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Sistemas baseados em casos: aplicação à saúde

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Academic year: 2021

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Sistemas Baseados em Casos: Aplica¸

ao `

a Sa´

ude

Por

Stefanie Maria da Costa Alves

Orientador:

Doutor Eduardo Jos´e Solteiro Pires

Co-orientador:

Doutor Jos´e Paulo Barroso de Moura Oliveira

Disserta¸c˜ao submetida `a

UNIVERSIDADE DE TR ´AS-OS-MONTES E ALTO DOURO para obten¸c˜ao do grau de

MESTRE

em Engenharia Biom´edica, de acordo com o disposto no DR – I s´erie– No151, Decreto-Lei n.o 115/2013 de 7 de Agosto e no

Regulamento de Estudos Conducente ao Grau de Mestre da UTAD DR, 2.a

s´erie – No

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Sistemas Baseados em Casos: Aplica¸

ao `

a Sa´

ude

Por

Stefanie Maria da Costa Alves

Orientador:

Doutor Eduardo Jos´e Solteiro Pires

Co-orientador:

Doutor Jos´e Paulo Barroso de Moura Oliveira

Disserta¸c˜ao submetida `a

UNIVERSIDADE DE TR ´AS-OS-MONTES E ALTO DOURO para obten¸c˜ao do grau de

MESTRE

em Engenharia Biom´edica, de acordo com o disposto no DR – I s´erie– No151, Decreto-Lei n.o 115/2013 de 7 de Agosto e no

Regulamento de Estudos Conducente ao Grau de Mestre da UTAD DR, 2.a

s´erie – No

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Orienta¸c˜ao Cient´ıfica:

Doutor Eduardo Jos´e Solteiro Pires

Professor Auxiliar com Agrega¸c˜ao do Departamento de Engenharias

Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro

Doutor Jos´e Paulo Barroso de Moura Oliveira

Professor Associado com Agrega¸c˜ao do Departamento de Engenharias

Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro

(6)
(7)

“Jamais considere seus estudos como uma obriga¸c˜ao, mas como uma oportunidade invej´avel para aprender a conhecer a influˆencia libertadora da beleza do reino do esp´ırito, para seu pr´oprio prazer pessoal e para proveito da comunidade `a qual seu futuro trabalho pertencer.”

Albert Einstein (1879 – 1955)

Dedico esta disserta¸c˜ao ao meu namorado e `a minha fam´ılia.

(8)
(9)

UNIVERSIDADE DE TR ´AS-OS-MONTES E ALTO DOURO Mestrado em Engenharia Biom´edica

Os membros do J´uri recomendam `a Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro a aceita¸c˜ao da disserta¸c˜ao intitulada “Sistemas Baseados em Casos: Aplica¸c˜ao `

a Sa´ude” realizada por Stefanie Maria da Costa Alves para satisfa¸c˜ao parcial dos requisitos do grau de Mestre.

Dezembro 2018

Presidente: Doutor Lu´ıs Jos´e Cal¸cada Torres Pereira, Professor Auxiliar da Escola de Ciˆencias e Tecnologia da Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro

Vogais do J´uri: Doutora Cec´ılia Maria do Rio Fernandes Moreira Reis, Professora Adjunta do Instituto Superior de Engenharia do Porto do Instituto Polit´ecnico do Porto

Doutor Eduardo Jos´e Solteiro Pires,

Professor Auxiliar com Agrega¸c˜ao do Departamento de Engenharias da Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro

(10)
(11)

Sistemas Baseados em Casos:

Aplica¸c˜ao `a Sa´

ude

Stefanie Maria da Costa Alves

Submetido na Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro para o preenchimento dos requisitos parciais para obten¸c˜ao do grau de

Mestre em Engenharia Biom´edica

Resumo — Nesta disserta¸c˜ao foi desenvolvido um programa para determinar os utentes que s˜ao portadores de doen¸cas relativas `a glˆandula da tiroide. Para resolver o problema usou-se o Racioc´ınio Baseado em Casos para identificar os utentes que sofram de hipertiroidismo e hipotiroidismo. Para testar o programa foi usada uma base de dados com doentes que sofrem de problemas da tiroide. Os dados foram divididos em dois conjuntos, um conjunto que serviu de base de conhecimento e o segundo conjunto que foi utilizado para validar a efic´acia do programa. O teste de valida¸c˜ao verificou que o programa desenvolvido apresenta bons resultados na dete¸c˜ao de doentes com hipertiroidismo e hipotiroidismo, concluindo-se que o programa ´e ´util no aux´ılio m´edico.

Este trabalho apresenta a metodologia utilizada para a contru¸c˜ao de sistemas de Racioc´ınio Baseado em Casos em geral, bem como o processo de constru¸c˜ao do prot´otipo proposto no trabalho. Este prot´otipo ser´a aplicado para a avalia¸c˜ao de fichas cl´ınicas de utentes com possibilidade de sofrerem de alguma doen¸ca na glˆandula da tiroide.

Palavras Chave: Tiroide, racioc´ınio baseado em casos, hipotiroidismo, hipertiroidismo. xi

(12)
(13)

Case-based reasoning:

Application to Health

Stefanie Maria da Costa Alves

Submitted to the University of Tr´as-os-Montes and Alto Douro in partial fulfillment of the requirements for the degree of

Master in Biomedical Engineering

Abstract —In the context of this dissertation a program was developed to determine patients with diseases related to the thyroid gland. In the program, Case-Based

Reasoning was used to identify patients suffering from hyperthyroidism and hypothyroidism. In order to test the program a database was used with patients suffering from thyroid

problems. The data were divided in two sets, a set that served as knowledge base and the other one served to validate the effectiveness of the program. The validation test verified that the program developed shows good results in the detection of patients with hyperthyroidism and hypothyroidism. Concluding that the program may be useful in medical aid.

This work presents the methodology used for the construction of Case-Based Reasoning systems in general, as well as the process of construction of the proposed prototype in the work. This prototype will be applied for the evaluation of clinical files of users with the possibility of suffering from some disease in the thyroid gland.

Key Words: Thyroid, case-based reasoning, hypothyroidism, hyperthyroidism.

(14)
(15)

Agradecimentos

A realiza¸c˜ao desta disserta¸c˜ao de mestrado n˜ao teria sido concretizada se n˜ao tivesse tido importantes apoios e incentivos aos quais estarei sempre eternamente grata. Em primeiro lugar, tenho que agradecer ao meu orientador, Professor Doutor Eduardo Jos´e Solteiro Pires, Professor Auxiliar com Agrega¸c˜ao do Departamento de Engenharias da Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro, por aceitar e apoiar esta disserta¸c˜ao, pela sua motiva¸c˜ao, pelas suas sugest˜oes, ideias inovadoras e orienta¸c˜oes, que proporcionou excelentes momentos de forma¸c˜ao/aprendizagem. Muito obrigada por me ter corrigido quando foi necess´ario sem nunca me desmotivar.

Ao Professor Doutor Jos´e Paulo Barroso de Moura Oliveira, Professor Associado com Agrega¸c˜ao do Departamento de Engenharias da Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro, na qualidade de co-orientador, pelas suas observa¸c˜oes e orienta¸c˜oes, pelo apoio prestado que em muito contribu´ıram para a execu¸c˜ao do trabalho. Ao Professor Doutor Torres Pereira, Diretor do Mestrado em Engenharia Biom´edica da Universidade de Tr´as-os-Montes e Alto Douro, pela disponibilidade e por todas as palavras de incentivo.

Desejo igualmente agradecer a todos os meus colegas da Licenciatura de Engenharia de Reabilita¸c˜ao e Acessibilidade Humanas, pelo companheirismo, cujo o apoio e a amizade estiveram presentes em todos os momentos.

(16)

Por ´ultimo, quero agradecer `a minha fam´ılia, namorado e amigos pelo apoio incondicional que me deram, especialmente ao meu namorado pelas revis˜oes incans´aveis ao longo da elabora¸c˜ao deste trabalho.

Obrigada a todos!

UTAD, Stefanie Alves

Vila Real, 04 de Setembro de 2018

(17)

´Indice geral

Resumo xi

Abstract xiii

Agradecimentos xv

´Indice de tabelas xxi

´Indice de figuras xxiii

Gloss´ario, acr´onimos e abreviaturas xxv

1 Introdu¸c˜ao 1

1.1 Motiva¸c˜ao e Objetivos . . . 2

1.2 Organiza¸c˜ao da disserta¸c˜ao. . . 3

2 Tiroide 5 2.1 Patologias da tiroide . . . 6

2.1.1 Diagn´ostico das doen¸cas da tiroide . . . 6

2.1.2 Hipotiroidismo . . . 7 2.1.2.1 Tratamento . . . 8 2.1.3 Hipertiroidismo . . . 9 2.1.3.1 Tratamento . . . 9 2.2 Notas Finais . . . 10 xvii

(18)

3 Racioc´ınio Baseado em Casos 11

3.1 Fundamenta¸c˜ao Te´orica . . . 12

3.1.1 A escolha do Racioc´ınio Baseado em Casos . . . 13

3.1.2 Classes de sistemas de Racioc´ınio Baseado em Casos . . . 15

3.1.3 Ciclo do Racioc´ınio Baseado em Casos . . . 16

3.2 Constru¸c˜ao de Sistemas Baseados em Casos . . . 17

3.2.1 Aquisi¸c˜ao do conhecimento . . . 19 3.2.2 Representa¸c˜ao do conhecimento . . . 20 3.2.3 Representa¸c˜ao de casos . . . 21 3.2.4 Indexa¸c˜ao de casos . . . 22 3.2.4.1 Processo de indexa¸c˜ao . . . 23 3.2.5 Recupera¸c˜ao de casos . . . 25 3.2.6 Adapta¸c˜ao de casos . . . 27 3.3 Avalia¸c˜ao de Sistemas . . . 27

3.3.1 Avalia¸c˜ao de sistemas especialistas . . . 27

3.3.2 Avalia¸c˜ao de sistemas de Racioc´ınio Baseado em Casos . . . . 28

3.4 Vantagens e limita¸c˜oes do Racioc´ınio Baseado em Casos. . . 30

3.5 Notas finais . . . 31

4 Diagn´ostico m´edico, RBC e o dom´ınio da tiroide 33 4.1 Medicina versus Inform´atica . . . 34

4.2 Racioc´ınio m´edico e sistemas especialistas . . . 35

4.3 Racioc´ınio por casos no diagn´ostico m´edico . . . 37

4.3.1 Sistemas m´edicos que utilizam Racioc´ınio Baseado em Casos . 38 4.3.2 Problemas de sistemas de Racioc´ınio Baseado em Casos para a medicina . . . 39

