Rodrigues
de Freiias
A O b r ae
o s C o n t e x t o sANTÓNIO A L M O D O V A R JORGE F E R N A N D E S A L V E S M A R I A D O PILAR GARCIA [orgs.]
A
Obra
e
o s
C o n t e x t o s
ACTAS DO
28
-29 de Outubro de 1996
COMISSÃO DE HONRA
S u a Exceltncia o Presidente da República
Govei-nador Civil do Porto
I'residciite da C31iia1-a Municipal do Porto Iteiior da Uiiiversidade do Porto
Prcsideii~e da Associaçáo Coinercial do Porto
l'residenic do Coiisellio Directivo da Faculdade de Ecoiiomia Presidcii~e do Conselho Directivo da Faculdade de Letras Director da Faculdade de Ciências
Dii-ecior da Faculdade de Ençeiiharia Presideiite da Fuiidação Mário Soares
Presidente da F~riidaçáo Calouste Gulbenkiaii I'residciiie d a Fuiidaçáo Eiiç." Antóiiio de Almeida Pi.csidciicc dei Ateiie~i Coiiiercial do Porto
Presideiiie tlo C. D. da Escola Secundária Rodriçues de Freitas Dircctor do joi-nal O Coinércio do Porio
APOIOS
Govei-iio Civil do 1'01-to C â i i i a ~ i Miiliicipal do Porto INICT
Fuiiclaçã« Eiig." Aritóiiio de Alineida Fii~itl;içào Calousie Gulbenkian Associação Coiilercial do Porto Uiiivcrsidade do Porto
Dali Cake
C. 'ilcs A Bwsileira ".
CP-Cainiiilios dc Fcrro Portugueses
MJi-i<> Soai-cs - Apresciite<;ão da aiitologia Noiuis Pri~yi>ras Aiiril.srrs de Rodrigues
. . .
de I:rcir;is. ecliiad;~ pela Fundac;" Eng" AAúninio dc Aliiicida
Câiidido dos Sniiios. A Ao«rlciiiio P n l i r i c i i i c o rio Po>-ro ,ro rei>il>o de Rodrigrrcs 1 l i . . . M. .ir : ia de 1'6tiiii;i Nuiies. Rorli-ig~re.s da Freiros - ~lrr Acorleiiii<i Poliléoiicrr rio
l'orro rio />r<hlici,s,irn niroceriri.slla Nofrrs disl>e,:rris. . . . José Luís Cordosu. Roi/,-iglies rle FI-eil<rs e Oliiaeiio Mrii-riiis: coizri'ovéi-sicrs
c i o i z < i i r ~ i u i s . . .
. . .
Fi-;iiiçisco Ilibeiri, da Silva. Xndi'ig~,r,s rle Fiuir<i.s c n rlrresirin rlo D n l r r , ~
. . . A. C~ii-mo Reis. A go-rrc:iio </e " O Ecco Pol~irlrri-"
M. .i& . . 1'1 CItii-;i Valeriic Lopes Dias, Uiii o / / i r r r sobi.e o Porro d e lirí ccin o i ~ o s :
r, iiiFs rlri ~iini-rc <I<, Rocli.i,q~!es de Freirris . . .
M. .ili.i ". Moi,ucl:i Tavares Ribeiro e Irene M a r i i i Vaqiiiiili;is. Os />rofe.s.sore.s drr
Uiiii~ei..vi~lrrde </c Coiiiihi.ri rrr, r e i i ~ l ~ o rle Ror1i.igric.s </c /;i-eifos . . . 223 I*úcie ivl;iria Cnirlrist~ Rosas. Jo(lq~,inz (/e V~~.SC<>>ICL.I<~.S e c, t'c~l,,riz~~(;rio LICIS c~rre.s
iii<li,.sri-ioi.r.. . . . 229 M;ivi;i M n i i ~ i e l i i C i i > u v c i ~ i D e l i l l e , Eiir ,ire~iiói.io rle / \ r i r , Li,í.s<r Ilodi.i,qitrs rir,
1,'reifrrs ( IS4h- I[> 19) . . . 24 1 J o à ~ Barroso. Os 1~ic.er1.s I~rii.rrt,(.i!c,se.s - o coso </o Liceii Ro<li-i,yrrc.r de 17i-eircrs 253 J < > I - ~ Ç Fci-ii;i$idçs A l v i s . A coii.sr,-ii(:<io iiirerioi. - Ro<lri,yiics rle F,-eirris c <i
NOTA DE ABERTURA
.los& .loaqiiini liodrigiies de Freitas (24.1.1840-27.7.1896) Coi Lirn dos iiiiclectuais c políticos iiiais respeitados iio seu teiiipo, tanto iio plaiio ciciitífico corno n o cívico. Natural do Porto, aqui viveu e trabalhou. Formado iia Acadciiiio Politéciiica, toriiou-se iiin dos seus mais prestigiados leiites. Foi i-espoiisável cdiloi-ia1 do joriial O Coiiiii-cio r l o Poi-to durante cerca de iriiiia alios. aléin de colaboi-ar eiii vrírias publicações.
Ecoiioiiiisln, piiblicou variados estudos que fizei-aiii escola, desde 11111 iiiaiiiinl clc Ecoiioiiiia Política 21 vrírios traballios sobre questões económicas específicas.
I'olítico, Soi iiin pai-laiiientar brilhante e o priiiieiro republicano a ganhai- uirin eleição coino tal ( 1 878). sendo figiira prepoiideraiiie iio republicanisino evoli~cioiiislii.
I'cdagogo, Iòi paladino da divulgaçáo e inodernização da escola a todos os iiívcis.
Cicladão eiiipeiihado, preocupou-se coiii o progresso e a solidariedade, iniis acreditou seinpre iio niercado e lia democracia represeiitativa, iião acleriiiclo aos radicalisinos revoliicionários, iiein as soluções de tipo autoritiírio. I'oi- ociisi51) do ceoieiiii-io da siia inorte, as Faculdades de Letras e d e Ecoiioiiiio da Uiiiversidacle do Porto e a AssociaçHo Coinercial do Porto (de cliic liocli-igiies de Freitas foi associa<lo e dirigente) proiiioveraiii 11111 coi?jiint« de iiiiciativas para relançar o estiido sobre o Hoiiieiii e a sua Obre, coiividaiido ouii.as institui<;óes para o efeito. Essa acçáo, de que resullurain palesti-as. traballios escolares, e alguiiia actividade eclilorial, ciilrninou coin o colóqiiio realizado iio Pal6cio da Bolsa eiii 28 e 29 de Outubro de 1996, iiititiilnclo Rodrigues d e Freitas
-
A obra e os coiitextos, o qual suscitoii o iiiteresse ele ccrco dc 150 participaiites.Para n renlização do colóquio e aclividades paralelas foi iiidispeiisável a coluhoi-ação de virias iiistituições palrociiiudoras. A orgaiiização inanifesta iiiais iiiiin vez o seu agradeciineiito.
O Iprcseiite voluine ieuiie as cerca de duas dezeiias de coinuiiicações ao colóqiiio. Náo Soi possível incluir aqui a inieressaiite e beiii docuineiitada iiilerveiição d o PI-okssor Doutor Feriiando Catroga, da Uiiiversidade d e Coiiubi-a. o qii21l, por exigências de cumpriiiiento de prazos iio coiitexto d e 1"-ovas nçadéiiiicas, se viu iinpossibilitado de apresentar ein teiiipo oportiiiio o texto resl>ectivo. Taiiibéiii náo se incluem textos I-elativos as ceriiiióiiias de tibei-Liiro e eiiccrraincnto dada a sua natureza circuiistancial, inas importa subliiiliar aqui a detalliada relerêiicia do Eng" Víi-gílio Folhadela, presidente ela Associação Coiiiei-cial do Porto, lias palavi-as d e boas-viiidas a o s parlicipniites, sobre a colaboração de Rodi-igues de Freilas coino sócio e
dil-ector dcslki Associnçáo, iioineadaiiieiite o seu papel de iiieiilor doutrinirio, sob o ponto de vista da economia política.
