Universidade Federal Fluminense - UFF
Departamento de Ciências Econômicas de
Campos
MODELOS DE GASTOS PÚBLICOS
Os gastos públicos (GP) envolvem grande
complexidade.
Há alguns trabalhos sobre os GP que
buscaram examinar a evolução mediante a análise do bem-estar ou algumas teorias do crescimento econômico.
Podemos citar dois tipos básicos de modelos: Modelos macroeconômicos
A lei de Wagner
O estudo de Peacock-Wiseman
Processo de desenvolvimento e o crescimento
dos GP
Modelos microeconômicos
Relaciona o aumento dos GP com os
Modelos macroeconômicos dos Gastos
Públicos
Lei de Wagner:
Lei de Expansão das Atividades
do Estado (baseada em observações empíricas) -
gastos cresceriam mais rápido do que a renda nacional.
Então, com base em dados empíricos, Wagner
Quando a Produção “Per Capita” aumentava
Atividades do Estado
Portanto, os gastos públicos aumentavam em
proporções superiores ao produto
OE Reflete a taxa de expansão do crescimento dos gastos públicos Gastos Públicos (G) Produção (Y) Ge =αYB
TRÊS ARGUMENTOS PRINCIPAIS
1.
EXPANSÃO DAS ATIVIDADES DO ESTADOEM SUBSTITUIÇÃO ÀS ATIVIDADES PRIVADAS:
I. Processo de industrialização Legislação
II.Crescimento populacional
2.
IMPACTOS NOS GASTOS PÚBLICOSDECORRENTES DA EXPANSÃO CULTURAL E DO BEM-ESTAR:
I. Educação
II.Saúde
III.Distribuição de renda
IV.Lazer, etc.
Bens superiores ou elástico em relação à
GASTOS PÚBLICOS
+
RENDA REAL DA ECONOMIA
AUMENTARÁ A RELAÇÃO GASTOS POR PIB DEVIDO A ELASTICIDADE-RENDA
3. MUDANÇAS TECNOLÓGICAS + ESCALA
CRESCENTE DE INVESTIMENTOS
SURGIMENTO DE
MONOPÓLIOS PRIVADOS
NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO DO ESTADO PARA GARANTIR A EFICIÊNCIA ECONÔMICA
ESTUDO CLÁSSICO DE PEACOCK e WISEMAN (1967)
SOBRE O CRESCIMENTO DOS GASTOS PÚBLICOS
Baseado na evolução dos gastos públicosno Reino Unido (1890 – 1955) OBJETIVOS:
Introduzir novas informações estatísticas; Relacionar essas estatística com a história
econômica do Reino Unido;
Analisar o comportamento dos gastos públicos, segundo o contexto histórico;
Formular hipóteses com relação a outros países.
ESTABELECERAM DUAS PROPOSIÇÕES
BÁSICAS:
I. Valores “per capita”dos gastos totais x PIB;
II.Crescimento dos gastos públicos x períodos de distúrbios sociais.
CONSTATAÇÕES (PEACOCK E WISEMAN): I. Total dos gastos do governo havia crescido
relativamente mais rápido do que o PIB;
II.Nível dos gastos foi afetado pelas duas guerras
mundiais => variações, denominadas de “EFEITO
III. Gastos aumentaram significativamente nos períodos de guerra;
IV. Após esses períodos, o crescimento dos gastos seguiria um caminho normal, num nível superior ao anterior à guerra;
TRÊS CORRENTES DE PENSAMENTO SITUAÇÕES DOS GASTOS PÚBLICOS
ANTES E DEPOIS DO PERÍODO DE GUERRA
Gastos públicos retornam ao caminho e ao
Após o período de guerra, os gastos públicos
seguiriam um novo padrão de crescimento, acompanhando o acréscimo ocorrido no período de guerra. (as interpretações das análises de Peacock e Wiseman favoreceriam esta situação)
Há um temporário aumento dos gastos civis
após a guerra, sendo que depois de determinado tempo, o nível de crescimento dos gastos públicos alcança novamente o padrão de crescimento anterior à guerra.