4.4 Notas Finais . . . 39

5 Diagn´ostico m´edico no dom´ınio da tiroide 41 5.1 Caracteriza¸c˜ao dos atributos do problema . . . 41

5.2 Casos . . . 46 5.3 Arquitetura do Software . . . 46 5.4 Representa¸c˜ao do Conhecimento . . . 47 5.5 Fun¸c˜oes de similaridade . . . 48 5.6 Funcionamento do prot´otipo . . . 49 5.6.1 Menu Ficheiro . . . 50 5.6.2 Menu Op¸c˜oes . . . 50 5.7 Avalia¸c˜ao do Sistema . . . 52

5.7.1 Valida¸c˜ao com os cinco atributos . . . 53

5.7.1.1 Exp. 1: Diagn´ostico com os cinco atributos . . . 53 xviii

(19)

5.7.1.2 Exp. 2: Diagn´ostico com os cinco atributos . . . 54

5.7.1.3 Conclus˜oes . . . 55

5.7.2 Valida¸c˜ao com os atributos T3 e TSH . . . 55

5.7.2.1 Exp. 1: Diagn´ostico com as hormonas T3 e TSH . . 56

5.7.2.2 Exp. 2: Diagn´ostico com as hormonas T3 e TSH . . 57

5.7.2.3 Conclus˜oes . . . 57

5.7.3 Valida¸c˜ao com os trˆes crit´erios mais importantes . . . 58

5.7.3.1 Exp. 1: Diagn´ostico com os trˆes crit´erios mais importantes 61

5.7.3.2 Exp. 2: Diagn´ostico com os trˆes crit´erios mais importantes 61

5.7.3.3 Conclus˜oes . . . 62

5.8 Notas Finais e Conclus˜oes . . . 63

6 Considera¸c˜oes Finais 65

6.1 Trabalhos Futuros. . . 66

Referˆencias bibliogr´aficas 67

A Base de Dados de Utentes 73

(20)
(21)

´Indice de tabelas

5.1 Utentes Normais . . . 42

5.2 Utentes com Hipertiroidismo . . . 42

5.3 Utentes com Hipotiroidismo . . . 42

5.4 Atributos . . . 47

5.5 Exp. 1: Diagn´ostico com os cinco atributos . . . 54

5.6 Exp. 2: Diagn´ostico com os cinco atributos . . . 55

5.7 Exp. 1: Diagn´ostico com as hormonas T3 e TSH. . . 57

5.8 Exp. 2: Diagn´ostico com as hormonas T3 e TSH. . . 58

5.9 Mediana . . . 60

5.10 Exp. 1: Diagn´ostico com os trˆes crit´erios mais importantes . . . 61

5.11 Exp. 2: Diagn´ostico com os trˆes crit´erios mais importantes . . . 62

(22)
(23)

´Indice de figuras

2.1 Localiza¸c˜ao da glˆandula da tiroide. . . 5

2.2 Mecanismos de feedback negativo. . . 6

2.3 Os diferentes estados de hipotiroidismo.. . . 8

2.4 Produ¸c˜ao de hormonas da tiroide . . . 9

3.1 Processos de um sistema RBC. . . 16

3.2 As seis etapas para a constru¸c˜ao de um SBC. . . 18

5.1 Valores estat´ısticos da absor¸c˜ao da hormona T3 (ng/dL) nos trˆes casos. 43

5.2 Valores estat´ısticos da hormona T4 (ng/dL) medida a partir do m´etodo de deslocamento isot´opico. . . 44

5.3 Valores estat´ısticos da hormona T3 (ng/dL) a partir do ensaio radio-imune. . . 44

5.4 Valores estat´ısticos da produ¸c˜ao de TSH (mU/L). . . 45

5.5 Valores estat´ısticos da diferen¸ca do valor TSH (mU/L) ap´os inje¸c˜ao de TRH. . . 45

5.6 Ecr˜a principal do sistema . . . 49

5.7 Abertura ou sa´ıda do sistema . . . 50

5.8 Mensagem lida com sucesso . . . 50 xxiii

(24)

5.9 Mensagem n˜ao foi lida com sucesso . . . 51

5.10 Utiliza¸c˜ao dos cinco atributos . . . 51

5.11 Utiliza¸c˜ao dos atributos T3 e TSH. . . 52

5.12 Mensagem com a descri¸c˜ao do estado da tiroide . . . 52

(25)

Gloss´

ario, acr´

onimos e

abreviaturas

Sigla Expans˜ao AD Arvores de Decis˜ao´ BC Base de Conhecimento BD Base de Dados

DKNN K-Nearest-Neighbor Naive Bayes with attribute weighted

EC Engenheiro do Conhecimento

IA Inteligˆencia Artificial (Artificial Inteligence)

ISO International Organization for Standardization (Organiza¸c˜ao

Internacional de Normaliza¸c˜ao)

kNN k-Nearest Neighbors Algorithm (Algoritmo k-Nearest Neighbors)

RBC Racioc´ınio Baseado em Casos (Case-based reasoning)

RBR Racioc´ınio Baseado em Regras

SBC Sistemas Baseados em Casos

SE Sistemas Especialistas

SNNB Selective Neighborhood Naive Bayes

SUS Sistema ´Unico de Sa´ude

(26)

Sigla Expans˜ao T3 Tri-iodotironina

T4 Tiroxina

TRH Tireotropina

TSH Thyroid-Stimulating Hormone (Hormona Estimuladora da

Tiroide)

(27)

1

Introdu¸c˜

ao

A Inteligˆencia Artificial (IA) ´e considerada um campo dinˆamico, variado e em crescimento. As suas tecnologias aplicadas variam de sistemas especialistas para a vis˜ao de um computador, ou seja, consistem em imitar o racioc´ınio de um profissional da ´area. Sistemas Especialistas (SE) s˜ao sistemas que se baseiam em modelos de conhecimento sobre um dom´ınio espec´ıfico, e s˜ao centrados na resolu¸c˜ao de problemas que ocorrem no dom´ınio escolhido.

Na implementa¸c˜ao de um SE ´e necess´aria a passagem por algumas fases como: aquisi¸c˜ao do conhecimento, organiza¸c˜ao da base do conhecimento e a escolha da estrat´egia de racioc´ınio sobre essa base de conhecimento. Entre essas estrat´egias de racioc´ınio encontra-se o Racioc´ınio Baseado em Casos (RBC), cuja ideia b´asica ´e utilizar e adaptar solu¸c˜oes que foram adotadas para resolver problemas anteriores em novos problemas (Kolodner, 1992).

A ideia central do RBC consiste em fazer o sistema “relembrar” dos casos relevantes e reutiliz´a-los numa nova solu¸c˜ao.

Este trabalho desenvolveu-se com recursos de estr´ategias de racioc´ınio utilizadas em sistemas computacionais, que pudessem auxiliar no diagn´ostico m´edico numa consulta m´edica sobre a tiroide.

(28)

2 CAP´ITULO 1. INTRODUC¸ ˜AO

1.1

Motiva¸

ao e Objetivos

A motiva¸c˜ao que levou a desenvolver este estudo ´e pelo facto de que as doen¸cas da tiroide sendo muitas vezes silenciosas s˜ao muito comuns, afetando mais de um milh˜ao de portugueses e de 300 milh˜oes de pessoas em todo o mundo (Santos,2011). Em Portugal, surgem por ano mais de 400 novos casos de cancro da tiroide, uma das doen¸cas mais graves que afeta este ´org˜ao.

A tiroide ´e uma glˆandula situada na base do pesco¸co imediatamente abaixo da “ma¸c˜a de Ad˜ao” e ´e constitu´ıda por dois lobos unidos por uma parte central. A sua fun¸c˜ao ´e produzir e libertar para a circula¸c˜ao sangu´ınea duas hormonas, a tri-iodotironina (T3) e a tetra-iodotironina (T4 ou tiroxina). As hormonas T3 e T4 s˜ao essenciais para o funcionamento normal do organismo, no crescimento e desenvolvimento, pois regulam a temperatura corporal, a frequˆencia card´ıaca, a tens˜ao arterial, o funcionamento dos intestinos, o controlo do peso, dos estados de humor, entre outras fun¸c˜oes.

A tiroide pode ser afetada por diversas doen¸cas, de um modo geral s˜ao mais comuns nas mulheres. As doen¸cas principais s˜ao: b´ocio, presen¸ca de n´odulos, hipertiroidismo, hipotiroidismo e as doen¸cas auto-imunes, como a Doen¸ca de Graves e a tiroidite de Hashimoto, que resultam da produ¸c˜ao de anticorpos pelo pr´oprio organismo que podem estimular ou destruir a glˆandula.

Este estudo ir´a focar-se em duas doen¸cas da tiroide, o hipertiroidismo e o hipotiroidismo. O hipotiroidismo, ocorre maioritariamente na idade acima de 60 anos, como doen¸ca tiroidiana prim´aria, secund´aria ou central. Tamb´em, algumas crian¸cas nascem com hipotiroidismo porque n˜ao tˆem a tiroide ou porque a mesma n˜ao funciona bem. O Teste do Pezinho, que ´e feito em rec´em-nascidos gratuitamente pelo Sistema ´Unico de Sa´ude (SUS), no Programa de Triagem Neonatal, ´e capaz de diagnostic´a-la. A crian¸ca identificada com a doen¸ca deve come¸car a ser tratada de imediato, para ter um desenvolvimento f´ısico e mental normal, e manter o medicamento, que ´e a hormona tiroideia sint´etica, para toda a vida.

(29)

1.2. ORGANIZAC¸ ˜AO DA DISSERTAC¸ ˜AO 3

Por outro lado, o hipertiroidismo pode resultar de uma doen¸ca auto-imune, da presen¸ca de um n´odulo ou de mais n´odulos que produzem um excessivo n´umero de hormonas tiroideias, de uma infe¸c˜ao viral da tiroide, de um excesso de hormona tiroideia por ingest˜ao excessiva desse tipo de tratamento, de uma ingest˜ao excessiva de iodo a n´ıvel alimentar (sal iodado, peixe, marisco e vegetais) ou presente em alguns medicamentos e produtos bem como nos contrastes para realiza¸c˜ao de exames radiol´ogicos.

