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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL OU CRESCIMENTO INSUSTENTÁVEL: UMA DISCUSSÃO SOBRE A VIGENTE FORMA DE SOCIABILIDADE SOB O VIÉS SOCIAL E ECOLÓGICO.

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Academic year: 2021

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Eixo temático: Ciências Sociais

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL OU CRESCIMENTO

INSUSTENTÁVEL: UMA DISCUSSÃO SOBRE A VIGENTE

FORMA DE SOCIABILIDADE SOB O VIÉS SOCIAL E

ECOLÓGICO.

Matheus Sousa Ribeiro1

RESUMO: A presente investigação tem como objetivo apresentar as limitações teóricas e

sobre a concepção de desenvolvimento sustentável. A princípio, através da revisão bibliográfica, recupera-se a apreensão de Ivo Tonet, baseado em Marx, sobre a relação homem-natureza e o atual modo de produção. Posteriormente, apresentam-se críticas à concepção do desenvolvimento sustentável, apresentado incoerências teóricas com as práticas sociais, devido ao caráter incontrolável e destrutivo do capital. Finalmente, discute-se como atingir a sustentabilidade em uma outra forma de sociabilidade, visto que a insustentabilidade é inerente ao capitalismo.

Palavras chave: Questões socio-ecológicas. Desenvolvimento sustentável. Marxismo.

1. INTRODUÇÃO

Na faixa de transição entre o século XX e XXI, percebe-se uma grande influência científica e reflexiva sobre os problemas ambientais, devido a crescente industrialização e início da revolução tecnológica aliada ao consumo desenfreado, sendo, principalmente, afetados os países desenvolvidos, visto que são estes os pioneiros da Revolução Industrial e logo, os primeiros a serem afetados, também. (DIAS, 2011, p. 15)

Em 1972, na cidade de Estocolmo ocorreu a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente Humano’, inclusive foi nesta conferência a deliberação da declaração de Estocolmo que expressa uma convicção primária de sustentabilidade.

A relação consumista do ser social, mundialmente, estava com magnitudes tão elevadas, que, no mesmo ano, o Clube de Roma através de formulações matemáticas para determinar a capacidade limite planetária diante esta relação entre trabalho – na perspectiva marxista, devendo ser compreendida como a transformação da natureza pelo homem – e economia baseada no consumo regular das mercadorias, comprovou que a terra estava correndo um risco de devastação à médio prazo, na qual previa uma perda quantitativa dos recursos naturais e níveis de contaminação perigosos em um período de cem anos, o que iria declinar a produção alimentícia, diminuindo a população, por consequência, devido a falta deste produto capaz de suprir uma necessidade básica do ser social natural, a alimentação.

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No início da década de 90, o ambiente tornou-se um ponto crucial em encontros internacionais, tendo um lugar privilegiado se comparado à anteriormente. Houve um crescente número de debates sobre os perigos que o mundo físico corria diante o modelo de crescimento econômico feroz vigente.

O século XXI, as tendências de degradação ambiental se elevam, podendo agravar, cada vez mais, o meio ambiente caso continue em tamanha intensidade, como assevera o Daniel Luizzi, abaixo.

O século XXI inicia-se em meio a uma emergência socioambiental que promete agravar-se caso sejam mantidas as tendências atuais de degradação: um problema enraizado na cultura, nos estilos de pensamento, nos valores, nos pressupostos epistemológicos e no conhecimento, que configuram o sistema político, econômico e social em que vivemos. Uma emergência que, mais que ecológica, é uma crise do estilo de pensamento, do imaginário social e do conhecimento que sustentaram a modernidade, dominando a natureza e mercantilizando o mundo. Uma crise do ser no mundo, que se manifesta em toda a sua plenitude; nos espaços internos do sujeito, nas condutas sociais autodestrutivas; e nos espaços externos, na degradação da natureza e da qualidade de vida das pessoas. (LUZZI, p. 445)

A humanidade chegou a pontos ambientais críticos, o que leva a serem discutidos em caráter emergencial sobre os rumos que possam mudar o comportamento cotidiano sobre a cultura, crenças, valores e conhecimentos (ibidem).

Este trabalho objetiva desvendar os efeitos que o meio ambiente sofre pelas ações antrópicas, estas que sustentam a problemática ambiental no que tange a insustentabilidade. Tendo em vista que o atual modo de produção, inviabiliza a construção da sustentabilidade no viés social e ecológico. Logo, propomos repensarmos, assim, os nossos valores, posturas, cultura, justiça social, adquirir criticidade, para a partir daí, revolucionarmos as relações sociais com uma nova forma de sociabilidade.

2. METODOLOGIA

A atual pesquisa teve a revisão bibliográfica como metodologia para sustentar o escopo teórico que delimita as bases da investigação.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Durante a forma de sociabilidade primitiva, é perceptível que o homem se inclui como um dos elementos da natureza, afinal através dela iria somar forças com os outros indivíduos do clã para retirar os itens naturais para subsistência, pelos seus meios de produção.

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O ser social está umbilicalmente ligado com a natureza nas eras primitivas. É a partir desse período cronológico que o ser social natural estava desenvolvendo técnicas para aperfeiçoar a extração material de recursos naturais, mas apesar da degradação – em menor escala que no capitalismo – vivia uma relação harmoniosa com o meio ambiente.

Os primevos se destacavam por serem nômades pelo tom de preocupação com a natureza, ou seja, quando se apresentava uma escassez de recursos em uma área, a população migrava para outros sítios, objetivando a recuperação gradativa daquele lugar.

