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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO.

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(1)

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO PRESIDENTE DO EGRÉGIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO.

MOIZANIEL JOSÉ MOREIRA, brasileiro,

casado, ex-policial militar, portador do RE 876078-A, do RG nº 17.377.675-9 e

do CPF nº 055.403.868/41, residente e domiciliado na Estrada da Aldeia, nº 207,

casa 33, Cotia, SP, CEP: 06379-300, vem, mui respeitosamente e com o devido

acatamento, perante V.Exa., por seu advogado que esta assina, instrumento

procuratório anexo, com esteio no artigo 319, do CPC, propor a presente

AÇÃO DE ANULAÇÃO DE DECISÃO ADMINISTRATIVA

em face da FAZENDA PUBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, com sede

na Avenida Pamplona, nº 277, Capital, CEP: 01405-902

,

e como litisconsorte

passivo necessário o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO

PAULO

,

mercê dos substratos fáticos e jurídicos a seguir expostos:

Fatos:

O Ministério Público Militar por meio do seu

culto e zeloso Representante, com ofício perante esta Augusta Corte Militar,

representou pela instauração do processo de perda de graduação em desfavor do

Autor, consoante pode ser aferido nos autos de nº 0003192-40.2012.9.26.0000,

controle nº 1155/2012, em razão de condenação criminal passada em julgado à

pena de 09 anos e 07 meses de reclusão, por violação dos artigos 244, caput, cc

53,79 e 29, todos do CPM.

(2)

O Autor sustentou em sua defesa que faltava

competência a esta Augusta Corte Militar, para decretar a perda da graduação

com escopo na condenação criminal, pois já havia sido punido

administrativamente. No mérito suscitou que a condenação aplicada na seara

criminal seria suficiente para reprimir o fato imputado, pois seus antecedentes

funcionais o recomendavam.

Foi vencido.

Recorreu, porém seu recurso não foi admitido e

nem conhecido pelo E. Ministro Relator no C. STF, de modo que transitou em

julgado em 04/10/2013.

O ato administrativo em tela é de manifesta

ilegalidade e merece ser profligado.

DO DIREITO:

Competência:

A propositura de ação judicial com o escopo de

ver anulada decisão em processo de perda de graduação de praça, decretada por

força de representação ministerial, é perfeitamente possível, uma vez que se

trata de decisão de cunho meramente administrativo prolatada por Corte

Jurisdicional, aliás, como sempre foi defendido pelas Cortes Superiores.

Ademais, o Estatuto dos Militares (L 6880/80)

preconiza tal entendimento ao assegurar que o julgamento do Conselho de

Justificação, pelo Tribunal Militar, encerra competência de cunho meramente

administrativo, vejamos:

“Art. 48. O oficial presumivelmente

incapaz de permanecer como militar da ativa será, na forma da legislação específica, submetido a Conselho de Justificação.

§ 2º Compete ao Superior Tribunal

Militar, em tempo de paz, ou a Tribunal Especial, em tempo de guerra, julgar, em instância única, os processos oriundos dos Conselhos de Justificação, nos casos previstos em lei específica.”

(3)

A

jurisprudência

reinante

nos

tribunais

superiores aponta nesse sentido, conforme pode ser aferido abaixo:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO

ESPE-CIAL. REPRESENTAÇÃO PARA PERDA DE

GRADUAÇÃO DE PRAÇA. MILITAR REFORMA-DO. CASSAÇÃO DA APOSENTADORIA. DECISÃO TOMADA PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA MILITAR EM ÂMBITO ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL FULCRADO NO ART. 105, INCISO III, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. IMPOSSIBILIDADE. INCOMPETÊNCIA DO SUPE-RIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. INSURGÊNCIA DESPROVIDA.

O pedido recursal refere-se à decisão tomada pelo Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo em sede de representação para a perda da graduação, devido à condenação do militar em ação penal, ou seja, no exercício de competência administrativa daquela Corte, circunstância que impede o exame do recurso especial face a ausência de previsão no artigo 105, inciso III, da Constituição Federal.

