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Obesidade. Diretrizes Alimentares Americanas. Evidências em. e Síndrome Metabólica. Cirurgia Bariátrica. Chocolate

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Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica

Evidências em

Obesidade

e Síndrome Metabólica

nº 80 - março/abril 2016

Uma publicação da

Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da

Síndrome Metabólica Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica

Diretrizes

Alimentares

Americanas

Cirurgia

Bariátrica

Critérios para

escolha da técnica

Chocolate

Artigo traça perfil

do consumidor

O que mudou

nas diretrizes

de 2015-2020?

(2)
(3)

Palavra da Presidente

Expediente

DIRETORIA 2015-2016

Presidente

Dra. Cintia Cercato

Vice-Presidente

Dr. Alexander Benchimol

Primeiro Secretário

Dr. João Eduardo Salles Nunes

Segundo Secretário

Dr. Bruno Halpern

Tesoureira

Dra. Maria Edna de Melo

Sede

Rua Mato Grosso, 306 - Cj. 1711 Higienópolis - São Paulo - SP CEP: 01239-040 Tel.: (11) 3079-2298 Fax:(11) 3079-1732 email: info@abeso.org.br Secretária Renata Felix Email: info@abeso.org.br Site: www.abeso.org.br

REVISTA EVIDÊNCIAS EM OBESIDADE E SÍNDROME METABÓLICA Editor Científico Dr. Bruno Halpern Editora responsável Luciana Oncken (MTB 46.219-SP) Redação Banca de Conteúdo Responsável: Luciana Oncken Rua Dr. Melo Alves, 392, cj. 601 Cerqueira Cesar - São Paulo - SP CEP: 01417-010

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Projeto Gráfico e Edição de Arte

Leonardo Fial

Impressão

Brasilform Gráfica Editora

Email: comercial@brasilform.com.br Tel.: (11) 4615-1111

Periodicidade: bimestral Tiragem: 1.000 exemplares Imagem de capa: Shutterstock

Os anúncios publicados nesta revista são de inteira responsabilidade dos anunciantes. Não nos responsabilizamos pelo conteúdo comer-cial. Os artigos publicados na revista Evidências

em Obesidade refletem a opinião dos autores,

não necessariamente a da Abeso.

Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da

Síndrome Metabólica

NESTE PERÍODO, tivemos uma série de novidades! A

primei-ra é que lançamos o XVI Congresso Bprimei-rasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, que será realizado entre os dias 20 e 22 de abril de 2017, em Recife, com a presidência do Dr. Fabio Moura. Teremos o Dr. Francisco Bandeira como presidente da Comissão Científica, que certamente garantirá um programa de grande qualidade. Já reserve a data, pois tenho certeza que será um grande evento, não só pelo programa, mas também pela oportunidade de estarmos no Nordeste do país, facilitan-do a presença de muitos profissionais da região.

Outra boa noticia foi a aprovação, por parte da Anvisa, de um novo medicamento para o tratamento da Obesidade – o Saxenda – que é a liraglutida na dose de 3mg ao dia. Sabemos que a liraglutida está disponível para o tratamento do diabetes, e que muitos médicos prescreviam o medicamen-to off-label. Mas ter a aprovação no país, certamente, traz mais respaldo ao médico e mais segurança ao paciente por ser o resultado da análise de um programa de estudos que incluiu número significativo de pacientes, e que demonstrou eficácia e segurança no tratamento de obesos. Acredito que, em breve, teremos mais novidades nessa área, com aprovação de outra nova droga ainda este ano. Em relação aos anorexígenos cate-colaminérgicos, a discussão avança no Senado e nós, da Abeso, enviamos carta a todos os senadores sensibilizando-os sobre a importância de disponibilizar esses medicamentos para o tra-tamento da obesidade no

país. Agora, teremos que aguardar a decisão.

Nossos cursos itine-rantes têm tido excelente aceitação. Neste início de ano, já foram realizados em Brasília, Curitiba e Belo Horizonte. Em maio, teremos em São Paulo. Está em nossos planos fazer o curso em outras cidades. Por isso, fiquem atentos e acompanhem nosso site!

Até a próxima edição!

Cintia Cercato

Presidente da Abeso

Boas notícias!

OSMAR BUST

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Diretrizes Alimentares Um comparativo entre as diretrizes 2010-2015 e 2015-2020

Espaço do Leitor

Benefícios do Yacon para controle da glicemia Cirurgia

Gastrectomia vertical X Bypass gástrico Chocolate

Alimento dos "Deuses" ou dos "Demônios" Internacional Perda de peso rápida seria mais difícil de manter?

Notícias

Fique por dentro das últimas atualizações Opinião Novidades no tratamento da obesidade no Brasil

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Bruno Halpern Editor Científico

Pequena mudança

O LEITOR MAIS ATENTO talvez já tenha percebido, em nossa últi-ma edição, pequena mudança de nome da revista: de “Evidências em Obesidade” para “Evidências em Obesidade e Síndrome Me-tabólica”. A revista permanece a mesma, apenas oficializa algo que já ocorre há bastante tempo, isto é, não falar “apenas” da obesidade, mas também das comorbidades relacionadas a ela, ampliando, assim, ainda mais, seu foco. Felizmente, o número de assinantes está em franca expansão e acreditamos que essa pequena mudança possa dar ainda mais capilaridade à revista.

Nessa edição, tratamos de temas variados. A Páscoa recente nos leva a falar, por meio do artigo do Arthur Kaufman, sobre chocolate. Kaufman nos brinda com um conteúdo em que su-mariza uma pesquisa que fez no Instituto de Psiquiatria da USP, traçando um perfil psicológico de “chocólatras”. Uma visão ferente e interessante. A Mônica Beyruti fala sobre as novas di-retrizes americanas de nutrição, nos facilitando a vida ao com-parar esta com a última e ao abordar quais os principais pontos que a diretriz recomenda. Por mais limitações que as diretrizes sempre carreguem, é fundamental que estejamos antenados so-bre como as sociedades pensam à luz das evidências atuais. Já os cirurgiões Dênis Pajecki e Marco Aurélio Santo fazem uma pequena revisão comparativa entre as duas técnicas cirúrgicas mais utilizadas atualmente, o bypass gátrico em Y de Roux e a gastrectomia vertical. Na parceira com o ConscienHealth, Ted Kyle, brilhante como sempre, compara o mito de que perda de peso rápida leva a maior reganho posterior com a fábula de Eso-po da “Lebre e da Tartaruga”. Imperdível!

E mais duas boas notícias: a primeira é a aprovação da lira-gluitda para tratamento da obesidade no Brasil, e discuto em um artigo de opinião, porque acho que esse é um passo im-portantíssimo. A segunda

é a inauguração, nessa edição, da seção “Espaço do Leitor”. Queremos que você nos mande materiais interessantes para serem publicados em uma pá-gina. Quem assina nosso espaço este bimestre é a Simone Boekel, de Macaé, contando para nós um pouco sobre o yakon.

