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IV Encontro Nacional da Anppas 4,5 e 6 de junho de 2008 Brasília - DF Brasil

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IV Encontro Nacional da Anppas

4,5 e 6 de junho de 2008

Brasília - DF – Brasil

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OS GOVERNOS MUNICIPAIS E A CRISE AMBIENTAL: O CASO DE

PERNAMBUCO

Ivo Vasconcelos Pedrosa (UPE)

Economista, Doutor em Economia pela UNICAMP, Professor Titular e Pesquisador da

Universidade de Pernambuco (UPE)

ivo@nupesp.org

Adriana Érika Kakuta (UPE)

Aluna do curso de Administração na Universidade de Pernambuco (UPE)

akakuta@gmail.com

Resumo

Na área ambiental da atuação dos governos é enorme a quantidade de questões cuja abordagem precisa ser adequadamente associada às esferas da federação. O objetivo geral da investigação é examinar a evolução recente das alterações nas condições ambientais no território dos municípios mais populosos de Pernambuco, bem como o avanço na utilização de instrumentos de gestão pelos respectivos governos. A metodologia da pesquisa consistiu na análise das condições ambientais e da atuação dos governos municipais a partir dos índices IPA e IAPAM construídos em pesquisa anterior. Foi também examinada a representatividade dos gastos nas áreas ambientais no total do orçamento. Dentre os resultados obtidos, destaca-se a sistemática redução dos valores do IPA entre 2002 e 2006, pois de 22 municípios apenas dois tiveram seus índices aumentados e as reduções foram maiores que 20% em 13 deles. Quanto aos índices que revelam a atuação dos governos municipais (o IAPAM), observou-se crescimento em 16 dos 22 municípios, tendo cinco deles se elevado mais que 100%. A análise dos orçamentos de 2006 revelou que onze municípios da Região Metropolitana do Recife contemplados pela pesquisa previram gastar, em 2006, com projetos e atividades relacionados ao meio ambiente, percentuais da despesa total que variaram de 1,7% em São Lourenço da Mata a 16% em Abreu e Lima. As conclusões principais apontam para a ampliação das ações dos governos municipais na área ambiental, mas em ritmo insuficiente diante das alterações nas condições ambientais que a pesquisa revelou terem sido mais intensas no período analisado (2002-2006).

Palavra-chaves

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OS GOVERNOS MUNICIPAIS E A CRISE AMBIENTAL: O CASO DE

PERNAMBUCO

1 Introdução

Este trabalho apresenta resultados de pesquisas que vêm sendo realizadas desde 2003 no Núcleo de Pesquisas em Economia do Setor Público (NUPESP)1, com o objetivo de conhecer os impactos ambientais nos principais municípios de Pernambuco, bem como as medidas adotadas pelos governos municipais no sentido de atenuá-los. As ações investigadas, importantes para a sustentabilidade das comunidades e de seus cidadãos, atuais e futuros, entendida como a melhoria da qualidade de vida, com redução das desigualdades de oportunidade e preservação da natureza.

Desde o surgimento da civilização o homem vem utilizando os recursos naturais para a produção de bens. A extração desenfreada de recursos produziu efeitos devastadores ao longo do tempo. O processo de devastação predatória foi intensificado com o crescimento do meio urbano, da inovação tecnológica e da industrialização, pois se agravou a disputa pelos recursos naturais. Com o avanço das técnicas de aproveitamento dos recursos naturais, o homem degradou intensamente a natureza e a partir das duas últimas décadas estão sendo desenvolvidos esforços para atenuar os problemas ambientais. A preocupação de grande parte da humanidade, nas últimas décadas, é com a crise ambiental, resultante das "respostas” da natureza, como: as doenças desconhecidas, as colheitas minguadas e as manifestações climáticas indesejadas. O governo brasileiro, durante o regime militar, negou-se a reconhecer a importância da preservação ambiental na primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, que ocorreu em 1972, em Estocolmo, na Suécia. O argumento utilizado foi o de que o problema ambiental era um obstáculo imposto pelos países ricos, aos países do terceiro mundo, à industrialização (MENEZES, 1996).

