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3-ORGANIZACAOADMALEMANHA(revistoem09.2010)

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Noções básicas sobre a atual organização político-administrativa da

República Federal da Alemanha - ensaio comparativo com o Brasil

por Lucia (Luz) Meyer

* revisto e atualizado em 09.2010

*Procuradora Jurídica estadual aposentada. Especialista em Direito Econômico e em Direito Administrativo. Ex-Professora de Direito da UFBA, da UNIFACS, da Uni JorgeAmado e do IBES. Professora convidada da Fundação UFBA, da UCSAL, da FABAC, do FEMISP, do IPRAJ. Palestrante junto ao TR/BA. Ex-Coordenadora da MENSA/Brasil na Bahia. Ex-membro efetivo da Comissão

de Advocacia Pública da OAB/Ba. Ex Conselheira do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/Ba. Atualmente residindo em Osnabrück, Alemanha.

RESUMO: Este trabalho visa fornecer uma noção básica sobre a organização

político-administrativa da República Federal da Alemanha, especificamente quanto à composição dos poderes estatais e seus respectivos órgãos, ao sistema eleitoral e aos partidos políticos, conforme previsto na Lei Fundamental Alemã de 1949, até hoje vigente. Paralelamente, faz uma comparação entre o Estado alemão e o Estado brasileiro, ressaltando algumas semelhanças e diferenças existentes na forma de estado, na forma de governo, no sistema de governo e no sistema de representação dos dois países. Entende que, apesar de ambos constituirem-se em democráticas Repúblicas Federativas, a diferença entre eles se faz presente em inúmeros aspectos de sua organização, mormente em decorrência dos diferentes sistemas de governo – parlamentarista, na Alemanha, presidencialista no Brasil – e do sistema de representação popular. Conclui considerando a importância de estudos jurídicos comparativos como forma de repensar sistemas políticos com vistas à contínua busca do inatingível “Estado ideal”.

PALAVRAS-CHAVES: Alemanha; organização político-administrativa; Brasil; poderes estatais;

eleições; partidos políticos; sistema político.

____________________________

ABSTRACT: This paper aims to provide a basic understanding about the political and

administrative organization of the Federal Republic of Germany, regarding the composition of state powers and their organs, the electoral system and the political parties as provided in the Basic Law of 1949, still effective. In addition, provides a comparison between the German and the Brazilian States, highlighting some similarities and differences in the form of state, in the form of government, in the governance system and in the system of representation of both countries. Considers that, although both are based on democratic Federal Republic, the difference between them is present in many aspects of its organization, particularly as a result of the different systems of government – parliamentary in Germany, presidential in Brazil - and in the system of popular representation. Conclusion considering the importance of comparative legal studies as a way to rethink political systems with a view to the continued pursuit of unattainable "ideal state".

KEYWORDS: Germany, political and administrative organization; Brazil; state powers, elections,

political parties, political system.

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SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. O Estado alemão pós 1945 - Divisão e (re)Unificação; Participação em Organizações Internacionais; Situação geográfica, forma de governo, princípios norteadores, forma de estado; Federalismo bipartite; Sistema de governo; Estrutura da Lei Fundamental Alemã – LFA (Grundgesetz). 3. Os Poderes estatais e seus

respectivos órgãos - Órgãos permanentes no Estado alemão. 3.1. Poder Legislativo - O Parlamento Federal (Bundestag) ou

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Alta; O Parlamento Estadual (Landestag); O Conselho Municipal (Gemeinderat). 3.2. Poder Executivo - Esfera federal; Esfera estadual; Nível municipal; O Presidente Federal. 3.3. Poder Judiciário. 4. As eleições - O voto e o sistema eleitoral; As eleições; Outras peculiaridades das eleições na Alemanha; Paralelo esquemático entre o sistema eleitoral na Alemanha e no Brasil; Importância das eleições para o Parlamento Federal; Últimas eleições (27.09.2009) – Bundestag. 5. Os Partidos políticos - Partidos Políticos que têm assento no atual Parlamento Federal (Bundestag). 6.

Conclusão. 1. INTRODUÇÃO

Nos tempos modernos, mais do que nunca, e com vistas a alcançar sucesso nos próprios sistemas políticos, busca-se em Estados bem sucedidos um modelo a seguir. É, de fato, uma busca de experiências vitoriosas que possam ser adaptadas aos anseios de cada nação, seja na forma de estado, no sistema ou na forma de governo, ou mesmo no sistema eleitoral, dentre outros aspectos, tidos como mais “perfeitos” para atenderem aos seus cidadãos.

Neste trabalho visa-se delinear um breve panorama sobre a organização político-administrativa da República Federal da Alemanha e as inovações implantadas pós II Grande Guerra, que a colocam como justo exemplo de um sistema estatal bem sucedido e que vem servindo de inspiração a vários ordenamentos.

Paralelamente, procede-se a sucintas comparações entre a Alemanha e a República Federativa do Brasil, elencando-se algumas semelhanças e outras tantas diferenças no que se refere à organização político-administrativa desses dois países, mais propriamente na análise dos poderes estatais, do sistema de representação e dos partidos políticos.

Conclui-se considerando a atualidade e importância de estudos comparativos como forma de estimular um (re)pensar a respeito de pontos que seriam passíveis, ou possíveis, de serem implantados com vistas à melhoria de sistemas políticos, perseverando sempre na busca do inatingível “Estado ideal”.

2. O ESTADO ALEMÃO PÓS 1945

Divisão e (re)Unificação

Logo após o fim da segunda guerra mundial, em 1945, a Alemanha, totalmente arrasada política, física e emocionalmente, foi dividida em quatro partes, ocupadas pelos “Aliados”, os países capitalistas Estados Unidos da América, Inglaterra e França, que juntos formaram a

Alemanha Ocidental, com capital em Bonn, e pela socialista União Soviética, que ocupou a parte

conhecida como Alemanha Oriental, com capital em Berlin. A cidade de Berlin, por sua vez, também foi repartida em quatro setores, constituindo uma zona ocidental e outra oriental, à exemplo da própria Alemanha; separando as duas zonas foi construído, em 1960, um muro situado em frente

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do portão de Brandenburg (Brandenburgtor) e mundialmente conhecido como o “Muro de Berlin”. Em 23 de maio de 1949, os países ocupantes da Alemanha Ocidental aprovaram a Lei Fundamental Alemã - LFA (Grundgesetz – GG)[1], que acaba correspondendo à Constituição

(Verfassung), passando essa parte capitalista a constituir a República Federal da Alemanha (Bundesrepublik Deutschland - BRD). À Alemanha Oriental, socialista, denominava-se, então, República Democrática Alemã (Deutsche Demokratik Republik - DDR) e que, de fato, longe esteve de ser uma democracia.

Em 09 de novembro de 1989, a fronteira entre a BRD e a DDR foi aberta com a queda do Muro de Berlin. No verão de 1990, em 12 de setembro, através de um acordo entre as “duas Alemanhas” e os quatro países ocupantes, conhecido como o 2+4 Vertrag, a Alemanha volta a ser um Estado unificado. No dia 20 de setembro, os Parlamentos de Bonn e de Berlin Oriental aprovaram o Tratado de Unificação. Em 03 de outubro de 1990 não havia mais DDR, voltando o país a constituir-se em um único Estado soberano, a República Federal da Alemanha (Bundesrepublik Deutschland – BRD) e, com base na Lei Bonn-Berlim, aprovada pelo Parlamento em 10 de Março de 1994, a capital do Estado unificado foi escolhida para ser Berlim, enquanto Bonn obtinha o status único de cidade federal (Bundesstadt) retendo alguns ministérios federais. A partir daquele 03 de outubro os cinco estados que antes formavam a Alemanha Oriental –

Brandenburg, Mecklenburg-Vorpommern, Sachsen, Sachsen-Anhalt e Thüringen – passaram a

integrar o território unificado da BRD. Em 2 de dezembro seguinte realizam-se as primeiras eleições parlamentares da Alemanha unificada, sagrando-se vencedora a coalizão liderada por Helmut Kohl, que se tornou chanceler federal pela quarta vez e eleito primeiro chefe de governo da nova era na história da Alemanha. O dia 03 de outubro é atualmente feriado nacional, sendo considerado o Dia da Unidade Alemã.