Temos muitos temas e espero que aproveitem!

OSMAR BUST

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JEAN GRANDVILLE

JAN CHRIST

OPHER CHUA / FLICKR

ConscienHealth

U

m dos mais inexpugnáveis mitos na obesidade é que se a perda de peso é rápida, ela não dura (if it is fast, it won´t last). Nas palavras do CDC (Centro de Controle de Doenças) americano, “pesso-as que perdem peso gradualmente e devagar (400-800 gramas por semana) são mais bem sucedidos em manter esse peso perdido”. O problema é que esse conselho do CDC é um auto de fé que não passou pelo escrutínio científico. Um novo estudo randomizado e controlado, publicado na Obesity, mostra que, quan-do se compara o mesmo peso perdiquan-do, a velocidade de perda de peso, rápida ou lenta, não tem qualquer efeito no risco de reganho posterior.

Esse achado não deveria ser surpresa. Três anos atrás o mito “fast can´t last” foi um dos sete mitos identificados por Casazza e colaboradores numa revi-são sobre mitos, presunções e fatos sobre obesidade, publicados no New England Journal of Medicine.

Nesse estudo recente, pessoas com IMC entre 28 e 35 kg/m2 foram randomizadas para tratamento com

uma dieta hipocalórica por 12 semanas ou uma dieta de muito baixas calorias por cinco semanas; após quatro se-manas de acompanhamento dietético posterior focado em manutenção do peso perdido, eles foram seguidos por mais nove meses sem nenhuma intervenção nutri-cional. Os dois grupos inicialmente perderam quantida-des semelhantes de peso. E, nove meses depois, o rega-nho foi indistinguível entre os dois grupos. Os autores notaram que seus achados “diretamente contradizem as diretrizes dietéticas de muitos países, que recomendam uma perda de peso gradual para prevenir o reganho”.

Três anos atrás, Casazza e colaboradores foram di-reto ao ponto:

“Embora não seja claro porque alguns obesos te-nham uma perda de peso inicial maior do que ou-tros, uma recomendação de perder peso devagar pode interferir com o sucesso final de esforços indivi-duais de perda de peso”.

O mito da superioridade da perda de peso lenta e gradual não é mais científica do que a fábula de Eso-po da “Lebre e da Tartaruga”. Vamos deixar as fábulas para as histórias de ninar e jogar fora esse mito das diretrizes de saúde e bem-estar.

O mito da perda

de peso rápida

Por Ted Kyle

Parceria blog ConscienHealth

Casazza K, et al. Myths, Presumptions, and Facts about Obesity. N Engl J Med 2013; 368:446-454

Bibliografia:

Vink RG, et al. The effect of rate of weight loss on long-term weight regain in adults with overweight and obesity. Obesity 2016; 24(2):321-327

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Introdução

“Alimento dos Deuses”, do grego Theobroma cacao: assim o botânico sue-co Carl von Linne (Linnæus) denominou, no século XVIII a planta do cacau.

Desde o seu aparecimento, o percurso do chocolate vem sendo acompa-nhado por referências polêmicas. Desde ser um simples alimento agradável ao paladar até possuir a capacidade de provocar reações físicas, sensações psíquicas, compulsão e dependência.

“Chocolate do Demônio”: após chegar à Europa, trazido pelos explora-dores espanhóis, o chocolate era consumido apenas em forma de bebida, seguindo a receita asteca, mas suas propriedades estimulantes foram enca-radas pela Igreja Católica como resultado da atuação de espíritos malignos.

Composição

Uma barra de 100g de chocolate contém 528 calorias; 4.4g de proteínas; 35.1g de lipídios e 57.9 de glicídios, além de fibras, cálcio, fósforo, vitaminas A, B1, B2 e niacina.

O chocolate contém vários constituintes biologicamente ativos (aminas, metilxantinas e canabinóides), os quais podem provocar alterações com-portamentais e sensações psicológicas similares àquelas provocadas por substâncias que causam adição. Dentre as aminas destacam-se a tiamina e a feniletilamina. A tiamina é importante na produção de energia; a feni-letilamina, um neuromodulador de sinapses do cérebro, é estruturalmente e farmacologicamente similar às catecolaminas e à anfetamina; ela pode agir potencializando a dopamina e a noradrenalina. A cafeína pode provo-car mudança no comportamento. Uma barra de chocolate ao leite de 460g contém 10mg de cafeína e 92mg de teobromina.

A adição ao chocolate

Termos como compulsão, dependência e “fissura” (craving) aparecem associados a transtornos do humor, alimentares, e de comportamento de-vido ao uso de substâncias psicoativas. “Craving” ou “fissura” é o desejo ocasionado pela memória de uma experiência prazerosa sobreposto a um estado afetivo negativo.

Certos alimentos possuem propriedades de recompensa e de reforço como, por exemplo, combinações high sugar/ high fat, que podem levar a um comportamento aditivo (addictive behavior).1

Traçando o Perfil do

Consumidor de Chocolate

Arthur Kaufman

Professor Doutor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. Ex-Coordenador do Programa de Atendimento ao Obeso (PRATO) do IPq-HC-FMUSP Anete Hannud Abdo Formada pela Faculdade de Medicina da USP (1978). Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela SBEM (1982). Doutorado em Endocrinologia pela FMUSP (1989). Trabalha atualmente no Programa Telessaúde Redes da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo Cristiane Ruiz Durante Nutricionista Clínica e Personal Diet. Ex-Nutricionista do Programa de Atendimento ao Obeso-IPq-HCFMUSP. Colaboradora do Programa Ambulatorial Integrado dos Transtornos de Impulso (PRO-AMITI) do IPq-HCFMUSP Marilia Salgado

Paulino da Costa Psicóloga. Especialista em Neuropsicologia pelo IPq-HCFMUSP. Supervisora clínica e professora no Serviço de Psicologia e Neuropsicologia do IPq-FMUSP

(7)

Artigo

A food addiction (adição alimentar) é uma doença crô-nica, com recaídas, causada por fatores que encorajam o

craving por um alimento ou por componentes de um

ali-mento, levando a um estado de prazer elevado, energia ou excitação.2 Ela provém de alterações na neuroquímica

(dopamina, opióides endógenos), neuroanatomia (siste-ma límbico) e comportamentos de automedicação.

Estudos sobre fissuras alimentares (food cravings) mostram que o chocolate é o alimento mais “fissurado” (craved), normalmente associado com recompensa e pra-zer. Ele combina qualidades orosensoriais positivas – que incluem o sabor doce e a textura cremosa – com conota-ções positivas desenvolvidas desde a infância em ocasiões especiais, como as festas de aniversário. A “fissura” apare-ce como resultado de tentativas de restringir a ingestão deste alimento considerado irresistivelmente bom, de modo que a culpa é sentida quando a restrição falha.3

Uma combinação de fatores, como as características sensoriais do chocolate (textura, aroma, cor, sabor, o fato de “derreter na boca”) e sua composição de nutrien-tes (gordura, açúcar, etc), além de – para as mulheres – flutuações hormonais mensais e mudanças de humor, leva ao craving pelo chocolate, tudo isto em combinação com fatores culturais e também com seus ingredientes psicoativos, onde pontificam as metilxantinas.