***

DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. COMPROVAÇÃO. DECISÕES MONOCRÁTICAS. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO FULCRADO NA ALÍNEA "C" DO PERMISSIVO CONSTITUCIONAL.

1. A abertura da via especial pela alínea "c" do permissivo constitucional exige a ocorrência de divergência de interpretação da lei federal entre a decisão proferida em única ou última instância pelo Tribunal local e outro Tribunal, motivo pelo qual as decisões monocráticas não se prestam a demonstração do dissídio.

2. Para a comprovação da divergência não basta a simples transcrição da ementa ou voto do acórdão paradigma; faz-se necessário o cotejo analítico entre o aresto recorrido e o divergente, com a demonstração da identidade das situações fáticas e a interpretação

(4)

diversa emprestada ao mesmo dispositivo de legislação infraconstitucional, o que não ocorreu na espécie.

3. Agravo regimental desprovido.

(AgRg no REsp 1582098/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 04/10/2016, DJe 14/10/2016)

***

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MILITAR. PROCEDIMENTO PARA PERDA DA GRADUAÇÃO DE PRAÇA. CARÁTER MERAMENTE ADMINISTRATIVO.

Este Tribunal fixou entendimento no sentido de que o procedimento para perda da graduação de praça, por possuir caráter meramente administrativo, não pode ser impugnado por meio de recurso extraordinário. Agravo

regimental a que se nega provimento.

(RE 598414 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 15/09/2009, DJe-191 DIVULG 08-10-2009 PUBLIC 09-10-2009 EMENT VOL-02377-08 PP-01506)

No mesmo sentido:

MILITAR. PERDA DE GRADUAÇÃO,

REPRESENTAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

PERANTE O TRIBUNAL. DECISÃO

ADMINISTRATIVA. NÃO CABIMENTO DE

RECURSO ESPECIAL. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

1. Sendo a atuação do Tribunal de origem decorrente do exercício de sua competência administrativa militar, é inviável, portanto, a análise por meio de recurso especial, por não se enquadrar nas hipóteses previstas no artigo 105, inciso III, da Constituição Federal.

(5)

(AgRg no REsp 1208498/MS, Rel. Ministro MAURO

CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,

julgado em 25/06/2013, DJe 01/07/2013)

***

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. TEMPESTIVIDADE. CABIMENTO. DECISÃO ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. COMPETÊN-CIA DO STJ. CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ARTIGO 105, INCISO III. CAUSAS DECIDIDAS EM ÚNICA OU ÚLTIMA INSTÂNCIA, POR TRIBUNAIS, EM SUA FUNÇÃO JURISDICIONAL.

1. Esta egrégia Corte de Justiça firmou entendimento acerca da matéria, considerando incabível a interposição de recurso especial contra decisão que, mesmo emanada por Tribunal de Justiça, foi proferida na função administrativa do respectivo órgão, como ocorreu no caso em exame. Precedentes.

2. Agravo regimental improvido.

(AgRg no AgRg no Ag 1259635/MS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 14/04/2011, DJe 02/05/2011)

***

Policial militar estadual. Perda do posto e da patente. Decisão do Conselho de Justificação Militar confirmada pelo Tribunal de Justiça. Natureza administrativa do acórdão. Negativa de seguimento do recurso especial. Precedentes. Agravo regimental improvido.

(AgRg no REsp 746.142/SP, Rel. Min. NILSON NAVES, SEXTA TURMA, DJe 24/05/2010)

***

RECURSO ESPECIAL. PROCESSO PENAL. CONSELHO DE JUSTIFICAÇÃO MILITAR. ACÓRDÃO DE

TRIBUNAL DE JUSTIÇA. NATUREZA

ADMINISTRATIVA DO DECISUM . NÃO CONHECIMENTO.

1. Apesar do acórdão objurgado ter sido proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, referida Corte apenas homologou a decisão prolatada pelo Conselho de Justificação Militar, o qual decidiu pela perda do posto e da patente do recorrente, o que não altera sua natureza administrativa.

(6)

2. Assim, por não possuir cunho jurisdicional, o aresto recorrido não pode ser objeto de revisão mediante interposição dos recursos extremos, in casu, do apelo especial, consoante entendimento sedimentado no Pretório Excelso e neste Sodalício.