Este voliiiiie de actas junta-se, agora, à p~iblicaçáo das Obras Ecoizrj-
iilic~is E.scollridos de Rodrigues d e Freilas pelo Baiico de Portugal (dois
voluiiics) c 5 rciiiiião de vários artigos dispersos iin colectânea N«i>as
Prígii~(i.s Avrrl.srr.s, cdihda pela Fundaçáo Eng" Antóiiio de Almeida. Encerra-
-sc, clesle iii«do, ~ i n i breve ciclo de divulgação que, esperamos, tenha sido
suficiciitc para despertar a atenção sobre a obra dc 11111 autor fundariieiital na
scg~iiida iiicta<le do siculo passado, hoje baslante esquecido por precon-
ceitos cle viria ordeiii. nias indispensivel h compree~isáo de uni período
NOVAS PÁGZNAS AVULSAS
DE RODRIGUES DE FREITAS
Exiii." Seiilior Vice-Reitor da Uiiiversidade do Porto, Exiii." Sciilior Representante do Governador Civil, Exiii." Seiihoi-a Vereadora da Câiiiara Municipal do Porto, Exiii." Seiilior Presidente da Associaçáo Comercial do Porto, Exiii." Seiihor Presideiite da Fundaçáo Eiig" Aiitóiiio de Alineida, Miiilias seiilioi-iis e meus senhores, participantes deste colóquio:
O Seiilior Vice-Reitor leve a amabilidade de leiiibrar que eu faço parte do cla~isti-o da Uiiiversiclade do Porto, em virtude de ~iiiia graiide generosidade do Uiiivcrsidade, quando ine fez Doulor Hoiioris Causa. Foi essa uiiia das razòcs qiic Ièz com que, apesar de algiiiiia dificuldade de hordrio, aceitasse p;ii-ticipar iiestc colcíq~iio, responder ao apelo e esiar presente, visto que é «i-gaiiizado pela F~iculdade de Letras da Uiiiversidade do Porto. Por outro Indo, dú-se 11 circuiislâiicia de a Fuiidaçáo Eiig." Aiiióiiio de Almeida e do
seli presideiite, dr. Feriiatido Aguiar Branco, que iein sido exemplo d e graiide ;iiiiizade c geiierosidade para comigo e que eu aprecio e estimo iiiiiilo, cstarciii ligi~dos à obra de Rodrigues de Freiias
-
Novas Prígirzas Ai'i11sa.s-
~ L I C Iioje aqui se apresenra. Depois li5 ainda a presença nesta sala clo Associe$áo Coiiiei-cial do Porto, de que teiiho in~iiias recordações. Por 1od;i.s e s i x i-iz6es. iiie.5 esseiicialrnenle por se tralzir de Rodi-ig~ies de Fi-citas, eu iiáo podei-ia deixar de estar aqui. Rodrig~ies de Freitas, cuja obra e s t i dispei-sa e quc eu coiiheço relativaiiieiite iiial, mas cuja vida, significado polílico e acç5o tio s é c ~ i l o XIX eu li6 iii~iitos aiios estudei, coin alguiii p«nneiior, quaiido ine licenciei na Universidade de Lisboa e apresentei Liina lesc sobre Teól'ilo Braga e o iiioviiuento republicaiio eiii Portiigiil - A s icleicrs ~>olíticcr.v r, socirris rle Tedfilo Bi-rigci. Nessa altura, a figura de Rodrig~ies de Fi-eilils, heiil coiiiu iiiiiilas outras, coino a figura de Oliveira Marreca, de cjueiii ele hi biógrafo, coiiio mostraili as suas iniciais P6gi1zn.s Aviilsrrs, Toi-aiii objecto da iuiiiha aiençáo..José Joaquiiii Rodrigues de Freitas foi i-ealiiieiile Liiria figura de enorine pi.cslígi» c fez parte daquela intelectualidade. daqiiele iiúcleo considei-Ave1 d c inlelecluais cios finais do século XIX que exerceram a sua autoridade no Porto e marcamrii o pensamento político c social de vlírias gerações eiii P o r l ~ i g a l , visto que Rodrigues de Freitas foi aiiiiso e coinpaiilieiro d e
Oliveira Mal-titis, outra 1~'igura domiiiaiite tio filial do século. mas sobret~icl« de Biisílio Tcles c Sanipaio Briiiio. Eu penso cliic só agora, depois de tanlas dec. .I d. '1s. . L : r1t1e no Porto volta a liaver unia geraçáo destacada de pessoas
coiii tanta foi-ça coino a que teve esta geração, eiiibora teiihaiii existido
iml~oriiiliics figuras de permeio, como sejaiii Jaime Coriesáo e outras ligadas
;I reviste Ágirin tios priliieiros leinpos da República.
120drig~ics de Freitas, ao conti-ái-io de Oliveira Martiiis, 1150 foi uiiin
figtini c[uc apreseniasse uina obra sisleinátic;~. Escreveli inuilo, p~iblicou alguiis livl-os, c ciiiboi-a existam iiiiiitos outros artigos aiiida dispersos por
vários joriiais, cuiii as Prígii?o.s Av~~lsrr.~, piiblicado eiii 1906, e coiii estas
Noi~rts I'ci,qii~ri.r A1~1~1.sa.s. que agora sáo publicadas, coiii o apoio da Fuiidaçáo
Eiig." Aiitónio tle Aliiieida, já se iioia aqui uina obra consicler8vel. Isto pai-a ;iliiii dc ouims obras de Rodrigiies de Freitas, coiiio A Igrqja, Cniin~ir e P o r r ~ i ~ q ~ I . sobi-e a liberdade religiosa e o laicisiiio, ou as R<flcxóe.s sobre n
y1re.sl~7o l~riricríi-in. ou tini livro eni francês, Noticc slir /e Portligol, piiblicado
e111 1867, «ti o follicto que é uma raridadc bibliófila e que tenho a honra de
possuir - O Poi.t~r,yoI Coi~reni/>oi-rirleo r10 SIIK Olii>ei,ri Mrii-ti17.s. Ou ainda os
IIi.sciii.,so,s Pnrlr1171cnrni-e.v. tio teinpo ein que foi deputado eiitre 1870-78.
Depois voltaria a ser depiitado, mas estes primeiros discursos foraiii dctcriiiiiiantes e estáo publicados.
A obra de Itoclrigties de Freitas, com escievcii Duarie Leitc &ia inti-odiiçáo
hs 1'rí~irro.s Ai,iil.scl.s, esgota-se na sua própria vida, é a sua própria vida. Sem
peiisar tia realização pleiia de ~ i n i a obin, ele era iiin Iioiiieiii que s e disper-
sava 1150 só pelos joriiais, eiii artigos que eraiii coiiio que ensaios sobre uin
teinn e que l'icai-aiii dispersos, inas tainbéni por uina inteiisa participaçáo
cívica. \.isto que ía í'requcniemente a sociedades de recreio e associações otidc Iprocurava lizer uina pedagogia da democracia e da liberdade, Natural- tiieiiic a sua obra ressentiu-se disso. Mori-eu c o m 56 anos, iiias taiiibém Oliveil-a Martiiis iiiorreii joveiii e deixou itiiia obi-a volumosa e sólida. Ein lodo o caso, Rodrigiies de Freitas foi urna das figuras ciiiieiras do seu teinpo e Leve uiiia acção iiiuito iiiiportante tio Porto coiiio professor da Academia I'oliiCciiica e coiiio jornalista, iiiiina acçáo orientada eiii vários seiiiidos.
Uiii desses seiiiidos era o da liberdade. Rodrigiies de Freiias era, como s e
siibç, inoiio 11r6xilno do Seteiiibl.is~iio e dos iriiiáos PLISSOS. Ele vcin d o
liberalisiiio radical, essii era a sua matriz ideológica, e daí evoluiu iiatural-
iiienie pai-;^ [I rc~~iiblicaiii~iiio. Jú Oliveira Marriiis teve uma evoluçáo ideol6-
giçn iiiiiito dilèrente de Rodrigues de Freitas, visio que este foi sempre
ircl~iiblicoiio, enquanto Oliveira Martiiis é republicaiio, depois socialista,
dcpois socialista catedrtkico, depois adere aos pariidos da inonarquia, depois
>linda é pai-lidái-io clii i~~terveiiçáo do rei, niiiiia evolução inuito complexa.
12odrigues de Freitas liceu seinpre fiel ao seu iiúcleo de meios esseiiciais.
irias liberdade econóiiiica limitada, porque ele aceita a intervenção cor- recliva rlo Estado para lutar coiilra a desigualdade, o que é algo d e exireiiiaiiieiiic actual a marcar o seu peiisainctito. Por outro lado Soi seiiipre repiiblicaiio e, quanto ao socialismo, não foi socialista, n u s a sua preocupa- ção essencial era » que ele designava poi- altruisiiio e que [ião era oritrii coisa s e n ã o o que 116s Iioje chainaiiios solidariedade, e clue lios teinpos d a 17el1ública se cliaiiiou hiernidade. Ele em, portaiito, adepto da jiistiça e d a caridaclc, que tein Lima conolaçáo religiosa, inas que pode náo ler essa coiiotação e que pi-etende no fundo ser o amoi- e o respeito pelo próxinio. Ideias da iiiais absoluta actualidade.
Roclrigues de Freitas Soi republicaiio, mas uin repiiblicaiio especial, porque o Soi aiites de I880 e de 1890. Eu explico: 1880 foi o centenbrio d e Ceiiióes e este Iàc(o foi apropriado magistralmente por uma pessoa cliairiada Teól'ilo Uraga. o grande teórico do republicanismo até ù queda da inonai-- qiiia, IXLEL ligar a reflexáo sobre a ideiitidacle l~ortug~iesa e a sua iiidepen- clência ein rclaqão aos povos peninsulares coiii o iiioviniento republicano. E cluaiiclo. ciii 1890, se dá o ~iltimat~ini inglês, os republicaiios api-oveitam- -iio para iii-ar o inaior parlido dessa siiuação e teiiiar coinproineter a moiiar- quis r <i príiprio iiiorizirca, apresentados como aiilipairiolas. E nesse seiiiido
que vciii a rcvolla de 3 1 de Janeiro e Rodrigues de Freitas, que é aiiierior a esta gei-açáo, disbnicia-se'e critica de algiiiua maneira a revolta, porque ele ei-a uni republicaiio evolutivo e constitucion;ilisla e pensava que se devia chegar República pela via democrfitica, isto é, pelo voio, pela via d a maioria, o que é discutível que alguma vez se tivesse coiiseg~iido.
