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Articulação Informacional das Clivadas e das Pseudoclivadas

Sergio Menuzzi, UFRGS/CNPQ

Gabriel Roisenberg Rodrigues, MSU

Seminário da TAL, PPGL/UFRGS – Porto Alegre, 19/11/2010

1. Introdução

• Por que investigar propriedades semântico-pragmáticas das clivadas e das pseudoclivadas?

Objetivo 1: entender o que é a “articulação informacional”, que noções abarca; especialmente importante para o debate sobre as fronteiras entre semântica e pragmática – fornece evidência para a tendência contemporânea de subsumir aspectos da pragmática sob o domínio da semântica (e.g., Semântica Dinâmica)? Ou para abordagens “griceanas”, em que a pragmática lida antes com aspectos inferenciais e interacionais menos “estruturados” do discurso?

No caso das clivadas e pseudoclivadas: “características informacionais”– exaustividade e “focalização” do constituinte clivado; “caráter pressuposicional” das orações clivadas – receberam “análises redutoras”: exaustividade reduzida a “identificação por exclusão” (cf. Kiss 1998 e outros); pressuposição reduzida a anáfora, e “projeção de pressuposições” à ligação de variáveis no discurso (van der Sandt 1992, Geurts & van der Sandt 2004).

Objetivo 2: entender para que as línguas precisam de duas estruturas sintáticas tão parecidas do ponto de vista formal e do ponto de vista semântico-pragmático…

Aqui: reportar resultados preliminaries de trabalho em andamento em relação ao objetivo 2: (a) um resultado negativo: das “propriedades discursivas” características das clivadas, a melhor candidata a ser a “distintiva” cra. pseudoclivadas falha nisso. (Trata-se do caráter denegador das clivadas, cf. Givón 1993.) (b) uma contribuição positiva: as “propriedades informacionais” que se acredita compartilhadas revelam-se distinguíveis em certas ocorrências típicas; portanto, identificamos o que parecem casos cruciais para estabelecer a oposição informacional.

2. Propriedades informacionais-discursivas das clivadas

• Ponto de partida: tentando distinguir a “articulação informacional” das clivadas, por oposição às pseudoclivadas. Na literatura, três propriedades de “significado não proposicional” das clivadas: (a) "foco identificacional", "exaustivo", do constituinte clivado (Kiss 1998 e outros); (b) caráter "pressuposicional" da oração clivada (Prince 1978, Delin 1992, 1995, e outros); e (c) caráter "denegador" da sentença clivada no discurso (Givón 1993):

(1) “O presidente mentiu ao povo americano quando afirmou que a falta de ação do Congresso impediu a aprovação desta legislação”, disse Waxman. “Na verdade, foi o presidente que

obstruiu a votação no Congresso.

A candidata inicial à “propriedade distintiva”: caráter denegador; afinal, “foco exaustivo” e “caráter pressuposicional” são características compartilhadas por clivadas e pseudoclivadas…

(2)

2.1 A "pressuposição lógica" das clivadas

- Cf. Prince (1978) e Delin (1992, 1995), freqüentemente, a noção de “pressuposição” é associada a “conhecimento compartilhado” ou “dado no contexto”; nas clivadas:

(2) A: A Maria encontrou o João ontem no cinema.

B: Não, foi o Pedro que ela encontrou no cinema ontem.

Pressuposição compartilhada: Maria encontrou alguém ontem no cinema.

- “Pressuposição lógica”: diferentemente dos acarretamentos (cf. (3)), conteúdos pressupostos são mantidos mesmo no escopo de operadores semânticos que afetam condições de verdade (cf. (4)):

(3) a) Negação

Não é verdade que João saiu e Maria entrou.  Maria entrou. b) Modalidade

É possível que João tenha saído e Maria tenha entrado.  Maria entrou. c) Interrogação

É verdade que João saiu e Maria entrou?  Maria entrou. (4) a) Negação

Não é verdade que foi o Pedro que Maria encontrou ontem.  Maria encontrou alguém ontem no cinema.

b) Modalidade

É possível que tenha sido o Pedro que Maria encontrou ontem.  Maria encontrou alguém ontem no cinema.

c) Interrogação

É verdade que foi o Pedro que Maria encontrou no cinema?  Maria encontrou alguém ontem no cinema.

