiental. No quarto e último capítulo é exposto o projeto de estudo principal do trabalho em questão o “Educa Bondinho” e as análises feitas do mesmo desde na sua implantação em 2015.

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1.PÃO DE AÇÚCAR: DA MONTANHA AO CARTÃO POSTAL

Neste capitulo, será contextualizada a formação do complexo do Pão de Açúcar de acordo com estudos geológicos, explicando de forma breve como a montanha assumiu seu formato atual e por que recebeu o nome de Pão de Açúcar.

Será apresentado também os primeiros relatos históricos de viajantes ao se depararem com a rocha, em seguida um breve contexto de como a Cidade do Rio de janeiro se tornou uma das cidades mais importantes do Brasil a partir da transferência da capital do País da Bahia para o Rio e a vinda da corte portuguesa fugindo da guerra napoleônica.

O capítulo é finalizado com, a história de criação de um dos bairros mais importantes e históricos da cidade, que está inserido o Pão de Açúcar, o Bairro da Urca.

1.1 NATUREZAS (ORIGEM E FORMAÇÃO).

As pedras também são baús, ou arcas que guardam memórias. A memória do mundo, de algum modo,está presente nas pedras. Não estamos falando aqui da memória da natureza, mas da memória cultural do mundo; não estamos considerando as pedras como entes naturais, mas como entes do universo cultural. Na relação com as pedras não encontramos apenas pinturas, escrituras, esculturas e templos, encontramos também faíscas do imaginário e damemória social. Pensemos no Pão de Açúcar, no Corcovado, na Pedra da Gávea, na Pedra Branca, no Morro da Urca, no Pico do Papagaio, no Pico da Tijuca e no Morro dos Dois Irmãos, por exemplo. Todas essas são pedras que nos acompanham e que alcançaram, ao longo do tempo, um lugar proeminente na geografia de nossas memórias, nas nossas paisagens subjetivas. Sem elas, nós não seríamos os mesmos. Elas também nos formam, informam e conformam, e até nos confortam com suas presenças culturais. Nesse sentido, podemos falar numa educação pela pedra. As pedras, essas companheiras de viagem, podem ser boas educadoras (CHAGAS M. E CHAGAS,20041).

O Pão de Açúcar é um importante cartão postal e elemento presente no cotidiano carioca e daqueles que vivenciam constantemente a cidade do Rio de Janeiro. Pensá-lo como objeto de estudo de um trabalho científico é um desafio estimulante.O cartão-postal desejado por turistas, desafio dos escaladores e admirado pelos cariocas nada mais é do que um imenso pontão gnáissico,

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constituído basicamente de gnaisse2, assim como vários outras montanhas da Cidade do Rio de janeiro, um exemplo é o corcovado constituído pelo mesmo tipo de rocha magmática.

Pelo formato “pontudo” o Pão de Açúcar foi denominado pelos geólogos de“Inselberges”,que significa ‘montes insulares’ em alemão, suas principais características são as encostas “nuas” e íngremes, topos “aguçados” e arredondados, e em alguns casos recobertos por vegetação. Por sua forma grandiosa, geólogos brasileiros tem denominado genericamente como pães-de-açúcar, e virou uma denominação para morros com essas características(CAMPOS,2007).

Existem algumas versões históricas que justificam o nome da montanha.

No século XVI, o açúcar transportado da ilha da madeira para o consumo na Europa era preservado em cones conhecidos como pães de açúcar. Esses cones eram moldados em vasos cuja forma lembrava um sino de igreja. Ao olho da gente quinhentista, a pedra monumental de granito que flanqueia a entrada da Baía de Guanabara era muito semelhante a esse cone. Dai a Ideia do batismo. (LASMAR, et al,2007, p.20).[Figura 1]

Figura 1: Pão de Açúcar

Fonte: Banco de imagem do Museu Histórico Nacional, 2003.

Versões oficiosas enveredam por outros caminhos. De acordo com a página oficial do Bondinho3 uma das outras explicações para o nome da montanha é o

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Rocha de origem metamórfica, resultante da deformação de sedimentos arcósicos ou de granitos. Algumas das rochas mais antigas do mundo são gnaisses

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nome “Pau-nh-açuquã” da língua Tupi, dado pelos Tamoios, os primitivos habitantes da Baía de Guanabara, significando “morro alto, isolado e pontudo”.

Há 245 milhões de anos, o planeta Terra era formado por uma única massa chamada Pangéia4. Não havia, portanto, separação entre continentes. Em determinado momento, essa gigantesca massa dividiu-se um duas partes: Laurásia5e Gondwana6(BIGARELLA, 1973). Os grandes movimentos das placas tectônicas deram origem ao que conhecemos hoje como Oceano Atlântico e também a Serra do Mar e a Serra Carioca no Rio de Janeiro, lugar que está inserido o Pão de Açúcar, formado também na decorrência dos movimentos tectônicos. A 60 milhões de anos atrás, uma intensa erosão precipitou o aspecto atual dessas serras. A deposição desses sedimentos erodidos na plataforma continental dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro provocou o recuo da escarpa da Serra do Mar.Todos os “pontões” rochosos do Estado do Rio de Janeirosãoresultado de processo erosivo lento e persistente comuns nos climas tropicais(CAMPOS, 2007).

O Pão de açúcar é segundo o site oficial do bondinho formado por um processo chamado de metamorfismo, que consiste no resfriamento do magma da profundeza da crosta terrestre e foi se transformando por uma intensa deformação dando origem a montanha como conhecemos hoje. No ano 2000 foi reconhecido como um dos principais monumentos geológicos do mundo. Caracterizando essa “imponência” 7

morfológica.

Formado como resultado dá colisão de diversas placas que se aglutinaram para moldar a parte ocidental da Gondwana. Toda vez que as placas colidiam, seus limites extremos se acavalavam, originando cordilheiras. As rochas preexistentes

3

Extraído do site oficial da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar. http://www.bondinho.com.br/historia-e-curiosidades/

4

Continente que, descrito pela deriva continental, existiu há 200 ou 540 milhões de anos, durante a era Paleozoica, segundo os relatos. A palavra origina-se do fato de todos os continentes estarem juntos (pan do grego = todo, inteiro) e exprime a noção de totalidade, universalidade, formando um único bloco de terra. Ver Paleocorrentes e deriva continental (comparação entre África e América do Sul). Boletim Paranaense de Geociências, v. 31, p. 141-224, 1973.BIGARELLA, J. L.

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Laurásia surgiu logo após a divisão de Pangeia, supercontinente que incluía o que hoje constitui o Hemisfério Norte, incluindo a América do Norte, Europa e Ásia do Norte.

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Gondwanasupercontinente do Hemisfério Sul, incluindo a Antártida, América do Sul, África, Madagáscar, Seicheles, Índia, Austrália, Nova Guiné, Nova Zelândia, e Nova Caledónia.

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A imponência do Pão de Açúcar é citada no texto Geologia do Pão de Açúcar, do Professor e Diretor do Museu de Ciências da Terra, Diógenes de Almeida Campos. "A imponência do Pão de Açúcar não permite desconfiar dos processos geológicos que culminaram com o seu aspecto atual. Apesar das informações sobre a forma e a composição de suas rochas serem importantes para o conhecimento da geologia do Pão de Açúcar, isso, ainda é pouco para o curso da história geológica do morro."

