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A perceção dos docentes relativamente ao retrato da gestão pública federal no Campus Belém do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

A PERCEÇÃO DOS DOCENTES RELATIVAMENTE AO RETRATO DA GESTÃO PÚBLICA FEDERAL NO CAMPUS BELÉM DO INSTITUTO

FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ

Dissertação de Mestrado em Gestão

Versão Definitiva

Eloi Machado de Paiva

Orientador: Professor Doutor Francisco José Lopes de Sousa Diniz

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

A PERCEÇÃO DOS DOCENTES RELATIVAMENTE AO RETRATO DA GESTÃO PÚBLICA FEDERAL NO CAMPUS BELÉM DO INSTITUTO

FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ

Dissertação de Mestrado em Gestão

Versão Definitiva

Eloi Machado de Paiva

Orientador: Professor Doutor Francisco José Lopes de Sousa Diniz

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

A PERCEÇÃO DOS DOCENTES RELATIVAMENTE AO RETRATO DA GESTÃO PÚBLICA FEDERAL NO CAMPUS BELÉM DO INSTITUTO

FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ

Dissertação de Mestrado em Gestão

Versão Definitiva

Eloi Machado de Paiva

Orientador: Professor Doutor Francisco José Lopes de Sousa Diniz

Composição do Júri:

Carla Susana da Encarnação Marques Francisco José Lopes de Sousa Diniz Nelson Jorge Ribeiro Duarte

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Dissertação submetida para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Gestão, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, pelo candidato Eloi Machado de Paiva, sob a orientação do Professor Doutor Francisco José Lopes de Sousa Diniz.

(5)

II

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me conceder o dom do discernimento, de modo a chegar ao fim do Mestrado mais convicto das limitações da ciência, da racionalidade e com a certeza da existência de Deus;

À minha família, por tudo o que representam;

A todos os amigos que me acompanharam e me incentivaram a terminar esta dissertação;

Ao professor Doutor Francisco Diniz, meu orientador, pela dedicação e atenção.

E, finalmente, a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para este trabalho e não estão aqui mencionados. Obrigado a todos!

(6)

III DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, em primeiro lugar, a Deus, pela força, luz e esperança com que me brindou;

e aos meus pais e à minha família pela imensa força que me transmitiram para que eu poder terminar esta dissertação.

(7)

IV

Basicamente, a Gestão significa influenciar a ação. Gestão é sobreajudar as organizações e as unidades fazerem o que tem que ser feito, o que significa ação.

(8)

V

RESUMO

O contributo dos docentes no processo de avaliação das universidades é de grande importância para elevar a qualificação institucional, promovendo a melhoria do ensino, da investigação, da extensão e da sua gestão. Com o objetivo de avaliar o processo de gestão institucional do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará-IFPA, em Belém do Pará, este estudo apresenta os resultados de uma pesquisa que fez o levantamento dos fatores que, na perceção de cento e vinte docentes do IFPA, interferem na continuidade e no aperfeiçoamento do processo de avaliação institucional. Os dados foram recolhidos através de questionários e analisados com recurso a técnicas estatísticas descritivas e inferenciais.

De um modo geral, os fatores que facilitam ou dificultam o processo de avaliação foram classificados de Regular a Ruim; a qualidade de ensino, as estratégias de avaliação, nomeadamente a definição clara dos critérios e indicadores a serem utilizados, e a qualificação e profissionalização dos docentes de Bom a Regular; e, finalmente, o cumprimento de metas e objetivos e o investimento em novas tecnologias entre regular e Ruim. Em síntese, tendo em conta o conjunto da avaliação, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará foi avaliado com Regular.

Apesar do caráter exploratório do presente estudo, os resultados obtidos permitiram construir uma imagem adequada sobre a avaliação no IFPA e sobre o perfil dos docentes com um desempenho de 20 e 40 horas semanais em sala de aula.

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VI

TEACHERS’ PERCEPTION OF FEDERAL PUBLIC MANAGEMENT WITHIN THE BELÉM CAMPUS OF THE FEDERAL INSTITUTE FOR EDUCATION, SCIENCE AND

TECHNOLOGY OF PARÁ, BRASIL - ABSTRACT

Within the process of evaluation of universities, teachers’ perception is an important tool to increase institutional training, promoting the improvement of teaching, research, extension and management. In order to assess the institutional management process of the Federal Institute of Education, Science and Technology Para-IFPA, in Belem, this study presents the results of a study that raised the factors that, in the perception of 120 teachers of IFPA interfere with the continuity and improvement of the institutional evaluation process. Data were collected through questionnaires and analyzed using descriptive and inferential statistical techniques.

Between 70.0% and 22.5 of the evaluation scores featuring between Good and Regular respectively according to the quality of education and 48.4% and 20.4% of the evaluation scores between Regular featuring the Bad the factors that facilitate or hinder the process evaluation, highlighting over 60% the following: awareness of the importance of evaluation, clear definition of the criteria indicators to be used in the evaluation, definition and dissemination of the institution's policies and the renewal of the internal evaluation committee. In short, despite the exploratory nature of the study, the results obtained allowed to build a suitable image on the assessment in the IFPA and the profile of teachers.

(10)

VII

ÍNDICE GERAL

INTRODUÇÃO ... 1

CAPÍTULO 1 - A GESTÃO PÚBLICA NO BRASIL 6

1.1. A Gestão Federal do Sistema de Gestão do IFPA ... 8

1.2. O Retrato da Gestão Pública na Perceção dos Docentes do IFPA ... 9

1.3. A Gestão Pública Federal na Profissionalização e Qualificação ... 10

1.4. A Gestão Pública Federal: O Processo de Formação no IFPA...11

1.5. A Avaliação dos Docentes do IFPA...12

1.6. O Corporativismo na Gestão Pública Federal do IFPA ... 13

CAPÍTULO 2 - A SATISFAÇÃO E A PERCEÇÃO DOS DOCENTES DO RETRATO... ATUAL DO IFPA………...15

2.1. A Inovação e o Futuro da Gestão Pública na perceção dos docentes do IFPA ... 16

2.2. O Contributo do IFPA para o Ensino, Investigação e Extensão ... 17

2.3. A Política de Ensino, Investigação e Extensão do IFPA ... 18

2.4. A Valorização, a Diversidade e a Integração dos Saberes no IFPA ... 19

2.5. A s Mudanças no Processo de Avaliação no Ensino Superior ... 20

2.6. Apresentação do Instituto Federal de Educação do Pará - IFPA...22

CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA……… 26 3.1. Delineamento do Estudo ... 26 3.1.1. Critérios Éticos ... 26 3.1.2. Desenho do Estudo ... 26 3.1.3. Local do Estudo ... 26 3.1.4. População e Amostra ... 26

3.1.5. Instrumento de Recolha de Dados ... 28

3.1.6. Variáveis... ... 28

(11)

VIII

3.1.8. Justificação da Aplicação de Testes Estatísticos...29

CAPÍTULO 4 - RESULTADOS...32.

4.1. Perfil dos docentes, Tabelas e Gráficos………..32

CAPÍTULO 5 - DISCUSSÃO……….58

5.1. Consolidação dos Testes de Significância Estatística...62

CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS………64

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………67

ANEXOS……….71

ANEXO A – Instrumento de recolha de dados para os funcionários………..71

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IX LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Resultado dos Testes de Significância Estatística. 62

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X

LISTA DE TABELAS

TAB. 1 – Distribuição da situação dos docentes do IFPA face à participação na pesquisa. TAB. 2 – Amostragem proporcional estratificada por turno e género.

TAB. 3 – Distribuição dos docentes do IFPA segundo a faixa etária.