O objetivo geral desta disserta¸c˜ao ´e desenvolver e projetar um sistema baseado em casos aplicado na ´area da sa´ude, nomeadamente no diagn´ostico das doen¸cas da tiroide, com o fim de auxiliar os profissionais de sa´ude. Assim, estes profissionais podem analisar o utente e ter uma forma r´apida de comprovar o estado do utente, podendo, desta forma, reduzir o tempo de an´alise. Portanto, este sistema consiste na classifica¸c˜ao, perante um conjunto de crit´erios, se o utente sofre ou n˜ao de alguma doen¸ca na glˆandula tiroideia.

1.2

Organiza¸

ao da disserta¸

ao

Esta disserta¸c˜ao encontra-se estruturada em seis cap´ıtulos. No presente Cap´ıtulo fez-se uma introdu¸c˜ao de enquadramento e apresentou-se a motiva¸c˜ao do trabalho. O Cap´ıtulo 2 inicia-se com uma abordagem relativa `a tiroide, onde ir´a dar-se ˆenfase `as doen¸cas que ser˜ao a base para o desenvolvimento deste trabalho, a cria¸c˜ao de um sistema baseado em casos. Seguidamente, no Cap´ıtulo 3, descreve-se a metodologia de Racioc´ınio Baseado em Casos. No Cap´ıtulo 4 referem-se m´etodos que usam o RBC como solu¸c˜ao de problemas. De seguida, no Cap´ıtulo 5, descreve-se o software desenvolvido para o tratamento dos dados, a an´alise de dados utilizados, e realiza-se o estudo que permite avaliar o desempenho do sistema proposto. Por ´

ultimo, no Cap´ıtulo 6 ser´a feita uma an´alise e discuss˜ao dos resultados alcan¸cados. Adicionalmente, ser˜ao apresentados alguns trabalhos futuros.

(30)
(31)

2

Tiroide

A tiroide ´e uma glˆandula do sistema corporal, cujo a sua fun¸c˜ao ´e produzir e libertar para a corrente sangu´ınea duas hormonas tiroxina (T4) e de tri-iodotironina (T3) (Caki´c-Miloˇsevi´c et al.ˇ ,2004), que tem por fun¸c˜ao regular a atividade metab´olica de v´arios tecidos (Silva, 1995). Os dist´urbios funcionais da tiroide incitam patologias, em todo o mundo, a mais de 300 milh˜oes de pessoas, cerca de 5% da popula¸c˜ao mundial, ocorrendo mais nos idosos (Mann K). A tiroide com o formato de uma borboleta, localiza-se na base do pesco¸co, `a frente da traqueia, abaixo da ma¸c˜a de Ad˜ao, como se pode vizualizar na Figura 2.1, e, quando aumenta excessivamente a sua produ¸c˜ao, ´e reconhecida uma situa¸c˜ao de hipertiroidismo (Figura 2.4), atrav´es da manifesta¸c˜ao de sintomas (que ser˜ao apresentados posteriormente).

Figura 2.1 – Localiza¸c˜ao da glˆandula da tiroide (Adaptado deCCM (2018)).

(32)

6 CAP´ITULO 2. TIROIDE

Por outro lado, a reduzida produ¸c˜ao de hormonas poder´a levar a uma situa¸c˜ao de hipotiroidismo. A tiroide ´e uma hormona essencial para o funcionamento dos tecidos e ´org˜aos, esta ´e regulada essencialmente pela hormona estimuladora TSH, produzida pela hip´ofise (glˆandula localizada na base do c´erebro). A hormona TSH ´e regulada pela hormona de liberta¸c˜ao da tireotropina (TRH), gerada por c´elulas do hipot´alamo (Guyton et al., 2006). Ent˜ao, atrav´es de mecanismos de feedback negativo, Figura

2.2, quando a produ¸c˜ao de T3 e T4 diminui, a produ¸c˜ao de TSH aumenta e, em caso contr´ario, se a tiroide produzir hormonas em excesso, diminui a produ¸c˜ao de TSH pela hip´ofise, sendo este o modo de regula¸c˜ao dos valores de hormonas tiroideias no sangue, dentro dos valores normais.

Mecanismos de feedback -T3 e T4 ↑ TSH ↓ T3 e T4 ↓ TSH ↑

Figura 2.2 – Mecanismos de feedback negativo.

2.1

Patologias da tiroide

Como foi referido anteriormente, as disfun¸c˜oes da tiroide podem alterar o seu funcionamento normal levando a diversas patologias, mas, para este estudo, ser˜ao apenas destacadas

as ocorrˆencias de hipotiroidismo e de hipertiroidismo.

2.1.1

Diagn´

ostico das doen¸

cas da tiroide

´

E possivel diagnosticar poss´ıveis doen¸cas a partir de an´alises sangu´ıneas permitindo detetar e medir os n´ıveis de hormonas tiroideias na corrente sangu´ınea. De facto, as

(33)

2.1. PATOLOGIAS DA TIROIDE 7

hormonas tiroideias s˜ao medidas no sangue, n˜ao sendo necess´ario o utente estar em jejum. A sua execu¸c˜ao ´e lenta, pelo que, a obten¸c˜ao dos resultados n˜ao ´e imediata. Esta an´alise pode ser feita a partir da dosagem da TSH, das hormonas tiroideias totais (T3 e T4) e das suas fra¸c˜oes livres.

A determina¸c˜ao da TSH com os m´etodos atuais ´e suficiente na maioria dos casos para avaliar eventuais altera¸c˜oes hormonais. Os outros doseamentos ser˜ao pedidos em fun¸c˜ao de cada caso concreto.

O exame f´ısico e as an´alises n˜ao permitem determinar se um n´odulo ´e ou n˜ao ´e maligno. Assim, a ecografia ´e fundamental para determinar as dimens˜oes e as caracter´ısticas dos n´odulos. Nestes casos ´e necess´aria a realiza¸c˜ao de uma citologia aspirativa com agulha fina, que recolhe c´elulas do n´odulo para estudo microsc´opico. Em situa¸c˜oes mais espec´ıficas dever´a ser realizada uma cintigrafia da tiroide. No caso de existir hist´orico familiar de doen¸cas da tiroide, ´e importante uma vigilˆancia regular, de modo a se poder fazer um diagn´ostico precoce.

2.1.2

Hipotiroidismo

A deficiˆencia na produ¸c˜ao de hormonas da tiroide denomina-se por hipotiroidismo. Na Figura 2.3 pode verificar-se que o hipotiroidismo pode ser diferenciado por hipotiroidismo prim´ario (falha da tiroide), hipotiroidismo secund´ario (n´ıveis de TSH acima do normal) ou hipotiroidismo central (falha da hip´ofise) (Jaime et al.,2006).

´

E relevante referir que este dist´urbio origina uma falha geral no organismo, retirando qualidade de vida ao indiv´ıduo (Helfand, 2004). Segundo Vanderpump e Tunbridge

(2002), a idade avan¸cada e o sexo feminino s˜ao os fatores de risco mais comuns para desenvolver esta perturba¸c˜ao. Alguns dos sintomas como a gera¸c˜ao de um estado depressivo, a pris˜ao de ventre, as altera¸c˜oes musculares, os formigueiros, o aumento de peso e a diminui¸c˜ao da frequˆencia card´ıaca, podem surgir consoante o organismo do doente. Geralmente, pode ser detetado atrav´es de um exame ao sangue no qual s˜ao apresentados os valores de TSH e T4 e, neste caso, os valores ter˜ao aumentado e diminu´ıdo respetivamente. Para al´em de diminuir a qualidade de vida do utente

(34)

8 CAP´ITULO 2. TIROIDE

quando n˜ao ´e tratado, o ritmo card´ıaco pode reduzir de maneira a levar o indiv´ıduo ao coma, alterar-lhe os n´ıveis da tens˜ao arterial e os n´ıveis de colesterol, resultando em doen¸cas card´ıacas, infertilidade ou at´e Alzheimer (Romaldini et al., 2004).

TSH TSH ↑ T4 livre ↓ T4 livre Hipotiroidismo Prim´ario T4 livre N Hipotiroidismo Secund´ario TSH ↓ T4 livre ↓ Hipotiroidismo Central

Figura 2.3 – Os diferentes estados de hipotiroidismo (Adaptado de Mnemotecnias (2018).

2.1.2.1 Tratamento

Sendo uma condi¸c˜ao f´ısica cada vez mais comum na popula¸c˜ao, o tratamento ´e relativamente simples pois apenas se substitui a hormona em falta (T4) por levotiroxina, por via oral, com dose prescrita por um m´edico, restaurando assim os n´ıveis hormonais e revertendo os sinais e sintomas da doen¸ca auto-imune. Melhorar a compreens˜ao do utente sobre a sua patologia, a confian¸ca no medicamento e a sua ades˜ao, melhorar˜ao a educa¸c˜ao do utente pois este tratamento ser´a vital´ıcio (Schectman et al., 1991). Segundo um estudo realizado por Bagattoli et al.(2000) concluiu-se a possibilidade de controlar de forma adequada estes utentes diagnosticados, desde que os mesmos sigam o estipulado pelos seus m´edicos.

(35)

2.1. PATOLOGIAS DA TIROIDE 9

2.1.3

Hipertiroidismo

O hipertiroidismo ´e apresentado quando a glˆandula da tiroide produz hormonas em excesso lan¸cando-as na corrente sangu´ınea, aumentando cerca de duas a trˆes vezes o seu tamanho normal e o n´umero de c´elulas foliculares como se ilustra na Figura 2.4. A trabalhar em excesso e em estado de hiperatividade, h´a uma subida na produ¸c˜ao de T3 e T4, cinco a quinze vezes mais do que o suposto, conduzindo para a redu¸c˜ao de TSH que apresentar´a valores muito baixos ou nulos (Sacher e McPherson, 2002). Com tais n´ıveis exuberantes, o organismo revela consequˆencias como fibrila¸c˜ao arterial, insuficiˆencia card´ıaca congestiva, osteoporose e desordens a n´ıvel neuropsiqui´atrico (Helfand,2004). ´E uma doen¸ca que, como no hipotiroidismo, sobressai mais no sexo feminino (Vergara et al., 2007). Como principais sintomas exibe-se o nervosismo, ins´onias, ansiedade, irritabilidade, aumento da frequˆencia card´ıaca, perda de peso, aumento de apetite e/ou intolerˆancia ao calor, embora que muitos sintomas possam ser confundidos com os de outras doen¸cas, normalmente ´e solicitado pelo m´edico um conjunto de exames espec´ıficos.