Participação em Organizações Internacionais

Desde 1973 a Alemanha é membro da Organização das Nações Unidas – ONU, sendo uma de suas sedes e contribuindo com cerca de dez por cento de seu - da ONU - orçamento regular, constituindo-se no terceiro maior financiador do bloco. Além da ONU, a Alemanha é também membro, dentre outras organizações internacionais, do Grupo dos Oito, da Organização do Tratado do Atlântico Norte - OTAN (desde 1955), da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OECD), da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI)[2]. Desde sua reunificação, a Alemanha tem

tido um papel de liderança na União Européia e na OTAN. De fato, a Alemanha é membro-fundador da Comunidade Européia em 25.03.1957, a qual se tornou a União Européia em 1993.

Assim, ressurgindo das cinzas da 2a Grande Guerra, em menos de meio século a Alemanha

transforma-se em um modelo de Estado para as nações do mundo inteiro.

Situação geográfica, forma de governo, princípios norteadores, forma de estado

Situada no centro da Europa e limitando-se com nove países (Dinamarca, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, França, Suíça, Áustria, República Tcheca e Polônia), com uma superfície de 357.021 km², sendo sua extensão em linha reta de 876 km de norte a sul e de 640 km de leste a oeste, e com uma população de cerca de 83 milhões de habitantes (231 hab./km²), a Alemanha é um Estado democrático, constituindo-se em uma República parlamentarista (parlamentarisch-demokratische

Republik), tendo por fundamento os princípios Federativo (Bundesstaatlichkeit), Democrático

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cujo poder encontra-se dividido entre a Federação (Bund) e seus 16 Estados-federados (Bundesländer), que possuem Constituição, Parlamento e governo próprio, quais sejam: a)

Schleswig-Holstein (capital Kiel); b) Mecklenburg-Vorpommern (Schwerin); c) Brandenburg

(Potsdam); d) Berlin - cidade-estado - capital da Alemanha; e) Sachsen-Anhalt (Magdeburg); f)

Sachsen (Dresden); g) Thüringen (Erfurt); h) Niedersachsen (Hannover); i) Hamburg –

cidade-estado; j) Bremen – cidade-cidade-estado; k) Nordrhein-Westfalen (Düsseldorf); l) Hessen (Wiesbaden); m)

Rheinland-Pfalz (Mainz); n) Saarland (Saarbrücken); o) Baden-Württemberg (Stuttgart); p) Bayern

(München).

Por seu lado, constitui-se o Brasil em República presidencialista, com uma população de cerca de 193 milhões de habitantes (22 hab./km²) e uma área total de 8.511.965 km² - portanto quase 24 vezes maior que a Alemanha -, sendo o país mais extenso da América do Sul, o terceiro das Américas e o quinto do mundo, limitando-se com todos os países do continente, com exceção apenas do Chile. Possui 27 unidades federativas, sendo 26 estados-federados e mais o Distrito Federal, este sediando Brasília, a capital do país.

Federalismo bipartite

Adotando o princípio dualista do federalismo clássico, a Alemanha tem duas esferas de poder: a federal e a estadual. Os Estados alemães comportam divisões internas que não constituem propriamente um terceiro centro de poder, mas sim um nível de descentralização: os municípios. Neste momento vale relembrar que o Brasil é hoje talvez a única Federação no mundo com três esferas de poder, onde o Município, após a Constituição Federal de 1988 (CF/88), foi alçado à condição de ente federativo autônomo, constituindo-se, assim, desde então, em uma singular federação tripartite (art. 1° c/c art. 18 da CF/88). Tal modelo brasileiro chegou a servir de inspiração para a Alemanha que, entretanto, acabou mantendo o federalismo bipartite.

Tem-se pois, na Alemanha, o Estado Federal (Bundesstaat) que se divide em 16

Estados-membros (Bundesländer), sendo que destes, 3 são cidade-estados (Stadtstaaten). Tem-se ainda uma

divisão dos Estados-membros em zonas, constituindo um governo de unidade administrativa (Regierungsbezirke), situadas entre os Distritos e cidades, de um lado, e o governo estadual do outro, sendo que em Estados menores não há esse nível do governo. Em nível intermediário entre os Estados-membros e os níveis municipais existe na Alemanha os Distritos (Landkreisen); cada um desses Distritos tem cidades (Städte) e vilas (Dörfer), que formam os Municípios (Gemeinde ou

Kommune), que é a menor unidade política no Estado alemão.

Comparativamente ao Brasil pode parecer, à primeira vista, que há pouca diferença entre a organização político-administrativa dos dois países, eis que a estrutura brasileira adota a esfera federal (União), a estadual (Estados-membros) e a municipal (Municípios), sendo que, também a nível municipal, poderão os Estados, “mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum” (art 25, § 3° da CF/88). Mas, de fato, no nível municipal as diferenças estruturais entre os dois países se acentuam, adotando a Alemanha características únicas, como, por exemplo, uma marcante submissão dos Municípios ao controle e às leis estaduais. O estatuto básico (Hauptsatzung) do Município alemão, que regulamenta as questões fundamentais do funcionamento da sua administração, é fortemente influenciado pelas Leis de Organização Municipal de cada estado-federado (Landeskommunalordnungen).

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(Regierungsbezirke), que estes, constituindo um diferencial relativamente ao Brasil, existem apenas nos seguintes Estados alemães: a) Baden-Württemberg (4 unidades): Freiburg, Karlsruhe, Stuttgart,

Tübingen; b) Bayern (7 unidades): Oberbayern, Niederbayern, Oberfranken, Mittelfranken, Unterfranken, Oberpfalz, Schwaben; c) Hessen (3 unidades): Darmstadt, Gießen, Kassel; d) Niedersachsen (4 unidades): Braunschweig, Hannover, Lüneburg, Weser-Ems; e) Nordrhein-Westfalen (5 unidades): Arnsberg, Detmold, Düsseldorf, Köln, Münster; e f) Sachsen (3 unidades): Chemnitz, Dresden, Leipzig.

Sistema de governo

No que concerne ao sistema de governo alemão, este difere substancialmente do sistema brasileiro, pois enquanto a Alemanha adota a República parlamentarista, onde existe um Chefe de Estado (Presidente) e um Chefe de Governo (Chanceler), eleitos indiretamente, o Brasil constitui-se em uma República presidencialista, recaindo a chefia de Estado e de Governo na mesma pessoa (Presidente da República) que é eleita diretamente pelo povo. Vale ressaltar, aliás, que o sistema parlamentar alemão diferencia-se até mesmo de outros sistemas parlamentaristas europeus, buscando o Estado alemão um constante aprimoramento na representação democrática.

Estrutura da Lei Fundamental Alemã – LFA (Grundgesetz)

Por oportuno, detalha-se aqui a estrutura da Lei Fundamental alemã - LFA, de 23.05.1949, cujas poucas emendas que sofreu dizem respeito basicamente à reunificação da Alemanha e ao processo de integração na União Européia e que adota, além da Introdução e do Preâmbulo, 146 artigos distribuídos em 11 Capítulos, conforme a seguir elencados:

Capítulo I – Direitos Fundamentais - artigos 1° ao 19; Capítulo II – A Federação e os Estados - artigos 20 ao 37; Capítulo III – O Parlamento Federal (Bundestag) - corresponderia à Câmara de Deputados no Brasil, mas não se iguala – artigos 38 ao 49; Capítulo IV – O Conselho Federal (Bundesrat) - seria, a “grosso modo”, o Senado brasileiro, mas com significativas diferenças – artigos 50 ao 53; Capítulo IVa – A Comissão Conjunta – artigo 53a; Capítulo V – O Presidente Federal (Bundespräsidente) - é o chefe do Estado – artigos 54 ao 61; Capítulo VI – O Governo Federal (Bundesregierung) – o Chanceler, que é o chefe de governo e da administração, e os Ministros Federais – artigos 62 ao 69; Capítulo VII – Competência Legislativa da Federação – artigos 70 ao 82; Capítulo VIII – A execução das Leis Federais e a Administração Federal – artigos 83 ao 91; Capítulo VIIIa – Atribuições comuns – artigos 91a ao 91b; Capítulo IX – O Poder Judiciário – artigos 92 ao 104; Capítulo X – Finanças – artigos 104a ao 115; Capítulo Xa – O Estado de Defesa – artigos 115a ao 115l; Capítulo XI – Disposições transitórias e finais – artigos 116 ao 146.