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foram transformadas pela pressão e pelo calor resultante deste processo. Os gnaisses que encontramos hoje nasceram desta dinâmica (CAMPOS, 2007).

O gnaisse facoidial – gnaisse [figura 2] específico na formação do Pão de Açúcar - é uma rocha ortoderivada bastante resistente ao intemperismo e que, por essa razão, destaca-se no relevo, estando presente também, por exemplo, em grande parte dos monumentos históricos, fachadas, molduras de portas e janelas, e o meio-fio, a cidade do Rio de Janeiro foi constituída e ornamentada com o uso do gnaisse facoidal. Dentre os motivos para essas preferênciasentão o menor custo, a maciez e a versatilidades para sua utilização(MANSUR, CARVALHO, DELPHIM, BARROSO, 2008).

O Pão de Açúcar, foi durante anos inacessível para a maior parte dos brasileiros e estrangeiros que visitavam a Cidade do Rio de Janeiro. Muitos relataram o que viram em forma de cartas descrevendo a grandiosidade da montanha, outros fizeram pintas e alguns anos mais tarde o pão de açúcar foi fotografado de diversos ângulos diferente. Podemos ver alguns relatos a seguir...

Figura 2: Gnaisse

Fonte: Google Imagens, 2016.

1.2 REFERÊNCIAS HISTÓRICAS

Como relata o Historiador Pedro Cunha e Mendes (2011) no vídeo existente no museu do Cocuruto localizado no topo do Morro da Urca: “Imponente e grandioso o Pão de Açúcar tem atraído a atenção dos viajantes que chegavam ao Rio de Janeiro vindo do mar desde o século XVI e que ficavam espantados em frente ao Pão de Açúcar”.

Esses viajantes na grande maioria deixavam registrados de várias maneiras diferentes o que viam e se impressionavam. O europeu Padre José Anchieta no

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século XVI registrou em carta a sua primeira impressão obre a montanha do Pão de Açúcar: “Ao entrar na barra tem uma pedra mui larga ao modo de um pão de assucar e assim se chama e de mais de 100braças em alto que é cousa admirável.” (LASMAR, et al, 2007, p.22). Outros visitantes também se impressionaram com as montanhas do Morro da Urca e do Pão de Açúcar e relataram o que viram. O aquarelista inglês Oswaldo Brierly que visitou o Rio de Janeiro em 1842, 1851 e 1869 escreveu:

O dia estava magnífico quando passamos pelo notável Pão de Açúcar e adentramos o magnifico cenário que é aquela baía encantadora, com seus picos arborizados servindo de pano de fundo escurecido. O efeito do nascer do sol sobre o Pão de Açúcar e as montanhas ao redor é muito grandioso. Cada pequeno fragmento de detalhe se perde quando a massa escura é empurrada para cima pelo sol ou é encoberta parcialmente pela névoa. Nesse momento tudo fica com um aspecto mais sublime do que em qualquer outra hora do dia. Fiz um cuidadoso esboço do Pão de Açúcar (CUNHA E MENDES, 2006).

A admiração pela montanha e juntamente pela Cidade do Rio de Janeiro não é algo que foi relatado apenas na descoberta do novo mundo e sim admiração que se propaga até os dias de hoje. Muitas pessoas que moram na cidade não querem sair por sua beleza cênica e muitos que não moram tem o desejo de morar ou pelos menos de visitar. Um relato de um morador da Cidade do Rio de Janeiro que se recusou a deixá-la foi de Cassiano Ricardo, políticos que deveria mudar-se para Brasília na década de 1950 quando Juscelino Kubitschek (governante da época) transferiu a capital do Brasil para Brasília. Cassiano Ricardo justificou sua não mudança assim:

O Pão de Açúcar nunca foi de açúcar, mas ficou sendo, comose fosse doce por amar no amor.Por que ficar triste?O Rio não deixa.Quer-se ser mau, maso Pão de Açúcarnão deixa.Quer-se ficar em casa(fechada)mas é tanta a beleza, lá fora,nas ilhas, nas ruas,que o Rio não deixa (Lasmar. et al. 2007, p. 22; 27.).

A relação do Pão de Açúcar com a cidade do Rio de Janeiro sempre foi muito intensa como foi possível verificar através dos relatos de quem avistava esse morro pela primeira vez ou não. É impossível tratar o Pão de Açúcar como algo periférico para a Cidade mesmo nos dias atuais. A formação da cidade do Rio de janeiro desde seus primórdios nos ajuda a entender como essa rocha se tornou a “mais

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carioca das rochas”(MANSUR, CARVALHO, DELPHIM, BARROSO, 2008)como é possível verificar a seguir...

1.2.1Cidadede São Sebastião do Rio de Janeiro e suaformação.

A baía atual não se compara, entretanto, àquela de águas límpidas, contornada e adornada por pequenas enseadas, tendo como fundo a densa floresta tropical: uma visão do paraíso que extasiou os portugueses que a contemplaram pela primeira vez em 1502(KELMAN, 2005, p. 1).

Dois anos após a descoberta do Brasil liderada por Pedro Alvarez Cabral em 1500, a corte portuguesa enviou uma expedição para fazer o reconhecimento litorâneo do Brasil. A Baía de Guanabara foi erroneamente concebida como a foz de um rio, e como tal engano teria ocorrido no mês de janeiro, esta região recebeu o nome de Rio de Janeiro (CANEDO, 2005).Guanabara é palavra de origem indígena e significa "seio de mar muito fértil, cheio de vida" como a baia na época do descobrimento era um local de abundancia de peixes e água muito limpa recebeu esse nome (NOGUEIRA, 2014).

O interesse por essas terras não eram apenas dos portugueses, europeus das mais diversas nacionalidades também desejavam parte (ou mesmo a totalidade) do território recentemente descoberto.Muitos descreveram o que viam em formas de cartas aos seus reis. Dentre essas, destaca-se a cartade Américo Vespúcio:

“Venhamos aos animais racionais. Julgamos ser toda a terra habitada de gente toda nua, assim os Homens como as Mulheres, sem se cobrirem vergonha nenhuma. São de corpos bem dispostos e proporcionados, de cor branca e de cabelos pretos e de pouca barba ou nenhuma.. Muito me esforcei em entender sua vida e costumes, porque 27 dias comi e dormi entre eles e o que conheci deles é em comparação o seguinte: não tem lei nem fé nenhuma e vivem segundo à Natureza. Não conhecem a imortalidade da Alma; não tem entre eles bens próprios, porque tudo é comum. Não tem limites de Reinos e de Províncias; não tem Rei; não obedecem à ninguém. Cada um é senhor de si. Nem favor nem graça a qual não lhes é necessária, porque não reina entre eles a cobiça.”(VESPÚCIO, 2003, P. 95).

Com tudo, amaior ameaça à posse do Brasil a Portugal veio dos franceses. A França não reconhecia o Tratado de Tordesilhas8, e para os franceses quem ocupasse a área seria o possuidor da mesma (FAUSTO, 1995).