MODELOS DE DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO
DOS GASTOS PÚBLICOS
MODELOS:
Associam crescimento dos gastos públicos
com estágios de crescimento do país.
MUSGRAVE
ROSTOW
MUSGRAVE
I. Estrutura do setor público variará de acordo com o estágio de desenvolvimento (medido pelo crescimento da renda “per capita”);
II.Formação bruta de capital pelo setor público: importante nos primeiros estágios de desenvolvimento e crescimento econômico do país;
III.Nesses estágios é bastante significativa a proporção do investimento público em relação ao investimento total.
RAZÕES:
I. Necessidade de grandes investimentos em infra-estrutura econômica e social: transporte, saneamento, educação, estradas, administração pública, etc;
OBJETIVOS:
I.Desenvolvimento;
II.Alcançar estágio intermediário de
desenvolvimento.
2º MOMENTO: Setor público passa a completar a
iniciativa privada.
3º MOMENTO (últimos estágios de
desenvolvimento): A relação Investimento
Público / Investimento Total volta a crescer
devido ao “peculiar estágio de renda e suas necessidades de capital”.
ROSTOW (1964) identificou cinco etapas
para o processo de desenvolvimento econômico: Sociedade tradicional;
Pré-condição para o arranco (refere-se às sociedades em processo de transição);
Arranco;
Marcha para maturidade; Consumo de massa.
ROSTOW também fez a associação entre
gastos públicos e estágios de desenvolvimento;
A relação Gasto Público / PIB volta a crescer
nos últimos estágios de crescimento devido aos gastos de investimentos nos “SERVIÇOS SOCIAIS”, que crescerão relativamente mais que outros itens de gastos.
HERBER
Desenvolveu a Lei de Wagner;
Analisou a associação entre o crescimento
dos gastos públicos e os estágios de industrialização.
Estágio de Maturidade Gastos Públicos Estágios Período Pós-industrial Período de industrializaç ão Período Pré-industrial
PERÍODO PRÉ-INDUSTRIAL:
Participação mais ativa em áreas básicas para o processo de industrialização
PERÍODO DE INDUSTRIALIZAÇÃO
(ESTÁGIO DE MATURIDADE):
Nível de gastos públicos estável, mesmo que haja elevação da renda.
PERÍODO PÓS-INDUSTRIAL:
Aumento dos gastos públicos para que a
economia e o país alcancem novo período de industrialização num nível de renda superior àquele do estágio anterior.
MODELO: NÃO SE PREOCUPA COM A
EFICIÊNCIA DA OFERTA OU COM O EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO
MODELOS MICROECONÔMICOS DOS GASTOS
PÚBLICOS
BUSCAM MOSTRAR OS FATORES QUE
DETERMINAM E INFLUENCIAM A PRODUÇÃO E A OFERTA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS.
Eles procuram analisar as variações nas demandas
pelos vários serviços prestados pelo Setor Público.
Para explicar essas variações, utilizam-se: VARIÁVEIS ECONÔMICAS
VARIÁVEIS POLÍTICAS VARIÁVEIS SOCIAIS
DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DE PRODUÇÃO
A OFERTA de bens públicos obedece a uma
DEMANDA feita pela sociedade.
A curva de oferta do bem público é representada
pelo custo marginal (CMg) e a demanda por D.
As alterações nos níveis de produção e nos preços
dos bens públicos podem ser apresentadas na forma gráfica abaixo.
Uma expansão da DA elevaria os custos e os preços e a quantidade ofertada. Assim, elevando os gastos do governo.
Fatores responsáveis pelo aumento dos gastos
1. AUMENTO DOS GASTOS EM FUNÇÃO DA DETERIORAÇÃO DOS SERVIÇOS
Exemplo: Existe uma estrutura policial
(número de policiais, viaturas, ....) determinada de acordo com o cenário existente de crimes.
