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A equação da integração : ou a proposição da unicidade operativa da actividade de projecto

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Academic year: 2021

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Índice Geral

Índice das Figuras...IX Índice das Ilustrações... XV Agradecimentos ... XVII Resumo... XIX Abstract... XXI

Introdução ... 1

Capitulo 1 A equação da integração ... 7

1.1. Big-Bang ... 9

1.2. O triangulo equilátero ... 9

1.3. O alvo... 9

1.4. O enigma ou a sua essência ... 11

1.4.1. A integração desejada... 12

1.4.2. As escalas ou as diferentes metodologias... 13

1.4.3. Projecto versus Construção ou a evidência da obra ... 14

1.4.4. A teoria... 15

1.4.4.1. Gerir como se desenha. ... 16

1.4.4.2. O Lean e as teorias da produção... 17

1.4.4.3. A integração e a sua operacionalidade... 19

1.5. A resolução ... 20

1.5.1. A constelação de oportunidades ou o contexto da produção ... 21

1.5.2. Pistas ou algumas questões essenciais ... 22

Capitulo 2. A sistematização possível ou a síntese encontrada ... 23

2.1. Da utilidade da reflexão teórica ... 25

2.2. De que falamos quando falamos de processo... 28

2.3. Questões transversais às várias práticas ... 30

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3.5. Marca ou assinatura... 41 3.6. A evidência da obra... 44 3.7. A interdisciplinaridade ... 46 3.8. A transmigração de lógicas ... 49 3.8.1. A postura endógena ... 50 3.8.2. A postura exógena ... 53

3.9. O palco do projecto ou o projecto como performance... 58

3.9.1. O motor do pensamento... 59

3.9.2. A intuição informada... 59

3.10. Gerir como se projecta ou projectar gerindo... 61

Capítulo 4 Os mecanismos de produção e algumas hipóteses de up grade ou tuning processual 63 4.1. A gestão do gabinete... 65

4.1.1. O que os outros não podem fazer ... 65

4.1.2. A gestão das personalidades ... 65

4.1.3. A transparência ... 66

4.1.4. A visualização do processo ... 66

4.1.5. O processo interno ou o Back Office ... 67

4.1.6. O processo externo ou o Front Office... 68

4.2. Informação onde estás ... 69

4.2.1. A opacidade do processo digital... 69

4.2.2. A gestão da informação... 69

4.2.3. A integridade do processo... 70

4.2.4. Os registos padrão ... 72

4.2.5. O historial ou os Backups... 72

4.3. Os procedimentos ou as lógicas organizativas ... 73

4.3.1. O que pede o cliente ... 73

4.3.2. O jogo da descoberta ... 74

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4.4.2. Os modelos ou os instrumentos de pensamento ... 78

4.4.3. Os pontos-chave ... 79

4.4.4.4. Os modelos contratuais... 81

4.4.5. O projecto e a comunicação para obra ... 82

Capítulo 5 O futuro é aqui ao lado ou os desenvolvimentos possíveis... 85

5.1. Ser profissional sem deixar de ser autor... 87

5.2. A especialização sustentável... 88

Epílogo... 91

Apêndice ... 93

Anexos... 97

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Índice das Figuras

Fig. 1 – Big Bang. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Big_Bang ...9 Fig. 2 – Triângulo Equilátero. Fonte: http://images.uncyc.org/pt/d/da/Triangulo_-mineiro_flag.jpg ...9 Fig. 3 – O alvo. Fonte: http://www.prof2000.pt/users/sor/objects/objectivos.htm .9 Fig. 4 – Processo atomizado. Fonte: TUFTE, R. Edward – Envisioning Information, Connecticut: Graphics Press, 2005, p. 60 ...10 Fig. 5 – O enigma. Fonte: ERNST, Bruno – O espelho mágico de M. C. Escher, Berlim: Taschen, 1991, p. 47. ...11 Fig. 6 – Similitude e distinção. Fonte: TUFTE, R. Edward –Ob. Cit., p. 61 ...11 Fig. 7 – Carta náutica estenográfica. Fonte: TUFTE, R. Edward – The Visual Display of Quantitative Information, Connecticut: Graphics Press, 2007, p. 116 ...13 Fig. 8 – A evidência da obra I. Fonte: ECHO, Umberto, Ed., -História do Feio. Algés: Difel, 2007, p. 167. ...14. Fig. 9 – A teoria. Fonte: TUFTE, R. Edward – The Visual Display of Quantitative Information, Connecticut: Graphics Press, 2007, p. 169. ...15 Fig. 10 – Managing as Designing. Fonte: J.BOLAND Jr, Richard; COLLOPY, Fred – Managing as Designing, Stanford: Stanford University Press, 2004, capa ...16 Fig. 11 – O Lean. Fonte: http://www.wausau.k12.wi.us/horacemann/Teched/le-an_manufacturing_history.jpg ...17 Fig. 12– A segmentação. Fonte: Imagem retirada da exposição colectiva Exorama, Casa das Artes, V. N. Famalicão, 2007...18 Fig. 13 – O BIM. Fonte: http://www.wbdg.org/bim/nibs_bim.php. ...19 Fig. 14 - O contexto da produção. Fonte: TUFTE, R. Edward – Envisioning Information, Connecticut: Graphics Press, 2005, p. 99. ...20 Fig. 15 - As pistas. Fonte: MINK, Janis – Duchamp, Kölm: Taschen, 2004, p. 81 ...22

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Fig. 18 - A insistência. Fonte: http://www.lostateminor.com/2008/04/05/the-philosophy-of-andy-warhol/ ...34 Fig. 19 – Desvio. Fonte: http://www.rizoma.net/interna.php?id=130&secao=pot-latch ...34 Fig. 20 - O construtor de sentido. Fonte: http://nautikkon.blogspot.com/2008-_03_22_archive.html ...35 Fig. 21 - Atelier/Casa. Fonte: http://www.littlerabbit.com/antonioni/mafeatures.ph-p?id=16 ...38 Fig. 22 – Media. Fonte: Nu# 21: Marginalidades, Coimbra, 2004, p. 15. ...40 Fig. 23 - A identificação confusa. Fonte: http://www.gelberschnee.de/filmnoir/17-0-Auswahl-wichtiger-Film-Noirs.html ...43 Fig. 24 - A evidência da obra II. Fonte: http://www.danda.be/gallery/171/ ...44 Fig. 25 - A interdisciplinaridade I. Fonte: http://www.bbc.co.uk/dna/collective/A84-7640 ...46 Fig. 26 - A interdisciplinaridade II. Fonte: http://www.dillerscofidio.com/blur.html ...46 Fig. 27 - A interdisciplinaridade III. Fonte: http://www.architettura.supereva.com/-artland/20020515/index_en.htm; http://www.mit.edu/Ivac ...47 Fig. 28 - Reconhecimento disciplinar. Fonte: http://www.danda.be/gallery/171/ ...48 Fig. 29 - Mecanismos formais. Fonte: . http://www.medienkunstnetz.de/works/ti-me-delay-room/. ...50 Fig. 30 - O não reconhecimento disciplinar. Fonte: http://www.acconci.com/ ...50 Fig. 31 - O romper da gramática. Fonte: READ, Herbert –História da Pintura Moderna, Rio de Janeiro: Zahar Editores, p. 306 ...51 Fig. 32 - Potencial de Arquitectura. Fonte: http://www.juddfoundation.org/space/-marfa.html; http://oseculoprodigioso.blogspot.com/2007/01/de-chirico-giorgiosur-realismo.html ...51

