Cooperativas de catadores e a
cadeia produtiva da reciclagem:
oportunidades e limites
Maria Zanin
12º Seminário das Comissões Técnicas da ABPol
Sao Paulo-SP 08 de maio de 2008
Reciclagem
•
A reciclagem é um processo industrial
que converte o resíduo descartado
(matéria-prima) em produto semelhante
ao inicial ou algum outro tipo de
produto
Benefícios da reciclagem
• Economiza energia
• Poupa recursos naturais
• Traz de volta ao ciclo produtivo o resíduo
jogado fora, ou seja, descartado
• Minimiza os impactos ambientais causados
(poluição do ar e água, prolonga a vida dos
aterros, entre outros)
• Gera riqueza, trabalho e renda para pessoas
Cadeia Produtiva da Reciclagem
de Resíduos Urbanos
Interações diversificadas e complexas
Etapas e atores envolvidos
Descarte TriagemColeta
Beneficiamento Prensagem Moagem Lavagem Secagem Transformação Reciclagem
Agregação de valor ao produto
População Comércio Indústria Órgãos Publicos Escolas Cooperativas, associações e catadores informais Sucateiros Indústrias recuperadoras Indústrias
Outros atores envolvidos para a
inserção dos catadores e dos
empreendimentos coletivos
autogestionários na Cadeia
Produtiva da Reciclagem de
Resíduos Urbanos
Entidades de Apoio e Fomento Organizações Não-Governamentais Cáritas e Pastorais Incubadoras e Universidades Agências de Financiamento Movimento dos catadoresEntidades de Apoio e Fomento
•
FASE –
Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional•
IBASE –
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas•
PACS –
Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul•
CEADEC –
Centro de Estudos e Apoio ao Desenvolvimento e Cidadania de Sorocaba e Região•
OAF –
Organização de Auxílio Fraterno•
ADS –
Agência de Desenvolvimento Solidário•
Cáritas Brasileira
•
Pastorais
Organizações Não-Governamentais
Entidades de Apoio e Fomento Organizações Não-Governamentais l, Cáritas e Pastorais Incubadoras e Universidades Agências de Financiamento Movimento dos catadoresEntidades de Apoio e Fomento
Incubadoras e Universidades
•
capacitação dos cooperandos em
coooperativismo, autogestão e nos
serviços qualificados da atividade
econômica
•
monitoramentos de rotina (da equipe
de incubação e dos grupos incubados)
•
participação em eventos/instâncias de
economia solidária e científicos
•
estudos derivados do processo de
intervenção
Entidades de Apoio e Fomento Organizações Não-Governamentais Movimento dos catadores Cáritas e Pastorais Incubadoras e Universidades Agências de FinanciamentoPorto Alegre Pelotas Xanxerê São Leopoldo Blumenau Curitiba Rio Grande
Ponta Grossa São Paulo Campinas Assis Ourinhos Bauru Santo André Franca
Araraquara Juiz de Fora São João del Rei
Lavras Viçosa Montes Claros Patrocínio Rio de Janeiro Salvador Dourado Campo Grande Recife Palmas Vitória São Carlos Itajubá
Out:2003: 15 ITCPs Abr:2008: 37 ITCPs
Entidades de Apoio e Fomento
Agências de Financiamento de Pesquisa
Entidades de Apoio e Fomento Organizações Não-Governamentais Movimento sindical, Cáritas e Pastorais Incubadoras e Universidades Agências de Financiamento
•
FINEP
– Financiadora de Estudos e Projetos (MCT)•
CNPq
– Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (MCT)•
FAPESP
Agências de Financiamento de Empreendimentos
•
BNDES
– Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social•
Fundação Banco do Brasil
Gestores Públicos
Gestores Públicos Governos Estaduais Governos Municipais GOVERNO FEDERAL•
SENAES - Secretaria Nacional de Economia Solidária
(MTE)
•
SDT – Secretaria de Desenvolvimento Territorial (MDA)
Gestores Públicos
Gestores Públicos Governos Estaduais Governos Municipais GOVERNO FEDERAL•
Governo de São Carlos
•
Governo de Santo André
•
Governo de Londrina
•
Governo de Curitiba
Articuladores
Articuladores Redes de Comercialização Redes universitárias Feiras e Mostras Centrais de Cooperativas Entidades de pesquisaRedes Universitárias
•
Rede ITCPs
•
Rede Unitrabalho
Entidades de Pesquisa
Articuladores
Centrais de Cooperativas
•
UNISOL
– União e Solidariedade das Cooperativas e Empreendimentos de Economia Social do BrasilFeiras e Mostras
• Feira Estadual do Cooperativismo Alternativo em Santa Maria-RS
• Feiras Estaduais de Economia Solidária
• Mostra de Cultura do Brasil e Economia Solidária
Redes de Comercialização
•CEADEC em Sorocaba
Catadores e empreendimentos coletivos de
resíduos recicláveis
•
Histórico: Os catadores de recicláveis no século retrasado
• Fonte: Jornal do Commercio de 5 de julho de 1.896, Rio de janeiro
• Sabem vosmecês qual a industria mais curiosa do Rio de Janeiro?
