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Aula_04_– da cidade funcionalista à cidade pós-industrial

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Academic year: 2021

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ESTÉTICA DO PROJETO –

da cidade funcionalista à cidade pós-industrial

A CARTA DE ATENAS SURGIU COMO UM DOCUMENTO CUJOS PRECEITOS PARECIAM SER A RESPOSTA RÁPIDA E EFICAZ AOS PROBLEMAS PREMENTES COM QUE ENTÃO SE DEPARAVA A CIDADE, COMO O FORA O MODELO DA CIDADE-JARDIM DE EBENEZER HOWARD, NOS FINAIS DO SÉCULO XIX. ASSIM PRECONIZAVA A TEORIA, MAS ASSIM NÃO FOI A PRÁTICA.

NOS ANOS SESSENTA SURGIRAM AS PRIMEIRAS CRÍTICAS E PROTESTOS À PRÁTICA E TEORIA DOS PRINCÍPIOS PARADIGMÁTICOS DA CARTA DE ATENAS. O FUNCIONALISMO COMO NOTA DOMINANTE DOS URBANISTAS DA CIDADE MODERNA PARECIA NÃO FUNCIONAR, TRADUZIDO PELO DESCONTENTAMENTO DOS MORADORES, E MANIFESTADO NA FALTA DE CONFORTO FÍSICO, AMBIENTAL E IRONICAMENTE ATÉ FUNCIONAL. A ARQUITECURA CORRIA O RISCO DA DESCONTEXTUALIZAÇÃO, DO DESRESPEITO PELA MORFOLOGIA DO TERRENO E PELO DESPREZO TOTAL PELAS CULTURAS LOCAIS ONDE SE INSERIA: A APOLOGIA DO FUNCIONAL, DO ZONAMENTO E DO EDIFÍCIO ISOLADO DOMINAVAM A PRAXIS DO URBANISMO. O ESPAÇO URBANO ERA O ESPAÇO QUE RESTAVA APÓS A IMPLANTAÇÃO DO EDIFICADO.

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CERCA DE TRINTA ANOS DEPOIS A CARTA RESULTOU NUM ZONAMENTO FUNCIONAL RÍGIDO, CINTURÕES VERDES E UM SÓ TIPO DE ALOJAMENTO URBANO DE ALTA DENSIDADE

FOI REALMENTE, APENAS A DECLARAÇÃO DE UMA PREFERÊNCIA ESTÉTICA E INTELECTUAL.

CONTUDO, FOI O PESO ORIGINADO PELAS SUAS CONCLUSÕES, QUE A CARTA TEVE UM EFEITO NEGATIVO AO PARALISAR A INVESTIGAÇÃO SOBRE OUTRAS FORMAS DE MORADIA. AO MESMO TEMPO, ESTABELECEU O PLANEJAMENTO URBANO NUMA FÓRMULA MUITO SIMPLES, CONCISA E, DISCUTIVELMENTE MAL CONCEBIDA.

AS SUAS CARACTERÍSTICAS PODEM OBSERVAR-SE NAS ZONAS DE UTILIZAÇÃO DE TERRENOS CLARAMENTE SEGREGADOS, NOS PLANOS DE VIZINHANÇA, MAS OS SEUS IDEAIS E DESEJOS DE REFORMA SOCIAL E DE RECONSTRUÇÃO URBANA TIVERAM RESULTADOS POUCO EXPRESSIVOS.

A CIDADE-JARDIM, O PRINCIPIO DE RADBURN DA SEPARAÇÃO DE AUTOMÓVEIS E PEDESTRES, A CIDADE RADIOSA COM OS ARRANHA-CÉUS EM ESPAÇOS VERDES, A CIDADE DESCENTRALIZADA, FORAM TODOS REALIZADOS NA MELHOR DAS HIPÓTESES EM FORMAS ALTERADAS E LIMITADAS.

O QUE ACONTECEU É QUE ESTAS IDEIAS DE CIDADE TRANSFORMARAM-SE EM MODELOS DE PLANEAMENTO DE ZONIFICAÇÃO E DE UNIDADES DE VIZINHANÇA, MODIFICADAS E ADAPTADAS ÀS EXIGÊNCIAS POLÍTICAS. UMA VEZ ENRAIZADAS COMO HÁBITOS DE PENSAMENTO, NÃO ERAM FÁCEIS DE AFASTAR OU TRANSCENDER, E FOI NESTAS FORMAS SIMPLIFICADAS QUE FORAM INCORPORADAS NAS PRÁTICAS DO PLANEAMENTO OFICIAIS DEPOIS DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.