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Tratado entre a Coroa portuguesa e espanhola assinado em junho de 1494, que estabelecia a demarcação de um meridiano localizado a 370 léguas a oeste da ilha de Cabo Verde. Os territórios a

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Ao contrário dos portugueses, a expedição francesa de 1555, comandada por Nicolau Durand de Villegagnon, tinha missão colonizadora e não exploradora como a dos portugueses. A aliança formada entre os índios e os franceses alertou a coroa portuguesa que, em resposta, esforçou-se por expulsar os franceses e fundar a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, no primeiro dia de março de 1565, por Estácio de Sá (CUNHA E MENEZES, 2006.).O local escolhido para a solenidade de fundação foi à várzea existente entre o Morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar, local estratégico na entrada da Baía de Guanabara e bem protegido, que ajudou os portugueses a resistir às tentativas de invasão dos franceses e seus aliados os Tamoios. Posteriormente, a sede da cidade ainda seria várias vezes transferidas para: Morro do Descaso (Alto da Sé), Alto de São Sebastião, Morro de São Januário e Morro do Castelo. A fim de expandir a ocupação do município, Mem de Sá distribuiu sesmarias9 aos colonos e introduziu a prática da criação de gado (LASMAR,et al, 2007).

Á medida que a população ia se fixando nos morros, fez-se imprescindível aterrar lagoas e pântanos ali existentes. As redondezas, por sua vez, foram transformadas em engenhos de açúcar e receberam os primeiros negros escravizados vindos da África (LASMAR, et al, 2007). Os Jesuítas já faziam parte do Brasil nessa época e posteriormente três importantes ordens religiosas se estabeleceram na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, construindo,suas igrejas: O Mosteiro de São Bento (monges beneditinos), O Convento de Santo Antônio (frades franciscanos), e o Convento do Carmelo (irmãs carmelitas). (GUMIEIRO, 2013). Posteriormenteno ano de 1759 o rei determinou o confisco geral de todos os bens, rendas ordinárias, pensões e qualquer outra atividade dos Jesuítas em toda a extensão das terras coloniais. Os Engenhos de Santa Cruz, Engenho Velho, Engenho Novo e São Cristóvão que pertenciam aos Jesuítas foram divididos e loteados; este fato marcou o surgimento das zonas sul (Botafogo) e norte (São Cristóvão) da cidade (SERAFIM, 1938).

Com todas as mudanças e o desenvolvimento da cidade, o vice-rei português decide mudar a capital do vice-reino da Bahia para a cidade de São Sebastião do

oeste seriam explorados pelos espanhóis; e as terras a leste deveriam ser controladas pelos lusitanos.

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Instituto jurídico português que normatizava a distribuição de terras destinadas à produção agrícola. Sem capacidade para organizar a produção de alimentos, decide legar a particulares essa função. Este sistema surgira em Portugal durante o século XIV, com a Lei das Sesmarias de 1375.

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Rio de Janeiros em 1763, o que ajudou a relativizar a importância da Cidade, assim permanecendo por quase cinco décadas, até a chegada da Família Real portuguesa em 1808 (SILVA, 2012). Porémas benfeitorias implantadas neste período de quase 50 anos não acompanharam o grande crescimento da cidade(CUNHA E MENESES, 2009).

Em 1808, a capital do Vice-reino contava 50 mil habitantes. Não obstante, seu progresso era ínfimo. A Corte Portuguesa exigia restrições extremas: estavam proibidas as manufaturas de seda, algodão, linho ou lã, o trabalho de ourivesaria, a tipografia bem como o desembarque de navios estrangeiros. Os cafezais dominavam as áreas rurais. O perímetro urbano, por sua vez, contava apenas 46 ruas, 4 travessas, 6 becos e 19 campos ou largos (ABREU, 2013).

Em 1808, sem condições para enfrentar a invasão francesa vinculada à guerra Napoleônica o príncipe regente de Portugal D. João (à frente da Família Real Portuguesa) aportaram no Rio de Janeiro acompanhados por centenas de súditos e serviçais: o desenvolvimento da cidade havia sido "definido" pela investida do general francês Napoleão Bonaparte sobre as terras lusitanas. Escoltados pela esquadra inglesa, os portugueses atravessaram todo o Oceano Atlântico, fizeram escala em Salvador e, dirigiram-se à cidade do Rio de Janeiro, com eles trouxeram obras de arte, dinheiro, documentos, livros (FARIAS, 2008).

Em retribuição a ajuda recebida dos ingleses, o livre comércio entre a colônia e a Inglaterra foi autorizado a partir do decreto da Abertura dos Portos10. Em 1815, a cidade do Rio de Janeiro foi alçada à categoria de capital do Reino Unido de Portugal e, por isso foi mais bem desenvolvida a partir do momento em que D. João VI adotou várias medidas econômicas que favoreceram o desenvolvimento brasileiro. Entre as principais, podemos citar: estímulo ao estabelecimento de indústrias no Brasil, construção de estradas, cancelamento da lei que não permitia a criação de fábricas no Brasil, reformas em portos, criação do Banco do Brasil e instalação da Junta de Comércio (FARIAS,2008).

A possibilidade de transformar o país em nação veio com a declaração de Independência por D. Pedro I em 7 de setembro de 1822.

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Promulgada por meio de uma Carta Régia, pelo príncipe regente, D. João, em 28 de janeiro de 1808. O decreto foi assinado quatro dias após a chegada da Família Real e da Corte portuguesa onde autorizava o comercio com as nações amigas de Portugal.

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1.2.2O Bairro da Urca e sua história.

A Criação do bairro da Urca foi de suma importância para a consagração do Pão de Açúcar com um dos principais pontos turísticos do Rio de janeiro, não só pela sua localização privilegiada aos pés dos morros, mas também por ser um bairro litorâneo e com potencial utilização para proteção da própria cidade. A antiga Praia da Saudade, além de ser utilizada por banhistas, abrigou pavilhões da Exposição de 1908 e foi palco de competições de regatas. No entanto, a praia foi aterrada em 1930 para a construção de um clube náutico e já não existe mais [Figura 03].

Figura 03: Praia da Saudade.

Fonte: 1893 J. Gutierrez.

Os primeiros prédios que existiram no bairro da Urca mais especificadamente na Praia Vermelha foram construídos estrategicamente para fins de defesa militar,desde a fundação da cidade por Estácio de Sá. Tão logo iniciado o século XVIII foi construído um forte. Sucessivamente, a partir de 1856, instalaram-se o Batalhão de Engenheiros e a Escola Militar e de Aplicação. O acesso aos civis foi liberado apenas em 1938, com a criação da Praça General Tibúrcio (AIZEN, 1990).