Isio si> para dizer q ~ i e apesar de a geração de Rodrigues de Freitas ser d o rep~iblicaiiisiiio radical e um pouco iberista - Sai o caso de Oliveira Mai-tiiis e ele Aiitero de Q~ieiital - ele era um republicaiio federalista, o que é um eletilento dilèreiite do ibcrismo e daqiiilo que se convencionou cliainal. de "uiiião ibérica". Estes conceitos tcni de sei- todos estudados por vocês, por aqueles qiie se iniercssaii~ pelas questóes do séciilo XIX, presutno qiie todos os partici- pantes desic colGqiiio, tudo conceitos com grande ligação à actualidade porqiie esláo iin raiz de muitos pmbleiiias que aiiida exisieiii lia sociedade
pai-i~igticsa e que estão eiii discussáo: o nosso relacioiiaiiieiilo com Espanha ~ L I C lilnto ~ ~ ~ O C L I ] ~ O L I Rodriçues de Freitas, a questáo da produção vs. repai-- lição, a q i i c ~ á o da democracia representaliva, aspecto eiii que Rodrigues de Fieicns lòi setiipre prolùiidamente ortodoxo, a qliest80 do socialismo, não socia- lisiiio coiiio iiacioiializaçáo de todas as fwiiias <le propriedade, mas como corrector do exercício de liberdade ecoiiómica que iiáo política. Na coii- f l u ~ i i c i a destes ieiiias esuá o pensamento i'uiidaiiiental de Rodrigues de Freiias. Alifis C curioso corno no folheto que referi, de critica a Oliveira Martins, s e reflectem o sentimeiilo e a ideoloçia inerentes a estas questóes. Eu dou inltila iiiiporlâiicia a esse folheio, porque considero que o livro de Oliveira
M. 'iitins. - ' Porr~ignl Conreiiil>or&nco. é utii dos livros inais fabulosos que se escrevcraiii etn Portugal ein todos os tempos. Sou uin apaixonado por esse livi-o, ciija leitura recomendo vivameiite pot-que d6 utn retrato fabitloso do liberalismo em P o r t ~ i g a l e d a s suas v i c i s s i t ~ t d e s . É pressuposto q u e Rodrigues de Freitas tinha alguma suspeita acerca do liberalismo de Oliveira Martitis que. quatido d a publicação d o P o r l ~ i g o l C o n l c i i i ~ ~ o r ~ i z c o . foi acusado de ler sido influenciado por i ~ m tio que tinha sido militante da causa iiiiguelista. Ora justamente Rodrigues de Freitas pertencia a uma família liberal e o seu pai fora soldado do Exército Libertador. É curioso verificar como estas duas k~mílias políticas se inaiitiveratii seinpre ao longo d o século XIX, d c i i i i i lado os partidários do absol~itismo, do outro lado os liberais, parlidários d;i liberdade. E Oliveira Martins que, como referi, teve titi?
percurso siiiuoso, vai acabar por ser partidário da iiitervenção do poder real, poriaiito cotiiririo à regra constituinte de que o rei reiiia iiias não governa, que iiào s e pode iiitroineter nos probleinas da política coiicreta, como aconteceu por intermédio do interposto mitiistro João Franco, facto que cotiduziit ao regicídio de 1908.
Rodrigiies de Freitas é pois utn liberal ortodoxo, com grande sentido d a justiça social. Este livro - Nui>crs Pcíginns Avrr1.srt.s - inostra-o ria fase em que se relère CIS questõcs sociais, aberto aos probleinas do laicisino, embora cotn Litiia ci-eriça itidefinida e que não se sabe s e cliegou até Deus. Há uma relerêiicia de que a esposa dele na hora da inorle terlí começado a recitar-lhe o soticto de Aiitero "Na mão de Deus" e que a o ouvir essas palavras Roclrigues de Freitas teria dado tnostt-as de estar em consoriância com Deus. Mas isso não deixava de estar etn coiisonâiicia com um outro aspecto, a convicção de que a Igreja e a religião eram uina coisa c o Estado outra, e que essa separaçào devia ser assegurada para evitar as formas teológicas d e goveriiação. Hoje esses princípios são claros e vão 110 sentido do q u e delèiidia Rodrigiies de Freitas - o laicisino.
por to+ .i& ess'ts .
..
r'izoes -, - e outras foi importaiite acontecer este colóquio d e abot-dagetii 21 obra de Rodrigues de Freitas, e a últiina razão é a d e que a figura de Rodrigues de Freitas estava esquecida. Mas nesta cidade d o Porto Iiú ~ i i u Liceu liodrigues de Freitas, coiii importantes professores e metodó- logos, e iuuitas gerações ficaram ligadas a esse Liceu. Liceu que foi cris- tiiaclo, e iii;iI, de D. Manuel 11. Não por causa de D. Matiuel 11, que fugindo coin o 5 de Outubro, foi um patriota iio sentido de defender sempre o iiiteresse de Portugal, iiiesino lia República, por ocasião d a primeira guerra inuiidial. Foi mesiuo uma figura simpática e uma personalidade de nível cult~iral próprio, inas não justifica a substituição, que não foi senzo umexpediente da ditadura para apagar utu nome respeitado, inclusive pelos
nionii-quicos, aqui tia cidade do Porto, o noine de Rodrigues de Freitas. Para todos os que teni ideia desta situação, o colóquio tainbé~n vetn a propósito.
,ll'/<E.Sl.'NTAC~O /)A AN'I'OLOGIA NOVAS IJÁCINAS A VULSAS llL'IIOl>IIIGUES DE FI?ElTAS
Quero ainda felicitar o organizador do livro
- Novcis Pcígirins Aviil.sns
- q i ~ e agora vai ser lançado, visto que conseguiu reunir uni conjunto de artigos niuito importantes de Rodrigues de Freitas e escreveu um prefiácio muito interessalite porque foca todos os aspectos da personalidade do autor e traça uiii rctwto iniiito vivo deste pensador republicano. É um livro dividido em quinze capítulos - a questõo social, instruçáo, agricultura, indústria, a questão do Douro, bancos e moedas, as crises, poupança e seguros, questões' .
.
,bis, q~testões coloiiiais, relações com o Brasil, relações coni a Espaiiha, os socialisliios, questões locais, questões políticas-
coni a abordagem de algunlas prohleiiiAticas ainda muito actuais. Uni livro através do qual se iiiostra o peiisaniento de Rodrigues de Freitas, que era ~ i n i pensamento com coerêiicia, actiializado e de grande profundidade.Feliciio os organizadores d o colóquio, o organizador d a obra e a Fundação Eng." Anióilio de Almeida que contribuiu para que este livro fosse possível
A
ACADEMIA
POLITECNICA DO
PORTO
NO TEMPO DE RODRIGUES DE FREITAS
O teiiia que iiie Soi sugerido
-
LI Acnrleiriia Politiozicn r10 Poi-to no fenil>o rle Rorli-igi~es rle Fi.eirri.s - situa-nos, ci-onologicaiiieiite, eiitre dois inomeiitos cln vitlii dii ~~ersoiiagein que estudaiiios: I855 e 1896. A primeira data é a d a iiiatrícula i i i i Acadeinia do aluiio José Joaq~iiin Rodi-igues de Freitas, naturaldo Porto, oiide iiasccu a 24 de Jaiieiro dc 1840; a seg~iiida é a da morte d o lciite da Acadciiiia, [)i-oprietiirio da 17" cadeii-a (Coiiiércio). no dia 27 de Jiillio dc 1896.
A sua ligação i Politicnica cobre o período q ~ i c vai de 1855 a 1896, t i i u espaço ele teiiipo de 41 anos, durante o qual Ilie Ioi dado viver os piores e os inelli«rcs iiiomeiitos da escola a que eslava ligado.
A 12 de Outubro de 1855, coin 15 anos de iclade, José Joaquim Rodri- g i c s de Freitas iiiatricula-se iio curso de engeiiheiros de pontes e estradas. A Acadeiiiia tiiilia acabado de sofrer uin eiiorine sobressalto. Foi em 1854. .Iúlio Mixiiiio de 0livcii.a Pimentel, Lente da Escola Politécnica, mais tarde Viscoiicle dc Vila Maior e Reitor da Ui1iversid;ide de Coiinbra, apresentara
i i i i C2iiiai.a dos Deputados, i i i i i projecto de lei seguiido o qual a Acadeiiiia
Poiit6ciiica do P«rto e outras Escolas erain siiiiplesinente suprimidas! ... A reacçHo do Coiiselho AcadCmico iião se faz esperar. Coiii um escrito que cori-c iiiipresso - "BI.~vL' ML'I~ÚI-~LI sobre r1 I I I S ~ ~ L I ~ ~ O P ~ í h l i c r ~ (10 P~0r1o L'
ncrs ~>roiiíiicins c10 Norte", responde indignadameiite, rebatendo as objecções coiilra a utilidade e existência da Acadeiiiia.
Daiada de I de Maio de 1854, a "Breve Memória" foi assiiiada por todos os ~xd"'ssores e enviada ao Ministro do Reino, Rodrigo da Foiiseca Magalliães. O pi-ojecto de Oliveira Piinentel, porque lhe I'altou o apoio do Goveriio, náo leve seguiiiieiito.
E, clc inoiiieiito, clissipou-se o perigo que parecia iiiiiiieiile.
M . '1s , sigoiii«so : jovein Rodrigues de Freitas como aluno. Qual a duraçáo
elo curso? Que cadeiras teve? Q~iais os seus pi-oSessores?
O c~irrículo dos esuidos de um eiigeiilieiro de pontes e estradas tiiilia a dliração de 5 anos e era iiiiiiistrado nas cadeiras seguiiites:
No 1." ano:
I ." cadeira (Aritmética, geometria elementar. trígonometria plana,
CÂNDIDO IJOS SANTOS
Desetiho de figura e paisagem, na 4." cadeira. Regente: João Baptista Ribeit-o.
2." ano
2.;' cadcit-a (cotititi~taçâo da álgebra, sua aplicaçzo à geometria, cálculo clil'crcticial e ititegi-al, princípios de inecânica). Regente: João Ricardo da Costa. 8,:- c. ~iccit-a I (Física e mecânica iiidustriais). Regente: José de Parada e Silva Leitão.
3." ano
3." cacleit-a (geometria descritiva e suas aplicações). Regente: José Vitoritio Datiiásio.
Qiiítiiica niitieral, iia 9." cadeira (Química, artes químicas e lavra d e minas). Regetite: Joaquim de Santa Clara Sousa Pinto.
Desetilio de topografia e ináquinas, tia 4." cadeira (Desetilio)
Astrotioiiiia c Geodesia, tia 5." cadeira. Regente: Joaquim Torquato Álvares Ribciro.
Zoologia. Mineralogia e Geografia, na 7." cadeira (História natural dos três reinos da naturaza aplicada hs artes e ofícios). Regente: Ariialdo Anselmo Ferrcira 9raga.
Botêiiicii, na 10." cadeira (Botânica, agricultura e economia rural e vete- riiiária). Regentc: Aiitónio da Costa Paiva.