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SE OLHARMOS PARA TRÁS E NA PERSPECTIVA DAS PAISAGENS, PARECE DE FATO QUE O PLANEJAMENTO URBANO MODERNO SE TRANSFORMOU MENOS NUM MOVIMENTO DE REFORMA SOCIAL DO QUE NUM MEIO DE TENTAR QUE AS CIDADES FUNCIONEM TÃO BEM E EFICAZMENTE COMO UMA FÁBRICA.

CONTUDO SERIA ABUSIVO ATRIBUIR AOS CIAM E À CARTA DE ATENAS A TOTAL RESPONSABILIDADE PELOS DESASTRES URBANÍSTICOS NOS ÚLTIMOS CINQUENTA ANOS, MUITO EMBORA SE POSSAM ESTABELECER ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS: AS CONCLUSÕES DO ALOJAMENTO MÍNIMO CONDUZIRAM EM MUITOS PAÍSES AOS PIORES REGULAMENTOS E REALIZAÇÕES DE HABITAÇÃO SOCIAL.

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A UTILIZAÇÃO INDISCRIMINADA DAS FORMAS URBANAS RACIONALISTAS E DOS EDIFÍCIOS ALTOS E ESPAÇADOS INFLUENCIARAM NUMEROSOS CONJUNTOS HABITACIONAIS SEM VIDA, DESPROVIDOS DE ESPAÇO E DE IDENTIDADE, A ORGANIZAÇÃO DA CIDADE EM ÁREAS FUNCIONALMENTE ESPECIALIZADAS PROVOCOU A PERDA DE RESIDÊNCIA NAS ÁREAS CENTRAIS E PERDA DE OUTRAS FUNÇÕES NAS ÁREAS HABITACIONAIS, RETIRANDO-LHES A VIDA E ANIMAÇÃO.

ANTES DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL O PLANEAMENTO URBANO ERA POUCO MAIS DO QUE UMA PREOCUPAÇÃO ESTÉTICA DA CIDADE IMAGINADA POR UM GRUPO DE IDEALISTAS. IMEDIATAMENTE APÓS A

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL PASSOU PARA PRIMEIRO PLANO. SE ATÉ À SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

COEXISTIAM NA EUROPA A URBANÍSTICA FORMAL COM AS EXPERIÊNCIAS MODERNAS, A PARTIR DOS ANOS CINQUENTA A SITUAÇÃO ALTERA-SE. NUMEROSAS CIDADES ENCONTRAM-SE DESTRUÍDAS, A FALTA DE HABITAÇÃO CRESCERA CONSIDERAVELMENTE, AS POPULAÇÕES SOFREM GRANDES ÊXODOS E A EUROPA ARRASADA NECESSITAVA DE GRANDES INVESTIMENTOS NA RECONSTRUÇÃO, CONSIGNADOS EM PROGRAMAS COMO O PLANO DE MARSHALL. ERA NECESSÁRIO RECONSTRUIR AS CIDADES, CONSTRUIR NOVOS BAIRROS, NOVAS EXPANSÕES E NOVAS CIDADES NUMA ESCALA E RITMOS ANTERIORMENTE DESCONHECIDOS.

A RECONSTRUÇÃO ERA URGENTE, AOS URBANISTAS RESTAVAM POUCAS HIPÓTESES, A NÃO SER ADOTAR UM REPORTÓRIO LIMITADO DE IDEIAS E PROCEDIMENTOS QUASE TODOS CONCEBIDOS ANTES DA GUERRA. INCLUIU A ZONIFICAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DO SOLO, UNIDADES DE VIZINHANÇA,E NA EUROPA UMA IDEIA NOVA, O RECINTO DE LIVRE-TRÂNSITO PARA PEDESTRES.

