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Comportamento resiliente em crianças com dificuldade de aprendizagem

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Comportamento resiliente em crianças com

dificuldade de aprendizagem

Luciana Prado DUMONT1

Iara Cristina Camparis DEGANI2

Resumo: Este artigo tem por objetivo investigar através de revisão bibliográfi-ca, o comportamento resiliente em crianças com dificuldades de aprendizagem, assim como, conceituar o significado da palavra resiliência para a psicologia clínica e educacional. Na sociedade contemporânea, as mudanças estão cada vez mais rápidas e profundas, exigindo constantes esforços e adaptação, tornando a resiliência um desafio muito frequente na vida das pessoas. A análise permite concluir que a resiliência surge da capacidade do ser humano em fazer laços afe-tivos, em buscar progressos e ajustes para aquilo que está em desarmonia, como a dificuldade de aprendizagem nas crianças e adolescentes. Existem alguns fato-res que podem tornar o indivíduo mais ou menos vulnerável ao risco, no entanto, muitas pessoas conseguem ser resilientes frente às adversidades.

Palavras-chave: Resiliência. Dificuldades de Aprendizagem. Fatores de Risco e Proteção.

1 Luciana Prado Dumont. Mestranda em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), campus

Ribeirão Preto (SP). Especialista em Psicopedagogia Clínica pelo Claretiano – Centro Universitário. Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), campus de Araraquara (SP). E-mail: <lucianadumont@uol.com.br>.

2 Iara Cristina Camparis Degani. Especialista em Psicopedagogia pelo CRP e em Psicologia Clínica

pelo HCFMRP. Professora dos cursos de pós-graduação lato sensu em Psicopedagogia Clínica e Institucional, Educação Infantil e Alfabetização pelo Claretiano – Centro Universitário.

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Resilience behavior in children with learning

disability

Iara Cristina Camparis DEGANI Luciana Prado DUMONT Abstract: This study aims at investigating, by means of a bibliographic review, the resilient behavior in children with learning difficulties, as well as conceptualizing the meaning of the word resilience for clinical and educational psychology. Changes in contemporary society are becoming faster and more profound, demanding constant efforts and adaptation, making resilience a frequent challenge for people. By means of the analysis, it was concluded that resilience emerges from human beings’ ability ofcreating affective bonds, searching progress and adjustments for things in disharmony, such as the learning difficultiespresented by children and teenagers. There are some factors that can make the individual more or less vulnerable to the risk, nevertheless, many people are capable of being resilient when facing adversities.

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1. INTRODUÇÃO

O presente artigo faz parte do trabalho de conclusão do cur-so de pós-graduação, lato sensu, em nível de Especialização em

Psicopedagogia: Abordagem Clínica dos Problemas de Aprendi-zagem, e tem como objetivo investigar, por meio de revisão

biblio-gráfica, o comportamento resiliente em crianças com dificuldades de aprendizagem, assim como conceituar o significado da palavra “resiliência” para a psicologia clínica e educacional.

O tema resiliência tem sido bastante pesquisado nas últimas décadas, por auxiliar diversos profissionais na compreensão dos processos utilizados pelas pessoas para superar situações adversas. Na educação, área tão importante ao desenvolvimento humano, o termo “resiliência” precisa ser mais compreendido e empregado nas relações que envolvem alunos com dificuldades de aprendiza-gem, por ajudar na promoção de habilidades acadêmicas e sociais e na superação da situação desajustada.

Esse termo é frequentemente referido por processos que ex-plicam a superação de crises e adversidades em indivíduos, grupos e organizações. Alguns estudiosos reconhecem a resiliência como um fenômeno comum e presente no desenvolvimento de qualquer ser humano; outros enfatizam a necessidade de cautela no uso do termo (YUNES, 2003).

Maria Angela Yunes (2003), em seu artigo Psicologia

po-sitiva e resiliência: o foco no indivíduo e na família, propõe que

vários autores têm desenvolvido pesquisas sobre resiliência e que a maioria tem por objetivo observar a criança numa perspectiva in-dividualista, focando traços e disposições pessoais, como confirma a definição adotada pelo Projeto Internacional de Resiliência, coor-denado por Edith Grotberge, apoiado pela Bernard van Leer Funda-tion: “Resiliência é uma capacidade universal que permite que uma pessoa, grupo ou comunidade previna, minimize ou supere os efei-tos nocivos das adversidades” (GROTBERG, 1995 apud YUNES, 2003, p. 78). Paralelamente, as teorias que estudam o desenvolvi-mento humano têm apresentado forte ênfase nos contextos sociais e sistemas, nos quais o indivíduo está inserido para compreender