A Lei de 1949 foi criada em um contexto bastante peculiar, para ter um caráter transitório; é uma Lei Fundamental (Grundgesetz), um Estatuto, e não uma Constituição (Verfassung) no sentido formal, criada por uma Assembléia constituinte. Não se pensava em 1949 que ela fosse ter esse caráter de perenidade, mas o resultado foi tão positivo que, na reunificação da Alemanha em 1989/1990, ninguém se aventurou a mexer na LFA ou convocar uma Assembléia Nacional Constituinte para redigir uma nova Constituição. Assim, aquela Lei Fundamental é, de fato, a Constituição alemã que vige com sucesso por mais de 60 anos com pouquíssimas alterações.

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enumerados, agrupados em 9 Títulos, além do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT, este com 97 artigos, tendo sofrido 6 Emendas Constitucionais de Revisão e 66 Emendas Constitucionais, sendo a última datada de 13.07.2010, espelhando o que para alguns estudiosos constitui-se em uma “fúria legislativa” resultado de constante dissenso e de um permanente jogo de interesses políticos, onde “recortar e emendar” a Lei Maior do país é algo que já beira ao ordinário – somente entre 2005 e julho/2010 a Constituição do Brasil sofreu 21 Emendas.

3. OS PODERES ESTATAIS E SEUS RESPECTIVOS ÓRGÃOS

A Alemanha é um Estado democrático e social que adota, como o Brasil, o princípio da separação de Poderes (Gewaltenteilung), tanto na esfera federal quanto na estadual e, também, a nível municipal. Na prática, entretanto, essa separação não ocorre como no Brasil, sobremodo pelo regime parlamentarista adotado na Alemanha.

São poderes estatais (Staatsgewalt) da Alemanha, com significativas diferenças do modelo brasileiro no exercício de suas funções:

a) o Poder Legislativo (Legislative ou Gesetzgebene Gewalt), que elabora as leis (Parlament) e também participa da função de governo;

b) o Poder Executivo (Executive ou Vollziehende Gewalt), que responde pelo Governo (Regierung) e pela Administração Pública (Verwaltung);

c) o Poder Judiciário (Judikative ou Rechtsprechung), que julga através dos Tribunais (Gerichte).

De fato, diz o artigo 20 da LFA, in verbis (tradução nossa):

(1) A República Federal da Alemanha é um Estado federal democrático e social.

(2) Todo poder do Estado emana do povo. Esse poder é exercido pelo povo através de eleições e votações e por intermédio de órgãos especiais dos poderes legislativo, executivo e judiciário.

(3) O poder legislativo está submetido à ordem constitucional; os poderes executivo e judiciário, à lei e ao Direito.

(4) Contra qualquer um que pretenda eliminar essa ordem todos os alemães tem o direito de resistência quando não for possível outro recurso.

Órgãos permanentes no Estado alemão

Especificamente, são cinco os órgãos permanentes da República Federal da Alemanha: a) Bundespräsident – o Presidente Federal, que é o Chefe de Estado, exercendo suas funções no Schloss Bellevue, em Berlin;

b) Bundestag – o Parlamento Federal, composto de 598 membros fixos, podendo esse número ser acrescido. Corresponderia à Câmara de Deputados no Brasil. Tem sede no Reichstag, em Berlin;

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Governo, e seus Ministros. Funciona no Bundeskanzleramt e no Ministério, em

Berlin;

d) Bundesrat – o Conselho Federal, com 69 membros. Funciona em Berlin;

e) Bundesverfassungsgericht – o Tribunal Constitucional Federal, funcionando em

Karlsruhe.

3.1 PODER LEGISLATIVO (LEGISLATIVE OU GESETZGEBENE GEWALT) Por adotar a Alemanha o sistema parlamentarista, o Poder legislativo encontra-se em um patamar mais elevado – de importância - que os outros dois Poderes estatais. Isso se pode depreender, ademais, do já citado art. 20 da Lei Fundamental, quando prevê que “o poder legislativo está submetido à ordem constitucional”, enquanto submetem-se “os poderes executivo e judiciário à lei e ao Direito”.

Pode-se dizer que, do mesmo modo que no Brasil, existe na Alemanha, na esfera federal, duas Casas Legislativas adotando-se, pois, o mesmo princípio do bi-cameralismo.

O Parlamento Federal (Bundestag) ou Câmara Baixa

O Parlamento Federal (Bundestag) - ou Câmara Baixa - que, como anteriormente dito, corresponderia à Câmara de Deputados no Brasil, tem como principais atribuições legislar e acompanhar o desempenho do governo, além da de eleger o Chanceler. Tem 598 assentos fixos, mas este número pode ser ultrapassado conforme o resultado das eleições (atualmente tem 622 lugares) e representa o povo, sendo considerado o principal órgão legislativo da Alemanha. Seus membros, os Deputados Federais, são eleitos por voto popular, em um complexo sistema que combina a representação direta e a proporcional. O Presidente do Parlamento alemão (Bundestagspräsident) é o segundo em ordem de importância no Estado. O mandato é de 4 anos, na forma do art. 39, 1 e 2, da LFA:

(1) O Bundestag é eleito por quatro anos, salvo o regulado nas disposições seguintes. Sua legislatura termina com a constituição de um novo Bundestag. As novas eleições terão lugar não antes de quarenta e seis meses e no mais tardar quarenta e oito meses depois do começo da legislatura. Em caso de dissolução do Bundestag as novas eleições terão lugar dentro dos sessenta dias seguintes. (2) O Bundestag se constituirá no mais tardar trinta dias depois das eleições.

Pode haver, excepcionalmente, uma dissolução antecipada do Parlamento Federal através do Presidente Federal.

O Parlamento constituirá Comissões Parlamentares cujas reuniões, em regra, não são públicas. Mesmo quando um Deputado se desfilie do Partido ele mantém seu mandato, mesmo porque, na Alemanha, a filiação partidária não é condição de elegibilidade, sendo possível a candidatura avulsa, o que reforça a independência dos Deputados. No Brasil a filiação partidária é condição constitucional de elegibilidade mas, uma vez eleito e tomado posse, o representante também pode se desfiliar, ou ser desfiliado, sem perder o mandato; entretanto, para concorrer a novas eleições deverá novamente estar filiado pelo menos 1 ano antes do novo pleito, não se admitindo a candidatura avulsa.

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O Conselho Federal (Bundesrat) ou Câmara Alta

O Conselho Federal (Bundesrat) – também chamado Câmara Alta -, com 69 membros, que corresponderia - com importantes diferenças - ao Senado brasileiro, representa os Estados-federados. Cada Estado indica entre 3 a 6 representantes, a depender de sua população – quanto mais populoso o Estado, maior representação no Bundesrat -, e esses representantes não são eleitos pelo voto popular. Diz o art. 51, 2, da LFA que “cada Estado tem, pelo menos, três votos. Os Estados com mais de dois milhões de habitantes tem quatro votos; os com mais de seis milhões, cinco, e os com mais de sete milhões seis votos”.

O mandato depende da data das eleições em cada Estado-membro e apenas os Governadores e seus secretários podem representar seus próprios Estados nas reuniões e votações do Bundesrat. De fato, os governadores dos Estados-membros têm o direito de indicar e exonerar seus enviados em qualquer momento e somente aqueles que têm assento e voto em um governo estadual pode ser um membro do Conselho Federal. Ou seja, os membros do Conselho Federal só pode ser os Governador e os secretários de Estado-federado. Os votos de um Estado no Conselho Federal só podem ser dados por unanimidade. A maioria das leis alemães, desde que afetem os interesses dos Estados, necessitam da aprovação deste Conselho. Caso o Bundesrat diga “não” a uma nova lei o

Bundestag deverá apresentar nova proposta.

O Conselho Federal elege internamente seu Presidente, com mandato de 1 ano, em um sistema rotativo; a este cabe representar o Presidente Federal em seus impedimentos.