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Fig. 35 - O percurso teatral. Fonte: RAMON, Antoni, et al. – João Mendes Ribeiro, Arquitecturas em palco, Coimbra: Almedina, 2007, p. 55 ...55 Fig. 36 - As coisas familiares. Fonte: RAMON, Antoni, et al., Ob. Cit., p. 191 ...55 Fig. 37 - A fusão de disciplinas. Fonte: RAMON, Antoni, et al., Ob. Cit., p. 66 ...56 Fig. 38 - A performance. Fonte: http://www.guggenheimcollection.org/site/artist_-work_lg_11A_1.html...58 Fig. 39 - Mapa mental da Epistemologia. Fonte: http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/gray-ling.htm ...101 Fig. 40 - Mapa de uma deriva situacionista. : http://www.rizoma.net/interna.php?-id=130&secao=potlatch ...102

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Índice das Ilustrações

Ilu. 1 – Equação da Integração ...7

Ilu. 2 – A linha ...10

Ilu. 3 – O mercado ...39

Ilu. 4 – O espaço criativo ...51

Ilu. 5 – O motor do pensamento ...59

Ilu. 6 – A linha do projecto ...60

Ilu. 7 – As equipas I ...65

Ilu. 8 – As equipas II ...65

Ilu. 9 – Os colaboradores internos. Elaborada sobre imagem retirada da WWW ...66

Ilu. 10 – A visualização do processo...66

Ilu. 11 – Gestão genérica ...67

Ilu. 12 – Gestão pontual ...67

Ilu. 13 – Gestão mista ...67

Ilu. 14 – A opacidade. Elaborada sobre fotograma do filme 2001 Odisseia no Espaço. ...69

Ilu. 15 – A informação. Elaborada sobre fotograma do filme Matrix ...69

Ilu. 16 – Cadernos estratégicos ...70

Ilu. 17 – Os dossies ...70

Ilu. 18 – Os registos padrão ...72

Ilu. 19 – O campo de resolução ...72

Ilu. 20 – Os Backups ...72

Ilu. 21 – As caixas ... ...73

Ilu. 22 – Os requisitos ... ...73

Ilu. 23 – A padronização implícita ...75

Ilu. 24 – Relação simétrica ...76

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer ao meu orientador o Prof. Jorge Moreira da Costa pela sua ajuda e constante interesse, a todos os arquitectos participantes que motivaram esta reflexão: Alcino Soutinho; André Alves (balonasprojectos); Bak Gordon; Bernardo Rodrigues; Carlos Prata; Embaixada; João Álvaro Rocha; João Mendes Ribeiro; João Pedro Serôdio; João Rosário (Inês Lobo Arquitectos Lda.); José Costa (ReD); José Gigante; Manuel Correia Fernandes; Manuel Graça Dias; Noé Dinis; Nuno Brandão; Pedro Costa (a.s*), pela sua generosa contribuição, à minha Mãe pelo seu apoio e incentivo e ao Pedro Branco pelo apoio na revisão.

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Resumo

Pretende-se aqui apresentar uma reflexão, panorâmica, sobre o processo de projecto que visa a construção. Esta reflexão colocar-se-á no ponto de vista do autor, o arquitecto ou a entidade criativa. Será assim objecto de análise o processo criativo do projecto arquitectónico, fazendo-se a proposição, da sua unicidade operativa.

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Abstract

We intend, here, to make a panoramic approach of the design process aiming to the construction. This approach will assume the perspective of the author, the architect or the creative entity. The creative process of the architectural design will, thus, be analysed, proposing the possibility of its operative unicity.

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Introdução

A motivação para este trabalho foi a tentativa de compreensão e análise dos processos autorais que se realizam no contexto português, ou dito de outra forma os processos responsáveis pela produção de uma arquitectura qualificada, assim como a tentativa de encontrar/inserir nestes processos estratégias de optimização da eficiência do processo produtivo.

Foi detectada a parca literatura sobre a análise processual intrínseca à actividade de projecto ou seja, a reflexão sobre os seus processos intrínsecos, para além das questões conceptuais de projecto e da análise dos seus resultados, a obra.

Por outro lado, verificou-se a dificuldade de encontrar estudos que conjugassem os processos autorais do contexto português com as ferramentas de optimização de processos.

Este trabalho será uma reflexão sobre a actividade de projecto direccionado para a construção, tal como é praticado no nosso contexto nacional. Esta reflexão foi alimentada pelas práticas levantadas nos gabinetes participantes num estudo de casos que assumiu mais a forma de um diálogo sobre o processo da prática projectual que a de um inquérito formal também se desenvolveu uma descrição dos processos de transformação da informação e dos actores intervenientes sob a forma de fluxogramas.

Este trabalho pretenderá também ser, de alguma forma, uma resposta possível, em relação a estas práticas quanto possibilidade da intervenção de uma perspectiva reformuladora com o objectivo de introduzir eficiência nas práticas verificadas. Pretender-se-á assim obter uma análise e proposta processual quanto à actividade de projecto, tal como praticada.

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- poderão os processos autorais serem objecto de upgrade, na procura da sua eficiência;

- haverá especificidades dos processos autorais relativamente aos processos corporativos;

- haverá uma correspondência entre os processos conceptuais de desenvolvimento do projecto e os processos organizativos utilizados para os realizar.

Estas e outras questões percorrerão este trabalho, fornecendo a matéria da sua exposição e desenvolvimento.

A reflexão desenrolar-se-á em cinco capítulos, que se pretendem complementares:

- O primeiro proporá a unicidade da actividade de projecto, numa macro análise desta atividade e do seu contexto, decorrendo daqui a proposição da integração dos diferentes processos que surgem na prática do projecto;

- O segundo focalizará a perspectiva de análise deste trabalho ou seja, a análise e proposta processual, propondo a teoria e as práticas levantadas como a resposta possível a esta análise. Concluir-se-á, no entanto a existência do aparente paradoxo que surge em regra na não correspondência específica entre os processos conceptuais e os processo organizativos;

- O terceiro capítulo pretenderá mapear e caracterizar: os autores, metodologias, posturas e mecanismos de pensamento e realização do processo de projecto;

- O quarto capítulo incidirá especificamente sobre os esquemas organizativos encontrados (na amostra considerada) pretendendo de forma estruturada, descrever os vários processos e procedimentos empregues na formulação e formatação das diversas práticas detectadas;

- O quinto capítulo proporá como mecanismo de optimização da eficiência destas práticas, a unificação entre os processos de sistematização internos ao

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A principal limitação deste estudo, que tanto se prende com o seu «espaço» ou dimensão como com a sua dificuldade é a ausência de um «cruzamento», específico entre os diversos processos das distintas práticas e os mecanismos teóricos disponibilizados pelas diversas teorias da produção. O que poderia resultar em propostas mais contundentes de upgrade destas práticas.

Parece poder concluir-se que embora os processos autorais sejam resultantes de formatações de projecto individualizáveis, estas não são imunes à introdução de processos de optimização, resultem estes da sistematização interna do processo de projecto ou da formatação geral do processo externo ao projecto pelos sistemas de gestão/controle da produção, com o objectivo da garantia da qualidade: eficiência do processo e qualidade ou excelência do produto arquitectónico nos seus diversos aspectos

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“Em matemática, uma equação é uma sentença aberta expressa por uma igualdade envolvendo expressões matemáticas. As equações normalmente propõem um problema sobre a sua validade. Grosseiramente falando, uma equação é composta por incógnitas e

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A equação da integração Ilu. 1

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1.1. Big-Bang

“Em cosmologia, o Big Bang é a teoria científica de que o universo emergiu de um estado extremamente denso e quente há cerca de 13,7 biliões de anos. A teoria baseia-se em diversas observações que indicam que o universo está em expansão de acordo com o modelo Friedmann-Robertson-Walker, baseado na teoria da Relatividade Geral, dentre as quais a mais tradicional e importante é relação entre os

redshifts e as distâncias de objectos longínquos, conhecida como Lei de

Hubble, e na aplicação do princípio cosmológico.”2

Todo o acto criativo parte de um impulso inicial, de um desejo, de uma vontade primordial.