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ANTES DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL O PLANEAMENTO URBANO ERA POUCO MAIS DO QUE UMA PREOCUPAÇÃO ESTÉTICA DA CIDADE IMAGINADA POR UM GRUPO DE IDEALISTAS. IMEDIATAMENTE APÓS A

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL PASSOU PARA PRIMEIRO PLANO. SE ATÉ À SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

COEXISTIAM NA EUROPA A URBANÍSTICA FORMAL COM AS EXPERIÊNCIAS MODERNAS, A PARTIR DOS ANOS CINQUENTA A SITUAÇÃO ALTERA-SE. NUMEROSAS CIDADES ENCONTRAM-SE DESTRUÍDAS, A FALTA DE HABITAÇÃO CRESCERA CONSIDERAVELMENTE, AS POPULAÇÕES SOFREM GRANDES ÊXODOS E A EUROPA ARRASADA NECESSITAVA DE GRANDES INVESTIMENTOS NA RECONSTRUÇÃO, CONSIGNADOS EM PROGRAMAS COMO O PLANO DE MARSHALL. ERA NECESSÁRIO RECONSTRUIR AS CIDADES, CONSTRUIR NOVOS BAIRROS, NOVAS EXPANSÕES E NOVAS CIDADES NUMA ESCALA E RITMOS ANTERIORMENTE DESCONHECIDOS.

A RECONSTRUÇÃO ERA URGENTE, AOS URBANISTAS RESTAVAM POUCAS HIPÓTESES, A NÃO SER ADOTAR UM REPORTÓRIO LIMITADO DE IDEIAS E PROCEDIMENTOS QUASE TODOS CONCEBIDOS ANTES DA GUERRA. INCLUIU A ZONIFICAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DO SOLO, UNIDADES DE VIZINHANÇA,E NA EUROPA UMA IDEIA NOVA, O RECINTO DE LIVRE-TRÂNSITO PARA PEDESTRES.

ENTRE 1945 E 1960 FORAM CONSTRUÍDAS DIVERSAS ÁREAS RESIDENCIAIS ONDE PREDOMINAVAM OS EDIFÍCIOS EM BLOCOS DE APARTAMENTOS E FILAS DE CASAS DISPOSTAS EM LINHA RECTA. AS SUAS FORMAS NÃO ERAM NOVAS, MAS NUNCA TINHAM SIDO APLICADAS A ESTA ESCALA, INVENTADAS PELOS URBANISTAS DA BAUHAUS E POR LE CORBUSIER NOS FINAIS DOS ANOS VINTE E PRINCÍPIOS DOS ANOS TRINTA. SURGEM AGORA COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES E TORNAM-SE NO MODELO PARA A HABITAÇÃO SOCIAL.

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ENTRE 1945 E 1960 FORAM CONSTRUÍDAS DIVERSAS ÁREAS RESIDENCIAIS ONDE PREDOMINAVAM OS EDIFÍCIOS EM BLOCOS DE APARTAMENTOS E FILAS DE CASAS DISPOSTAS EM LINHA RECTA. AS SUAS FORMAS NÃO ERAM NOVAS, MAS NUNCA TINHAM SIDO APLICADAS A ESTA ESCALA, INVENTADAS PELOS URBANISTAS DA BAUHAUS E POR LE CORBUSIER NOS FINAIS DOS ANOS VINTE E PRINCÍPIOS DOS ANOS TRINTA. SURGEM AGORA COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES E TORNAM-SE NO MODELO PARA A HABITAÇÃO SOCIAL.

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FREQUENTEMENTE CONSISTIAM EM LONGAS FILAS PARALELAS DE APARTAMENTOS DE TRÊS OU QUATRO PISOS SEM ELEVADOR, INTERCALADOS COM BLOCOS GEMINADOS E BLOCOS ISOLADOS ATÉ VINTE PISOS, OS BLOCOS ESTAVAM PROPOSITADAMENTE DISPOSTOS EM ZIGUEZAGUE OU DESALINHADOS. ASSOCIADAS À SUA DISPOSIÇÃO EM FILA E BLOCOS

APARECEM ALGUMAS IDEIAS DE LE CORBUSIER NOMEADAMENTE, AS VANTAGENS DA LUZ SOLAR, DO AR E DOS ESPAÇOS LIVRES. ESTES MODELOS PARECEM SER EFETIVAMENTE OS PRECURSORES DA CIDADE DO FUTURO DE LE CORBUSIER. OS MODELOS DA CIDADE-JARDIM E DA CIDADE-RADIOSA, EMBORA COM PROFUNDAS DIFERENÇAS AO NÍVEL MORFOLÓGICO, TINHAM EM COMUM A LIBERTAÇÃO DE AMPLOS ESPAÇOS PARA USUFRUTO PÚBLICO.