No entanto, com o passar do tempo, o Brasil e vários países perceberam que os recursos naturais são escassos e precisam ser preservados. Com isso, a preocupação com os impactos ambientais foi aumentando cada vez mais. E, então, em 1989, o Brasil solicitou à ONU a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio 92. A partir deste instante, com a crescente preocupação com a escassez dos recursos naturais, vários países sentiram a necessidade de adotar ações que contribuíssem para minimizar os impactos ambientais. A década de 1970, com o surgimento de uma visão mais voltada a amenizar e postergar os impactos ambientais, caracterizou-se especialmente pela adoção de “tecnologias limpadoras” ou “incrementais” nas empresas. Já nos anos 1980 e mais recentemente, o foco tem se voltado à adoção de “tecnologias limpas” ou “radicais”, a partir da percepção de que o modelo

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atual de desenvolvimento econômico é insustentável e que a sua persistência é condenar as gerações futuras à ausência de condições mínimas de qualidade de vida.

Como agravante desse processo ainda tem-se a relação homem-natureza, que se caracteriza pela presença, cada vez mais marcante, do espaço público em lugar do privado, em razão da incapacidade do mercado de limitar o conjunto de beneficiários de seus produtos e serviços àqueles que paguem o preço fixado para o benefício. Ao mesmo tempo, foi se tornando mais e mais difícil conseguir que esse preço contemple todos os custos correspondentes aos danos causados ao ambiente pela produção de tais bens e serviços (ver DRUMMOND, 2001). Dessa forma se torna vital o papel da ação coletiva, seja para conscientização de ações voluntárias, seja para a imposição de regras e de penalidades em virtude do seu não-cumprimento.

Dentro desse contexto global das crescentes peocupações sobre os rumos do desenvolvimento sustentável, os municípios do Estado precisam se mostrar capazes de enfrentar esse novo desafio: o de gerar desenvolvimento sem destruir o meio natural. Eles podem servir, desta forma, de modelos para os demais municípios, a fim de influenciá-los e estimulá-los a tomar atitudes de preservação ambiental e para enfatizar as responsabilidades dos governos locais, que são entre outras, de acordo com a Constituição Federal: proteger o meio ambiente, combater a poluição e preservar as florestas, fauna e flora (BRASIL, 2007).

A Federação Brasileira, com suas três esferas de governo, vem sendo objeto de análises sob os mais diferentes aspectos, sobretudo a partir da Constituição de 1988, que deu aos municípios autonomia antes não conhecida (NEVES, 2006). A participação desses nos recursos de origem tributária, arrecadados por todos os entes, no entanto, embora tenha triplicado em termos relativos, é considerada insuficiente para as demandas de ações geradas pela descentralização realizada pela Constituição. No caso específico da atuação em face da crise ambiental, essa insuficiência se torna mais gritante, tendo em vista outros aspectos presentes, e um deles é a dificuldade de estabelecer divisão de competências entre os entes federativos. Na área ambiental da atuação dos governos, assim entendida como o conjunto de ações voltadas para a preservação, conservação e recuperação do ambiente natural, é enorme a quantidade de questões cuja abordagem precisa ser adequadamente associada às diferentes esferas de governos e seus órgãos (MENEGAT; ALMEIDA, 2004).

Nos estudos realizados, procurou-se delinear os aspectos da crise ambiental enfrentados pelos municípios, considerando-se o contexto global. Fez-se necessário, então, definir o papel dos municípios, que é atuar na preservação e recuperação do ambiente, a fim de garantir que os recursos ambientais possam ser geridos de forma racional e duradoura.

Um importante subsídio utilizado pela pesquisa do NUPESP, realizada em 2003/2005, foi o estudo “IBGE, Perfil dos Municípios Brasileiros – Meio Ambiente – 2002”, divulgado somente no ano de 2005, que mapeou as ações de todos os municípios do país no que diz respeito à gestão

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ambiental, analisando as diversas variáveis existentes nesse campo, além de diagnosticar os problemas ambientais apresentados em cada município (IBGE, 2005).