Com o surgimento da propriedade privada, nasce a segregação entre o homem e a natureza. Ao passar temporal, ou seja, com o processo de complexificação da sociedade, o homem singular deixará de privar pelos interesses da comunidade e se aproximará da lógica individual. Conforme, vemos abaixo a intervenção do Ivo Tonet:

Como […] esta é uma sociedade muito mais complexa [capitalista] do que as anteriores, ela também exige indivíduos mais complexos. Porém, não apenas isso, mas indivíduos que, na busca do seu interesse particular, sobreponham esse interesse ao da comunidade. Temos, aí, portanto uma forma particular do processo de individuação. (IVO TONET, 2013, p. 33)

É por isso que, com o aparecimento da propriedade privada, houve uma crescente desarmonia na relação entre homem/natureza, já que o ser social não se sentia mais parte do meio natural, contudo proprietário destas riquezas, bióticas e abióticas. Logo, a degradação ambiental, em larga escala, é consequência de a natureza ser vista como um recurso.

Não há como ser crédulo na sustentabilidade com uma lógica de lucro a qualquer custo, que não leva em consideração os parâmetros ambientais devido aos interesses da forma de sociabilidade vigente. Caso o consumo persista neste ritmo, a pegada ecológica tende ao crescimento, afetando assim as relações ecológicas.

Logo, a sociedade de classes apenas precariza o trabalhador. Um dos reflexos dessa precarização do proletariado, na atual forma de sociabilidade, foi a política recente de terceirização dos trabalhadores em todos os ramos econômicos com a PL 4330. Foi um retrocesso aos direitos civis, isso significará em: um enfranquecimento dos sindicatos, já que o trabalhador fica mais vulnerável a exigir efetivamente os seus direitos através das greves; aumento da acumulação de capital dos empresários; precarização dos direitos previstos na CLT e etc.

Portanto, os ambientalistas não devem fragilizar e deslocar as verdadeiras causas da problemática ambiental, escamoteando o capitalismo, as tecnologias desenvolvidas e as relações de poder que existem e provocam as diferenças na distribuição de renda, acesso a bens e serviços. (PELICIONI, PHILOPPI JR, 2014, pág. 8)

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A grande problemática ambiental se baseia no lucro, afinal há uma mercantilização desde objetos à sentimentos. Em um modelo de produção socialista, o objetivo central não seria o crescimento, mas o desenvolvimento popular, buscando atender o bem-estar da população’ ao invés da tentativa de superacumulação econômica, como se propõe o estágio mais avançado de desenvolvimento do capital. Desta maneira, oferecendo um tratamento adequado à questão ambiental, já que o lucro, principalmente a qualquer custo, e a competitividade são de natureza capitalista, o que inviabiliza a política da sustentabilidade.

Quando se conquista o poder é preciso montar estratégias para se manter e expandir, cada vez mais, e não tem sido diferente com a ordem econômica capitalista. Afinal, os debates e políticas sobre sustentabilidade são recentes, contudo, o que deve ser criticizado é que este papel tomado pelos detentores dos meios de produção, não tem sido em um tom de ‘preocupação com o meio ambiente’, mas sim em busca da manutenção e expansão da acumulação de capital, já que quando a natureza ecológica se faz impactada, há uma queda quantitativa de recursos naturais, que por sua vez gera menos mercadorias e, desta maneira, diminui o lucro.

No capitalismo, o homem desrespeita o ciclo de desenvolvimento vegetal para expor ao mercado objetivando o lucro. Como o capitalista focaliza somente na acumulação de capital, este utiliza agrotóxicos para aumentar a produção, não se importando com os impactos ambientais negativos que poderão atingir os seus clientes, por exemplo. Como ser sustentável? Levando em consideração que o mesmo é o responsável também pela: desumanização do humano; taxas de desemprego (Exército Industrial de Reserva) para manutenção do sistema; desenvolvimento desigual e combinado; educação técnica para a classe laboral, enquanto a elite recebe uma educação intelectual; desigualdade social e entre outros vários fatores.

No modo de produção atual, não há um equilíbrio e nunca haverá nos três pilares que formam a base sólida do conceito sobre Desenvolvimento Sustentável. Afinal o que há são políticas reformistas criadas pelo Estado, ou seja, políticas que se limitam a reformar o capitalismo, desde que não conflitem com os objetivos do próprio, buscando assim apenas amenizar determinados problemas ambientais e não os extirpar.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALTHUSSER. L; Ideologia e Aparelhos Ideológicos do Estado. 3 ª edição. Lisboa: Editora Presença, 1970.

Consumo sustentável: Manual de educação. Brasília: Consumers International/ MMA/ MEC/

IDEC, 2005. 160p. Disponível em:

<http://wwf.panda.org/about_our_earth/all_publications/living_planet_report/demands_on_our_pla net/overshoot/>. Acesso em: 10 de setembro de 2014.

DIAS, R.; Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e Sustentabilidade.

MARX, K.; ENGELS, F.; Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Lafonte, 2012

MÉSZÁROS, I.; A educação para além do capital. 2ª edição. São Paulo: Boitempo, 2008. Pág. 125.

PHILIPPI JR, A.; PELICIONI, M. C. F. Educação Ambiental. 2ª edição. São Paulo: Manole, 2014. Pág. 3-12; 465-475;

Relatório do Desenvolvimento das Nações Unidas 2007/2008. Disponível em: <http://www.marcouniversal.com.br/upload/RELATORIOBRUNDTLAND.pdf>. Acesso em: 24 de julho, 2014.

RODRIGUES, Aline. ÁGUA VIRTUAL - Consumo de água na agroindústria pode ser avaliado através da água virtual. Disponível em: <http://premiocaern.blogspot.com.br/2012/07/agua-virtual-consumo-de-agua-na.html>. Acesso em: 10 de setembro, 2014.

TONET, I; Método Científico: uma abordagem ontológica. São Paulo: Instituto Lulács, 2013. Pág. 136.

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