O bairro da Urca, tal qual o conhecemos hoje, não existia até o final do século XIX. As águas da Baía de Guanabara batiam diretamente nas rochas que circundavam os morros da Urca e o Pão de Açúcar.A história começa a se transformar quando o comerciante português Domingos Fernandes Pinto, entre os anos de 1870 e 1880, investe na ideia de construir um novo bairro, com prédios

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obedecendo "a um novo estilo, elegante e artístico". Ele assina um contrato com o município, em 2 de março de 1895, para a construção de um cais, estabelecendo a ligação entre a praia da Saudade, em frente ao Instituto Benjamin Constant, à Escola de Aprendizes de Artilheiros, na Fortaleza de São João. A obra foi embargada pelo Exército, segundo a justificativa de que ela prejudicaria a defesa do Forte. Um embate judicial teve início. Quando finalmente, em 1919, um novo contrato foi assinado com a prefeitura, Domingos Fernandes Pinto não pôde cumpri-lo.11

Ainda segundo o site oficial do Bairro da Urca no ano de 1921, o engenheiro Oscar de Almeida Gama constitui a Sociedade Anônima Empresa da Urca para os mesmos fins pretendidos por Domingos. Dentre as inúmeras exigências presentes no contrato, estava a construção de uma escola para 200 alunos, que veio a ser a Escola Minas Gerais, até hoje existente no bairro.

O presidente da República, Epitácio Pessoa, inaugura oficialmente a Avenida Portugal em 1920. Na mesma época, a antiga praia da Saudade recebia nova denominação com nome de Avenida Pasteur.

A urbanização da Urca foi aprovada apenas em 1922. O Hotel Balneário, construído no local, se tornou muito famoso quando transformado em cassino em 1933. Naquela época, o cassino da Urca apresentava shows de artistas nacionais e internacionais. Em 1946 o Presidente Dutra promulgava uma lei que extinguiu os jogos de azar e, por consequência, o Cassino da Urca, assim como os demais cassinos do país, fecharam as portas. Da década de 1950 até julho de 1980 funcionou naquele edifício a TV TUPI, canal 6, dos Diários e Emissoras Associadas (ABREU,2013).

Importantes instituições públicas e privadas têm sua sede na Urca, o que torna o bairro um tanto particular neste quesito. Dentre elas podemos citar: Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais, Instituto Militar de Engenharia, Centro de Educação Física do Exército, Instituto Benjamin Constant, Escola Superior de Guerra, Universidade do Rio de Janeiro - UNIRIO e a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mas nada se compara ao imponente Pão de Açúcar (AIZEN, 1990).

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2.PÃO DE AÇÚCAR SE TORNA ATRATIVO TURÍSTICO DO RIO DE JANEIRO.

As montanhas do pão de açúcar e da Urca como já foram apresentadas, sempre tiveram grande importância para a Cidade do Rio de Janeiro e despertaram o interesse de muitos residentes e visitantes. Pessoas importantes e visionárias também tiveram esse interesse despertado. Escaladores, empresários, políticos, engenheiros tiveram vontade de explorar o morro que é conhecido hoje em dia como uma das mais belas paisagens do Rio de janeiro. O Pão de Açúcar tornou-se objeto de desejo de muito e com o passar dos anos transformou-se em um dos principais pontos turísticos do Brasil (LASMAR, et al, 2007).

Para que se concretizasse como tal, foi preciso que alguém de visão, coragem e experiência tornasse viável a realização desse sonho, que começou a tomar forma durante a Exposição Nacional de 1908.

2.1.EXPOSIÇÃO NACIONAL DE 1908.

Em 1908, a cidade do Rio de Janeiro foi sede da exposição nacional de comemoração do centenário da abertura dos portos às nações amigas –objeto de decreto realizado pelo então príncipe-regente de Portugal Dom João de Bragança (28 de janeiro de 1808, em Salvador). Foi também a primeira carta Régia promulgada pelo príncipe regente no Brasil. Tal ato marcou o fim do pacto colonial, acordo que obrigava todos os produtos brasileiros a passarem pelas alfandegas em Portugal, fato que teria beneficiado principalmente o comércio com a Inglaterra.

A Exposição Nacional de 1908, organizada pelo governo federal,tinha o intuito de exibir matérias primas e produtos manufaturados oriundo de diversos estados brasileiros, também possibilitou a confecção deum inventário da economia do País, porém, o principal objetivoera apresentar a nova Capital da República (NEVES, 1973).

A cidade do Rio de Janeiro havia sido finalmente urbanizada pelo então prefeito Pereira Passos e, simultaneamente, saneada por Oswaldo Cruz. Osvisitantes da exposição estariam expostos a uma nova imagem do País, até então marcada pelas doenças. Desta forma, o principal objetivo dos administradores foi alcançado: marcar definitivamente o Rio de Janeiro como uma das principais cidades do mundo a atrair novos visitantes (LASMAR,et al,2007).

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A realização da Exposição Nacional de 1908 e ascomemorações do primeiro centenário da abertura dos portos do país ao livre comércio foi um momento forte nesse processo. O evento pode ser considerado como o grandfinale de um primeiro tempo de interações econômicas e culturais do Brasil com um mundo cada vez mais urbano e cosmopolita, que teve nas reformas do Rio de Janeiro, entre 1903 e 1906 uma das suas maiores expressões (PEREIRA, 2001, p. 7).

Vários locais da cidade foram estudados para a viabilidade da construção da exposição, porém muitos descartados pelo tamanho ou pelo custo de construção. Por fim em uma área de 182.000 metros quadrados da Praia da Saudade (atual Avenida Pasteur)foi decidido como melhor local para a realização da exposição, então foram construídos diversos prédios para abrigar a Exposição Nacional [Figura 4], local no qual até então só existia o “velho casarão” da Escola Militar e a Escola Superior de Guerra. A área era pouco conhecida pelos cariocas,a despeito do fato de que desde maio de 1902 o bonde elétrico já circulava pela Praia da Saudade (PEREIRA, 2001).

Figura 4: Vista aérea da Exposição nacional de 1908.

Fonte: Acervo CCAPA

Para divulgar a Exposição Nacional, foram impressos 23 cartões postais – muitos deles aquarelados – que circularam pelo Brasil e pelo mundo, com a planta baixa do local e fotografias dos edifícios(HEIZER, 2007).

O acesso do público ao local era feito por terra e mar. O antigo cais da Praia da Saudade foi ampliado e nele construída uma ponte e uma marina para atracar embarcações, bem como uma estação para embarque e desembarque de passageiros trazidos do Cais Pharoux (atual Praça XV).

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Dentre os inúmeros pavilhões construídos como é possível visualizar na figura 5, destacou-se ainda: Palácio da Bahia, Palácio da Sociedade Nacional de Agricultura, Palácio de Minas Gerais, Palácio das Indústrias, Palácio dos Estados, Pavilhão Manuelino (de Portugal) e, anexo a este, o Pavilhão Egípcio (da Música), Teatro João Caetano e o Restaurante Pão de Açúcar. Após o término da Exposição Nacional, os prédios foram demolidos. Restou apenas o Palácio das Indústrias – antigo edifício da Escola Militar – que teve o mesmo fim em 1935, após ter sido bombardeado durante a Intentona Comunista. Atualmente, ainda cumprindo funções, embora não totalmente preservados: o Palácio dos Estados – hoje abrigando a Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais (CPRM) – antigo Serviço Geológico, e o Pavilhão das Máquinas (hoje Escola de Teatro da UNIRIO) (LASMAR, et al, 2007).