Tal como no Universo e a sua dilatação contínua, também o que se cria, seja uma ideia, um processo, um projecto ou um objecto, nasce de um ponto denso e liberta-se formando uma miríade de corpos, de acções, de lógicas, entregues à realidade e à sua permanente e dinâmica reformulação.

1.2. O triangulo equilátero

Toda a empresa ou empreendimento depende da acção conjugada de três elementos a Visão, a Realização e a Persistência. O sucesso na realização de um projecto depende da correcta articulação destes campos ou competências.

1.3. O alvo

“Holismo (grego holos, todo) é a ideia de que as propriedades de um sistema, quer se trate de seres humanos ou outros organismos, não podem ser explicadas apenas pela soma dos seus componentes”3

A criação de um produto, seja um processo, um espaço, um edifício ou um objecto é na sua natureza um processo holístico. Ou seja não é decomponível ou segmentável em partes autónomas. Tudo quanto é convocado ou posto em

O Big-Bang Fig. 1

O triangulo equilátero Fig. 2

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Embora seja um processo que em abstracto é uno, circular e íntegro na realidade ele é decomposto e atomizado.

Coloca-se a questão de saber se a diversidade metodológica e disciplinar que se emprega para resolver os problemas, nomeadamente os da construção, decorrem da natureza do problema ou da natureza dos instrumentos que temos para resolvê-los.

As bipolaridades ou binómios como projecto versus construção processo versus produto ou conceito versus realização serão reais ou dito de outra forma haverá interesse na sua manutenção ou deverse-à procurar uma nova sintaxe e os meios operativos que a viabilizem?

A distância que vai do desejo à realização ou do impulso à materialização não deveria existir e o produto deveria ser resolvido dentro do mesmo espaço temporal e conceptual.

No entanto, essa distância existe e desenha uma linha que divide dois campos: o do projecto e o da construção que durante o processo de concretização de um empreendimento é repetidamente atravessada, num processo dinâmico e bidirecional.

Processo atomizado Fig. 4

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1.4. O enigma ou a sua essência

A unicidade da resposta perde-se ou fragmenta-se, jogando-se continuamente entre a similitude e a distinção. De lógicas, de meios operativos, de ferramentas de análise e resolução, de técnicas de apoio e de processos, de maior ou menor pragmatismo e de maior ou menor teorização.

Derivamos entre o problema e a solução, numa navegação à vista. Porquê?

E as diferentes perspectivas de análise deste enigma reflectem esta realidade, a da pluralidade e da unicidade das respostas.

O enigma Fig. 5

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1.4.1. A integração desejada

É inegável o interesse de todos os actores, clientes, gestores, projectistas, construtores, utilizadores a integração do processo construtivo ou seja:

- focalizar a resposta no cliente externo ou interno (ao processo) e no utilizador final;

- configurar os modelos contratuais, que formatam o processo e enquadram a actividade dos intervenientes, a partir do produto e não ao contrário;

-desenhar o processo de projecto em paralelo com o projecto do produto; - concretizar a formulação dinâmica das condicionantes em paralelo com a solução, num processo aberto e relacional;

- não segmentar o projecto em unidades autónomas com objectivos independentes e por vezes antagónicos;

- assegurar a permanente comunicação entre projectistas sem reserva da informação e incompatibilidades;

- trazer questões do fim do processo, a construção, para o seu inicio, o projecto; - envolver todos os intervenientes, mesmo os do fim do processo, na formulação do projecto;

- diminuir a conflitualidade entre os intervenientes pela conjugação de esforços no objectivo comum e pela formatação mais relacional dos seus papéis;

- aferir da exequibilidade da proposta logo nas primeiras decisões conceptuais; - assumir a pluridisciplinariedade das equipas de projecto e de construção ou a sua actividade plurisectorial;

- reconhecer a distribuição de responsabilidades pela equipa de projecto e a sua reduzida estruturação hierárquica;

- reconhecer a inversão da pirâmide hierárquica nas relações de trabalho dos intervenientes no estaleiro da obra.

Apesar deste interesse comum o processo de realização em lato senso não é de todo integrado ou não o consegue ser, na prática, completamente.

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1.4.2. As escalas ou as diferentes metodologias.

Embora seja consensual que diferentes escalas impliquem diferentes problemas ou vice-versa, talvez aqui resida a justificação das diferentes metodologias. Assim como diferentes campos disciplinares possam implicar diferentes lógicas operativas.

- será que a natureza do problema não é a mesma? - será que o objectivo não é o mesmo, a materialização? - não poderão as lógicas conceptuais migrar de campo?

- serão as metodologias tão estanques que não permitam partilhas, fusões, transplantações?

Não haverá aqui um sub – texto comum, não haverá pontos - chave que interliguem as diferentes escalas ou campos disciplinares, desenhando uma Carta Náutica estenográfica?

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1.4.3. Projecto versus Construção ou a evidência

da obra

Convencionalmente a actividade do projecto insere-se num espaço temporal e metodológico distinto daquele que é reservado para a construção.

Há inúmeras razões que o justificam. No entanto os projectistas sentem a necessidade de «decidir em obra», de manipular os materiais e fazer o exercício lúdico de «o que é que acontece se…», de aferir da acuidade das suas decisões perante a evidência «do que está ali», de repensar estratégias perante os «acasos da obra» e a inesperada contribuição de quem nela participa.

E de facto quando as encomendas e o seu contexto o permitem, são ensaiadas abordagens, menos dicotómicas, que invertem ou confundem esta separação de campos.

Coloca-se a questão será que interessa alterar este modo de funcionamento, será que podemos encontrar formas contratuais que viabilizem outras abordagens menos dicotómicas?

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1.4.4. A teoria

Embora se procure uma Teoria Geral da Produção ela não existe.

Usualmente no campo da Gestão ou da Teoria da Produção, têm-se feito a importação de conceitos e metodologias, da manufactura para a produção « protótipa», a da construção.

No entanto, cada vez mais, as diferenças são assinaladas e enquadradas teoricamente.

E dentro da actividade genérica da construção são configuráveis dois campos o do projecto e o da sua construção, dentro dos quais a alternância entre a similitude e a distinção, de conceitos e meios operativos é constante.

São várias as abordagens possíveis no entanto o que nos parece, que as distingue, as que destacamos, é a compreensão dinâmica do problema específico, dentro dos sistemas de produção, da actividade de projectar para a construção. Nestas, a relação de influência e contaminação entre os campos da Gestão e do Projecto é biunívoca e as particularidades do processo de projecto são colocadas no «pódio» da sua natureza, retirando daqui todas as consequências.

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1.4.4.1. Gerir como se desenha.

Será o Gestor apenas um decisor ou á semelhança dos Projectistas um criador de soluções?

Será a natureza da Gestão tão diferente da natureza do Projecto?

Não será a forma, pró activa, que caracteriza o «pensar do desenho», bem vinda ao campo da Gestão?

Poderá haver a criação de um léxico partilhável que partindo da caracterização da actividade do projecto forneça os conceitos e os instrumentos que viabilizem uma atitude comum?

Poderemos gerir os processos em que a actividade de projecto se insere da mesma forma que projectamos?