Foram analisados e aperfeiçoados, na pesquisa ora divulgada, os dois índices criados pela pesquisa “Políticas Públicas Municipais Relacionadas com a Melhoria do Ambiente Urbano no Estado de Pernambuco: limitações e possibilidades, 2003-2005" (PEDROSA; REIS; SILVA, 2005): o IPA, Índice das Pressões Antrópicas, que mensura as alterações nas condições do meio ambiente, e o IAPAM, Índice de Atenuação das Pressões Antrópicas pelos Governos Municipais, que quantifica as ações dos municípios no combate aos problemas ambientais. Esses índices foram atualizados e analisados com maior detalhamento em PEDROSA; KAKUTA; LEÃO; SILVA, (2007). Além disso, foi aplicado, em 2006, o questionário, desenvolvido pelo IBGE, que deu origem ao IPA 2002 e ao IAPAM 2002, para possibilitar a criação do IPA 2006 e do IAPAM 2006. Os questionários foram, então, respondidos pelos municípios contemplados pela pesquisa. Os índices atualizados, em 2006, serviram para analisar e identificar se, de 2002 para esse último ano, houve nos municípios minimização ou aumento da degradação do meio ambiente e se as Prefeituras intensificaram as ações de atenuação das pressões antrópicas.

Os municípios focalizados na presente pesquisa foram analisados e comparados quanto às respostas fornecidas ao IBGE que resultaram no IPA. Desta forma, foi possível, especificar e detalhar as pressões antrópicas que os municípios enfrentam. Do mesmo modo, os municípios foram analisados e comparados quanto às respostas fornecidas ao IBGE que resultaram no IAPAM, o que permitiu detalhar e especificar que tipo de ações os municípios investigados estão desenvolvendo a fim de atenuar as pressões antrópicas.

Um aspecto da pesquisa realizada foi o exame dos programas constantes dos Planos Plurianuais de Ações - PPAs (2006-09) e das despesas autorizadas para 2006 nas Leis Orçamentárias Anuais dos municípios investigados, classificadas segundo os programas e seus respectivos projetos e atividades, destacando-se aquelas relacionadas com a atenuação dos impactos que ocorrem sobre o meio ambiente. Ao analisar os dados evidencia-se a pequena atuação governamental na área ambiental, em face dos elevados índices de degradação dos recursos naturais.

A pesquisa, cuja situação em 2006 em termos de resultados é apresentada neste trabalho, focou a atuação do governo municipal em meio à crise ambiental presente nos municípios. Foram objeto de investigação: a implementação da Agenda 21 local; os programas em execução, ou previstos, visando à preservação do meio ambiente; os recursos a eles destinados, nos Orçamentos Anuais (ou Leis Orçamentárias Anuais - LOAs), e os instrumentos de gestão utilizados. Sua proposta é contribuir com os municípios, através de um mapeamento das gestões realizadas, para atenuar os problemas ambientais e atingir um desenvolvimento sustentável.

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2. Objetivo geral

O objetivo geral do projeto é caracterizar os programas, voltados para a proteção do ambiente natural, dos governos dos municípios mais populosos do Estado, com vistas a aumentar a efetividade do governo local no processo de desenvolvimento sustentável.

A proposta busca suprir enorme carência de investigação sobre a formulação de políticas no âmbito municipal. A pesquisa permite um mapeamento dos esforços desenvolvidos, e de suas limitações, relacionados com a atenuação dos impactos da urbanização sobre o ambiente natural. O mapeamento permite a identificação de linhas de ação a serem desenvolvidas pelos governos municipais, bem como por organismos estaduais e federais, no sentido de apoiar os governos municipais em ações destinadas a preservar o meio natural.

3. Objetivos específicos

 Sistematizar os conhecimentos básicos existentes sobre as alterações das condições ambientais;

 identificar os padrões de atuação dos governos municipais com relação aos efeitos da ocupação do espaço urbano sobre o ambiente natural;

 contribuir para o diagnóstico dos impactos ambientais nas cidades e das principais causas da degradação ambiental urbana;

 contribuir para a formulação de políticas públicas no sentido de se evitar danos ao ambiente e às pessoas, bem como para a avaliação das estratégias de preservação e recuperação do ambiente urbano.

4. Metodologia

A pesquisa procurou basear-se em dois conjuntos de dados. Em primeiro lugar, os resultados da pesquisa do IBGE (2005), subdividindo-se em alterações das condições ambientais e na utilização de instrumentos de gestão adotados; e, em segundo lugar, levantamentos dos principais programas dos orçamentos anuais (2006).