A pesquisa

Nossa pesquisa contou com a participação de 64 mulheres no Instituto de Psiquiatria-FMUSP, com ida-des entre 15-73 anos e IMC entre 17,7 e 52,8 kg/m².

Nas sessões de grupo, as cadeiras eram dispostas em círculo, e havia bandejas com chocolates no centro do círculo. A intenção era – de forma simbólica – demons-trar a nossa neutralidade com relação ao consumo do produto, a sua isenção de julgamento.

Os temas centrais foram agrupados em seis catego-rias, onde podemos distinguir diversos tipos de senti-mentos, pensamentos e comportamentos.

1 - Comer escondido, culpa e vergonha

Era comum que, considerando-se “viciadas”, as vo-luntárias ingerissem o chocolate fora das vistas de fami-liares e de colegas de trabalho. O ato de comer escondi-do estava relacionaescondi-do a um prazer solitário ou a não ter que dividir a guloseima com outras pessoas. E aparecia a sensação de culpa e/ou vergonha por causa do con-sumo excessivo. Quando se sentiam embaraçadas ou

envergonhadas, isso amiúde as levava ao isolamento e à tristeza. Era frequente que familiares e amigos desco-nhecessem a existência deste problema.

BH (21 anos, IMC 28,43): “Vou escondendo chocolate pela

casa. E escondo o lixo em andares diferentes (do prédio), para eles não descobrirem, pelo lixo, quanto eu como”.

As que moravam acompanhadas receavam o julga-mento daqueles com quem coabitavam; temiam ser jul-gadas “doentes” pela própria falta de controle.

LFEN (16 anos, IMC 22,60): “Eu e minha mãe gostamos

muito de chocolate. Amo minha mãe. Mas chocolate é uma coisa que eu não divido. Gosto mais do chocolate do que da minha mãe. Ela é a mesma coisa: compra e esconde. A vida dela é chocolate também. Somos iguais nessa parte”.

EBS (42 anos, IMC 26,76): "Os filhos pegam no meu pé.

Eu fico estocando chocolate, e como escondido, não quero dividir com eles, espero eles dormirem”.

2 - Droga, dependência

Drogas e comida têm poderosos efeitos de reforço, que são em parte mediados por aumentos abruptos de dopamina nos centros de recompensa cerebrais; e este crescimento pode substituir os mecanismos homeostá-ticos de controle do cérebro.

Em razão do efeito físico ou psicológico, várias vo-luntárias equiparavam o consumo de chocolate ao de álcool, maconha, cocaína e nicotina. Algumas tinham sido “viciadas” em alguma destas drogas e a substituí-ram pelo chocolate.

LPL (53 anos, IMC 21,32): “Esse prazer para mim é como

eu imagino que deve ser o prazer do drogado, porque, quando eu como chocolate, dá um alívio e prazer enorme, ufa, ai que maravilha, pronto, agora está tudo bem. Fi-car sem chocolate em casa, descobrir que está acabando o dia e não tem na minha gaveta, é como para o fumante (já fui fumante), saio e compro”.

3 - Compulsão (alimentar)

Esta categoria foi a predominante nos grandes con-sumidores de chocolate, independentemente do IMC, idade ou número de pessoas com quem morassem.

Neste estudo, o termo “compulsão” refere-se à obri-gatoriedade da ingestão do chocolate, a grande quanti-dade ingerida e à sensação de perda de controle.

O “episódio compulsivo” era referido como sendo desencadeado por raiva, medo, ansiedade, tédio ou ou-tras emoções “negativas”. Por outro lado, não era inco-mum que esta compulsão fosse reduzida a uma simples

(8)

“falha de caráter”, ao invés de ser compreendida como expressão de vivências dolorosas e conflituosas.

O chocolate também é frequentemente descrito como um alimento que causa um desejo “por mais” (“moreish”). É preciso diferenciar “moreishness” de “craving”, considerando que o primeiro ocorre durante o episódio de comer (“é impossível comer um só”), en-quanto o segundo é experienciado durante a abstinên-cia do objeto da “fissura”.4

CF (44 anos, IMC 21,92): “Já saí às 2 horas da manhã de

carro pra comprar, e detonei o chocolate, e dormi feliz da vida. Não consigo relacionar o comer chocolate com essas crises, porque, pra mim, é diário, como todos os dias, todas as noites, sem culpa, é um prazer. Também já forcei o vômi-to, porque eu comi muivômi-to, muivômi-to, de passar mal. É horrível”.

HH (52 anos, IMC 23,42): “É compulsão mesmo. Parece

que tem duas pessoas dentro de mim. Uma que diz: ‘Pare’ e a outra que simplesmente não escuta. Como queijo, ba-nana, bolacha, para não chegar no chocolate. Mas geral-mente não dá certo. Uma ansiedade, ‘eu como’ minhas emoções. Como rapidamente, não leva à saciedade. Me sinto estufada, é um efeito paralisante”.

4 - Problemas conjugais e familiares

Para algumas voluntárias, o consumo de chocolate trazia problemas de relacionamento com o cônjuge e/ ou com outros membros da família.

BSRR (54 anos, IMC 31,25): “Chega à noite e meu marido

vai comer um chocolate e ‘você não quer nenhuma mor-didinha?’ Minha filha traz chocolate, minha sogra man-da, então eu acho que era como se todo mundo estivesse boicotando o fato de eu ter de emagrecer. Aí comecei a perceber que o problema não é os outros, eu tenho que consertar alguma coisa na minha cabeça”.

5 - Erotismo, sensualidade e energia

Para várias usuárias, o chocolate era visto como afrodisíaco; outras o equiparavam a uma relação sexual ou às sensações obtidas durante um relacionamento se-xual. As usuárias descreviam sensações fortes de prazer e de estar adquirindo energia.

Esta adição resulta de fissura (craving) por alimen-tos que levam a estados de prazer, energia ou excitação elevados. A procura de sensações ("sensation seeking") é uma das facetas do comportamento impulsivo.5

As pessoas com IMC<30 kg/m2 mostraram uma

ten-dência para esta categoria, o mesmo não acontecendo com as obesas. Nas pessoas com maior IMC foi maior a tendência a associar o consumo do chocolate com

aspec-tos negativos, como culpa e vergonha, em detrimento das questões ligadas ao erotismo, sensualidade e energia.

SAP (21 anos, IMC 24,22): “Comer chocolate é como

che-gar ao orgasmo: parece prazer sexual. Fico paquerando os chocolates, fico saciando minha carne só de olhar”.

