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Estudo da espécie exótica invasora Cytisus scoparius L. na Ilha da Madeira e formas de controlo

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO

DOURO

ESTUDO DA ESPÉCIE EXÓTICA INVASORA Cytisus

scoparius L. NA ILHA DA MADEIRA E FORMAS DE

CONTROLO

-Versão Final-

Dissertação de Mestrado em Engenharia Florestal

DIOGO FRANCISCO GARÇÊS DA SILVA

Orientador: Prof. Dr. João P. F. Carvalho

VILA REAL 2015

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RESUMO

As espécies invasoras são uma das principais ameaças à biodiversidade mundial, com impactos graves para o meio ambiente, economia e serviços dos ecossistemas. Invasão ecológica é um campo relativamente recente de importância crescente em pesquisa e gestão ambiental, com um número crescente de publicações e novas iniciativas de grande alcance. Mesmo assim, muitas questões ainda precisam ser respondidas e mais pesquisas é claramente necessário. Este trabalho consiste numa investigação com parceria com o Parque Natural da Madeira sobre o estudo da espécie invasora Cytisus scoparius L. da Ilha da Madeira e as diversas formas de combate. O trabalho realizado teve como objetivo contribuir para o estudo de formas de controlo. As formas de controlo testadas foram a utilização de um herbicida folhear sistémico Glifosato em diferentes dosagens (10%, 20% e 30%) aplicado em quatro maneiras diferentes: aplicação imediata após corte raso e parcial, e aplicação 1 hora após ambos métodos de cortes.

Os resultados da aplicação de glifosato na concentração de 10% de calda demonstram que este é o meio mais adequado para a gestão das invasoras lenhosas na modalidade de corte raso, uma vez que prescinde de limpeza da área intervencionada, ajudando assim na prevenção de incêndios florestais. Para além disso, a paisagem torna-se esteticamente mais agradável, dando espaço às espécies nativas para o torna-seu desenvolvimento.

ABSTRAT

The invasive species are one of the major threats to worldwide biodiversity, with huge impact to the environment, economy and ecosystem services. Ecological invasion it’s a relatively new area of increasing importance in research and environmental management, with an increasing number of publications and new wide range initiatives.

Nevertheless, there are many questions that need to be answered and more research is expressly needed. This paper is an investigation in collaboration with the Madeira National Park about the study of the Madeira’s invasive species Cystus

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ii

scoparius L. and the several forms of action. The purpose of this work aimed to

contribute to the forms of control study. The forms of control tested consisted in utilization of glyphosate herbicide in different dosages (10%, 20% and 30%) administered in four different ways: Immediately administration after clear and partial cutting, and administration one hour after both cuts.

The results of the glyphosate administration at 10% concentration shows that this is the most appropriate way to manage woody invasive species in the clear-cutting modality, since it dispenses cleaning of the project area, thus helping prevent forest fires. Furthermore, the landscape becomes aesthetically more pleasing, giving space to the development of native species.

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ÍNDICE

RESUMO ... i ABSTRAT ... i ACRÓNOMOS ... ix AGRADECIMENTOS... x 1. INTRODUÇÃO ... 1

2. CONCEITO DE PLANTAS INVASORAS ... 3

2.1 - ORGANISMO INVASOR ... 3

2.2 - PLANTA INVASORA ... 4

2.3 - PLANTA NATIVA ... 5

2.4 - CONCEITO DE PLANTA INVASORA ... 5

2.4.1 - PLANTAS ALIENÍGENAS ... 6

2.4.2 - PLANTAS EXÓTICAS CASUAIS ... 6

2.4.3 - PLANTAS NATURALIZADAS ... 7

2.4.4 - INFESTANTES ... 7

2.4.5 - TRANSFORMADORAS ... 7

2.5 -CARACTERÍSTICAS DAS PLANTAS INVASORAS ... 8

3 - IMPACTOS DAS ESPÉCIES INVASORAS ... 11

3.1 - IMPACTOS A CURTO E A LONGO PRAZO ... 11

3.2 - IMPACTOS ECOLÓGICOS ... 11

3.3 - IMPACTOS NO CICLO DE NUTRIENTES ... 12

3.4 - IMPACTOS NA HIDROLOGIA ... 12

3.5 - IMPACTOS EM PROCESSOS GEOMORFOLÓGICOS ... 13

3.6 - IMPACTOS NO REGIME DE FOGO ... 13

3.7 - IMPACTOS SOBRE A FAUNA NATIVA ... 15

3.8 - IMPACTOS SÓCIO-ECONÓMICOS ... 15 4 - MÉTODOS DE CONTROLO ... 17 4.1 - CONTROLO MECÂNICO ... 18 4.1.1 - PROCESSOS MECÂNICO... 19 4.2 - CONTROLO QUÍMICO ... 22 4.2.1 - PROCESSOS QUÍMICOS ... 24 5 - GESTÃO DE INVASORAS ... 27

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iv

5.1 - PREVENÇÃO ... 28

5.2 - DETEÇÃO PRECOCE E ERRADICAÇÃO ... 28

6 - ESPÉCIES INVASORAS EM PORTUGAL CONTINENTAL E NA ILHA DA MADEIRA ... 29

6.1 - MAPEAMENTO DE ESPÉCIES INVASORAS ILHA DA MADEIRA ... 31

7 - CARACTERIZAÇÃO DA ESPÉCIE Cytisus scoparius L. ... 32

7.1 - IMPACTOS DA ESPÉCIE Cytisus scoparius ... 35

7.2 - DISTRIBUIÇÃO DA Cytisus scoparius ... 36

8 - PARQUE NATURAL DA MADEIRA ... 37

9 - MATERIAL E MÉTODOS ... 39

9.1 - DESCRIÇÃO DO LOCAL EXPERIMENTAL ... 39

9.1.1 - CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA ... 40 9.1.2 - CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS ... 48 9.1.3 - OCUPAÇÃO DO SOLO ... 50 9.1.4 - ÁREAS PROTEGIDAS ... 52 9.2 - METODOLOGIA ... 54 9.2.1 - MATERIAIS ... 54 10 - RESULTADOS ... 58 10.1 - MORTALIDADE ... 58

10.2 - CORTE RASO – Nº PLANTAS COM REBENTAÇÃO ... 60

10.3 - CORTE RASO - NÚMERO DE REBENTOS ... 65

10.4 - CORTE RASO - ALTURA MÉDIA DOS REBENTOS ... 67

10.5 - SINTOMAS AO LONGO DA MONITORIZAÇÃO ... 69

11 - DISCUSSÃO ... 71

12 - CONCLUSÃO ... 72

13 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 73

14 - ANEXOS ... 80

14.1 PROTOCOLO EXPERIMENTAL ... 81

14.2 - FIHA DE MONITORIZAÇÃO AMOSTRAGEM ... 87

14.3 - FICHA DE MONITORIZAÇÃO PARCELA B ... 88

14.4 - FICHA DE MONITORIZAÇÃO PARCELA C... 89

14.5 - FICHA DE MONITORIZAÇÃO PARCELA D ... 90

14.6 - FICHA DE MONITORIZAÇÃO PARCELA E ... 91

14.7 - FICHA DE MONITORIZAÇÃO PARCELA F ... 92

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v

14.9 - FICHA DE MONITORIZAÇÃO PARCELA H ... 94

14.10 - FICHA DE MONITORIZAÇÃO PARCELA I ... 95

14.11 - FICHA DE MONITORIZAÇÃO PARCELA J ... 96

14.12 - FICHA DE MONITORIZAÇÃO PARCELA K ... 97

14.13 - FICHA DE MONITORIZAÇÃO PARCELA L ... 98

14.14 - FICHA DE MONITORIZAÇÃO PARCELA M ... 99

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Esquema hierárquico de classificação das plantas exóticas ... 8

Figura 2 Principais etapas de um processo de invasão ... 9

Figura 3 Custo relativo e probabilidade de sucesso de ações de gestão para prevenir ou mitigar o ciclo plantas invasoras-regime de fogo ... 14