Tiroide Normal

Saud´avel Hipertiroidismo Olhos inchados

B´ocio Tiroide inchada

Figura 2.4– Produ¸c˜ao de hormonas da tiroide (Adaptado deMnemotecnias (2018)).

2.1.3.1 Tratamento

Para esta doen¸ca existem diversos tipos de tratamento, dependendo da causa da mesma e da gravidade atual. Como terapia podem ser utilizados medicamentos

(36)

10 CAP´ITULO 2. TIROIDE

que reduzem a forma¸c˜ao de hormonas pela tiroide, a ingest˜ao de iodo radioativo (destruindo o tecido da glˆandula end´ocrina) ou ent˜ao, a remo¸c˜ao total ou parcial da mesma (Romaldini et al.,2004).

2.2

Notas Finais

Em suma, as doen¸cas tiroideias s˜ao muito comuns, em especial no sexo feminino e, atrav´es do m´etodo de rastreio, analisando os valores de TSH, ´e poss´ıvel prevenir e diagnosticar oportunamente problemas na glˆandula em estudo evitando uma posterior gravidade no caso cl´ınico do indiv´ıduo, como cancro da tiroide, e aumentando assim a sua qualidade de vida.

No cap´ıtulo seguinte ser´a abordado o conhecimento sobre a metodologia do RBC, desde a sua origem ao seu resutado.

(37)

3

Racioc´ınio Baseado em Casos

Neste cap´ıtulo come¸ca-se por entender a metodologia de RBC (Racioc´ınio Baseado em Casos) descrita porKolodner(1992), para al´em dos problemas relativos `a representa¸c˜ao, indexa¸c˜ao, organiza¸c˜ao e recupera¸c˜ao de casos. Inicialmente ser´a descrita a origem da metodologia em estudo, bem como a ideia geral de todo o processo envolvido num sistema que utiliza essa metodologia. O RBC cont´em um elemento principal, o caso, que sendo dessa forma apresentado com ˆenfase em rela¸c˜ao `a sua adapta¸c˜ao, aos seus problemas relativos `a indexa¸c˜ao, carater´ısticas de mem´oria, designada por base de casos, e `as formas de organiza¸c˜oes existentes para essa mem´oria de casos. De seguida, tamb´em ser´a feita a descri¸c˜ao sobre a avalia¸c˜ao de sistemas de RBC. Essa descri¸c˜ao oferece apoio para a especifica¸c˜ao e funcionamento correto dos sistemas que utilizam essa metodologia, envolvendo assim dois processos separados, verifica¸c˜ao e valida¸c˜ao. O cap´ıtulo termina com uma nota final de tudo o que foi apresentado no cap´ıtulo, e uma breve apresenta¸c˜ao do pr´oximo.

(38)

12 CAP´ITULO 3. RACIOC´INIO BASEADO EM CASOS

3.1

Fundamenta¸

ao Te´

orica

Os primeiros estudos do Racioc´ınio Baseado em Casos (RBC), tiveram in´ıcio na Universidade de Yale com um trabalho do grupo de investiga¸c˜ao de Roger Schank em 1980 (Riesbeck e Schank, 2013). O RBC ´e uma t´ecnica que consiste em resolver novos problemas adaptando solu¸c˜oes utilizadas para resolver problemas anteriores, isto ´e, a partir de casos ou experiˆencias com o que o pr´oprio sistema se depara ´e poss´ıvel extrair o seu conhecimento, identificar as caracter´ısticas mais significativas dos casos apresentados a fim de devolver uma melhor solu¸c˜ao/resposta e, por fim, o armazenamento do caso e a sua respetiva solu¸c˜ao. Assim, o RBC est´a tipicamente relacionada com a Inteligˆencia Artificial e ´e aplic´avel de uma forma direta e simples a uma vasta gama de tarefas. O primeiro sistema de RBC (Cyrus) foi desenvolvido em 1983 por Janet Kolodner. O modelo de casos utilizado no sistema CYRUS serviu como base para a cria¸c˜ao de outros sistemas de Racioc´ınio Baseado em Casos, como:

• SHRINK (Kolodner e Riesbeck, 2014): diagnostica casos de maior depress˜ao; • BOLERO (L´opez e Plaza, 1993): adquire conhecimento estrat´egico suficiente para realizar um procedimento de diagn´ostico de pneumonia com alto grau de sucesso;

• T-IDDM (Bellazzi et al.,2002): gere utentes diab´eticos dependentes de insulina de forma a melhorar a comunica¸c˜ao e os resultados cl´ınicos;

• CASEY (Koton, 1988): permite diagnosticar problemas no cora¸c˜ao a partir da adapta¸c˜ao de diagn´osticos de outros utentes.

Kolodner(1983) baseou-se no modelo de mem´oria dinˆamica de Schank, servindo de base para outros sistemas RBC. Segundo a sua teoria, a linguagem ´e um processo baseado na mem´oria. Os seus pressupostos te´oricos afirmam que em cada experiˆencia do ser humano a sua mem´oria passa por se ajustar a respostas dessas mesmas experiˆencias, implicando dessa forma, a que o aprendiz dependa dessas pr´oprias altera¸c˜oes na mem´oria. Atrav´es desse estudo conclui-se que, o processo de compreens˜ao

(39)

3.1. FUNDAMENTAC¸ ˜AO TE ´ORICA 13

de uma linguagem depende de informa¸c˜oes armazenadas previamente na mem´oria, ou seja, as pessoas n˜ao compreendem epis´odios sem deixarem de fazer referˆencias a factos que j´a vivenciaram e que j´a conhecem.

O primeiro conceito fundamental da teoria de Schank criado para representar informa¸c˜oes sobre epis´odios, foi o de “script”. O script representava epis´odios que se repetiam em situa¸c˜oes particulares, como por exemplo, “ir ao m´edico”. O conceito mais relevante da teoria de Schank, foi o de aquisi¸c˜ao de conhecimentos. Segundo ele, a aquisi¸c˜ao de conhecimento acontece quando existe uma desigualdade entre o que a pessoa espera que aconte¸ca do que realmente acontece. Dessa forma, essa desigualdade provocava a altera¸c˜ao da estrutura da mem´oria da pessoa. Diante desse racioc´ınio, Schank criou assim a teoria da mem´oria dinˆamica. A mem´oria dinˆamica permitiu a cria¸c˜ao de uma arquitetura para a constru¸c˜ao desse tipo de racioc´ınio num computador. Os programas CYRUS, de Janet Kolonder, e IPP, de M. Lebowitz, foram os primeiros a implementar muito dos temas expressos nessa teoria, eles foram os pioneiros dos programas de Racioc´ınio Baseado em Casos (Kolodner, 1992).

3.1.1

A escolha do Racioc´ınio Baseado em Casos

Existem v´arios ramos cient´ıficos, como a IA que tem como objetivo desenvolver tecnologia para a constru¸c˜ao de sistemas mais efetivos, a ciˆencia cognitiva, estudo cient´ıfico da mente ou da inteligˆencia, que tem por objetivo construir modelos do racioc´ınio humano e o aprendiz, entre outros. De qualquer forma, o interesse pelo RBC como um modelo cognitivo ´e baseado nos estudos do racioc´ınio humano, no qual mostra que o racioc´ınio atrav´es de casos abrange uma variedade de dom´ınios. ´E poss´ıvel identificar-se cinco problemas essenciais que podem ser suavizados atrav´es do uso do RBC (Leake, 1996a):

• Aquisi¸c˜ao de Conhecimento: ´e um processo longo e dispendioso e at´e pode ser duvidoso. Isso ocorre pelo facto de existir complexidade na extra¸c˜ao de m´etodos e pela falta de garantia de que esses m´etodos s˜ao suficientes para a caracteriza¸c˜ao do desempenho do especialista ou do pr´oprio sistema que

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14 CAP´ITULO 3. RACIOC´INIO BASEADO EM CASOS

as utiliza. Em alguns dom´ınios, o n´umero necess´ario de m´etodos torna-se muito grande e ´e dif´ıcil formaliz´a-los. Quando se utiliza o RBC, o racioc´ınio ´e feito atrav´es de epis´odios espec´ıficos, completos e n˜ao ´e necess´ario decompor experiˆencias e generalizar as suas partes atrav´es de m´etodos. Isso significa que cada caso pode ser representado como epis´odios independentes um do outro na base de casos. Alguns dom´ınios de tarefas s˜ao naturais para o RBC, sendo suficiente para isso juntar casos que sejam satisfat´orios para a resolu¸c˜ao de problemas. Nesses dom´ınios o custo de aquisi¸c˜ao de conhecimento ´e muito baixo. Pode acontecer que o dom´ınio n˜ao seja natural e que os casos n˜ao estejam dispon´ıveis ou at´e podem estar dispon´ıveis, mas de uma forma complicada de os utilizar. Nesse contexto, faz-se uma delimita¸c˜ao de informa¸c˜oes que cada caso deve conter, para que seja definida de forma correta a representa¸c˜ao das informa¸c˜oes. Aconselha-se tamb´em, a verifica¸c˜ao da extra¸c˜ao correta dos dados dispon´ıveis, assim como os crit´erios para a indexa¸c˜ao dessas informa¸c˜oes;

• Manuten¸c˜ao do Conhecimento: geralmente uma base de conhecimento ´e o primeiro passo para desenvolver uma aplica¸c˜ao de IA. No in´ıcio ´e dif´ıcil ter uma ideia clara do problema, o que implica aperfei¸coamentos consecutivos. Embora o aperfei¸coamento e esquemas de indexa¸c˜ao possam ser requeridos para que as tarefas sejam bem compreendidas, a metodologia do RBC oferece um benef´ıcio muito importante para a manuten¸c˜ao do conhecimento. Esse benef´ıcio ´e a capacidade de que um utilizador tem em adicionar novos casos, sem a interven¸c˜ao direta de um especialista;