27 27 32

TAB. 4 –. Distribuição dos docentes do IFPA segundo o género. 33

TAB. 5 – Distribuição dos docentes do IFPA segundo o seu grau de pós-graduação. 34

TAB. 6 - Distribuição dos docentes do IFPA segundo a faixa salarial. 35

TAB. 7 – Distribuição dos docentes do IFPA segundo os turnos. 36

TAB. 8 – Distribuição dos docentes do IFPA segundo a carga horária. 37

TAB. 9 – Distribuição dos docentes do IFPA segundo o tempo de serviço. 38 TAB. 10 – Distribuição dos docentes do IFPA segundo o seu estado civil. 39 TAB. 11 – Distribuição dos docentes do IFPA segundo o seu vínculo laboral. 40 TAB. 12 – Distribuição dos cursos de graduação mais procurados no IFPA. 41

TAB.13 – Perceção dos docentes relativamente à gestão do IFPA. 42

TAB. 14 – Perceção dos docentes sobre o compromisso da gestão do IFPA com a avaliação. 43 TAB. 15 – Distribuição da perceção dos docentes quanto ao futuro da gestão do IFPA. 44 TAB. 16 –Grau de satisfação dos docentes relativamente à gestão do IFPA. 45 TAB.17 – Perceção da necessidade de ajustes no sistema de ensino no IFPA. 46 TAB.18 – Perceção dos benefícios resultantes das alterações introduzidas pela gestão. 47 TAB. 19 – Distribuição da perceção dos docentes relativa à avaliação conduzida pelo IFPA. 48 TAB. 20 – Perceção dos docentes quanto à qualificação e profissionalização no IFPA. 49 TAB. 21 – Avaliação dos docentes dos indicadores de avaliação da Gestão do IFPA. 50

TAB. 22 – Avaliação dos Docentes da qualidade de ensino no IFPA. 51

TAB. 23 – Avaliação dos Docentes quanto ao investimento em novas tecnologias. 52 TAB. 24 – Perceção dos docentes quanto às estratégias de avaliação do ensino no IFPA. 53 TAB. 25 – Avaliação dos docentes do cumprimento de metas e objetivos no IFPA. 54 TAB. 26 – Avaliação das disciplinas com maior índice de reprovação por turnos no IFPA. 55 TAB. 27 – Coeficiente de rendimento por semestre e por curso de graduação no IFPA. 56 TAB. 28 – Distribuição da perceção dos docentes relativamente à escala de conceitos dos itens avaliados no IFPA.

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XI

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁF. 1 – % de docentes do IFPA segundo a idade. 432

GRÁF. 2 – % de docentes do IFPA segundo o género. 33

GRÁF. 3 – % de docentes do IFPA segundo o seu gau de pós-graduação. 34

GRÁF. 4 – % de docentes do IFPA segundo a sua faixa salarial. 35

GRÁF. 5 – % de docentes segundo os turnos no IFPA. 36

GRÁF. 6 – % de docentes segundo a carga horária no IFPA. 37

GRÁF. 7 – % de docentes do IFPA segundo o tempo de serviço. 38

GRÁF. 8 – % de docentes do IFPA segundo o seu estado civil. 39

GRÁF. 9 – % de docentes do IFPA segundo o vínculo laboral 40

GRÁF. 10 – % de cursos mais procurados do IFPA. 41

GRÁF. 11 – % da avaliação dos docentes relativamente à gestão no IFPA. 42 GRÁF. 12 – % do compromisso da gestão do IFPA com a avaliação dos docentes. 43 GRÁF. 13 – % da perceção dos docentes quanto às perspetivas futuras da gestão do IFPA. 44 GRÁF. 14 – % do grau de satisfação dos docentes relativamente à Gestão do IFPA. 45 GRÁF. 15 – % da necessidade de ajustes no sistema de ensino do IFPA. 46 GRÁF. 16 – % de benefícios resultantes da ação da Gestão do IFPA segundo os docentes. 47 GRÁF. 17 – % da perceção dos docentes quanto à avaliação conduzida pelo IFPA. 48 GRÁF. 18 – % da avaliação da gestão relativamente à profissionalização e qualificação. 49 GRÁF. 19 – % da avaliação dos docentes relativamente aos indicadores de avaliação. 50 GRÁF. 20 – % da avaliação dos docentes relativamente à qualidade do ensino no IFPA. 51 GRÁF.21 – % da avaliação dos docentes do investimento em novas tecnologias. 52 GRÁF. 22 – % da avaliação dos docentes das estratégias de avaliação do ensino no IFPA. 53 GRÁF. 23 – % da avaliação da gestão quanto ao cumprimento de metas e objetivos. 54 GRÁF. 24 – % de disciplinas com maior índice de reprovação por turno no IFPA. 55 GRÁF. 25 – % do coeficiente de rendimento por semestre e curso de graduação no IFPA. 56 GRÁF. 26 – Percentagem da avaliação dos docentes relativamente à escala de conceitos dos itens avaliados no IFPA.

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XII

LISTA DE FIGURAS

(16)

XIII LISTA DE SIGLAS

AAPE Amostra Aleatória Proporcional Estratificada

ANOVA Análise de Variância

AICG Avaliação Institucional do Curso de Graduação

BM Banco Mundial

FMI Fundo Monetário Internacional

IFPA Instituto Federal do Pará

IES Instituto de Ensino Superior

LDB Lei de Diretrizes Bases da Educação(1988, p. 120)

OMC Organização Mundial de Comércio

PNE Plano Nacional de Educação

PAIUB Programa de Avaliação Institucional da Universidade Brasileira

SAES Sistema de Avaliação Superior

SINAE Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

SISRH Sistema de Recursos Humanos

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1

INTRODUÇÃO

Nesta dissertação, discute-se a perceção dos docentes relativamente à avaliação da Gestão Pública Federal no Instituto Federal de Educação do Pará-IFPA, no contexto atual de uma Instituição de Ensino Superior – IES pública brasileira cuja qualidade do serviço que presta e o modo como tem empregado os recursos que a sociedade coloca à sua disposição, antes e após a intervenção federal, têm sido postos em questão.

Segundo Schuch Jr (2005), cada vez mais, as universidades têm vindo a perceber o seu caráter social e a necessidade de, urgentemente, conquistar o seu lugar e o seu papel na sociedade, pela sua eficiência e qualidade e pela credibilidade e legitimidade de que possam gozar junto das comunidades em que estão inseridas. Pesquisas recentes revelam que uma das maiores dificuldades com que a Gestão Pública Federal se debate tem a ver com as resistências relacionadas não com aspetos técnicos, mas com questões que remetem para o problema da gestão na perceção dos docentes.

De acordo com Finger (1999), a gestão universitária deveria ser inovadora e melhorar a integração entre a perceção dos docentes e a gestão, isto é, a comunidade universitária interna e externa. Num ambiente globalizado, marcado pela exigência de competitividade, agilidade, flexibilidade e qualidade de informação, as organizações têm procurado utilizar sistemas de informações executivas (SIE), no processo de tomada de decisões estratégicas. As Gestões Públicas Federais brasileiras, neste contexto, também deveriam usar a mesma ferramenta para apoiar as suas decisões.

Schuch Jr (2005) destaca que uma Gestão Pública Federal é caracterizada pela existência de um clima democrático, dentro do qual as decisões devem ser tomadas por consenso, com tratamento igualitário entre os administradores, que dirigem e providenciam os "meios", e os docentes que levam a cabo uma atividade, que constitui “o fim” a que se propõe a instituição. Dito de outro modo, o nível estratégico e o nível operacional devem ter peso semelhante no processo de tomada de decisão, embora a última palavra caiba aos administradores.

Para que se possa chegar ao consenso, é indispensável que haja discussões abertas e uma participação ampla, sem constrangimento de status e poder hierárquico. Deste modo, tanto os docentes como a gestão da instituição devem contribuir, efetivamente, na procura de uma educação de qualidade, assumindo a responsabilidade de pôr em prática as decisões tomadas em conjunto, de modo a que se obtenha os melhores resultados.

