• Nenhum resultado encontrado

PERFÍS - ART BLAKEY (I) O Vigor De Um Músico Que Manteve A Trajetória Do Grupo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PERFÍS - ART BLAKEY (I) O Vigor De Um Músico Que Manteve A Trajetória Do Grupo"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)
(2)

REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO E (†) LUIZ CARLOS ANTUNES EDIÇÃO Nº 104 – JANEIRO/2015 PÁGINA 1 DE 7

MÚSICOS, FATOS & CURIOSIDADES • Nº 104 • JANEIRO 2015

PERFÍS - ART BLAKEY (I)

O Vigor De Um Músico Que Manteve A Trajetória

Do Grupo

CARACTERÍSTICAS

Temos em Art Blakey um músico de extensa longevidade e que não restringiu sua arte ao cenário exclusivo de New York. Bem ao contrário, por todos os U.S.A. e no exterior, esse músico ora focado brindou-nos com o vigor e o entusiasmo de seu trabalho por muitas décadas.

Assim é compreensível que a biografia, a biliografia e a discografia desse músico de exceção ocupem espaço considerável, tanto sob o ponto de vista pessoal, quanto quando analisada a obra do grupo que conseguiu aglutinar ao seu redor por tanto tempo (“ABJM” = Art Blakey Jazz Messengers), como uma “vitrine” constantemente renovada de talentos. Antecipadamente me desculpo pela extensão do texto para esse "PERFIL".

O “drumming” de Art Blakey é poderoso, vital, visceral, sempre carregado de energia. Seus solos freqüentemente possuem um caráter espetacular, explosivo.

Blakey foi de fato um “mensageiro” do Jazz: tudo fazia para promover a prática do Jazz e percorreu os U.S.A. e o mundo em incontáveis turnês.

Visivelmente se divertia, sempre com interminável sorriso e realizando-se na música: colocava-se de corpo e alma na música que estava tocando.

Lembra-se com justa razão que Art Blakey foi um “apresentador” de numerosos talentos para o universo do Jazz, por ele recrutados e que se apresentaram nos “Jazz Messengers” que ele promoveu durante décadas.

Também é importante ressaltar que foi um baterista incomparável como acompanhante, quando se observa, como exemplo entre outros, a sua colaboração com Thelonious Monk, notável pelo entrosamento que consegue estabelecer com um dos pianistas mais notoriamente difícéis de acompanhar.

Marcava ritmos cruzados, dobrados e redobrados, com certeza em função de tudo o que estudou e praticou de polirritmia nas percussões africanas (ainda que declarasse no final dos anos 70 do século passado em entrevista à revista “Down Beat”, que o Jazz era criação americana sem nada a ver com a África), sem demasiado destaque, sem tocar mais que o necessário, proporcionando uma base para os

(3)

REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO E (†) LUIZ CARLOS ANTUNES EDIÇÃO Nº 104 – JANEIRO/2015 PÁGINA 2 DE 7 solistas construírem suas linhas melódicas e despreocupados com a condução dos demais integrantes do grupo.

Seu poderoso e inigualável rufo seco (“press roll”, com uma canhota insuperável) marcava os estribilhos e fortalecia a marcação para o início dos solos; era um mestre nos “double times”, perfeito nos silêncios em que criava suspense para súbitos reinícios, firmes suportes para longas sucessão de frases dos solistas. Característica bem particular e peculiar que sempre serviu de assinatura para Art Blakey, foi sua capacidade incansável de conectar os solistas na dinâmica do grupo.

INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

ARTHUR “ART” BLAKEY nasceu em Pittsburgh / Pensilvânia em 11 de outubro de 1919 e faleceu de câncer do pulmão e já quase surdo do ouvido direito, em New York no dia 16 de outubro de 1990, portanto logo após completar 71 anos.

Foi, talvez, um predestinado para a música, já que Pittsburgh foi celeiro importante de figuras do Jazz ou ligadas ao mundo dos espetáculos, bastando citar-se, por exemplos e entre outros: Ahmad Jamal, Babe Russin, Barry Galbraith, Billy Eckstine, Billy May, Billy Straihorn, Bob Cooper, Christina Aguilera, Dakota Staton, “Dodo” (Michael) Marmarosa, Eddie Safranski, Erroll Garner, George Benson, Henry Mancini, Horace Parlan, Kenny Clarke, Lena Horne, Mary Lou Williams, Oscar Levant, Paul Chambers, Perry Como, Ray Brown, Roy Eldridge, Shirley Jones, Stanley Turrentine, Stephen Foster, Tommy Turrentine e Victor Herbert.