Constr~tçóes públicas, lia 3." cadeira (Geometria descritiva e suas aplica- çóes). Dada até 1844 lia cadeira de Artilharia e Táctica naval. Reçente: G u s ~ l v o Adollò Gotiçalves e Sousa.
Ai-quitectitra civil, na Academia de Belas Artes.
Nesta altura, as cadeiras professadas, com excepção da 6." (Artilharia e Táctica Naval), supritnida pela reforma de Costa Cabral, eram as mesmas d o decreto de 13 de Janeiro de 1837 que transfortnou a Academia da Marinha e Coiuércio tiii Academia Politécnica. Apenas ein 1857 foi criada a 12" cadeira - Ecor~oriiio Políticri e Priitcí,~ios de Dir-cito coinercinl e rrrlriiii?isrr~itivu (lei cle 15 de Julliu dr. 1857), regida n partiu dc Outubro de 1858 pelo Doittor Aclriaiio Machado.
A ACAl>liMlA POLlTl~CN/CA DO POltTO NO TEMPO DE I<ODIIIGUES DE I'I<EITAS
Rodrigiics de Freitas obteve a carta de capacidade em 15 de Julho de 1862. após u i i i curso acadéniico brilhante.
O corpo doceiilc da Politécnica dispii~ilia de um conjuiito de Mestres iiotávcis c»:ii« Joaqliiin Torquato Álvares Ribeiro, Parada Leitão, Santa Clai-a Sousa Piiito, Pedro Amorini Viaiia, Gustavo Adolfo Goiiçalves e Sousa. Vitoriiio Daiiiásio, elc.
A pai-tir dc 29 de Dezeinbro de 1864 passa a contar taiiibéin com José Joaqiiitn Rodrigues de,Freitas como letite substituto das I I." e 12." cadeiras c , por decreto de 15 de Maio de 1867, como lente proprietái-io da I I
.".
O iiovo lente iiigressa na Academia justamente iio teinpo e m que ela ati-avcssav;~ a maior crise da sua história.
Em 1861, uma comissão de letites da Acadeinia elaboro~i uin novo plano de estiidos do qiial I'aziain parte pequenas transforniações de alguns cursos bem coiiio uiiia iiova disti-ib~iição das matérias por curso e por cadeira. Enviado ao Governo nesse mesmo aiio, só etii 15 de Abril de 1863 o Conselho Geral cle Instr~ição Pública eiiiitiu o seu "Parecer". Segundo a organização nele proposta. a Acadciiiia baixava da categoria de escola superior à de pouco mais d o que uina escola secundária industrial. Causou, pois, uin enorme sobres- salto c provoco~i as inais vivas reacções de lodas as forças vivas da cidade.
Todos
-
outarquias, jornais, opinião pública - lomaratn consciência d o perigo quc paiuva sobre esta escola superior. Coiiio se lia nuin dos diários d a cidacle " uiiia história de vinle e sete anos moslra bem o desleixo ou a mávoiitade de ter as províiicias d o Norte de Portugal tia cotisideração q u e iiierecciii. Enhda, enojii, eiivergoiiha e coiitrista coinpulsar as págiiias dessa liistória. O que se passoli tio fitii do ano de 1863 é apeiias inais uiiia ceiia desse espec~úculo. Não cliegava o desleixo. Era preciso a destruição ..."
Feliziiiciitc - conliiiua - a questão saltou do reciiito académico para a cidacle iiiteii-ii. " Do edifício arruiiiado saíra111 vozes enérgicas. Da tei-i-a ol'ciiclida Icvaiitaraiii-se os claiiiores fervorosos, iiidepeiidentes, razoáveis e justos " (O Coillit-cio do Porto de 9.X1.1863).
Taiiibém os leiiles reagiram vivamente nunia " Meiiiória" dirigida a el rei D. Luís. datada de I 6 de Outubro de 1863:
.'
I-lá iiiuito teiiipo, Senlior, se trama contra o inagislério público exei-cido lias províiicias. espccialtneiite coiitra os es~abelecitncntos de instrução superior do 1'01-to, e iiiais especialinente ainda contra a Acadeiiiia Politéciiica"
...
Mais adiiiiite lê-se:
"Até 1837, a palavra reforma aplicada à Acade~iiia do Porto sigiiificou senipre aiiipliação, aperfeiçoamento; desde essa época, porém, a mesma palavra aplicada B iiiesina Academia passou a sigiiificar o coiitrário; passou a s e r siiióiiiiiio de ruína, destruição, aniqiiilação, pai-a conseguir a qual
CÃNI>lDO D O S SAN'r0.T
-
Por via dc I-cgi-a. a resposta a todas as rcclamaç0es, qiiaando se dignaram resl)oiitlcr, pode reduzir-se a três palavras: iião há diiilieiro" ...
Dcpois dc loiigas coiisiderações, a "Memória" dos Lentes denuncia a esu-atfgia inontacl;i para destruir o eiisino superioi- ino Poi-to e centralizar tiido iin capital. o gi-aiidc desideraluiu.
O ;ilvo dc iodos estes protestos era o Conselho Gcral de Iiisti-uçáo Pública. A ri~$rio.
.
7 proii1ii. dc toda a cidade mais uina vez iravoti as veleidadestios reSoriiiadorcs.
A Acadciiii;~ l'oi sujeita a uma iiispecção ":i S i i i i d c s e recolhereiu iiil'orina<;iícs c csclarecimenios iiecess;Irios para se conliecer o estado actual elo cnsino rio riicsino cs~abeleciiiiento, c para se Sorniai- iiin juizo seguro accrca das rclòriii:~~ que iiele convenha iiitroduzir" .
Foi iioineado pa'." proceder a esta iiispecção o coiiselheiro Dr. José Maria tlc t\hrcu qiie inicia os seus trabalhos a 20 de Out~ibro de 1864. Dotado ele iioiilvcl tacto político, coiiieçou por garaiilir ao corpo acadéiiiico que nuiica cstivcrii ciii questão o estauilo da Acadeinia Politéciiica corno escola supe- rior c que só nessas coiidições a reforma seria aprovada.
O "Rclaiói-io" apreseiilado pelo Dr. José Maria de Abreu é uin diagiióstico rigoro") clo csuido da Academia, das cai-êiicias de base e delicieiitc orgaiiização. As prolioslas que apresentou forain, iio g e ~ x l , acolhidas pelo Conselho AçadCiiiico. Era unia iiecessidade reconhecida reorganizar os cursos, supriiiiir ii)cs~no ~ I ~ L I I I S deles, como o de artistas, agricultores, de directores dc l5hricas. de ciigeiilieiros geóçralòs e enxenheiros construtores d e iiavios. p. ,ii,i -, innioi- eliclíci;i
e
;ipioveitarne~ito o ensiiio devia liiniier-se aos coi-sos cIc Eiigeiilinria Civil. Eiigeiiharia de Minas, Coiiiércio e Pilotagein e , como ctirsos prcpar;iióri»s. os das escolas médico-cirúrgicas, do Exército e Naval.Screiiados os âiiiiiios por agora, só vinte aiios depois, eiii 1885, foi a
Ac;i<lciiiia si~jeitn a uma iiot6vel traiisforinaçào que marca unia fase d e iiotilvcl progresso do eiisiiio téciiico superior do Norle do pais. Dá-se a sulxess"ao dc algt~nsccuios e o alai-gaiiieiilo das cadeiras existentes. Poi- clesclohraiueiito de algiiinas delas, são criadas 5 cadeiras iiovas. Os pro- grairias são revisios e pi-ocede-se a tiina redistribuição das inatérias pelas
I S cadeii-as saídas desta reforina.
1,. ,iss,i . .. a Iiaver 2 cursos fundamenlais:
1. Cui-so de eiigeiilieiros civis, de obras públicas, de iiiinas e iiid~istriais; 2. Curso de CoiiiCrcio
Desaparece o curso de engenheiros civis de poiites e esrradas e de enge- nlieii-os gcógralos. Acabaiii também os cursos de directores de fiíbricas, de iigricultor-cs. dc ai-lisias e de pilotos.
Coiiiiii~ia o clirs« tle coiiiércio e qliali-« cursos pi-eparatórios: para a Escolir do ExLrcito, Escola Naval, Escola Médico-Cirúrgica e Escola de Farmácia. O culso de eiigeiiharia civil dividia-se eiii duas secçóes: a dos estudos ~>reparatórios, coiii a duração de quatro aiios, que coinpreeiidia as ciências iiiateriiáiicas. iísicas e iiaturais e a aplicaçáo destas ciêiicias à Engenharia, coiii LI dui-afao dc dois anos.
A iiistr~ição iniiiistrada nos diferentes cursos era teórica e prática, com lic;<scs e ti-abalhos de laboratório e de campo.
O cui-s« de coiiiércio Iòi extinto pouco depois, ein 1897. A escassa fre- qu&ici~i e ei cr-iaçáo, em 1886, de cursos aiidlogos lios Institutos iiidustriais jus- tificai-aiii ti suprcssáo. Foi substituído pela cadeira de Teciioloçia industrial.
Os Leiitcs cla Politécnica obtinham os seus lugares através de coiicurso público. A Ici gnraiitia-llies a estabilidade e gozavam dc um estauito social d c prestígio. Todos haviam recebido a fùriii~çáo cieiitífica ria Universid;ide tle Coiinhi-a, do~itores ou bacliaréis por algiinia das seguintes Faculdades: Mateinzíticti, Direito, Filosofia ou Medicina.
Quando Rodrigues de Freitas se inatriculou, e111 1855, já a Acadeiiiia eoi~tiiv;~ cnti-c 0s seus cloceiites ~ i i i i aluno que nela se forinara - o engenheiro civil, Gusiavo A d o l b Goiiçalves e Sousn. Depois dele, outros se seg~iiraiii, coiiio .l«sé Joaqiiiiii Rodi-igues de Freitas ...