- Prince e Delin: nem sempre "pressuposição lógica” é “conhecimento compartilhado”:

(5) ## Foi há 50 anos que Henry Ford nos deu o fim-de-semana. No dia 25 de setembro de 1926, em um decisão incomum para aqueles tempos, ele decidiu estabelecer a semana de trabalho de 40 horas, dando aos seus empregados dois dias de folga ao invés de um.

(6) A: (olhando para uma transcrição feita por B de uma sessão experimental com um sujeito) O sujeito realmente cometeu esse erro?

a) B: Isso não é um erro de verdade. Sou eu que não sei DIGITAR. b) B: Isso não é um erro de verdade. Sou EU que não sei digitar.

- Conclusão de Prince e Delin: a oração clivada é uma “pressuposição lógica”, mas não necessariamente “conhecimento compartilhado” ou “informação dada” no contexto.

- IMPORTANTE: a pressuposição das pseudoclivadas também é uma “pressuposição lógica”, cf. (8). Portanto, não é o que distingue clivadas de pseudoclivadas.

(3)

(7) a) Negação

Não é verdade que quem a Maria encontrou ontem foi o Pedro.  Maria encontrou alguém ontem no cinema.

b) Modalidade

É possível que quem a Maria encontrou ontem tenha sido o Pedro.  Maria encontrou alguém ontem no cinema.

c) Interrogação

É verdade que quem a Maria encontrou no cinema foi o Pedro?  Maria encontrou alguém ontem no cinema.

2.2 Constituinte clivado "contrastivo" e o "efeito de exaustividade"

- Segundo Kiss (1998), o constituinte clivado não é apenas "foco informacional" ou "informação nova", mas "foco identificacional", caracterizado por "exaustividade":

(8) Foco identificacional: representa um subconjunto do conjunto contextualmente dado de elementos aos quais o predicado de uma asserção pode potencialmente se aplicar; é identificado como o subconjunto exaustivo/excludente ao qual o predicado se aplica.

(9) A: Qual dos rapazes encontrou a Maria, o João ou o Paulo? B: Acho que foi o João (que a encontrou).

- Primeiro teste (Kiss, p. 250-251): clivadas não são "acarretadas" por asserções que se aplicam ao conjunto contextual como um todo:

(11) Foi o JOÃO e o PEDRO que a Maria encontrou ontem.  Foi o JOÃO que a Maria encontrou ontem. (12) A Maria encontrou o JOÃO e o PEDRO ontem.  A Maria encontrou o JOÃO ontem.

(13) ?? Se foi o JOÃO e o PEDRO que a Maria encontrou ontem, então foi o JOÃO que a Maria encontrou ontem.

(14)  Se a Maria encontrou o JOÃO e o PEDRO ontem, então a Maria encontrou o JOÃO ontem.

- Segundo teste (atribuído por Kiss a Donka Farkas): quando há exaustividade, inclusão de novos membros do conjunto na predicação tende a ser interpretada como denegação:

(15) A: Foi o PAULO que a Maria encontrou ontem? B: Não, ela encontrou o PEDRO também. ?? Sim, e ela encontrou o PEDRO também. (16) A: A Maria encontrou o PAULO ontem? B: # Não, ela encontrou o PEDRO também. Sim, e ela encontrou o PEDRO também.

(4)

- Terceiro teste: incompatibilidade com operadores universais (não há exclusão), de indefinidos (não nem exclusão nem identificação), de inclusão (não há exclusão):

(17) a) ?? Foi/Foram todas as BOLSAS que a Maria comprou daquela loja b) ?? Foi alguma COISA que a Maria comprou naquela loja.

c) ?? Foi também uma BOLSA que a Maria comprou naquela loja. (18) a) A Maria comprou todas as BOLSAS daquela loja.

b) A Maria comprou alguma COISA naquela loja. c) A Maria comprou também uma BOLSA naquela loja.

- Basicamente os mesmos efeitos são encontrados com as pseudoclivadas; portanto, também não são os efeitos de exaustividade acima que distinguem as clivadas:

(19) ?? Se quem a Maria encontrou ontem foi o JOÃO e o PEDRO, então quem a Maria encontrou ontem foi o JOÃO.

(20)  Se a Maria encontrou o JOÃO e o PEDRO ontem, então a Maria encontrou o JOÃO ontem.