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2

Para Silva (2009), é necessária uma nova universidade que preserve as suas qualidades institucionais e consiga responder, de forma mais efetiva, aos novos e crescentes desafios, tornando-se, assim, mais eficiente e transparente para sociedade. Ela deverá incorporar técnicas de gestão e metodologias pedagógicas capazes de absorver todo o potencial tecnológico disponível.

Segundo Dias Sobrinho (2012), a qualidade do ensino ministrado nas Instituições de Ensino Superior-IES brasileiras, bem como o uso que essas instituições fazem dos recursos que a sociedade coloca à sua disposição têm sido postos em causa. Esta situação reflete a preocupação das pessoas, fruto de um novo posicionamento, relativamente aos órgãos públicos em geral, e, principalmente, ao setor educacional, particularmente às universidades públicas.

A avaliação das universidades públicas tem vindo a ser defendida como um instrumento necessário para elevar a qualificação institucional, promovendo a melhoria do ensino, da investigação, da extensão e da sua gestão. É, igualmente, entendida como uma exigência da sociedade, que quer saber qual o destino dos recursos afetados a essas instituições. Não há dúvida que, cada vez mais, as universidades estão conscientes do seu caráter social e da necessidade urgente de se afirmarem através de um serviço eficiente e de qualidade, granjeando credibilidade e legitimidade junto das comunidade em que estão inseridas (Dias Sobrinho, 2012).

A razão fundamental da avaliação numa universidade é assegurar a boa qualidade do ensino, da investigação, e da extensão no processo de gestão, bem como dar resposta às legítimas necessidades e expectativas da sociedade. É importante destacar que uma universidade que se conhece e reflete sobre si mesma toma o seu destino nas próprias mãos, não permitindo que a rotina ou políticas governamentais sejam fatores preponderantes na definição de suas prioridades (Santos e Amarante, 2004).

Impõe-se, assim, uma mudança no sentido de implementar, nas universidades, um processo permanente de avaliação da instituição, a partir do qual seja possível elaborar o diagnóstico institucional. Esta tarefa, contudo, tem-se revelado bastante complexa no interior das instituições de ensino superior no Brasil (Costa et al., 2010; Mazzili, 2011), já que implementar um processo de avaliação numa universidade acarreta transformações intensas, que podem atingir todos os indivíduos que dela fazem parte, assim como todos os processos aí existentes.

De acordo com Durham (2008), a iniciativa de avaliação das Instituições de Ensino Superior-IES, no Brasil, não é nova. Formal ou informalmente, sempre ocorreu e fez parte do dia-a-dia das universidades, mesmo que de forma difusa, em relatórios destinados a órgãos superiores, em estatísticas e outras informações de competência e responsabilidade dos órgãos da estrutura

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3

interna da universidade. Contudo, esses mecanismos não produziram resultados satisfatórios, tendo como consequência, que as universidades tenham sido postas em causa relativamente à qualidade do seu desempenho, tanto em termos de ensino, como da investigação, da extensão e da sua gestão, quer por parte da comunidade científica, quer da sociedade.

Há já algum tempo que interesses privados internos, a par de importantes interesses económicos externos, têm vindo a pressionar o Estado, ao tecerem sérias críticas à ineficiência da gestão pública, aos custos elevados das atividades desenvolvidas e à aplicação dos recursos afetados às universidades públicas, face ao que consideram o baixo retorno desse investimento. Segundo Teixeira (2005), é necessário rever a política de alocação de recursos às universidades públicas, assim como a atuação dos gestores que gerem esses recursos, a qual pode interferir no dia-a-dia da universidade. Nesse contexto, este estudo procura conhecer melhor e avaliar o processo de avaliação institucional no IFPA.

A escolha do tema a percepção dos docentes e a sua avaliação do retrato da Gestão Pública Federal no Instituto Federal de Educação do Pará-IFPA surgiu da necessidade de compreender como funciona o relacionamento entre docentes e a gestão pública federal no caso concreto do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará.

A pergunta que se coloca é a seguinte: qual a perceção dos docentes em termos do retrato da gestão pública federal relativamente à profissionalização e à qualificação?

Partiu-se do princípio de que há uma relação entre as características pessoais e a atuação profissional e a avaliação do retrato de uma Gestão com probidade. De um modo geral, a perceção dos docentes relativamente à gestão pública federal do Instituto Federal do Pará - IFPA tem sido positiva, reconhecendo-lhe qualidades de excelência.

Este trabalho teve como objetivo geral avaliar a perceção dos docentes no que diz respeito à sua satisfação, aos benefícios, à qualidade de ensino e à competência da gestão pública federal do IFPA. Para o alcançar, traçaram-se os seguintes objetivos específicos:

♦ Avaliar a relação existente entre as características pessoais e a atuação profissional e a perceção dos docentes sobre o sistema gestor público federal do IFPA;

♦Verificar como se trabalha o retrato da Gestão Pública Federal na perceção dos docentes relativamente à Gestão Federal;

(20)

4

Na senda do preconizado por Silva Filho (2004), esta dissertação pode configurar um contributo para a reformulação da gestão pública federal na instituição de ensino superior Instituto Federal do Pará - IFPA, na medida em que pode ajudar a instituição a responder, de forma mais efetiva, aos anseios dos docentes, bem como aos novos e crescentes desafios, tornando-se, assim, mais eficiente e transparente, incorporando técnicas de gestão e metodologias pedagógicas capazes de absorver todo o potencial tecnológico disponível.

Em termos do desenho e estruturação da investigação aqui levada a cabo, o primeiro passo consistiu na consolidação e alargamento do conhecimento e do domínio da temática em questão, através de uma procura em livros, artigos, periódicos e, também, com recurso à internet, de informação relativa à perceção dos docentes da gestão pública federal nas instituições de ensino superior; em seguida, procurou-se traçar o retrato da gestão pública federal no Instituto Federal do Pará - IFPA, bem como as dimensões da construção da gestão pública democrática.

Nesse sentido, foi possível estabelecer um quadro resumido da perceção dos docentes relativamente à gestão pública federal do Instituto Federal do Pará - IFPA no campus Belém, tendo-se concluído que este promove a educação profissional e tecnológica em todos os níveis e modalidades, sendo o ensino, investigação e extensão perspetivados no sentido do desenvolvimento regional sustentável, valorizando a diversidade e a integração dos saberes.

Este estudo centrou-se na perceção dos docentes do Instituto Federal do Pará – IFPA do campus Belém relativamente à gestão pública federal desta instituição e aos desafios com que se depara. O Instituto Federal do Pará – IFPA necessita, hoje, de levar a cabo mudanças com o objetivo de formar discentes aptos a atuar de modo efetivo, transparente e participativo na gestão de órgãos e entidades da administração direta e indireta das diferentes esferas de governo, contribuindo para a melhoria da qualidade dos serviços públicos prestados à sociedade.

Após a pesquisa bibliográfica e a identificação da importância da gestão pública federal na perceção dos docentes do Instituto Federal do Pará – IFPA. Com o grau de desenvolvimento da pesquisa, foram feitas visitas à Instituição, com intuito de saber a visão dos docentes em relação à gestão pública federal.

Num segundo momento, a investigação teórica foi direcionada no sentido de pesquisar a literatura recente na área que se pretendia estudar relativamente a questões como o conceito de Gestão Pública Federal, o serviço público no Brasil, as dimensões da construção da gestão administrativa pública, a gestão pública no sistema de gestão da universidade, o olhar sobre a gestão pública federal do sistema de gestão das universidades e a gestão pública federal na avaliação institucional da universidade: conceito e práticas.