ING (43 anos, IMC 28,84): “Não tenho marido, então

dei-to no chocolate”.

6 - Depressão

Neste estudo, o termo “depressão” é empregado pe-las voluntárias para designar sentimentos de solidão, angústia, tristeza e abandono. Nos grupos, era também utilizado quando o chocolate era ingerido como com-pensação para sensações de derrotas, fracasso, frustra-ção, carência, irritafrustra-ção, etc.

Emotional eating é definido como o ato de comer em resposta a emoções, tais como ansiedade, raiva, frustra-ção e depressão6. Nossas voluntárias falavam do

choco-late como se fosse uma espécie de “gratificação substi-tuta”, uma substância destinada a apaziguar, amainar as emoções dolorosas de anseio, vazio e solidão.

Na descrição das facetas da impulsividade, é impor-tante mencionar a faceta "urgência", onde o comporta-mento impulsivo se destina a aliviar emoções negativas a despeito das consequências negativas em longo prazo; estas ações são associadas com a intolerância à frustra-ção e/ou a dificuldade para adiar a gratificafrustra-ção5.

Em entrevistas estruturadas identificou-se uma pro-porção importante de sujeitos com um histórico de epi-sódio de depressão maior entre aqueles que se consi-deravam viciados em chocolate, concluindo-se que este grupo representa uma população psicologicamente vul-nerável e suscetível à depressão ou ansiedade.7

ALBG (34 anos, IMC 40,35): “Não acho minha relação com

o chocolate legal. É uma total compensação ligada a um pra-zer. Se estou mal, tenho que comer doce. Quando estou bem, com companhia, não lembro. Como quando estou só e chate-ada. Como sozinha também pela vergonha. Numa festa tive a sensação de que todos estavam olhando para mim”.

CBM (28 anos, IMC 23,66): “Sofro de depressão e o

cho-colate ajuda, mas não cura. Junto com os remédios de de-pressão como chocolate. O dia fica não mais cinza-chumbo, mas mais azul”.

Conclusões

Observaram-se as semelhanças e diferenças, as con-cordâncias e divergências nas percepções, crenças e va-lores relacionados ao consumo de chocolate.

(9)

Era comum a alimentação desbalanceada e a subs-tituição de refeições por chocolate.

Várias participantes falavam em “droga”, “depen-dência”, “vício” ou “compulsão”. Comprar chocolate era como comprar cigarro, um “vício”. Outras comiam es-condido, não só porque reconheciam que “abusavam”, mas também para não ter que dividi-lo com ninguém. Algumas o usavam como forma de combate à “depres-são”, outras o relacionavam ao prazer sexual. As atitu-des são bastante ambivalentes em relação ao consu-mo, o que confirma os rótulos “alimento dos deuses” e “chocolate do demônio”.

A maioria das participantes considerava que o de-sejo irresistível pelo chocolate é uma “doença”. Uma delas era diabética, e ainda assim comia o produto em excesso. Várias se consideravam “doentes” e gostariam de tratar a “compulsão por chocolate”.

Várias utilizavam o chocolate para “se consolar”: “se o consumo de álcool libera a agressividade, o con-sumo do chocolate libera alegria e mansidão”.

Em síntese, o chocolate foi visto, pelas diferentes pessoas, como: deus; demônio; vilão; substituto sexu-al; maravilha; transgressão (ou crime); fonte de culpa; fonte de vergonha; companheiro; “aliviador” de carên-cias e frustrações; relaxante; droga; remédio; vício; prazer solitário; combustível, etc.

Mas achavam necessário que “a pessoa se conscien-tize de sua compulsão, das complicações desta, e das maneiras alternativas de elaboração do problema”.

É possível que o hábito arraigado de comer choco-late desde os primeiros anos de vida, associado a uma

propaganda maciça do produto durante todo o ano e mais intensa ainda em datas comemorativas como a Páscoa, leve a certo descaso com o problema desses comedores compulsivos. Os termos “chocólatra”, “adi-ção/compulsão pelo chocolate”, “fissura” (“craving”) e “quero mais” (“moreishness”) são potencialmente reveladores de como o indivíduo se relaciona com o chocolate. Este trabalho procurou detectar o possível aspecto patológico do hábito, e acentuar a importância da sua conscientização e a consequente busca de um tratamento médico, psicoterápico e nutricional.

Artigo

Referências bibliográficas

1. Hebebrand J, Albayrak Ö, Adan R, Antel J, Dieguez C, de Jong J, Leng G, Menzies J, Mercer JG, Murphy M, van der Plasse G, Dickson SL. “Eating addiction”, rather than “food addic-tion”, better captures addictive-like eating behavior. Neurosci Biobehav Rev. 2014; 47:295-306.

2. von Deneen KM & Liu Y - Obesity as an addiction: Why do the obese eat more? Maturitas. 2011; 68(4):342-5.

3. MacDiarmid JI & Hetherington MM Mood modulation by food: an exploration of affect and cravings in chocolate addicts. Br J Clin Psychol 1995;34:129–38.

4. Rogers PJ & Smit HJ. Food craving and food “Addiction”: a crit-ical review of the evidence from a biopsychosocial perspec-tive. Pharmachology Biochemistry and Behavior 2000;66:3-14.

5. Whiteside SP & Lynam DR - The five factor model and impul-sivity: using a structural model of personality to understand impulsivity. Personality and individual differences. 2001; 30:669-689.

6. Miller-Matero LR, Armstrong R, McCulloch K, Hyde-Nolan M, Eshelman A, Genaw J. To eat or not to eat; is that really the question? An evaluation of problematic eating behaviors and mental health among bariatric surgery candidates. Eat.Weight Disord. 2014; 19:377-382.

7. Dallard I, Cathebras P, Sauron C, Massoubre C. Le cacao est-il un psychotrope? Etude psychopathologique d’une population de sujets s’identifiant comme chocolatomanes. Encephale 2001;27(2):181-6.

IDEIAS CENTRAIS

Promove alívio de algum tipo de desconforto É um prazer solitário

Acalma e relaxa Melhora o humor

É companheiro nas horas de solidão Supre necessidades sexuais É afrodisíaco

Causa dependência e vicia Provoca compulsão Causa aumento de peso É proibido nas dietas É energético Melhora a TPM

(10)

O

número de operações bariátricas realizadas anualmente em todo o mundo cresceu progressivamente nos últimos 15 anos, chegando a aproximadamente 470.000 procedimentos em 2013 (1). A deriva-ção gastrojejunal em Y de Roux ou bypass gástrico (Figura 1), com suas variantes (com ou sem anel, laparoscópica ou aberta), continua sendo a técnica cirúrgica mais realizada, em particular, em nosso meio. A indicação da gastrectomia vertical (Figura 2) cresceu muito nos últimos anos, quase empa-tando com o bypass e mesmo superando o segundo em alguns países, como demonstram dados norte-americanos referentes ao ano de 2015 (2).

