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Dispositivos e Adaptações ANTONIO BORGES

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Academic year: 2021

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Dispositivos e Adaptações 

ANTONIO BORGES 

Há  uma  imensa  quantidade  de  dispositivos  tecnológicos  que  podem  ser  usados  para  auxiliar um deficiente visual e inseri‐lo no processo escolar.  Os dispositivos mais usados  incluem: 

• Computadores. Hoje estão sendo largamente usados, tanto nas escolas como no  trabalho. 

• Sintetizadores de voz. Um sintetizador de voz permite ao aluno deficiente visual  ouvir  o  que  aparece  na  tela  de  computador  por  um  alto‐falante  ou  um  fone  de  ouvido. 

• Linhas  Braille  –  Uma  linha  Braille  é  um  dispositivo  composto  por  uma  fila  de  células braille eletrônicas, que podem reproduzir dinamicamente o texto enviado  por um computador, permitindo a leitura em Braille sem usar papel. 

• Impressão  aumentada  gerada  por  hardware.  Um  processador  de  tela  com  um  monitor  de  computador  grande  permite  ao  aluno  de  visão  subnormal  controlar  tamanho,  contraste  e  brilho  do  programa  apresentado  na  tela.  O  aluno  pode  dispor a página automaticamente em determinada velocidade ou apagar partes da  tela que possam perturbar a leitura. 

• Impressoras Braille. São impressoras especiais de computadores pessoais comuns  que  produzem  material  em  Braille.  É  possível  imprimir  em  Braille  praticamente  qualquer  arquivo,  mesmo  contendo  figuras  (que  são  transcritas  para  a  forma  de  desenhos  táteis).  A  impressão  Braille  em  escala  hoje  é  possível  através  de  programas  de  impressão  que  fazem  uso  de  impressoras  Braille.  Infelizmente  o  custo  das  impressoras  ainda  muito  proibitivo.  Isso  limita  seu  uso  em  escolas  e  entidades assistenciais. Os principais programas usados no Brasil são o Braille Fácil  (gratuito) e o Duxbury (comercial). Uma cópia do Braille Fácil pode ser obtida em  

http://intervox.nce.ufrj.br/brfacil  

• Impressão  aumentada  gerada  por  software.  Alguns  softwares  permitem  ao  usuário  produzir  impressão  ampliada  em  impressoras  comuns  (a  laser,  a  jato  de  tinta e semelhantes). 

• Gravação  de  textos  com  indexação  e  sincronismo  –    Novas  tecnologias  de  gravação permitem que sejam introduzidas marcas no texto gravado, que serve de 

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índice  para  acesso  direto  a  partes  do  textos,  além  de  sincronização  visando  visualização de trechos em letras ampliadas e impressão Braille. 

 

Recursos ópticos 

Recursos  ópticos  são  dispositivos  prescritos  por  um  especialista  (oftalmologista).  São  compostos de uma ou mais lentes para aumentar ou ajustar a imagem visual. 

1. Óculos com prescrições especiais 

Óculos bifocais, prismas, lentes de contato ou outras combinações de lentes podem ser  prescritos  para  uma  criança  com  limitações  visuais,  a  serem  usados  à  toda  hora  ou  durante atividades específicas.  Lentes ligeiramente tingidas ou escuras podem ser usadas pela criança sensível à luz, em  lugares fechados e ao ar livre.  2. Lentes de aumento manuais ou lentes de amplificação  São usadas para aumentar o tamanho da imagem e melhoram o funcionamento visual de  crianças com quase todos os distúrbios visuais. Esses ampliadores podem ser usados para  tarefas  como  ler,  escrever  e  estudo  de  arte.    Essas  lentes  existem  também  na  forma  eletrônica (Lupa Eletrônica), na qual é possível exibir a imagem ampliada numa TV. 

3. Telelupas (mini‐telescópios)  

Seguros  na  mão  ou  em  armações  de  óculos  são  usados  por  crianças  para  ver  objetos  distantes,  como  quadros  negros  e  demonstrações  de  sala  de  aula,  ou  para  identificar  ônibus, sinais de rua, e assim por diante. Quando uma criança está usando um telescópio  para ler o quadro negro, ela pode achar útil sentar‐se na coluna central de carteiras, na  distância que lhe for mais adequada. 

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Recursos não ópticos 

Os  dispositivos  não‐ópticos  não  envolvem  lentes,  e  podem  ou  não  ser  especificamente  projetados  para  pessoas  deficientes  da  visão.    Entre  os  recursos  mais  usados  podemos  citar  réguas  com  marcações,  material  dourado  Montessoriano,  painéis  táteis  e  auto‐ colantes  além  de  sistemas  para  reprodução  tátil  em  folhas  plásticas  (equipamentos  denominados  Thermoform)  e  papel  micro‐encapsulado  (capazes  de  produzir  relevos  a  partir de desenhos gerados numa impressora comum). 

Para saber mais sobre o material dourado Montessoriano  

http://educar.sc.usp.br/matematica/m2l2.htm  

Nos  países  desenvolvidos,  existem  muitas  empresas  que  vendem  tais  recursos  prontos  para uso.  No Brasil, entretanto, é quase impossível conseguir isso, pois há pouquíssimas  empresas  que  se  dedicam  a  este  tipo  de  comércio,  e  cobram  caríssimo,  pois  o  material  que vendem é quase todo importado. 