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um dado fenômeno (BRONFENBRENNER, 1980; DESSEN, 2005 apud OLIVEIRA; MACEDO, 2011). Portanto, conseguimos perce-ber a relevância do foco no indivíduo, embora seja necessário en-tender esse indivíduo como alguém inserido num contexto social; esse contexto pode ser provedor de adversidades e características impróprias ao desenvolvimento da aprendizagem de forma eficaz e natural, desencadeando atitudes negativas nas pessoas, desde sua infância, quanto ao seu relacionamento com o aprender.

A literatura mostra que há diferentes modos de compreender o “não aprender”, e isso revela as concepções pertinentes às dife-rentes abordagens teórico-metodológicas subsidiadoras da questão. Entretanto, como colocam Oliveira e Macedo (2011), é recorrente a indicação, nas pesquisas atuais, da necessidade de romper com a culpabilização do aluno e de sua família pelo insucesso escolar, ao mesmo tempo em que são enfatizados fatores multicausais tanto na produção quanto na superação do insucesso escolar.

Este artigo foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográ-fica, por meio de livros impressos e fontes virtuais.Foram utilizadas como principais referências as seguintes obras: Marturano (2002), Yunes (2003), Maia e Williams (2005) Oliveira e Macedo (2011) e Benzoni e Varga (2011).

2. DESENVOLVIMENTO Conceituando resiliência

De acordo com Ferreira (1999), a palavra “resiliência” é utilizada, na física, para definir a capacidade de um material atingir sua deformação máxima sem sofrer alterações permanentes e com capacidade de voltar ao seu estado originário; resistência ao choque. O dicionário de língua inglesa Longman Dictionary

of Contemporary Enghish (1995) cita resiliência como sendo

“habilidade de voltar rapidamente ao seu usual estado de saúde ou de espírito depois de passar por doenças, dificuldades, situações adversas negativas ao desenvolvimento saudável do ser humano, ou seja, resiliência de caráter” e também como “habilidade de

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uma substância retornar à sua forma original quando a pressão é removida, ou seja, caráter de flexibilidade”.

Nas ciências humanas, a resiliência é entendida como a ca-pacidade das pessoas de não só sobreviver às adversidades (contra-riedade, aborrecimento, infortúnio, adversidades negativas, opres-soras, de baixa autoestima), mas também de conseguir, a partir da adversidade, tirar proveito e se desenvolver, isto é, de mostrar a capacidade de construir-se e reconstruir-se a partir da adversidade (BENZONI; VARGA, 2011). Silva et al. (2005 apud BENZONI; VARGA, 2011, p. 370) definem esse termo como capacidade dos seres humanos de enfrentar e responder de forma positiva às ex-periências que têm elevado potencial de risco para sua saúde e de-senvolvimento. Para Laranjeira (2007 apud BENZONI; VARGA, 2011), resiliência é adaptação em face do perigo ou capacidade de sair vencedor de uma situação que poderia ter sido traumática.

O estudo da resiliência e, em especial, dos mecanismos pro-tetivos corrobora a inversão do predomínio dos aspectos negativos, patológicos, de desordens e de inadaptação humana presentes nos referenciais teóricos da psicologia em geral (YUNES apud OLI-VEIRA; MACEDO, 2011). A investigação teórica pretende anali-sar os comportamentos resilientes em crianças com dificuldades de aprendizagem, que podem ter sucesso, quanto maior for sua resis-tência às adversidades.

Fatores de risco e proteção

Segundo Reppold et al. (apud MAIA; WILLIAMS, 2005), os fatores de risco são condições ou variáveis associadas à alta pro-babilidade de ocorrência de resultados negativos ou indesejáveis e, dentre eles, comportamentos que podem comprometer a saúde, o bem-estar e o desempenho social do indivíduo. Para Garmezy (apud MAIA; WILLIAMS, 2005), os fatores de risco são aqueles que, se presentes, aumentam a probabilidade de a criança desen-volver uma desordem emocional ou comportamental. Tais fatores podem incluir atributos biológicos e genéticos da criança e/ou da

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família, bem como fatores da comunidade que influenciam o am-biente social em que a criança está inserida.