Art Blakey não possuía memória física ou fotográfica da mãe, falecida poucos meses após seu nascimento; quanto ao pai sabe-se que se casou apenas porque havia engravidado a mãe, fugindo para Chicago logo após a cerimônia na igreja e recusando-se a reconhecer o filho (por ter a cor da pele mais escura que a sua !!!???).

Criado por uma amiga da falecida mãe, foi na residência desta e em um piano velho que dedilhou suas primeiras notas tocando algumas peças de ouvido, para prosseguir sua iniciação musical e na Bíblia na igreja (“Seventh Day Adventist Family”). Anos mais tarde recusou-se a ser cristão.

Ainda muito jovem começou a trabalhar em uma mina de carvão, também fundição (lembra-se que Pittsburgh era, e ainda é atualmente, importante centro industrial), mas sem descuidar dos estudos, pois precocemente tinha a convicção de que como mineiro seria sempre um trabalhador braçal. Sempre ajudou sua mãe “adotiva” a pagar as despesas do lar.

Paralelamente ao trabalho na mina e face à permanência da crise americana de 1929, montou uma banda para atuar em clube local (“Ritz”), mantendo a estafante rotina de trabalhar pelo menos 15 horas por dia durante mais de 02 anos: “...tive que aprender a ser forte...”, recordava Art Blakey quando falava de sua infância / juventude.

Esse grupo (do qual fazia parte em 1934 Erroll Garner) apresentou-se fora de Pittsburgh em pequenas temporadas e alguns dos músicos integrantes foram recrutados pelo “líder” Fletcher Henderson para sua banda.

Casado com a idade de 15 anos (com Clarice sua primeira mulher, que veio a falecer em 1946), pai aos 16, Art Blakey casou-se inúmeras vezes posteriormente (04) e, talvez até pelas agruras de seu início de vida sem estrutura familiar e mesmo passando mais de 05 décadas entre excursões, estúdios de gravação, apresentações em clubes e festivais nos U.S.A. e no exterior, tornou-se um “homem de família” diferenciado: teve 08(oito) filhos e adotou outros 07(sete) ! ! ! Desses adotados a mais conhecida foi a japonesa Takashi, cujos pais morreram em um terremoto; com Blakey ela aparece em algumas capas de seus LP’s. Quando indagado sobre como cuidava da família, Blakey costumava dizer que “era realmente difícil criar uma família por controle remoto, mas que conseguia ir se arranjando”. PRIMEIROS PASSOS PARA A MÚSICA PROFISSIONAL

Em 1939 Fletcher Henderson o incluiu na sua formação (alí já tocavam alguns músicos do grupo que Art Blakey havia montado anteriormente em Pittsburgh), onde conheceu o grande baterista “Big Sid” Catlett, 09 anos mais velho que ele. “Big Sid” de certa forma o “apadrinhou” e além da técnica ensinou-lhe algumas lições de vida (inclusive a concentrar-se no trabalho e a evitar a bebida).

Passou ainda no final de 1939 pela banda de Chick Webb, com quem também aprendeu algumas técnicas (basicamente seu futuro famoso rufo de canhota), mas logo em seguida e em 1941 passou a integrar a banda da pianista Mary Lou Williams para apresentações no “Kelly’s Stable”.

(4)

Passou rapidamente pela “big band” de Lucky Millinder, mas retirou-se da mesma em pouco tempo, seja porque buscava algo mais musicalmente, já seja porque a banda não era mais a sombra da “máquina” dos anos 30 do século passado.

A partir dai e em 1944 ingressou na banda de Billy Eckstine (“Mr. B”, a voz), a primeira formação orquestral do “bebop” e por onde desfilaram todas as “feras” do novo idioma: Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Kenny Dorham, “Fats” Navarro, Gail Brockman, Miles Davis, Shorty McConnell, Sonny Stitt, Gerald Valentine, Gene Ammons, Budd Johnson, J.J.Johnson, Dexter Gordon, Wardell Gray, Leo Parker, Lucky Thompson, Oscar Pettiford, Tommy Potter, Sarah Vaughan (a divina “Sassy”), além dos primorosos arranjos de Tadd Dameron, John Malachi e Jerry Valentine.