• A do lixo, com laboratório nas ilhas da Sapucaia e do Bom Jesus. Para alli vão todos os resíduos da grande Capital.
• São uns quarenta ou cincoenta, muito unidos e amigos, e que de Rio de Janeiro só conhecem a Sapucaia. Dividem entre si, com todo o methodo e ordem, os variados serviços das diversas repartições de lixo.
• Tudo alli é aproveitado, renovado, re-utilizado e revendido
• E transformão tudo em dinheiro.
• Trapos, vendem às fabricas de papel; garrafas, às ditas de cerveja; ferros e metaes, às fundições; folhas de flandres, aos funileiros; cacos de louça e crystaes, às fabricas de vidro.
• Só não vendem os viveres deteriorados, com medo do Instituto Sanitario. Comem-nos!
• De vez em quando dão sorte, fazendo achados extraordinarios.
• Os colxões velhos gozão naquellas paragens de uma reputação miraculosa. Especie de bilhete de loteria, gravido de alguma sorte grande...
• Ha muitos avarentos que escondem a bolada em colxões velhos... Ha lixeiros enriquecidos pelos colxões...
Catadores e empreendimentos coletivos de
resíduos recicláveis
Histórico (cont.)
• Início do século XX
Há registros de imigrantes espanhóis
que trabalhavam
como compradores de sucata no bairro do Brás, em São
Paulo.
As famílias acumulavam sucatas nos quintais,
principalmente garrafas e materiais ferrosos,
revendendo-os ou trocando-revendendo-os junto arevendendo-os sucateirrevendendo-os.
O “garrafeiro” era figura respeitada
nos bairros das cidades,
mas, ao longo do tempo, foi desaparecendo e dando lugar
ao catador
, principalmente após 1990 (crise econômica)
Catadores e empreendimentos coletivos de
resíduos recicláveis
Atualmente
Estimam-se 500mil catadores informais ou organizados
Há crescente organização dos catadores (cooperativas, associações) Formação de um movimento político:
Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável (MNCR)
www.mncr.org.br
Inclusão da categoria profissional “catador de material reciclável” na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO)
5192-05 - Catador de material reciclável – o qual também pode ser denominado Catador de ferro-velho, Catador de papel e papelão, Catador de sucata, Catador de vasilhame, Enfardador de sucata (cooperativa), Separador de sucata (cooperativa), Triador de sucata (cooperativa)
De habilidades mais simples, como o “garrafeiro” tocar o sino quando passava nas casas no passado, passam a habilidades mais complexas, participando da gestão dos resíduos nas cidades
Momento importantes
2003 - 1º Congresso Latino-americano de Catadores
(Caxias do Sul–RS)
2005 - 2º Congresso Latino-americano de Catadores Março 2008 - 3º Congresso Latino Americano de
Catadores de Materiais Recicláveis
delegados de 15 países latino-americanos: Argentina, Chile, Peru, Brasil, Bolívia, México, Porto Rico, Costa Rica,
Guatemala, Equador, Paraguai, Venezela, Nicarágua, Haiti e Colômbia
22 de Dezembro na Casa de Oração do Povo da Rua
encontro com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e MNCR
Catadores e empreendimentos
coletivos de resíduos recicláveis
•
Empreendimentos autogestionários
•
Baseadas nos princípios do cooperativismo
•
Agentes ambientais
•
Elo de grande importância na cadeia produtiva da
reciclagem
•
O seu trabalho não tem tido o devido reconhecimento
•
Dificuldades de infra-estrutura
- financeira