Diz o art. 50 da LFA que “os Estados participarão, através do Conselho Federal, na legislação e na administração da Federação e nos assuntos da União Européia”.

O Parlamento Estadual (Landestag)

O Poder Legislativo estadual é o Landestag. Nas cidades-estado (Berlin, Hamburg e

Bremen) esse órgão legislativo é denominado de Senat (e não Landestag), e não se confunde com o

Senado brasileiro. Assim, tanto o Landestag como o Senat correspondem à Assembléia Legislativa (órgão legislativo estadual) do Brasil. Os Deputados estaduais, a exemplo dos Deputados federais, também são eleitos pelo povo.

O Conselho Municipal (Gemeinderat)

A nível municipal temos o Conselho Municipal (Gemeinderat), onde os Vereadores também são, em regra, eleitos pelo povo. O nome desse órgão varia nos diferentes Estados da Federação.

3.2 PODER EXECUTIVO (EXECUTIVE ou VOLLZIEHENDE GEWALT)

O Poder Executivo alemão, como no Brasil, tem função de governo (Regierung) e de administração (Verwaltung), sendo que na Alemanha a função de governo é exercida com a participação do Poder Legislativo, como no sistema brasileiro, porém ainda com maior vínculo entre os dois Poderes.

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Na esfera federal tem-se o Governo federal (Bundesregierung) e a Administração federal (Bundesverwaltung), ambos chefiados pelo Chanceler (Kanzler), eleito pelo Parlamento federal (Bundestag) e nomeado pelo Presidente federal; o Chanceler, terceiro na ordem de comando da Alemanha, conta com auxílio de seus Ministros Federais (Bundesminister) que ele indica para serem nomeados também pelo Presidente federal. Ao Governo federal compete, dentre outras atribuições, a política externa, a política de defesa, a política monetária, a política de transporte e de correios e também a política de poluição do ar.

O Chanceler federal (Bundeskanzler) governa juntamente com seus Ministros (Bundesminister); desde 2005 o cargo é ocupado por Angela Merkel (do Partido CDU), que foi reeleita em 2009 para mais uma gestão. Em outros países é denominado de 1° Ministro, sendo eleito por maioria absoluta pela Câmara de Deputados (Bundestag). O Chanceler é o único membro do Gabinete Ministerial - o Governo federal -, a ser eleito pelo Parlamento federal e a prestar contas ao mesmo. Ele nomeará um Ministro federal para o cargo de Chanceler federal suplente (art. 69,1 da LFA (GG).

Vale repetir que, como a Alemanha adota um sistema de governo parlamentarista, o Poder Executivo convive diretamente com o Poder Legislativo. Muitas vezes o Chanceler federal e seus Ministros são igualmente deputados, portanto membros do Bundestag, e freqüentam as sessões plenárias do Parlamento.

Esfera estadual

Na esfera estadual tem-se o Governo estadual (Landesregierung) e a Administração estadual (Landverwaltung) exercidos pelo Governador (Ministerpräsident), que é eleito por sua respectiva Assembléia Legislativa (Landestag) e que conta com o auxílio de seus Secretários (Landesminister). Ao governo estadual compete, por exemplo, a política escolar, a política cultural e a polícia. O governo estadual tem significativa ascendência sobre os Municípios.

Nível municipal

Quase na mesma esteira segue-se o nível municipal, onde se tem os Prefeitos (Bürgermeister), também eleitos, em regra, pela Câmara Municipal (Gemeinderat/Stadtrat); entretanto, vários Municípios alemães já adotam o voto direto – pelo povo - para Prefeito. Neste nível existe maiores peculidaridades no sistema alemão que o diferencia do brasileiro. De fato, existem na Alemanha os governos de unidades administrativas (Regierungsbezirke) em um nível intermediário entre o estado-membro e o Município; existem também os Distritos (Kreisverwaltugen); e, a nível municipal propriamente dito, existe a Administração municipal que, a depender de certos critérios, constituirá Kommuneverwaltungen ou Gemeindeverwaltungen ou

Stadtverwaltungen. Ao governo municipal, considerado quase que verdadeira subdivisão

administrativa do Estado-membro, compete os assuntos mais importantes para o cidadão, tais como o fornecimento de água e energia, serviço de coleta de lixo, trabalho para jovens, educação e lazer. Conforme dito anteriormente, é um tanto peculiar esse nível de estrutura político-administrativa na Alemanha, porém neste estudo apenas apontaremos sua existência e algumas singularidades.

Vale trazer sobre este tópico o precioso ensinamento de KRELL, Andreas Joachim no artigo “Autonomia municipal no Brasil e na Alemanha. Uma visão comparativa”[3]:

Em alguns estados alemães, o prefeito (Bürgermeister) e os vereadores (Räte = conselheiros) são diretamente eleitos pelo povo; em outros, os cidadãos votam apenas nos vereadores, os quais, por sua

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vez, elegem um integrante do conselho para ser o prefeito. Além disso, há estados onde o prefeito possui os plenos direitos de chefe do executivo local; em outros, ele somente exerce funções representativas, enquanto a administração do município cabe a um diretor executivo (Stadtdirektor). No estado economicamente mais importante da Alemanha, na Renânia-Norte/Westfália, o governo das comunas e cidades é atribuído a uma comissão executiva (Magistrat) eleita pelo Conselho, e o prefeito é somente o diretor dessa comissão, um primus inter pares.

No Brasil, a autonomia municipal configura-se, da mesma forma que em nos Estados-membros, pela capacidade de organização e normatização própria, de autogoverno e de auto-administração.

O Presidente Federal

Prosseguindo na linha de estudo, esclarecemos que o Chefe do Estado alemão (Staatsoberhaupt), cargo público mais alto da Alemanha, é o Presidente Federal (Bundespräsident), de caráter mais representativo, ou simbólico. O cargo era ocupado por Horst Köhler (do Partido CDU) desde 1° de julho de 2004 (ele foi reeleito em 2009 para novo mandato de 5 anos); entretanto, Köhler renunciou, de forma inesperada, em 30 de maio de 2010. Em 30 de junho foi eleito Christian Wulff (também do CDU), então Governador do estado de Niedersachsen, que prestou juramento em reunião conjunta do Bundestag e Bundesrat em 02 de julho de 2010.

O Presidente é eleito por um colégio eleitoral, também denominado de Convenção Nacional ou Assembléia Federal (Bundesversammlung), convocado especificamente para esse fim; tal Convenção é composta pelos membros da Câmara de Deputados (Bundestag) e por igual número de delegados indicados pelas Assembléias Legislativas (Landestag) dos Estados-membros; logo, desta feita, na eleição de Wulff, contava com 1.244 membros. Vale observar que podem ser nomeadas para essa Convenção Nacional personalidadades eméritas que não sejam membros das Casas Legislativas. O mandato presidencial é de 5 anos, permitida apenas uma recondução. A idade mínima para ser eleito Presidente Federal é de 40 anos e ele será substituído, em caso de impedimento, pelo Presidente do Bundesrat (arts. 54-61/LFA).

Nesse aspecto percebe-se uma profunda diferença entre Alemanha e Brasil, eis que no Brasil, presidencialista, não existe um 1° Ministro, ou Chanceler, sendo o Presidente da República ao mesmo tempo Chefe de Governo e Chefe de Estado, eleito com seu Vice diretamente pelo povo para um mandato de 4 anos, permitida uma recondução. A idade mínima para tomar posse é de 35 anos e a chefia do Executivo sofre um controle muito menor, no exercício de suas funções, do que na Alemanha parlamentarista.

3.3 PODER JUDICIÁRIO (JUDIKATIVE OU RECHTSPRECHUNG)

Na Alemanha o Poder Judiciário (Judikative ou Rechtsprechung) existe, como no Brasil, nas esferas federal (Bundesverfassungsgericht e Oberste Gerichtshöfe des Bundes) e estadual (Verfassungsgerichte der Länder), mas não a nível municipal.

A instância máxima do Poder Judiciário alemão é o Tribunal Constitucional Federal (Bundesverfassungsgericht), cuja sede é na cidade de Karlsruhe, no Estado de Baden-Württemberg. A ele cabe o controle da observância da Constituição Federal e só se manifesta quando invocado para tal. Corresponderia ao Supremo Tribunal Federal - STF brasileiro, porém com algumas

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significativas diferenças, como por exemplo muitas vezes no Brasil o STF disputa espaço com o Poder Legislativo, o que não ocorre na Alemanha, onde o Parlamento não pode ser desautorizado.