Pelo tamanho do investimento, a Exposição Nacional permaneceu por curto período de tempo aberta para visitação, que ocorreu de 28 de janeiro a 15 de novembro de 1908, alcançando sucesso absoluto de público e de negócios (Heizer, 2007).Devido aos processos de urbanização pelos quais a cidade passou, o Rio de Janeiro recebeu, a denominação que se perpetuaria: o escritor Coelho Neto a chamou “Cidade Maravilhosa”.

Durante dos três meses de exposição foi realizado um “inventário” da cidade para os próprios brasileiros, a exposição foi vista por mais de um milhão de pagantes muito oriundos de territórios diferente do Brasil e do mundo. Foi criado um BolletimComemorativo da Exposição Nacional, e dizia que o Brasil foi apresentado em todos os seus aspectos – físicos, demográficos, econômicos e sociais. O Rio de Janeiro, por ser o local da realização do evento, mereceu destaque em especial no referido Bolletim(PEREIRA, 2001). A esmerada publicação, com versões em francês e em esperanto, nos mostra aspectos interessantes como taxa de imigração, distribuição e densidade populacional, índices de nupcialidade, natalidade e mortalidade.12

Durante a Exposição o Pão de açúcar foi contemplado por muito que visitavam, aguçando a criatividade e o desejo de conhecer o a montanha por um ângulo doferente.

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BolletimCommemorativo da Exposição Nacional de 1908. Inspetoria Geral de Estatística. Rio de Janeiro: Ministério da Viação e Obras Públicas.

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Figura 5: Pavilhões da Exposição Nacional de 1908.

Fonte: Acervo CCAPA

2.2. COMPANHIA CAMINHO AÉREO PÃO DE AÇÚCAR.

Durante as obras de construção dos pavilhões da Exposição Nacional de 1908, muitos visitantes foram “inspirados pela exposição” (LASMAR, et al, 2007, p. 41) o Engenheiro Augusto Ferreira Ramos foi um deles. A cada visita que fazia a exposição nacional de 1908 (que fora um dos organizadores), se impressionava com os morros do Pão de Açúcar, da Urca e da Babilônia,

De tanto observar os contornos do Pão de Açúcar e dos morros da Urca e da Babilônia e de mesclar sua fascinação e seus sonhos com seus sólidos conhecimentos de engenharia, Augusto Ramos, numa visão além do seu tempo, intuiu que era possível fazer a ligação entre eles por meio de cabos de aço suspensos, como os teleféricos para transporte de passageiros que sabia terem sido recém-estabelecidos na Europa (LASMAR, et al, 2007, p. 41).

Culto, com um currículo extenso e com vasta experiência advinda de viagens internacionais tinha ciência de teleféricos construídos para transporte de passageiros na Suíça e na Espanha inicialmente. Considerou então que era viável o projeto de construção do teleférico ligando os morros por meio de cabos de aço suspensos. Um

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sonho que viria a se materializar, finalmente em 14 de junho de 1911, na Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar (LASMAR,et al, 2007).

O Decreto Municipal número 1260 que autorizava a construção e exploração de um caminho aéreo entre a antiga Escola Militar e o alto do Morro da Urca, com ramais para o Pão de Açúcar e o Morro da Babilônia foi publicado em 29 de maio de 1909, um ano depois da ideia da construção do teleférico. Associado ao industrial Manuel Antônio Galvão, Augusto Ferreira Ramos assinou no mesmo ano com o Governo Federal o contrato de concessão para exploração da área por 30 anos. Em 28 de outubro de 1909 após desenvolver o projeto e analisar sua viabilidade o Dr. Serzedelo Correia prefeito do então Distrito Federal concedeu as licenças necessárias e aprovou a construção. Deu-se então início a desafiadora empreitada para a realização do sonho: escaladas dos morros, obras e encomenda de equipamentos. (site oficial do Bondinho13).

A obra eravista para a época como grande avanço e de difícil execução, ao se tornar pública, foi motivo de chacota pela população e pelas classes políticas e empresariais da época que não acreditavam no projeto.

Tratavam Augusto Ramos por louco e com sarcasmo chegaram a sugerir que a linha do teleférico ligasse o Pão de Açúcar diretamente ao Hospício Nacional, que então funcionava onde está hoje o palácio da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASMAR, et al, 2007, p. 44).

Mesmo com a descrença de alguns não desistiu de levar a diante sua ideia, e foi em busca de parceirospara levantar o capital inicial de 180 contos de réis em 900 ações integralizadas de 200 mil réis cada. “Desempenhou essa tarefa, verdadeira operação de engenharia financeira e política, com a mesma competência que projetaria a obra de engenharia civil” (LASMAR,et al, 2007, p. 43).

Os investimentos da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar não se limitaram as áreas de concessão da CCAPAComo a região era desprovida de conforto e acesso para os futuros visitantes, preocupou-se fazer melhorias em seu entorno para benefício dos seus visitantes(LASMAR, et al, 2007).

Então. Porém Augusto Ramos enfrentou vários desafios e dificuldade para a realização do seu sonho, o fabricante Pohlig – empresa da cidade alemã de Colônia contratada para desenvolver o projeto, fabricar e montar os equipamentos devido à

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falta na indústria brasileira - vinha protelando a entrega dos equipamentos encomendados devido a um incêndio que havia sofrido em suas instalações que destruiu os desenhos originais e os modelos das partes metálicas. Peças para a fundação foram para o porto de Santos extraviadas; despesas extras para concretagem do vão aberto no morro da Babilônia e a abertura da previsão de duplicação das linhas consumiu “muitos contos de réis”, precisou-se então que os acionistas fizessem um empréstimo de 120 contos de réis à Companhia para cobrir as despesas imprevistas(BONDINHO 100 ANOS, 2012).14

Porémo maior desafio enfrentado foi à própria instalação do sistema. Viu-se necessário cravar espigões nas rochas do Pão de Açúcar e Morro da Urca para levar as peças para a montagem do guincho que auxiliaria na subida de todo o material para a construção das estações a instalação do teleférico de carga e posteriormente o de passageiros, o carro de transporte também foi utilizado para transportar os operários até o cume dos morros. Para o funcionamento desse carro ancorava-se primeiro um cabo mais forte e um mais leve no pico, o mais forte servia de cabo-suporte para o carro de serviço, que era puxado pelo cabo mais leve.

As obras de construção das estações duraram três anos e foram levadas quatro mil toneladas de equipamento e materiais de construção para o alto dos morros ao custo total de dois milhões de réis. Os bondes originais de 1912 eram feitos de madeira maciça e vieram prontos da Alemanha e, na medida em que os anos se passavam, eles iam se deteriorando. Assim novos bondes metálicos foram fabricados pelos operários da CCAPA (LASMAR,et al, 2007).

2.2.1 Teleféricos

Devido à escassez de material de pesquisa específico para os temas dos subcapítulos 2.2.1 e 2.2.2, foi utilizado para a produção material de publicação interna da CCAPA de uso institucional e restrito, cedido a funcionários da companhia com nome de “Bondinho 100 anos: material de treinamento. 2012”. Essa publicação não respeita as citações bibliográficas da ABNT não podendo assim especificar o autor da mesma, considerando com isso que as citações são feitas por meio no nome do material e seu ano de produção.