3. Recurso Especial não conhecido.

(REsp 806.643/PR, Rel. Min. JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, DJe 24/11/2008)

DO DIREITO:

A Lei Complementar nº 893/2001 preconiza no

seu artigo 23, parágrafo único, o seguinte texto: “O oficial demitido perderá o

posto e a patente, e a praça, a graduação”. Resulta da norma de regência que

havendo a aplicação da pena de demissão, ou expulsão do policial militar

paulista dos quadros da Polícia Militar, o praça perderá automaticamente a

graduação.

No caso do Autor vale ressaltar que foi punido

administrativamente com a pena de expulsão, diga-se, anteriormente à decisão

administrativa desta Augusta Corte Militar, logo perdeu automaticamente a

graduação por força da edição do ato administrativo disciplinar da lavra do

Comandante Geral da Polícia Militar, o que é perfeitamente possível nos termos

do propalado dispositivo legislativo.

No mesmo sentido o Sumulado nº 673/STF cuja

redação é da seguinte envergadura: “O art. 125, § 4º, da Constituição não

impede a perda da graduação de militar mediante procedimento

administrativo.”

Considerando a hipótese de dupla competência

para ser decretada a perda da graduação da praça, tanto nos moldes do parágrafo

único, do artigo 23, da Lei Complementar nº 893/2001, quanto por decisão

administrativa do E. Tribunal Militar estadual, a que surtir efeito primeiro veda

um segundo julgamento, mormente quando o motivo é o mesmo, ou seja, o

cometimento de crime militar.

(7)

“Esta Corte já firmou o entendimento de

que a perda de graduação de praça da polícia militar, como sanção disciplinar administrativa, não se dá por meio de julgamento da Justiça Militar estadual, mas mediante processo administrativo na própria corporação, assegurando-se direito de defesa e o contraditório (assim, a título exemplificativo nos RE 199.600, 197.649 e 223.744).”

(RE 206.971, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 18-4-2000, Primeira Turma, DJ de 9-6-2000.) No mesmo sentido: AI 760.320-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 1º-3-2011, Segunda Turma, DJE de 23-3-2011; RE 470.546-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 26-5-2009, Primeira Turma, DJE de 1º-7-2009.

No caso do Autor a perda da graduação ocorreu

em 21/05/2011, nos termos da decisão do Comandante Geral prolatada nos autos

do Conselho de Disciplina nº 008/23/14, de onde se pinçam os seguintes

excertos:

“... 2. O 3º Sgt PM 876078-A Moizaniel

José Moreira (...) Sd PM (...) e o Sd PM (...), todos do 22° BPMIM, foram acusados do cometimento de atos atentatórios à Instituição, aos Direitos Humanos Fundamentais e de natureza desonrosa, consubstanciando transgressões disciplinares de natureza grave, (...) por terem, conforme apurado no Inquérito Policial Militar nº CPAM10-037/13/08, no dia 02DEZ08, por volta das 18hl5min, de serviço e fardados, compondo a viatura prefixo M-22014, após abordagem ao veículo VW/Golf, placas CIA 6516/SP, São Paulo/SP, na Rua Eduardo de Pereira Ramos, bairro Jardim São Jorge, São Paulo/SP, que era ocupado por Fabrício de Jesus Carvalho, Sônia Camila Alves Melo Bonini, Sheila Tavares Silva e uma criança de quatro anos de idade, levado Fabrício no guarda-preso da viatura policial e exigido vantagem indevida para liberá-lo.

3. Consta que, passados cerca de quinze

minutos após os Acusados terem levado Fabrício, Sônia recebeu uma ligação de Fabrício, por determinação dos Acusados, solicitando R$ 15.000,00 (quinze mil reais) para sua liberação, alegando que, se não fosse atendido,

(8)

os Acusados iriam forjar uma prisão em flagrante em seu desfavor, utilizando para tal, cocaína que estava na viatura.

4. Após a realização de várias ligações

com o telefone celular de Fabrício, este ficou sem carga na bateria, motivo pelo qual um dos Acusados entregou-lhe um telefone celular, modelo LG chaine, na cor prata, a fim de realizar novos telefonemas para Sônia e Sheila, no intuito de verificar se haviam conseguido o valor exigido.