Diz o art. 92 da LFA, dispondo sobre a organização do Judiciário, que:

O Poder Judiciário é confiado aos juízes; é exercido pelo Tribunal Constitucional Federal e pelos tribunais federais previstos na presente Lei Fundamental e pelos tribunais dos Estados.

Compete ao Tribunal Constitucional Federal julgar os processos entre a Federação e os Estados-membros, bem como entre os diferentes órgãos federais. Também a ele cabe o controle de constitucionalidade das leis federais e estaduais, bem como a observância dos direitos fundamentais dos cidadãos, que podem recorrer ao Tribunal apenas como última instância.

Vale ainda observar que os Juízes do Tribunal Constitucional alemão possuem período pré-determinado de atuação, sendo os mandatos de 12 anos, sem direito a prorrogação. O Tribunal é dividido em duas Turmas, também denominadas de Senat, tendo cada Turma oito magistrados. No Brasil os membros do STF tem mandatos fixos, ou vitalícios, vale dizer, permanecem no cargo até a aposentadoria compulsória, hoje aos 70 anos de idade, salvo se renunciar antes.

Os Juízes (Richter) do Bundesverfassungsgericht são escolhidos, metade pelo Bundestag e a outra metade pelo Bundesrat, sendo que não poderão pertencer ao Bundestag, nem ao Bundesrat, nem ao Governo Federal e nem aos órgãos correspondentes de um Estado membro. No Brasil os membros do STF são indicados pelo Presidente da República, submetidos à aprovação do Senado e nomeados pelo Presidente da República.

Tem-se ainda os Tribunais Distritais (Amtsgericht) e os Tribunais Regionais (Landgericht) nas primeiras instâncias. Há os Tribunais de Recursos (Oberlandesgericht) e, em última instância civil e penal, o Tribunal Federal de Justiça (Bundesgerichtshof) localizado em Karlsruhe e em

Leipzig.

Finalmente, existem também os Tribunais Especializados, de caráter nacional, tais como: o Tribunal Federal do Trabalho (Bundesarbeitsgericht) localizado em Erfurt, que corresponde ao Tribunal Superior do Trabalho no Brasil; o Tribunal Federal de Finanças (Bundesfinanzhof) localizado em München; o Tribunal Federal de Patentes (Bundespatentgericht), também em

München; o Tribunal Administrativo Federal (Bundesverwaltungsgericht), localizado em Leipzig; o

Tribunal Social Federal (Bundessozialgericht) localizado em Kassel; o Tribunal Federal Disciplinar (Bundesdisziplinargericht), localizado em Frankfurt am Main.

Assim dispõe o art. 95, 1 da LFA:

Nos âmbitos das jurisdições ordinária (civil e penal), administrativa, financeira, do trabalho e social, a Federação criará como Tribunais Supremos o Tribunal Federal de Justiça, o Tribunal Federal Contencioso-administrativo, o Tribunal Federal da Fazenda, o Tribunal Federal do Trabalho e o Tribunal Federal Social.

É preconizada, pois, a criação de Tribunais Federais Superiores no âmbito do direito comum.

4. AS ELEIÇÕES

O voto e o sistema eleitoral

(12)

vale dizer, para eleger representantes do Parlamento Federal (Bundestag), das Assembléias Legislativas estaduais (Landstag e Senat) e das Câmaras de Vereadores (Gemeinderat). Ressalve-se que, em alguns Municípios, como em Colônia (Köln), vota-se diretamente também para o Executivo Municipal, ou seja, para Prefeito. Percebe-se a grande diferença em relação ao Brasil, onde o Presidente da República, os Governadores e os Prefeitos, – com seus Vices -, os Senadores – com seus suplentes -, os Deputados Federais, Estaduais e Distritais e os Vereadores são todos eleitos diretamente pelo povo (ressalvando-se a excepcionalidade do art. 81, § 1°, da CF/88, extensiva a governadores e prefeitos).

O sistema de eleições do Parlamento Federal alemão é o distrital misto, que combina a eleição de Deputados pelo sistema de maioria simples - com o voto distrital-, com a eleição por voto proporcional na legenda. De fato, o eleitor poderá votar em um candidato e também em um Partido, ou só no Partido, ou só no candito, vale dizer, na hora de votar o eleitor pode dar dois votos, sendo um para seu candidato distrital e o outro para a legenda partidária. O Brasil, por sua vez, adota como sistemas eleitorais o majoritário para os cargos do Executivo e para o Senado, e o

proporcional para as demais Casas legislativas.

Em outras palavras[4]:

O sistema eleitoral para o Parlamento federal da Alemanha é um “direito eleitoral proporcional personalizado”. Cada eleitor tem dois votos. Com o primeiro voto, ele elege o seu candidato do distrito eleitoral, conforme o sistema de maioria relativa, quer dizer, o candidato que reúna o maior número de votos ganha. Com o segundo voto, ele escolhe os deputados que chegarão ao Parlamento federal através das chamadas listas estaduais dos partidos. Os votos dos distritos eleitorais e os votos das listas estaduais são computados de maneira que o Parlamento federal seja composto quase na relação da distribuição de votos dados aos partidos. No caso de um partido conquistar mais mandatos diretos (primeiro voto) nos distritos eleitorais do que lhe caberia de acordo com a porcentagem dos votos (segundo voto) dados aos partidos, ele pode ficar com tais “mandatos suplementares”, sem que haja alguma compensação para os outros partidos. Nesse caso, o Parlamento federal ganha mais deputados do que o número definido pela lei,...

Ou seja, na Alemanha o eleitor tem direito a dois votos para o Parlamento Federal (Bundestag):

a) pelo primeiro voto, dado ao candidato, elege-se metade dos membros do Parlamento. Esses candidatos representam os 299 distritos eleitorais nos quais a Alemanha é dividida, sendo que cada distrito elege um Deputado (federal). É o voto para escolher um candidato distrital (cada Partido político tem direito de lançar um nome por distrito, ou zona eleitoral), daí ser também chamado de voto distrital; utiliza o sistema majoritário, onde são eleitos diretamente os que que obtiveram a maioria dos votos.

b) o segundo, é o voto de legenda (dado ao Partido), pelo sistema proporcional, e elege a outra metade das cadeiras do Parlamento. É distribuído de acordo com o princípio da representação proporcional, em proporção à cota dos segundos votos obtidos pelos Partidos que conseguiram mais do que 5% de todos os votos para si próprio.

As eleições

Ocorrem diferentes eleições, em períodos também diversos, na Alemanha. E, conforme anteriormente dito, o cidadão não vota para os cargos de Presidente Federal, de Chanceler e de

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Governador de Estado nem, em regra, para o de Prefeito, pois estes são eleitos através do Poder Legislativo; e também não vota para o Conselho Federal (Bundesrat). Os cidadãos votam apenas para cargos legislativos salvo, conforme já mencionado, e apenas em certos Municípios, para Prefeito. Há ainda as eleições para os representantes da Alemanha na União Européia (Europäische

Union - EU).

Todo cidadão alemão, a partir dos 18 anos de idade e desde que tenha pelo menos 1 ano de nacionalidade (Staatsangehörigkeit) alemã, tem permissão de votar, sendo o voto, assim, um direito e uma liberdade (freiwillig), ou seja, na Alemanha o cidadão vota se quiser, mas é expressivo o número de eleitores que comparece às urnas, ultrapassando a casa dos 75%. No Brasil, por outro lado, o voto é obrigatório a partir dos 18 anos de idade, constituindo-se, pois, um dever, e apenas facultativo entre os 16 e 18 anos.

