I FÓRUM IBÉRICO DE LOGÍSTICA
Cada vez mais, o transporte de mercadorias com a deslocalização dos centros de produção para longe dos centros de consumo, assume um carácter transnacional, da mesma forma, assiste-se a um reforço da tendência do Just in Time. As empresas eficientes e competitivas, desenvolveram uma organização logística assente na minimização dos espaços e dos custos com a gestão de stocks, suportada por cadeias logísticas de transporte otimizadas e eficientes.
Estas são pois tendências que reforçam o carácter imprescindível da cooperação, em matéria de Transportes e de grandes infraestruturas comuns de transporte, entre Portugal e Espanha, sendo este atualmente um domínio estratégico fundamental para a afirmação da competitividade internacional da economia de ambos os países.
Complementarmente e não menos importante, Portugal e Espanha, ainda que com lógicas de organização e desenvolvimento territorial distintas, necessitam de uma boa articulação das infraestruturas de transporte, para potenciar o seu posicionamento geoestratégico na «fachada atlântica» da Europa.
Os portos da fachada Atlântica são um recurso estratégico que ambos os países detêm e cuja mais valia é uma obrigação potenciar, reforçando a atratividade e atraindo novas rotas e cargas para os Portos de ambos os países, o que só será possível com a construção de boas acessibilidades do lado terra, designadamente ferroviárias para que sejam materializados os tão desejados corredores logísticos assentes na intermodalidade entre os sistemas portuário e ferroviário.
transfronteiriças e condições uniformes de traçado que permitam, através dos eixos estruturantes ferroviários internacionais de ligação através dos Pirinéus, maximizar o comprimento dos comboios e a sua carga máxima, contribuindo assim para o desígnio comum de aumentar a competitividade do espaço ibérico.
Os desafios que se colocam aos gestores das redes ferroviárias portuguesa e espanhola, REFER e ADIF em matéria colaborativa passam igualmente pelo desenvolvimento de estratégias comuns para potenciar as oportunidades existentes e futuras em ambos os países ao nível da logística.
Neste âmbito importa ter em consideração que, as principais fronteiras entre ambos os países constituem espaços privilegiados para a localização de plataformas logísticas e que em ambos os países existem ou estão previstas relevantes instalações logísticas, que só poderão ser potenciadas se servidas diretamente por caminho-de-ferro e se este assegurar em condições competitivas de preço, tempo e fiabilidade o acesso aos grandes polos de consumo ibéricos.
Reforça-se que este documento, não tem a ambição de se assumir como uma comunicação formal da REFER, mas antes dar contributos, de forma necessariamente sintética, para a discussão sobre estes temas, pelo que a seguir se resumem em forma de tópico os aspetos que a REFER entende como pertinentes para abordagem no debate.
PLANO DE INVESTIMENTOS
Ao nível do Plano de Investimentos da REFER, são objetivos, no que respeita às ligações internacionais:
Criar uma rede sem fronteiras e interoperável, garantindo uma mobilidade sustentável das pessoas e das mercadorias;
Facilitar a movimentação de mercadorias entre principais polos nacionais e internacionais, contribuindo para aumentar o volume de mercadorias transportadas na ferrovia e para a competitividade da economia;
Fomentar um transporte de mercadorias internacional competitivo [Lisboa-Madrid e Aveiro-Salamanca] - Corredor Europeu de Mercadorias nº4;
Priorizar as ligações ferroviárias de mercadorias entre:
o A região do Grande Porto, incluindo o porto de Leixões, e a região da Galiza através da modernização com eletrificação da Linha do Minho;
o Os portos de Leixões e de Aveiro e o eixo Salamanca, Valhadolid – Irún;
o Os portos de Lisboa/Setúbal/Sines, as plataformas logísticas e Madrid/resto da Europa [Lisboa-Madrid];
Intervir em consonância com a revisão e reprogramação em curso da rede transeuropeia de transportes TEN-T e sua integração nas Redes Core e Comprehensive.
Desta forma, no período coincidente com o próximo QCA, a prioridade estabelecida centra-se no desenvolvimento do transporte de mercadorias e forte aposta nos investimentos que melhoram e rentabilizam a infraestrutura existente, com alguns investimentos pontuais e muito localizados de ampliação da rede, assim destacam-se ao nível dos corredores internacionais os seguintes investimentos:
Aumentar a capacidade da infraestrutura. Principais intervenções previstas:
o Reabilitação da infraestrutura, eletrificando a linha em toda a sua extensão e dotando-a de sistemas de sinalização eletrónico e controlo de velocidade de acordo com os standard europeu. Serão ainda construídas novas estações técnicas para permitir a circulação de comboios com 750 m de comprimento, a concluir em final de 2017. o Quadruplicação da via em troço onde há circulação dos comboios suburbanos do
Porto, aumentando a capacidade da infraestrutura, a concluir em 2021.