5. Ante tais exigências, Sônia entrou em

contato com a Corregedoria PM e mediante orientação, informou o número do telefone celular do qual havia recebido as chamadas.

6. Após contato de policiais militares, da

Corregedoria PM e do 22º BPM/M, com referidas

vítimas, foram informados de que Fabrício havia sido liberado pelos Acusados sem ser pago o valor da extorsão.

7. Insta consignar que, durante o período

em que Fabrício esteve em poder dos Acusados, ocorreu um disparo de arma de fogo no interior da viatura policial, no banco do encarregado da guarnição, sendo que o projétil transfixou o banco dianteiro direito da viatura, alojando-se no assoalho, tudo conforme Portaria (fl. 2 a 4).

(...)

12. Na esfera penal, os Acusados foram

condenados em lª Instância, à pena de 09 (nove) anos, 07 (sete) meses e 6 (seis) dias de reclusão, regime e inicial fechado, por infração ao Art. 244 do CPM (extorsão mediante sequestro), pela lª Auditoria da Justiça Militar do Estado de São Paulo...”.

Não há dúvida quanto à identidade dos fatos

imputados, tanto na decisão final do Conselho de Disciplina quanto na

representação ministerial que deflagrou o processo de perda de graduação. Em

ambas as instâncias o fato ter sido condenado criminalmente preponderou. Desta

forma não há como negar a ocorrência do bis in idem na aplicação da pena de

perda da graduação, pois, administrativamente já havia sido imposta a perda de

graduação automática com a edição do decreto expulsório.

(9)

Em casos deste jaez tem sido decidido pelo E.

Tribunal de Justiça Militar mineiro o seguinte:

“PROCESSO DE PERDA DA GRADUAÇÃO – EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – PERDA DO OBJETO – REPRESENTADO

JÁ DEMITIDO POR MEIO DE PROCESSO

ADMINISTRATIVO-DISCIPLINAR.

- Perde o objeto a representação para fins de perda da graduação de praça já demitido por meio de Processo Administrativo- Disciplinar, devendo o processo judicial ser extinto sem resolução do mérito.

(TJMMG - REPRESENTAÇÃO PARA PERDA DA GRADUAÇÃO nº 0000207-90.2014.9.13.0000, Relator: Juiz Cel BM Osmar Duarte Marcelino, Julgamento:

26/03/2014, Publicação: 31/03/2014, Decisão:

UNÂNIME)

***

PROCESSO DE PERDA DA GRADUAÇÃO – EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO – PERDA DO OBJETO – REPRESENTADO

DEMITIDO POR MEIO DE PROCESSO

ADMINISTRATIVO-DISCIPLINAR.

- Perde o objeto a representação para fins de perda da graduação de Praça já demitido por meio de Processo Administrativo-Disciplinar, devendo o feito ser extinto sem resolução do mérito.

(TJMMG - REPRESENTAÇÃO PARA PERDA DE GRADUAÇÃO Nº 0001939-09.2014.9.13.0000, Relator: Juiz Cel BM Osmar Duarte Marcelino, Julgamento:

20/04/2016, Publicação: 28/04/2016, Decisão:

UNÂNIME)

***

“Processo de Perda da Graduação - Extinção do processo sem resolução do mérito - Perda do objeto -

Representado demitido por meio de Processo

Administrativo-Disciplinar - Inexistência de graduação - Nova dosimetria da pena - Extinção da punibilidade -

(10)

Prescrição retroativa da pretensão punitiva. Ementa: - Perde o objeto a Representação para fins de perda da graduação de Praça já demitido por meio de Processo Administrativo- Disciplinar, devendo o processo ser extinto sem resolução do mérito. Decisão: unânime:

JULGADO EXTINTO O PROCESSO SEM

RESOLUÇÃO DO MÉRITO, POR PERDA DO OBJETO.