Para Holden (apud MAIA; WILLIAMS, 2005), os fatores de risco por si só não constituem uma causa específica, mas indicam um processo complexo que pode justificar a consequência de uma psicopatologia na criança. Por outro lado, Rutter (apud MAIA; WILLIAMS, 2005) destaca que os fatores de proteção podem ser definidos como aqueles que modificam ou alteram a resposta pesso-al para pesso-algum risco ambientpesso-al que predispõe a resultado mpesso-al adap-tativo, como o estágio do desenvolvimento da criança, seu tempera-mento e habilidade de resolução de problemas do indivíduo.

Garmezy (apud MAIA; WILLIAMS, 2005) classifica os fa-tores de proteção em três categorias: atributos disposicionais da

criança, que são atividades, autonomia, orientação social

positi-va, autoestima, preferências; características da família: coesão, afetividade e ausência de discórdia e negligência; fontes de apoio

individual ou institucional disponíveis para a criança e a família:

relacionamento da criança com pares e pessoas de fora da famí-lia – amigos e professores, suporte cultural, atendimento individual como atendimento médico ou psicológico, instituições religiosas etc.

Para Hutz, Koller e Bandeira (apud MAIA; WILLIAMS, 2005), fatores protetores são sinalizados como influências que me-lhoram ou alteram a resposta dos indivíduos a ambientes hostis, que predispõem a consequências mal adaptativas. Tais fatores são compreendidos como condições ou variáveis que diminuem a pro-babilidade de o indivíduo desenvolver problemas de externaliza-ção, tais como agressão, uso de álcool ou drogas, raiva, desordem de conduta, crueldade com animais, entre outros.

Barnet (apud MAIA; WILLIAMS, 2005) afirma que nenhum outro fator de risco tem uma associação mais forte com a psicopato-logia do desenvolvimento do que uma criança maltratada, ou seja, o abuso e a negligência causam efeitos profundamente negativos no curso de vida da criança. As sequelas desse comportamento nega-tivo abrangem grande variedade de domínios do desenvolvimento, incluindo as áreas da cognição, linguagem, desempenho acadêmico

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e desenvolvimento socioemocional. As crianças maltratadas geral-mente apresentam déficit em suas habilidades de regular afeto e nas condições do comportamento em geral. As crianças com dificulda-des de aprendizagem nem sempre são compreendidas pelas pessoas que as cercam, podendo sofrer psicologicamente e até mesmo ser maltratadas por diversas razões apresentadas nas várias condições sociais.

Comportamento resiliente em crianças com dificuldade de aprendizagem

Várias pesquisas (STEVANATO; COLS, 2003; OKANO; MARTURANO, 2004) apontam as dificuldades de aprendizagem como uma das situações que provocam grande desordem psicoló-gica nas crianças e em seus diversos comportamentos sociais, tais como baixa autoestima, desajuste social, vergonha de se colocar em certas situações acadêmicas, negligência com os afazeres escola-res, dificuldade de interação e em algumas situações discriminação pelas pessoas do convívio social. Okano et al. (2004) colocam que diversos estudos têm relatado que as crianças com dificuldades de aprendizagem têm autopercepção mais negativa sobre o seu pró-prio comportamento quando comparadas a crianças que têm ren-dimento satisfatório e quando comparadas àquelas que têm baixo rendimento, mas não são identificadas como tendo dificuldade de aprendizagem, e completam:

Lidar com o insucesso escolar, com o baixo rendimento e com as múltiplas implicações para a autoavaliação da criança, para a família, professores e comunidade cons-titui-se em tarefa complexa e desafiadora para a qual não se tem ainda uma resposta acabada e pronta, o que aponta para a necessidade de buscar alternativas que possam mi-nimizar tal situação (OKANO et al., 2004, p. 122). A criança com dificuldades de aprendizagem pode desen-volver sentimentos de baixa autoestima e inferioridade (ERISON, 1971 apud MAZER, 2009), frequentemente acompanhadas de défi-cit em habilidades sociais e problemas emocionais ou de comporta-mento. Assim, as dificuldades de aprendizagem, quando

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persisten-tes e associadas a fatores de risco presenpersisten-tes no ambiente familiar e social mais amplo, podem afetar negativamente o desenvolvimento da criança e seu ajustamento em etapas subsequentes (SANTOS; MARTURANO, 1999 apud MAZER, 2009, p. 7-21). E, de acordo com Sapienzal e Pedromônico (apud MAZER, 2009), os próprios problemas de aprendizagem são considerados como fatores de ris-co, pois desencadeiam uma série de consequências negativas na vida das crianças.