No primeiro caso foram aperfeiçoados e atualizados os índices IPA e IAPAM, desenvolvidos em pesquisa anterior (PEDROSA; REIS; SILVA, 2005). No segundo caso, foram levantados os principais programas, relacionados com a atenuação da crise ambiental e examinada sua representatividade no total do orçamento.

A metodologia consistiu:

 na atualização, para 2006, dos índices – IPA e IAPAM – e na sua comparação com os índices de 2002;

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 no exame das políticas em execução com relação a um conjunto de temas destacados do amplo espectro de questões abrangidas pelo debate em torno da crise ambiental;

 no mapeamento dos programas com base nos Planos Plurianuais de Ação (PPAs 2006-2009) e nos Orçamentos Anuais (2006).

O questionário da pesquisa "Perfil dos Municípios Brasileiros, 2002 – Suplemento de Meio Ambiente (MUNIC)", realizada pelo IBGE, foi submetido às prefeituras abrangidas pela pesquisa, sendo a base para o conhecimento dos problemas ambientais municipais e dos instrumentos de gestão adotados pelos governos dos municípios2. A partir das respostas foram calculados os índices IPA - Índice das Pressões Antrópicas - e IAPAM - Índice de Atenuação das Pressões Antrópicas pelos Governos Municipais3.

O mesmo questionário foi empregado em 2006, pelo NUPESP – Núcleo de Pesquisas em Economia do Setor Público - para obter os dados relativos a esse ano (PEDROSA; SILVA; ZOBBY; REIS, 2006 e PEDROSA; REIS; SILVA, 2007). As respostas aos questionários, tanto no caso do IBGE quanto no caso do NUPESP, foram dadas pelos responsáveis pelo meio ambiente (Secretários, Diretores ou Coordenadores) das Prefeituras.

5 Os índices de pressões antrópicas e de atenuação dessas pressões pelos

governos municipais - 2002-2006

5. 1 O Índice de Pressões Antrópicas - IPA

Na tabela 1 encontram-se os índices IPA (Índice das Pressões Antrópicas) calculados para os anos de 2002 e 2006, em ordem alfabética dos municípios.

Os valores do IPA apresentaram, entre 2002 e 2006, sistemática redução, pois de 22 municípios apenas dois tiveram seus índices aumentados e as reduções foram maiores que 20% em 13 deles. Esses resultados apontam para agravamento nos danos ambientais, porquanto não se pode atribuir tamanhas variações a dificuldades na avaliação dos gestores municipais. Em 2002, os índices variaram de 0,253 a 0,939. Em 2006, os índices situaram-se entre 0,121 a 0,869.

Tabela 1 – Pernambuco - IPA de 2002 e 2006 de 23 municípios mais populosos

Município Município IPA 2002 IPA 2006 ABREU E LIMA AeL 0,737 0,556 ARARIPINA Ara 0,939 0,717 ARCOVERDE Arc 0,758 0,869 BELO JARDIM BeJ 0,788 0,424

CABO Cab 0,586 0,121

CAMARAGIBE Cam 0,707 0,535

2

Com relação a 2002, os dados foram obtidos no site do IBGE: http://www.ibge.gov.br/munic_meio_ambiente_2002/index.htm. 3Para informações sobre o cálculo dos índices, ver PEDROSA; SILVA; ZOBBY; REIS, 2006 e PEDROSA; REIS; SILVA, 2007.

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CARPINA Crp 0,778 0,657 CARUARU Cru 0,758 0,646 GARANHUNS Gar 0,889 0,465 GOIANA Goi 0,596 GRAVATÁ Gra 0,848 0,465 IGARASSU Iga 0,556 0,485 IPOJUCA Ipo 0,253 0,687 JABOATÃO Jab 0,424 0,414 MORENO Mor 0,657 0,535 OLINDA Oli 0,768 0,717 PAULISTA Pau 0,909 0,535 PETROLINA Pet 0,869 0,323 RECIFE Rec 0,747 0,667 SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE SCC 0,869 0,444 SÃO LOURENÇO SLM 0,939 0,485 SERRA TALHADA SeT 0,848 0,404

VITÓRIA Vit 0,515 0,253

No gráfico 1 pode-se observar um comparativo entre os anos de 2002 e 2006 e analisar se os impactos ambientais foram intensificados ou não, nesses quatro anos.