M. ,i& . ,i
. [x-esciiça
da Uiiivei-iidade de Coiinbra kz-se seiiiir dui-aiite muito teiiipo. Alg~iiis dcles - Goiiies Teixcira, Ferreira da Silva, José Diogo Arroio, eic - pas- sol-om iiiesiiio p a u a Faculdade de Ciências em 191 I. No ano lectivo de 1895.96, eiitrc os 17 lentes proprietários - a 16." cadeira estava vaga-
12 tinham-se Iòriiiado tia Uiiiversidade de Coimbra; apenas 5 tinham saído da Politécnica.Rodi-ig~ics de Freitas inatriculou-se na Acadeinia aos 15 anos de idade. O s estailiios da Escola exigiam 14 anos como idade mínima. Matricularain- -se iiacjuclc ano de 1855156 158 alurios; 132 iio ano seguinte; 1 1 9 eiii 185711 8.58. Esta diiiiiii~iiçáo d a freq~iêiicia causou surpresa a o Conselho Supei-ior dc Iiisti-ução Pública que esperava fosse iiiais ii-equeiitado este estabeleciiiieiito de eiisiiio, quer pela sua sede. quer pela sua natureza. P r o c ~ i m , critão. tomar as medidas adequadas ao auineiito da frequência, designadaiiieiite com a inteiisificaçáo dos estudos prhticos e ii adniissão nii Escola clo Exército dos aluiios da Academia.
E, tio iiiiediato, a tendência inverteu-se. Mas, a partir de 1863 até mais ou meiios 1880, a Acadeiiiia conheceu um período de recessáo, explicável pelas dificulrliides que atravessou.
CÃNDII>O DOS SANTOS
Por caria de lei de 1857 foi a Academia enriquecida coin a cadeira de Ecoiio~~rio />olírico, /,i.b?ctj,io,s cle direito co17zer-cinl e ~1di7zi17i.rti-ativ0. Abriu ~pcla priiiicira vez no ano lectivo de 1858159 s o b a regência do doutor Adriano Machaclo. De 12 alunos matriculados ficaram aprovados 3 e 9 pei-dei-niii o alio. Não por reprovação, mas por faltas. De resto, o índice de relxovaç6es cra baixo. O que sucedia é que os alunos se auto-reprovaram, não aparcccndo a exaiiie.
A . ,issisieiicia .:, :is aulas era obrigatória. A kilta a qualquer sabatina equi-
valia a ti-ês Iàlias diárias. Mas, ein caso de reincidência, correspondia a cinco. Todavia. se a Iàlta ù sabatiiia ou repetiçáo fosse jusiificada contar-se-ia apenas coiiio Litiia falta simples oii uina falta diária.
O coiili-olo das presenças rias aulas e,-a apertado. O apiii'aniento das falias tinha lugar na reunião do Conselho acadéinico iinediatatnente anterior aos exaiiies. O estiidaiite que tivesse dado 40 faltas justificadas ou treze não justificadas perdia o ano.
Fazer greve às aulas ("fazer parede") poderia iambéin conduzir à perda do alio. A Iàlta dada por um aluno, em "dia de parede", s ó em conselho acacléiiiico podia ser justificada. Presuiiiia-se que os alunos tiiili;im feilo "pai-ede" sempre que, seguiido a inforinação do bedel, 213 dos matriculados cs~âviitii ausc~ites.
O aproveitaiiiento dos estudantes era avaliado eiii actos públicos, com poiiios tirados :I sorte, tia presença do lente de cada cadeira, 24 horas antes do exaiiic. Cada júri era constituído por 3 lentes: 2 argueiites e o regente da cadcim, que pi-esidia. O resultado dos exaiiles era apurado eiii votação secreta: dois AA davam o candidaio coiiio api-ovado; d o s RR coiiio reprovado: uni R significava aprovação "pela inaior parte" e inibição de receber préiiiio nessa disciplina.
Rodi-igttw de dcreitas lei 11111 aluno laureado, coin nuiiierosos préinios ao lo11go tlo curso.
Com<, leiiie viveu os piores momentos da Academia. Mas pode tambéin assis- tir aos anos da i-ccuperação, acentuada, sobretudo a pariir da reforina d e 1885. Nos úlliiiios anos da sua vida académica continuou a reger a mesma cadeira, agora apenas alkrada na ordeiii - de I I" piissara a 17".
Assiiii, eiii cada ano, o Anuário da Escola sempre regista o nome de: J. J. Rodrig~ies de Freit;is como lenie propi-iethrio da cadeira de Comércio, até que, iio ano de 1896197, em lugar do noiiie do lente proprietário, aparece escrita a palavra "vaga".
Eiii Jullio de 1896, tio fiin do ano lectivo, falecera este "grande espírito e grande carlicter, repuhlicaiio estimado entre inonárquicos ferrenhos", deixando, aos 56 anos, o lugar de professor da Escola que "tão superior e zçlosniiieiili exei-ccu". Fui tio dia 27, depois do meio-dia ...
i\ ACAl)li~llA POLITZCNICA DO POI1TO NO TEMPO DE ROOI1IGOE.S DE /--11E/TAS
ACADEMIA POLITÉCNICA DO PORTO
~VIATII~CULAS E ~NDICES DE APROVEITAMENTO
~ .. ~~~ C A N D I D ~ DOS SANTOS ~- 1895-96 1893-94 1891-92 1889-90 1887-88 1885-86 1883-84 1881-82 1879-80 1877-78 1875-76 1873-74 1871 -42 1869-70 1867-68 1867-68 1865-66 1863-64 1861-62 1859-60 1857-58 1855-56
RODRIGUES DE FREITAS:
DA ACADEMIA
POLITECNICA DO PORTO
AO PUBLICISMO OITOCENTISTA.
NOTAS DISPERSAS
::'A iiiiageiii pública que Rodrigues de Freitas evoca iio iiosso iinagiiibrio Iiistoi-iognífico eslii dii-cclamente ligada ao publicisiiio
-
instructivo, jorna- Iístico. pedagógico e político-
e i matriz do republicaiiisiiio.A cnl<lcei- estc iiigrcdieiites eiicoiitra-se, seiii dúvida. a iiiarca de vivên- cias portlieliscs c a sua actividade iiiteleciiial e científica. Preleiidemos colocar coiilo Iiipóiese para itinerário o facto de a Açadeiiiia Politécnica d o Porco ter poteiicialidades, qiiase dii-íaiiios deicrininaiiles, iio sentido d e incentivar a extciisáo cultliral de publicisiiio cieiitíí'ico e tecnológico. Esta instiiuiçã» teve coiiio aluiio, e coiiio doceiite, a Sigiira de Rodrigues d e Freitas. Tentareinos eslabelecei-, nesta coiii~iiiicação, alguiis elos enti-e o espaço roi-madoi- e o piiblicisino de clue o ilustre porluense .foi um d o s prii1cipai.j rostos, a par com o perfil de iim i-elatoi- que elabora um projecto d e i-el6riiie para o Curso Superior de Coiiiércio, iio alio leciivo de 1878-1 879.
A iniageni d a Acadeiiiia Politécnica d o Porto
Arlur Magalliães Basto, lia laboriosa e erudiia coiiipilaçáo informativa sobi-e a loiigevidade da Academia Politéciicia do Porto I, faz nascer esta
iiistitliição da coiiS1~1ência de tradicioiiais iiitei-esses coinei-ciais da cidade d o Porio. associada a um periiianenie desejo de ieiiivindicar i-eforinas.
A p ó s a traiisí'ormaçáo d a Acadeiiiia d e Coiiiércio e Marinlia c111 A c a d c i i i i ; ~ Politéciiica, por via das Reformas d a décaclc d e trinta d e oitoceiiios. o iniciar da década de cinquenta começa a trazer as toiialidades d e iicgi-it~idc, iio seiitido de pugnar legitimaineiite poi- uiiia iiitervenção benéfica 2.
A. Magalliães Bastos no capítulo desigiiado "Eiitre duas arreinetidas" (1854-1863) kiz-lios eiiirar eni coiiiacto (até pela violência da linguagerii) c o m os pei-íodos làiídicos:
' <
Regi-esseiiios ~ i i i i pouco atrlís, e respig~ieinos, dos Relatórios aiitialmente
enviados pcla Dii-ecção da Acadeiiiia Politéciiica ao Goveriio,' a iiotícia d e alb~iiis Factos de iiiaior interesse para a Iiistória da vida iiiteriia deste estabe- leciineiito aos quais ainda não fizemos referência. acrescentamos d e
passagern inl'oriiiaçóes complemeiitares colhidiis iioutros docuinentos. Estudarciiios neste capítulo o período decorrido entre 1854 e 1863, isto é,
eiiti-e c« aiio eiii que o Deputado Oliveira Pinieiitel apreseiitou em Corles o seu í'aiiioso Pr«jeclo de Reforrriii d a Iiistr~ição, e aquele e m q u e novo inoviiiieiito se esboçou co11ti.a a iiitegridade da Academia Politécnica"
'.
Pai.alelaiiieiitc vão-se regisiaiido várias outras características que iiHo evicleiiciaiii sitiais de vitalidacle, ou de graiidcza, pai-a a Polilécriica do Porto. Assiii;il;iiii-se os cslõrços ini~riitílèros do corpo académico, o iiiau i~incio- ~iiiiiieiito dos lah»i.atói-ios, do iiiuscu iiidustrial c inaiiifesta-se a graiide iieccssidaclc clc iiielhoi-ar o ciisino que se vinlia cfeciuaiido.