NO INÍCIO DA DÉCADA DE 1960 SURGIRAM AS PRIMEIRAS CRÍTICAS CONTRA ESTES MODELOS. AS POSIÇÕES DE ENTÃO RESUMEM-SE À RECUSA DA CIDADE TRADICIONAL, AO DIAGNÓSTICO E ENUMERAÇÃO DOS SEUS MALES, À ANÁLISE DOS PROBLEMAS DE ALGUNS BAIRROS COMO SARCELLES E À DENÚNCIA DA POBREZA FORMAL E SOCIAL DAS PRODUÇÕES URBANÍSTICAS RECENTES. A DETECÇÃO DOS MALES E AS ANALOGIAS MÉDICAS PARA A CIDADE ESTAVAM MUITO EM VOGA, AS CIDADES TINHAM DOENÇAS E CABIA AOS URBANISTAS CURÁ-LAS, ELIMINANDO AS PARTES INFECTADAS.

“…PARA A COMUNIDADE SER SAUDÁVEL, PARA NÃO VOLTAR A SER NOVAMENTE INFECTADA E MISERÁVEL, COMO QUE POSSUÍDA POR UMA DOENÇA CONGENITA, A ÁREA TERÁ DE SER PLANTADA NO SEU TODO, ERA IMPORTANTE PROJETAR DE NOVO TODA A ÁREA, DE FORMA A ELIMINAR AS CONDIÇÕES QUE DÃO ORIGEM AOS BAIRROS DA LATA…” (FUTTERMAN, 1961, P.121).

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Grande assentamento da região de Paris,1966. 10 000 alojamentos construído no final dos anos cinquenta. O termo «sarcellite» viria a ser consagrado para descrever o fenômeno da monotonia dos “grandes conjuntos”, a banalidade da sua arquitetura, falta de serviços, lojas e empregos e os inúmeros problemas sociais como a prostituição, a criminalidade juvenil, etc.

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SURGEM VÁRIOS AUTORES QUE TIVERAM UMA PALAVRA ATIVA NA CRÍTICA À CIDADE MODERNA, PARTICULARMENTE JANE JACOBS. NO SEU LIVRO «THE DEATH AND LIFE OF GREAT AMERICAN CITIES», (1961), (A VIDA E MORTE DAS GRANDES CIDADES AMERICANAS) ACUSOU DE DESTRUÍREM TUDO O QUE ERA VITAL PARA A VIDA URBANA EM VEZ DE RESOLVER, DE UMA VEZ POR TODAS OS PROBLEMAS DOS BAIRROS POBRES E DA DECADÊNCIA URBANA TINHAM, DECLARA JACOBS, DESENRAIZADO COMUNIDADES, DISPENSANDO-AS EM QUALQUER HABITAÇÃO BARATA DISPONÍVEL AO LONGE, (DESSE MODO, FAZENDO ALASTRAR AS ‘INFECÇÕES’ DA POBREZA E DA DOENÇA, EM VEZ DE AS CURAR) E TINHAM CRIADO OS SEUS PRÓPRIOS PROBLEMAS SOCIAIS, DE DESAFETO, VIOLÊNCIA E VANDALISMO.

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NÃO SÓ CRÍTICA AS QUALIDADES DA VIDA HUMANA DAS CIDADES, COMO TAMBÉM A QUALIDADE ESPACIAL, JACOBS PARECIA REPROPOR O MODELO DAS ANTIGAS ALDEIAS ITALIANAS, CONTESTA OS PRINCÍPIOS DA CARTA DE ATENAS E CRÍTICA AS TÃO PARADIGMÁTICAS CIDADES-JARDINS, A QUEM LHES CHAMOU DE ‘CIDADE-JARDIM-RADIEUSE’: “…ELE (LE CORBUSIER) PROPÔS RUAS SUBTERRÂNEAS PARA VEÍCULOS

PESADOS, E CLARO, COMO OS URBANISTAS DAS CIDADES-JARDINS, MANTEVE OS PEDESTRES FORA DAS RUAS E DENTRO DOS PARQUES. A CIDADE DELE ERA COMO UM BRINQUEDO MECÂNICO MARAVILHOSO (…) MAS, NO TOCANTE AO FUNCIONALISMO DA CIDADE, A CIDADE-JARDIM SÓ DIZ FALSIDADES.”