• Eficiˆencia na solu¸c˜ao do problema: a reutiliza¸c˜ao de solu¸c˜oes anteriores auxilia na melhoria da eficiˆencia da resolu¸c˜ao de novos problemas, pois utilizando o racioc´ınio constru´ıdo anteriormente evita-se a repeti¸c˜ao de todo o esfor¸co num novo caso idˆentico. Para al´em disso, ´e poss´ıvel o armazenamento das solu¸c˜oes ao qual ocorreram falhas, como as que obtiveram sucesso, fazendo com que o sistema alerte sobre potenciais problemas;

(41)

3.1. FUNDAMENTAC¸ ˜AO TE ´ORICA 15

s˜ao bem decifrados, a utiliza¸c˜ao de regras ir´a funcionar de forma imperfeita. Nessa situa¸c˜ao as solu¸c˜oes sugeridas atrav´es dos casos, s˜ao mais precisas do que as que utilizam conjuntos de regras, porque refletem o que realmente acontece, ou falham ao ocorrer, em determinadas circunstˆancias;

• A valida¸c˜ao do utilizador: a chave do problema para o desenvolvimento com sucesso de sistemas IA ´e o OK do utilizador. Nenhum sistema ´e considerado ´

util se os utilizadores n˜ao derem um OK pelos seus resultados. Para confiar nessas conclus˜oes do sistema, o utilizador deve convencer-se de que essas conclus˜oes foram provenientes de um mecanismo confi´avel.

Os resultados dos sistemas que utilizam RBC s˜ao baseados em casos anteriores que podem ser apresentados ao utilizador dando suporte para as suas decis˜oes atrav´es das conclus˜oes do sistema.

3.1.2

Classes de sistemas de Racioc´ınio Baseado em Casos

Segundo Kolodner (2014), os sistemas de RBC s˜ao normalmente divididos em duas classes, interpretativos e solucionadores de problemas. Os sistemas interpretativos tˆem como objetivo avaliar ou classificar uma nova situa¸c˜ao comparando e confrontando com casos j´a classificados. Dessa forma v´arios casos podem ser comparados e confrontados para que se possa chegar a uma compreens˜ao da situa¸c˜ao nova em rela¸c˜ao ao que j´a ´e conhecido. Um utilizador pode recuperar casos para ajud´a-lo a avaliar e justificar as decis˜oes tomadas ou interpreta¸c˜oes. Estes sistemas s˜ao ´

uteis para a avalia¸c˜ao, quando n˜ao existe um m´etodo computacional dispon´ıvel para avaliar uma posi¸c˜ao ou uma solu¸c˜ao. As tarefas interpretativas suportam uma variedade de racioc´ınio como a classifica¸c˜ao, avalia¸c˜ao da situa¸c˜ao, resolu¸c˜ao de problemas e avalia¸c˜ao da solu¸c˜ao. Os sistemas solucionadores de problemas tˆem como objetivo utilizar a solu¸c˜ao de um caso anterior para construir a solu¸c˜ao do novo problema. As diferen¸cas e as similaridades entre o novo caso e o anterior s˜ao utilizadas para determinar como a solu¸c˜ao do caso anterior pode ser modificada para se adequar `a nova situa¸c˜ao. Estes sistemas podem ser utilizados para uma

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16 CAP´ITULO 3. RACIOC´INIO BASEADO EM CASOS

variedade de tarefas como planeamento, diagn´ostico, interpreta¸c˜ao e projeto. Em cada uma dessas tarefas existe uma quantidade de experiˆencias obtidas atrav´es dos casos, permitindo cada vez mais a eficiˆencia do raciocinador `a medida que soluciona os problemas. Por exemplo, um diagn´ostico ´e um tipo particular de problema de interpreta¸c˜ao, onde ´e dado ao solucionador do problema um conjunto de sintomas onde se pede ao sistema uma explica¸c˜ao desses sintomas. O CASEY (programa para diagn´ostico de problemas no cora¸c˜ao) faz um novo diagn´ostico fazendo a adapta¸c˜ao do diagn´ostico anterior de um utente para um novo caso.

3.1.3

Ciclo do Racioc´ınio Baseado em Casos

Recupera¸c˜ao Reutiliza¸c˜ao Revis˜ao Reten¸c˜ao Realiza uma pesquisa na mem´oria de casos

Adapta a solu¸c˜ao armazenada

num caso recuperado

Aprendizagem a partir da falha Sele¸c˜ao da informa¸c˜ao relevante

Figura 3.1 – Processos de um sistema RBC (Adaptado deAamodt e Plaza (1994)).

O ciclo do RBC, Figura 3.1, ´e composto por etapas (Aamodt e Plaza, 1994):

i. Recupera¸c˜ao, onde se recupera o caso mais similar ou um conjunto de casos da biblioteca de casos;

ii. Reutiliza¸c˜ao, reutilizam-se as informa¸c˜oes e o conhecimento que resolveram o problema anteriormente, associando a solu¸c˜ao ao contexto do problema atual;

(43)

3.2. CONSTRUC¸ ˜AO DE SISTEMAS BASEADOS EM CASOS 17

iii. Revis˜ao, faz-se uma revis˜ao, se for necess´ario, e adapta-se a solu¸c˜ao antiga para que seja reutilizada numa nova situa¸c˜ao/problema;

iv. Reten¸c˜ao, ´e o processo onde se armazena todas as partes consideradas ´uteis do novo problema na biblioteca de casos. Para al´em disso, deve decidir-se de que forma se armazena e como se indexa o caso para futuras recupera¸c˜oes.

A representa¸c˜ao e a indexa¸c˜ao dos casos n˜ao aparecem explicitamente no ciclo de RBC, pois estas partes s˜ao executadas ainda na constru¸c˜ao do sistema durante a cria¸c˜ao da base de casos. A Figura3.1, ilustra as etapas que o caso percorre desde a sua cria¸c˜ao, passando por todos os processos descritos por Aamodt e Plaza (1994), at´e ao seu aproveitamento para a resolu¸c˜ao de um caso posterior.

3.2

Constru¸

ao de Sistemas Baseados em Casos

Os SBC tˆem sido efetivos, principalmente quando s˜ao utilizados em dom´ınios espec´ıficos. Os Sistemas Especialistas (SE), s˜ao sistemas que se baseiam em modelos de conhecimento sobre um dom´ınio espec´ıfico, e s˜ao direcionados para a resolu¸c˜ao de problemas que ocorrem nesse dom´ınio. O conhecimento pode ser representado escolhendo-se um tipo mais conveniente para o tipo de dom´ınio que se pretende trabalhar. Um SE possui um motor de inferˆencia capaz de tomar certas decis˜oes, que “raciocina” sobre as informa¸c˜oes de entrada do sistema e faz a extra¸c˜ao de informa¸c˜oes previamente armazenadas no mesmo (Turban et al., 2005). A constru¸c˜ao do SE que aplica o RBC segue um processo diferente dos sistemas especialistas tradicionais, como por exemplo, os sistemas de Racioc´ınio Baseado em Regras (RBR). Uma dessas diferen¸cas ´e a aquisi¸c˜ao do conhecimento do sistema, pois n˜ao exige a reuni˜ao de todas as informa¸c˜oes necess´arias para o dom´ınio do problema. O “conhecimento” ´e determinado pelos casos armazenados consoante a sua importˆancia, isso quer dizer que, sistemas de RBC podem ser utilizados na resolu¸c˜ao de problemas cujo o seu conhecimento ´e incompleto ou com poucas evidˆencias, porque quem utiliza o paradigma de RBC processa experiˆencias ao contr´ario de realizar inferˆencias

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18 CAP´ITULO 3. RACIOC´INIO BASEADO EM CASOS

baseadas no conhecimento (Kolodner,1992). De uma forma mais sucinta e expl´ıcita, a constru¸c˜ao de SBC deve passar pelas seguintes etapas (Lorenzi, 1998), e que se resumem na Figura 3.2: Aquisi¸c˜ao do Conhecimento Defini¸c˜ao dos principais atributos Indexa¸c˜ao Similaridades Adapta¸c˜ao Solu¸c˜ao

Figura 3.2 – As seis etapas para a constru¸c˜ao de um SBC.

• Sele¸c˜ao da base de informa¸c˜oes para o processo de aquisi¸c˜ao de conhecimento do dom´ınio da aplica¸c˜ao. Essas informa¸c˜oes podem ser adquiridas atrav´es de documentos, bases de dados, fichas, etc. Caso n˜ao exista informa¸c˜oes dispon´ıveis ser´a necess´ario consultar um especialista para que seja feita a tarefa de aquisi¸c˜ao de conhecimento. Quanto mais correta e completa for a base de informa¸c˜oes melhor ser´a a confiabilidade do sistema que utiliza o RBC; • Defini¸c˜ao dos principais atributos das informa¸c˜oes de forma a serem utilizados

(45)

3.2. CONSTRUC¸ ˜AO DE SISTEMAS BASEADOS EM CASOS 19

• Sele¸c˜ao dos ´ındices para o acesso dos casos armazenados na biblioteca de casos. Essa etapa ´e conhecida como problema de indexa¸c˜ao, onde se deve procurar uma estrutura apropriada para a descri¸c˜ao das informa¸c˜oes contidas nos casos; • Defini¸c˜ao dos m´etodos de recupera¸c˜ao de forma a que verifique a similaridade

entre o novo caso e o conjunto de casos na biblioteca. As medidas de similaridades podem ser escolhidas de acordo com a aplica¸c˜ao atrav´es do di´alogo com o especialista;

• Definir de que forma uma solu¸c˜ao associada a um caso na base de casos dever´a ser adaptada para solucionar o novo problema. A adapta¸c˜ao de casos envolve opera¸c˜oes de inclus˜ao, exclus˜ao e substitui¸c˜ao dos componentes de uma solu¸c˜ao recuperada, isso ´e feito para que seja gerada uma nova solu¸c˜ao que aplique o problema atual e pode-se tornar complexo e dif´ıcil de controlar (Leake e Sooriamurthi, 2002). Num dom´ınio pouco complexo ´e poss´ıvel construir uma base de casos que cubra todas as possibilidades de combina¸c˜oes dos seus atributos. Dessa forma a adapta¸c˜ao pode ser simples ou n˜ao apresentar nenhuma estrat´egia de adapta¸c˜ao;

• Definir o processo de aquisi¸c˜ao de conhecimento sobre a solu¸c˜ao. No caso de a solu¸c˜ao apresentada e adaptada para o novo problema tenha sucesso, o sistema deve ser capaz de avaliar se deve armazenar ou descartar essa solu¸c˜ao. Por outro lado, caso sejam detetadas falhas na solu¸c˜ao, o sistema dever´a explicar e aprender com elas para que estas n˜ao voltem a acontecer futuramente.