Figura 4 Controlo Mecânico ... 18

Figura 5 Arranque Manual ... 19

Figura 6 Corte Manual ... 20

Figura 7 Descasque Manual ... 21

Figura 8 Controlo Químico ... 22

Figura 9 Golpe, para de seguida aplicar herbicida ... 24

Figura 10 Aplicação de herbicida após ao corte... 25

Figura 11 Ciclo de Gestão de Plantas Invasoras ... 27

Figura 12 Origem e estatuto das espécies florestais existentes em Portugal ... 29

Figura 13 Delineamento do Parque Natural da Madeira ... 37

Figura 14 Gráfico Termo Pluviométrico (Ponta Delgada - Série 1961-1990) ... 49

Figura 15 Gráfico normais Climatológicas (Ponta Delgada - Série 1961-1990) ... 50

Figura 16 Aplicação do herbicida ... 54

Figura 17 Placa de Identificação da Parcela e da Planta ... 55

Figura 19 Gráfico Nº de Rebentos Parcela A1 "Testemunha" ... 60

Figura 18 Especto do corte raso com aplicação de herbicida ... 60

Figura 20 Gráfico Resultados Finais Parcela B... 61

Figura 21 Gráfico Nº de Rebentos Parcela B ... 61

Figura 22 Gráfico Resultados Finais Parcela C... 62

Figura 23 Gráfico Resultados Finais Parcela D, E e F ... 63

Figura 24 Gráfico Resultados Finais Parcela G ... 63

Figura 25 Gráfico Nº de Rebentos Parcela G ... 64

Figura 26 Rebentos do Corte Raso ... 66

Figura 27 Giesta com Presença de Fruto ... 69

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Principais características morfológicas da Cytisus scoparius... 33

Tabela 2 Classificação taxonómica da espécie Cytisus scoparius... 34

Tabela 3 Classes Hipsométricas do Concelho de São Vicente... 42

Tabela 4 Intervalos das Classes de Declive (adaptado de Silva, 2000) ... 43

Tabela 5 Classes de Declives do Concelho de São Vicente ... 45

Tabela 6 Unidades Geológicas presentes no Concelho de São Vicente ... 46

Tabela 7 Classes de Ocupação do Solo por Nível 1 da COS no Concelho de São Vicente ... 52

Tabela 8 Áreas Protegidas no Concelho de São Vicente ... 53

Tabela 9 Síntese dos tratamentos prescritos em cada uma das parcelas. ... 56

Tabela 10 Resultados da análise de variância para a mortalidade das plantas. ... 59

Tabela 11 Resultados do teste de Duncan para a mortalidade das plantas. ... 59

Tabela 12 Resultados da análise de variância para o número de plantas com rebentação. ... 65

Tabela 13 Resultados do teste de Duncan para o número de plantas com rebentação. ... 65

Tabela 14 Resultados da análise de variância para o número de rebentos. ... 66

Tabela 15 Resultados do teste de Duncan para o número de rebentos. ... 67

Tabela 16 Resultados da análise de variância para altura média dos rebentos... 68

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ÍNDICE DE MAPAS

Mapa 1 Distribuição Cytisus scoparius no planeta ... 36

Mapa 2 Distribuição Cytisus scoparius Portugal Continental ... 36

Mapa 3 Mapeamento das espécies invasoras Ilha da Madeira (COSRAM)... 31

Mapa 4 Enquadramento Geográfico do Concelho de São Vicente ... 40

Mapa 5 Carta Hipsométrica do Concelho de São Vicente ... 41

Mapa 6 Carta de Declives do Concelho de São Vicente ... 44

Mapa 7 Carta Geológica Simplificada do Concelho de São Vicente ... 47

Mapa 8 Principais Bacias Hidrográficas do Concelho de São Vicente ... 48

Mapa 9 Carta de Ocupação do Solo do Concelho de São Vicente ... 51

Mapa 10 Áreas Protegidas no Concelho de São Vicente ... 53

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ACRÓNOMOS

PNM - Parque Natural da Madeira

IUCN - International Union for the Conservation of Nature EPI´s - Equipamentos de Proteção Individual

CRH10 - Corte Raso e Aplicação de herbicida a 10% CRH20 - Corte Raso e Aplicação de herbicida a 20% CRH30 - Corte Raso e Aplicação de herbicida a 30%

CRH101 - Corte Raso e Aplicação de herbicida a 10% uma hora após ao corte CRH201 - Corte Raso e Aplicação de herbicida a 20% uma hora após ao corte CRH301 - Corte Raso e Aplicação de herbicida a 30% uma hora após ao corte CPH10 - Corte Parcial e Aplicação de Herbicida a 10%

CPH20 - Corte Parcial e Aplicação de Herbicida a 20% CPH30 - Corte Parcial e Aplicação de Herbicida a 30%

CPH101 - Corte Parcial e Aplicação de Herbicida a 10% uma hora após ao corte CPH201 - Corte Parcial e Aplicação de Herbicida a 20% uma hora após ao corte CPH301 - Corte Parcial e Aplicação de Herbicida a 30% uma hora após ao corte

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. João P. Carvalho, orientador desta dissertação, agradeço por todos os conselhos prestados, pela sua estimável paciência e pela ajuda prestada. Muito obrigado pelo profissionalismo, amizade e pela total disponibilidade prestada.

Aos responsáveis do Parque Natural da Madeira, por possibilitar a realização deste trabalho e por estar disponível, face às minhas necessidades, todo o apoio e material preciso.

Ao Vigilante da Natureza Herculano, pela prestável ajuda nos trabalhos de monitorização.

À Sra. Engenheira Cristina Medeiros pela oportunidade prestada em realizar a dissertação, pela disponibilidade e colaboração para que isto tenha tido um resultado positivo.

À minha Namorada Mariela Rodrigues, um agradecimento especial pelo apoio e carinho diário, pelas palavras de força, incentivo e confiança em todos os momentos, não desfazendo toda a tolerância pela minha ausência.

À minha família um enorme obrigado por acreditarem e confiarem sempre em mim e por todos os ensinamentos de vida. Com esta etapa de vida, que agora termino, espero retribuir e compensar todo o apoio, carinho, dedicação e esforço que constantemente me oferecem.

PAI, sei que sempre me apoiaste nos bons e maus momentos da vida, aquilo que sou hoje a ti agradeço, dedico-te todo este trabalho.

Quero também agradecer a todas as pessoas que me ajudaram diretamente ou indiretamente para que isto tenha-se realizado. Um Muito Obrigado.

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1. INTRODUÇÃO

Em 1958, Charles Elton entendeu que as invasões biológicas acarretariam a uma homogeneização biológica em todo o mundo. Cerca de sessenta anos posteriormente, as invasões biológicas são encaradas um fator indicativo da mudança global e uma das fundamentais ameaças para o mundo da biodiversidade em que acarretam impactos ecológicos, económicos e sociais amplos (Vitousek et al. 1997, a Avaliação Ecossistémica do Milênio de 2005, Mooney et al. 2005, Perrings et al. 2005 Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica, 2005). As espécies invasoras, ameaçam os serviços dos ecossistemas, dado que, podem afetar os bens e serviços prestados pelos sistemas naturais dos quais a sociedade depende. Tais espécies diferenciadas exercem efeitos ao meio como estimuladores aos fogos, interrupção do ciclo de nutrientes, absorção de água, destruição de florestas, eliminação de espécies bem como pastagens (Mooney, 2005). Durante as últimas décadas, tem tido um crescimento do interesse e acúmulo de estudos sobre as espécies invasoras, mas sínteses sobre este assunto ainda não são fáceis. Numa nova publicação do Programa Global de Espécies Invasoras (Espécies Exóticas Invasoras: A Nova Síntese por Mooney et al. 2005,simplifica algumas conclusões genéricas sobre o estado e os impactos de espécies invasoras: a) houve uma enorme mistura global de biota; b) esta mistura tem sido tanto intencional e acidental; c) não tem sido tanto enriquecedor e empobrecedor biótico em qualquer área; d) diminutas fração de espécies exóticas tornaram-se invasoras; e) as espécies invasoras vêm de todos os grupos taxonómicos; f) espécies invasoras alteram trajetórias evolutivas; g) espécies invasoras podem interromper processos comunitários e ambientais, e h) espécies invasoras estão causando grandes perdas económicas, e ameaçam a saúde e bem-estar do humano.

No entanto, ainda há muita dúvida sobre o tipo de habitats em que as espécies são bem-sucedidas e os mecanismos de degradação causados no habitat por invasoras.