A NECESSIDADE PRINCIPAL DAS GRANDES CIDADES RESIDIRIA ASSIM NA MISTURA DE FUNÇÕES. NA RUA, NO BAIRRO, NA CIDADE, NA METRÓPOLE OU NA REGIÃO, A INTEGRAÇÃO DE VÁRIAS FUNÇÕES É DE MAIOR IMPORTÂNCIA NA ESTABILIZAÇÃO DO ORGANISMO SOCIAL E ECONÓMICO. JACOBS PEDE A VOLTA DA ORDEM DA CIDADE PELA VALORIZAÇÃO DA RUA.

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PIERRE FRANCASTEL É UM DOS PIONEIROS QUE, JÁ EM 1956, COMBATE CONTRA O URBANISMO MODERNO AO CRÍTIICAR A OBRA DE LE CORBUSIER:

“O UNIVERSO DE LE CORBUSIER É UM UNIVERSO CONCENTRACIONÁRIO. NO SEU MELHOR SERÁ UM GHETTO, NINGUÉM TEM O DIREITO DE CONSTRUIR À FORÇA DA FELICIDADE DO SEU VIZINHO. ISSO CHAMA-SE INQUISIÇÃO…UM CONJUNTO DE CÉLULAS FORMA UMA UNIDADE DE HABITAÇÃO, VÁRIAS UNIDADES DE HABITAÇÃO FORMAM UMA CIDADE, VÁRIAS CIDADES, UM MUNDO. CADA UM TEM O SEU LUGAR E AÍ FICA INSTALADO E TODOS SÃO FELIZES….NO FUNDO DE TODAS AS CONSTRUÇÕES LÓGICAS, O QUE TRIUNFA NÃO É DE MODO ALGUM A ORDEM NATURAL, É O SISTEMA MILITAR, A CASERNA FORMA PRIVILEGIADA DA VIDA COMUNITÁRIA QUE SUPÕE O ABANDONO DA ALMA ENTRE AS MÃOS DAQUELES QUE ESTÃO ENCARREGADOS DA ORDEM COLETIVA DAS SÃS DISTRAÇÕES E DA VIDA AO AR LIVRE. A CASERNA, OS CLAUSTROS, OS CAMPOS, AS PRISÕES, OS FALANSTÉRIOS…LE CORBUSIER PERTENCE À ESTIRPE DOS QUE, ATRAVÉS DOS TEMPOS, QUISERAM FAZER A FELICIDADE DOS OUTROS, MESMO QUANDO À CUSTA DA SUA LIBERDADE…” (FRANCASTEL, 1956, P.34)

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FRANCOISE CHOAY TAMBÉM TEM UMA VOZ CRÍTICA SOBRE O TRABALHO DE LE CORBUSIER:

“EVIDENCIOU-SE A FALÁCIA DE SE ASSUMIR UM MODELO DE HOMEM UNIVERSAL E REDUZIR A VIDA

URBANA A QUATRO VARIÁVEIS: HABITAR, TRABALHAR, CIRCULAR E CULTIVAR O CORPO E ESPÍRITO. QUE OS SERES HUMANOS NÃO SÃO MÁQUINAS DE COMPORTAMENTO MOLDÁVEL E TOTALMENTE PREVISÍVEL FOI COMPROVADO A DURAS PENAS PELA POPULAÇÃO USUÁRIA DAS INTERVENÇÕES MODERNAS. OS URBANISTAS INSPIRAVAM-SE EM VISÕES SIMPLISTAS DO URBANO, COLHENDO OS PARADIGMAS DE LE CORBUSIER, DA CITÉ CONTEMPORAINE E VILLE RADIEUSE”. (CHOAY, 1992, P. 20)

A CRÍTICA AO MOVIMENTO MODERNO EXERCE-SE TAMBÉM SOBRE AS REALIZAÇÕES RECÉM CONSTITUÍDAS, REFERENCIANDO E ELOGIANDO AS CIDADES ANTIGAS, AGORA OS NOVOS URBANISTAS TENTAM REINVENTAR E IMAGINAR ESPAÇOS E FORMAS QUE CONTIVESSEM O EQUIVALENTE DAS QUALIDADES E ATRIBUTOS DOS ESPAÇOS TRADICIONAIS.