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Bondinho 100 anos, material de treinamento. 2012 - Material cedido pela CCAPA para treinamento de funcionários de uso institucional e restrito. Não respeita regras gerais da ABNT e não contem fonte explicita.

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É indicado que esse meio de transporte por teleféricos teve sua origem na China: cestos eram deslocados para transportar as pessoas e cargas.A definição internacional mais aceita é a de que o teleférico configura-se como um sistema de transporte de carga ou de passageiros, constituído por cabines fixadas em um sistema de cabos que se encarregam de fazer avançar as unidades através de estações - embarque e desembarque - ligando um monte a outro, ou um monte a um ponto baixo, ou ambos.A situação topográfica e o número de passageiros a serem transportados por um determinado período de tempo são os determinantes para o tipo de sistema adotado. Fabricantes de teleféricos usualmente não os operam, mas produzem os modelos de acordo com as necessidades declaradas pelos solicitantes (MARIANO, 1998).

Na Europa existem cerca de 19 mil caminhos aéreos, com destaque para França, Áustria, Suiça e Itália, nos Alpes. Os teleféricos são muito utilizados em estações de esqui, locais nos quais são praticados os chamados esportes de inverno ou de montanha - em geral, os turistas (ou atletas profissionais) são transportados morro acima através dos teleféricos; na sequência, descem utilizando-se de esqui ou artefatos similares. Em diversas localidades, fora da temporada de esqui, esses caminhos aéreos permanecem desativados. Além da possibilidade acima descrita, há teleféricos instalados em áreas industriais a fim de escoar mercadorias e produtos manufaturados (BONDINHO 100 ANOS, 2012).

O primeiro sistema teleférico instalado no Brasil ocorreu com a criação da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar, em 1909, na cidade do Rio de Janeiro (LASMAR,et al, 2007). Atualmente, os registros oficiais dão conta de 25 teleféricos em funcionamento no país, 15 deles configurados como "cadeirinhas"(BONDINHO 100 ANOS, 2012).

O bondinho do Pão de Açúcar teve seu trecho inicial - da Praia Vermelha ao Morro da Urca - inaugurado em 27 de outubro de 1912. Pela extensão de 528 metros, 577 passageiros foram transportados pagando pelos bilhetes de ida e volta um total de 2 mil réis. O trecho seguinte - fazendo a ligação entre o Morro da Urca e o Pão de Açúcar - foi inaugurado no dia 18 de janeiro do ano seguinte. Nesta segunda etapa, percorrida em números totais 750 metros, construída pelo mesmo processo de lançamento de cabos, 449 passageiros foram os primeiros afortunados a completar a ligação definitiva entre o solo, o morro e o penedo. A terceira e derradeira linha do projeto inicial - que ligaria o Morro da Urca ao Morro da Babilônia

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- embora tivesse suas obras iniciadas, não chegou a ser concluída: o Ministério da Guerra daquela época alegou que a área em questão era prioritária para a segurança nacional (LASMAR, et al, 2007).

A inauguração do teleférico da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar teve repercussão nacional e internacional por diversos motivos: o desafio tecnológico, as dificuldades de acesso, o ineditismo e a falta de mão-de-obra qualificada no Brasil (LASMAR, et al, 2007 p. 49;50).

Quando o teleférico foi inaugurado, em 27 de outubro de 1912, só havia dois daquele tamanho no mundo: um na Suiça (Wellerhorn) com extensão total de 560 metros e desnível aproximado de 420 metros (construído em 1908), e outro na Espanha (Monte Ulia) com extensão máxima de 280 metros e desnível de 28 metros, construído em 1907. “Foi um escândalo para a época, porque o Brasil era muito atrasado tecnologicamente” [Figura 6] (LASMAR, et al, 2007. p. 50).

“Ao olharem, ou mesmo viajarem, nos antigos bondinhos os turistas não tinham noção da sofisticada obra de engenharia eu lhes era oferecida e eu, embora aparentemente frágil e pouco firme, as condições de segurançarespeitavam todos os padrões vigentes na época.”(LARMAR, et al, 2007. p. 54;55)

No sistema instalado, denominado "vai-e-vem", os "Camarotes Carril" - carros aéreos, logo denominados "bondinhos" por sua semelhança estética com os bondes elétricos que circulavam pelas ruas centrais da cidade - deslizavam por meio de 4 pares de roldanas por 2 cabos-trilhos fixos de 41mm cada, compostos por 92 fios de aço enrolados; desse modo, as superfícies de contato eram mantidas lisas. A resistência à ruptura dos cabos-trilhos era de 180 toneladas, e sua durabilidade prevista era estimada em 30 anos. Os freios elétricos, automáticos, proporcionavam ao sistema a mais completa segurança. No primeiro trecho, a viagem era completada em 4,5 minutos; no segundo, em 6 minutos. Tudo isso, a uma velocidade média de 2m/s, conquistada a partir da energia mecânica fornecida por um motor elétrico de 75hp. (LASMAR,et al, 2007)

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Figura 6: Primeiro Teleférico de 1992

Fonte: Arquivo CCAPA.

O contrato de concessão de serviços pelo período de 30 anos, assinado entre a Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar e o Governo do Estado da Guanabara, em 29 de maio de 1969, concedia à CCAPA o direito de explorar o serviço de transporte teleférico inaugurado em 1912. Não obstante, apenas renovar o contrato nas mesmas condições anteriores não era o desejo da direção da CCAPA, que já possuía consciência das limitações dos serviços prestados aos turistas: enormes filas de espera devido a pouca capacidade de transporte de passageiros do bondinho. Para que se tenha ideia dos transtornos, uma visita comum ao Pão de Açúcar demorava em média 5 horas, sendo que 3 destas os turistas permaneciam nas filas das estações. Desta forma, o grande entrave ao crescimento das atividades turísticas no Morro da Urca e Pão de Açúcar estava perfeitamente identificado (BONDINHO 100 ANOS, 2012).

O empreendimento proposto, então denominado "Novo Pão de Açúcar", contemplava dois projetos: Projeto Teleférico - implantação de novos caminhos aéreos - e Projeto Parque Turístico - constituição de uma empresa específica para viabilizar e gerir o aproveitamento das áreas do Morro da Urca e Pão de Açúcar para fins de entretenimento e lazer para os turistas - ambos aprovados pela EMBRATUR, que considerou de relevante interesse para o turismo do Estado do Rio de Janeiro. Foi necessário um completo levantamento topográfico e geodésico das áreas servidas pelo caminho aéreo na Praia Vermelha, no Alto da Urca e do Pão de Açúcar, estudo que fundamentou as propostas de reutilização dos espaços já existentes (BONDINHO 100 ANOS, 2012).