Mesmo que as espécies invasoras causem um crescente impacto negativo numa escala global, somente uma pequena parte das espécies exóticas se convertem invasoras. Na realidade, espécies exóticas ajudam como apoio para o nosso próprio método de produção de alimentos, tornam os jardins e parque mais atrativos e fornecem abrigo do sol e do vento, bem como estabiliza os solos (Mooney, 2005). Entretanto, mesmo que somente uma diminuta fração de espécies exóticas mostra comportamento invasivo,

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deve ser destacado que essa minoria de espécies invasoras é bastante para causar grandes danos. A averiguação das ameaças das espécies invasoras apresenta um enigma global já declarado pelos decisores políticos. De acordo com o decreto-lei nº 565/99 de 21 de dezembro "Cada parte Contratante deve, na medida do possível e conforme o caso: Impedir a introdução, controlar ou erradicar as espécies invasoras que ameacem os ecossistemas, habitats ou espécies".

Em Portugal e mais concretamente na Ilha da Madeira, assim como em muitos outros locais da Europa, a espécie exótica Cytisus scoparius L. é considerada invasora, sendo responsáveis por impactes negativos a nível da vegetação, disponibilidade de água, solo, ciclo biogeoquímico, etc. Cytisus scoparius L. espécie originaria na Europa Ocidental e Central, tem como impactos no ambiente a alteração na estrutura e competição com espécies nativas, espécie com adaptabilidade a locais que contenham exposição solar, arribas, pastagens e matos de média altitude esta foi introduzida na Ilha da Madeira antes de 1800. Por sere esta espécie problemática na Ilha da Madeira, sendo a sua expansão particularmente preocupante nos ecossistemas do Parque Natural da Madeira. É neste contexto que se apresenta este estudo sobre a invasão do Parque Natural da Madeira por Cytisus scoparius L., cujos objetivos gerais são: 1) Introdução geral, 2) Impactos a curto e longo prazo da espécie, 3) Avaliação de métodos de controlo da espécie.

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2. CONCEITO DE PLANTAS INVASORAS

2.1 - ORGANISMO INVASOR

Invasora é uma "espécie estrangeira que conquista com sucesso um local" (Charles Elton), provocando uma saída de controlo de forças antes retidas, dai dando o seu gigantesco acréscimo em número, podendo a espécie em caso ser um vírus, uma bactéria, um fungo, uma planta ou um animal. É com esta nomenclatura de compreensão bélica que Charles Elton introduz a noção de organismo invasor em The Ecology of Invasions by Animals and Plants (Elton, 1958), por muitos apreciada a ação criadora da Ecologia das Invasões como ramo autónomo da Ecologia. O progresso desta matéria científica, ao longo do último meio século, foi seguido de variadas experiências para precisar as noções e significações que lhe são principais. Três décadas posteriormente da obra de Elton, um significado de organismo invasor são descritas por Di Castri (1990) nos seguintes termos:

Um organismo invasor é uma espécie de planta, animal ou microorganismo que, transportada geralmente por ação humana, de forma inadvertida ou intencional, coloniza novos territórios distantes do seu território de origem, neles se dispersando.

Um dos principais aspetos do conceito é, portanto, a origem exótica dos organismos invasores, que são levados de uma zona para outra onde nunca antes existiam, transpondo frequentemente diferentes domínios biogeográficos. Roy (1990) pensa que a inserção de um organismo num recente ambiente no qual não evoluiu é um aspeto único que caracteriza os organismos invasores. A intervenção humana no procedimento de transporte e introdução, e a capacidade de colonização e dispersão do organismo no novo meio, são outros elementos-chave do conceito. Contudo, uma norma mais precisa, sobretudo quanto aos efeitos dos organismos invasores, não é consensual: Di Castri (1990) indica a presença de diferenças entre biogeógrafos, ecólogos, biólogos das populações e técnicos de campo quanto à noção de organismo invasor, resultado de desiguais perceções do fenómeno.

Atualmente, uma definição abrangente de organismo invasor foi anunciada sob os auspícios da IUCN na Estratégia Mundial sobre Espécies Exóticas Invasoras (McNeely

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Espécies exóticas invasoras são espécies que se estabelecem num novo ambiente, proliferam e dispersam-se de forma destrutiva e negativa para os interesses humanos.

Embora generalista, esta definição confirma a associação de impactos negativos aos organismos invasores, embora o modelo desses impactos sejam os “interesses humanos”, sendo assim uma definição assumidamente antropocêntrica.

2.2 - PLANTA INVASORA

A ideia de planta invasora mostra diferentes explicações, que refletem o desenvolvimento recente do conceito e as experiências para o precisar. Heywood (1989) aborda a noção do seguinte modo:

- São invasoras as plantas que invadem num território onde nunca antes haviam surgido;

- São usualmente plantas com origem exótica, resultantes de outros continentes, mas podem ser também espécies nativas no país ou na região em causa, desde que se deparem fora da sua área geográfica de ocorrência natural;

- Estabelecem-se com êxito nas comunidades vegetais nativas, invadindo-as e desalojando a vegetação nativa.

Este autor indica diversas noções ligadas as planta invasora: alienígena,

imigrante, exótica, adventícia, neófita, xenófita ou introduzida, sendo por vezes usado o

conceito de infestante. A definição de Cronk & Fuller (1995), Oriunda da Biologia da Conservação, é muitas vezes citada:

Plantas invasoras são plantas alienígenas, afastando-se naturalmente, sem intervenção humana direta, em habitats naturais e semi-naturais, originando uma alteração significativa na sua composição, estrutura ou nos processos ecológicos.

Este significado está já associado de forma evidente à noção de perturbação ecológica, ausente nalgumas definições anteriores de planta invasora.

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2.3 - PLANTA NATIVA

Por antagonismo à planta exótica, o significado de planta nativa obedece a um dos seguintes critérios (Webb, 1985):

- A sua comparência num dado território resulta de um processo de evolução in

situ;

- Pode ter origem alóctone, mas abrangeu um dado território antes do Neolítico; - Abrangeu esse território após o início do Neolítico, mas autonomamente da ação humana.

A diferença entre plantas nativas e exóticas tem interesse conceptual e ecológica mas, para designar o estatuto nativo ou exótico de uma espécie, é essencial dispor de um amplo conjunto de informação, sobretudo registos fósseis, dados históricos, conhecimento sobre o habitat e a distribuição geográfica, frequência conhecida de naturalização, diversidade genética e padrão de reprodução, e possíveis meios de introdução (Webb, 1985).

Existem casos em que não é fácil ter certeza do estatuto nativo ou exótico de uma dada espécie, nomeadamente em comunidades desde há muito tempo sujeitas à influência humana. As espécies nestes casos foram designadas por Carlton (1996) como espécies critogénicas, i. e., cujo estatuto nativo ou exótico não é demonstrável, o que tem resultados importantes para o conhecimento das invasões biológicas. É possível que muitas espécies aceites até agora de modo acrítica como nativas possam ser, se devidamente compreendidas, reconhecidas como introduzidas (Webb, 1985).

2.4 - CONCEITO DE PLANTA INVASORA

Numa verificação crítica do conceito de planta invasora, Richardson et al. (2000) confirmam a proliferação de termos e conceitos de Ecologia das Invasões, produto do alargamento recente desta disciplina científica. Fixou-se nalguma literatura da profissão uma confusão importante de conceitos, com uso incorreto da nomenclatura atual, de que são exemplo os termos “naturalizado” e “invasor”. Estes autores indicam um esclarecimento dos fundamentais termos e conceitos, com apoio numa vasta pesquisa bibliográfica, indicando a nomenclatura a seguir mencionada

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2.4.1 - PLANTAS ALIENÍGENAS

São táxones vegetais existentes numa dada área, cuja presença aí é devida à introdução intencional ou acidental como resultado de atividade humana (Richardson et al., 2000).