EDWARD RELPH, NO SEU LIVRO «A PAISAGEM URBANA MODERNA», (1987), DESCREVE QUE MUITOS EDIFÍCIOS CONSTRUÍDOS APÓS A GUERRA COMEÇAVAM AGORA A EMERGIR PROBLEMAS, TECNICAMENTE, OS EDIFÍCIOS CONSUMIAM MUITA ENERGIA, AS COBERTURAS PLANAS DEIXAVAM PASSAR ÁGUA, OS ELEVADORES AVARIAVAM-SE CONSTANTEMENTE. MUITOS EDIFÍCIOS TINHAM SIDO CONSTRUÍDOS COM ELEMENTOS PRÉ-FABRICADOS E DEIXAVAM PASSAR ÁGUA ATRAVÉS DAS SUAS JUNÇÕES, E TAMBÉM TINHAM PROBLEMAS DE HUMIDADE, BOLOR E PARASITAS.

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Explosão de gás no edifício Ronan Point em Londres

EM 1968, UM BLOCO ISOLADO DE HABITAÇÕES CONSTRUÍDO COM SEÇÕES PRÉ-FABRICADAS, RONAN POINT, EM LONDRES RUIU PARCIALMENTE COMO UM BARALHO DE CARTAS, APÓS UMA EXPLOSÃO DE GÁS NUM DOS APARTAMENTOS E ISTO DEU ORIGEM A CRÍTICAS GENERALIZADAS CONTRA OS BLOCOS ALTOS DE APARTAMENTOS. EM 1972 O PROJECTO DE RENOVAÇÃO DE HABITAÇÃO SOCIAL DE PRUITT-IGOE, EM ST. LOUIS, NOS ESTADOS UNIDOS, FOI PARCIALMENTE DEMOLIDO. ESTE TINHA SIDO CONCEBIDO PELO ARQUITETO MINORU YAMASAKI E FOI CONSTRUÍDO EM MEADOS DA DÉCADA DE CINQUENTA GANHANDO UM PRÉMIO DO INSTITUTO AMERICANO DE ARQUITECTOS, EM MENOS DE VINTE ANOS TINHA-SE REVELADO PRATICAMENTE INSUPORTÁVEL DE SE VIVER.

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SEGUNDO CHARLES JENCKS NO SEU LIVRO « A LINGUAGEM DA ARQUITETURA PÓS-MODERNA – A MORTE DA ARQUITETURA MODERNA», (1981), ESCREVE QUE A MORTE DA ARQUITETURA E DO URBANISMO MODERNO DEU-SE COM A DEMOLIÇÃO DO BAIRRO, CITANDO “…O DESENHO DO BAIRRO É RESPONSÁVEL

PELOS PROBLEMAS SOCIAIS E MORAIS DA SUA POPULAÇÃO...”

OUTRA SÉRIE DE ACONTECIMENTOS IRIA EVIDÊNCIAR, NOS ANOS SESSENTA, A NECESSIDADE DE

ESTRATÉGICAS DIFERENTES PARA O DESENHO DA CIDADE: A CRÍTICA MULTIDISCIPLINAR CONTRA A CONSTRUÇÃO EM ALTURA; A REALIZAÇÃO DE CONJUNTOS HABITACIONAIS DE BAIXA ALTURA E FINALMENTE, A CONSTATAÇÃO DA IMPOSSIBILIDADE DE SE ORGANIZAR A CIDADE COMO OBJETO FINITO. A CRÍTICA À CONSTRUÇÃO EM ALTURA EVIDENCIOU DIVERSOS INCONVENIENTES, DESDE A SEGURANÇA AOS PREJUÍZOS PSICOLÓGICOS E SOCIAIS DA POPULAÇÃO, NOMEADAMENTE NA FORMAÇÃO INTELECTUAL DAS CRIANÇAS QUE HABITAVAM LONGE DO SOLO. POR OUTRO LADO OS EDIFÍCIOS EXCESSIVAMENTE ALTOS INTRODUZIAM NAS CIDADES E NAS PAISAGENS TRANSFORMAÇÕES NEM SEMPRE DESEJÁVEIS. DE FATO É NO INÍCIO DOS ANOS SESSENTA QUE A URBANÍSTICA MODERNA, JÁ