- física
- administrativa
- organizacional
Legislações importantes
Lei nº 12.300 - Política Estadual de Resíduos Sólidos
A inserção de catadores, associações e cooperativas no processo de coleta, separação e comercialização dos resíduos urbanos recicláveis
Projeto de Lei 1.991/07
Política Nacional de Resíduos Sólidos
Diz respeito ao tratamento de resíduos sólidos e define os tipos de resíduos e a responsabilidade dos grandes geradores e dos
consumidores comuns, define também o sistema de logística reversa, no qual o gerador é responsável pelo destino final de seu produto
pós-consumo (logística reversa)
DECRETO Nº 5.940 - Coleta Seletiva em órgãos públicos
(25/out/2006)
Institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte
geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis
Identificação do grupo
Formação e
consolidação do grupo
Sensibilização para
trabalho coletivo
Processo de Incubação de Cooperativa Popular
Estudo de viabilidade econômica
Capacitação Técnica
Capacitação para Autogestão
Elaboração de estatuto Elaboração de regimento interno
Legalização
Estratégias para
consolidação
Sensibilização
para Trabalho Coletivo
•
Romper a cultura da
individualidade e
competição
•
Descobrir as vantagens
do trabalho coletivo
Identificação
do Grupo
•
Cooperativa: mínimo
de 20 pessoas
–
Catadores
–
Carrinheiros
–
Sucateiros
–
Outros excluídos
•
Perspectiva de
múltiplas atividades
Consolidação
do Grupo
•
Problemas
–
Administração de Conflitos
–
Necessidade imediata de renda
–
Interesses particulares
–
Cultura assistencialista
•
Ex. Frente de trabalho (é um mal necessário
?)•
Práticas de cooperação
–
Vivências
–
Pelo trabalho (ao longo do tempo)
–
Construção e manutenção do espaço
–
Complementação pela diferença
– O grupo é maior que a soma dos indivíduos (interação e
cooperação)
Estudo
de Viabilidade Econômica
•
Diagnóstico do município
–
Quantidade de resíduos recicláveis gerados
–
Identificação de compradores e levantamento de preços
–
Identificação de atividades alternativas
•
Consideração de quantidade de pessoas e expectativa
de renda
•
Estratégias para agregar valor
•
Capacidade de fomento da prefeitura
Capacitação
Técnica
•
Alfabetização
•
Segurança do trabalho
•
Técnicas de Triagem e
Acondicionamento
•
Uso de equipamentos
•
Saúde
•
Logística
•
Divulgação e contato com
a população
Capacitação
para Autogestão
•
Processo decisório
•
Comercialização
•
Retiradas e Fundos
•
Definição de atribuições
–
organização do trabalho coletivo
–
capacitação para todas as funções
Estratégias para Consolidação
•
Leis municipais para
institucionalização do
programa
•
Comercialização conjunta
(REGIONAL)
•
Diversidade de atividades
•
Infra-estrutura de apoio
•
Consolidação de parcerias
Considerações Finais
Oportunidades:
9avanço na cadeia produtiva 9ampliação das atividades
9parcerias com o Poder Público 9parcerias com Entidades de
Apoio e Fomento, Articuladores
9eliminação dos atravessadores 9união interna do grupo
9Movimento político 9 Trabalho e renda
9 boa imagem perante a
população, impacto ambiental
Limites
9tecnologias muito caras e avançadas
9Concorrência
9alterações no Poder Público
9alterações econômicas mundiais 9infra-estrutura deficiente
(física, financeira, administrativa, organizacional)
Muitíssimo obrigada
pela sua atenção
Contato: dmza@ufscar.br