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5

Depois de aprofundar os conhecimentos na área da investigação, partiu-se para escrita da dissertação, tendo sido elencados os assuntos pertinentes à investigação. Seguindo a sugestão de Barañano (2008, p.47), “procedeu-se a criação do índice provisório”, definindo todos os aspetos necessários para o perfeito entendimento e desenvolvimento do trabalho.

O índice provisório foi criado de acordo com uma certa linearidade de pensamento; assim, após o enquadramento histórico, socioeconómico e geográfico, abordou-se os aspetos de inovação, certificação e as estratégias de gestão. O desenvolvimento deste trabalho seguiu a proposta clássica, como pode ver-se na Figura 1:

Fonte: Smart Art. 2014 Figura: 1 Modelo de investigação

INTRODUÇÃO

OBJETIVOS

REVISÃO

LITERÁRIA

MATERIAIS E

MÉTODOS

RESULTADOS E DISCUSSÕES CONSIDERAÇÕES FINAIS

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6

CAPÍTULO 1 - A GESTÃO PÚBLICA NO BRASIL

A Gestão Pública no Brasil estende-se a todas as atividades dos órgãos públicos que incluem os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, pois todos esses órgãos realizam atividades que são do interesse de todos e a todos se destinam. Na opinião de Silva (2009), o Serviço Público, no Brasil, quer seja estadual ou federal, tem como função assegurar a existência e o sustento digno de um servidor. Neste contexto, todas as atividades estatais ou federais, mesmo as não administrativas, são um meio de promoção dos direitos fundamentais.

O Serviço Público tem por obrigação fornecer as verbas necessárias à satisfação das necessidadesdos indivíduos, algo que éfundamental e essencial para a sua sobrevivência material e psicológica. É através da prestação de serviços públicos que o Estado garante a manutenção da vida, de acordo com um estatuto assegurado constitucionalmente e fundamentado na dignidade da pessoa humana (Dias Sobrinho, 2012).

O Serviço Público é, então, uma entre múltiplas atividades levadas a cabo pelo Poder Público. Na realidade, nem todas a atividade estatal faz parte do conceito de Serviço Público adotado no Brasil, ou do que se q entende por tal neste estudo. É uma atividade pública administrativa que visa dar satisfação concreta às necessidades individuais e materiais, vinculada diretamente a um direito fundamental, e destina-se a pessoas indeterminadas sob o regime de direito público.

O princípio do serviço público no Brasil procura conferir unidade, ou, pelo menos, coerência ao direito de forma a estabelecer os valores, a orientação e os limites da interpretação das normas jurídicas. No entanto, esses direitos são considerados princípios que regem os serviços públicos, tais como a supremacia do interesse público, o dever irrecusável do Estado de prestar um serviço, da universalidade, da permanência ou mutabilidade, da modicidade das tarifas e da motivação. Segundo Durham (2008), a Gestão Pública pode ser caracterizada como um sistema administrativo dividido em seis etapas - planificação, roteiro, cálculo, execução, verificação e avaliação das políticas públicas - que visa consolidar políticas públicas, direta ou indiretamente.

Leitão (1998) considera importante ressaltar que a gestão pública deve propor metas e estratégias suscetíveis de incentivar o processo de crescimento económico das universidades e, a partir daí, ter capacidade de aplicar, eficazmente, o retorno criado, com benefício da qualidade de vida da população, exercendo o papel de controlador dos ajustes do mercado, no que abrange a verificação, inspeção e criação de novas infra- estruturas.

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7

Silva Filho (2004) salienta que a gestão universitária deve ser conduzida na perspetiva do crescimento da educação. Na opinião deste autor, a qualidade da educação passa por ser duradoura e agradar aos clientes; ser capaz e eficaz; ter aceitação social; contribuir para o crescimento da sociedade; e, finalmente, ser capaz de mudar todos os atores nela envolvidos: docentes e técnicos administrativos.

A busca pela qualidade tem de ser uma constante. As universidades, sobretudo as públicas, têm de envidar todos os esforços no sentido de restabelecer a importância que perderam no decorrer dos últimos trinta anos, embora, comparativamente com as instituições privadas, apresentem, ainda, muitos aspetos positivos (Finger, 2001). Na opinião de Abreu e Masetto (2012), as novas tecnologias são fundamentais para o surgimento de programas constantes de avaliação que permitam uma análise institucional e conduzam, de forma criteriosa, a mudanças do sistema com o objetivo de aperfeiçoar o funcionamento da instituição e melhorar o seu desempenho face à concorrência.

Perante os novos requisitos impostos pela legislação para as instituições universitárias como a exacerbação da concorrência e o constante congelamento das ações e dos recursos públicos destinados ao ensino superior, André (2001) defende que é impreterível as universidades brasileiras e os seus diretores adquiram as competências necessárias para realizar para a difícil tarefa de aliar qualidade académica e eficácia institucional.

Em suma, para se ter uma gestão pública de qualidade e um sistema de gestão eficaz, é necessário repensar a universidade em moldes que garantam as qualidades institucionais e permitam dar resposta, de forma mais efetiva, aos desafios da modernidade que, constantemente, se colocam, de forma a que a sua atuação seja mais eficiente e percecionada pela sociedade como transparente. Além disso, como já foi referido, a universidade deve optar por técnicas de gestão e metodologias pedagógicas que façam uso do enorme potencial tecnológico disponível.

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8

1.1 A GESTÃO FEDERAL DO SISTEMA DE GESTÃO DO IFPA

Um olhar sobre o modo como o sistema de gestão do Instituto Federal do Pará – IFPA funciona deve ter em atenção o tipo de educação aí ministrada, observando, nomeadamente, alguns critérios de qualidade, tais como os elencados por Silva Filho (2004) anteriormente referidos.

Também Silva (2009) destaca alguns aspetos que considera fundamentais para uma oxigenação da gestão académica:

♦ captação de recursos humanos adequados para realizar os objetivos de cada área; ♦ criação de mecanismos rápidos de decisão;

♦ aumento da autonomia, a partir da definição clara de metas e obrigação; ♦ prospeção de abertura de novas filiais;

♦ identificação clara dos adversários e dos parceiros;

♦ recurso à analogia como forma de obter conhecimento e adequação das boas práticas de outras instituições aos problemas próprios;

♦ fomento do património de recursos humanos e materiais, através de incentivos, treino e estruturação;

♦ monotorização constante dos sistemas, dos resultados e acompanhamento pessoal e compromissos com clientes externos e internos.

Neste sentido, é importante que a cultura universitária absorva e incorpore os conceitos de criação de estratégias e aquisição de competências, a fim de propiciar a geração de novos processos administrativos, estabelecendo objetivos e propagando-os a todo o sistema de gestão da organização, envolvendo todos os servidores e docentes neste processo. Desta forma, o Instituto Federal do Pará - IFPA estará a gerar concordância e ótimos resultados para o seu sistema de gestão.

Segundo Durham (2008), a legislação atual para a gestão das instituições universitárias prevê que uma parte dos recursos públicos se destine ao ensino para reestruturar e capacitar a sua qualidade, eficácia e eficiência institucional. Os sistemas de gestão consolidam o plano de atuação da organização. Por isso, tem de haver um trabalho de comunicação ágil, que é de extrema utilidade para o processo de tomada de decisão, assegurando a construção de uma gestão diferenciada, sendo esta entendida como vantagem competitiva sobre as demais organizações.

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9

A gestão pública enfrenta, hoje, o desafio de implantar sistemas que possam processar os dados e convertê-los em informação útil para o processo de tomada de decisão. As instituições de ensino têm lançado mão desses sistemas para prover a integração entre a área administrativa e a área académica, de forma a garantir um maior controle sobre eventuais desperdícios, a melhoria dos processos de decisão, no que diz respeito ao modo de aplicação do seu orçamento, e a oferta de uma gestão mais transparente.