GRAVEMENTE FERIDA, COMEÇA A ‘MORRER’.

CONTUDO SURGE NA MESMA DÉCADA UM IMPORTANTE MOVIMENTO PROVINDO DA INVESTIGAÇÃO ITALIANA NAS ESCOLAS DE MILÃO E VENEZA ENVOLVIDAS COM O MOVIMENTO QUE SE CHAMARIA DE «LA TENDENZA», CUJO PAI É GIAFRANCO CANIGGIA, DESTACAM-SE TAMBÉM OUTROS ARQUITETOS COMO ALDO ROSSI, AYMONIO, GRASSI, CARASI.

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Aldo Rossi, Eraldo Consolascio, Bruno Reichlin, Fabio Reinhart, La Città analoga, 1976. Œuvre présentée lors de la Biennale de Venise, 1976

SEGUNDO JOSÉ LAMAS, NO SEU LIVRO «MORFOLOGIA URBANA E DESENHO DA CIDADE», (2004), ESTE MOVIMENTO DE MATRIZ NEO-NACIONALISTA TEVE COMO OBJETO DE ESTUDO AS CIDADES ITALIANAS.

A PRODUÇÃO ITALIANA DESSE PERÍODO CONTRIBUIRIA FORTEMENTE PARA CHAMAR A ATENÇÃO PARA A CIDADE HISTÓRICA, PARA A PRESENÇA DA ARQUITETURA NO DESENHO DA CIDADE E A REABILITAÇÃO DAS FORMAS URBANAS TRADICIONAIS, COMO É O CASO DA RUA, DA PRAÇA E DO QUARTEIRÃO.

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CONTRIBUIRIA TAMBÉM PARA A REDESCOBERTA DA URBANÍSTICA FORMAL E DA GEOGRAFIA URBANA E PARA AS CONTRADIÇÕES AO FUNCIONALISMO E FINALMENTE PARA A RECOLOCAÇÃO DA INTEGRAÇÃO DA ARQUITETURA E DA URBANÍSTICA NO DESENHO DA CIDADE.

NA TENTATIVA DE UM RETORNO ÀS TRADIÇÕES ARQUITECTÓNICAS, INÍCIOU-SE UMA SÉRIE DE PUBLICAÇÕES E DE TEXTOS COMO A «A ARQUITECTURA DA CIDADE» DE ALDO ROSSI (1966) E «A CONSTRUÇÃO LÓGICA DA ARQUITECTURA» DE GIORGIO GRASSI (1967). OUTROS ITALIANOS CUJA CONTRIBUIÇÃO FOI IMPORTANTE PARA «LA TENDENZA» FORAM VITTORIO GREGOTTI, CUJO LIVRO «O TERRITÓRIO DA ARQUITETURA», (1966) TEVE UMA EXTENSA INFLUÊNCIA, ASSIM COMO ENZO BONFAUTI QUE JUNTAMENTE COM MASSIMO SCOLARI PUBLICARAM A REVISTA NEORACIONALISTA «CONTROSPAZIO», NA SEGUNDA METADE DOS ANOS SESSENTA. FINALMENTE ALFREDO TAFURI, CUJAS OBRAS TIVERAM UMA INFLUÊNCIA PRIMORDIAL NO MOVIMENTO, TAL COMO FRANCO PURINI Y LAURA THERMES, CUJOS PROJETOS TEORICOS EXPLORARAM O POTENCIAL DA SINTAXE NEORACIONALISTA.