(TJMMG - PROCESSO DE PERDA DA

GRADUAÇÃO Nº 124, Relator: Juiz Cel BM Osmar Duarte Marcelino, Revisor: Juiz Cel PM Sócrates Edgard dos Anjos, Data Julgamento: 04/11/2009, Data Publicação: 12/11/2009)

Tal não bastasse, para imposição da pena de

exclusão com cassação da graduação o artigo 102, do Código Penal Militar,

exige decisão judicial motivada de 1º Grau.

Ao analisar os fundamentos da r. sentença

condenatória encartada no processo de perda de graduação, não se vislumbra

tenha o MM. Juízo sentenciante decretado a exclusão do Impetrante, sendo certo

que o Órgão Ministerial também não perseguiu a aplicação da pena acessória

naquela fase.

Destarte, houve inescondível supressão de

instância a vulnerar o devido processo legal, de modo a incidir no desapego à

cláusula do juízo natural capaz de decidir sobre a necessidade ou não da

exclusão do Autor. Restou vulnerado, portanto, o artigo 5º, inciso LIII da Carta

da República.

Nesse sentido a fundamentação empregada pelo

Eminente Ministro Marco Aurélio, no voto condutor prolatado nos autos do RE

447859, cujo excerto pede-se venia para trasladar:

“...Observem, em primeiro lugar, a sistemática penal comum. Preceitua o artigo 92 do Código Penal que também constitui efeito da condenação a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:

a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos

(11)

crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;

b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos nos demais casos.

Pois bem, o artigo 102 do Código Penal Militar versa a exclusão das Forças Armadas quando a praça é condenada à pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos. Indaga-se: esse dispositivo é incompatível com o texto do § 4º do artigo 125 da Carta de 1988?

Vale ter presente o que se contém no parágrafo:

[...] § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças;

A referência à competência do Tribunal remete, consideradas as praças, à Justiça Militar. Descabe ver no preceito a necessidade de processo específico para ocorrer, imposta pena que se enquadre no artigo 102 do Código Penal Militar, a exclusão da praça. Para assim concluir, tem-se a interpretação sistemática.

Quanto aos oficiais, a regência é diversa. Está no artigo 142, § 3º, incisos VI e VII, da Constituição Federal:

[...] VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra;

VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso anterior;

(12)

[...]

Ora, o cotejo das normas é conducente a concluir-se no sentido do tratamento diferenciado da matéria em caso de condenação de praça ou de oficial pela Justiça Militar à pena privativa de liberdade superior a dois anos. Somente em relação aos oficiais,

dá-se o desdobramento, exigido, conforme versado na Carta da República, pronunciamento em processo específico para chegar-se à perda do posto e da patente.

Reconheço que, na qualidade de vogal, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 358.961-0/MS perante a Primeira Turma, acompanhei, sem justificativa de voto, considerado entendimento diverso, o relator, Ministro Sepúlveda Pertence. Já agora, depois de analisar o tema e de refletir sobre o alcance dos dois dispositivos constitucionais – dos artigos 125, § 4º, e 142, § 3º, inciso VII –, não posso deixar de evoluir no que emprestam tratamentos diversos a praça e oficial, não os colocando no mesmo patamar, ante a desigualdade existente.

Em síntese, mostra-se harmônico com o

Diploma Maior o disposto no artigo 102 do Código Penal Militar, a revelar que a condenação da praça à pena privativa de liberdade por tempo superior a dois anos importa na exclusão das Forças Armadas. Tal preceito é consentâneo com a concentração do exame da matéria, a prescindir, com apoio na Constituição Federal, da abertura de um novo processo. Essa óptica está em sintonia com a previsão constante do Código Penal quanto aos servidores civis, apenas variando a exigência de contar-se com certa pena que, no tocante aos militares, há de ser superior a dois anos e, relativamente aos civis, a quatro.

Ressalto que episódios criminais envolvendo praças, especialmente da Polícia Militar, ocorrem em número considerável frente ao relativo a oficiais, sendo que não há o envolvimento de posto e patente, estes sim protegidos mediante a exigência constitucional de ter-se procedimento específico para serem afastados. Conheço do extraordinário e o desprovejo...”. (os grifos são nossos)

(STF - RE 447859, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 21/05/2015,

(13)

DJe-163 DIVULG 19-08-2015 PUBLIC 20-08-2015 EMENT VOL-03994-01 PP-00001)

Diante de tal interpretação do Estatuto Supremo

não há como ser admitida a possibilidade da aplicação da perda de graduação,

por decisão do E. Tribunal Militar, pois se trata de competência a ser exercida

em primeiro grau de jurisdição.