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1.4.4.2. O Lean e as teorias da produção.

A Gestão da Qualidade Total marcou o deslocamento da análise exclusiva do produto e serviço para a concepção de um Sistema da Qualidade. A qualidade deixou de ser vista como um problema somente ao nível do produto final e da responsabilidade de um departamento específico, e passou a ser considerada de âmbito empresarial, abrangendo a totalidade dos procedimentos necessários à realização de uma operação, tanto ao nível da concretização física do mesmo, como das decisões estratégicas de gestão que lhe estão a montante.

A implementação de sistemas de gestão da qualidade nas empresa de projecto " apresenta-se como uma alternativa concreta para atender a essa demanda por maior eficiência, satisfazendo as necessidades de projectos mais precisos e obras mais adequadas às condições dos clientes, com custos, e prazos projectuais menores"4.

Apesar de ter trazido importantes benefícios para o sector, a filosofia do TQM (Total Quality Management) atende apenas de forma parcial às necessidades das empresas, na medida que os seus conceitos, princípios e ferramentas não contemplam, com a devida profundidade, questões relacionadas com a eficiência e eficácia do sistema de produção.5

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Apesar da unicidade da fundamentação teórica que constitui o tronco comum do

Lean o que se verifica é que a “aderência à realidade” têm obrigado o Lean a

segmentar-se mesmo no campo específico da construção. Pelo que existem questões fracturantes que induzem à formulação de duas constelações, a do projecto e a da construção.

Num exercício extremo de simplificação podem apontar-se duas questões chave que justificam esta separação.

- A natureza do problema enquanto na construção o problema está definido, no projecto ele é indefinido e a sua resolução não pode ser feita utilizando mecanismos padrão (Wicked Problem);

- A solução na construção pretende-se que não haja variabilidade ao contrário do projecto onde esta é fundamental.

Os instrumentos e técnicas que o Lean disponibiliza, para o controle e melhoria, da gestão destes dois processos são partilháveis por vezes, e em outras situações não.

Apesar da fundamental contribuição teórica e operativa do Lean à integração e da óbvia utilidade da sua aplicação, permanecem algumas dúvidas.

- poderão os princípios do Lean ser aplicados ao contexto nacional das, pequenas empresas de projecto?

- poderá uma produção mais “artística” e, supostamente, mais «artesanal», ser objecto de upgrade segundo esta perspectiva?

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1.4.4.3. A integração e a sua operacionalidade

Verifica-se uma separação do projecto relativamente ao processo construtivo e revela-se evidente a necessidade da utilização de um sistema de software, que integre a cadeia de produção e permita a conjugação de toda a informação necessária ao seu desenvolvimento. Um dos conceitos que tem vindo a ser desenvolvido no âmbito desta necessidade de integração é o de inter – operacionalidade, defendendo-se a criação de interfaces globais entre as diversas aplicações informáticas existentes, permitindo que informações provenientes de diversos intervenientes se complementem entre si, num modelo global, onde não existam conflitos de informação. Neste sentido o novo formato 3D, recente evolução dos modelos geométricos tipo CAD, designado por BIM (Building Information Modeling), apresenta-se como um formato paramétrico que visa a introdução de toda a informação necessária num mesmo modelo.

Colocam-se aqui várias questões:

- será que os processos de projecto poderão ser integralmente realizados em formato digital?

- será o BIM útil em todas as fases do projecto ou reformulando-se a questão, viável em todo o processo?

- até que ponto são indispensáveis, à integração do processo de projecto, estas

O BIM Fig. 13

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1.5. A resolução

Um ponto de partida para resolver esta equação poderá ser a análise das práticas que os gabinetes, de uma forma pragmática e não excessivamente pré formatada, realizam para atingir o objectivo máximo do seu funcionamento. Criar um produto de excelência, dentro de um quadro de viabilidade do gabinete, lidando com as condições em jogo que influem no exercício da sua actividade. Esta actividade é decisivamente moldada por aquilo que poderemos chamar de contexto da produção.

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1.5.1. A constelação de oportunidades ou o

contexto da produção

Ou seja tudo aquilo que viabiliza a produção dos gabinetes ou dos seus projectos.

E aqui podemos invocar o conceito de Marketing.

“Marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes, bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e o seu público interessado. (AMA -American Marketing Association - Nova definição de 2005)”. 7

Estão envolvidas questões como:

- a estratégia dos gabinetes seja isto a procura de um cliente preferencial ou a definição de um “mercado alvo” que viabilize o tipo de arquitectura que se pretende praticar e a delimitação de uma estratégia de comunicação adequada; - o Front Office ou a configuração adequada das actividades e resultados que têm visibilidade perante o cliente;

- o tipo de Valor ou seja a entrega do valor esperado pelo cliente na perspectiva que este tem na “oferta de marketing”;

- a configuração do Back Office, ou seja a configuração dos processos internos para responder à criação do tipo de valor pretendido;

- a rentabilidade e a alocação de recursos ou seja a gestão, dos clientes, dos lucros e das repostas;

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1.5.2. Pistas ou algumas questões essenciais

Será a configuração do processo de projecto, claramente, dependente de uma atitude individual não generalizável?

Poderão as práticas ser cruzadas e sistematizados processos comuns’

Poder-se-á delimitar uma tipologia dos processos de produção, identificado e caracterizando os seus fundamentos e especificidade operativa?

Será que podemos encontrar no modus operandis dos gabinetes soluções expeditas que corporizem «as melhores práticas», indutoras da integração e da eficiência do processo de projecto?

Haverá pontos – chave, comuns às várias práticas, que permitam a intervenção reformuladora de uma perspectiva teórica, que introduza aqui conceitos e meios operativos, visando a eficiência e a integração?

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2.1. Da utilidade da reflexão teórica

“O verdadeiro problema parece residir no facto da crítica de arquitectura, de um modo geral, se ter enredado num processo de justificação e de ilustração da produção arquitectónica contemporânea, abandonando o contributo para a sua fundamentação ou questionamento (...) No entanto, a Investigação em arquitectura só poderá fortalecer a crítica de arquitectura se souber operar sobre a realidade, se a souber ler com discernimento e ironia. Se for apenas, e mais uma vez, a ilustração dessa realidade, então a investigação, tal como a crítica, torna-se inócua (…) o meu discurso, aparentemente moralista, encerra o desejo de resgatar para o crítico de arquitectura um claro papel instrumental - o de

agent provocateur do debate cultural, da prática projectual(…)”8

De facto, a crítica de Arquitectura e os arquitectos têm-se preocupado, na generalidade, em construir um discurso que, regra geral se sustenta, essencialmente, na obra ou no resultado final da produção arquitectónica, obviando a reflexão sobre o processo, sobre os mecanismos intrínsecos da produção, sobre aquilo que possibilitou a realização daquela arquitectura. Na construção deste discurso é recorrentemente utilizado o mecanismo da fundamentação teórica, com a preocupação da construção do sentido e aqui todos os transfer são admitidos independentemente da sua origem disciplinar. Há aqui um risco que é: falar-se sobre Arquitectura e não de Arquitectura, ou seja, daquilo que lhe é próprio enquanto um processo de trabalho, de produção de algo, do que é endógeno a este tipo de processo criativo, a esta forma de pensar e agir sobre a realidade.

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São raras as análises ou os textos produzidos que imergem nos processos criativos com a contenção de se delimitarem ao seu universo específico, de somente se preocuparem em explicitarem os mecanismos actuantes, no campo de acção daquele específico processo criativo, ou seja de terem a acuidade de Jean Genet no seu, O Estúdio de Alberto Giacometti ou a explicitação de Aldo Rossi na sua Autobiografia Cientifica.