Gráfico 1 – Pernambuco - Comparação do Índice de Pressões Antrópicas (IPA) de 2002 e 2006 de 23 municípios mais populosos

IPA 0,000 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500 0,600 0,700 0,800 0,900 1,000

AeL Ara Arc BeJ Cab Cam Crp Cru Gar Goi Gra Iga Ipo Jab Mor Oli Pau Pet Rec SCC SLM SeT Vit Municípios V a lo re s IPA 2002 IPA 2006

5. 2 O Índice de Atenuação das Pressões Antrópicas pelos Governos Municipais

-IAPAM

Na tabela 2 encontram-se os Índices de Atenuação das Pressões Antrópicas pelos Governos Municipais (IAPAM). Eles permitem observar se os municípios intensificaram ou não suas atuações para preservar o meio ambiente em seus territórios.

Quanto a esses índices, observou-se crescimento em 16 dos 22 municípios, tendo cinco deles se elevado mais que 100%. É possível que essa alteração na identificação de ações possa estar

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relacionada com a maior familiaridade dos gestores, após quatro anos do primeiro levantamento, com as questões ambientais, em razão do fato de ser cada vez mais intensa a presença dos danos ambientais nos debates.

Tabela 2 - Pernambuco - IAPAM de 2002 e 2006 de 23 municípios mais populosos

Município Município IAPAM 2002 IAPAM 2006 ABREU E LIMA AeL 0,098 0,180

ARARIPINA Ara 0,128 0,105

ARCOVERDE Arc 0,098 0,128

BELO JARDIM BeJ 0,180 0,579

CABO Cab 0,256 0,744 CAMARAGIBE Cam 0,135 0,278 CARPINA Crp 0,128 0,218 CARUARU Cru 0,331 0,248 GARANHUNS Gar 0,135 0,218 GOIANA Goi 0,113 GRAVATÁ Gra 0,128 0,158 IGARASSU Iga 0,248 0,481 IPOJUCA Ipo 0,195 0,203 JABOATÃO Jab 0,211 0,180 MORENO Mor 0,301 0,278 OLINDA Oli 0,263 0,504 PAULISTA Pau 0,195 0,308 PETROLINA Pet 0,195 0,541 RECIFE Rec 0,459 0,624

SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE SCC 0,113 0,135 SÃO LOURENÇO SLM 0,421 0,188 SERRA TALHADA SeT 0,203 0,195

VITÓRIA Vit 0,150 0,346

Gráfico 2 – Pernambuco - Comparação do Índice de Atenuação das Pressões Antrópicas pelos Governos Municipais (IAPAM) de 2002 e 2006 de 23 municípios mais populosos

IAPAM 0,000 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500 0,600 0,700 0,800

AeL Ara Arc BeJ Cab Cam Crp Cru Gar Goi Gra Iga Ipo Jab Mor Oli Pau Pet Rec SCC SLM SeT Vit Municípios V a lo re s IAPAM 2002 IAPAM 2006

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6. Os programas dos Planos Plurianuais de Ação (2006-2009) e dos Orçamentos de

2006 voltados para o meio ambiente

A análise dos Planos Plurianuais de Ação (2006-09) e dos orçamentos de 2006 (programas, projetos e atividades relacionados ao meio ambiente) dos municípios visou a atingir o objetivo geral da pesquisa, ou seja, caracterizar os programas voltados para a proteção do ambiente natural, e assim, acompanhar a atuação dos governos municipais no sentido de amenizar a crise ambiental existente. Os programas relacionados ao meio ambiente são aqueles que contêm projetos e atividades, cujas finalidades são de preservar, recuperar ou atenuar os impactos ambientais. Porém, nem todos os programas direcionam todos os gastos para o meio ambiente; por isso, foi necessário detalhar os projetos e as atividades que contêm ações cujas finalidades são de preservar, recuperar ou atenuar os impactos ambientais.