São sinónimos deste conceito os seguintes: plantas exóticas, plantas não-nativas,

plantas não-indígenas, plantas alóctones, plantas introduzidas e neófitos. Myers &

Bazely (2003) citam que a definição do termo alienígena é prejudicada pelo seu uso na literatura de ficção científica, sendo conotado com “alguma coisa estranha e muitas

vezes ameaçadora”; este termo tem sido usado na língua inglesa para designar também

os imigrantes humanos, principalmente no caso da imigração ilegal, obtendo assim uma conotação negativa. Neste trabalho a utilização do termo “exóticas” para designar estas plantas, aplica-se a algo “que não é indígena” (Ferreira, 1999) ou “que vem de fora, do

estrangeiro, em especial de terras longínquas” (Casteleiro, 2001), sem as conotações

mencionadas.

2.4.2 - PLANTAS EXÓTICAS CASUAIS

São plantas exóticas que podem florir e reproduzir-se ocasionalmente numa dada área, mas que não formam populações auto-perpetuáveis, dependendo de introduções repetidas para persistirem (Richardson et al., 2000).

Este significado abrange plantas mencionadas na literatura como erráticas,

transientes, ocasionalmente escapadas e persistentes após cultivo, e que corresponde ao

uso do termo adventícias feito por De Candolle (1855). Para Myers & Bazely (2003) uma planta exótica casual é inabilitada de perdurar numa dado lugar por mais de 2 anos. Algumas plantas exóticas casuais podem continuar por um período de tempo maior, mas sem propagação bem-sucedida, pelo que não alcançam de forma permanente.

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2.4.3 - PLANTAS NATURALIZADAS

São plantas exóticas que se multiplicam consistentemente e que suportam populações ao longo de muitos ciclos de vida sem interferência humana direta (ou apesar dela); constituem a sua geração livremente, em geral próximo das plantas adultas, e não conquistam forçosamente ecossistemas naturais, seminaturais ou antropogénicos (Richardson et al., 2000).

2.4.4 - INFESTANTES

São plantas não necessariamente exótica que crescem em locais onde não são desejadas e que geralmente têm um efeito económico ou ambiental detetável

(Richardson et al., 2000).

São sinónimos destes os conceitos de pragas vegetais, plantas nocivas e

plantas-problema. Fernandez-Quintanilla e Saavedra (1991), distinguem o seu carácter

antropocêntrico, e logo subjetivo, apesar de reconhecer a presença de características biológicas normais a muitas espécies infestantes, e o facto de estas sobrevierem usualmente em condições marcadamente modificadas pela atividade humana.

2.4.5 - TRANSFORMADORAS

São um subconjunto de plantas invasoras que modificam o carácter, condição, forma ou natureza do ecossistema numa área considerável, relativamente à extensão desse ecossistema (Richardson et al., 2000).

São “transformadoras” as plantas invasoras que têm impactos visíveis sobre os ecossistemas. Diferentes classes de transformadoras podem ser consideradas: as que fazem o uso demasiado de recursos (ex: água, luz, oxigénio), e as dadoras de recursos limitados (ex. azoto).

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PLANTAS EXÓTICAS

CULTIVADAS NÃO CULTIVADAS

CASUAIS NATURALIZADAS

NÃO INVASORAS INVASORAS

NÃO NOCIVAS TRANSFORMADORAS INFESTANTES

Na figura seguinte pretende-se relacionar esquematicamente a subordinação dos conceitos mencionados. (Pyšek et al., 2004).

2.5 -CARACTERÍSTICAS DAS PLANTAS INVASORAS

Nem todas as plantas que chegam a um novo habitat conseguem estabelecer-se e integrar-se nessa nova comunidade, na verdade são relativamente poucas a consegui-lo (Lambdon et al., 2008).

Num clima com épocas de altas temperaturas e elevados níveis de radiação durante o período estival, assim como baixa precipitação associada a uma forte evapotranspiração, as espécies vegetais enfrentam várias situações de stresse (Vilá e Sardans, 1999). O efeito causado por estes incómodos ambientais nos atributos fisiológicos das espécies é crucial para o sucesso ou insucesso da invasão (Garcia-Serrano et al., 2009). De facto, o elevado sucesso das plantas que conseguem tornar-se

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invasoras pode ser compreendido tendo em conta algumas características vegetais, reprodutivas e de tolerância a diversos tipos de stress (Godoy et al., 2008).

Estas plantas usualmente investem muito no crescimento rápido, captando melhor a luz e evitando que as plantas em seu contorno a consigam. Para este elevado crescimento têm que ter uma alta taxa fotossintética (são capazes de fixar e de dispor de mais carbono que uma espécie nativa com a mesma quantidade de luz) e uma elevada superfície foliar por unidade de massa foliar (permitindo-lhe captar mais luz com pouco investimento em biomassa foliar) (Godoy et al., 2008). É comum fornecerem simbiose com microrganismos, como a fixação simbiótica de azoto (http://invasoras.uc.pt/).

São normalmente espécies hermafroditas que aumentam o seu nível de autopolinização (assegurando a sua descendência), produzem muitas flores ricas em néctar e pólen agarrando os polinizadores e afastando assim que eles recorram a plantas nativas, o que faz abaixar as taxas de reprodução destas espécies. Têm períodos de floração superiores quando confrontados com os das nativas. Tomando como exemplo as plantas nativas da Península Ibérica, estas iniciam a sua floração na Primavera e terminam-na no Verão devido a condições atmosféricas. Já as plantas invasoras de origens diferentes verifica-se esta pressão evolutiva a floração inicia-se por volta do verão e prolonga-se até ao Outono (Godoy et al., 2008). Para além das características anteriores que lhes proporciona uma elevada fertilidade quando comparadas com as plantas nativas, são ainda descritas pelos seus eficazes mecanismos e pelos seus bancos

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de sementes no solo, mais numerosos e mais viáveis do que os de muitas plantas nativas, no solo. Ostentam ainda reprodução vegetativa, que é essencial para a sua fixação e dispersão a curtas distancias (http://invasoras.uc.pt/, 2007).

Porém, como referido anteriormente, o êxito de uma planta invasora na região mediterrânica não consegue apenas devido às suas taxas de crescimento e reprodução altas, mas também devido à sua capacidade em resistir o stress hídrico. Por exemplo, a suculência é uma forma de suportar estes habitats, características que geralmente as plantas nativas da Península Ibérica não apresentam (Godoy et al., 2008).

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3 - IMPACTOS DAS ESPÉCIES INVASORAS

3.1 - IMPACTOS A CURTO E A LONGO PRAZO

As espécies invasoras têm um expressivo impacto na vida e no modo de vida das pessoas. O impacto sobre a biodiversidade é tão saliente que essas espécies são hoje em dia consideradas a segunda maior ameaça à perda de biodiversidade, após a destruição dos habitats, afetando diretamente as comunidades biológicas, a economia e a saúde humana. As espécies invasoras assumem no nosso país e em especial na Ilha da Madeira grande significado como ameaça à biodiversidade, aos recursos genéticos. Várias delas têm-se disseminado de forma perigosa, afetando diferentes ecossistemas e ameaçando a integridade e o equilíbrio dessas áreas, causando mudanças, inclusive, nas características naturais das paisagens.

Alguns dos efeitos resultantes da ocorrência de plantas invasoras podem passar pela alteração de ciclos ecológicos, no regime de fogo, quantidade de água disponível, alteração da composição e disponibilidade de nutrientes, remoção ou introdução de elementos nas cadeias alimentares, alteração dos processos geomorfológicos e mesmo pela extinção de espécies.

3.2 - IMPACTOS ECOLÓGICOS

É reconhecido que as espécies invasoras podem alterar a estrutura dos ecossistemas invadidos, competindo diretamente com as espécies nativas pelos recursos disponíveis, e indiretamente, modificando os ciclos de nutrientes e a estabilidade do solo (Richardson et al., 2000; McNeely et al., 2001). As plantas invasoras podem alterar os regimes de perturbação para além dos limites a que as espécies nativas estão adaptadas, levando a alterações na comunidade e a transformação do ecossistema (Mack e D´Antonio, 1998). São conhecidos casos em que a espécie invasora se torna dominante, substituindo a cobertura vegetal anteriormente existente, como sucede com Hedychium

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Um dos efeitos deste tipo de invasão vegetal é a enorme alteração da paisagem e a redução da biodiversidade local, entre outros impactos posteriormente referidos.