Há eleições na Alemanha para a esfera federal (Bund), estadual (Land) e a nível municipal (Kommune), quais sejam:

a) Bundestagwahl - eleição para os representantes (Abgeordneten/Volskvertreten) do Legislativo Federal (Parlamento Federal), a cada 4 anos. A última eleição foi no dia 27 de setembro de 2009;

b) Landestagwahl - eleição para os representantes (Abgeordneten/Volskvertreten) do Legislativo Estadual (o Parlamento Estadual), a cada 4 ou 5 anos, dependendo do Estado;

c) Kommunalwahl - eleição municipal. Para os representantes municipais existem diversos nomes, por exemplo, quando não é uma cidade, denomina-se de Conselho da Comunidade (Gemeinderat); em algumas cidades tem-se o Conselho da Cidade (Stadtrat) com outras designações, por exemplo, Stadtverordnetenversammlung. Essa eleição compreende:

c.1) eleição para o Legislativo Municipal (Gemeinderatswahl), que ocorre a cada 4 ou 6 anos, dependendo do Município, e elegendo-se os representantes (Abgeordneten/Volskvertreten) de uma cidade (Stadt) ou de um Município (Gemeinde);

c.2) eleição para Prefeito (Bürgermeisterwahl) de uma cidade (Stadt) ou de um Município (Gemeinde), a cada 5 ou 8 anos, a depender do Município. d) ainda, há a eleição para a União Européia - EU, atualmente com 27 países participantes e da qual a Alemanha é um dos membros fundadores, e que ocorre a cada 5 anos. A última eleição foi em junho de 2009.

Outras peculiaridades das eleições na Alemanha

A República Federal da Alemanha constitui para muitos uma “colcha de retalhos” democrática, onde cada província é dividida em círculos eleitorais. No dia da eleição para o Parlamento Federal cada um dos 299 círculos eleitorais também serão novamente divididos em distritos eleitorais.

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Nordhein-Westfalen, Sachsen-Anhalt e Schleswig-Holstein) é possível votar nas eleições municipais a partir

dos 16 anos de idade.

Ressalte-se, ainda, que o nacional de qualquer país que faça parte da União Européia

(EU-Bürger) e que more a pelos menos 3 meses em determinado Município da Alemanha, pode votar nas

eleições municipais daquela circunscrição eleitoral.

Outrossim, como o voto não é obrigatório, não existe na Alemanha o “Título de Eleitor”. E aqui vale fazer um parênteses para explicar a situação: todo cidadão alemão é registrado na cidade onde mora; tal registro (Anmeldung) é obrigatório e sempre que o cidadão se muda para outra cidade deverá aí providenciar, junto ao órgão competente (Stadthaus), seu novo registro; aliás, qualquer mudança de endereço residencial deverá sempre ser oficialmente registrada. Assim, tem-se o controle exato de quantos cidadãos moram em cada cidade alemã e de onde eles moram! Na Carteira de Identidade alemã (Personalausweis) consta, além de nome, data e local de nascimento, também seu endereço residencial. Com tal informação o Governo encaminha à residência do cidadão, cerca de 1 mes antes da eleição, uma “Autorização de Voto” (Wahlberichtigten) para aquela eleição, com o nome do cidadão e dizendo qual é a eleição que vai se realizar, onde (wo) e quando (wann) ele poderá votar. No dia do pleito o cidadão leva essa autorização ao local de votação indicado (Wahllokal in Gemeinde), com sua carteira de identidade, e recebe a cédula eleitoral (Stimmzettel) para votar. Existe a cabine para manter o sigilo do voto e o cidadão, após marcar o nome de seu candidato (Voto 1) e do Partido Político (Voto 2), coloca a cédula na urna. Não é preciso assinar qualquer lista, mas a Mesa Receptora de Votos carimba a confirmação de que aquele cidadão votou. Mais interessante ainda, e diferentemente do sistema eleitoral brasileiro, é que o cidadão pode indicar outra pessoa para votar em seu lugar, bastando escrever no verso de sua Autorização de Voto os dados da pessoa (nome, endereço, data de nascimento) e esta poderá representá-lo naquela eleição; pode-se dizer que é o “voto por procuração”.

Paralelo esquemático entre o sistema eleitoral na Alemanha e no Brasil

Vale aqui relacionar essas semelhanças e diferenças básicas entre o sistema eleitoral na Alemanha e no Brasil. Na Alemanha:

a) o voto é direto (unmittelbar), é igual (gleich) para todos, ou seja, tem o mesmo peso, é secreto (geheim) e é geral (allgemein), ou seja, todo cidadão alemão, a partir dos 18 anos, preenchendo os requisitos legais, pode votar, aspectos estes aos quais o sistema brasileiro se assemelha;

b) o voto é livre (frei), diferentemente do Brasil que adota a obrigatoriedade de votar; c) não adota o Título de Eleitor, diferentemente do Brasil, onde a falta de alistamento e, conseqüentemente, a falta do Título Eleitoral, traz graves consequências;

d) o cidadão recebe, pelo Correio, para cada eleição, uma “Autorização de Voto”, o que não existe no Brasil já que o brasileiro tem um Título de Eleitor válido para todas as eleições;

e) o processo de votação na Alemanha não é eletrônico, diferentemente do Brasil onde foram implantadas as urnas eletrônicas;

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término da eleição, na própria mesa de eleição, podendo o eleitor ajudar nesse processo. Também aqui difere do Brasil, onde existem as Juntas Apuradoras, em local distinto das Mesas Receptoras de voto, e o cidadão apenas poderá observar a apuração, sem participar;

g) é permitido ao cidadão votar por correspondência, diferentemente do Brasil, onde não existe tal hipótese;

h) é permitido ao cidadão indicar outra pessoa para votar por ele, bastando o eleitor indicar (sem precisar reconhecer firma) no anverso da Autorização de Voto quem deverá representá-lo para tanto, diferentemente do Brasil onde chega a ser inconcebível tal prática na atual estrutura político-social (face a possibilidade de facilitação da fraude na “compra e venda” desses votos);

i) o cidadão pode votar apenas a partir dos 18 anos de idade, sendo que somente em cinco Estados-membros do Alemanha é possível o voto a partir dos 16 anos de idade e, neste caso, apenas em eleições municipais de alguns Municípios, diferentemente do Brasil onde o voto de maiores de 16 e menores de 18 anos foi implantado para todas as eleições, em caráter facultativo, desde a CF/88;

j) as eleições estaduais não ocorrem na mesma data em todos os Estados alemães, podendo até ser em anos diferentes; e o mesmo se dá em relação aos Municípios. Também nisso difere do Brasil onde as eleições gerais realizam-se na mesma data – primeiro domingo do mes de outubro do ano eleitoral -, de 4 em quatro anos, assim como as eleições municipais, que também se realizam na mesma data, de 4 em 4 anos, intercalando-se com as eleições gerais, simultaneamente em todo território brasileiro.

Como exemplo, veja-se o calendário eleitoral na Alemanha em 2009[5]:

18 de janeiro - eleição para a Assembléia Legislativa do estado de Hessen. 23 de maio - eleição do Presidente Federal (pela Assembléia Nacional).

07 de junho - eleição para o Parlamento Europeu; eleições municipais no estado de

Baden-Württemberg; eleições municipais no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental; eleições municipais no estado da Renânina-Palatinado; eleições municipais no estado de Sarre; eleições municipais no estado da Saxônia; eleições municipais no estado da Saxônia-Anhalt; eleições regionais na Região de Stuttgart.

30 de agosto - eleição para a Assembléia Legislativa do estado do Sarre; eleição para a

Assembléia Legislativada do estado da Saxônia; eleição para a Assembléia Legislativa do estado da Turíngia; eleições municipais no estado da Renânina do Norte-Vestfália.

27 de setembro - eleições gerais para o Parlamento Federal (que por sua vez elege o

Chanceler Federal); eleição para a Assembléia Legislativade do estado de Brandemburgo.

k) o cidadão não vota diretamente para Presidente da República (Chefe de Estado), nem para Chanceler (Chefe de Governo) e nem para Governador de Estado e na maioria dos Municípios também não vota para Prefeito. No Conselho Federal (Bundesrat), seus representantes também não são eleitos pelo voto do povo.

É outro ponto que difere do sistema brasileiro, onde vige o voto direto para todos os chefes do Executivo e para todos os membros do Legislativo;

l) o cidadão não alemão, portanto o estrangeiro, porém membro da União Européia, e desde que morando a pelo menos 3 meses no Município alemão, pode votar nas eleições municipais daquele Município (ele vai receber na sua residência a

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Autorização de Voto).