3.2.1

Aquisi¸

ao do conhecimento

A aquisi¸c˜ao do conhecimento ´e a acumula¸c˜ao, transferˆencia e a transforma¸c˜ao da habilidade na solu¸c˜ao do problema, atrav´es de fontes de conhecimentos como o especialista ou documentos, para um programa de computador. Potencialmente fontes de conhecimento incluem especialistas humanos, textos, documentos multim´edia, bases de dados (p´ublicas ou privadas), relat´orios especiais de pesquisa e informa¸c˜oes dispon´ıveis na Web. A m´aquina armazena as informa¸c˜oes, de uma forma organizada

(46)

20 CAP´ITULO 3. RACIOC´INIO BASEADO EM CASOS

e espec´ıfica. O computador necessita de informa¸c˜oes expl´ıcitas e a um n´ıvel detalhado utilizado pelos humanos. O ser humano n˜ao se lembra de todos os passos necess´arios para a resolu¸c˜ao de um problema na hora de transferir ou processar o conhecimento. Adicionalmente, a aquisi¸c˜ao de conhecimento de um perito ´e uma tarefa complexa. Exige-se a presen¸ca de um Engenheiro do Conhecimento (EC), para interagir tanto com o perito quanto com o especialista. O engenheiro do conhecimento ajuda a montar a estrutura da base de conhecimento (Turban et al., 2005).

Esta metodologia passa por seis etapas (Abel et al., 1995):

i. Identifica¸c˜ao e estudo do problema, consiste na delimita¸c˜ao do problema que se quer resolver e o conhecimento necess´ario para o fazer. Geralmente quem define o problema a ser resolvido pelo sistema ´e o especialista;

ii. S˜ao realizadas entrevistas com um perito/especialista para detalhar o conhecimento aplicado `a solu¸c˜ao do problema e de que forma pode ser utilizada;

iii. ´E feita uma an´alise das informa¸c˜oes obtidas de forma a evidenciar a sua consistˆencia verificando se s˜ao completas e suficientes para solucionar o problema; iv. O conhecimento ´e estruturado de forma computacional tendo em vista a forma

de representa¸c˜ao do conhecimento;

v. O sistema ´e implementado usando uma ferramenta espec´ıfica para o desenvolvimento de sistemas RBC, e o seu funcionamento ´e testado;

vi. Em rela¸c˜ao ao conhecimento ´e feita uma valida¸c˜ao junto do especialista, e dos utilizadores quanto `a facilidade de uso e adequa¸c˜ao `a solu¸c˜ao esperada pelos mesmos.

3.2.2

Representa¸

ao do conhecimento

Nesta etapa, o EC j´a possui um conjunto de registos (casos) e as informa¸c˜oes obtidas atrav´es do especialista. Feita a an´alise deste conjunto de informa¸c˜ao ele deve

(47)

3.2. CONSTRUC¸ ˜AO DE SISTEMAS BASEADOS EM CASOS 21

encontrar a melhor forma de as representar num sistema. Uma quest˜ao importante na representa¸c˜ao do conhecimento ´e a intera¸c˜ao do sistema com os utilizadores, ´e necess´ario ter em aten¸c˜ao que representa¸c˜oes que s˜ao acess´ıveis a um computador n˜ao s˜ao necessariamente acess´ıveis aos utilizadores. As partes do caso que o utilizador necessita de ter acesso tˆem que ser compreensivas (Kolodner, 1992). Formalismos como scripts, frames e redes semˆanticas podem ser utilizados para representar casos em sistemas de RBC e representar dom´ınios em SE. Estes s˜ao descritos a seguir (Lee

et al., 1998):

• Redes semˆanticas: ´e a forma de representa¸c˜ao do conhecimento definida como um grafo direcionado no qual os v´ertices representam conceitos, e as arestas representam rela¸c˜oes semˆanticas entre os conceitos. Elas s˜ao consideradas como um dicion´ario leg´ıvel para uma m´aquina;

• Frames: ´e uma estrutura de dados que representa uma entidade atrav´es das suas carater´ısticas e potencialidades. De um modo geral, as carater´ısticas s˜ao representadas atrav´es de pares atributos-valores e as potencialidades s˜ao representadas por m´etodos;

• Conceitos/ Objetos: um objeto ´e uma entidade b´asica que pode ser instanciada. Um conceito conta algo sobre o objeto, pode ser representado por uma abstra¸c˜ao de um objeto, quando v´arios objetos podem ser agrupados sob o mesmo conceito ou, um conceito pode ser um atributo, quando conta algo exclusivamente sobre esse objeto ou, se para fins de organiza¸c˜ao da an´alise como um todo n˜ao vale a pena represent´a-lo como uma abstra¸c˜ao. Esta decis˜ao repousa na an´alise global do conhecimento e foca especialmente o uso da representa¸c˜ao. Quando um objeto ´e associado a um atributo pode assumir valores verdadeiro ou falso.

3.2.3

Representa¸

ao de casos

No RBC o primeiro t´opico a ser abordado ´e a representa¸c˜ao de casos. Um sistema que utiliza RBC s´o ter´a sucesso se o conjunto de casos for bem estruturado, bem

(48)

22 CAP´ITULO 3. RACIOC´INIO BASEADO EM CASOS

representado. Um caso ´e uma parte contextualizada de conhecimento, onde s˜ao feitas associa¸c˜oes entre solu¸c˜oes e problemas, resultados de situa¸c˜oes. Todos os casos de um dom´ınio apresentam diferen¸cas no tamanho e forma, mas todos tˆem em comum o facto de fundamentar uma experiˆencia real.

Um caso fundamentado deve oferecer li¸c˜oes ´uteis, al´em do contexto em que essas li¸c˜oes s˜ao ´uteis, para que possam alertar poss´ıveis sucessos ou falhas caso a mesma situa¸c˜ao venha a ocorrer novamente (Kolodner,1992).

Na representa¸c˜ao de um caso consideram-se trˆes quest˜oes importantes, o conte´udo dos casos onde s˜ao consideradas quest˜oes sobre a aquisi¸c˜ao dos casos e a an´alise sobre o dom´ınio; o paradigma e representa¸c˜ao para a organiza¸c˜ao da mem´oria de casos onde pode ser consideradas quest˜oes de eficiˆencia e flexibilidade; e por ´ultimo, a apresenta¸c˜ao do caso para o utilizador onde s˜ao feitas as considera¸c˜oes sobre a interface (Maher et al., 2014). O caso deve representar conhecimento sobre o conte´udo e o contexto da experiˆencia. A relevˆancia de alguns aspetos varia com a conformidade do tipo de tarefa pretendida. Em sistemas de solu¸c˜ao de problema, os casos devem englobar problemas, solu¸c˜oes e resultados da utiliza¸c˜ao das solu¸c˜oes (Kolodner,1992).

A representa¸c˜ao dos casos faz referˆencia ao formalismo a ser adotado no programa.

3.2.4

Indexa¸

ao de casos

Sistemas de RBC apresentam uma cole¸c˜ao de casos que representam o espa¸co de pesquisa de um novo problema/novo caso. Quando se pretende encontrar casos relevantes em rela¸c˜ao a um novo caso que acaba de ocorrer ´e indispens´avel que os casos armazenados na biblioteca, sejam recuperados de forma apropriada no momento certo e de forma correta. Cada caso pode conter diversos ´ındices que s˜ao escolhidos de acordo com as carater´ısticas do novo caso que surge num dado momento. A quest˜ao de indexa¸c˜ao de casos faz referˆencia a algumas perguntas do g´enero: “como ´e que as pessoas se lembram das coisas corretas na hora certa? Pode fazer-se com que os computadores fa¸cam a mesma coisa?”, todas essas quest˜oes

(49)

3.2. CONSTRUC¸ ˜AO DE SISTEMAS BASEADOS EM CASOS 23

resumem-se a um problema que se chama “problema de indexa¸c˜ao”. Este problema consiste na certeza de que um caso vai ser recuperado no momento certo. Esse problema possui v´arias partes, a primeira consiste na atribui¸c˜ao de r´otulos ao caso no momento em que ´e dada a entrada na base de casos, para assegurar que o caso seja recuperado oportunamente. Geralmente esses r´otulos definem os problemas ou as circunstˆancias que uma li¸c˜ao foi aprendida para ser ensinada. No processo de indexa¸c˜ao de casos ´e importante definir bons ´ındices, pois ser´a a garantia de uma recupera¸c˜ao eficiente de casos. A segunda parte refere-se ao problema da organiza¸c˜ao dos casos para que a pesquisa seja feita na biblioteca de casos de forma eficiente (Kolodner, 1992). O tamanho da cole¸c˜ao de casos ´e importante para a localiza¸c˜ao de um caso relevante. Se a cole¸c˜ao de casos for pequena n˜ao se d´a tanta importˆancia ao processo de pesquisa. J´a quando a cole¸c˜ao de casos ´e grande deve-se considerar a quantidade de tempo necess´ario para que deve-seja feita a discrimina¸c˜ao entre os diversos casos apresentados, ´e por isso que os casos necessitam de r´otulos que fazem a discrimina¸c˜ao de diferentes situa¸c˜oes e utilidades recebendo a denomina¸c˜ao de ´ındices (Maher et al., 2014).