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O Projeto Teleférico consistia na substituição da antiga instalação teleférica, que transportava apenas 115 passageiros por hora, por outro mais moderno, que transportaria 1.300 passageiros por hora. A CCAPA fez um estudo de mercado para justificar a duplicação do sistema e concluiu que havia uma demanda reprimida de passageiros que fundamentava os esforços a serem impressos pela companhia na construção do novo teleférico. O estudo analisou fatores como o crescimento da população da Grande Rio, a promoção turística do da cidade, o desenvolvimento do turismo interno, o crescimento do turismo externo, o impacto da novidade, a eliminação das filas de espera, a divulgação do novo sistema e as atrações turísticas que seriam oferecidas (LASMAR, et al, 2007).

No período de 1912 a 1971, respectivamente ano da inauguração do teleférico e ano do estudo, haviam passado pelo Bondinho 7.679.520 passageiros, sendo destes 3.600.000 habitantes da Grande Rio. O turismo no Rio de Janeiro, tanto interno como externo, cresceu muito a partir da década de 1960: de 1967 a 1970 registrou-se um aumento de 50% no movimento da rodoviária Novo Rio. A EMBRATUR, em suas estatísticas, informou que o crescimento médio de entrada de turistas estrangeiros no país, entre 1968 e 1970, foi na ordem de 21,3%. E que a perspectiva do crescimento deste número era maior para os anos seguintes, o que estimulava os gestores dos atrativos turísticos, principalmente no Rio de Janeiro, portal de entrada do país. Como reflexo desse aumento, no quinquênio 1965-1971, a CCAPA recebeu uma média de 255 mil visitantes por ano (BONDINHO 100 ANOS, 2012).

Após apresentar sua argumentações ao governo, em 5 de maio de 1970, o Termo Aditivo ao Contrato de Concessão de Serviço Público foi assinado. A CCAPA, então, promoveu uma concorrência internacional para a construção do novo teleférico. Participaram empresas de várias procedências: alemã (PohlingHeckel), suíças (Von Roll e Bell), austríacas (Vöest e WaagnerBiro), italiana (OfficineMechanicheAgudio, de Milão). Venceu a empresa italiana “OfficeneMechanicheAgudio”, mas todas as especificações do novo teleférico, bem como das obras civis, foram estabelecidas pela CCAPA (LASMAR, et al, 2012).

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2.2.2 As obras de construção dos teleféricos do Pão de Açúcar e seus “Bondes”.

Como relatado anteriormente, o antigo bondinho inaugurado em no ano de 1912foi totalmente trocado, tanto os camarotes carril quanto todo o sistema de locomoção e as próprias estações também mudaram de lugar. As obras das novas estações tiveram início em 16 de junho de 1971, segundo relatos da construção, com a amarração da lança do guindaste, de 18 metros, para subir ao Morro da Urca, suspensa nos cabos aéreos. As novas estações foram construídas ao lado direito e encostadas as já existentes, sem interrupção do tráfego. Em cada uma foi instalado um canteiro de obras, bem equipado (LASMAR, et al, 2007). Para que todo esse processo fosse realizado, um estudo geológico cuidadoso para obter o exato conhecimento das camadas da rocha viva dos penedos, foi desmontado três grandes blocos de pedra do alto do Pão de Açúcar, pesando 1.000 toneladas. Cada estação, calculada para ser fixada por peso próprio, consumiu, em média, 1.000m de concreto, o que equivale a um edifício de 10 andares,tendo quatro apartamentos de 1200m por andar. Havia na oficina 4 soldadores para cortar e soldar os vergalhões das formas de concreto das estações e, na rocha dos morros, foram encravados 300 chumbadores para garantir maior estabilidade das 4 estações (LASMAR, et al, 2007).

Segundo relatos da CCAPA o abastecimento de água para a concretagem das estações e a instalação de linhas de alta voltagem e telefônicas demandou a compra de um terreno localizado no sopé do morro, na Avenida São Sebastião, número 28. Foram construídas duas elevatórias: uma levando água da Praia Vermelha para o morro da Urca e a outra deste para o Pão de Açúcar, com capacidade de 17.000 litros / hora cada. Uma estrada, com 200 metros de extensão e pavimentação em concreto armado, foi construída no Morro da Urca para transportar o material de construção das estações.Além disso, foi necessária a duplicação na linha e reconstrução do bondinho cargueiro (novas estações, novos cabos, novas máquinas), triplicando sua capacidade de carga para 6 toneladas por hora (BONDINHO 100 ANOS, 2012).

A construção do novo Caminho Aéreo demorou 2 anos para ficar pronta. Foi uma ousadia da CCAPA fazer o novo Caminho Aéreo, pois não havia estrutura nem

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condições para receber o novo sistema em todos os aspectos: financeiros, técnicos, econômicos e administrativos. Havia, porém, uma grande vontade de toda a equipe, que trabalhou incansavelmente, muitas vezes noite e dia. Não obstante, a realização profissional foi bem compensatória. Toda mão-de-obra preexistente foi aproveitada; além disso, operadores de tráfego foram contratados e treinados na empresa. Diversas empresas e renomados especialistas participaram da empreitada (LASMAR, et al, 2007)

Em 1972 foi instalado um novo sistema teleférico que funcionou ate 2008, projetado e instalado pela OfficineMeccanicheAgudioSpa, de Milão (Itália), foi o mais moderno equipamento existente na década de 1970.

O desenho das cabines do Bondinho era de vanguarda absoluta para a época, tendo sido premiado em 1971, no 4º Salão da Montanha,que se realizou em Turim. Seu formato de bolha fabricada com acrílico plexiglass e estrutura de duralumínio era revolucionário e colocava o Brasil à frente do resto do mundo, pois era exclusividade do Pão de Açúcar (LASMAR, et al, 2007, P. 78).

O novo teleférico, com dois bondinhos em cada linha, circulando no sistema “vaivém ou jig-back” (LASMAR, et al, 2007, P.82), aumentou a capacidade de transporte de 115 para 1.360 passageiros por hora. Os bondinhos (cabines) “rolam” ao longo de dois cabos-trilho de aço, fixos nas estações, com 50mm de diâmetro cada, resistência de 270 toneladas cada, coeficiente de segurança de 3 e vida útil segundo a empresa de até 30 anos. Além deles, o bondinho era tracionado por um cabo tração, com resistência à ruptura de até 50 toneladas, coeficiente de segurança de 4,5 e vida útil, em média, de 170 mil viagens. Os cabos de aço do primeiro trecho pesam 9 toneladas e o segundo trecho 12 toneladas. Segundo a CCAPA “o cálculo de construção de cada estação previu o empuxo de 400 toneladas e as duas estações motrizes estão situadas no Morro da Urca”(BONDINHO 100 ANOS, 2012, p. 95).

O novo bondinho media 5,40 metros de comprimento por 3 metros de largura, podia transportar até 75 passageiros por viagem, em um peso de 10 toneladas [Figura 7]. A velocidade da viagem era regulável, chegando a 6 metros por segundo no trecho Praia Vermelha / Morro da Urca, e a 10 metros por segundo no trecho entre o Morro da Urca e o Pão de Açúcar, o que fazia com que cada estágio pudesse ser percorrido em 3 minutos. As seis rodas laterais existentes no bondinho

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tinham a função de permitir uma entrada mais suave nas guias das estações. Circulou de 1972 a 2008, quando deu lugar aos atuais bondinhos. (LASMAR,et al, 2007)

Figura 7: Bondinho de 1972

Fonte: Meireles Evandro, 2016.