1.2 O RETRATO DA GESTÃO PÚBLICA NA PERCEÇÃO DOS DOCENTES DO IFPA

A visão da gestão pública, de acordo com a perceção dos docentes, não é nova, tendo sido sempre de dois tipos: formal e informal. Segundo Neiva (1987), a gestão pública é parte integrante do normal funcionamento de uma instituição, mesmo que de um modo difuso, patente em relatórios, estatísticas e outro tipo de informação, e é da responsabilidade dos órgãos e da estrutura interna da universidade Acontece, no entanto, que os instrumentos utilizados não têm originado resultados aceitáveis, o que tem dado origem a debates sobre o funcionamento das instituições e suas perspetivas para o futuro, tanto em termos de ensino como de investigação, por parte de privados e interesses económicos externos.

Com efeito, como foi referido anteriormente, o Estado tem sido questionado e as instituições públicas de ensino superior têm sido alvo de duras críticas pela sua incompetência, pelos elevados custos do trabalho nelas desenvolvido e pelos poucos benefícios para a sociedade dos recursos alocados às instituições de ensino superior (Teixeira, 2006). De onde se conclui que urge rever as políticas relativamente à gestão dos recursos investidos nas instituições públicas, bem como a uma maior intervenção desses grupos particulares no dia-a-dia da universidade.

A inovação do sistema de gestão do Instituto Superior do Pará - IFPA, passa por uma adequada formação dos seus gestores, que vá mais além do modelo clássico de ensino dos princípios gerais da gestão. (Nunes e Ferraz, 2005). Dentro do quadro conceptual de uma instituição moderna, o IFPA deverá, para além de uma gestão e organização pedagógica adequadas aos desafios da modernidade, socorrendo-se dos recursos tecnológicos à sua disposição, apostar na profissionalização e qualificação dos seus docentes e discentes, criando políticas que prossigam objetivos concreto de implementação da avaliação institucional.

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1.3 A GESTÃO PÚBLICA FEDERAL NA PROFISSIONALIZAÇÃO E QUALIFICAÇÃO

“A educação em seu sentido amplo é determinada como todo o prestígio que o ser humano recebe do setor social, entrementes de toda sua vida, no sentido de adequar às normas e valores sociais vigentes e aceitos.” (Chiavenato, 1994, p.123)

A complexidade de separar a profissionalização da educação está em preparar a pessoa para realizar, de forma eficiente, uma determinada tarefa que lhe foi distribuída. Nessa linha de raciocínio, Carvalho (1988) salienta a ligação entre educação e treino, referindo que se designa por "ensino" a formação escolar, em diversos graus, que a pessoa recebe e que é parte ativa da educação.

Para Chiavenato (1994) o conhecimento deve estabelecer um dinamismo contínuo, constante e consecutivo na instituição. Isso significa que, mesmo quando os trabalhadores evidenciam um desempenho excelente, há sempre algo a melhorar, no sentido de atingir um novo nível de rendimento futuro. O que equivale a dizer que é sempre possível melhorar capacidades e competências e que esta atitude deve ser incentivada. Por isso, Carvalho (1988, p. 120) afirma que “a educação profissional dos alunos é, fundamentalmente, um sistema inconvertível de habilidades. O profissionalismo precisa, continuamente, conseguir nova informação, capacidade e atitudes.”

No que se refere ao investimento em formação com a finalidade de desenvolver e melhorar competências, existe a noção de que se gasta muito dinheiro neste domínio, sem que se saiba muito bem como os recursos são empregues, já que os resultados não são mensurados. Marques (2002), refere que não é fácil calcular os gastos do governo federal com a habilitação dos funcionários, uma vez que os dados disponíveis são bastante dispersos. Na perceção deste autor, as mudanças em termos de gestão pública nas universidades tendem a ir no sentido da criação de instrumentos que estimulem o desenvolvimento dos alunos, através do aumento de ações de formação/capacitação voltadas para a democratização do saber, no âmbito institucional.

Neste contexto, uma nova gestão pública pode ajudar no processo de formação dos docentes e discentes, em termos de qualificação e profissionalização, capacitando os funcionários técnico-administrativos para integrarem, ativamente, a gestão universitária e desempenharem atividades que possibilitem o desenvolvimento humano e social.

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1.4 GESTÃO PÚBLICA FEDERAL: O PROCESSO DE FORMAÇÃO DO IFPA

O Instituto Federal do Pará - IFPA está administrativamente estruturado em três níveis: a administração superior, os centros de ensino e os departamentos. A administração superior é composta pelos órgãos deliberativos: Conselho Universitário, Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão e o Conselho de Curadores.

Um dos maiores desafios à gestão do IFPA no que toca ao processo de formação é, sem dúvida, a superação do sentimento patrimonialista que envolve grande parte dos sujeitos da sua administração pública, entre os diversos departamentos, ou seja, a confusão que se instalou relativamente à definição do que é de domínio público e do que não é, após a intervenção federal. De acordo com Silva (2009), a perceção que a maioria dos servidores públicos tem sobre o poder exercido por um indivíduo ou um grupo, em dado espaço geográfico, radica nas milícias privadas que tinham funções de vigilância e exerciam a justiça nas localidades, aliando a isso o poder de negociação. Em troca de benefícios políticos e acesso ao poder central, os donos dessas milícias, conhecidos por coronéis, disponibilizavam recursos próprios para proteção local, numa lógica de coronelismo. O conjunto de lugares de domínio coletivo e gerido pelas instituições destinava-se à troca de favores pessoais, ou relações de clientela, denominado clientelismo.

Na opinião de Faoro (1984), o próprio governo utiliza os seus poderes públicos para fins particulares, causando, deste modo, prejuízos aos próprios órgãos da Administração Pública. Constata-se, assim, a inexistência de uma divisão entre o espaço público e privado, ressaltando, em vez disso o “patrimonialismo”. Com efeito, o clientelismo e o paternalismo são heranças que marcam indelevelmente a história da formação dos processos de gestão pública até aos nossos dias.

Silva (2009), postula que o patrimonialismo é uma cultura de apropriação do que é público pelo privado. A apropriação pode ter como alvo recursos, poder ou benefícios públicos. O Estado e a Administração Pública brasileiros nasceram, então, patrimonialistas e, ao longo de três séculos, reproduziram os vícios do país colonizador, o Estado português, tendo tido como traços dominantes a centralização, a regulação e a forte influência do poder da Igreja e da política que, juntas, serviam os interesses da classe dominante. O patrimonialismo esteve presente ao longo da história da administração pública, tanto ao nível da administração racional e técnica, como da administração politizada.

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A gestão pública é uma atividade da maior relevância, pelo que se impõe que os gestores públicos tenham uma formação académica adequada e registo no órgão de classe correspondente para assunção a cargo técnico, o que pode ser entendido como um dos caminhos para moralização do serviço público, juntamente com o controle ético, moral e técnico a que estão submetidos os profissionais no desempenho competente das suas funções. A avaliação institucional é como um empreendimento sistemático que busca a compreensão global da universidade, pelo reconhecimento e pela integração de suas diversas dimensões.

1.5 A AVALIAÇÃO DOS DOCENTES DO IFPA

A avaliação institucional tem como objeto de estudo todos os funcionários da instituição, quer se trate dos docentes ou não, dentro de um ângulo do conhecimento social e comportamental, mas, igualmente, no sistema educacional de abrangência global em termos de rendimento, satisfação, estímulo e também moral; envolve gestores educacionais, programas, cursos e todo clima institucional. Os problemas que afetam a avaliação dos docentes nas universidades têm a ver, essencialmente, com a aprendizagem, em condições irregulares de ensino, por parte de quem participa do processo de ensino-aprendizagem com o objetivo de obtenção de novo conhecimento, capacidade ou atitudes.

