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OS FANZINES COMO FORMA DE MEDIAÇÃO PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA RESUMO ABSTRACT

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Academic year: 2021

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OS FANZINES COMO FORMA DE MEDIAÇÃO PARA O ENSINO

DE MATEMÁTICA

Wanderleya Nara Gonçalves Costa, UFMT/CUA, wannara@ufmt.br

RESUMO

Nesta pesquisa, estudantes da Licenciatura em Matemática foram convidados a produzir fanzines. Em seguida, refletiram sobre as possibilidades deste tipo de publicação na mediação para o ensino-aprendizagem de matemática. Finalmente, os estudantes expuseram as suas considerações a este respeito. Verificou-se então que, sob o seu ponto de vista, os fanzines são úteis para indicar diferentes usos e contextos para os conteúdos matemáticos. Ainda segundo os futuros professores, os fanzines permitem expressar problemas matemáticos em diferentes linguagens e podem tornar a aprendizagem matemática mais prazerosa e criativa.

Palavras chaves: formação de professores, materiais didáticos.

ABSTRACT

In this study, university students in mathematics teachers were asked to produce fanzines. Then reflect on the possibilities of this type of publication in the mediation for teaching and learning of mathematics. Finally, they exposed their considerations in this regard. It was then that, under his view, the fanzines are useful to indicate different uses and contexts for mathematical content. Also according to the future teachers, fanzines allow to express mathematical problems in different languages and can make learning math more enjoyable and creative.

Keywords: teacher training, teaching materials. 1 Introdução

Quando se considera o conjunto de transformações pelas quais vêm passando a educação no País, observa-se que muitas das inovações se referem às buscas por transformações na formação de professores. Em particular, na Educação Matemática, tem havido, por exemplo, uma concentração de esforços para que os professores saibam criar/recriar/utilizar diferentes métodos e materiais para se

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ensinar e se aprender Matemática. É neste contexto que temos pesquisado, na Licenciatura em Matemática, a constituição de diferentes formas de mediação.

O conceito de mediação privilegia análises relacionais do conhecimento e das informações, colocando em foco a negociação entre as propriedades do discurso proposto e as estratégias de apropriação utilizada pelos sujeitos sociais. Portanto, também diz respeito a textos organizados a partir de um discurso elaborado por professores, a serem apresentados ou divulgados em diversos espaços, com o uso de diferentes mídias. Nesta pesquisa, o espaço é o escolar e a mídia, os fanzines.

Segundo Andraus (2009), o termo ‘fanzine’, em inglês fanmag, teve origem na junção de duas palavras: fanatic + magazine e passou a designar a produção

geralmente sob a forma de revista, informativo ou boletim – utilizada por artistas, escritores, poetas, músicos ou quadrinistas para divulgar suas obras. À margem do mercado editorial, a escrita de um fanzine era inspirada pela necessidade de expressão acerca de assuntos variados (como música, cinema, anarquia, dentre outros) e ocorria a partir de instrumentos rudimentares de impressão, como mimeógrafos e máquinas copiadoras. Atualmente, algumas das principais características dos fanzines (ou simplesmente zines) são:

a independência de suas informações, a novidade e pesquisa de seus textos, bem como a variedade infinita de formatos e apresentações gráficas, quer sejam impressas ou fotocopiadas. E isto se estende na atualidade aos “e-zines” (electronic zines), que seriam zines eletrônicos atinentes à virtualidade do ciber-espaço da rede virtual do computador (internet), bem como os blogs, uma variante do que seria um diário, ou jornal pessoal, ou ainda um zine também, em que cada blogueiro divulga aquilo que ama e gosta. (ANDRAUS, 2009, p.3).

Em seus múltiplos formatos, os fanzines vêm sendo utilizados em escolas da Educação Básica, principalmente em projetos interdisciplinares nas áreas de Língua Portuguesa e Artes. Na graduação, seu principal uso tem sido nos cursos de Jornalismo. Em ambos os casos, os fanzines são uma forma de incentivar a produção textual, a criatividade, a autoria, o apuramento de avaliações estéticas e as relações sociais. Entretanto, passamos a nos indagar sobre possíveis adaptações para o seu uso na Educação Matemática, assim, a questão de pesquisa inicialmente abordada foi: na opinião dos licenciandos, os fanzines podem contribuir para o

ensino da matemática?

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Pesquisa e a Extensão no âmbito dos trabalhos no grupo PET Matemática Araguaia, do Campus Universitário do Araguaia, da Universidade Federal de Mato Grosso (financiado pelo MEC/SESu/SECAD) e no Programa “O laboratório de ensino e as mídias na formação de professores que ensinam matemática na educação básica” – financiado pelo Programa de Extensão Universitária (ProExt), EDITAL N° 04 - PROEXT 2011, do MEC/SESU. A participação dos licenciandos neste tipo de ação se justifica pela importância de se estimular a vivência de diferentes experiências de vida que possam servir de ponto de partida para a posterior reconstrução de suas práticas docentes (BOLÍVAR, 2002).