"Eiii 25 de Jaiieiro de 1865, O Coiiselho Geral de Iiistruçâo Pública lpecliii :i Acadeiiiia Poliiéciiica que lhe eiiviasse a Relação dos Aluiios que
Iiaviaiii lerniiiiaclo o Curso de Eiiçeiiliaria Civil desde 1854 a 1864, a fim de siitisl'azcr a tiiiia recluisição d a C o m i s s ã o noiiieada p a r a e s t u d a r a reor~aiiiznção <I« eiisiiio lia Escola Indtis~rial Porluense e lia Acadeinizi Politéciiica. Desagradável surpresa loi esta. EiitHo estava já marcada [tina Coiiiissão liam
-
cerlaiiieiite eiii liarnionia coni as ideias de José Maria de Ahrcu, cxposias eiii scii oiício cle 26 de Oultihro clo ;ino aiiterior - seor- gniiizar c linriiioiiiz;ii- o ciisiiio nos dois estabeleciiiieiitos, e neiii seqiier se titilia coiii~inicado c« lacto aos iiiais dircclaineiitc iiiteresszidos?!" 4.1,. .ir,idosos
..
c ~ n c mtii'cariiin o esfoi-ço (Ie fazer articular a Acadeiiiia IJolitéciiica c»iii a Escola Iiidustrial Portueiise. O relatar dos acoiitecimeiitos coiiiiii~ia a pautar-se pela coiistaiite falta de verbas, pelas dificuldades rclacioiiadas coni o l'uiicioiia~iieiilo das várias uiiidades org8iiicas d a Acadciiiia. No ciitaiito, " um facto de graiide iiiiportâiicia se deu iiesla é ~ ~ o c i ~ : i i i i l i ~ g r o ~ i ~ i i i ~ ~ i t c apareceu e111 1865, coiiio Director Geral de Instrução I>ública o Iciiie dti Acadeniia Politéciiica Adriaiio Machado, o qual log6 deu a este csiaheleciiiiciito pelo Dec. de 31 d e Dezembro d e I868 da sua iiiilorin duiis cadeii-as: tima de Mecâiiica e oulrri cle Quíiiiica Orgânica e de Aiiiilise Quíiiiic$.l'areciii q ~ i e o progresso cieiitíl'ico iria, Siiialiiieiite. enti'tir nos domíiiios da iiislitiiiçã« ~p«litéciiica portuerise. De facto. lia tonalidade discursiva que leiiios viiido a segiiir encoiitramos o esboçai- de "pi-ogressos leiitos" que 3
p'ii'lii' tlii cléciidii de sctenla s e Iòraiii foiiiindo no iiiterior d;i Acadeiiiia.
Siiiiboliciiiiiciitc. Magalliães Basto teriiiiiia este capítulo coiu a apresenhçào de uiii pi-o,jccto de cursos livres a miiiistrar iiuin liistiiuto Politécnico que tomai-ia a lugar- de uiiia Acadeiiiia Politéciiica, rel'oriilada e coiii ligações clirectas o« Iiistituto Iiitiustrial. O golpe fiiisl e coiiclusivo veiu rápido:
"Esciisado & acrescentai- que este projecto, apesar tle ter tia Acadeiiiia Politéciiica entiisiiisticos e tenazes deleiisores, iiáo logrou viiigiir"6.
Tnlvcz n iioia de esperaiiça, e de alento, esteja traduzida iia siinbologia do i-etrato d c Iàiiiília da Acadeniia, coinposto pelos distiiilos alunos e leiitcs.
Apeiias alg~iiis exciiiplos para os anos lectivos dc 1874 a ISSO: Ricardo de
Aliiieid;~ Jorge; .lúlio Xavier d e Malos: Elviiio José de Sousa e Brito;
Fi-aiicisco Maria Esteves Pereit-a; Basílio Ribeiro Telcs; Beiito de Sousa Casqucja Júiiior; Manuel de Brito Camaclio; José Maria Qiieiroz Veloso;
~Maxiiiiiano Augiislo d'Oliviera Lemos Júnior.
Uiiia gcmção cult~iral e cieiitífica que, clecerto, alinhava com os pontos
clc Iioiiu que se Iàziaiii eloquenteineiite exibii-, qiiando das visitas reais, coiiio i«riiia tlc valorizar os poderes da Ciência c ela Téciiica presentes iio
iiitcrioi- dos espaços da Acadeinia Politéciiica. Aproveiteiiios a visita d o
iiioiiarcn cic 30 dc Novembro de 1865 liasa auscultar a iiieiiiória viveiicial
dos p~-ov~ig«iiistas da Polit6ciiica portueiise, 110 inoiiieiiio em que têiii opor-
iuiiidadc de ccntl.ar sobre si, coiii toda a solenidade, poiiipa e cii-cuiistância a atciição do poder real pasa a iiivicta cidade do Porto:
'-E qtie brioso E este vosso povo, que honra não faz ao I'orto o espectb-
culo gi.niidi»s» qiie ela ofereceu acosreiiclo a reprcseiitar a [>i-ol da integri-
dade e melhoi-aineiito dos seos Iiistituios cieritíl~icos c profissioiiais como era
iiiagestose c pai-a ver essa reunião pacífica de cidadãos de todas as opiiiiões
políticas. de todas as Iiierarquias
1.
..I.
O Porto, LI cl~ieii1 seiiipse se procura c acliaiii prestes nas gstiiidcs crises,
c~uiiiicIo se carccc de sacril'ício de vidas e de Iòrt~iiias. O Porto, a iixiis comer-
cial, n iiiais rica e iiiclustriosa cidade do reino, coiiio provam as estatísticas das
iillaiideg;is. ii sua ~ x ~ g s e s s i ~ i e extraordiniria edificação. as einpresas baiici-
riiis c cIc tocio o géiiei-o que de dia para clia se lòriiiaiii: que é a capital das
~rovíiicias do iiortc, as mais povoadas e agricultoras e laboriosas de Por--
t~igal. Iiivocaiii o priiicípio da ceiitralização, arguiiieiitaiii coiii o exemplo das
niais c~ilvas iisções. Sei-i a Iiiglatesra? Das suas seis aiitiquíssiiniis ~iiiivei-sidades.
eiiti-e as qiiais teiii o priiiieiro lugar as de Oxlorcl, Canibridge e Ediiiiburgo.
ncnliuiiia ci.a ciii Loiidres
[...I
Os iiiais acreditados iiislitiilos de ciêiiciasnet~irais tia capital (Royal Politheciiic, Loiidon Instituiions) são devidos :I
liheraliriade particular [
...I.
Socorrein-se a que iião h5 desliiio a dar aos quea Acacleiiiin Poliléciiica do Porto Iiabiliva coiiio eiigeiilieiros civis, quaiido
todos aqueles ;i queiii tem coiiièrido cai-ta de capacidade, e o tem requerido, hão
sido eiiipreçados ou coiiio prokssores ou coiiio engenlieiros do esvado; q~iaiiclo pelii sep;irliç5o das obras públicas se estão coiividando iiiclivíd~tos habili-
taelos pari1 111-eeiiclicr as vacatiiras
[ . . . I
quaiiclo nossas possessões ulira-iiini-iiins csiáo clciiiaiidaiido qiieiii eslucle e cxplore as riqiiezas de seli solo" 7 .
U i i ~ a vez inais ciicoiitsaiiios u111 iiiatiií'esto desqjo de valorizar cultiii-al-
iiieiitc a ciclade iiortenlia, iitravés do apetrecliaiiieiito cieiilííico e pedagógico
dii sua vcstiita iiistituição - a Acadeinia Politéciiica. Uni esiabelecimeiito d e
ciisiiio siipesior de iiiatriz politécnica que em legitiiiiada por uina lòriiiapTo de base c«iiiposta pelas disciplinas de quíinica, de iiiateiiibtica e de física, a cl~iol permitia a formação superior de eiigenheiros. Eiitre os siiiais de dina-
iiiisiii« iiiscriaiii-se igualiiieiite os espaços de coinplemeiitaridade, ideali- zados. «ti c111 Suiicioiiaiiieiito, como o Jardim Bolâiiico, o Museu Industrial e
o Gabiiietc de Física.
Esta iniarca de ~itilitarisiiio politécnico esti tambéiii claraiiieiite preserite n o coiitcíido <ia Biblioteca da Academia S. Uin breve olhar pelo conteúdo do
seu Cauilogo abre-iios a porta para diversificadas teináticas científicas e
teciiológicas. O b e d e c e n d o a i n d a a outras Arvores d e arrumação d e
coiiiieciiiiciito, eiitreiiios pela porta da Filosofia Natural que tios apreseiita
as sccçòcs dc Ciências físicas - física e quíinica; de Ciências Histórico-
-Nat~iracs - história iiatural, iiiiiieralogia, arte de miiias, geologia, botâiiica,
aniropologia. zoologia e as Ciêiicias Teciiológicas
-
agricliltura e teciiologia.1'01- sua \:ez o Catilogo das Matemtíticas incluía a filosofia das inateiiiá-
ticzis. a ai-iiiiiétice e ilgebi'a eleinentar e superior, a geoinetria elementar e
siipcrioi- c n trigoiioiiieli-ia. a geoiiietria descriliva, a aiiilise, o cálculo dife-
rciicial e iiitcgral.
A coinpoiieiitc biblioçi-rífica da Mecânica iiicluia a ciiieintítica pura, iiiecã-
iiica nicional c Sísica, eslatística gráfica, inecâiiica celeste, inecânica aplicada ;is iiiicluiiins, iiiot«rcs hidriulicos e a vapor, iiiecâiiica aplicada 3s coiistru- qõc" resistEiicias clc inaieriais, materiais de iiavios, ai-tilharia, física e inateinálica. A tlidnililica incluía os lemas de história, tratados gerais, hidrografia,
c«ii.sli-~i~ões Iiidr6~ilicas para defesa dos rios, canais de irrigação e iiave-
gaçâo. coiistr~içòcs hidriulicas.
A sccção dc Ai-qtiitectura eiiglobava os livros de hisiória, crítica, t r a w cios gcreis d c arquitectura civil e militar, arquiieclura antiga, edifícios,
eiisiiio de desciiho, corte de pedras e de iiiadeiras. Eiiq~iaiito que a secçio d e
poiites e estradas se coiiipunlia de publicações que versavaiii estradas ordiiiirias, caiiiiiihos de lèrro, pontes iiietlílicas e de madeira.