Poder-se-á argumentar que o discurso analítico incorre no risco de ser redutor ou de ao «desvendar» os mecanismos, reduzir a capacidade de amplificação e propagação de sentido, de uma obra perante o observador ou utilizador.

No entanto se pretendemos operar sobre um processo, temos que ter uma postura analítica e identificar as questões em jogo.

Coloca-se a questão da utilidade desta análise (a processual), designadamente para os projectistas e a questão fundamental poderá ser que é indispensável ao melhoramento dos mecanismos de produção a consciência do próprio processo

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mind and is related to the logic of path dependency”.9. Ou seja, a

solução por «defeito» a que um gabinete chega e isto porque:

“In any business situation, over time, there will emerge one dominant pat-tern of problem solving because self-reinforcing relationships of expectations, demand, production costs, logistics, and technologies will form. These self-reinforcing relationships are often the result of chance occurrences or unexpected events, but once established they become seen as the rational way to approach a problem solution, often without regard to the true appropriateness of the solution. Path dependence leads to a sense of economy and efficiency in the reinforced relationships that dominate our understanding of a situation, but often at the expense of the effectiveness of unexplored alternative solutions.”10.

O tomar a decisão, no decurso de um projecto, de que o caminho a seguir é aquele que o gabinete em regra segue, não constitui em si um problema, mas quando este caminho é seguido porque não se tem consciência de que é esta a regra, isto sim é um problema. Porque se fecha à partida a exploração de caminhos alternativos que poderão resultar em soluções mais interessantes o que acontece porque há falta de consciência do próprio processo de projecto.11

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2.2. De que falamos quando falamos de processo

Para delimitar a natureza da questão processual, aqui, em análise recorra-se ao seguinte texto:

“ (...) monólogo do arquitecto Philip Johnson, ao ser entrevistado por Susan Sontag para a BBC, em 1965:

(...)

JOHNSON: Você acredita que o sentido de moral pode mudar, pelo facto de não podermos usar a moral para julgar esta cidade, (...)

SONTAG: Bem, eu acho que estamos a tomar consciência dos limites de, da experiência moral das coisas. Acho que é possível ser estético... JOHNSON: Para apreciar simplesmente as coisas como elas são — o que vemos é uma beleza inteiramente diferente da que [Lewis] Mumford viu.

SONTAG: Bem, eu acho, percebo que agora vejo as coisas de uma maneira dividida, ao mesmo tempo moral e...

(...)

JOHNSON: Isso é feudal e fútil. Acho melhor ser niilista e esquecer tudo. (...), mas na verdade para quê tanta agitação a propósito de coisa nenhuma?”12

Suscita-se aqui a questão da utilidade, da posição, moral ou qualquer outra, do arquitecto condicionar a sua produção e a sua análise da realidade.

Porventura não existirão respostas simples. No entanto este dilema (o de ter uma posição) poderá ser, também, formulado da seguinte perspectiva, deverá esta produção, a do arquitecto, ser condicionada por um posicionamento, a

priori, sobre o que «deveria ser feito»? Ou será que tal como Johnson afirmou dever-se-á “apreciar simplesmente as coisas como elas são” e procurar ser operativo sobre a realidade?

Não será algum posicionamento «moral» ou «ideológico» perante a Arquitectura indutor da inoperacionalidade do arquitecto? E por esta razão praticado com

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Ou seja, o arquitecto poderá não conseguir «responder» adequadamente às questões em jogo, levantadas pela encomenda, dado que essas foram excluídas, de início, do seu campo de análise.

Qualquer que seja a postura adoptada parece consensual que é indispensável à exequibilidade de qualquer produção o entender os mecanismos actuantes na realidade em que a produção se insere. Fazendo talvez sentido recuperar o tipo de análise que Maquiavel têm em O Príncipe, ou seja perscrutar «o que é necessário para...» e assim obter-se os instrumentos operativos necessários a uma intervenção eficaz.

Depreende-se assim a importância de analisar - e comprender - o processo de produção da Arquitectura, sem exclusões, mapeando da forma mais abrangente e neutral (quanto possível) as questões presentes. Porque só assim se poderá propor instrumentos de actuação concretos que possam sustentar as diversas posturas do arquitecto enquanto autor.

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2.3. Questões transversais às várias práticas

A questão mais amplamente transversal às várias práticas é a de saber se diferentes formas de encarar o projecto ou diferentes posturas conceptuais correspondem a diferentes processo organizativos.

O que se pode constatar é que não existe uma relação linear entre os mecanismos conceptuais empregues na formulação da ideia de projecto (e que são específicos de cada autor) e os esquemas organizativos do processo de trabalho (com os seus processos, autores e procedimentos).

Ou seja, diferentes processos de formulação do conceito do projecto podem ter a mesma «aparência» organizativa, correspondendo a fluxogramas1

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(54)
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3.1. O autor

“(…) las vanguardias constructivas incidieron en el desarrollo del arte de un modo atípico, debido a que basaron su fundamentación en la posibilidad de autorreflexión que propiciava su progressiva alienación-social. La asimilación de ese nuevo contenido por la prática artística es, pues, la condición de posibilidad de las vanguardias como hecho singular en la historia de las ideas: la coincidencia del artista y el teórico en una misma persona da un cariz, nuevo a sus propósitos, que pasan a adquirir una dimensión fundacional, desconocida hasta entonces en la historia de los creadores”13

Inaugura-se aqui um novo personagem, onde jamais será destrinçável a qualidade em que este actua, se no papel de artista ou de teórico.

O artista como actor e fundamento da sua própria prática abriu o campo a todas as posturas possíveis e validou todas as metodologias de construção do discurso. Obra e Pensamento já não são mais distinguíveis como não virão a ser Vida e Obra.

Ser-se-á aquilo que se pensa ou o que se faz, ou será que se faz pensando. Far-se-á arquitectura pensando sobre ela.

Poder-se-á utilizar os mecanismos artísticos como mecanismos de pensar a arquitectura.

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“Casa carimbo parte de uma encomenda específica: uma habitação unifamiliar com um espaço aberto do tamanho exactamente igual à casa (a diagonal é a mais rigorosa divisão de um lote rectangular). Lamentavelmente, o projecto não avançou, mas despontou a vontade de o reaproveitar. Um qualquer outro lugar, uma repetição, um loteamento, legitimado pelo carimbo que procura no modernismo a sua compreensão.”14

Há aqui uma reflexão que é simultaneamente, teórica e instrumental, sobre a prática do projecto. O carimbo como instrumento remete para a seriação, com todas as suas implicações disciplinares (as da arquitectura e das artes plásticas) e é deste modo, o carimbo, a sua fundamentação, «artística» ou «conceptual» tanto como é instrumento de projecto.