2 O direcionamento dos estudos.

Para a realização da pesquisa, os licenciandos foram convidados a produzir fanzines, refletirem sobre suas possibilidades enquanto instrumento de ensino-aprendizagem de matemática e expor oralmente as suas considerações a este respeito. Na efetivação da proposta, participaram de oficinas de produção de zines.

Na primeira oficina, ao iniciar os trabalhos, os licenciandos assistiram dois vídeos sobre fanzines ("Afinal, o que é um Fanzine?” e “Como fazer um Fanzine”, disponíveis no Youtube). Em seguida, receberam uma lista de problemas relativos a conteúdos matemáticos específicos abordados nas séries finais do Ensino Fundamental; cada um dos estudantes deveria escolher um problema e, a partir dele, elaborar o seu fanzine. Os licenciandos deveriam ‘recontar’ as histórias por meio do fanzine, entretanto, mais que isto, tinham também que resolver as questões matemáticas relacionadas a elas. Quando os fanzines estivessem prontos, seriam expostos para alunos da disciplina e depois incorporados ao acervo do Laboratório.

Após este momento inicial, os licenciandos passaram a discutir entre si suas escolhas e alguns decidiram resolver não só os seus problemas, mas também os dos outros. Ao fazê-lo, discutiram diferentes soluções para um mesmo problema e também formas de tornar o texto mais elucidativo para o leitor. As ilustrações, em alguns casos, também foram foco de discussão. Houve socialização de ideias sobre a linguagem matemática e a linguagem cotidiana, discussão de preferências estéticas de cada um quanto às técnicas de ilustração e às formas de organizar imagens e textos. A atividade incentivou a escrita e criou o momento propício para

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discutir sobre a questão da autoria.

Nem todos os trabalhos foram finalizados em sala de aula, alguns estudantes, em virtude das suas escolhas, tiveram que concluir o trabalho em casa. Isto foi interessante, visto que na aula seguinte uma das licenciandas nos revelou que sua prima, que não costuma se interessar por matemática, a todo momento vinha acompanhar o processo de edição do fanzine, curiosa para saber qual seria a solução do ‘enigma’. Outro licenciando também nos relatou o interesse manifestado pelos seus alunos no trabalho que ele levou para finalizar na escola onde atua como professor. Em conjunto, os estudantes da disciplina Laboratório de Ensino de Matemática e de Estatística consideraram que a técnica torna mais prazerosa a resolução de problemas, mobilizando saberes matemáticos, pedagógicos e sociais.

A outra situação de testagem do fanzine como objeto para o ensino-aprendizagem da Matemática (e também de Física) ocorreu como parte dos trabalhos do grupo PET. Cada dupla de estudantes recebeu um tema que não é discutido nas disciplinas básicas do curso, deveriam fazer pesquisas a respeito, preparar um minicurso para seus colegas petianos e, posteriormente, adaptar o material para estudantes de Ensino Médio. A adaptação deveria ocorrer por meio da publicação de um fanzine. Os temas sobre os quais os licenciandos trabalharam foram: o uso de blogs como instrumento de aprendizagem, a Geometria Fractal, estudo de funções com o winplot, a Matemática e a Física na Música, a Matemática na Astronomia.

Após ouvirmos os licenciandos sobre sua experiência de produção e avaliação dos fanzines, podemos afirmar que, sob o ponto de vista dos futuros professores, a contribuição deste tipo de material se dá no sentido de: a) incentivar a produção textual no qual a linguagem matemática, a linguagem cotidiana, a linguagem imagética e as representações gráficas interagem amplamente, b) indicar diferentes usos/contextos para os conteúdos matemáticos; c) tornar a aprendizagem matemática e, em especial, a resolução de problemas, mais prazerosa e criativa.

3 Considerações finais

Relatamos aqui uma pesquisa realizada dentro da perspectiva de que os licenciandos em Matemática devem participar de ações que lhes permitam a

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efetivação de reflexões crítico-reflexivas sobre a prática pedagógica do professor e a aprendizagem do aluno. Os futuros professores foram convidados a serem nossos parceiros para avaliar as possibilidades que os fanzines representam como instrumentos de mediação no ensino e a aprendizagem de matemática.

Após as análises, os licenciandos apontaram algumas vantagens para o uso dos fanzines, entre os quais a possibilidade de uso de diferentes linguagens (matemática, gráfica, coloquial e imagética) para se discutir problemas matemáticos em variados contextos. Entretanto, cabe destacar também que a participação dos licenciandos na pesquisa representou uma possibilidade para envolvê-los em discussões e reflexões, numa perspectiva crítico-reflexiva, sobre as bases para a concretização do processo de ensino-aprendizagem da matemática.

A pesquisa terá andamento, visto que pretendemos ouvir não só as avaliações dos licenciandos, mas também a dos professores em exercício acerca do uso dos fanzines na sala de aula de matemática.

4 Referências

ANDRAUS, G. A independente escrita-imagética caótico-organizacional dos fanzines: para uma leitura/feitura autoral criativa e pluriforme. In: 17º. COLE

Congresso de Leitura do Brasil, 2009, Campinas. Anais do 17º. COLE, 2009.

BOLÍVAR, A. (Org.). Profissão Professor: o itinerário profissional e a construção da escola.Bauru: EDUSC, 2002.

Referências

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