A seccão tle Astronoiuia, de Geodesia e de Topograiia incluía a biblio- gral'ia sobre astronoinia e navegação, cartas topogrif'icas e d e s e n h o topográfico. A estas secções acrescenta-se as pliblicações várias e a s publi-
caçòes periódicas, aléiii de uiii apêndice - arte iiiililai-.
A Biblioteca. eiiqliaiito espaço cienlífico e pedagógico, reflectia a s preocupaçòes e os aiiseios dos lentes respoiisiveis pelo ensino lia Academia.
Por ouli-o I;id«, C visível a preocupação de fazer cruzar ~ i i i i leque muito
aiiiplo c iiiullilacetado de coiihecimeiitos a i~iinisirar aos futuros enge-
nlieiros, de que o País taiito carecia.
Estas 21s Areas de iiiterveiição dos saberes da Acadcinia que se coiijuga-
vani de ~ i i i i iii»d« ideal com a traiisinissZo dos conlieciineiilos e coin o
plihlicisiiio ciciilííico, que tainbéiii o s membros da Acadeinia do Porto
proclii-avain levar a cabo, tal coino os da Escola Politécnica de Lisboa. Iiiiporla. pois, tentar entender o coinportaiiieiito colectivo desta Acade-
Mariiihas - c que atravessa Lodo o século do liberalismo coino utn instituição cieiitífica que sc arvora de difereiile das Faculdades pombalinas da Utiiversi-
datlc de Coiiiibi-a - a de Matemática e a de Filosofia Natural.
Mas, a Academia desde início qLie iião vivia ceiitrada e fecha& sobre si própria. O itinerário bio-bibliogi-áfico dos seus leiites lein c01110 iiota
do~iiiiiaiitc em todos elcs a enorme acçáo publicisla que tiveratn lia imprensa
ciii geral, iie iiiipreiisa especializada, tias Exposiçócs Internacioiiais e 110s
Coiigrcssos. N o que diz respeito à Acadeiiiia Poliléciiica do Porto, eiii 1905
iiiiciou-se a publicação elos Aizi7nes Scieiiri/icos da Acrtdei7iia Polileo?icri elo
P o r ~ o . Uina Revista consagrada às ciêiicias professadas iieste estabeleci-
iiieiito de eiisiiio. isto é, as Mateiuáticas puras e aplicadas, à Física, h
Química, h História Natural, às Ciências Sociais.
Nesla Revista serão publicados os artigos cietiiíficos, did6cticos e peda- góçicos, iiioiiografias sobre capílulos de ciências tiieiiciotiadas pouco
coiiliecitl~s iio iiosso país, ~iolícias sobre o estado actual de ramos O L I
capítulos das iiiesiiias ciêiicias. Sei-6 admitida tieslc Aizricie.s a colaboraçáo
dos Iioiiieiis dc ciêiicias do iiosso país e do esiraiigeiro que q~iisereiii recori-er
:i elcs pi.t,ii ii p~iblicaçáo dos seus trabalhos"".
Eiiire os colaboradores do priiiieiro alio coiiiav:i-se c0111 o prestígio d c l'cixcii-a Goiiies (director), de Bento Carqucja, de A. A. Mendes Cot-reia, de Fel-reirri da Silva, de Rodolfo Guiinaréns, de Pereira Forjaz e Biizílio Teles. Os temas versados cobriam a Matetnitica (a Revista substitui o antigo .lei-ire11 de Scieircios Mcitheiiinricns e Asli-onoi7iiccr,s), a Física, a Quítiiica, a Atiti-apologia. a Ai-q~ieologia, e a Memória e História da Ciência ein Poi--
L~igal, cetitrada lia l'ig~ira de perso~ialidades ou de iiistituições eiiibletnáiicas
tlo piissado da sociedade portugiiesa.
O ~~ro,jecto de Rodrigues de Freitns
6
iieste terreiio iiistitucional, de cruzaiiieiito de refei-ências, e de uiiiaiiicessaiite biisca de perinaneiites reformas, que teiiios de inserir a leitura e a
iiiiálise do Irabalho do Relator José Joaqiiitn Rodrigues de Freilas - Projecro
rle R<fi~i.iiiu rlo C~ii.,so S ~ ~ p e r i o r de Conzei-cio, aprovado eiii sessáo do Con-
selho Acadéiiiico de 3 1 de Julho de 1877, e enviado por ofício ao Ministério
d o Reitio. pela Direcção Geral de Iiisti-uçáo Pública e m data de 29 d e Dezeinbi-o de 1877 '0, a pedido de Adriaiio d'Abreu Cardoso Macliatlo, Director da Academia Politécnica do Porto.
A coiiscieiicialização do contexto, em que este loiigo doc~iineiito é
elabot-ado poi- Rodrigiies de Freitas, é clzirainente explicitado tio filial d o
Relatório:
"Eiii cidade tão iiotável corno Lisboa, c ~ i j o coiiiércio tem progredido
iii<lispciisúvel Ipropagar os coiiheciiiieiitos próprios a iliislrados Iioineiis de
negocio. a Srequência do curso tio Iiistiiuto pode ter-se como pequena; iiias é
iiiuii<i iiiaior do q ~ i c ira cidade do Porto, cujtis coiidu@es econóiiiicas fi~ziarn
cspci-ai- q ~ i c Sc>sscm n~iiiici-osos os alutios de uni curso superior de comércio.
O ciirso de coiiiércio da Acadeiiiia Politécnica do Porto está quase
coiiiplctaiiieiite abaiidonaclo desde alguns aiios. Eiu 1876-1877 não Iiouve
para ele L I I I ~ tíiiico al~iiio. A coiiti~r de 1861-1862 a Srequêiicia é tnuito
~pe<~~lelltl" 1 )
ivltis iio l<111g(> d o tcxio potleiiios respi:ar, quiisc ao acaso, virios outi-os
siiiais dc sciiiid« coiiiriírio; refereiiles que estiiii~ilam c pareceiii iiidiciar Ltina
~ t - t ~ n < l c iiii1xirtâricin cultui-al. social e cieiiiílica aos cursos de Coiiiércio, e m vlii-ios países <Ia Europa, d e oiitlc s e deviaiii iiiipoi-taiitar os modelos cieiilílicos a scg~iir.
Assiiii. <I rclnloi- Lciii a preocupação de elaborar uiii curioso itincr21rio
siihi-c tis vlir-ins iristituiçóes eoropei:is dii-eciaineiiie ~~elticioiiadus coiii o
eiisiiio supcrioi- dc ComEi-cio.
N;i Escola de Paris h6 " ~ i m museu de aiiiostras para o estudo das inatérias
lxiiiias do conikrcio e da iiidústrin. Os aluiios esei-cein-se ein observeçóes
iiiici-osc6picns pr6prias a coiiliecer se estão Ililsií'icados vários produtos. N o
lahoi-nt6i-io dc q~iíiiiica procedeni a traballios de aiiálisc. As q~iiiilas i'cii-as SI
tal-de os cst~idaiiies cio 3" alio visitaiii os inais iioriíveis es~tbeleciiiieiitos
coiiicrciais e I: ,i L 71 .' is
1.. .I
Saltaiii aos ollios as vaiilagciis desta iiisti-ução pi-6-iica: o cst~ideiiic Iiabitun-se a observar a iiiqiiirir. a iiicditar, e a escrever [ ~ i o i -
o~itro lado ...I i-ccebcti<lo a Escola jornais de iii~iitas praças, os q ~ i a i s plibli-
caiii os pretos correiites, os est~tdatites Iiabit~iam-se 110s iiegócios siiiitilados
ti ciiil>ref;~i- este importaiile elemento real" 1 2 .
I'ara inais ù frente explicitar que a Escola de Bortléus "tetii gabiiieles de Sísicn e quíiiiicti. iiiuseu de iiialérias priiiias e produtos manufacturados, ;issiin coiiio biblioteca, e iiitiseii iiaval" 1 3 .
Poi- o~itro lado. na Escola Acadéinica dc Coiuércio de Viena "A iiistroção
comci-cinl iiáo é soiiienle necessária aos que exercem a profiss80 de
coiiiki-cio: pai-te dela E iiidis]>eiislível para formai- boas doiias de casa; tanto
basto Iinra sc coiiliecer e apreciar a vaiitageiu de estabelecii~iciitos d e eiisino
coiiicrciul Ixira o sexo feiniiiino. Deiiiais, q~ialquer que seja a opiniáo que se
Ioi-iiic acerca cI;i iiiissáo da niiilhei i i i i sociedacle, é claro qtie pode c o m
pri)veit» 1"-estar serviços ~iróprios de einpi-egados de co~iiércio; por i s s o
clareiiios aqui breves iiidicações acerca de escolas estrangeiras de instroç5o
coiiicrcial pai-;I o sexo feminino'' '4.
Dcstc iiiodo. as virtualidade das Escolas de Coiiiércio ei-ani de tal m o d o
aiiiplas C,LIC q~iaiiio $ Escola Comercial de Meninas L'iiiidada ein Paris (186 I )
apcii:is "dii-eiiios cltie tatito <I directora. coriio às o~iilris ~~rotèssoi-as e alunas teiii sido coiifcridas vlírias riiedtillias, e ainda eiii 1873 Iòi dada h escola o
diploma de iiiei-ito pelo júri da exposiçáo de Viciia de Á~istria. Até 1876 triiita aluiias liaviaili obtido boni eiiipi-ego iio coinércio, eiii escolas, e eiu
oliciiias de vest~15rio;
I . . .]