Então:
UM AUMENTO DA CRIMINALIDADE ==>
READEQUAÇÃO DA ESTRUTURA POLICIAL ==> AUMENTO DOS GASTOS
2. AUMENTO DOS GASTOS PÚBLICOS EM
RAZÃO DE VARIAÇÕES DEMOGRÁFICAS
O ACRÉSCIMO ABSOLUTO DA POPULAÇÃO promove o aumento da demanda por bens
públicos (serviços de segurança, saúde,
educação,...), elevando os gastos do governo. Mas isso depende da natura do bem.
Questão dos bens públicos puros (cmg = 0). Não se altera na medida que houver variação
DISTRIBUIÇÃO DA FAIXA ETÁRIA
SOLUÇÕES E NECESSIDADES
DIFERENCIADAS
O aumento do gasto público é consequencia do
aumento da população e de sua distribuição etária.
Exemplo:
Maior predominância de jovens
maiores gastos com educação.
Maior predominância de pessoas idosas
3. CUSTO DOS FATORES DO SETOR PÚBLICO E GASTOS PÚBLICOS
Até agora vimos que, o AUMENTO DA
DEMANDA => AUMENTO DA OFERTA => AUMENTO DOS GASTOS.
Agora, temos que o AUMENTO DOS GASTOS
PÚBLICOS SEM QUE HAJA ALTERAÇÃO NA QUANTIDADE DOS BENS E SERVIÇOS OFERECIDOS.
RAZÕES
INEXISTÊNCIA DE VANTAGENS DE
CRESCIMENTO VIA PRODUTIVIDADE
ECONOMIAS DE ESCALA
BAUMOL (1967) DIVIDIU A ECONOMIA EM DOIS SETORES:
SETOR PROGRESSIVO
SETOR PROGRESSIVO
O TRABALHO É UM INSTRUMENTO PARA SE OBTER
UM PRODUTO FINAL ==> PODE SER SUBSTITUÍDO FACILMENTE POR CAPITAL
EXISTE AUMENTO CUMULATIVO DA
PRODUTIVIDADE POR HOMEM / HORA ATRAVÉS DE:
ECONOMIAS DE ESCALA E MUDANÇAS
SETOR NÃO PROGRESSIVO
Um exemplo de setor não progressivo é a indústria de serviços,
como o exercido pelo governo, que tem como característica básica o trabalho intensivo na sua produção.
O trabalho representa em si mesmo grande parte do produto final
que esta sendo consumido.
O trabalho é dificilmente substituído pelo capital sem afetar a
natureza do produto (serviço).
O TRABALHO INTENSIVO NA PRODUÇÃO NO SETOR NÃO
PROGRESSIVO PROMOVE AUMENTOS MODESTOS DE PRODUTIVIDADE.
AUMENTO DO CUSTO UNITÁRIO SERÁ PROPORCIONALMENTE
COMO O TRABALHO INTENSIVO NA PRODUÇÃO NO
SETOR NÃO PROGRESSIVO PROMOVE AUMENTOS MODESTOS DE PRODUTIVIDADE.
ENTÃO, GANHOS DE PRODUTIVIDADE E SALÁRIOS SÃO INFERIORES AO DO SETOR PROGRESSIVO.
ISSO LEVA A UMA TENDENCIA DO TRABALHADOR SAIR DO SETOR NÃO PROGRESSIVO E IR PARA O SETOR PROGRESSIVO.
MESMO PARA OS QUE FICAM, OS SALÁRIOS ENTRE OS SETORES TENDE A MOVEREM JUNTOS.
PORÉM, A MENOR PRODUTIVIDADE DO SETOR NÃO PROGRESSIVO TERA UM MAIOR CUSTO DE OPORTUNIDADE, PORQUE SUA PRODUTIVIDADE É MENOR. COMO O SETOR PUBLICO O TRABALHO REPRESENTA O
PRODUTO FINAL, ELE É DEFINIDO COMO UM SETOR NÃO PROGRESSIVO, E ASSIM, TERÁ AUMENTOS NOS CUSTOS VIA SALARIOS.
REFERÊNCIAS
RIANI, F. Economia do setor público: uma
abordagem introdutória. São Paulo: Atlas, 1997.