No Brasil, apenas o cidadão brasileiro, nato ou naturalizado, pode votar, com exceção, tão somente, do cidadão português, pois, neste caso, face ao Tratado da Amizade firmado entre o Brasil e Portugal, comprovando residência e permanência mínima de 5 anos no Brasil, dentre outros requisitos, poderá o português, em querendo, alistar-se e, em decorrência do alistamento, votar (cidadania ativa).

m) é possível o voto em trânsito, quando o eleitor não se encontra em sua circunscrição eleitoral. No Brasil, a recente Lei n° 12.034, de 29.09.2009, que altera a Lei dos Partidos Políticos, a Lei Geral das Eleições e o Código Eleitoral, acresce o art. 233-A ao Código Eleitoral dispondo que “aos eleitores em trânsito no território nacional é igualmente assegurado o direito de voto nas eleições para Presidente e Vice-Presidente da República, em urnas especialmente instaladas nas capitais dos Estados e na forma regulamentada pelo Tribunal Superior Eleitoral.”

Quanto às eleições para Presidente Federal (Chefe de Estado), Chanceler (Chefe de Governo) e Governadores, repita-se, estas são realizadas pelo Poder Legislativo. O Presidente Federal não é eleito pelo voto do povo, mas por uma Assembléia Nacional que se reúne única e especificamente para tal fim: o Bundesversammlung (Bundestag + representantes dos Estados-membros). O Chanceler também não é eleito pelo povo, mas pela Câmara Federal (Bundestag). Também os Governadores são eleitos pelo Legislativo Estadual e a maioria dos Prefeitos pelo Legislativo Municipal.

Importância das eleições para o Parlamento Federal

A importância das eleições federais na Alemanha, quando se escolhe os membros do Parlamento Federal (Bundestag), reside não apenas na eleição dos Deputados Federais, mas também, no fato de que do resultado dessa eleição depende diretamente a indicação do novo Chanceler, o Chefe de Governo e da Administração, que será eleito pelo novo Parlamento Federal. Daí que, embora sem haver eleições diretas para Chefe de Governo, existe a propaganda eleitoral desses candidatos, incluindo debates públicos, para ser estimulado o voto da Bundestagwahl nos representantes e nos Partidos a que pertence o candidato a Chanceler.

Últimas eleições (27.09.2009) - Bundestag

Nas últimas eleições para o Parlamento Federal, que ocorreram no dia 27 de setembro de 2009, quando cerca de 62,2 milhões de alemães compareceram às urnas para votar, o Bundestag passou a ser constituído de 622 cadeiras distribuídas entre os seguintes Partidos: FDP = 93, coalisão CDU (194)/CSU (45) = 239, Bündnis 90/Die Grünen = 68, SPD = 146, Die Linke = 76.

Em 28 de outubro seguinte o Bundestag (re)elegeu, com 323 votos de um total de 612 votantes, Angela Merckel, líder do CDU, como Chanceler da Alemanha por mais um período de 4 anos. Ela disputava o cargo com o Ministro das Relações Exteriores Frank-Walter Steinmeier, do SPD.

Vale assinalar que em 26 de outubro o CDU e o Partido irmão CSU firmaram coalisão com o FDP para apoiar a reeleição de Angela Merckel. Na eleição anterior, de 2005, o CDU havia firmado coalisão com o SPD. Foi a primeira vez que na Alemanha uma coalisão diferente reelege um Chanceler antes eleito por outra coalisão.

(17)

Detalhes sobre o sistema eleitoral da Alemanha são regulados pela Lei Eleitoral (Bundeswahlgesetz - BWG[6]) e pelo Regulamento Eleitoral Federal (Bundeswahlordnung – BWO).

No Brasil tratam das eleições o Código Eleitoral, a Lei Geral das Eleições, a Lei dos Partidos Políticos e a Lei das Inelegibilidades, dentre outras, além das diversas Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral.

5. OS PARTIDOS POLÍTICOS

Na Alemanha existem inúmeros partidos políticos e também diversas associações partidárias. Interessante frisar que todos os partidos cobram mensalidades de seus filiados, diferentemente do Brasil onde não existe tal procedimento partidário. A Lei Fundamental Alemã - LFA dedica o art. 21 aos partidos políticos, estabelecendo que (tradução nossa):

(1) Os partidos participam na formação da vontade política do povo. Sua fundação é livre. Sua organização interna deve observar aos princípios democráticos. Os partidos deverão prestar contas publicamente da procedência e uso de seus recursos, assim como de seu patrimônio.

(2) Os partidos que por suas finalidades ou pelo comportamento de seus filiados tendam a desvirtuar ou eliminar o regime fundamental de liberdade e democracia, ou a colocar em perigo a existência da República Federal da Alemanha, são inconstiucionais. Sobre a constitucionalidade decidirá o Tribunal Constitucional Federal.

(3) A regulamentação far-se-á por leis federais.

Também diferentemente do Brasil, onde os partidos políticos são obrigatoriamente de caráter nacional, existe no sistema alemão partidos nacionais e partidos regionais. Dentre os grandes partidos apontamos: SPD – Sozialdemokratische Partei Deutschlands (Partido Social Democrata da Alemanha); CDU – Christlich Demokratische Union Deutschlands (União Democrata Cristã da Alemanha - exceto em Bayern); FDP - Freie Demokratische Partei (Partido Liberal Democrata); DIE LINKE – Die Linke (A Esquerda); GRÜNE – Bündnis 90/Die Grünen (Aliança 90/Os Verdes); CSU – Christlich-Soziale Union in Bayern (União Social Cristã da Baviera - apenas em Bayern). Além desses, tem-se os Partidos menores, também chamados de “nanicos”: NPD –

Nationaldemokratische Partei Deutschland (Partido Nacional Democrático da Alemanha); MLPD – Marxistisch-Leninistische Partei Deutschland (Partido Marxista-Leninista da Alemanha);

PIRATEN – Piratenpartei Deutschland (Partido Pirata da Alemanha - exceto em Sachsen); DVU –

Deutsche Volksunion (União do Povo Alemão); REP – Die Republikaner (Os Republicanos); ÖDP – Ökologisch-Demokratische Partei (Partido Ecológico Democrata); BüSö – Bürgerrechtsbewegung Solidarität (Movimento dos Direitos Civis de Solidariedade); Die TIERSCHUTZPARTEI – Mensch Umwelt Tierschutz (Partido para o Bem-Estar das Pessoas, Animais e Meio Ambiente); RRP – Rentnerinnen- und Rentner-Partei (Partidos dos Pensionistas e Aposentados); FAMILIE – Familien-Partei Deutschlands (Partido da Família da Alemanha); PBC – Partei Bibeltreuer Christen (Partido Cristão dos que creem na Bíblia); DIE VIOLETTEN – Die Violetten – für spirituelle Politik (Os Violetas – para uma política espiritual); RENTNER – Rentner-Partei-Deutschland (Partido dos Aposentados da Alemanha); PSG – Partei für Soziale Gleichheit, Sektion der Vierten Internationale (Berlin e NRW); VOLKSABSTIMMUNG; CM – Christliche Mitte – für ein Deutschland nach Gottes Geboten; BP – Bayernpartei; DKP - Deutsche Kommunistische Partei

(apenas em Berlin); ADM – Allianz der Mitte (apenas em Baden-Württemberg); FWD – Freie

Wähler Deutschland (apenas em Brandenburg); ZENTRUM – Deutsche Zentrumspartei (apenas em

(18)

Além desses partidos e associações políticas pode-se ainda citar outros menos conhecidos, em fase de registro, etc: DIE FREIEHEITLICHEN, BPD, APPD, Humanwirtschaft, PASS, HEIDE, DIE PARTEI, DIE GRAUEN, ÜPD, Pi, DIE FREIEN, DD, AVR, D-BÜ, BDG, ESBAP, BPA, GFP, FW, SAG, FBU, POP, TP, BRSG, FWG DIE FREIE, RAUCHERPARTEI, CDXL, D.D.B.P., ULPD, B e ASDU, entre outros.