Reflecte-se com o mesmo acto ou mecanismo, dir-se-ia com o mesmo happening (ver página 99), em simultâneo em vários campos (os do: Urbanismo, Arquitectura e Artes Plásticas) e é-se conduzido a pensá-lo ou a justificá-lo recorrendo, quase indiferentemente, às razões epistemológicas (ver página 101) de cada uma destas «disciplinas» ou práticas. Este acto irónico ou a sua ideia: o de fazer um projecto com um carimbo lembra o mecanismo da seriação tal como Andy Warhol o utilizou, não apenas como uma repetição mas mais como uma «insistência» que nos obriga a pensar sobre o motivo ou o tema dessa «repetição» e no caso de Pedro Bandeira a «derivar» ou «desviar», no sentindo situacionista (ver página 102)

A insistência Fig. 18

(57)

3.2. The Big Picture

“Uma obra como HEARTS OF DARKNESS, o intenso documentário sobre o trabalho de Francis Ford Coppola durante a rodagem de

APOCALYPSE NOW, permite estabelecer um paralelo interessante

quando revela o realizador de cinema no mesmo plano epistemológico em que THE FOUNTAINHEAD coloca o seu personagem arquitecto. A luta perpetrada por realizador e arquitecto será, no fundo, a mesma: garantir a todo o custo a integridade da obra. E garanti-la contra tudo e todos, contra as condicionantes e imposições típicas de ambos os sistemas em que o indivíduo se move, (...)”15

O cinema proporciona uma metáfora útil para situar o autor (leia-se o arquitecto), que consiste em identificar o sistema de produção cinematográfico com o sistema de produção da construção e desta forma identificar a condição do arquitecto com a condição do realizador e porventura com a do produtor. Será o arquitecto um realizador de «cinema de autor»? Explicitando: um realizador que tudo controla, que tem a última palavra sobre tudo e onde tudo obedece á sua «visão»? Ou ainda onde toda a máquina de produção está ao seu serviço, situando-se este no topo da pirâmide organizativa?

Ou, por outro lado, será o arquitecto um realizador de «cinema comercial»: um realizador inserido numa rede, com um trabalho específico subordinado a um objectivo comum delineado por um produtor, a quem se pede que possa ser flexível e capaz de actuar com imposições inesperadas de outros actores intervenientes no sistema produtivo (veja-se as imposições das «divas» dos cartazes cinematográficos).

Quase se poderão sintetizar estas perspectivas do seguinte modo: será o arquitecto apenas O Homem da Câmara de Filmar de Dziga Vertov ou, de outra

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No entanto, esta é uma questão que parece subsistir na sua dúvida, na quase generalidade dos processos de projecto/construção em que o arquitecto se encontra envolvido não sendo explicitado, claramente, de início perante todos os intervenientes, quais as atribuições concretas que se delegam no arquitecto.

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3.3. O gabinete como extensão da personalidade

É o gabinete um espaço autónomo na vida de um arquitecto?

Não se «crescerá» como indivíduo em paralelo ao que se «cresce» como gabinete?

Não será a vida e trabalho de um arquitecto semelhante à escrita continua de Jack Kerouac em On The Road2?

Poder-se-á recorrer de novo ao cinema para enquadrar as questões.

Tentando «compor» o carácter - a personalidade - do arquitecto como tipo cinematográfico, utilize-se a visão dicotómica do arquitecto em The

Fountainhead de King Vidor.

Howard Roark é o arquitecto visionário que submeterá o mundo à sua vontade indómita (ter-se-á inspirado em Frank LLoyd Wright), lembrando outra figura “messiânica” Le Corbusier. No entanto não se poderá deixar de sentir este personagem (Howard Roark) como um indivíduo «alienado da realidade», distante de todos os condicionalismos (do promotor ou cliente, do que se lhe pede - a encomenda – e do que se espera – o gosto do público). Persiste em todo o filme até à sua vitória final HR no cimo do seu edifício em construção -a dúvid-a sobre -a su-a meg-alom-ani-a.

Peter Keating, o seu amigo, é o arquitecto pragmático e inserido nos mecanismos de produção, “arquétipo incontornável da postura mais corrente perante o ofício da arquitectura”16

Obviando o peso do individualismo que conforma o arquitecto como self-made

man da sua própria construção (a do individuo e a da sua produção

arquitectónica), dir-se-ia que o carácter do arquitecto se encontra numa síntese destes dois pólos, algo que se poderia denominar de «Demiurgo Pragmático»

(60)

Poder-se-á também comparar o arquitecto, ao fotógrafo Thomas (David Hemmings) de Blowup de Antonioni aqui «vida» profissional e privada se interligam-se no espaço do atelier/casa, os domínios de cada um (o público e o privado ou o espaço pessoal e o espaço de trabalho) não são segmentáveis. Fazem parte de una escrita comum, a da descoberta do enigma: quer a do

psychological thriller que é o filme quer a da vida do arquitecto (se vista em

analepse ou flashback)

Esta projecção, do indivíduo (o arquitecto) sobre o gabinete, como extensão da personalidade, manifesta-se na organização física do espaço do atelier (ou do gabinete como se preferir): na hierarquização e compartimentação do espaço; naquilo que «se traz» para o gabinete; naquilo que se expõe e se deixa visível. Ou seja em tudo o que configura o universo pessoal do arquitecto e que se deposita no atelier, como se de «baús naufragados» se tratassem.

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3.4. A estratégia do gabinete

Serão todos os «instrumentos» e acções necessários à viabilidade produtiva e económica de um gabinete? Podem-se, aqui, identificar duas questões chave:

3.4.1. O posicionamento perante o mercado

Qual deverá ser a postura do arquitecto perante o mercado? Ou quais os posicionamentos, viabilizados pelos agentes (ou os clientes), que se «movem» no contexto da produção arquitectónica (portuguesa) que se destina à construção?

Poder-se-ão identificar dois posicionamentos: o de autor ou o de gabinete corporativo.

A postura de autor corresponde à necessidade, que os agentes do mercado (os privados, o construtor, o promotor) têm de uma produção arquitectónica: personalizada, que proponha soluções com um «cunho» autoral. Corresponde igualmente a uma estratégia comercial segmentada (o segmento a quem se destina a construção), que se procura diferenciar perante a oferta genérica, recorrendo à intencionalidade e consistência «artística», garantida pelo «percurso» singular e reconhecível do autor.

Esta postura coloca ao autor, num quadro de crescimento da sua produção (que impossibilite uma intervenção permanente e directa deste), a difícil tarefa, de garantir no seu sistema produtivo, a personalização das «respostas»;

A postura do gabinete corporativo serve a necessidade de uma abordagem aos problemas da construção: interdisciplinar e eficiente (na satisfação dos requisitos do cliente), com a garantia do cumprimento das condições estabelecidas, designadamente (mas não só) prazos de execução (do projecto) e custos (projecto e obra).

Haverá porventura um mercado a formar-se, que pretende o «melhor» destas duas posturas: a intencionalidade autoral e a eficiência corporativa.

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simply produced in the building site, but in many different, more immaterial sites, such as photographs, publications, journals, exhibitions, fairs, competitions, museums, films, etc. And those contexts are as important as the building site, sometimes more important (...)”17

Os media são instrumentos indispensáveis à viabilização de um percurso arquitectónico (seja de um doutorado ou de um arquitecto) e para a sua manipulação é indispensável o conhecimento do seu modo de funcionamento. 18

No entanto, esta condição (a da dependência dos media), dir-se-ia incontornável, da prática arquitectónica contemporânea, poderá ter as suas implicações sobre a arquitectura produzida podendo impor-se no percurso do arquitecto a necessidade de optar: entre a repercussão mediática e a evolução dentro da arquitectura. Reflectindo-se naquilo que Vítor Figueiredo descreve como “tinham feito muito alarido até conseguirem um plano profissional que lhes interessava, e agora já podiam pensar a sua arquitectura e fazê-la com outras preocupações.”

Seja qual for a postura, do arquitecto, perante o mercado e os media, há um jogo estratégico a realizar, perante as oportunidades do momento, visando «construir» o cliente.

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3.5. Marca ou assinatura

Será a arquitectura «composta» em redor de uma personalidade (leia-se o autor) claramente distinta daquela que é praticada numa organização corporativa (gabinetes que se assumem como entidade colectiva)?