Como declarado pelo C. STF o processo de

perda de graduação para aplicação da pena de perda de graduação é ilegal.

No que tange ao mérito da decretação da perda

da graduação, ora impugnada, constou como fundamento:

“...Verifica-se nos presentes autos que o representado foi condenado pelo cometimento do delito de tentativa de extorsão mediante sequestro. Segundo consta, o representado em companhia de dois outros policiais abordaram um veículo no qual se encontravam três adultos e uma criança, e detiveram seu condutor, sem justo motivo, retirando-se do local dos fatos com a vítima, por cerca de duas horas, quando então tentaram extorquir a vítima em R$ 15.000,00 (quinze mil reais), para tanto fazendo contato, por celular, com uma das testemunhas que estava no veículo abordado, a quem reiteraram a extorsão.

Como cediço, aqui não mais se discute sobre os motivos da condenação, já transitada em julgado. Todavia, a infração cometida pelo representado apresenta-se, inegavelmente, como ofensa ao decoro da classe policial militar, de forma desonrosa, demonstrando a sua incompatibilidade em ostentar a graduação que lhe foi conferida. Importante consignar que as insígnias somente podem ser ostentadas por aqueles que dignificam a Polícia Militar, Corporação que prima pela ética e disciplina de seus membros em todos os momentos de suas vidas, interna ou externa Corporis...”

Não se analisou a vida funcional pregressa do

Autor, seus elogios, seu comportamento, ao revés, partiu-se do fato de ter sido

condenado para aplicação da pena administrativa, destarte ofendendo direito

subjetivo seu com violação flagrante do devido processo legal.

(14)

É que, segundo a melhor jurisprudência, o

processo de perda de graduação deve obedecer duas hipóteses: a) aferir se a

condenação é suficiente para reprovar o ato pelo qual foi condenado; b) aferir se

como fato único na vida do militar poderá ele ser mantido no serviço público;

em ambas as possibilidades a análise da vida pregressa é de rigor.

Como se nota, o exame dos antecedentes

funcionais do Autor seria imprescindível, aliás, até para enfrentar a tese

defensória onde alegou que desfilava em seus assentamentos diversos elogios,

bom comportamento e não registrava antecedentes específicos, muito menos

condutas desabonadoras. O fato imputado foi único na sua carreira militar e

suficiente para a sua recondução ao caminho da correção, de tal sorte que já teria

sofrido punição suficiente tornando-se qualquer outra penalidade ato

desproporcional e desarrazoado.

Nesse sentido aponta a jurisprudência militar

confortando a tese defensória:

REPRESENTAÇÃO PARA PERDA DA

GRADUAÇÃO - CORRUPÇÃO PASSIVA - ART. 308, § 1º, DO CPM - CONDENAÇÃO À PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE CORRESPONDENTE 02 (DOIS) ANOS, 04 (QUATRO) MESES E 24 (VINTE E QUATRO) DIAS DE RECLUSÃO - FATO ISOLADO NA VIDA DO MILITAR - MILITAR COM QUASE 28 (VINTE E OITO) ANOS DE BONS SERVIÇOS PRESTADOS À CORPORAÇÃO E DETENTOR DE BOA CONDUTA E DE BOM CONCEITO FUNCIONAL - REALINHAMENTO DA CONDUTA - COMPROVAÇÃO - CUMPRIMENTO DA REPRIMENDA PENAL - SUFICIÊNCIA PARA

REPROVAÇÃO DO DANO CAUSADO -

REPRESENTAÇÃO QUE SE JULGA

IMPROCEDENTE.

- A reprimenda de dois anos, quatro meses e vinte e quatro dias de reclusão pode ser considerada suficiente para punir o cometimento do crime de corrupção passiva, previsto no art. 308, § 1º, do CPM, pois o ilícito praticado foi um fato isolado na carreira do representado

(15)

e ele possuía quase vinte oito anos de bons serviços prestados à Instituição Militar, bem como uma boa conduta e um bom conceito funcional.