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POSTERIORMENTE AOS MOVIMENTOS ITALIANOS, SURGIRAM TRABALHOS DESENVOLVIDOS NA ESCOLA DE BRUXELAS, COMANDADOS POR MAURICE CULOT, OU PELOS IRMÃOS KRIER. ROB E LÉON KRIER, MAURICE CULOT COM A ESCOLA DE BRUXELAS INICIARAM UMA BATALHA DO REGRESSO AO PASSADO, REPROPONDO OS MATERIAIS TRADICIONAIS NA CONSTRUÇÃO, EXCLUINDO O AUTOMÓVEL, CONSIDERANDO-O UM LUXO DESNECESSÁRIO FACE AO EQUILÍBRIO FUNCIONAL DA CIDADE, NUMA UTOPIA SOCIAL QUE RENUNCIA À INDUSTRIALIZAÇÃO. ESTE PERÍODO TERMINA EM 1980 COM A BIENAL DE VENEZA.

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NESTE AMBIENTE DE CRÍTICA À CIDADE MODERNA, A RECUPERAÇÃO DO PASSADO PARECE TER SIDO O ASSUNTO DOMINANTE, ASSIM COMO OS URBANISTAS SEGUINTES VOLTARAM A PROJETAR RUAS, QUARTEIRÕES E PRAÇAS. OS PRINCÍPIOS DO MOVIMENTO MODERNO, QUE PRODUZIAM AS PIORES DAS DESGRAÇAS NO URBANISMO, FORAM DEFINITIVAMENTE ABANDONADAS; A ORIENTAÇÃO SOLAR NA DISPOSIÇÃO DOS EDIFÍCIOS, A LIVRE DISPOSIÇÃO DE TORRES E BLOCOS DISPOSTOS EM LINHA RETA, A SEPARAÇÃO FUNCIONAL DOS PROGRAMAS E O ZONAMENTO DA CIDADE, A HIERARQUIZAÇÃO DO TRÁFEGO E A SEPARAÇÃO POR NÍVEIS ENTRE O PEDESTRE E O VEÍCULO, E ASSIM POR DIANTE MARCAM A IMAGEM DO URBANISMO DOS ANOS CINQUENTA E SESSENTA. TODAVIA, ASSIM COMO O MOVIMENTO MODERNO HAVIA CONDENADO A RUA-CORREDOR E O QUARTEIRÃO SEM UMA ANÁLISE PROFUNDA DAS SUAS CARACTERÍSTICAS A RELAÇÕES COM A CIDADE E COM O CIDADÃO, AS PRIMEIRAS CRÍTICAS DA CIDADE MODERNA DERIVARAM TAMBÉM DA REAÇÃO EMOTIVA DA PERDA DA HISTÓRIA DA CIDADE E SEU VALOR PATRIMONIAL.

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JOSÉ LAMAS, CONCLUIU QUE OS MOVIMENTOS, QUER DA ESCOLA DE MILÃO E VENEZA, QUER DA ESCOLA DE BRUXELAS ALIMENTARAM TODO UM DEBATE TEÓRICO, O ENSINO E A PRÁTICA PROFISSIONAL MAIS EVIDENTE PODEM AGRUPAR-SE EM DOIS GRUPOS PRINCIPAIS:

• O INTERESSE PELA CIDADE ANTIGA, SUA PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO, RESTAURO E

REVITALIZAÇÃO, ENTENDENDO-A E RECUPERANDO-A NA SUA INTEGRIDADE FÍSICA, FUNCIONAL E SOCIAL;

• A REVITALIZAÇÃO DAS RELAÇÕES MORFOLÓGICAS EXISTENTES NA CIDADE TRADICIONAL PARA O DESENHO DO CRESCIMENTO E EXPANSÃO OU PARA AS INTERVENÇÕES NO SEU INTERIOR.

O PERÍODO DA RECONSTRUÇÃO MACIÇA DAS DESTRUIÇÕES DA GUERRA, VÃO SURGIR NA EUROPA ALGUNS PROJETOS E REALIZAÇÕES QUE QUESTIONAM A DOUTRINA DO URBANISMO MODERNO E SE INTERLIGAM COM AS CRÍTICAS REFERIDAS ANTERIORMENTE. TAIS EXPERIÊNCIAS SERÃO REALIZADAS POR ALGUNS ARQUITETOS MAIS INQUIETOS E INCONFORMADOS COM O PANORAMA DA CIDADE.

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