Serão os mecanismos em presença, actuantes na actividade do projecto que é realizado nestes dois contextos (o da personalidade autoral e o da personalidade corporativa), diferenciáveis e atribuíveis, na sua – eventual – especificidade, a cada uma destas personalidades?

A «despistagem» de algumas dicotomias «ilusórias» poderá ser feita com o recurso à análise do caso, paradigmático, que é a actividade e subsistência no panorama arquitectónico da firma SOM3.

SOM cuja actividade poderemos caracterizar a sua actividade recorrendo às

palavras de Abby Bussel: “ (...) What had been for many years a monolithic organization, a machine-like entity that churned out competent work with great consistency, is now recognizing the strength of its diversity. (...)”19. Isto é o que

poderíamos classificar como a mudança de estratégia de produção de uma arquitectura que procura ser consistente na relação entre as várias respostas e no que se espera – aquelas qualidades que a tornam reconhecível perante o exterior – mas também garantido uma imagem de marca que tem um paralelo «produtivo» com qualquer outra marca comercial;

Para uma produção (de arquitectura) diversificada, com diversas posturas conceptuais, sem um resultado formal homogéneo, onde a postura individual dos líderes das equipas é determinante, mesmo na gestão e no tipo de organização interna - metodologia de trabalho - dos seus ateliers. Sendo identificável «estilos próprios» que se traduzem nas opções organizativas: da rotatividade, ou não, dos arquitectos colaboradores; da paridade, ou não, da participação dos engenheiros; na delegação, ou não, das decisões fundamentais. Ou seja ocorre a personalização do gabinete.

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formam, talvez nalguns casos ainda mais. Veja-se a possibilidade do reconhecimento, da contribuição de um colaborador, quando há a possibilidade de a identificar: concedendo-lhe no fim do processo a autoria do projecto ou a liberdade de acção que é outorgada aos jovens colaboradores, porventura mais ampla do que aquela que lhes seria delegada no contexto de trabalho de uma grande personalidade de arquitectura.

Trata-se de um processo de trabalho «em aberto», que necessita de permitir espaço à contribuição individual, para que o «gabinete cresça» na sua metodologia de projecto através da inserção da novidade. Respondendo ao que Frank Ghery explicitou da seguinte forma” (...) não consigo fazer sozinho, habituei-me a jogar com a equipa (...)”20

A formação da «inteligência» de um gabinete (ou a mais valia do seu modus

operandi), baseia-se no lastro de procedimentos e práticas – metodologias (dir-se ia do conhecimento próprio), que o gabinete vai (dir-sedimentando ao longo da sua prática. E cuja continuidade, é assegurada na SOM (de forma estratégica) com uma passagem de testemunho: cabe aos parceiros que saem convidar outros a entrar conforme a sua previsão das competências apropriadas à SOM para os vinte anos seguintes.21

Onde se encontra a especificidade operativa da máquina de produção que é a

SOM (ou o que é específico da produção de uma arquitectura dita «comercial»?

Talvez numa «filosofia de actuação» que se poderá adjectivar de mais «estratégica»4 e que se traduzirá no posicionamento perante o cliente. Não na

assunção de que este é um interlocutor decisivo na formulação do projecto e na tomada de todas as decisões que lhe estão inerentes mas no grau de pragmatismo com esta relação arquitecto/cliente é encarada: o cliente não tem de reunir «condições para...», não se exige ao cliente, como condição sine qua

non à manutenção do diálogo, que este se enquadre na «produção», que o autor deseja praticar. A postura «comercial» perante o cliente é outra, é o da resposta «incondicional» às necessidades do cliente numa lógica de valor

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Esta postura reflecte-se ainda na perspectiva multidisciplinar com que o projecto é encarado, com a intervenção activa (na condução do projecto) de Gestores, Administradores, Especialistas, ou seja de todos aqueles que são determinantes na definição da resposta, às necessidades, do caso concreto.

Na ausência da necessidade de suportar a obra com um discurso, porque ela se sustém na sua eficácia, porque” (...) como é que o capital se explica a ele próprio? Ele actua. Não chega?”23 . Ou seja não precisa do discurso como

fundamento do conceito da obra.

Provavelmente a destrinça dos dois campos de actuação, a da personalidade autoral e o da personalidade corporativa, não serão tão esquematizáveis. E a sua identificação tão confusa quanto a do alvo, na cena da casa dos espelhos em The Lady from Shanghai5. Há autores que seguem estratégias de marca e

produções corporativas que são autorais.

No entanto há uma síntese improvável a fazer: a união destes dois universos ou seja a criação de uma postura híbrida, que uniria o autor com a eficiência da máquina corporativa.

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3.6. A evidência da obra

“A capela desenhada pelo arquitecto Suíço Zumthor erigida perto da aldeia Alemã de Wachendorf é dedicada a um agricultor da região que terá vivido no século XV cuja história de vida, o candidata, à canonização.

A estrutura constitui um marco territorial com 12 metros de altura, construída pelos habitantes locais através de um processo rudimentar de cofragem do betão que constitui a estrutura base do monólito. Durante 24 dias, todos os dias, os locais subiam 50 centímetros à construção. O interior da estrutura de suporte, constituída por barrotes de bambu dispostos na vertical foi finalmente queimada e as bases orgânicas que sustentavam a parede exterior acabaram cristalizadas num processo de homogeneização do interior resultando num acabamento belíssimo (…)

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era aquela (enquanto mostrava fotos de amostras de chão conseguido através de chumbo derretido) Sobre o processo “rudimentar” de construção, podemos ver as marcas horizontais na capela resultantes dos vários momentos de enchimento da cofragem (os tais 50 centímetros por dia!). Creio que o betão era também composto de algumas matérias do solo daquela região o que lhe conferia outra tonalidade.”24

Esta abordagem (de Zumthor ao projecto da Bruder Klaus Chapel) é uma reflexão sobre a essência do projecto de arquitectura. Aqui não existem as dicotomias entre projecto e obra ou pensamento e acção: a arquitectura é um processo global e indecomponível, onde o carácter, simbólico da metodologia «de elaboração» é tão importante como a obra final.

Poder-se-á extrapolar o âmbito desta forma processual, de responder a esta encomenda, a outras escalas de projecto ou seja encontrar aqui uma «abordagem» à prática projectual que possa ser transversal a diferentes domínios ou disciplinas (Urbanismo, Arquitectura e Artes Plásticas)

Esta proposição pode, também, ser assim reformulada:

- Poderá a «lógica» de um processo de produção ser o leitmotiv do projecto? - Poder-se-á fazer uma inversão da aproximação convencional ao projecto para construção, transferindo para o inicio do processo (o projecto) «práticas» daquilo que se faz no fim (a construção)?

- Será possível fazer arquitectura como se poderá, eventualmente, fazer urbanismo, através de um processo estratégico análogo ao Planeamento Estratégico6.Que se poderá descrever como a realização paralela do plano e

das acções concretas, conforme a condução do processo (pelos actores deste) e a aferição dos resultados, sem abandonar o alcance dos objectivos genéricos?

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3.7. A interdisciplinaridade

“(…). I am concerned with the way in which the language of engineering can be turned into the language of the body. Unlike some of my work, this is constructed. Its engineering is part of the form. There is a way in which the language of the structure becomes part of the language of the meaning. “25

À semelhança desta obra de Anish Kapoor, instalada na Tate Modern (ver fig. 22 e citação supra) por vezes é indistinguível a origem ou o âmbito disciplinar a que uma construção pertence. Aqui não há distinção entre a forma do objecto (a procurada e a visível) e a estrutura que a suporta, não são questões destrinçáveis na obra e porventura também não o foram na concepção deste objecto.