6.1. Os Planos Plurianuais de Ação (PPAs)

Os municípios elaboram os Planos Plurianuais em cumprimento ao disposto no art. 165, inciso I e parágrafo 1º da Constituição Federal (BRASIL, 2007). Os Planos Plurianuais estabelecem, para um período de 04 anos (a partir do segundo ano do mandato), os programas de governo, projetos, atividades, metas e estimativas de custos para as despesas de capital.

Os documentos analisados se referem ao período de 2006-2009. Na tabela abaixo está apresentada a estimativa de custo total do PPA e o valor da área específica de meio ambiente.

Tabela 5 – Estimativas de custos do Plano Plurianual dos municípios do período de 20062009 -Em R$ milhões.

Município Total PPA Área de meio ambiente % Abreu e Lima 182,3 23,2 12,7 Camaragibe 526,6 41,9 8,0 Jaboatão dos Guararapes 1.500,5 150,9 10,1

Moreno 158,3 12,7 8,0

Olinda 784,1 70,8 9,0

Paulista 604,8 71,4 11,8 Recife 6.859,2 625,2 9,1 Santa Cruz do Capibaribe 199,5 11,7 5,9 São Lourenço da Mata 68,4 19,7 28,8

A tabela 06 apresenta os dois programas com maiores estimativas de custo no período de 2006-2009 de cada município. A limpeza urbana é o programa que aparece com maior freqüência dentre os programas municipais. Em segundo lugar, a limpeza e drenagem urbana é o programa em destaque.

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Tabela 6 - Pernambuco - Programas com maior investimento, no PPA, em municípios significativos, no período de 2006-2009 - R$ milhões

Município Programas Estimativa de custo (PPA) Abreu e Lima 1) Melhoria do sistema de limpeza urbana 15,2

2) Melhoria do sistema de drenagem 3,9

Camaragibe 1) Limpeza urbana 25,0

2) Esgotamento sanitário da cidade 6,9 Jaboatão dos Guararapes 1) Gestão dos serviços de limpeza urbana 86,9 2) Água e terra em equilíbrio 25,5 Moreno 1) Coleta de lixo domiciliar 5,9 2) Controle urbano e ambiental 3,1

Olinda 1) Limpeza urbana 49,6

2) Limpeza e desobstrução da macro e

microdrenagem 9,1

Paulista 1) Limpeza urbana 41,3

2) Drenagem urbana 3,1

Recife 1) Limpeza pública 353,4

2) Comunidade saudável 146,6 Santa Cruz do Capibaribe 1) Saneamento rural e urbano simplificado 5,6 2) Abastecimento de água emergencial 1,6 São Lourenço da Mata 1) Limpeza urbana e coleta de lixo 9,2

2) Construção de aterro sanitário 4,6

Na análise dos PPAs dos municípios verificou-se que a atuação dos governos municipais com relação aos efeitos da ocupação do solo urbano sobre o ambiente natural tem uma contribuição muito pequena. A ação relativa à limpeza urbana é a que mais se destaca quando se foca a atenção nos programas e projetos da área do meio ambiente.

6.2. Os Orçamentos Anuais (2006)

Os municípios a seguir, contemplados pela pesquisa, previram gastar, em 2006, com projetos e atividades relacionados ao meio ambiente os percentuais, em relação ao total do orçamento, de: Abreu e Lima (16%), Recife (13,4%), Cabo (12,8%), Ipojuca (12%), Camaragibe (11,4%), Paulista (10,7%), Igarassu (10,6%), Jaboatão (9,9), Olinda (9,3%), Moreno (6,3%) e São Lourenço da Mata (1,7%). Os gastos são, seguramente, insuficientes para reverter e minimizar as degradações ambientais existentes nos municípios, até porque elas vêm sendo intensificadas, como evidenciou o IPA 2006. No que diz respeito aos tipos de ações, percebe-se que a limpeza urbana e a coleta de lixo foram as atividades relacionadas com a preservação ambiental com os maiores gastos autorizados, sendo os percentuais gastos com essas atividades pelos municípios, sobre o total do orçamento, os seguintes: Abreu e Lima (10%), Recife (4,97%), Cabo (6,05%), Ipojuca (2,3%), Camaragibe (4,15%), Paulista (8,46%), Igarassu (3,5%), Jaboatão (5,62%), Olinda (6,26%) Moreno (2%) e São Lourenço da Mata (3,7%).