As explicações para o crescimento da indicação desta técnica são várias:

o apelo de uma técnica em que não há desvio intestinal, portanto com menor risco de desnutrição - uma preocupação grande entre pacientes e médicos que referenciam os mesmos para a cirurgia;

melhor resultado observado com esta técnica quando comparado a outras técnicas puramente restritivas, também sem desvio intestinal, muito realiza-das no passado, como a banda gástrica ajustável e a gastroplastia de Mason; a aparente maior facilidade de execução da técnica, quando comparada com o bypass, que, muitas vezes, seduz o cirurgião que se inicia na cirur-gia bariátrica;

A gastrectomia vertical, ou “sleeve gastrectomy”, não é considerada pro-cedimento puramente restritivo, uma vez que, apesar da redução da capaci-dade gástrica, há também um componente hormonal importante, caracteri-zado pela redução da secreção de Grelina, decorrente da ressecção do fundo gástrico. Acredita-se que esse efeito hormonal da cirurgia seja mais impor-tante que a restrição pura e simples para o controle da fome e melhora da saciedade pós-prandial. A técnica é realizada preferencialmente por video-laparoscopia e consiste em ressecar verticalmente o estômago, a partir de um ponto na grande curvatura a aproximadamente quatro centímetros do piloro e em direção ao ângulo de His. O grampeamento é calibrado por uma sonda de 32 a 40 French (dependendo da preferência do cirurgião), que é passada pelo anestesista através da boca do paciente. O procedimento é realizado há mais de 20 anos como tempo gástrico da cirurgia de Duodenal

Switch e, nos últimos 10 anos, como procedimento cirúrgico isolado.

A perda de peso média observada com esta técnica em seguimentos de cinco anos é de 60% do excesso de peso, 10 a 15% inferior à observada com o bypass (3). Em pacientes com IMC≤40Kg/m2, a perda de peso é

semelhan-Gastrectomia vertical

x Bypass gástrico:

critérios para escolha da técnica

Denis Pajecki

Cirurgião do aparelho digestivo; É diretor do Departamento de Cirurgia Bariátrica da Abeso, desde 2009; Cirurgião do Serviço de Cirurgia Bariatrica e Metabólica da Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo do HCFMUSP (2002- atual); Medico responsável pelo Centro de Controle da Obesidade

Marco Aurélio Santo

Professor Livre-Docente Associado da Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo da Faculdade de Medicina da USP. Diretor da Unidade de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital das Clínicas da FMUSP

Unidade de Cirurgia Bariátrica e Metabólica – Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo - HCFMUSP

ARQUIVO PESSOAL

(11)

te nas duas técnicas (4). Em alguns estudos, o resultado das duas técnicas aplicadas em pacientes com IMC en-tre 40 e 50 Kg/m2 também foi semelhante. Entretanto,

aspectos técnicos que determinam o volume da bolsa gástrica ao final da gastrectomia, podem interferir no resultado final e isso explica alguns dos resultados an-tagônicos observados na literatura, nesta faixa de IMC (5,6). Em pacientes com IMC > 50 Kg/m2 (superobesos)

a perda de peso é inferior a do bypass (7). A técnica tam-bém tem sido indicada em situações ditas de exceção, ou seja, pacientes candidatos à cirurgia bariátrica, mas que apresentam condições desfavoráveis à realização de um desvio intestinal (anemia crônica, distúrbios do metabolismo do cálcio, hepatopatia crônica, idade mais avançada, pacientes muito jovens, cirurgia intestinal prévia, entre outras). O método é irreversível e destaca--se que a atenção a detalhes técnicos nessa operação é de suma importância para que o estômago reduzido

fique de formato adequado. Caso contrário, há um au-mento na incidência de complicações precoces e tardias (principalmente refluxo gastresofágico) e do reganho de peso em longo prazo.

Em relação ao refluxo, a maioria dos estudos mostra uma incidência de 20% a 30% no pós-operatório (8). A maioria dos casos é bem controlada com uso de inibido-res de secreção ácida, medidas comportamentais e com a perda de peso em si. Alguns casos de difícil controle de-verão ser reoperados, transformando o sleeve em bypass. A técnica também foi avaliada em relação ao con-trole de comorbidades, tendo se mostrado eficaz neste quesito. Em relação ao controle do diabetes, mostrou--se inferior ao bypass, em estudos prospectivos e rando-mizados (9), principalmente nos pacientes com maior tempo de doença, com pior controle e em uso de insuli-na (menor reserva pancreática).

Por não haver desvio intestinal, não se esperam gra-ves problemas relacionados a carências nutricionais com esta técnica. Alguns estudos, entretanto, demonstraram a necessidade de reposição periódica de Vitamina B12 (10). Não obstante, recomenda-se a suplementação vi-tamínica e de micronutrientes nos primeiros meses de pós-operatório, na fase de adaptação alimentar.

Em resumo, preferimos indicar a gastrectomia ver-tical em pacientes com IMC de até 40 ou, no máximo 45 Kg/m2, não-diabéticos (ou com quadros leves, de

diag-nóstico recente), que não tenham evidência de doença do refluxo gastresofágico, ou nas situações de exceção, mencionadas anteriormente.

Artigo

Referências

1. Angrisani L, Santonicola A, Iovino P et al. Bariatric Surgery Worldwide 2013. Obes Surg 2015;25:1822-1832

2. Abraham A, Ikramuddin S, Jahansouz C et al. Trends in bar-iatric surgery: procedure selection, revisional surgeries and readmissions.Obes Surg 2015 Dec 30. [Epub ahead of print] 3. Zang Y, Wang Ju, Xiangyu Sun et al. Laparoscopic sleeve

gas-trectomy x Laparoscopic Roux en Y gastric bypass for morbid obesity and related comorbidities: a meta-analysis of 21 stud-ies. Obes Surg 2015;25:19-26

4. Boza C, Gamboa C, Salinas S et al. LAparoscopic Roux em Y gastric bypass versus laparoscopic sleeve gastrectomy: a case conrol study and 3 year follow-up. Surg Obes Relat Dis 2012;8(3):243-9.

5. Vidal P, Ramon JM, Goday A et al. Laparoscopic gastric by-pass versus laparoscopic sleeve gastrectomy as a definitive

surgical procedure for morbis obesity: mid-term results. Obes Surg 2013;23(3):292-9

6. Zhang Y et al. Obes Surg 2014;24:16-17-24

7. Zerrweck C, Sepulveda EM, Maydon HG et al. Laparoscopic gastric bypass vs sleeve gastrectomy in the super-obese patient: early outcomes of an observational study. Obes Surg 2014;24:712-17. 8. Himpens J, Dobbeleir J, Peters G et al. Long term results

of laparoscopic sleeve gastrectomy for obesity. Ann Surg 2010;252(2):319-24

9. Schauer PR, Bhatt D, Kirwan JP et al. Bariatric surgery versus intensive medical treatment for diabetes: 3 year outcomes. NEJM 2014;370(21): 2002-13.