Os problemas escolares são frequentemente associados aos problemas de comportamento de crianças e adolescentes. Ferrei-ra e MartuFerrei-rano (2002 apud MAZER, 2009) pesquisaFerrei-ram associa-ções entre contextos de risco e problemas de comportamento em crianças com baixo desempenho escolar e concluíram que as difi-culdades acadêmicas tendem a aumentar a vulnerabilidade para a inadaptação psicossocial quando o ambiente familiar está repleto de adversidades e, por isso, enfatizam a importância de ações pre-ventivas que envolvam a criança e seu meio.

Na publicação de Werner e Smith, intitulada Vulneráveis,

po-rém invencíveis (1982 apud YUNES, 2003, p. 79), foram

pesquisa-das 72 crianças com história de quatro ou mais fatores de risco (po-breza, baixa escolaridade dos pais, estresse perinatal ou baixo peso no nascimento, presença de deficiência física) e, para surpresa dos pesquisadores, nenhuma dessas crianças desenvolveu problemas de aprendizagem ou de comportamento, o que foi considerado como sinal de adaptação e ajustamento, crianças denominadas resilientes.

Outra amostra estudada por Werner (1986) apresenta um grupo de 49 crianças em situação de risco por sofrerem conflitos familiares desde muito pequenas (pais alcoólatras e condições sé-rias de pobreza). Quando maiores, 40% desse grupo apresentaram problemas de aprendizagem e 60% foram considerados resilientes, apresentando bom temperamento afetivo e receptivo, melhor de-senvolvimento intelectual, maior nível de autoestima e grau de con-trole, diferenças essas atribuídas às características constitucionais das crianças e ao ambiente criado pelos cuidadores na infância. Na idade adulta,

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[...] um terço dos indivíduos considerados de alto risco tornaram-se competentes, capazes de amar, trabalhar, di-vertir-se e ter expectativas positivas. Foi considerado que a componente-chave do efeito coping (esforços cognitivos e comportamentais) dessas pessoas foi o sentimento de confiança que o indivíduo apresentou de que os obstáculos sempre podem ser superados (WERNER; SMITH, 1992,

apud YUNES, 2003, p. 79).

O psiquiatra britânico, Michael Rutter (1971), importante pensador do assunto desde os anos 1970, investigou meninos e me-ninas provenientes de lares desfeitos por conflitos e relatou que os meninos são mais vulneráveis que as meninas. Em outro trabalho com crianças com vários fatores de risco, relatou que um único estressor não tem impacto significativo, mas que a combinação de dois ou mais estressores pode diminuir a possibilidade de conse-quências positivas no desenvolvimento. No livro que trata sobre a relação entre a ausência da figura materna, Rutter (1981) levanta uma importante questão: por que, apesar de passar por terríveis

experiências, alguns indivíduos não são atingidos e apresentam um desenvolvimento estável e saudável? A partir daí, define resiliência

como uma “[...] variação individual em resposta ao risco e afirma que os mesmos estressores podem ser experienciados de maneira diferente por diferentes pessoas”, e, de acordo com esse autor, a resiliência “[...] não pode ser vista como um atributo fixo do indiví-duo, se as circunstâncias mudam, a resiliência se altera” (RUTTER, 1987 apud YUNES, 2003, p. 79).

Werner (1998 apud MAIA, 2005, p. 98) assinala algumas ca-racterísticas de crianças que conseguem lidar de forma adequada com as adversidades; para essas crianças, os amigos e a escola po-dem ser considerados como fatores de proteção importantes no sen-tido de fornecerem suporte emocional, e os professores podem vir a ser um modelo positivo de identificação pessoal para essa criança em situação de risco.

A criança com dificuldade de aprendizagem pode, então, es-tar envolvida em muitas outras situações de risco, sendo necessá-rios alguns cuidados individuais dispensados a ela por parte dos profissionais que consolidam assistência ao seu desenvolvimento, seja ele o professor ou o psicopedagogo. Esse profissional precisa,

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primeiramente, construir uma expectativa positiva quanto ao de-sempenho acadêmico dessa criança, reduzir o impacto dos riscos e as reações negativas em cadeia que seguem a exposição da criança à situação de risco, bem como estabelecer e manter a autoestima e a autoeficácia, por meio do estabelecimento de relações de apego se-guras e o cumprimento de tarefas com sucesso, além de criar opor-tunidades para reverter os efeitos do estresse (RUTTER, 1987 apud MAZER, 2009, p. 7-21). Com isso, a criança poderá desenvolver--se de forma efetivamente mais feliz, participando da vida em so-ciedade e apropriando-se dos saberes criados pela humanidade, que é direito de todos os cidadãos.