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O exame dos orçamentos quantifica as despesas planejadas para a área ambiental, encontradas nos órgãos com atribuições relacionadas com o meio ambiente e nas funções mais relacionadas a essa área, além de permitir a caracterização de cada programa contido nessas funções, que por sua vez gerará o gasto estimado pelo município para a área ambiental.

Ao subtrair, nos maiores municípios, o percentual gasto com limpeza urbana do percentual gasto com preservação do meio ambiente obtemos o percentual gasto com as outras atividades e projetos relacionados ao meio ambiente. Fazendo esse cálculo temos: Recife (8,4%), Cabo (6,7%), Camaragibe (7,3%), Paulista (2,3%), Jaboatão (4,3%) e Olinda (3,1%). Esses percentuais demonstram que é bastante difícil para os municípios combater a degradação ambiental e que é necessário procurar medidas para elevar os investimentos relacionados ao meio ambiente.

Segue abaixo um quadro resumo dos recursos do orçamento relacionados com a preservação, proteção e recuperação ambiental e a indicação do projeto ou atividade com mais gastos autorizados em cada orçamento municipal.

MUNICÍPIOS Orçamento – 2006 (R$ 1.000,00) Orçamento específico da área ambiental (R$ 1.000,00) % do orçamento ambiental no total

Projeto / Atividade com mais gastos autorizados (R$ 1.000,00)

Abreu e Lima 41.595 6.725 16,2 Manutenção e Conservação dos Serviços de Limpeza Urbana – 4.080

Cabo de Santo Agostinho

212.341 27.681 13,0 Onda Limpa - 12.850

Camaragibe 130.064 15.384 11,8 Operacionalização do sistema de limpeza urbana – 5.396

Igarassu 50.759 5.364 10,6 Ações de pavimentação, drenagem, morros e encostas – 2.820

Ipojuca 188.016 22.986 12,2 Implantação do sistema de abastecimento d’água e esgotamento sanitário – 6.300

Jaboatão dos Guararapes

332.636 37.645 11,3 Gestão dos Serviços de Limpeza Urbana - 18.680

Moreno 44.363 2.779 6,3 Coleta do lixo domiciliar – 900

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limpeza urbana -11.090

Paulista 130.438 14.025 10,7 Manutenção dos serviços de coleta de lixo e limpeza urbana – 10.935

Recife 1.670.394 223.567 13,4 Limpeza pública - 83.030

São Lourenço da Mata

53.897 5.590 10,4 Manutenção da limpeza urbana e coleta de lixo – 1.990

Santa Cruz do Capibaribe

35.764 1.467 4,1 Manutenção da limpeza urbana e coleta de lixo - 830

Fonte: NUPESP - Núcleo de Pesquisas em Economia do Setor Público.

Um dos melhores investimentos que o município pode fazer para minimizar o impacto e a degradação ambiental é através do investimento em saneamento. Nota-se, porém, que os gastos previstos para projetos desse tipo são bem reduzidos, diante dos problemas de saneamento existentes nos municípios contemplados pela pesquisa.

7 Conclusões

A investigação aponta para a ampliação recente das ações dos governos municipais na área ambiental, mas em ritmo lento e, sobretudo, insuficiente, diante do fato de as alterações nas condições ambientais, conforme reveladas pela pesquisa, terem sido negativas no período analisado (2002-2006). O monitoramento dos danos causados ao meio ambiente e da atividade governamental local voltada para minorá-los se apresenta como tema indispensável no planejamento dos governos municipais.

8 Referências

BRASIL. Constituição Federal de 1988 e Emendas. Disponível em https://www.planalto.gov.br/. Acesso em 08 de abril de 2007.

DRUMMOND, José. Augusto. Conceitos básicos para a análise de situações de conflito em torno de recursos naturais. In: BURSZTYN, 2001. In: BURSZTYN, Marcel (org.). A difícil sustentabilidade; política energética e conflitos ambientais. Rio de Janeiro: Garamond, 2001. IBGE. Pesquisa de informações básicas municipais; perfil dos municípios brasileiros – meio ambiente 2002. Disponível em: www.ibge.gov.br [Acesso em 14.05.05]. Rio de Janeiro: IBGE, 2005.

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Referências

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