Chiavenato (2010) chama a atenção para o facto de que o objetivo da avaliação institucional está na constante melhoria da qualidade do ensino; logo, desenvolver o ensino é, antes de tudo, melhorar a ação do professor. Por isso, com a avaliação da instituição de ensino procura-se uma apreciação segura que favoreça os requisitos para a tomada de decisão dos gestores de educação superior, objetivando a qualidade da ação do professor.

O sistema de planeamento de uma universidade de ensino superior fica concluído com a avaliação, que desempenha o papel de constantemente estimular a ação institucional, sendo a última parte inseparável do primeiro. Então, avaliar a ação docente é indispensável para a obtenção de resultados em termos de delineamento de ações claras pelo planeamento da gestão públicas das instituições do ensino superior. E é importante ter em conta dois olhares diferentes mas complementares: o do professor e o dos alunos, ambos parte do processo de ensino aprendizagem. A avaliação docente leva os professores a repensar a sua prática pedagógica, o que ocasiona mudanças que influenciam os requisitos de ensino, o planeamento e a gestão pública da instituição de ensino.

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Por fim, as políticas educacionais em curso no país, principalmente as que se referem à avaliação, beneficiam do caráter de universalidade e conformidade para caucionar o alcance dos objetivos e o avanço da produtividade e da qualidade da educação. Neste sentido, o Sistema de Avaliação da Educação Superior (SINAES) implicou desafios para as universidades, nomeadamente o de realizarem e expandirem os seus processos de autoavaliação, concorrendo para uma nova atitude no seio das instituições que põe de lado o espírito corporativo que vigora em muitas delas, pois, esses acobertamentos fragilizam os valores civilizacionais e éticos mais elevados da instituição.

1.6 O CORPORATIVISMO NA GESTÃO PÚBLICA FEDERAL DO IFPA

O corporativismo no Instituto Federal do Pará associa o aumento do grau de especialização a novas extensões de autoridade, a partir de uma perspetiva diferente de relações praticáveis que ao mesmo tempo que reforça ou incentiva o desenvolvimento da iniciativa e liberdade individuais, também a limita, vendo-se, deste modo, a instituição confrontada com uma situação difícil.

Nunes (1998) salienta que o corporativismo e o espírito de entreajuda dos professores são um entrave à avaliação. Também a associação dos empregados administrativos pode não ser muito recetiva a uma medida suscetível de distinguir a apatia de alguns setores e as vantagens de outros.

Almeida (1989, p.59) ressalta que “ o corporativismo dá corpo a uma forma por vezes vigorosa, mas sempre fragmentada de representação de interesses, com, pelo menos, dois efeitos possíveis (...) o primeiro faz prever um estilo de ação que poderá imprimir no perfil das instituições políticas sociais a marca do poder desigual dos interesses organizados, reproduzindo e confirmando desigualdade. O segundo efeito diz respeito à força conservadora que o modelo corporativista parece potencializar. Diversas pesquisas evidenciam que a percepção de vantagens pessoais, obtidas por meio da participação, é o principal elo que liga o trabalhador aos esquemas participativos”.

Messeder (1989) entende que o ato ou efeito de partilhar significa ter o máximo de domínio para abdicar de certas qualidades e certos tipos de ocupação, explicar medidas aceitáveis, verificar o respeito por essas medidas por parte do patronato. Soma-se a isso, outros elementos que também potenciam coação, tanto para a instituição, como para as pessoas que nela estão inseridas. O corporativismo contemporâneo privilegia uma classe ou grupo de pessoas junto do

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governo. É uma prática negativa que fere o princípio da igualdade de todos os cidadãos perante a lei. Isso não significa que esse grupo de pessoas seja cético sobre o futuro, mas o êxito não depende só da gestão.

Por fim, o corporativismo destrói o valor do mérito académico. O compadrio político é um mal clássico de que enfermam a sociedade e o Estado brasileiro, e tem como maior crítico, paradoxalmente, a universidade. Com efeito, quer o Estado quer as universidades parecem convergir para o mesmo fim: manutenção de privilégios, fortalecimento de grupos político-ideológicos, realização de projetos e interesses particulares. Num caso e no outro, as consequências também são as mesmas: a qualidade é comprometida; a eficiência do ensino e dos demais serviços prestados pela universidade diminui; as decisões e atitudes dos agentes públicos que dirigem a instituição são eticamente questionáveis; há atropelos aos direitos; a vertente civilizacional e humanista da academia é ignorada.

O compadrio e o corporativismo levam as instituições à degradação civilizacional, sendo a ambição, o utilitarismo, o particularismo de estirpe coronelista, o rancor e a esperteza de tipo patrimonialista elevados à categoria de valores referenciais ou princípios basilares do comportamento humano. A gestão pública do século XXI terá de criar formas de que melhorem o seu desempenho em todos os aspetos – financeiro, pedagógico ou do seu relacionamento com a sociedade – e superar os resquícios medievais das “corporações de ofícios”, viabilizando estruturas de poder mais abertas à renovação.

O próximo capítulo abordará o retrato atual do Instituto Federal do Pará na perceção dos seus docentes.

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CAPÍTULO 2 - A SATISFAÇÃO E A PERCEÇÃO DOS DOCENTES DO RETRATO ATUAL DO IFPA

A satisfação da perceção dos docentes em relação ao retrato da gestão pública federal no IFPA sobrepõe um modelo educacional, pautado por parâmetros de formação dissociados do ambiente de trabalho, a um novo modelo voltado para uma formação compatível com as exigências das organizações e do mercado trabalho. As suas propostas de implementação refletem a resistência que existe em função da necessidade de acompanhar os modelos de visão que dão resposta aos seus interesses.

Apesar das alterações impostas pela Lei de Diretrizes e Bases de 1996 (LDB), das transformações globais, das modificações na qualidade de ensino, o setor do ensino superior continua de certa forma inalterável, pois o seu enquadramento de poder é constituído por diferentes blocos de interesses.

As raízes da ampliação do ensino superior assentam na hegemonia dos critérios que procuram a satisfação de necessidades voltadas para o mercado, isto é, imperam os critérios económicos. Santos e Amarante (2004) ressaltam que diversas escolas privadas não têm condições para responder à procura na área da formação tecnológica, chamando a atenção para a importância do ensino público na articulação das instituições de ensino, pois possui as condições necessárias para a inclusão de todos a partir de um projeto nacional de graduação pública, planeado de forma a dar resposta democrática e articuladamente às exigências do desenvolvimento local.

Nesta ótica, Aranha e Machado (2000) ressaltam que o conceito de versatilidade para distinguir as novas bases de formação requeridas para o trabalho se insere na capacidade de realização de tarefas (prática de trabalho) e na capacidade cognitivas (raciocínio, abstração) de realização de conexões conceptuais ou de funções.

Em suma, não obstante as dificuldades enfrentadas hoje pela gestão pública federal do Instituto federal do Pará - IFPA, a perceção dos docentes revela que há um certo interesse em aprender e em permanecer nas salas de aula. Importa salientar, que esses docentes procuram adquirir novos conhecimentos para uma melhor aprendizagem, e como forma de garantir a inovação e o futuro da gestão pública federal.

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2.1 A INOVAÇÃO E O FUTURO DA GESTÃO PÚBLICA NA PERCEÇÃO DOS DOCENTES DO IFPA

A inovação da Gestão Pública Federal procura identificar os cidadãos de hoje, adaptando-os às suas reais conveniências, incentivando-os a responder às grandes exigências da sociedade, neste forte cenário de mudança. De acordo com Fonseca (2007), é necessário que o gestor tenha uma visão atual, a qual exige a profunda reforma dos modelos organizacionais existentes de forma a renovar a cultura organizacional das instituições públicas federais, tendo como foco os docentes. Só assim será possível haver uma gestão pública federal capaz de converter e mudar as universidades de ensino superior, tornando-as mais hábeis, menos burocráticas e assentes num forte compromisso do seu corpo docente.