Muitos são os autores que pesquisam a resiliência, mas esse estudo ainda é muito recente ao sistema educacional brasileiro, sendo, muitas vezes, até desconhecido dentro de escolas e institui-ções que priorizam o atendimento de crianças e adolescentes; no entanto, podemos constatar que mesmo as crianças em situações de risco, com dificuldade de aprendizagem, têm elementos resilientes que as capacitam a saírem fortalecidas de situações adversas e a desenvolverem suas funções psíquicas superiores.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio de revisão bibliográfica, foi possível situar um pou-co melhor o pou-conceito de resiliência entre as crianças em idade espou-co- esco-lar e estabelecer um enlace entre as dificuldades de aprendizagem com fatores de risco e de proteção. No entanto, fica claro que os indivíduos não são predestinados às adversidades da vida e podem sair das situações agravadoras e inadequadas ao desenvolvimento saudável por meio de atitudes e comportamentos resilientes.

As crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem têm características cognitivas em sua maioria preservadas para saírem das situações estressoras e desenvolverem habilidades positivas na construção da sua aprendizagem.

A razão e/ou objetivo da presente pesquisa bibliográfica fez--se a partir da necessidade de entender melhor o conceito, analisan-do o comportamento resiliente em crianças, e de buscar alternativas

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para aumentar a expectativa positiva quanto ao desempenho aca-dêmico das crianças com dificuldade de aprendizagem, situando o contexto como relevante aos profissionais envolvidos na área, como professores, psicólogos, psicopedagogos, gestores escolares e tantos outros.

Como colocam Sapienza e Pedromônico (2005), talvez agora seja o momento de colocar em prática o que já se sabe sobre a resi-liência, a fim de promover condições para que cada vez mais crian-ças possam se tornar resilientes. Como afirma Grunspun (apud SA-PIENZA; PEDROMÔNICO, 2005), um modo de fazer isso seria atuar na educação enfatizando os fatores protetores que a criança com dificuldade de aprendizagem já tem, preenchendo e ampliando as condições que não estão completas ou ainda construindo esses fatores que estão ausentes. Eis a grande questão da educação para os diversos profissionais do mundo contemporâneo.

REFERÊNCIAS

BENZONI, S. A. G.; VARGA, C. R. R. Uma análise de artigos sobre resiliência a partir de uma leitura Kleiniana. Psicologia em Estudo, Maringá, 16, p. 369-378, 2011.

FERREIRA, A. B. H. Novo Aurélio: o dicionário do século XXI. São Paulo: Nova Fronteira, 1999.

LONGMAN, Dictionary of Contemporary English. 3. ed. Longman Dictionaries, 1995.

MAIA, J. M. D.; WILLIAMS, L. C. A. Fatores de risco e fatores de proteção ao desenvolvimento infantil: uma revisão da área. Psicologia da Educação, São Carlos, n. 13, p. 91-103, 2005.

MARTURANO, E. M. Resiliência em crianças com problemas de aprendizagem.

Doxa, 8, p. 7-29, 2002.

MAZER, S. M.; DAL BELLO, A. C.; BAZON, M. R. Dificuldades de aprendizagem: revisão de literatura sobre os fatores de risco associados.

Psicologia da Educação, São Paulo, n. 28, p. 7-21, 2009.

OKANO, C. B. et al. Crianças com dificuldades escolares atendidas em programa de suporte psicopedagógico na escola: avaliação do autoconceito. Psicologia:

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OLIVEIRA, F. N.; MACEDO, L. Resiliência e insucesso escolar: uma reflexão sobre as salas de apoio à aprendizagem. Estudos e pesquisas em psicologia, Rio de Janeiro, n. 11, p. 983-1004, 2011.

SAPIENZA, G.; PEDROMÔNICO, M. R. M. Risco, proteção e resiliência no desenvolvimento da criança e do adolescente. Psicologia em Estudo, n. 10, p. 209-216, 2005.

YUNES, M. A. M. Psicologia positiva e resiliência: o foco no indivíduo e na família. Psicologia em Estudo, Maringá, n. 8, p. 75-84, 2003.

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