Em 2008,a empresa modernizou ainda mais, o Bondinho italiano utilizado durante 36 (trinta e seis) anos foi substituído por um modelo suíço com design mais moderno, contendo sistema de ventilação e vidros fumê anti-reflexo. Foi instalado um novo sistema digital de comando substituindo o analógico que era utilizado anteriormente, segundo a empresa, para essa obra foi investido um total de 18 milhões de reais (BONDINHO 100 ANOS, 2012).

“Optou-se, contudo, por manter o mesmo formato de bolha e revolucionou a indústria de teleférico em 1972 e que se tornou uma marca registrada do Pão de Açúcar, estando internalizados na memória e no inconsciente coletivo de brasileiros e estrangeiros.” (LASMAR,et al, 2007, P. 93)

Esse Bondinho mais moderno leva menos pessoas que o anterior, um total de 65 (sessenta e cinco) pessoas mais o cabineiro15, porém com velocidade média de 36 (trinta e seis) KM/H reduziu o tempo de viagem para 2,40 (dois e quarenta) minutos nos dois trechos, o peso da cabine cheia é de 2150 kg, a resistência dos cabos permaneceu a mesma em relação ao Bondinho anterior já que apenas a cabine e a tecnologia mudaram (BONDINHO 100 ANOS, 2012).

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Figura 8: Bondinho de 2008

Fonte: Arquivo CCAPA, 2008.

Com o passar o tempo, a CCAPA foi se modernizando em estrutura e tecnologia, “nos últimos 5 anos mais de 25 milhões foram investidos em melhorias nos morros Urca e Pão de Açúcar” (BONDINHO 100 ANOS, 2012, P. 37). Foi colocado em pratica no ano de 2014 o projeto do Plano Inclinado [Figura 9], plataformas foram instaladas para facilitar o acesso de pessoas com mobilidade reduzida e segundo a CCAPA foi investido cerca de R$ 800 mil reais nesse projeto (BONDINHO 100 ANOS, 2012.).

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Fonte: skyscrapercity, 2015.

Além de buscar a modernização por meio de novas tecnologias e equipamentos, a CCAPA buscou desenvolver projetos ecológicos, focados na conservação da natureza e educação ambiental. Depois que o complexo foireconhecido como Monumento Natural, vários projetos saíram do papel e um exemplo foi à instalação de tubulações suspensas no complexo para transporte de água e esgoto (BONDINHO 100 ANOS, 202). Desta forma foram desenvolvidos, ampliados e colocados em prática muitos outros projetos, incluindo o que pode ser considerado de grande importância para a manutenção dos recursos naturais do local, e desenvolvido um trabalho de conscientização e educação ambiental para os visitantes participantes do projeto principal de estudo do presente trabalho o Educa Bondinho. Para se trabalhar a conscientização ambiental e sustentabilidade dentro da CCAPA foi necessário estudar o como p turismo e a educação ambiental podem ser trabalhados. Vejamos a seguir.

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3. TURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O conceito de turismo surge no século XVII na Inglaterra (BARRETO, 2013), “porém há várias definições de turismo e que muitos autores reconhecem a dificuldade de uma definição precisa e abrangente, o que caracteriza a complexidade do fenômeno referindo-se a um tipo especial de viagem.” (AZEVEDO, 2014, P 78). Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT) definiu-se que “[...] o turismo engloba as atividades das pessoas que viajam e permanecem em lugares fora de seu ambiente usual durante não mais do que um ano consecutivo, por prazer, negócios ou outros fins” (IGNARRA, 2013, P. 11).

Como toda e qualquer atividade econômica não planejada, o turismo também pode promover impactos nocivos ao meio ambiente. Segundo Azevedo, o atual desafio envolve fazer com que:

A atividade turística maximize seus efeitos positivos sobre o meio natural, tarefa esta que encontra na educação ambiental a principal aliada para fazer com que turistas, operadores do trade turístico, poder público e a comunidade em geral tenham sensibilidade e percepção ambiental necessárias para fazer do turismo uma atividade que valorize o meio ambiente (2014, P.77).

Tais considerações (ressaltando a estreita relação entre turismo e educação ambientalista) ingressaram definitivamente no campo científico e, a partir daí, no cenário das políticas públicas como situação de consenso entre cidadãos com os mais variados interesses. Azevedo assevera que

O turismo depende do papel estimulador da educação ambiental para a utilização de forma racional dos recursos naturais, assim como a educação ambiental encontra no turismo uma forma de transmissão de conhecimentos adquiridos (2014, P.77).

Tal reciprocidade permite que o Turismo e a Educação Ambiental, beneficiem-se simultaneamente. Do ponto de vista das movimentações financeiras, o turismo tem-se consagrado cada vez mais como atividade geradora de um montante de divisas bastante representativo. Basta notar a amplitude das razões pelas quais alguém planeja uma viajem turística - práticas religiosas, experiências culturais, buscas históricas, esportes, etc - para verificar o tamanho e a densidade deste nicho mercadológico. Aqui, precisamos nos atentar ao aspecto bilateral do

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planejamento: quem viaja costuma se preparar para tal deslocamento; mas os locais procurados também tendem a se planejar cada vez mais, não apenas para receber mas sobretudo, para atrair turistas (AZEVEDO,2014).

A fuga da intensa urbanização vivenciada e a procura por ambientes e paisagens naturais são motivos que levam milhares de pessoas a optar pelo turismo em tais áreas, fazendo, assim, com que o mesmo seja um grande consumidor de natureza (Azevedo. 2014. P. 77).

A degradação do meio natural é constante e aguda quando não há planejamento para receber um número de pessoas que supera a média de circulação comum naquelas localidades, o que torna imperativa a compreensão de como o turismo pode evitar os danos ambientais e servir como um instrumento de promoção à conservação dos espaços naturais (AZEVEDO, 2014). A Educação Ambiental em harmonia com as práticas turísticas não “predatórias” torna-se a “mola propulsora” para a reconstrução perceptiva da visão que o sujeito tem do mundo ao seu redor. Por intermédio desta redução, “o indivíduo obtém o conhecimento da realidade, reconstrói sua visão de mundo e passa a se perceber como o único agente capaz de promover a transformação desejada em vários âmbitos, inclusive na seara ambiental”(AZEVEDO, 2014, P.78).

Radicalizando, a proteção ambiental demandaria a readequação de toda e qualquer atividade humana direta ou indiretamente em contato com o meio ambiente. O turismo, obviamente, não foge disto. Fundamental, como diz Azevedo (2014. P. 78) "é suprimir ou reduzir os efeitos negativos" sobre o meio ambiente. A resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente define "meio ambiente" como "o conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas" (BRASIL, 2004, p.364).

Neste sentido, seria possível afirmar que turismo consiste num fenômeno inerente ao espaço geográfico. A atividade turística depende, na sua essência, primeiramente de um ambiente para acontecer, seja esse ambiente natural ou não, o que ocasiona o dinamismo, os lugares, as paisagens e as regiões. O espaço turístico seria, sobretudo, um espaço geográfico que se constitui em um produto

Referências

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