Conforme anteriormente citado, cada partido político na Alemanha precisa obter no mínimo 5% dos votos válidos para ter um lugar no Parlamento. É a chamada “cláusula dos 5%”. Ele pode, contudo, estar representado no Bundestag caso consiga eleger Deputados diretamente, pois nenhum Deputado eleito pelo voto distrital deixa de ter um lugar no Parlamento, mesmo que isso signifique ultrapassar os assentos para o Partido, estabelecidos pelo voto na legenda. Além disso, como multi citado, é também possível eleger-se um Deputado sem filiação partidária. Ou seja, o número de Deputados eleitos, neste caso, pode ultrapassar os 598 lugares fixos, tal como ocorre atualmente quando existem 622 assentos no Parlamento Federal.

Partidos Políticos que têm assento no atual Parlamento Federal (Bundestag)

Os seguintes partidos políticos fazem parte do atual Parlamento Federal (Bundestag), que são os mesmos, aliás, da legislatura passada, apesar do diferente número de assentos a que hoje fazem jus:

a) CDU - Christlich-Demokratische Union (União Democrata-Cristã), partido conservador, que concorre em todos os Estados alemães, com a excepção da Baviera, onde o “partido irmão” CSU ganha tradicionalmente as eleições desde a segunda guerra mundial. O CDU é liderado pela atual Chanceler Angela Merkel;

b) CSU - Christlich-Soziale Union (União Social-Cristã), é o partido cristão (mais católico do que luterano) que se candidata exclusivamente no Estado da Baviera (Bayern), no sul da Alemanha, sendo mais conservador do que o CDU, o com o qual está coligado;

c) SPD - Sozialdemokratische Partei Deutschlands (Partido Social-Democrata da Alemanha), é um Partido de esquerda;

d) FPD - Freie Demokratische Partei (Partido Democrático Liberal);

e) Die LINKE (A Esquerda), existe desde junho de 2007 com a união dos Partidos de esquerda PDS e WASG;

f) Bündnis 90/Die GRÜNE (Aliança 90/Os Verdes), Partido ecologista.

Vale relembrar que não é condição para participar da vida política na Alemanha a filiação partidária, podendo ocorrer a candidatura avulsa. Ademais, é permitido aos cidadãos alemães unirem-se para formar uma chapa com vistas a disputar uma determinada eleição, sem que haja a necessidade de ser criado um Partido Político; tal iniciativa popular é relativamente comum nos pleitos municipais de cidades pequenas. Nao existe tais hipóteses no sistema eleitoral brasileiro.

(19)

Entendemos que o assunto aqui abordado é estimulante e de alta relevância, sobremodo se considerarmos que tanto a Lei Fundamental alemã quanto, por conseqüência, a organização político-administrativa do país, vem servindo de modelo à maioria dos países democráticos, inspirados que são pelo sucesso e perenidade dessa Lei básica e pelo equilíbrio federativo que permite uma indubitável segurança jurídica e uma estabilidade da estrutura política do Estado alemão, dentre outros aspectos. Sem dúvidas pode-se afirmar que o sistema germânico, tendo como dois de seus principais pilares o respeito à dignidade da pessoa humana e a noção de que o poder emana do povo e em seu nome é exercido, é hodiernamente considerado um dos melhores sistemas estatais do mundo democrático de direito.

Observa-se, também nesse contexto, comparativamente, algumas das principais semelhanças e diferenças entre a Alemanha e o Brasil, concluindo-se que, apesar de ambos os países constituirem-se em democráticas Repúblicas Federativas, a diferença entre eles se faz evidente em vários aspectos de sua organização político-administrativa, mormente em decorrência dos diferentes sistemas de governo – parlamentarista, na Alemanha, presidencialista no Brasil – e de representação popular.

Assim, tendo sido a proposta deste trabalho constituir-se em mais um instrumento que possibilite aos interessados ter uma noção elementar sobre como hoje se estrutura a Alemanha, espera-se ter esclarecido dúvidas básicas sobre seu sistema político-administrativo, provocando, através das comparações, um (re)pensar sobre quais pontos seriam passíveis, ou possíveis, de serem considerados para reformulação, sobretudo no sistema brasileiro, hoje sistematicamente alvo de infindáveis e duvidosas reformas regimentais.

Finalmente, pretende-se em futuro próximo dar sequência aos estudos sobre este assunto, mais especificamente em relação aos municípios alemães, quando buscar-se-á um maior aprofundamento, bem como sobre a prestação de serviços públicos na Alemanha, continuando a tecer considerações comparativas com o modelo brasileiro.

Notas:

(1) GG (Grundgesetz) de 24.05.1949, é a Lei Fundamental Alemã - LFA. Não é uma Constituição

propriamente dita (Verfassung), pois foi elaborada em caráter temporário, mas tendo resultado tão positivamente foi mantida até hoje, passando a ser a Constituição alemã. Com 146 artigos, é considerada uma “Constituição enxuta”. Alguns a conhecem como a Lei Fundamental de Bonn.

(2) Disponível em: <

http://www.tatsachen-ueber-deutschland.de/fileadmin/festplatte/sprachen/download/portugiesisch/TAT_POR_01Fakten.PDF > Acesso em 21/01/2010.

(3) KRELL, Andreas Joachim. Autonomia municipal no Brasil e na Alemanha. Uma visão

comparativa. Jus Navigandi, Teresina, ano 4, n. 37, dez. 1999. Acesso em: 13 set. 2009. Disponível

em: < http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1557 >

(4) Perfil da Alemanha – fls 175 (Publicado pelo Departamento Federal de Imprensa e Informação

do Governo Federal) Societäts-Verlag, Frankfurt/Meno, 2000.

(5) Disponível em: < http://www.uni-protokolle.de/Lexikon/Regierungsbezirk.html > Acesso em

20/09/20009.

(20)

Referências:

- Perfil da Alemanha – (Publicado pelo Departamento Federal de Imprensa e Informação do Governo Federal) Societäts-Verlag, Frankfurt/Meno, 2000.

- Zur Orientierung – Basiswissen Deutschland, 85737 Ismaning, Deutschland: Hueber Verlag, 2006.

- Fachwörterbuch Kompakt Recht – English-Deutsch - Langenscheidt Fachverlag GmbH, München und Alpmann, und Schmidt Juristische Lehrgänge Verlagsgesellschaft mbH&Co.KG, Münster Druck, 2006.

- HENDLER, Reinhard – Staatsorganisationsrecht, 2., überarbeitete Auflage, Deutschland: Richard Boorberg Verlag, 2003.

- IPSEN, Jörn - Allgemeines Verwaltungsrecht, 5. Auflage, Deutschland: Carl Heymanns Verlag, 2007.

- KILIMAN, Angela; KOTAS, Ondrej; SKRODYKI, Johanna - 45 Studen Deutschland –

Orientierungskurs: Politik, Geschichte, Kultur, Stuttgart, Deutschland: Klett, 2009.

- KRELL, Andreas Joachim. Autonomia municipal no Brasil e na Alemanha. Uma visão

comparativa. Jus Navigandi, Teresina, ano 4, n. 37, dez. 1999. Acesso em: 13 set. 2009. Disponível

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- Lei Fundamental Alemã – LFA (Grundgesetz-GG). Disponível em: < http://constitucion.rediris.es/ legis/legextr/ConstitucionAlemana.html > Acesso em 01.12.2009

- Fonte: < http://www.dw-world.de/dw/article/0,,900929,00.html > Acesso em 25/09/2009

- Fonte: < http://www.politicavoz.com.br/politicainternacional/pais_alemanha.asp > Acesso em 20/09/2009

- Fonte: < http://www.uni-protokolle.de/Lexikon/Regierungsbezirk.html > Acesso em 20/09/2009 - Fonte: < http://www.dw-world.de/dw/article/0,,900686,00.html> Acesso em 20/09/2009

- Fonte: < http://www.brasilia.diplo.de/Vertretung/brasilia/pt/03__Politik/op.html > Acesso em 03/12/2009

- Fonte: < www.deutschland.de > Portal oficial da República Federal da Alemanha. Acesso a todos os setores da sociedade (alemão, inglês, francês, espanhol, russo, árabe)

- Fonte: < http://www.dw-world.de/dw/article/0,,1049390,00.html > Por Lucia (Luz) Meyer - Osnabrück, Niedersachsen, Deutschland.

Referências

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