(21) A: Quem a Maria encontrou ontem foi o PAULO? B: Não, ela encontrou o PEDRO também.

? Sim, e ela encontrou o PEDRO também. [Talvez, contraste não tão forte.] (22) a) ?? O que a Maria comprou daquela loja foi/foram todas as BOLSAS.

b) ?? O que a Maria comprou daquela loja foi alguma COISA. c) ?? O que a Maria comprou daquela loja foi também uma BOLSA. 2.3 Função "denegadora" da sentença clivada no discurso

- Givón (1993: 177 e ss.): clivadas são "instrumentos de contraste", tal como os "tópicos contrastivos"; mas requerem "expectativa contrária" no discurso:

(23) a) Você não conhece os irmãos da Maria? Ela tem dois, o João e o Paulo. Ela gosta muito do JOÃO e admira a inteligência do PAULO.

b) Você não conhece os irmãos da Maria? Ela tem dois, o João e o Paulo. Ela gosta muito do JOÃO mas/??e não suporta o PAULO.

c) Você não conhece os irmãos da Maria? Ela tem dois, o João e o Paulo. Ela gosta muito do JOÃO;o Paulo ela não SUPORTA.

d) Você não conhece os irmãos da Maria? Ela tem dois, o João e o Paulo. Ela gosta muito do JOÃO;?? é O PAULOque ela não suporta.

(24) a) A: Sabe a Maria? Ela não suporta o PAULO. B: Não, é o JOÃO que ela não suporta. ? Não, o João ela não suporta.

(5)

b) Sabe a Maria? Andam dizendo/Às vezes parece que ela não suporta o PAULO. Na verdade, é o JOÃO que ela não suporta/?? o João ela não suporta.

- Esquematicamente: o falante compartilha com a "proposição em disputa" o conteúdo da oração clivada, mas rejeita o valor específico que ela reclama para a variável:

(25) a) Proposição P em disputa: ∃x [[Maria não suporta x] & [x = Maria]] b) Conteúdo de P compartilhado: ∃x [Maria não suporta x]

c) Conteúdo de P denegado: [x = Maria]

- Exemplos da literatura (esp., Prince 1978 e Delin 1992, 1995) normalmente "denegadores":

(26) a) Assim, eu aprendi a costurar os livros. Eram livros realmente bons. Eram só as capas que

estavam estragadas. (Prince, (38a), p.896)

b) Para isso a resposta dada é a de que no verso que trata de Boaz não há prova de aprovação divina, apenas de que Boaz usou esta forma de saudação. Mas no segundo

verso é o anjo que usa esta forma de saudação e, então, há evidência de aprovação divina. (Delin, (13), p.9)

c) Duplicar o espaço de venda em 700 metros quadrados não era a maior despesa. Eram as

novas instalações e mobília para preencher este espaço que seriam realmente dispendiosos. (Delin, (15), p.10)

- Pseudoclivadas são compatíveis com os contextos denegadores das clivadas; também não parece ser o traço pragmático distintivo das clivadas.

2.4 Conclusão

- Das propriedades informacionais-pragmáticas mais discutidas na literatura, parece que nenhuma é distintiva. Mas sabe-se que têm funções distintas (cf. Prince 1978, e.o.) Qual a diferença?

- Com relação às propriedades das clivadas acima discutidas: demonstramos em outro trabalho (Rodrigues & Menuzzi 2008) que, das três propriedades, a única que parece constante nos diversos contextos pragmáticos é a “pressuposição lógica” (cf. exs. abaixo); mas isso não parece ajudar, já que é uma propriedade compartilhada com as pseudoclivadas…

(27) É com grande prazer que anuncio nosso conferencista desta noite, o Prof. Carlos. (28) Quem fez este molde? Foram os professores (que o fizeram)? Foram os alunos? 3. Sobre a distribuição discursiva das clivadas e das pseudoclivadas

• Outra observação importante de Givón (1993) – que ele não explora e Rodrigues & Menuzzi (2008) tb. não: pseudoclivadas, mas não clivadas, constituem boas “aberturas de discurso”. (30) [Abertura de um aula ou palestra:]

(6)

(31) [Idem:]

#É o estado atual dos estudos sobre clivadas que pretendo apresentar hoje. (…)