10. Van Rutte PW, Aarts EO, Smulders JF et al. Nutritional de-ficiencies before and after sleeve gastrectomy. Obes Surg 2014;24:1639-1646

Figura 1: Derivação gastrojejunal em Y de Roux ou Bypass gastric; Figura 2: Gastrectomia vertical ou Sleeve gastrectomy

(12)

U

ma dieta inadequada e a inatividade física são os fatores mais importantes na contribuição para a epidemia de sobrepeso e obesidade que afeta homens, mulheres e crianças em todos os seguimentos da sociedade atual. Hoje, é estimado que mais ou menos metade dos adultos americanos – 117 milhões de pessoas – tenha uma ou mais doenças crônicas (doenças cardiovasculares, diabe-tes tipo 2, hipertensão, osteoporose e alguns tipos de câncer, etc.) que poderiam ser prevenidas por meio de hábitos alimentares saudáveis e prática de atividade física regular.

Destinada aos formuladores de políticas públicas e profissionais da saúde, as Diretrizes Alimentares (DA) foram elaboradas com o objetivo de ajudar todos os indivíduos acima dos dois anos de idade e suas famí-lias a consumirem uma dieta saudável e nutricionalmente adequada. As informações contidas nas DA são usadas no desenvolvimento de políti-cas e programas nacionais de nutrição, alimentação e saúde.

Edições prévias das DA focavam primariamente nos componentes individuais da dieta, como grupos de alimentos e nutrientes, ao invés de sua combinação. O foco das recomendações atuais das DA são os padrões alimentares e suas características em relação aos alimentos e nutrientes Esses padrões podem ser moldados de acordo com as prefe-rências pessoais de um indivíduo, deixando que escolham a dieta que é mais adequada para cada um.

Essa edição indica que os americanos não estão seguindo as recomen-dações, já que, em todos os grupos da população, a maioria das pessoas está consumindo muitas calorias, não está cumprindo as recomendações do grupo de alimentos e nutrientes, e não está realizando atividade física adequada. As DA recomendam mudanças que podem ajudar as pessoas a atingirem padrões alimentares mais saudáveis e orienta os profissionais

Diretrizes Alimentares

Americanas de 2010-2015 e as

Novas Diretrizes Alimentares

Americanas 2015-2020.

O que mudou?

Mônica Beyruti Nutricionista membro do Departamento de Nutrição da ABESO ARQUIVO PESSOAL

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Artigo

em como ajudar os americanos a fazerem boas esco-lhas, enquanto, ao mesmo tempo, podem aproveitar e manter suas tradições culturais e preferências alimen-tares. Hoje, mais do que nunca, devemos considerar o hábito alimentar (tudo que comemos e bebemos) como um todo – com o objetivo de trazer melhorias duradouras na saúde populacional e individual, ao in-vés de um hábito que não proporciona prazer e sim-plesmente começa e termina.

Ambas as DA para americanos, 2010 e 2015, fornecem recomendações baseadas em evidências cientificas que são importantes para a promoção da saúde e redução do risco de doenças crônicas rela-cionadas com a dieta. Para obter todo seu benefício, os indivíduos devem seguir essas recomendações na sua totalidade, como parte de um padrão geral de ali-mentação saudável. Discutem a necessidade de haver um equilíbrio calórico para controlar o peso, descre-vem alguns dos fatores ambientais que têm contribu-ído para a atual epidemia de sobrepeso e obesidade, e discutem dieta e princípios de atividade física que podem ser usados para ajudar a alcançar o equilí-brio calórico. Apontam a importância de focar em alimentos/bebidas e nutrientes que os americanos geralmente consomem em excesso em comparação com as recomendações, como sódio, gorduras sólidas (principais fontes de gorduras saturadas e gorduras trans), colesterol, açúcares de adição, grãos refina-dos, e, para alguns, o álcool.

Enfatizam o consumo de vegetais, frutas, grãos in-tegrais, leite e produtos lácteos sem gordura ou com pouca gordura, alimentos ricos em proteínas, incluin-do frutos incluin-do mar, carnes magras e aves, ovos, feijões e ervilhas, produtos de soja e frutos secos sem sal e se-mentes; e óleos. O objetivo é contribuir para que haja a adequação de nutrientes, prevenção de doenças e uma boa saúde em geral. Adicionalmente, também são discutidos os nutrientes de preocupação para a saúde pública, que incluem o potássio, a fibra alimen-tar, o cálcio e a vitamina D.

Vários fatores influenciam a ingestão de alimentos e bebidas, padrões de atividade física, além de suas consequências na saúde. As pessoas fazem escolhas de alimentos e bebidas em uma variedade de

situa-AS DIRETRIZES

1. Seguir um padrão alimentar saudável pela vida inteira

Todas as escolhas alimentares são importantes. Escolha um padrão de alimentação saudável, com uma quan-tidade adequada de calorias para ajudar a manter um peso corporal saudável, ter um aporte de nutrientes adequado e reduzir o risco de doenças crônicas.

2. Focar na variedade, densidade nutricional e na quantidade

Para atingir as necessidades nutricionais dentro de um limite calórico, deve-se escolher uma variedade de ali-mentos com alta densidade nutricional dentre todos os grupos de alimentos, considerando as quantidades recomendadas.

3. Limitar calorias de açúcares de adição e gorduras saturadas e reduzir o consumo de sódio

Reduzir alimentos e bebidas com altas taxas desses componentes para uma quantidade que se encaixe dentro de um padrão alimentar saudável.

4. Preferir escolhas saudáveis de alimentos e bebidas

Escolher alimentos e bebidas com alta densidade nutri-cional, que estão em todos os grupos alimentares, no lugar de escolhas menos saudáveis. Considerar prefe-rências culturais e pessoais de modo que essas mudan-ças sejam mais fáceis de serem seguidas e mantidas.

5. Manter padrões alimentares saudáveis para todos

Todos têm um papel em ajudar a criar e manter pa-drões alimentares saudáveis em vários locais espalha-dos pelo país (em casa, nas escolas, no trabalho, nas comunidades).

Principais Recomendações das DA fornecem limites especí-ficos que auxiliam os indivíduos a cumprir as 5 Diretrizes: - Consumir menos de 10% das calorias diárias

provenien-tes de açúcares de adição;

- Consumir menos de 10% de calorias diárias provenien-tes de gorduras saturadas;

- Consumir menos de 2.300 miligramas (mg) de sódio por dia; - O consumo de álcool deve ser feito com moderação -

até uma dose por dia para mulheres e até duas doses por dia para homens;

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ções: em casa, no trabalho e no lazer. Alinhar essas escolhas com as orientações das DA não apenas irá influenciar escolhas individuais como também pode ter impacto mais amplo na população quando vários setores, juntos, se comprometerem a fazer mudanças.