3.3 - IMPACTOS NO CICLO DE NUTRIENTES

As modificações de um ecossistema invadido podem alterar a qualidade e quantidade da entrada de matéria orgânica, com consequências nas taxas de decomposição e na libertação de nutrientes (Bohlen, 2006). Muitas espécies invasoras têm alta área foliar, elevada taxa de crescimento da folhagem e elevada concentração de nutrientes nas folhas, pelo que será de esperar o enriquecimento da folhada e o aumento das taxas de decomposição e reciclagem de nutrientes. O estudo realizado por Allison e Vitousek (2004) nas ilhas Hawaii permitiu concluir que a folhada de áreas invadidas perde azoto e fósforo mais rapidamente e em maiores quantidades do que a folhada das comunidades nativas. A substituição das espécies nativas por invasoras conduz a um aumento acentuado das taxas de libertação de nutrientes da folhada em decomposição, criando um reforço positivo da invasão por espécies que prosperam em solos enriquecidos.

3.4 - IMPACTOS NA HIDROLOGIA

Segundo Le Maitre (2004), os impactos das espécies vegetais invasoras na hidrologia, embora da sua evidência crescente, têm adquirido pouca atenção. Uma das dificuldades em entender este tipo de impactos é o facto de as invasoras mostrarem diversas formas vitais, com características fisiológicas contraditórias, podendo suceder combinadas na mesma comunidade. Estudos sobre os impactos hidrológicos das alterações da vegetação, realizados a diferentes escalas, comprovam que, quando plantas herbáceas são substituídas por espécies lenhosas arbustivas e arbóreas, as raízes destes podem explorar um maior volume de solo e extrair mais água, e as suas copas intercetam a precipitação, ampliando as perdas por evaporação (Zhang et al., 1999). Se a permuta de plantas herbáceas por espécies lenhosas ocorrer à escala de uma bacia hidrográfica, há um manifesto aumento da evaporação.

As alterações ao uso do solo podem causar profundas mudanças na variação sazonal da humidade do solo, afetando o escorrimento superficial e a percolação.

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3.5 - IMPACTOS EM PROCESSOS GEOMORFOLÓGICOS

As espécies vegetais invasoras podem afetar processos geomorfológicos locais, mudando a estabilidade do substrato ou modificando a composição do sub-bosque ou da folhada, o que por sua vez altera os processos erosivos (Mack e D’Antonio, 1998).

Segundo os autores mencionam o exemplo de Acacia mearnsii De Wild., espécie de origem australiana, invasora em ecossistemas sul-africanos, onde amplia a erosão marginal de cursos de água, devido à facilidade com que é desenraizada durante períodos de cheia.

Há também exemplos de plantas que estabilizam substratos móveis, reduzindo a frequência ou a intensidade da perturbação natural e podendo adiantar potencialmente o processo de sucessão. Algumas espécies introduzidas para este fim tornaram-se invasoras, como Ammophila arenaria (L.) Link, gramínea de origem europeia que altera os padrões de formação de dunas na América do Norte, na Austrália e na Nova Zelândia, com impactos sobre a flora nativa (Wiedmann e Pickart, 1996; Williams e West, 2000).

3.6 - IMPACTOS NO REGIME DE FOGO

Um dos efeitos das plantas invasoras sobre os ecossistemas nativos é a alteração das propriedades dos combustíveis vegetais, alterando características do regime de fogo, tais como frequência, intensidade, extensão, tipo e sazonalidade do fogo (Brooks et al., 2004). Se as mudanças do regime de fogo fomentarem a dominância da espécie invasora, pode estabelecer-se um ciclo planta invasora-regime de fogo que favorece a perpetuação da invasora, como sucede com Teline monspessulana (L.) K. Koch, leguminosa arbustiva da Região Mediterrânica introduzida no Chile (Pauchard et al., 2008).

À medida que outras propriedades do ecossistema e outras interações são alteradas, maior é a dificuldade de restauração das condições anteriores à invasão, como na invasão de Bromus tectorum L. e B. rubens L. em pradarias do W dos EUA (Brooks, 2007). Esta restauração pode exigir a gestão do combustível e dos regimes de fogo, e a gestão das comunidades de plantas nativas e das invasoras (Rice e Smith, 2007).

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Brooks et al. (2004) propõem um modelo conceptual para descrever as inter-relações entre plantas invasoras e regimes de fogo, em 4 fases articuladas:

- Fase 1: a espécie foi introduzida, mas a invasão ainda não ocorreu.

- Fase 2: a espécie está naturalizada ou é já invasora, mas não causou ainda um impacto ecológico significativo.

- Fase 3: a espécie invasora tem um impacto ecológico significativo, mas ainda não alterou o regime de fogo.

- Fase 4: a espécie invasora alterou o regime de fogo, estabelecendo um ciclo planta invasora-regime de fogo.

A gestão da planta invasora e do ciclo planta invasora-regime de fogo ao longo destas fases tem custos relativos e viabilidade de sucesso inversamente relacionados, como se ilustra na Fig. 20.

Figura 3 Custo relativo e probabilidade de sucesso de ações de gestão para prevenir ou mitigar o ciclo plantas invasoras-regime de fogo (adaptado de Brooks et al., 2004)

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A erradicação da espécie invasora a baixo custo só é possível no início da fase 1, logo após a sua introdução. Os custos de gestão aumentam durante a fase 2, mas é ainda possível efetuar ações de gestão dirigida unicamente à espécie invasora. A partir da fase 3, é necessário controlar a espécie invasora e, simultaneamente, revegetar as comunidades vegetais alteradas e restaurar processos ecológicos. Na fase 4, adiciona-se a estas tarefas a restauração do regime de fogo. Nas duas últimas fases deste ciclo, é inútil efetuar o controlo da espécie invasora sem intervir no regime de fogo e sem restaurar as comunidades vegetais e outras propriedades do ecossistema. A modelação do ciclo planta invasora-regime de fogo proposta por Brooks et al. (2004) permite avaliar os efeitos relativos das invasoras e estabelecer prioridades de controlo, bem como recomendar formas de restauração do regime de fogo anterior à invasão.

3.7 - IMPACTOS SOBRE A FAUNA NATIVA

Os estudos sobre os impactos das plantas invasoras sobre a fauna nativa, comparativamente aos outros impactos ecológicos mencionados, são menos frequentes, apesar do impacto potencial das invasões vegetais sobre os herbívoros. Cappuccino e Carpenter (2005) testaram a hipótese de que plantas invasoras e herbívoros se encontram negativamente correlacionados, pesquisando o consumo foliar em plantas exóticas por herbívoros. A sua conclusão é de que as espécies exóticas altamente invasoras sofrem consumo foliar muito inferior ao de espécies exóticas não invasoras; contudo, este aspeto poderá não ser o fator-chave que explica o sucesso das invasoras, dado que não foi estabelecida uma ligação entre herbívora e desempenho vegetal. Será de esperar, contudo, que a adaptação dos herbívoros nativos às plantas introduzidas, mesmo às invasoras mais agressivas, possa resultar no declínio a prazo de muitas populações invasoras.

3.8 - IMPACTOS SÓCIO-ECONÓMICOS

As espécies exóticas invasoras causam perdas económicas relevantes em diversos segmentos das atividades económicas, nomeadamente nas atividades agrícola e silvícola. O impacto económico geral pode ser calculado pelas perdas e prejuízos causados por estas espécies, e pelo custo do seu controlo.

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Outros impactos causados pelas espécies vegetais invasoras incluem a saúde humana, o turismo e o recreio, e o património arquitetónico e arqueológico. No que respeita à saúde humana, diversas espécies invasoras podem constituir um risco, sendo referidos por Binggeli (2001) os exemplos de Ligustrum sp. e de Casuarina

equisetifolia L. nas regiões temperadas e tropicais do globo; o pólen produzido em

grandes quantidades por estas espécies anemófilas pode causar irritações respiratórias. As atividades turísticas e recreativas são um caso de efeito recíproco, relativamente às plantas invasoras: por um lado, o turismo e o recreio são um dos vetores de dispersão de muitas espécies exóticas que se tornam invasoras, por outro lado, diversas espécies invasoras afetam atividades turísticas e recreativas, nomeadamente em áreas ribeirinhas e aquáticas.

No que diz respeito ao impacto das espécies exóticas invasoras no património arquitetónico e arqueológico, um estudo realizado por Celesti-Grapow e Blasi (2004) em estações arqueológicas de Itália demonstrou que estas espécies, embora potencialmente prejudiciais, raramente afetam estruturas arqueológicas, ao contrário do que sucede com muitas espécies nativas.