Seguiido iiií'ormações elue 110s Soraiii dadas poriii>idaiiie Victor- Pauliti, as aluiias Iàcilinente se einpi-egaiii ein casas coiuei-- cinis de I'aris. A priiicipio só gaiiliam dc coinei.: inias pouco depois recebem
cerca de 600 ii-.. e clieçaiii a obter- 2.000 por alio. É de iiotar que são inuilo
ticivas qu~iiido cntraiii ao scrviço" 15.
Estes apenas alg~iiis excertos que iios laiiçaiii alg~iiiias iiiq~iietações a
i-espcito de ~ i i i i piiblicismo iiistructivo c iiiforiiialivo que extravasou as
harrcirns iiaci«iiais. Quer dizer, para elaboriir o projecto cle Reloriiiii d»
C u r s o de CoiiiCrci» optou-se deliberadaiiicntc por- ~iiiia api-eseiitação cxausiiva d o Iiistorial, do I~iiicionaiiieiito, das cadeiras lectivas, das iiista-
1. .i$oes
.-
c do quoiidiaiio cscolar de vários eslabeleciiiieiitos cieiitílicos coiiçé-iiercs aos que sc 111-etciide resvdiirar I i-eforniar n a Academia Politéciiica do
Foi-to.
As líiig~iiis. os iiiuseus e os laboratói-ios, as excursóes. a botância, a
1-ísica. a cluíiiiica. a iiiateiuitica, a pai- da ecoiioiiiia política, da caligral'ia. cln
gcoy_rafin, da taquigral.ia e de u i i i coiilacto téciiico c iiistriilivo coiii o ni~iiido
;iy_i-ícoln i: iiid~istriol coirstil~iíaiu ireas teinálicas que cotiduziain ao perfil das
Escolas tlc C»in6ric« europeias, iio liiial do século XIX.
Eiii Fi.niiça tonio~i-se caino pontos de relcrêiicia a Escola Superioi- d e
CoiiiCi-cio de Paris, a Escola de I-lavre, ;i Escola de lioueii, a Escollia d e
M . ~ i s c l l i ~ . . . ;i Escola de Lyoii, o Iiistitiito ele Lille (agroiiómico, industrial e
coiiicrcial) c a Escola de Bordé~is. N a Bélgica relei-eiiciou-se o Iiistitiito
Superior de Coiiiercio de Aiituérpia, eiiqusnto que tia Iuília se ciln a Escola Superior clc Veiieza c a Escola Académica dc Veneza.
Os ohjcciivos deste ~~~ihlicisiiio de direcçáo exterior / iiiterior (no iriodo
cIc I'»rinalizar as ligações de,transiiiissio de saberes e clc iiiuiidializaçáo clo c«niicciiiieiiio cieiitílico) são clararneiiie expliciiados pelo lielator:
"Expoiido ii orçaiiização de alguiis estabelecimentos de eiisiiio público
coinei-cinl, só ti\,eiuos em vista apresentar exeiiiplos que podeiii ser úteis eiii
Poi-tugal. Se tivesseiiios de escrever traballio completo acerca d o estado d a
iiistr~içã« inerciiiitil, teríainos de retardar muito inais a apreseiitaçáo clo
relatório. seiii pi-oveito iiiiediato do fiiii a que por vossa orcleiii lios pro-
piiseiiios" '(1.
Nós ireinos iiiais loiige
-
a loiiga explaiiação discursiva insere-se dentrode Lima deterniiiiada Jornin nienti.~, de uilia retórica de discurso cieiitíí'ico
L I U C Iiodrig~ies de 1'1-eitas utiliza, para dar legitiiiiidade e iuaior iinpacto à pi-oposla que apreseilu e com a qual liiializa o Relatório.
13cssa pi-opostii coiistaiii as cadeiras, os coiiipleiiieiilos científicos consicienidos inclispeiisáveis a uiiia boa reforma e a urna aproxiiiiaçêo d a Europa culta e civilizada, e sobretudo a aproveilar as poteiicialiclades cio
País. iilima altura eiii que as colónias coiiieçavaiu a ser uiii teiiia gradual-
ineiite crescente j~iiito da opinião pública.
Do Curso Superior cio Cornércio dependia lambein o avaiiço e o desen- volviiiieiito do Progi-esso e a acção iiidispeiisável clos vários saberes especia-
lizado~ da Ciêiicias, todos contribuindo para elevar a inslruçâo e o desenvol-
viiiiciit» d o País, iilima época de alguiiia crise iiiorcil. ]~olítica e de acenluado
cariz de dccadeiitismo que inobilizava, e iiioldava, o iiiconscieiite colectivo da ép<>ca.
A I V ~ I ' O ~ ~ I iil)i-csen"lada passava pelo en~iiiciado realista do que se passava
110 liistit~ito Industrial e Coiuercial de Lisboa, para daí se entrar nas Matérias
c10 Curs« Coiiicrcial lia Academia Politéciiica do Porto, coiii ~ i i i i a duração de
cl<>is iiiius.
As matérias das dilereiiles cadeiras deveriam orgaiiizar-se do seguinte
111«tl«:
-
cscriLtii-a~5o c aritiiiética coniercial;- ccoiioiiiia [,olítica, liisloria do coiiiercio, geogralha coniercial, priiici-
pios dc liiiaiiças, legislação aduaiicim, iiistituições cle crédito, siste- inns iiionctdrios, deveres do coinerciante;
- iio$õcs gcrais clc direito coinercial;
~~rotliitos conierciais, qiiímica industrial;
- pi-iiicípios cIc física.
S c iios recorclariiios da iinageiii discursiva da ineiiiória histórica d a Aca-
c1çiiii;i Polit6citicii. é Chcil i-elacioiier os s~icessivo,s pr-ojeclos adiados com
este clciico de disciplinas, que deveriam compor iiin novo curso da institui-
çáo politéciiica. O Curso Superior de Coiiiércio iria poder efectuar a síntese
clc aleiilos
e
de iiecessidades que desde as reformas de Passos Manuel acoiii~iiiiclade científica e ecoiióinica do I'orto vinlia reclamando e exigindo.
"Da Acarleiiiia Politécnica aproveitar-se-iam a cadeira de comércio e a
de ccoiioiiiia política. Do Institulo, as cadeiras de química, de física e a de
desciilio. A clc quíinica aplicada às artes poderia provisoriainente servir para
eiisiiio d o que que Iiá de esseiicial lia quiniica comercial, e lia inerceologiu coiiio se pratica ciii Lisboa" ' 7 .
p. r
-.
~torilar ~ ~ o s s í v e l ~ d um eiisiiio adequado ao que se praticava nos demuispkiíscs d a Europa deveria a Academia Politécnica do Porto estar, ]pois, eqiiipacla coiii uiii laboratóri&de quíinica, uiii gabinete de física, dispor d a
~ililização da Biblioteca do Instituto Industrial, da Biblioteca da Academia e
I:reitas). iio qual esturiaiu expostos didacticaineiite os produtos iiidustriais e iiiatérias priiiias oriuiidas de várias partes e longitudes geog~áficas.
A rcfnriiia do curso I cadeira de Coinércio passava, pois, inevitavel-
iiieiiic pcla :iltei.ação da foi-ma de relacioiiainento iiistitucioiial enti-e a Aca-
dciiiia Poliiéciiica c o Iiistiiuto Iiidustrial, afiiial as duas instituições coiiver- =ciiics IXL'." ~ 1 1 1 1 iiicsiiio plaiio de ulilização de saberes ciciitíí'icos e técnicos ù
i-cnlidadc. O publicisiiio de Rodrigiies dc Freitas eiicoiitra-se sintetizado d o seguiiitc modo:
"Nosso 111-iiicipal intuito foi traçar uin plaiio ein que, sem negligência
~ x ~ r a c0111 (1s estudos teóricos, muito espccialiiienle se atendesse ao ensino
priltico. OS prograiiias das cadeiras devem traduzir este pensaineiito. Assiri? por exeiiiplu, se ~pusetiios a história do comércio, e a geografia coiiiercial no curso de ecoiioiiiia política decerto não foi para dar inotivo a iiumerosas pre- leções dc p11r;i ostciivação, tnas siiii para que os fzlctos da terra e do Iioinein
auxiliassciii o estudo daquela ciêiicia" IS.
AIg~iinas pistas em aberto
Cos~aríatiios tlc voltai- h imageiii criada de Rodi-ig~ies de Freitas, o
elcineiito despolevadoi- para este Eiicoiitro eiii toriio da sua figura e da sua Cpoca. Nas p'llavras de apreseiilação do docutiieiito iiiicial deste Colóquio, retivénios:
-
u i i i dos iiilclectuais portugueses mais pi-estigiados;- i i i i i político, dep~itado brilliaiite, u m dos primeiros rep~iblicaiios a
gaiiliar uiiia eleição (1878) - data eiii que é relatoi- deste prqjecto d e
Curso Siiperioi- de Coinércio lia Academia Politéciiica do Porto;
- uiii i>cclagogo, paladino da divulgação e niocleriiização das escolas.
Coiisidcmiiios q ~ i e esta breve visita à Academia Politéciiica do Porto 110s
peniiiti~i visluiiibrar, por detuás de refereiiciadas épocas de decadência e d e
ct-isc, uni terreiio fértil para potencializar ligações eiilre a acção pública e O
desempeiilio ideol6gico da Ciência. A sua acção de docente, de pedagogo, d e
.joi-nalisia e de publicistu em torno das heas cii-cutidaiites do Coiiiéi-cio - enquanto
ili-ea cieiitífica de um saber individualizado que iião se deve apenas circlins-
ci-evei- a assullios cstrilainente comerciais.
Eni toriio do Projecto apresentado decorre uiii alargado círculo d e s:il>ercs e de iristituições, encadeudus e coiiiplemeiitares que periiiitirião atin-
gii- o niotlelo ~ ~ e r f e i l o e ideal de uin Progresso material e do deseiivolvi-
iiieiit» ccon6iiiico. O discurso ecoiióiuico da seg~iiida metade do século XIX