Logo, para levar a cabo o seu planeamento estratégico, qualquer instituição de ensino superior deve mostrar, com clareza, os valores que determinam a sua gestão estratégica. Esses valores apontam para as convicções que as norteiam e reagem às relações sociais que convertem em realidade concreta o pensamento estratégico; são preceitos duradouros e fundamentais da instituição com importância para todos os envolvidos. Finger (2001) postula que, para que haja um bom planeamento na instituição, é necessário identificar, esclarecer e publicar os valores fundamentais da instituição e as convicções que regem o seu quotidiano.

Para Imbernon (2004), o compromisso dos gestores é fundamental para a implantação de uma instituição transparente, com ideias e o futuro promissor que todas as organizações desejam. As instituições devem ter políticas claras e estar permanentemente abertas à comunidade, transmitindo a essência da organização em termos dos seus propósitos, provendo a estrutura que regula as suas relações institucionais, além dos objetivos gerais de desempenho.

Dias Sobrinho (2012), sublinha que este perfil de inovação requer visão e futuro na gestão Pública federal, com ações que visem não só o aumento da profissionalização dos gestores, preparando-os para fazer face aos desafios, mas, também, a criação de iniciativas de competências técnicas e de gestão. Para tal, a administração pública precisa de se qualificar. Uma instituição com visão de futuro e que privilegia o ensino, a investigação, a extensão e a inovação tecnológica é garantia de multiplicação do saber e de inserção dos cidadãos no mundo do trabalho.

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2.2 O CONTRIBUTO DOS INSTITUTOS FEDERAIS PARA O ENSINO, INVESTIGAÇÃO E EXTENSÃO

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), a Lei 9394/96, nos seus artigos 43º a 57º, aponta como desígnios do ensino superior:

♦ incentivar a criação cultural e o crescimento do raciocínio científico e reflexivo;

♦ formar profissionais em várias áreas do conhecimento, aptos para integrar o mercado de trabalho;

♦ estimular no aluno o interesse pela pesquisa e pelo trabalho científico;

♦ contribuir para o crescimento da ciência e a modernização e propagação da cultura;

♦ favorecer a informação a nível global, nacional e regional, determinando com a comunidade uma conformidade de reciprocidade;

♦ fomentar a extensão, e a participação de todos.

Em 2002, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, aderiu ao Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras-PAIUB e criou a comissão de apoio à Avaliação Institucional dos Cursos de Graduação-AICG. Atualmente, está em vigência o Sistema de Avaliação da Educação Superior-SAES, instituído pela Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004, que previa a análise dos instrumentos de avaliação aplicados aos discentes, docentes e servidores da instituição, dentro das categorias relacionadas a seguir.

Neiva (2001) lembra que o ensino superior tem como propósito formar profissionais nas mais diversas áreas do conhecimento, através do ensino ministrado, desenvolvendo o espírito científico e o raciocínio reflexivo, estimulando o trabalho de pesquisa e a produção de investigação científica e extensão, e, ao mesmo tempo, contribuir para a divulgação de informação cultural, científica e técnica.

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, sendo uma instituição pluridisciplinar, com enumeração própria, tendo vindo a distinguir-se pela produção intelectual traduzida em vários estudos sistémicos de temas fundamentais na área da ciência e da cultura, tem, naturalmente, um papel importante na formação de docentes. Além disso, possui um corpo docente com mestrado e doutoramento, que se dedicam ao ensino, à investigação e à extensão, habilitados para exercer as suas funções mas, também, dar resposta às questões do dia-a-dia com que se defrontam no campo profissional.

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2.3

A POLÍTICA DE ENSINO, INVESTIGAÇÃO E EXTENSÃO DOS INSTITUTOS

FEDERAIS DE EDUCAÇÃO

A Política de ensino, investigação e extensão do Instituto Federal do Pará compreende as determinações incluídas no Plano Nacional de Educação (PNE 2011-2020), e tem como finalidades a Política Nacional de Extensão PNE, bem como as dimensões reconhecidas e acordadas no âmbito do Fórum de Pró-Reitores de Extensão dos Institutos Federais. As unidades curriculares do instituto federal, as dimensões das suas ações e a sua base inicial são protegidas pela política de extensão do IFPA.

Na ótica de Masetto (2008), a extensão possibilita a democratização do saber científico e tecnológico, num movimento duplo de difusão do que é produzido sistematicamente e o seu retorno por meio da re-significação e reelaboração desenvolvida pelos atores sociais. Essa relação entre a pesquisa, o ensino, a produção de conhecimentos e a extensão é uma dinâmica que contribui para a transformação da sociedade, num processo de incorporação de novos modos de vida e de uso de tecnologias capazes de operacionalizar, efetivamente, a relação entre teoria e prática. Calazans (2002) defende que todos aqueles que se preocupam com o desenvolvimento científico e tecnológico do país e vivem o quotidiano das salas de aula e laboratórios nas universidades tomam uma posição firme no sentido de preservar algo que foi construído com muito esforço, competência e sacrifício na comunidade científica.

A implementação de mudanças na procura por uma universidade que se quer renovada implica um processo permanente de avaliação da instituição, a partir do qual seja possível elaborar o diagnóstico institucional. Esta tarefa tem-se revelado de grande complexidade no interior das instituições de ensino superior do país (Imbernon, 2004). A relação social de impacto é voltada para os interesses e necessidades da maioria da população, aliada aos movimentos de superação das desigualdades e da exclusão social. Neste contexto, procura-se articular programas que focalizem o desenvolvimento regional e o fortalecimento de políticas públicas de amplo espectro.

Na opinião de Silva (2009), o impacto, a transformação, a valorização e a diversidade dos saberes devem contemplar os interesses e as necessidades da maioria da população e potenciar desenvolvimento regional e a implementação de políticas públicas. Essa diretriz consolida a orientação para cada ação da extensão face à complexidade e à diversidade da realidade, sendo

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necessário decidir quais as questões prioritárias, com abrangência suficiente para uma atuação que contribua, efetivamente, para a mudança social.

Finalmente, a política de ensino e a valorização da diversidade na perceção dos docentes reflete, necessariamente. os interesses e valores de quem avalia, considerando que a avaliação é uma atividade que é afetada por forças políticas e que tem efeitos políticos.

2.4 A VALORIZAÇÃO, A DIVERSIDADE E A INTEGRAÇÃO DOS SABERES NOS INSTITUTOS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO

Freire (1997) ressalta a distinção entre treinar e educar, exemplificando que treinar significa entender as técnicas e competências importantes para um deliberado fim, enquanto ensinar vai muito para além disso. Na sua opinião, ensinar "não é propagar conhecimento, mas desenvolver as habilidades para a sua criação ou a sua construção” (Freire, 1997, p. 26) e o que é relevante para o docente é respeitar as dificuldades dos alunos, tornando esses obstáculos em experiências úteis para o ato educativo. Porém, é importante fazer a ligação entre a informação adquirida pelo estudante no seu dia-a-dia de e o conhecimento técnico e académico.

Santos (2007) chama a atenção para a importância de se entender e definir, claramente, “o que” e o “como” ensinar. A investigação estimula os docentes a obter feedback dos alunos relativamente ao modo como compreendem o currículo de modo a poder ajudá-los, através da perceção do seu esforço, dos seus pontos fortes e pontos fracos.