Apesar da perturbação humana e da existência de abundantes fontes de propágulos, fatores que propiciam o estabelecimento de espécies invasoras, as comunidades vegetais instaladas nos locais arqueológicos deste estudo mostraram-se relativamente resistentes à invasão por espécies exóticas.

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4 -

MÉTODOS DE CONTROLO

Para o controlo de espécies invasoras, deverá haver um diagnóstico antecipado que consiste no primeiro passo na elaboração do plano de ação que é o levantamento e o mapeamento das ocorrências de espécies invasoras.

O mapeamento pode ser feito através do uso de um GPS, por meio do qual devem ser georreferenciadas todas as ocorrências de populações e/ou indivíduos isolados de espécies invasoras, bem como sobre o tipo de ambiente invadido, densidade e a situação de invasão em cada ponto de ocorrência. O necessário é que se consiga reconhecer onde as espécies estão presentes e qual a seriedade da invasão em cada ponto de ocorrência.

Com relação aprioridades, deveremos considerar que as ocorrências em invasões biológicas em unidades de conservação, na maior parte das vezes, é maior do que a capacidade de solução imediata ou em curto prazo desses problemas, descrever prioridades é importante para orientar gestores na identificação de espécies de maior ameaça e risco, orientando a implementação de atividades de controlo e otimização a operacionalização dos planos de ação.

Estratégias de manuseamento eficientes necessitam de critérios objetivos para se definir prioridades (Rejmánek e Pitcairn, 2003). A priorização para controle de ocorrência dentro de uma unidade de conservação, tem por objetivo maximizar as possibilidades de erradicação precoce de espécies com potencial invasor e otimizar empenhos de modo a cobrir o máximo de área, assim como áreas de alta importância biológica, no tempo mais curto possível.

A descrição de prioridades por espécie deve ser feita considerando o potencial de invasão de cada espécie e a situação populacional da mesma no que se refere ao número de indivíduos e ao grau de dispersão. Espécies de fácil erradicação e indivíduos isolados de espécies com alto potencial invasor ainda sem expressão de invasão são prioridades.

O estabelecimento de espécies exóticas invasoras em ambientes naturais é fortemente favorecido por uma maior degradação e/ou impactos diretos sofridos na área de ocorrência. Em decorrência, essas áreas são as menos prioritárias para controle imediato se não há recursos para desenvolver todas as ações ao mesmo tempo. Por outro lado, devem ser alvo de manuseamento e monitorização constante, visando a deteção precoce de processos de invasão e ação imediata nesses casos.

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Os métodos de controlo de plantas podem ser separados em dois grupos: controlo mecânico ou físico e controlo químico. No geral são utilizadas combinações desses métodos para ganhar eficiência, ao invés de se usar métodos isolados.

Após a execução da ação de controlo, é importante que seja organizado um processo de repetição dos tratamentos e de monitorização, o que abrange a quantificação dos resultados obtidos. A determinação dos intervalos de tempo para avaliar depende da espécie controlada e da credibilidade atribuída à eficácia do método de controlo utilizada, ou seja, quanto maior a incerteza, menor o intervalo de tempo para avaliar.

4.1 - CONTROLO MECÂNICO

Consiste na remoção física das plantas, seja por arranque, remoção da parte subterrânea, corte ou anelamento. Tem boa eficiência como método isolado apenas para plantas que apresentam reprodução vegetativa ou capacidade de rebentar de toiça. Como a grande parte das espécies invasoras tem uma facilidade em rebentar de toiça,

é quase sempre necessário combinar o controlo mecânico ao controle químico.

Não se recomenda o arranque de plantas que formam banco de sementes duradouro, pois o ato de revirar o solo traz à superfície sementes depositadas em camadas mais profundas, até então com poucas condições ambientais para germinação. Com frequência, o arranque de gramíneas invasoras abre oportunidade para a intensificação do processo de invasão a partir do banco de sementes.

Situação similar ocorre com plantas que rebentão de toiça, cujo arranque tem baixa eficiência e produz grande alteração no solo, potencializando processos de erosão. Nesses casos o controlo químico tem mais a contribuir como ferramenta, inclusive para a redução dos impactos paralelos ao ambiente.

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4.1.1 - PROCESSOS MECÂNICO 4.1.1.1 - ARRANQUE MANUAL

O arranque manual é um método ajustado para a maioria das espécies herbáceas, assim como plântulas e indivíduos jovens de

espécies provenientes de

germinação. Exemplares resultantes da regeneração de touça ou de raiz igualmente podem ser arrancados, contudo a dificuldade aumenta.

As plantas podem ser arrancadas manualmente, recorrendo, ou não, a pequenas ferramentas auxiliares como uma sachola.

A planta deve ser agarrada junto ao colo de forma a prevenir que apenas a parte aérea seja removida.

O arranque deve ser realizado para que não fiquem raízes de maiores dimensões no solo já que em algumas espécies novos indivíduos podem regenerar a partir daí.

Principais vantagens do arranque manual: Uso fácil;

Alta seletividade (o aplicador têm de saber reconhecer bem a espécie-alvo);

Não existe presença de perigos (exceto quando é utilizado uma postura não adequada ou uma má utilização de ferramentas quando utilizadas);

Convincente (desde que a planta seja arrancada na totalidade); Pode ser potenciado com uso de utensílios manuais;

Amigo do ambiente.

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Principais inconvenientes do arranque manual:

Demorado e dispendioso se efetuado amplamente por grupos profissionais (elevada quantidade de mão de obra);

Extração de espécies maiores pode levar a esforço elevado e a más posturas;

Em solo seco e/ou compactado as raízes podem continuar;

Em espécies de maiores dimensões e/ou derivadas de rebentos de touça ou raiz o arranque pode ser muito difícil;

4.1.1.2 - CORTE

O corte pode ser efetuado em todas as espécies, embora de não resultar em todas as que regeneram de touça ou raiz.

Este método resume-se em cortar o individuo o mais junto ao solo quanto possível.

Principais vantagens do corte:

Tem uma utilização fácil, sobretudo em plantas de menores dimensões. O desempenho acelerado deste método faculta uma poupança de custos na operação inicial, mas que usualmente é perdida nas ações seguintes.

Derivando aos utensílios e da dimensão das árvores, pode operacionalizar-se com grupos enormes e diferentes.

É adaptável em árvores de qualquer diâmetro. Para espécies em que o descasque não é eficaz (Robinia pseudoacacia) pode ser uma solução para anular poucos exemplares, embora obrigar muitos controlos de sequência a médio/longo prazo.

É amigo do ambiente.

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Principais inconvenientes do corte:

Em abundantes espécies, este controlo declara frequentemente pouco convincente, já que estimula o desenvolvimento ativo de rebentos.

É usualmente mais convincente em alturas mais quentes e em plântulas provenientes de germinação.

Necessita o uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s) e a capacidades técnicas caso se opte pelo uso de equipamentos moto-manuais (e.g., motosserras ou motorroçadoras).

Para a maioria das espécies, contende consecutivas intervenções de modo a debilitar a saúde da planta.

4.1.1.3 - DESCASQUE

O descasque é um método mais ajustado a árvores de casca lisa.

Este método consiste em fazer uma incisão em anel, continuo, à volta do tronco, à altura a que for mais cómodo para o aplicador.

Deve-se eliminar toda a casca, desde o anel de incisão até à superfície do solo, se possível até à raiz, particularmente para espécies que rebentam de touça.

Este método deve ser aplicado somente se o câmbio encontrar-se ativo o que pode alterar de local para locar. As preferíveis épocas para aplicação coincidem com temperaturas amenas e com alguma humidade.

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Principais vantagens do descasque: É um método eficaz.

Para aplicadores inexperientes a sua aplicação é pouco perigosa, mas é necessário ter em atenção ao uso de ferramentas de corte.

Possibilita uma fácil operacionalização em grupos grandes e variados e não obriga instrumentos complicados de operar.

Principais inconvenientes do descasque:

Demorado e dispendioso se efetuado extensivamente por grupos profissionais (elevada quantidade de mão de obra);

Necessita uma utilização cuidadosa e é apenas aplicável em algumas espécies e em determinadas épocas do ano.