Para alinhar as recomendações das DA para toda a população e, assim, ajudar os americanos a faze-rem escolhas saudáveis, discutem-se dois fatores criticamente importantes: o primeiro, é que o am-biente alimentar e o amam-biente em que a atividade física estão inseridos influem nas escolhas tanto alimentares quanto das atividades físicas - para me-lhor e para pior. O segundo é que todos os elementos da sociedade, incluindo os indivíduos e as famílias, as comunidades, as empresas e a indústria, e vários níveis do governo (estadual, federal) devem ter par-ticipação ativa.

Considerações importantes sobre as últimas diretrizes

1) O COLESTEROL DA DIETA: A recomendação para

limitar a ingestão de colesterol alimentar para 300 miligramas por dia, que prevaleceu nos EUA a partir de 1977, proibindo alimentos como ovos e frutos do mar foi retirada das DA atuais. O relatório do Comi-tê Consultivo das Diretrizes Alimentares (DGAC) não incluiu esta recomendação porque as evidências

dis-poníveis não mostram nenhuma relação significativa entre o consumo de colesterol dos alimentos e o co-lesterol no sangue.

2) ADIÇÃO DE AÇÚCAR: As DA especificam que as

pessoas devem ter menos de 10% da sua ingestão de calorias sob a forma de açúcar de adição. Para uma mulher adulta, que consome cerca de 2.000 calorias/ dia, isto seria equivalente a 200 calorias ou 50 gra-mas de açúcar, e ainda é considerado valor elevado.

Mais importante, no entanto, é que, ao recomen-dar menos açúcar, as DA estão aconselhando mais frutas, mais grãos, mais feijão/leguminosas. Todos esses alimentos se decompõem em açúcar, porém, são ricos em nutrientes.

Doenças crônicas relacionadas à dieta continuam a aumentar e os níveis de atividade física continuam baixos. Progredir nos processos de inverter esses padrões atuais irá requerer estratégias compreensi-vas e coordenadas. As DA são uma parte importan-te de uma complexa solução para promover saúde e reduzir riscos de doenças crônicas, que traduzem a ciência para uma clara orientação alimentar que pode ser usada com confiança pelos americanos que procuram escolher um padrão alimentar saudável e agradável. Acreditamos que seguir as recomen-dações irá ajudar muitas pessoas a levar uma vida saudável e mais ativa.

As pessoas fazem escolhas de alimentos e bebidas em uma

variedade de situações: em casa, no trabalho e no lazer.

Alinhar essas escolhas com as orientações das DA não apenas

irá influenciar escolhas individuais como também pode ter

impacto mais amplo na população quando vários setores,

juntos, se comprometerem a fazer mudanças

Referências

1. http://health.gov/dietaryguidelines/2015/guidelines/ 2. Select Committee on Nutrition and Human Needs. Dietary

goals for the United States.First ed. Washington: U.S. Govt. Print. Off.; February 1977.

3. Dietary Guidelines Advisory Committee. Scientific Report of the 2015 Dietary Guidelines Advisory Committee. In: Department of Health and Human Services (HHS), editor.; 2015. p. 571.

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Abeso realiza com sucesso o III Curso Itinerante de Obesidade

Saxenda é aprovado no Brasil pela Anvisa

A Abeso está realizando neste pri-meiro semestre de 2016 a tercei-ra edição do curso itinetercei-rante de obesidade, que leva atualização em obesidade às diversas regiões do país. Já foram realizadas as etapas de Brasília, Curitiba e Belo Horizonte, com excelente aceita-ção do público presente, forma-da, em sua maioria, por médicos e nutricionistas, mas também por outros profissionais de saúde que trabalham com o atendimento ao obeso, como professores de edu-cação física e psicólogos. A etapa de São Paulo será realizada em 21 de maio, no prédio sede da

A liraglutida agora tem seu uso apro-vado para tratamento da obesidade e chega ao mercado com o nome de Saxenda. A resolução 504/2016, da Anvisa, foi publicada no Diário Ofi-cial da União de 29 de fevereiro. O medicamento ainda não está dispo-nível para a venda, tendo em vista que acabou de ser aprovado e agora segue para a fase de produção.

Nos EUA, a Food and Drug Ad-ministration (FDA) aprovou o me-dicamento em dezembro de 2014, como uma opção de tratamento para o controle crônico do peso corporal, associado a uma dieta reduzida em calorias e à prática de atividade física regular.

A liraglutida, principio ativo do Saxenda, é um agonista do recep-tor de GLP-1, um hormônio produ-zido no intestino na presença de alimentos. O GLP-1 atua em regiões críticas do sistema nervoso central

Abeso, no bairro de Higienópolis. O curso é gratuito. Mais informa-ções sobre o curso em São Paulo:

envolvidas na regulação do apetite. Estudos demonstraram que a ad-ministração de liraglutida aumenta a produção de substâncias anore-xigênicas no hipotálamo, levando ao menor consumo de alimentos, o que favorece a perda de peso. Também foi demonstrado em ani-mais que o uso de GLP-1 modifica a preferência alimentar, reduzindo a busca por alimentos ricos em açú-car e gordura. Durante o programa de desenvolvimento da droga, o uso de liraglutida associado à dieta hipocalórica foi relacionado a maior perda de peso em comparação ao grupo que recebeu placebo.

Para a presidente da Abeso, a endocrinologista Cintia Cercato, essa é uma ótima notícia. "Temos poucas opções farmacológicas aprovadas para o tratamento da obesidade em nosso país (apenas sibutramina e orlistat). A obesidade é uma

doen-(11) 3079-2298, info@abeso.org.br. Informações e inscrições, no site: www.abeso.org.br

ça complexa, crônica e recidivante e que deve ser tratada com serie-dade", destaca. Para ela, ampliar o arsenal terapêutico é importante uma vez que temos um percentu-al elevado de pacientes obesos que precisam de tratamento. A medica-ção passou por todas as etapas de pesquisa exigidas pelas agências regulatórias e teve sua segurança e eficácia comprovadas. A presidente ressalta, ainda, que os indivíduos obesos não devem fazer uso da medicação por conta própria, sem acompanhamento médico. "Como todo remédio essa medicação tem contra-indicações e efeitos colate-rais e somente o médico é capaz de avaliar o risco beneficio para cada caso", reforça Cercato.

Na página 18, o editor científico da revista, Bruno Halpern, fala so-bre a importância da aprovação do Saxenda no Brasil.

Curso realizado em Belo Horizonte no dia 19 de março

(16)

A

tualmente, muito se estuda a função de diferentes alimentos para a saúde da população, visto que a alimentação ocidental atual está associada a um sem número de doenças crônicas.