3.2.4.1 Processo de indexa¸c˜ao

Existem diversas quest˜oes sobre a indexa¸c˜ao de casos que devem ser debatidas como (Kolodner,1992):

• A indexa¸c˜ao tem que conter conceitos que s˜ao normalmente utilizados para descrever os itens que est˜ao a ser indexados, mesmo sendo carater´ısticas superficiais ou abstratas para que se encontre algo ´e necess´ario que esteja descrito de forma correta;

• A indexa¸c˜ao tem que antecipar o vocabul´ario de algu´em que vai utiliz´a-lo, uma pessoa pode n˜ao encontrar logo alguma coisa mesmo que esteja descrito corretamente se o caminho est´a incorreto;

• A indexa¸c˜ao tem que antecipar as circunstˆancias na qual algu´em, provavelmente, pretende recuperar alguma coisa, algu´em, por exemplo, que queira uma laranja

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24 CAP´ITULO 3. RACIOC´INIO BASEADO EM CASOS

pode pensar numa bebida, numa sobremesa, numa cor. As experiˆencias adquiridas na constru¸c˜ao de sistemas de RBC fizeram com que a comunidade cient´ıfica elaborasse um roteiro para a escolha de ´ındices para casos particulares (Kolodner,

1992);

• Os ´ındices devem ser antecipados: um caso ´e a descri¸c˜ao de um problema, a tentativa de uma solu¸c˜ao e o resultado da solu¸c˜ao posta em pr´atica. Se os aspetos do caso s˜ao respons´aveis pelo seu resultado ent˜ao eles antecipam o resultado. Caracter´ısticas antecipadas s˜ao combina¸c˜oes de descritores de um caso que foram respons´aveis pela solu¸c˜ao do caso, fornecendo quais dessas combina¸c˜oes influenciaram no resultado;

• Progn´osticos que podem ser feitos, devem ser ´uteis. Os progn´osticos podem descrever os prop´ositos em que o caso ser´a utilizado;

• ´Indices devem ser abstratos o suficiente para permitirem que um caso seja ´util numa variedade de situa¸c˜oes futuras. Isso significa que os descritores de um ´ındice devem ser mais abstratos do que os descritores particulares de um caso; • ´Indices devem ser concretos o suficiente para que n˜ao haja dificuldades no reconhecimento de situa¸c˜oes futuras. Se o ´ındice for muito abstrato h´a o risco de ocorrer muitas inferˆencias sobre os seus descritores. Ser concreto o suficiente significa que devem ser reconhec´ıveis com pouca inferˆencia. A sele¸c˜ao dos ´ındices pode ser feita de forma autom´atica ou manual. Existem alguns m´etodos autom´aticos simples, no entanto requerem uma grande quantidade de ´ındices, al´em de que os procedimentos utilizados s˜ao imperfeitos. Para se obter um melhor desempenho do sistema ´e aconselhado escolher-se ´ındices de forma manual.

Para Kolodner (1992) existem algumas t´ecnicas que podem ser escolhidas para a indexa¸c˜ao, estes s˜ao:

• An´alise Matem´atica: todos os elementos do dom´ınio e dimens˜oes s˜ao analisados numericamente para identificar quais as caracter´ısticas que influenciam ou

(51)

3.2. CONSTRUC¸ ˜AO DE SISTEMAS BASEADOS EM CASOS 25

determinam as conclus˜oes;

• ´Indices baseados nas diferen¸cas entre os casos: o sistema analisa casos similares e indexa-os especificamente nas caracter´ısticas que os diferenciam;

• T´ecnicas baseadas em explica¸c˜ao: os casos s˜ao analisados individualmente para determinar as caracter´ısticas do problema que s˜ao utilizadas para construir a solu¸c˜ao.

As caracter´ısticas que influenciaram na solu¸c˜ao s˜ao utilizadas como ´ındices.

3.2.5

Recupera¸

ao de casos

A recupera¸c˜ao de casos pode ser vista como um problema na pesquisa da biblioteca de casos. Os casos s˜ao recuperados atrav´es de algoritmos de recupera¸c˜ao e de fun¸c˜oes de cruzamento de casos que usam medidas de similaridade e ordenam os casos de acordo com essa medida. Para al´em disso, existe uma pe¸ca fundamental na recupera¸c˜ao que se chama avalia¸c˜ao da situa¸c˜ao.

O crit´erio de similaridade ´e um aspeto utilizado pelo m´etodo kNN que possui uma grande influˆencia no desempenho desse m´etodo (Shakhnarovich et al., 2006). Esse crit´erio ´e composto pela medida de similaridade e pelo crit´erio de sele¸c˜ao dos vizinhos-mais-pr´oximos. Entretanto, apesar da relevˆancia, poucas pesquisas tˆem estudado o crit´erio de sele¸c˜ao dos vizinhos-mais-pr´oximos na tentativa de aumentar a efic´acia desse m´etodo (Baoli et al., 2004) (Jiang et al., 2006). (Xie et al., 2002) propuseram o m´etodo “vizinhan¸ca seletiva por redes bayesianas” (SNNB, do inglˆes

selective neighborhood naive Bayes). O m´etodo SNNB testa diferentes valores para

o valor de k vizinhos mais pr´oximos de um documento de teste d. Para cada valor de k testado, um classificador bayesiano local ´e gerado e avaliado para os k vizinhos mais pr´oximos do documento de teste d. Ap´os isso, o classificador bayesiano mais eficaz ´e utilizado para classificar o documento d. Esse m´etodo pode ser visto como um m´etodo h´ıbrido (kNN e redes bayesianas) e embora o SNNB demonstre ganhos

(52)

26 CAP´ITULO 3. RACIOC´INIO BASEADO EM CASOS

em efic´acia com rela¸c˜ao a alguns m´etodos de classifica¸c˜ao, o SNNB demora muito tempo para finalizar a sua execu¸c˜ao.

Baoli et al.(2004) propuseram um m´etodo semelhante ao m´etodo kNN probabil´ıstico (G¨overt et al.,1999), denominado ADAPT. O m´etodo ADAPT consiste em utilizar a informa¸c˜ao fornecida pelo conjunto de praticar para melhorar o desempenho do m´etodo kNN. Para isto, o m´etodo ADAPT utiliza diferentes valores de k vizinhos mais pr´oximos para antecipar diferentes categorias. Dado um documento de teste d, o m´etodo ADAPT obt´em os k vizinhos mais pr´oximos do documento d da mesma maneira que o m´etodo kNN. Ap´os isso, o m´etodo ADAPT calcula a probabilidade do documento d pertencer `a categoria c a partir dos kc documentos de pr´atica mais pr´oximos que pertencem `a categoria c. O documento d ´e classificado de acordo com a categoria que possuir maior probabilidade. As experiˆencias realizadas com o m´etodo ADAPT mostraram que esse m´etodo ´e menos sens´ıvel `a varia¸c˜ao do parˆametro k do que o m´etodo kNN. Entretanto, a efic´acia do m´etodo kNN mostrou-se equivalente ao comparar com a efic´acia do m´etodo ADAPT.

Jiang et al. (2006) propuseram o m´etodo kNN dinˆamico por redes bayesianas com atributos ponderados (DKNN, do inglˆes dynamic K-Nearest-Neighbor Naive Bayes

with attribute weighted ). Esse m´etodo ´e denominado dinˆamico pois o valor de k

do m´etodo kNN varia dinamicamente de acordo com os documentos de treino. O m´etodo DKNN ´e executado em duas etapas: na etapa de treino, o melhor valor de k ´e aprendido para determinado conjunto de treino; na etapa de classifica¸c˜ao, uma rede bayesiana local ´e gerada para o melhor valor de k obtido na etapa de treino e o documento de teste d ´e classificado de acordo com a categoria que possuir maior probabilidade nessa rede. As experiˆencias realizadas com o m´etodo DKNN mostraram que esse m´etodo ´e mais eficaz do que o m´etodo kNN. Entretanto, essas experiˆencias n˜ao mostraram o ganho percentual do m´etodo DKNN em rela¸c˜ao ao m´etodo kNN.

A fun¸c˜ao de similaridade que ser´a utilizada neste trabalho, utiliza um algoritmo do vizinho-mais-pr´oximo, o kNN. Assume-se que quanto maior o valor numa escala entre 0 e 1 maior ser´a a similaridade.

(53)

3.3. AVALIAC¸ ˜AO DE SISTEMAS 27

3.2.6

Adapta¸

ao de casos

Quando se faz a recupera¸c˜ao de um caso, procura-se pelo caso existente mais semelhante. Entretanto, apenas s˜ao idˆenticas algumas particularidades do caso, n˜ao fazendo dessa forma, um cruzamento exato com o novo problema. Para que haja uma redu¸c˜ao dessas diferen¸cas, entra em vigor o mecanismo de adapta¸c˜ao de casos que leva em conta as diferen¸cas dos atributos entre o caso de entrada e o caso recuperado. A adapta¸c˜ao pode ser vista de v´arias formas como: a inclus˜ao de alguma coisa nova numa solu¸c˜ao antiga; a exclus˜ao de alguma coisa da antiga solu¸c˜ao; substitui¸c˜ao do valor de algum item; ou a transforma¸c˜ao de alguma parte da antiga solu¸c˜ao (Kolodner,1992).

3.3

Avalia¸

ao de Sistemas

Realizada a revis˜ao da literatura constata-se que tanto a avalia¸c˜ao quanto `a valida¸c˜ao de sistemas n˜ao apresenta um conceito universal ´unico e a pesquisa nesta ´area est´a a envolver ´areas multidisciplinares, entre elas, a Engenharia de software, Qualidade de software, Estat´ıstica e Avalia¸c˜ao emp´ırica. Nessa sec¸c˜ao ser´a feita uma abordagem sobre o processo de avalia¸c˜ao de Sistemas Especialistas (SE) e sobre sistemas que utilizam o RBC, atrav´es do uso de uma metodologia de avalia¸c˜ao espec´ıfica.

3.3.1

Avalia¸

ao de sistemas especialistas

Analisa-se que, os termos verifica¸c˜ao e valida¸c˜ao s˜ao constantemente confundidos. SegundoO’Keefe e O’Leary(1993) apud Carvalho et al.(2001) a verifica¸c˜ao consiste em garantir que o sistema implementa corretamente o seu dom´ınio e a valida¸c˜ao consiste em comprovar se o sistema desempenha com exatid˜ao, ou seja, pode-se compreender que o processo de avalia¸c˜ao inclui as atividades de aquisi¸c˜ao e an´alise das informa¸c˜oes que far˜ao parte das Bases de Conhecimento (BC), enquanto que na valida¸c˜ao podem ser utilizadas medidas estat´ısticas para comprovar se as

(54)

28 CAP´ITULO 3. RACIOC´INIO BASEADO EM CASOS

informa¸c˜oes contidas na BC est˜ao corretas ou n˜ao. Segundo Carvalho et al. (2001) deve usar-se uma metodologia para avaliar e validar os SE onde os conceitos de funcionalidade, confiabilidade, usabilidade, eficiˆencia, viabilidade de constru¸c˜ao e a documenta¸c˜ao do sistema devem ser utilizados. O uso destas carater´ısticas na avalia¸c˜ao de SE est˜ao baseadas nas principais normas ISO nacionais e internacionais de qualidade de software (NBR 96/99, ISSO/IEC 91).