Necessita a duas intervenções intervaladas por meses ou mesmo anos para o controlo de uma mesma árvore.

O impacto visual da consequência deste tipo de controlo (árvores secas de pé) tem peso negativo na opinião pública.

4.2 - CONTROLO QUÍMICO

Embora ocasionalmente haja polémica quanto ao uso de herbicidas para controlo de espécies invasoras, especialmente em áreas legalmente protegidas que têm como objetivo a conservação da biodiversidade, herbicidas

e outros produtos químicos constituem ferramentas essenciais para se alcançar bons resultados no controlo de invasões biológicas e em processos de restauração ambiental. A negação de evidências científicas e experimentais com o uso de herbicidas pode levar a perdas significativas de áreas naturais de alto valor biológico (Sigg, 1999).

A aplicação de produtos químicos para o controle de espécies invasoras em ambientes naturais é feita de forma totalmente distinta do tradicional uso agrícola de

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alto impacto, com aplicações extremamente localizadas, em geral diretamente sobre o tronco ou o caule das plantas alvo. Os tratamentos são de pequeno volume, sendo os instrumentos aplicadores mais comuns pequenas bisnagas ou aspersores de volumes entre 1 e 2 litros.

Os tratamentos mais comuns são:

a) Corte de árvores e aplicação de herbicidas sobre o cepo, para evitar rebentos; b) Anelamento de plantas lenhosas e aplicação de herbicida na base do anel, para acelerar a morte em pé e inibir o rebento;

c) Abertura da casca da planta lenhosa na base do tronco para aplicação de herbicida;

d) No caso de gramíneas e outras herbáceas, para evitar o uso de aspersão em grande volume é comum realizar-se corte e aplicação de herbicida na base das touças quando inicia a rebentação.

Todo o uso de herbicida é feito com adição de corante para que o aplicador tenha perfeitas condições de visualizar as áreas afetadas. Isso reduz o volume de produto utilizado e confere segurança à operação, dado que qualquer vazamento, respingo ou acidente é facilmente localizado.

Não existe formulário único para o uso desses produtos. Cada espécie responde melhor a determinado principio ativo e é fundamental apoiar-se em experiências já existentes para iniciar os trabalhos.

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4.2.1 - PROCESSOS QUÍMICOS

4.1.2.1 - GOLPE/ INJEÇÃO DE HERBICIDA

O Golpe/Injeção de herbicida consiste em aplicar um golpe e de

seguida aplicar o

herbicida, a aplicação do herbicida deve ser feita diretamente no sistema vascular da seguinte forma:

À altura que for mais cómodo para o aplicador, fazem-se vários cortes, num ângulo de 450, até ao borne. Não obriga de ser muito profundo mas deve perfurar a casca e cortar a parte mais externa da madeira.

Os cortes podem ser efetuados com uma manchada ou serrote.

Os vários cortes devem ser efetuados à mesma altura do tronco de forma a quase se tocarem, deixando cerca de 2-4cm de casca por cortar entre eles.

Para indivíduos de pequenas dimensões somente são obrigatórios 2 ou 3 cortes, e não devem ser profundos, para evitar que a planta parta.

Logo após cada corte injeta-se o herbicida no corte, em que o herbicida deve ficar dentro da ferida.

Principais vantagens do Golpe/Injeção de herbicida:

Provém da espécie e da época do ano, mas usualmente tem alta eficácia em termos de mortalidade. Escusa constituição de rebentos de toiçae de raiz, o que reduz os custos em controlos de continuidade, a médio prazo.

Se for bem aplicado, o herbicida não contata com o exterior e são usadas quantidades reduzidas.

Prejudica mais gravemente o sistema radicular do que outros métodos que utilizam herbicidas.

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Principais Inconvenientes do Golpe/Injeção de herbicida:

Demorado, e muito dispendioso a curto prazo, se for efetuado extensivamente com recurso a uma elevada mão-de-obra. Obriga equipamento de perfuração com grande autonomia.

Necessita a duas intervenções intervaladas por vários meses ou alguns anos para a remoção de uma mesma árvore, o que tem um embate visual com efeitos na opinião pública.

4.1.2.2 - CORTE COMBINADO COM APLICAÇÃO DE HERBICIDAS

O corte combinado com aplicação de herbicida pode ser realizado em todas as espécies, desde

que os indivíduos

apresentem diâmetro

razoável para aplicação do herbicida.

O corte deve ser efetuado o mais rente ao solo

quanto possível, e

pincelar/pulverizar de imediato a touça com o herbicida mais adequado e na concentração correta.

A área periférica da touça deve ser particularmente bem atingida pelo herbicida. Principais vantagens do corte combinado com aplicação de herbicida:

Razoável eficácia na impedição da constituição de rebentos de touça, desde que o princípio ativo e a concentração do herbicida sejam adequados à espécie (dependendo de vários fatores).

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Diminuição de custos nas operações subsequentes, em concreto no que diz respeito à remoção de rebentos de touça.

Permite o uso de equipamentos moto-manuais e consequente poupança de mão-de-obra.

Aplicável em árvores de todos os diâmetros.

Principais inconvenientes do corte combinado com aplicação de herbicida:

Os efeitos são muito incertos em termos de taxa de emissões de rebentos radiculares.

Operacionalização muito complicada e fortuitamente muito perigosa, necessitando treino específico e rotinas de execução obrigatórias. Exige mão-de-obra especializada.

Obriga a utilização de EPI’s especiais e conhecimento técnico avançado, caso se opte pela utilização de equipamentos moto-manuais.

As condições climatéricas e de mobilidade no terreno podem condicionar as operações, e é preciso ter em conta eventuais restrições locais ao uso de fitocidas.

A eficiência da metodologia pode ser muito afetada pelas condições do local e por fragilidade nas técnicas de aplicação e conservação dos herbicidas.

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27 Prevenção Deteção precoce e resposta rápida Definir alvos e objetivos de conservação Identificar áreas a controlar Avaliar técnicas de controlo disponíveis Desenvolver e implementar o plano de intervenção Monitorizar e avaliar impactos das ações de gestão Rever e modificar o plano se necessário

5 - GESTÃO DE INVASORAS

O delineamento e execução de um plano de gestão de espécies invasoras é frequentemente um sistema moroso e extremamente dispendioso. No entanto, o prolongamento da sua execução conduz ao agravamento das situações e por vezes, a perdas irreversíveis com importante acréscimo exponencial dos custos envolvidos, quer na sua execução quer na atenuação dos prejuízos causados. Quanto mais rápido for desenvolvido menos serão os custos envolvidos e melhores os serviços em termos dos impactos que se evitam.

CICLO DE

GESTÃO DE

PLANTAS

INVASORAS

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5.1 - PREVENÇÃO

A prevenção é a primeira e mais sustentável medida a adotar contra os problemas criados pelas espécies invasoras e é realizada através do impedimento de introdução de novas espécies com potencial invasor e da limitação do uso de espécies invasoras já inseridas.

Inclui três componentes fundamentais e consequentes custos associados:

1) Criação de legislação que regule a entrada de novas espécies e controle a utilização das espécies com comportamento invasor já existentes no país, apoiando-se depois a operacionalidade de mecanismos para aplicação da legislação.

2) Formação e manutenção de um sistema de exclusão de espécies potencialmente invasoras, envolvendo gastos com salários, treino de técnicos, e deteção de introdução de novas espécies potencialmente invasoras ou já listadas como invasoras, nas várias vias de entrada de mercadorias do país; instalação de câmaras de quarentena e de fumigação; mecanismo de inspeção. Contudo, todas as espécies exóticas a introduzir devem ser autorizadas, após demonstrada a sua segurança.

3) Investimento em ações ou campanhas de educação ambiental, sensibilização e informação do público. Um dos grandes obstáculo associados a este problema é que cada pessoa, não consciente do problema, pode contribuir para o agravar da situação quer introduzindo novas espécies quer utilizando espécies invasoras.