Também Freire (1979) valoriza este aspeto quando afirma que entre alunos e docentes há uma troca de conhecimento e uma reflexão, em que quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. O ser humano enche de cultura as áreas geográficas e repositórias, entendendo-se cultura como tudo o que é produzido pela humanidade, que pode ir de um poema a um gesto de respeito. A cultura é recriação; não repetição. "Essa relação homem-realidade, homem-mundo, [...] implica a transformação do mundo..." (Freire, 1979, p. 17).

No processo de aprendizagem, o ambiente contribui para o desenvolvimento de objetivos compartilhados com recurso a métodos de comunicação que criam uma sensação de coletividade que ocorre na organização e que encadeia as diferentes pesquisas, contribuindo para a adaptação das pessoas dentro de uma sociedade e para a comunicação entre elas (Silva, 2009).

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Em suma, o aspeto mais importante dentro deste contexto são os métodos de socialização do docente, já que envolvem e vão concretizando, paulatinamente, as convicções pedagógicas, o pensamento e as teorias, algumas obscuras, sobre os docentes, o saber, o conhecimento e a sociedade (Gómez, 2008).

Imbernón (2004) compreende que ao estender-se a análise relativamente à “práxis”, ao procurar-se novos caminhos para a profissão e ao realçar-se a possibilidade do coletivo se está, de facto, a edificar e a traçar novos rumos para um desempenho capaz de produzir mudanças. As instituições de ensino superior são categóricas ao trazer à discussão o diálogo sobre a movimentação das inteligências múltiplas de Gardner (1997, p.47) que explica a inteligência “como competência para decidir dúvidas ou desenvolver produtos que sejam expressivos em um ou mais ambientes culturais.”

A permanente procura por escolhas que permitam trabalhar e aceitar as modificações poderia levar à renovação das diferenças em termos de aprendizagem e de sucesso escolar. De acordo com Moreira e Silva (2002), o desenvolvimento das ciências está direcionado para a investigação e para o experimentalismo; os docentes dispõem de ferramentas que lhes permitem definir mais rigorosamente a natureza das dificuldades com que se deparam todos os envolvidos no processo educacional e social. Para estes autores, os docentes são uma peça indispensável na criação de um ambiente facilitador da mútua conjugação de saberes e experiência, tendo como desafio as diversidades e desigualdades, próprias de cada região e localidade; discentes e docentes podem contribuir para um discurso único que se aplique a um local e reafirme a possibilidade de se poder sempre fazer.

Em resumo, um dos maiores desafios que, presentemente, se colocam às instituições de ensino superior é o de criar e expandir um Projeto Político Pedagógico que, mobilizando as competências dos docentes, determine um olhar real sobre a prática pedagógica, no que diz respeito à multiplicidade cultural, ao processo de avaliação e à participação dos docentes.

2.5 AS MUDANÇAS NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR

A nova configuração da gestão pública provém de um movimento de integração global, segundo o qual, para garantir o crescimento económico e social, os países deveriam desbaratar a economia e fomentar formas obsoletas e degeneradas de mediação estatal, de modo a criar um sistema

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mundial autorregulado, em que a economia se definiria a si própria; dito de outo modo, em que a sociedade seria global, livre e regida pelas normas e sinais dos mercados (Stiglitz, 2002; Chesnais, 1996). Nesta perspetiva, os agentes económicos internacionais e nacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (BM), a Organização Mundial do Comércio (OMC), o grupo dos países mais ricos (ou mais fortes) do mundo (G8), os bancos centrais, e as organizações globais, entre outros, procuram eliminar as barreiras comerciais.

Assim, foram efetuadas mudanças e criadas políticas educacionais que levaram as universidades a alterar a sua forma de ensino, os seus objetivos e as suas precedências, adaptando-se aos valores próprios da economia e dos mercados. Desta forma, a avaliação de programas institucionais ou de governos tem sido objeto de investigação no campo da literatura económica e social.

Ao investigar a natureza da regulação em educação superior, Kells (2000) salienta que o ato de regular abrange tanto a fiscalização do requisito ou do nível de seguimento do objeto regulado, como da ação para mudar essa situação ou nível. O conceito inclui a mensuração da execução relativa em verificação com as possibilidades ou elementos normativos. O autor considera como subfunções do processo de regulação a certificação, a avaliação e o controle da qualidade.

Através da certificação da qualidade, é possível observar qual a resposta dada às exigências do governo e verificar se os mecanismos internos de regulação estão instalados e a funcionar. Os resultados são obtidos com base nos padrões e normas estabelecidos, sendo possível verificar, igualmente, a adequação de inputs ao funcionamento das atividades. Caso essa adequação não exista, é possível, deste modo, promover, atempadamente, as mudanças necessárias.

Regular um estabelecimento de ensino superior envolve, pois, avaliar o desempenho de uma instituição ou de um programa em relação às suas intenções previamente declaradas e/ou às diretrizes normativas “julgadas necessárias pelo regulador, tendo como base uma avaliação formativa ou sumativa” (Kells, 1995, p. 16).

No debate sobre educação, a avaliação do ensino tem vindo a constituir-se como tema central das políticas públicas de educação, em países centrais e periféricos, contribuindo de forma cada vez metódica para a regulação dos modelos de qualidade educacional que o mundo globalizado requer. Todavia, não se pode ignorar que as mudanças que têm ocorrido no mundo inteiro têm influenciado, de forma expressiva, as políticas públicas brasileiras, nomeadamente as

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políticas sociais, que passaram a ser elaboradas e realizadas no quadro de definição das políticas económicas.

Na década de noventa do século passado, o governo brasileiro levou a cabo uma série de transformações que se enquadram no conceito de reestruturação do Estado preconizado por Kells (1995). Sob a orientação do Ministro Bresser Pereira, essas transformações foram no sentido de inovar e certificar a produtividade, acabando com a burocracia que, segundo o então ministro, impedia um crescimento do Estado brasileiro em moldes internacionais. Num contexto de descentralização e maior agilidade das ações, a avaliação institucional funciona como medida reguladora do processo de delegação de competências, no qual o Estado não perde o comando sobre as políticas estratégicas.

No Brasil, segundo Dias Sobrinho (2002), o conceito de educação utiliza um modelo pluri-referencial, sendo descrito através de várias designações heterogéneas. No caso do ensino superior, a avaliação é vista como uma ferramenta que serve para validar um sistema de comunicação ou uma política de Estadual ou governamental, ratificando e assegurando a graduação institucional. Entre 1990 e 2000, essa capacidade desenvolveu-se e multiplicou-se, culminando na criação e realização de sistemas de avaliação básica e superior.

Convém não esquecer que uma avaliação levada a cabo na perspetiva da regulação do comando pode, verdadeiramente, diminuir a autonomia das instituições de ensino superior, levando as universidades a um tal grau de uniformização das suas práticas e instrumentos de avaliação, que pode impedi-las de crescer institucionalmente de acordo com a trajetória e particularidade de cada IES.

Por outro lado, a avaliação contribui para promover a qualidade do ensino, da investigação, e para o desenvolvimento de uma cultura institucional interna de rigor e exigência e de adoção de boas práticas, além de constituir um mecanismo de prestação de contas e um fator de regulação e desenvolvimento organizacional.

2.6 A APRESENTAÇÃO DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO DO PARÁ - IFPA

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará-IFPA, foi oficialmente criado pela Lei Federal que regulamenta a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica,

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Tabela 2: Amostragem Proporcional Estratificada por turno e género  Turno  n  Proporção  Proporção  Amostra  M.(60%)  F.( 40%)
TABELA 3. Distribuição segundo a faixa etária dos docentes do IFPA.
GRÁFICO 12. Percentagem da avaliação dos docentes relativamente ao compromisso da gestão do IFPA,  campus Belém com a avaliação dos docentes e seu desenvolvimento
GRÁFICO 13. Percentagem da perceção dos docentes relativamente às perspetivas futuras  da Gestão Pública Federal do IFPA
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