A interdisciplinaridade I Fig. 25

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em absoluto a natureza da resposta a denunciar a origem disciplinar, onde podemos encontrar a linha divisória, se ela existe?

Situar - se – á ,ela a linha no eixo do âmbito do problema. Será a natureza das questões que se colocam que define e determina o campo disciplinar das respostas?

No âmbito das questões que são tratadas será como afirma Bruno Zevi, arquitectura aquilo que tem espaço interior habitável ou seja é por tratar as questões do espaço que este processo se define como sendo a produção de arquitectura? Então o trabalho do artista plástico Dan Graham (ver figura seguinte) será arquitectura. A que acresce o facto de no processo de produção destas obras intervirem, por vezes de facto, arquitectos.

No âmbito dos mecanismos de produção? Ou seja é Arquitectura porque é feito com a metodologia de trabalho do projecto de arquitectura, porque utiliza os modelos e artefactos de pensamento que lhe são próprios? No ponto de vista onde nos situamos ou da nossa formação, que ordena a nossa forma de ver e pensar sobre a realidade e as sua questões.

Poder-se-á afirmar que há um processo de raciocínio na Arquitectura distinto daquele que é empregue por exemplo nas Artes Plásticas.

Talvez a, grande e consensual, distinção, transversal às várias disciplinas seja que o projecto artístico, seja ele arquitectónico ou não, é condicionado pela sua

(70)

e formatados pelas práticas estabelecidas nos vários contextos nacionais. E aqui levantam-se todas as questões próprias destes campos de actividade tenham elas a ver com a eficiência e gestão do processo, a garantia da qualidade, o controle da produção, a normativa produzida ou genericamente com tudo aquilo que podemos englobar na designação de Boas Práticas. Tendo uma perspectiva sistémica a questão que se coloca é: saber como uma produção «individualizada» se poderá enquadrar neste «sistema» de oferta e garantias, sem abdicar do «melhor» destes dois sistemas (o do autor e o do mercado Institucional)

Também se poderá afirmar que a Arquitectura enquanto prática e disciplina acarreta códigos de conduta e linguagem assim como matéria de conhecimento que lhe é própria há uma «carga» ou um «lastro» que a produção arquitectónica e a sua historiografia largaram e acumularam. E aqui talvez se possa circunscrever o âmbito da cultura arquitectónica a um conjunto de princípios e mecanismos de pensamento que são próprios a este ponto de vista, o do Arquitecto. É neste sentido que se poderá perceber a postura de quem perante um objecto «sente» ou não tratar-se de Arquitectura ou de outra coisa o que ali está. Isto é trata-se do reconhecimento ou não do corpus disciplinar nas características do objecto.

Um exemplo claro, da ausência de dúvidas, no reconhecimento disciplinar de que uma obra é capaz de emitir e provocar é a Bruder Klaus Chapel (de acordo com o enunciado em 3.6). Embora o seu processo de realização nos faça lembrar o modus faciendi do movimento Fluxus7 (movimento artístico iniciado

nos anos 60) este mesmo processo por paradoxal que pareça, é claramente endógeno; é que esta obra aparentemente tão “bizarra” quanto ao seu processo de realização, se comparada com a produção mainstream é perfeitamente

Reconhecimento disciplinar Fig. 28

(71)

compreensível e enquadrável na perspectiva fenomenológica8 que este

arquitecto tem da Arquitectura, isto é parte de um pensamento intrínseco à disciplina.

3.8. A transmigração de lógicas

“Desde a segunda metade do século XIX que duas linhas de pensamento se mostraram eficazes para entender e criar a obra de arte. Uma defendia que o surgimento da produção artística era impulsionado pela actividade de cada disciplina com os materiais próprios. A outra defendia a necessidade de criar a Obra de Arte Total, na qual se fundiriam as artes tradicionais.”26

As tensões e os paradoxos destas duas posições são claros nas diferentes fases e orientações que a Bauhaus9 conheceu. A história desta escola é

também o registo das possibilidades e limitações que estes dois entendimentos da Arquitectura acarretam.

A questão que se coloca é se a Arquitectura terá de ser pensada dentro do quadro da sua produção ou se lógicas e mecanismos de origens externas podem ser aqui introduzidos.

Porventura a resposta não é única e podemos aqui explicitar duas posturas possíveis.

(72)

3.8.1. A postura endógena

Afirma que:

Os mecanismos formais de Arquitectura que os artistas plásticos se servem não são Arquitectura, não servem para caracterizar um espaço, não tentam produzir peças de Arquitectura o seu ponto de vista é diferente do arquitecto, a sua cultura e percepção espacial é diferente e neste domínio a sua produção é esvaziada de sentido.

Mesmo quando os artistas plásticos fazem Arquitectura sendo este o objectivo último como é o caso de Vito Acconchi a sua produção não

poderá ser reconhecível como a realização de um objecto qualificado de

Mecanismos formais Fig. 29

(73)

Esta é talvez uma questão fracturante, nesta perspectiva, entre arquitectos e artistas plásticos: trata-se de admitir que talvez a natureza e o objecto das artes plásticas seja isto mesmo, o «dar pontapés na gramática», trazer uma cultura nova às «coisas», estender os limites convencionados. Veja-se o exemplo inaugural de Lúcio Fontana que introduziu o espaço na representação bidimensional. É esta porventura a principal qualidade deste ponto de vista e será por isto que se pode afirmar que as Artes Plásticas são uma disciplina não conservadora ao contrário da Arquitectura

De igual forma quando os arquitectos vêm potencial de arquitectura em obras de artistas como Donald Judd ou Giorgio de Chirico, estarão a esvaziar estas obras de potencial artístico.

E aqui há a possibilidade de circunscrever a definição cada vez mais difícil dos contornos disciplinares da Arquitectura. É neste confronto que se pode identificar um conjunto de princípios, mecanismos de pensamento e maneiras de olhar que definem este ponto de vista ou seja de situar em pontos diferentes do espaço (criativo) o arquitecto e o artista plástico.

Como exemplo de uma prática arquitectónica no limite desta circunscrição disciplinar ou melhor no limite do esvaziamento destas características

Potencial de Arquitectura Fig. 32

O romper da gramática Fig.31

(74)

“(…) Su arquitectura es desconcertante. Y lo es, no por su complejidad o por su dificultad para ser comprendida, sino más bien por todo lo contrario. Se nos ofrece aparentemente desarmada de cualquier retórica o pretensión de profundidad. Parece fácil. Su fascinación no reside en su carácter crítico, en la densidad conceptual que conlleva o en la novedad o la potencialidad de los procesos de trabajo que moviliza, sino más bien en su simplicidad e inmediatezõ en su capacidad para

presentarse como ajena a cualquier dificultad y complicación. (...). Pero la perplejidad que su arquitectura produce es, antes que nada, resultado de su simplicidad. Cualquiera que haya asistido a una conferencia de Sejima & Nishizawa lo podría suscribir. Las argumentaciones son a menudo tan extremadamente lógicas y simples y se presentan de una forma que roza lo Iineal, e incluso lo banal, si uno las compara con la afanada búsqueda de coherencia interna y con la argumentación de sus colegas que pueden lIegar a exasperar.Ante el intento de comprender y explorar la galaxia SANAA, uno se sorprende con que el vuelo ha lIegado a su fin en el momento mismo de despegar: aparentemente no hay nada que explorar, nada que comprender EI espejismo de la facilidad se disipa de improviso y tras él, somos incapaces de ver nada.”29

Imagem

Mapa mental da Epistemologia Fig. 39

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