Investimento: 138 Milhões de euros
b) Modernização do Corredor Aveiro/Vilar Formoso pela Linha da Beira Alta:
Principais objetivos:
Reforçar a ligação ferroviária do norte e centro de Portugal com a Europa;
Permitir o cruzamento e a circulação de comboios de mercadorias com comprimento de 750 m;
Assegurar a interoperabilidade ferroviária do Corredor ao nível nacional, ibérico e europeu, com calendário a articular com Espanha;
Assegurar a ligação direta em tração elétrica ao Porto de Aveiro (eletrificação do Ramal do Porto Aveiro);
Entrada em serviço: 2º semestre de 2022
Investimento: 900 Milhões de euros
Principais preocupações na ligação transfronteiriça:
Necessidade de compatibilizar os calendários de investimento;
A adaptação das infraestruturas em ambas as redes deve garantir, obrigatoriamente, a interoperabilidade em bitola UIC e em bitola ibérica.
c) Modernização do Corredor Sines/Setúbal/Lisboa – Elvas – Badajoz – Madrid:
Principais objetivos:
Potenciar os portos de Lisboa, Setúbal e Sines, como polos de 1º nível nas cadeias logísticas ibéricas e alargar o seu hinterland às regiões servidas pelo Corredor;
Dinamizar as relações económicas das regiões servidas pelo corredor em ambos os lados da fronteira;
Garantir uma ligação ferroviária interoperável, eficiente e competitiva em ambos os lados da fronteira;
Aumentar a competitividade e a quota modal do transporte ferroviário de mercadorias, com os consequentes impactos ao nível do desenvolvimento económico e do ambiente; Assegurar e viabilizar ligações às plataformas logísticas ao longo do Corredor.
Principais intervenções previstas:
o Construção de nova ligação entre Évora e Elvas, dispondo de plataforma dupla e via única, preparada para bitola Ibérica e UIC (esta em articulação com o calendário de Espanha), Velocidade > 250 km/h e instalação de ERTMS (ETCS+GSRM), a concluir no final de 2019.
o Construção de nova ligação entre Sines a Linha do Sul de modo a eliminar constrangimentos ao nível da carga do comboio, a concluir em 2021.
Investimento: 1.000 Milhões de euros
Principais preocupações na ligação transfronteiriça:
NECESSIDADES E REQUISITOS DA INFRAESTRUTURA DOS CORREDORES
Tal como referido anteriormente a estratégia de desenvolvimento da Rede Ferroviária em Portugal, designadamente no que respeita aos principais corredores de mercadorias transnacionais, passa por realizar prioritariamente os investimentos que garantam a sua integração em cadeias logísticas multimodais e eficientes e interoperáveis.
A eficiência e a interoperabilidade nestes corredores da rede ferroviária ibérica só poderá alcançar-se alcançar-se ambos os paíalcançar-ses acordarem e convergirem nos objetivos e conalcançar-sequentemente na compatibilização das características técnicas e de exploração e de calendários para as intervenções de modernização a concretizar, designadamente para garantir a interoperabilidade em ambos os lados da fronteira.
Para tal, a REFER definiu já no âmbito da sua Estratégia para o Desenvolvimento da Rede Ferroviária, os requisitos que deverão ser implementados de forma gradual e progressiva ao longo dos principais corredores de mercadorias, designadamente para a intervenção nas infraestruturas que integram a Rede Core da TEN-T e do Corredor de Mercadorias n.º 4 e que de forma resumida se consubstanciam no seguinte:
Garantir a ligação aos portos principais, plataformas logísticas, aeroportos internacionais e principais polos geradores atractores de carga;
Tendencialmente, permitir a circulação de comboios com cargas até 25 Ton/Eixo e 8 Ton/m Estações com linhas de cruzamento/resguardo para comboios de 750 m
Tendencialmente, permitir a circulação de comboios elétricos, em tração simples, com 1.400 Ton
Permitir a realização dos movimentos mais solicitados de forma fluida e eficiente, evitando a repetição de manobras desnecessárias
Criar corredores internacionais interoperáveis
No entanto, a mais-valia gerada pelos investimentos a concretizar nas infraestruturas dos corredores de mercadorias internacionais só poderá ser alcançada na sua plenitude quando a totalidade do itinerário dispuser de características técnicas e de exploração coerentes, o que deverá ser assegurado, de forma integrada, por Portugal e Espanha.