3.3.2

Avalia¸

ao de sistemas de Racioc´ınio Baseado em Casos

Tˆem sido desenvolvidos muitos sistemas que utilizam o RBC e at´e ao momento o seu crescimento ´e significativo. Por ser uma abordagem dinˆamica como outras sub´areas da ciˆencia da computa¸c˜ao, tˆem sido colocadas muitas quest˜oes sobre a existˆencia de uma descri¸c˜ao sistem´atica sobre o sistema de RBC. Na realidade existem diferentes contextos em que o conceito de avalia¸c˜ao ´e utilizada de uma forma diferente. Primeiro, a avalia¸c˜ao pode ser vista como a avalia¸c˜ao de apenas um sistema de RBC, no que diz respeito ao n´ıvel de aplica¸c˜ao da resolu¸c˜ao de um problema (Grogono et al., 1991). Segundo, a avalia¸c˜ao pode ser vista como a avalia¸c˜ao de diferentes sistemas de RBC (Drenth e Morris, 1992). Terceiro, o conceito de avalia¸c˜ao pode tamb´em ser utilizado para a avalia¸c˜ao de diferentes metodologias para sistemas de RBC, como a compara¸c˜ao de metodologias para o desenvolvimento de sistemas (Hilal e Soltan, 1991). A avalia¸c˜ao de compara¸c˜ao do sistema deve ser feita com especialistas reais/humanos em dois momentos, primeiramente um especialista ou v´arios avaliam as respostas dadas pelo sistema. De seguida, o especialista utiliza o sistema como um colega ou assistente t´ecnico. Nesta fase, calculam-se as percentagens que o especialista utilizou as sugest˜oes oferecidas pelo sistema. Se o sistema atingiu uma percentagem de noventa, de respostas corretas, pode considerar-se satisfat´orio. As respostas do sistema devem ser sempre comparadas com as respostas fornecidas pelos especialistas para comparar o seu desempenho em rela¸c˜ao ao especialista humano. Uma das formas mais f´aceis de avaliar se a escolha por um sistema de RBC ´e ´util, ´e verificar se a tarefa executada pelo especialista humano pode ser baseada em casos.

(55)

3.3. AVALIAC¸ ˜AO DE SISTEMAS 29

Para avaliar os sistemas de RBC, Camargo et al. (1999) considera as seguintes carater´ısticas:

• Escolha do problema, se o problema ´e pr´oprio para o tipo de racioc´ınio pedido;

• Carater´ısticas t´ecnicas, a estabilidade e operacionalidade do sistema;

• Carater´ısticas organizacionais, se o sistema ´e considerado adequado `a opera¸c˜ao dentro de uma organiza¸c˜ao;

• Carater´ısticas econ´omicas, aumento da qualidade de servi¸cos e retorno do investimento;

• Qualidade e eficiˆencia com a rela¸c˜ao `as principais fases de um sistema baseado em casos, ou seja, recupera¸c˜ao, adapta¸c˜ao, representa¸c˜ao dos casos e aquisi¸c˜ao de conhecimento.

Al´em de avaliar a eficiˆencia e a qualidade, deve considerar-se o aumento da robustez resultante da aquisi¸c˜ao de conhecimento e se ir´a realmente beneficiar a qualidade do sistema ou diminuir a sua velocidade, utilidade e eficiˆencia. Ao contr´ario dos sistemas baseados em regras, os sistemas de RBC s˜ao dinˆamicos e por isso a base de casos expande-se continuamente (Turban et al., 2005). N˜ao existe um m´etodo espec´ıfico de verifica¸c˜ao e valida¸c˜ao para sistemas desenvolvidos em RBC, devido a este ser um modelo novo e sujeito a experiˆencias (Turban et al.,2005). Os sistemas de RBC, por manipularem o racioc´ınio e o conhecimento humano, utilizam-se m´etodos de valida¸c˜ao provenientes de outras t´ecnicas de IA. Essa ´e uma conclus˜ao baseada no senso comum, verificada em diversos autores (Kolodner, 1992) (Turban et al.,

2005) (Lee et al.,1998). Portanto, a avalia¸c˜ao de um sistema de RBC pode ser feita adaptando-se os m´etodos de valida¸c˜ao de outros sistemas inteligentes.

(56)

30 CAP´ITULO 3. RACIOC´INIO BASEADO EM CASOS

3.4

Vantagens e limita¸

oes do Racioc´ınio Baseado

em Casos

O Racioc´ınio Baseado em Casos tornou-se num utens´ılio da caixa de ferramentas da Inteligˆencia Artificial. O principal ponto a favor do RBC ´e que ele “imita” a forma como as pessoas relembram muitas solu¸c˜oes de problemas. No passado, sistemas baseados em casos focaram-se principalmente na utiliza¸c˜ao de conhecimento generalizado. Existem v´arias abordagens de IA para sistemas baseados em casos com essa caracter´ıstica, como sistemas baseados em regras, redes semˆanticas ou sistemas baseados em quadros (frames). O RBC, por outro lado, ´e um paradigma de solu¸c˜ao de problemas que na maioria dos seus aspetos ´e fundamentalmente diferente das outras t´ecnicas da Inteligˆencia Artificial. Em vez de se basear apenas no conhecimento geral do dom´ınio de um problema, ou de realizar associa¸c˜oes ao longo de relacionamentos generalizados entre descritores de problemas, o RBC ´e capaz de utilizar de uma forma expl´ıcita o conhecimento espec´ıfico sobre situa¸c˜oes concretas vivenciadas anteriormente na forma de casos. O RBC, no entanto, ´e um campo que foi influenciado por v´arias outras ´areas, como por exemplo, ciˆencias cognitivas, sistemas baseados em casos, bases de dados, recupera¸c˜ao de informa¸c˜oes e redes neuronais. Existe tamb´em uma s´erie de pontos em comum com campos como reconhecimento de padr˜oes, incerteza e estat´ıstica. Seres humanos s˜ao solucionadores de problemas extremamente robustos e, `a medida que a sua experiˆencia cresce, capazes de resolver de forma rotineira e com uma qualidade crescente, problemas mal definidos e com conhecimento Racioc´ınio Baseado em Casos. Esta qualidade ´e altamente desej´avel em sistemas inteligentes reais. Abordagens tradicionais de IA, sistemas de bases de dados e de recupera¸c˜ao de informa¸c˜oes, por´em, tˆem falhado em satisfazer esta expectativa. O RBC ´e uma tecnologia capaz de superar alguns desses problemas (Leake, 1996b).

(57)

3.5. NOTAS FINAIS 31

3.5

Notas finais

Neste cap´ıtulo foi apresentada uma vis˜ao geral da metodologia de Racioc´ınio Baseado em Casos (RBC), para que seja mais f´acil a compreens˜ao das suas principais carater´ısticas no processo de desenvolvimento de sistemas que utilizam a metodologia. O RBC ´e descrito de uma forma conceitual, desde a sua hist´oria, `a aquisi¸c˜ao de conhecimento, o elemento fundamental (o caso), at´e aos restantes componentes que representam todo o processo de RBC. As carater´ısticas tais como a representa¸c˜ao, o vocabul´ario, a indexa¸c˜ao de casos e as formas de organiza¸c˜oes desses casos, permitem de um modo geral compreender as estrat´egias escolhidas no desenrolar desse trabalho para a aplica¸c˜ao no dom´ınio da tiroide. Uma metodologia de sistemas de RBC d´a apoio para a pormenoriza¸c˜ao e funcionamento correto de tais sistemas, e que por sua vez, permite a compreens˜ao sobre o processo do sistema de RBC proposto neste trabalho. No pr´oximo cap´ıtulo ser˜ao abordadas as carater´ısticas mais importantes para o processo de diagn´ostico m´edico no dom´ınio da tiroide, mostrando-se tamb´em as afinidades de sistemas de RBC aplicados ao diagn´ostico m´edico em geral.

(58)
(59)

4

Diagn´

ostico m´edico, RBC e o

dom´ınio da tiroide

Neste cap´ıtulo apresenta-se uma vis˜ao geral sobre o dom´ınio da tiroide, para al´em disso, ser´a feita tamb´em uma abordagem sobre a metodologia do Racioc´ınio Baseado em Casos juntamente com os pontos envolvidos no processo de diagn´ostico m´edico. Inicialmente ser˜ao apresentadas as transforma¸c˜oes que a Medicina tem vindo a sofrer na divulga¸c˜ao das informa¸c˜oes atrav´es da inform´atica, assim como a metodologia do RBC nesse processo de informa¸c˜ao. No decorrer do trabalho ´e vis´ıvel que o RBC ´e apresentado como uma metodologia ideal para o diagn´ostico m´edico, este ser´a justificado mais `a frente. De seguida ser´a realizada uma abordagem sobre o dom´ınio da tiroide, os avan¸cos obtidos nos ´ultimos anos e a influˆencia que a inform´atica teve para esses avan¸cos. Tamb´em ser´a apresentada a importˆancia desse dom´ınio e do especialista, como a pesquisa de informa¸c˜oes para o diagn´ostico m´edico junto do utente, os principais tipos de exames, o diagn´ostico e o tratamento. Para finalizar este cap´ıtulo ser´a apresentada uma nota final bem como uma breve descri¸c˜ao do cap´ıtulo seguinte.

Imagem

Figura 2.2 – Mecanismos de feedback negativo.
Figura 2.3 – Os diferentes estados de hipotiroidismo (Adaptado de Mnemotecnias (2018).
Figura 2.4 – Produ¸c˜ ao de hormonas da tiroide (Adaptado de Mnemotecnias (2018)).
Figura 3.1 – Processos de um sistema RBC (Adaptado de Aamodt e Plaza (1994)).
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Referências

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