• De fato: estudo preliminar de ocorrências reais não revelou sequer um caso de clivada em início de texto; há poucas em começo de parágrafo e várias em posição medial e, especialmente, em posição final de parágrafo. Alguns exemplos típicos:

(32) Dia de Bambu - Diz um provérbio oriental que o bambu enverga, mas não quebra. (…) [José Dirceu] É um articulador por excelência, elogiado até pelos inimigos, com uma visão única e completa do governo, do conjunto da sociedade e da classe política, com quem lida diariamente. "O Congresso é a coisa mais complicada do Brasil. Do ponto de vista do governo, evidentemente, não está resolvido", diagnostica. Entretanto, foi diante deste tripé –

sociedade, Congresso e governo – que ele viveu seu dia de bambu.

Problema - Em fevereiro deste ano, quando o PT fazia aniversário de 24 anos, irrompeu a mais forte ventania sobre Dirceu.

(33) (…) Pela primeira vez em sua história, o escritório regional do Unicef estabeleceu vias para donativos dirigidos a outros povos. “O Unicef Brasil tem uma tradição que é aplicar exclusivamente no país os fundos arrecadados aqui. Mas, em função da enorme vontade do povo brasileiro em ajudar, nós abrimos uma exceção e estamos com três operações de coleta.

Foi a enorme pressão popular que originou esta mudança”, disse José Afonso Braga, chefe do setor de mobilização de recursos da organização.

(34) (…) "Eu lutei contra Deus e o mundo para o PT assumir a eleição direta", relembra [José Dirceu]. Depois disso foi deputado federal mais duas vezes (a segunda, em 2002, com 500 mil votos) e o principal estrategista na vitoriosa campanha de Lula. Foi ele que enquadrou os

sectários do partido e convenceu o candidato a ampliar a aliança com o centro.

(35) Feita a análise destas ocorrências e de outras que recolhemos da literatura, nova surpresa: embora a exaustividade e a denegação sejam características freqüentes, não são necessárias; aparentemente, apenas o “caráter pressuposicional” da oração clivada é constante nos usos reais de clivadas. É isso que a análise de casos como (7)-(8) revela.

• Quatro características: (a) “proposição aberta” que corresponde à clivada está “ativa, em discussão” no contexto; e (b) a sentença tem caráter “conclusivo”, de “fechamento” de segmento temático do discurso – por isso, “posição final” em segmento com certo desenvolvimento; (c) o caráter conclusivo tem a ver com o constituinte clivado “precisar, tornar exato” o valor, indeterminado pelo segmento precedente, da variável aberta; (d) este valor estava “em discussão”, razão pela qual o constituinte clivado é anafórico.

IMPORTANTE:

- (a) e (b) explicam par mínimo em (30) e (31)! E revelam oposição entre clivadas e

pseudoclivadas. De fato, pseudoclivadas não seriam completamente satisfatórias.

- E (c) indica que “identificar por tornar exato”, nestes contextos, é mais importante que “identificar por exclusão” – que corresponderia à semântica de somente (ver Horn 1981, Wedgwood 2005, Rodrigues 2009). De fato, modificação do constituinte clivado por somente muda os discursos em (32)-(35); por exatamente, não:

(7)

(36) Feita a análise destas ocorrências e de outras que recolhemos da literatura, nova surpresa: embora a exaustividade e a denegação sejam características freqüentes, não são necessárias; aparentemente, apenas o “caráter pressuposicional” da oração clivada é constante nos usos reais de clivadas. É {exatamente/$somente} isso que a análise de casos como (7)-(8) revela. • Notar: exatamente é compatível com (9)-(12), mas não com (7) e (8); e pode ou não ocorrer em

usos denegadores como (22). IMPORTANTE: é incompatível com abertura de discurso e, portanto, com casos como (15)!! Razão: exatamente é “pressuposicional”, presume que se está especificando, determinando, o que o discurso precedente deixou indeterminado:

(37) [Abertura de um aula ou palestra:]

O que pretendo apresentar hoje é (??exatamente) o estado atual dos estudos sobre clivadas. (…)

• Quanto a este uso das pseudoclivadas, o que o caracteriza? Eis um caso real:

(38) ## [S1] O que costuma presidir as relações entre os cidadãos e o Estado no Brasil é (??exatamente) o princípio da instabilidade. [S2] Todo ano trocam-se as normas para o financiamento das safras. [S3] Modificam-se também as regras de financiamento habitacional, [S4] tornando-se a casa própria um sonho distante. [S5] Altera-se a declaração do imposto de renda [S6] e reduzem-se as possibilidades de dedução. [S7] E o cidadão é obrigado a adaptar-se a cada solavanco.