Dentre esses alimentos, temos o yacon (Smallanthus

sonchifolius). Embora não faça parte da família da batata, é conhecido

popu-larmente como batata yacon. Há estudos que sugerem relação de consumo de yakon com melhora de sensibilidade à insulina e maior saciedade.

Diferentemente da maioria das raízes que armazenam carboidratos na forma de amido, o yacon armazena o carboidrato na forma de fruta-nos. Dependendo do comprimento da cadeia, definido pelo número de unidades de monossacarídeos, denominado grau de polimerização, tem--se a inulina e os fruto-oligossacarídeos (FOS).

Os frutanos são fibras solúveis e fermentáveis, não absorvidas pela α-amilase e por enzimas hidrolíticas como a sacarase, a maltase e a iso-maltase na parte superior do trato gastrintestinal. Os FOS ainda estão relacionados com a redução da absorção de glicose, com a sensibilidade à insulina e possuem baixo índice glicêmico.

Benefícios do tubérculo yacon

(Smallanthus sonchifolius) no

controle da glicemia humana

ESPAÇO DO LEITOR

Raíssa de Oliveira Balthar

Discente de graduação do curso de Nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ – Campus Macaé

Simone van Boekel

Docente do Curso de Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ/Campus Macaé.

(17)

A inulina é um polímero linear, com ligação glico-sídica β (2→1), pertencente ao grupo dos frutanos e tem sido utilizada com sucesso como substituto de gordura em vários produtos alimentícios como bolos, chocolates, embutidos, recheios prontos, sobremesas congeladas e molhos, pois atua como agente espes-sante, retendo a água e estabilizando o gel, manten-do a mesma percepção sensorial de uma gordura e melhorando, possivelmente, o sabor e a textura do produto. Isso vem sendo utilizado pela indústria, para obter produtos com boa aceitação pelos consu-midores e com características nutricionais mais van-tajosas. Como exemplo: biscoitos, bolos e pães, sucos, iogurtes, sorvetes e chips de batata yacon.

A adição do yacon em produtos alimentícios pro-voca um aumento no teor de fibras alimentares e pos-sibilita um menor conteúdo lipídico e calórico, com um Índice Glicêmico reduzido.

Guimarães estudou a aceitabilidade de um suco de maracujá com adição da polpa de yacon. Por meio de cinquenta participantes utilizando ficha de Teste

de Aceitabilidade - Escala Hedônica, o produto ela-borado obteve 82,83% de aceitabilidade. Já Silva e Vacondio et al. analisaram também por escala hedô-nica, pães confeccionados com diferentes quantida-des de yacon e sorvetes com extrato aquoso de yacon, respectivamente ambos estudos obtiveram índice de aceitabilidade acima de 70%, mostrando que o yacon é um tubérculo fácil de ser aceito quando introduzido à alimentação humana.

Com base nos conhecimentos sobre os efeitos bené-ficos do yacon, a farinha integral (imagem na página ao lado) elaborada com a casca e a polpa de yacon orgâni-co foi desenvolvida no Laboratório de Alimentos de Ori-gem Vegetal na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Campus Macaé, a fim de se elaborar produtos a base desta farinha, como opção para indivíduos diabéticos. Esse produto passará por Teste de Análise Sensorial, para se conhecer que percentual desta farinha terá me-lhor aceitação por provadores não treinados.

Fonte: A autora (2015)

Artigo

Bibliografia recomendada

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no consumo de yacon (Smallanthus sonchifolius) – Revisão sistemática. Glicemia versus yacon. Revista Brasileira de Obe-sidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.3, n.18, p.513-520, Nov/Dez. 2009.

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(18)

Q

uando a ANVISA anuncia a aprovação de uma nova medicação contra a obesidade, o alcance é muito maior do que o da medicação em si. Essa é uma vitória para quem estuda obesi-dade e luta firme e forte para que tenhamos mais es-tratégias para o seu tratamento, sejam dietéticas, medi-camentosas ou cirúrgicas. Obesidade é doença crônica complexa e nenhum tratamento conseguirá, isolada-mente, ser universalmente efetivo e a liraglutida não será exceção. Ao aprovar uma nova droga, a ANVISA se coloca ao lado das evidências científicas produzi-das nas últimas décaproduzi-das a respeito desse assunto, uma clara guinada de direção com relação à 2011, quando os catecolaminérgicos foram proibidos e a sibutrami-na continuou a ser comercializada apesibutrami-nas após muita pressão de entidades médicas, como a ABESO. Os da-dos do IBGE, que mostram um aumento expressivo e sem sinais de desaceleração do sobrepeso e obesidade no país, podem ter sido um catalisador dessa mudança, mas devemos sempre nos lembrar do quanto o estudo dos mecanismos biológicos da obesidade cresceu nas últimas décadas, corroborando claramente a impor-tância de terapias adjuvantes às mudanças de estilo de vida. Vale lembrar que, antes da liraglutida, a última medicação que havia sido aprovada para tratamento da obesidade havia sido o rimonabanto, em 2007, proibido pouco tempo após, no mundo todo, devido aos riscos psiquiátricos. E as duas drogas existentes, hoje, no país, para o tratamento da obesidade foram aprovadas em 1999: a sibutramina e o orlistat.

O FDA havia seguido caminho semelhante, tendo se passado 15 anos desde a aprovação da

sibutrami-na em 1997 (retirada do mercado nos EUA em 2010) até a aprovação da lorcaserina em junho de 2012. Na época, a ideia de mudança de comportamento do FDA foi também ressaltada, e se confirmou. Em julho, me-nos de um mês depois, o FDA aprovou a combinação de fentermina e topiramato. Em setembro, a combi-nação bupropiona e naltrexona também foi aprovada. Em 2014, foi a vez da liraglutida, além da aprovação de dispositivos, como o VBLOC (de estimulação va-gal) e do balão intragástrico.

Esperamos que essa “enxurrada” de aprovações do FDA que, com certeza, tratou-se de uma mudan-ça de opinião da Agência em relação à obesidade, tenha seu paralelo no Brasil. Uma possibilidade de diálogo da ANVISA com as entidades médicas (sem necessidade de tramitações de projetos na Câmara ou Senado) sobre a volta dos catecolaminérgicos no Brasil e a rediscussão sobre o receituário da sibu-tramina já seriam passos importantes, além de estar aberta para outras medicações já existentes em ou-tros países . Uma agência mais propensa a entender a complexidade da obesidade e admitir a importân-cia de seu tratamento, com certeza fará com que em-presas com medicações antiobesidade tenham mais confiança em investir em estudos para aprovação em nosso país.

Em conclusão, para entender e comentar a notí-cia da aprovação da liraglutida, não devemos nos fo-car apenas na medicação (eficácia, efeitos colaterais, preços, etc) e sim que esse fato pode indicar rumos mais positivos no tratamento da obesidade no Brasil no longo prazo.

Perspectivas para o

tratamento sério da

obesidade no Brasil

Bruno Halpern

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Referências

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