PRIMEIRAS GRAVAÇÕES

Com esse conjunto de estrelas Art Blakey teve seu primeiro registro fonográfico e alí permaneceu até 1947, quando a banda foi dissolvida.

Com a banda de “Mr. B” Art Blakey gravou seguidamente até 1946: fevereiro e março de 1945 em Los Angeles, maio, setembro e outubro/1945 em New York, janeiro, fevereiro, março, junho e outubro de 1946 em New York e em outubro de 1946 em Hollywood (nessa ocasião “com cordas”).

Essa foi uma escola para Art Blakey, tanto sob o ponto de vista de criar um estilo próprio, como de entender que a bateria era mais um “instrumento” no todo (não meramente um instrumento “acompanhante”) e, ainda assim e enquanto ser humano, não tolerar mais a aceitação passiva do preconceito racial.

Mesmo sendo ainda integrante da banda de Billy Eckstine, em 18 de outubro de 1946 Art Blakey participou de gravação para o selo Black Lion em Hollywood / Califórnia, com a participação de Miles Davis, Gene Ammons, Linton Garner, Connie Wainwright, Tommy Potter e os vocais de Earl Coleman e Ann Baker.

No final de 1947 inicia-se a colaboração de Art Blakey com Thelonius Monk, que proporcionou uma série de registros fonográficos de alta qualidade pela “Blue Note”: em 15 de outubro Idrees Sulieman/trumpete, Danny Quebec West/sax.alto, Billy Smith/sax.tenor, Thelonious Monk/ piano, Gene Ramey/baixo e Art Blakey/bateria gravam em New York “Evonce” e “Suburban Eyes”.

Em trio e na data de 24 de outubro novamente em New York é a vez do trio Monk / Ramey / Blakey registrar “Nice Work If You Can Get It”, “Ruby, My Dear”, “Well, You Needn’t”, “April In Paris”, “Off Minor” e outros temas.

Também para a “Blue Note” e em quinteto (George Taitt / trumpete, Sahib Shihab / sax.alto, Monk, Blakey e Bob Paige / baixo) novas gravações em 21 de novembro. Na data de 22 de dezembro é um octeto sob a tutela de Monk que volta a gravar para o selo azul e branco, enquanto que em 16 de fevereiro de 1948, agora para o selo “Chazzer”, o quarteto Idrees Sulieman, Monk, Curly Russell e Blakey participa do “Festival Of American Music” e grava mais clássicos: “All The Things You Are” e “Just You, Just Me”.

Aqui assinalamos que o desempenho de Thelonius Monk foi um estímulo adequado para Art Blakey; mesmo tocando apenas em estúdios, os encontros desses dois marcam de forma indelével a cena do Jazz, já que o discurso com fraseado anguloso e acordes atonais de Monk exigia atenção concentrada de seus acompanhantes; Art Blakey conseguia mover-se sem esforço para acompanhar as idéias de Monk, com um “beat” claro e preciso marcando perfeitamente o ritmo de base. É importante assinalar que além dessa parceria musical, Art Blakey tinha por Thelonius

Monk uma profunda admiração e os dois eram realmente amigos. Entre essas datas de 1947 Blakey grava para quintetos comandados por “Fats” Navarro e por Dexter Gordon.

PRIMEIRA GRAVAÇÃO COMO LÍDER - NOVO NOME

A data de 22 de dezembro de 1947 marca o primeiro registro de Art Blakey como líder, reunindo Kenny Dorham / trumpete, Howard Bowe / trombone, Sahib Shihab / sax.alto, Orland Wright / sax.tenor, Ernest Thompson / sax.barítono, Walter Bishop Jr. / piano, LaVerne Barker / baixo e Art Blakey / bateria. Nos estúdios “WOR” de New York e para o selo “Blue Note” são registradas as faixas “The Thin Man”, “The Bop

(5)

REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO E (†) LUIZ CARLOS ANTUNES EDIÇÃO Nº 104 – JANEIRO/2015 PÁGINA 4 DE 7 Entre 1948 e 1949 Art Blakey passa a prática totalidade de sua vida na África (Nigéria e Gana), dedicando-se ao estudo da filosofia e da religião árabes, ainda que não deixasse de atentar para as polirritmias autóctones locais. No retorno a New York assume o nome de “Abdullah Ibn Buhaina”, inclusive vestindo-se habitualmente com o “dashiki” e com certeza em atenção à então assumida nova fé religiosa, mas também e muito possivelmente para fugir da violência empregada contra os negros; muitos outros músicos seguiram seu exemplo, aderindo aos novos cânones e adotando nomes correspondentes aos mesmos (William Evans = Yousef Lateef, Edmund Gregory = Sahib Shihab, Leonard Graham = Idrees Sulieman e outros).

Essa estadia na África aponta alguns intervalos de idas a New York, onde Art Blakey grava com James Moody (outubro de 1948 e tendo Gil Fuller como arranjador), com Big John Greer (abril e junho de 1949) e com a banda de Gil Fuller (também em junho de 1949).

CAMINHANDO PROFISSIONALMENTE

Os anos de 1950 e de 1951 marcam uma sucessão de atuações com todos os expoentes musicais da época jazzística.

Em fevereiro de 1950 com o quarteto de Sonny Stitt, com o quinteto de Dick Hyman e com o sexteto de Miles Davis. Em abril desse ano novamente com Sonny Stitt, em maio e no “Birdland” com Charlie Parker, em junho e no mesmo local com Miles Davis, em dezembro outra vez com Parker e com Sonny Stitt.

Durante 1951 em janeiro é com Dizzy Gillespie e Dinah Washington no “Birdland” que Art Blakey se apresenta, seguindo-se apresentações e gravações com Sonny Stitt e Gene Amons (janeiro), Dizzy Gillespie (fevereiro e abril), Illinois Jacquet, Miles Davis, Thelonius Monk, Zoot Sims, Bennie Green e Sonny Rollins, somente citando os líderes das formações.

Em 1952 Art Blakey grava pela primera vez com Horace Silver em trio (Gene Ramey no baixo), talvez prenunciando a formação posterior dos “Messsengers”. Apresenta-se e grava com Buddy DeFranco, Zoot Sims, em sexteto com Annie Ross no vocal, Thelonius Monk e Lou Donaldson.

Durante 1952 e 1953 Art Blakey ligou-se ao combo de Buddy DeFranco, o que se por um lado garantiu-lhe a sobrevivência econômica, por outra parte significou a concessão a uma música que nada tinha a ver com seu estilo. Em 1953 Art Blakey desligou-se dessa colaboração com Buddy DeFranco e voltou a gravar para a Blue Note onde, pela primeira vez, registrou na data de 23 de novembro seu longo solo no tema “Nothing But The Soul”, em companhia de Horace Silver / piano, Percy Heath / baixo e "Sabu" Martinez / bongô e conga.

Os anos seguintes de 1953, 1954 e 1955, seguiram para Art Blakey com inúmeras apresentações e gravações, sempre com músicos de primeira linha, até a formação dos “Jazz Messengers” como está visto mais adiante, em meio a alguns rompimentos e reatamentos entre músicos, até que em 1956 o grupo passa a ser liderado apenas por Art Blakey e assume a marca “Art Blakey Jazz Messengers”. É nesse ano de 1956 que tanto Art Blakey quanto Miles Davis assinam contrato com a Colúmbia, à época um feito significativo em função do porte da multinacional, conservadora e extremamente cuidadosa com seu “plantel”.

1956, 1957 e 1958 apontam o envolvimento de Art Blakey com as drogas, das quais se livrou, mas ainda assim não deixou de apresentar-se e de gravar em inúmeras formações, inclusive em 1957 com seu “Art Blakey Percussion Ensemble” (ou “Orgy In Rhythm”), uma experiência que reuniu Tony Williams mais outros 03 bateristas e 05 percussionistas.

COMEÇAM AS APRESENTAÇÕES NO EXTERIOR

O ano de 1958 assinala também em seu final a primeira temporada de Art Blakey no exterior: Holanda e França (“L’Olympia” e “Club St. Germain”) com o “A.B.J.M.”.