5.2 - DETEÇÃO PRECOCE E ERRADICAÇÃO

No caso das espécies com alto potencial invasor que sejam introduzidas, a resolução passa pela monitorização do território, particularmente nas áreas com atenção para a conservação da natureza, de forma a avaliar pouco tempo após a sua introdução. A deteção de espécies com potencial invasor, quando mostram distribuições muito limitadas, possibilita, frequentemente, a sua erradicação com custos relativamente baixos e de forma mais fácil. Embora seja a fase em que se torna mais difícil persuadir os decisores a agir, já que não se visualiza o problema no terreno, é sem dúvida a opção mais acertada. A partir do momento em que as espécies se naturalizam ou começam a invadir, uma erradicação completa pode ser difícil e os custos das ações de controlo aumentam exponencialmente.

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6 - ESPÉCIES INVASORAS EM PORTUGAL CONTINENTAL

E NA ILHA DA MADEIRA

A invasão de plantas exóticas, ameaçando a flora nativa de Portugal, converte-se num problema ambiental (Almeida, 1999; Ministério do Ambiente, 1999; Marchante, 2001; Marchante et al. 2005a, Almeida e Freitas, 2006). Nos últimos dois séculos, e particularmente nas últimas décadas, o número de espécies de plantas inseridas ampliaram extensivamente apresentando agora mais do que 15% dos taxa nativos. Atualmente são listadas em Portugal cerca de 550 espécies de plantas invasoras (Almeida e Freitas, in press). Entretanto, este número deve ser visto como subestimado, efetuando-se constantes novas introduções, sobretudo no sector ornamental, cuja evolução é muitas vezes difícil de acompanhar.

Cerca de 40% das espécies exóticas listadas são, potencialmente vistas como invasoras, abrangendo infestantes agrícolas e invasoras de habitats naturais, enquanto cerca de 7% são vistas invasoras perigosas (Almeida, 1999).

Numa análise da Direção-Geral das Florestas, verificou-se que as espécies indígenas ocupam uma área de mais de 75% da superfície florestal do nosso país, dominando o pinheiro bravo, sobreiro, azinheira e restantes carvalhos. Porém, se contabilizarmos o número de plantas, as espécies exóticas ultrapassaram as espécies indígenas (Leite et al., 1999).

Figura 12 Origem e estatuto das espécies florestais existentes em Portugal (Leite et al., 1999).

Outras Espécies Exoticas

Espécies Indígenas

Espécies Exóticas com interesse para arborização Espécies Exóticas Invasoras Espécies Exóticas Naturalizadas

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Em 1999, a legislação portuguesa confirmou a importância deste problema no decreto-lei nº 565/99, de 21 dezembro, o qual ajusta a introdução na natureza de espécies não indígenas, listando as espécies exóticas inseridas em Portugal, indicando as que são consideradas invasoras, e banindo a inserção de novas espécies a menos que se efetue um exame de avaliação de impactos da espécie a inserir e que se comprove ser inofensiva. Este decreto, segue diretivas que confinem a introdução ordenada e acautelem as inserções acidentais de novas espécies, assim como adotem medidas de controlo e destruição de espécies invasoras já introduzidas. O decreto proíbe também a detenção, criação, o cultivo e a venda das espécies consideradas invasoras.

O controlo das espécies que anteriormente não foram previstas como invasoras em ambientes insulares e no caso concreto nos arquipélagos Macaronésios, reveste-se de um interesse estratégico crescente para a Conservação da Natureza e para a gestão sustentável dos Recursos Naturais, necessidades indispensáveis ao bem-estar socioeconómico das gerações futuras.

O arquipélago da Madeira e das Selvagens ocorrem 430 espécies e subespécies de plantas vasculares consideradas como naturalizadas, representando 35,7% da flora vascular (Jardim e Sequeira, 2008). A Ilha da Madeira exibe o valor mais elevado de taxa exóticos (419) e as Selvagens o menor, com 17. A flora exótica tem tendência a aumentar, pois estão várias espécies em cultivo com enorme potencial de se converterem naturalizadas. Vieira (2002) indicou que 20 espécies cultivadas (florestais e ornamentais) transformaram-se em naturalizadas nos últimos anos. Refira-se que no início do século XX, Menezes (1914) havia apenas citado 160 plantas naturalizadas para o arquipélago da Madeira.

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6.1 - MAPEAMENTO DE ESPÉCIES INVASORAS ILHA DA

MADEIRA

Segundo análise do Mapa 3, podemos observar que existe uma vasta área de espécies invasoras na Ilha da Madeira, distribuídas em 5 classes (Floresta de espécies invasoras, Floresta de espécies invasoras com folhosas, Floresta de espécies invasoras com resinosas, Matos densos exóticos e Matos pouco densos exóticos).

A espécie Cytisus scoparius, localiza-se um pouco por todas as classes referidas no parágrafo anterior, mas com mais incisão onde existe matos densos exóticos.

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7 - CARACTERIZAÇÃO DA ESPÉCIE Cytisus scoparius L.

É naturalmente conhecida por Giesta, foi descrita pela primeira vez para a classificação botânica pelo taxonomista Carolus Linnaeus. Tem origem na Europa Ocidental e Central, foi introduzida na Madeira como espécie ornamental, e mais tarde como controle da erosão e estabilizador de dunas costeiras, sendo neste momento classificada como uma espécie invasora. A sua introdução na Ilha da Madeira data de antes de 1800.

A Cytisus scoparius possui uma alta tolerância para a maioria das condições do solo, com um resultado da sua capacidade de fixar o azoto atmosférico (Wheeler et al., 1979). Tem um melhor desenvolvimento em solos arenosos e em climas secos. Tem como preferência em invadir locais abertos e bermas de estradas.

É uma espécie que pode reproduzir-se vegetativamente ou por semente, com facilidade de rebentar após o corte, pois foi propositadamente propagada a partir de estacas.

Possui um sistema radicular agressivo que consiste numa raiz principal que pode ultrapassar 2 metros de profundidade, e com um grande sistema de raízes laterais.

No seu primeiro ano, a giesta pode atingir mais de 90 cm de altura. Tem um crescimento tão rápido que muitas vezes é impenetrável, impedindo o estabelecimento de espécies nativas. As plantas jovens normalmente não florescem até ao terceiro ano. Possui flores amarelas, geralmente solitárias e axilares, o pico de floração é entre Maio e Junho.

Um individuo pode produzir até 60 vagens durante o seu segundo ano e 300 a 7.000 vagens a cada ano subsequente. Cada vagem geralmente pode conter quatro a nove sementes (Waloff e Richards, 1977), e as sementes podem permanecer viáveis no solo por mais de 80 anos (Hoshovsky, 1986). Um individuo após a sua maturação pode atingir um ciclo de vida em média de 17 anos, mas em alguns casos chega aos 25 anos de idade.

É uma espécie ligeiramente tóxica e intragável para a alimentação de animais, impede a reflorestação e aumenta o risco de incêndios.

Nos quadros 1 e 2 apresentam-se as principais características morfológicas e a classificação taxonómica da espécie Cytisus scoparius.

(44)

33

Tabela 1 Principais características morfológicas da Cytisus scoparius (Fotografias: Paul A Graham)

PRIMAVERA VERÃO INVERNO

Flores: Maio até início

de Junho. Plantas maduras crescem até 3 m de altura Não há presença de folhas.

FOLHAS RAMOS FLOR

Pequenas e

alternadas;

Possui três folhas

perto da base do caule.

Por vezes tem poucas

ou nenhumas folhas.

Os caules novos são

verdes e inclinados;

Tornam-se lenhosas e

de cor cinza.

De cor amarela.

FRUTO

Cada vagem possui 4-9

(45)

34 Tabela 2 Classificação taxonómica da espécie Cytisus scoparius

CLASSIFICAÇÃO TAXÓNOMICA Espécie: Cytisus scoparius

Descritor: (L.) Link Sub-Espécie: scoparius Família: Fabaceae Ordem: Fabales Sub-Classe: Rosidae Classe: Magnolipsida Sub-Divisão: Magnoliphytina (Angiospermae) Divisão: Spermatophyta

Imagem

Figura 1 Esquema hierárquico de classificação das plantas exóticas (adaptado de Pyšek et al.,2004)
Figura 2 Principais etapas de um processo de invasão (http://invasoras.uc.pt/, 2014)
Figura 11 Ciclo de Gestão de Plantas Invasoras (adaptado http://invasoras.uc.pt/)
Mapa 2 Distribuição Cytisus scoparius no planeta (Autor:discoverlife.org/)
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