Duas características: (a) a pressuposição é “acomodável” (do mesmo modo que descrições definidas únicas, como “O Presidente da Tchechênia” ou “A capital da Zâmbia”), por isso compatível com abertura de discurso; (b) o constituinte “clivado” é na verdade “catafórico” – é um “referente importante” sendo introduzido no discurso – isto é, parece tratar-se de uma “construção apresentativa”, cf. analogia de (6) com a ordem VS em (7):

(39) [S1] Nas casas de papelão do Projac está (??exatamente) o Brasil de verdade, na

expressão de sua cultura e de seus dramas, [S2] como o da protagonista, uma mulher honesta que sai do Nordeste para vencer na cidade grande. [S3] Adriana Lessa é Rita, uma moradora de favela; [S4] Raul Cortez é o Barão, ex-nobre falido que rememora um antigo tempo de delicadeza; [S5] Eduardo Moscovis é Reginaldo, o político corrupto que todos odeiam…

• Em resumo:

(a) Ocorrências textuais de clivadas revelam um subcaso interessante, os de “conclusão de segmento”, que se opõem por simetria a pseudoclivadas de “abertura de discurso”;

(b) estes dois casos diferem não apenas quanto ao “efeito de exaustividade” do constituinte clivado, mas também quanto ao “caráter pressuposicional” da oração (pseudo)clivada.

(c) o “efeitos de exaustividade” das clivadas “conclusivas” não é comum a todos os usos, especialmente aos usos denegadores (uma segunda subregularidade discursiva das clivadas); mas o caráter de “pressuposição ativa, em discussão” é comum aos usos denegadores!

IMPORTANTE: (c) dá suporte adicional à conclusão anterior do que o que é constante, “convencional”, nas clivadas é seu “caráter pressuposicional”!!

(8)

4. À Guisa de Conclusão

• Nossa hipótese no momento: a distinção básica entre clivadas e pseudoclivadas tem a ver com a natureza de seus “requisitos pressuposicionais”. Um pouco mais especificamente: por razões que precisamos compreender, pseudoclivadas são compatíveis com “pressuposições acomodáveis” – isto é, que não precisam de “antecedente ativo” sob certas condições contextuais; clivadas possuem condições pressuposicionais que são estritamente “anafóricas” – isto é, que precisam de “antecedente ativo” no contexto, tipicamente um “antecedente lingüístico.

• Os efeitos de exaustividade são, a nosso ver, derivados das “estruturas textuais” autorizadas por estes requisitos pressuposicionais: no caso das pseudoclivadas, o requisito pressuposicional é compatível com abertura de discurso, daí o caráter “catafórico” do foco apresentativo; no caso da clivadas, o requisito pressuposicional é compatível com conclusão de (segmento de) discurso, de onde o caráter “anafórico” do foco contrastivo.

Bibliografia

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Delin, J. (1995) Presupposition and shared knowledge in it-clefts. Language and Cognitive Processes, 10(2):97-120.

Geurts, B.; van der Sandt, R. (2004) Interpreting Focus. Theoretical Linguistics 30, 1-44.

Givón, T. (1993) English Grammar: A Function-Based Introduction, Vol. II. Amsterdã: John Benjamins.

Horn, L. (1981). Exhaustiveness and the semantics of clefts. In Burke, V. & Pujetovsky,J. (eds.)

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Kiss, K. É. (1998) Identificational focus and information focus. Language, 74(2):245-273.

Prince, Ellen F. (1978). A comparison of WH-clefts and it-clefts in discourse. Language, 54(4): 883-906.

Rodrigues, G. R. (2009) Clivadas e Tópicos Contrastivos: Estudos sobre a Semântica e a Pragmática da Articulação Informacional. Dissertação de mestrado, UFRGS, Porto Alegre.

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van der Sandt, R. (1992) Presupposition projection as anaphora resolution. Journal of Semantics 9, 333–377.

Wedgwood, D. (2007) Identifying inferences in focus. In K. Schwabe & S. Winkler (eds), On

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