- Desse modo, julga-se improcedente a representação do Ministério Público, para manter o graduado na Polícia Militar de Minas Gerais.

- Representação julgada improcedente

(TJMG – PGP nº 0000588-64.2015.9.13.0000, Rel. Juiz Cel PM James Ferreira Santos, revisor e relator para o acórdão).

***

REPRESENTAÇÃO PARA A PERDA DA

GRADUAÇÃO – HOMICÍDIO – EXTRATO DE

REGISTROS FUNCIONAIS FAVORÁVEL –

CONDENAÇÃO CRIMINAL – REPRIMENDA

SUFICIENTE – MANUTENÇÃO NAS FILEIRAS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE MINAS

GERAIS – IMPROCEDÊNCIA DA

REPRESENTAÇÃO.

- O extrato de registros funcionais favorável e a

suficiente condenação criminal imposta, juntos,

constituem em razões aptas à manutenção do representado nas fileiras da Corporação. - Improcedência da representação.

(TJMMG - REPRESENTAÇÃO PARA PERDA DE GRADUAÇÃO Processo n. 0001160-20.2015.9.13.0000 Referência: Processo n. 0344.06.029425-5 (Comarca de Iturama/MG) Relator: para o acórdão - Juiz Cel PM Sócrates Edgard dos Anjos Julgamento: 23/09/2015 Publicação: 30/09/2015 Decisão: MAJORITÁRIA)

***

REPRESENTAÇÃO PARA DECLARAÇÃO DE

INDIGNIDADE/INCOMPATIBILIDADE CONDENA ÇÃO SUPERIOR A 2 (DOIS) ANOS – DELITO DE FALSIFICAÇÃO DOCUMENTAL (ART. 311, § 1º, DO CÓDIGO PENAL MILITAR) – BONS SERVIÇOS PRESTADOS NA CORPORAÇÃO MILITAR – VIDA

(16)

PREGRESSA BOA – PEDIDO DA

REPRESENTAÇÃO CRIMINAL JULGADO

IMPROCEDENTE.

(TJMMG - Processo n. 0002664-32.2013.9.13.0000 Referência: Processo n. 0000411-44.2008.9.13.0001 Relator: Juiz Jadir Silva Julgamento: 15/07/2015 Publicação: 23/07/2015 Decisão: UNÂNIME)

A pretensão de ter a representação ministerial

julgada improcedente se harmonizava com os antecedentes funcionais

ostentados pelo Autor, além disso, postulou instauração da instrução processual

para a oitiva de policiais militares com quem conviveu na caserna, e superiores

hierárquicos com quem labutou a fim de provar a sua dedicação à função

pública militar. Questão sequer abordada no v. acórdão que perpetrou a perda da

graduação, violando o devido processo legal e a ampla defesa.

Diante do exposto e alicerçado nas razões de fato

e de direito quantum satis, o Autor requer o seguinte:

a) sejam citados os réus, para, querendo, venham contestar a presente ação

sob pena de confissão e revelia;

b) seja concedido ao Autor o benefício de gratuidade previsto no artigo 98

do CPC, em razão de estar desempregado e não ter condições de arcar

com as custas e demais encargos processuais;

c) provar o alegado por todo o gênero de provas em direito admitidas,

especialmente a comprovação documental, sem prescindir de quaisquer

outras provas que se tornarem relevantes para o deslinde da causa;

d) seja julgada procedente a presente ação para o fim de anular a pena de

perda de graduação aplicada por esta Corte Militar, determinando ao

Comandante Geral da Polícia Militar que risque do prontuário do Autor a

inscrição da mesma, condenando os réus no pagamento das custas

processuais e demais consectários legais, além de honorários advocatícios

em favor do seu patrono, por ser medida de Justiça.

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 para fins

de custas e alçada.

(17)

Termos em que, pede deferimento.

São Paulo, 27 de junho de 2017.

Dr. Paulo Lopes de Ornellas

Referências

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