Resta então ao professor produzir seu material a partir dos recursos a que tiver acesso,  incluindo  materiais  criativos  e  reciclados,  além  de  isopor,  madeira,  rotex,  feltro,  cortiça  etc. Como exemplo de adaptações: 

• Canetas tipo pincel atômico para produzir marcas grossas visíveis por pessoas com  visão reduzida. 

• Acetato  –  Normalmente  preferido  em  amarelo  ao  ser  colocado  sobre  a  página  impressa escurecerá a impressão, assim como também intensificará o contraste da  impressão com o papel de fundo.  • Livros com letras ampliadas, gerados a partir de impressão escalada na máquina  xerox.  • Papel com pautas em negrito, obtido com xerox ou mimeógrafo.  • Marcadores de página e molduras de papelão (janelas de leitura) – especialmente  úteis a crianças que têm dificuldade para focar uma palavra ou localizar uma linha  de impressão.  • Viseiras de sol e outras proteções 

• Instrumentos  de  medida  comuns  (réguas,  esquadros)  ao  qual  se  adiciona  rotex  braille (fita autocolante com texto).  

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Livros falados e o sistema Daisy 

Historicamente a gravação de livros em fita cassete por voluntários (ledores) foi um dos  grandes  avanços  que  a  tecnologia  trouxe,  nos  anos  70,  para  os  deficientes  visuais.   Diversas  bibliotecas  especializadas  se  formaram,  e  ainda  hoje  o  uso  deste  tipo  de  transcrição ainda é muito comum (em particular o cassete foi substituído pelo CD ou DVD,  por questões econômicas). 

A  leitura  para  estudo,  entretanto,  se  torna  complexa,  na  medida  em  que  se  deseje  acessar a pontos específicos da gravação, com rapidez.  A fita cassete não tem um índice  nem permite o acesso rápido a um ponto específico, pois é um elemento tipicamente de  acesso seqüencial.  Visando resolver o problema da indexação, foi criado um consórcio, denominado DAISY ‐  Digital Accessible Information System ‐ que visava definir normas para:  Criar livros digitais falados, com acesso direto ao conteúdo específico 

Permitir  a  identificação  de  elementos  dos  livros  impressos  para  permitir  a  navegação  dentro de um livro. 

Assegurar  interoperabilidade  entre  as  tecnologias  assistivas  e  as  fontes  de  informação,  por exemplo, poder imprimir em Braille o conteúdo de um livro falado, pela inclusão de  arquivo texto sincronizado com o som. 

O formato Daisy foi adotado em vários países, e deve ser adotado em breve também no  Brasil. Já existe um bom número de softwares e equipamentos de leitura e gravação que  dão acesso a textos neste formato.  A figura mostra um leitor de CD para formato Daisy,  com  teclas  de  avanço  de  capítulo,  parágrafo,  página,  e  outras  funções  específicas  de  navegação. 

 

 

 

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  Leitor de CD no formato Daisy   

Adaptação curricular 

Todo  esse  arsenal  de  recursos,  infelizmente,  é  insuficiente  para  promover  uma  ponte  entre  as  necessidades  inerentes  ao  currículo  que  é  usado  para  as  pessoas  normais  e  pessoas com deficiência visual.   

Imagine,  por  exemplo,  uma  cartilha,  em  que  praticamente  todas  as  páginas  contêm  imagens e nas quais o formato das letras que estão sendo ensinadas imita o formato da  figura.   

Como transcrever isso para um código puramente textual, como Braille?  Descrevendo as  figuras?  Neste caso, a razão maior da existência das figuras perde totalmente o sentido.   Já  para  uma  criança  com  visão  reduzida,  a  ampliação  em  xerox  será  suficiente?    Talvez  sim, talvez não.  Pode ser que o desenho ampliado fique tão grande que a criança com  visão lateral não consiga ter a noção do seu todo. 

É  necessário  adaptar.    A  adaptação  pode  ser  muito  simples  como  uma  descrição  em  palavras. Ou um completo redesenho na estratégia usada para passar o conceito.    

As adaptações deverão ser efetuadas evidenciando a descrição textual e tátil do aspecto  visual do mundo, e de tudo que puder traduzir o mundo na perspectiva de sua aparência  exterior. 

Quem faz essa adaptação?  Pode ser o próprio professor, o material pode já vir adaptado  de  um  centro  de  transcrição  (por  exemplo,  o  Instituto  Benjamin  Constant  tem  uma 

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equipe  de  adaptação  de  materiais  didáticos,  que  transcreve  muitos  dos  livros  didáticos  aprovados pelo MEC para uso nas escolas públicas). 

É  importante  frisar:  uma  adaptação  completa  não  é  uma  tarefa  simples,  e  será  muito  demorada  quando  se  desejar  que  seja  bem  realizada.    Desta  forma,  é  fundamental  que  numa classe inclusiva, a maior quantidade possível material didático, em especial os livros  e  apostilas  que  serão  usados  pelo  aluno  deficiente  visual,  devem  ser  entregue  previamente com todas as adaptações ao professor, pois este não terá tempo hábil para  produzi‐las.  

 

Referências

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