Em 1959 o “A.B.J.M.” participa do “Newport Jazz Festival” e cumpre nova temporada no exterior: Dinamarca, França, Suécia, Alemanha

Em abril de 1960 os bateristas Philly Joe Jones, Elvin Jones, Charlie Persip e Art Blakey apresentam-se em conjunto em New York, reunião que ficou registrada em disco pelos selos “Roulette” e “Vogue”. Nesse mesmo ano outra experiência fascinante é gravada diretamente do “Birdland”: temporada do “A.B.J.M.” com a participação de Buddy Rich.

No ano de 1960 além das apresentações e gravações com o “A.B.J.M.”, Art Blakey grava em quarteto com Bobby Timons, também em quarteto com Wayne Shorter, em quinteto com Lee Morgan, assim como

(6)

em quinteto com Hank Mobley, para encerrar 1960 e iniciar 1961 no exterior: Suécia, Suíça, Japão, Inglaterra, França

Em 1962 e no studio de Rudy Van Gelder nosso retratado grava simultaneamente com “The Afro-Drum Ensemble”, com o quarteto de Grant Green e com o sexteto de Ike Quebec, após, apresenta-se na Alemanha com o “A.B.J.M.”. Encerra 1962 e inicia 1963 com temporadas no “Birdland” em New York. Os anos de 1963 e 1964 são de muitas apresentações mas de poucas gravações de Art Blakey, que ainda assim registra sua presença no disco com os sextetos de Lee Morgan e de Buddy DeFranco, além de gravar com formação sob o comando de Quincy Jones.

Em 1965 o “A.B.J.M.” apresenta-se na Inglaterra e na Alemanha e em 1966 é a vez do “Lighthouse Club” em Hermosa Beach / Califórnia (leia-se “Howard Rumsey”).

Art Blakey segue trabalhando sua música, mas as gravações até 1969 são raras. “STARS OF BOP” E “GIANTS OF JAZZ”

No final desse 1969 uma apresentação em Paris com o “Stars Of Bop” (Dizzy Gillespie, Kai Winding, Sonny Stitt / alto e tenor, Thelonious Monk, Alex Cafa e Al McKibbon), para iniciar 1970 no Japão com o “A.B.J.M.”

Foi o ex-pianista, empresário e promotor de eventos George Wein que idealizou e levou à prática a reunião dos já “veteranos” do “bebop” para uma temporada nacional e internacional. Assim, “Giants Of Jazz” é o grupo com o qual se apresenta Art Blakey em outubro de 1971 em Paris (Dizzy Gillespie, Kai Winding, Sonny Stitt, Thelonious Monk e Al McKibbon), Suíça e Inglaterra.

Esse ano de 1971 é encerrado com gravações para Art Blakey na Inglaterra em trio com Thelonius Monk (Al McKibbon no baixo) e em quinteto com Johnny Griffin na França.

Em 1972 o “A.B.J.M.” apresenta-se no “Radio City Music Hall” durante o “Newport In New York 1972”. No final desse ano o grupo cumpre apresentações na Noruega e na Tunísia.

1973 a 1976 concedem a Art Blakey muitas apresentações mais poucas gravações e, assim mesmo, marca ponto em festivas de Jazz na Iugoslávia e na Itália.

Em 1977 Art Blakey pouco comparece aos estúdios de gravação, em dezembro de 1978 grava na Holanda e em 1979 no Japão e na Itália.

Foi em 1974 que Art Blakey sofreu sério baque financeiro, perdendo todos os seus bens durante incêndio em um hotel canadense, o que quase o levou a desistir de tudo; mas as temporadas no exterior (Europa, Japão e África) ajudaram a reerguer suas finanças e seu ânimo. Entre maio e julho de 1980 com o “A.B.J.M.” Art Blakey apresenta-se na Alemanha, na Holanda (“Northsea Jazz Festival”) e na Suíça (“Montreux Jazz Festival”).

No final de 1980 grava em quinteto com Dexter Gordon, no 1º semestre de 1981 apresenta-se na Suécia e na França, para nova participação no “Aurex Jazz Festival” de Tóquio em setembro desse ano.

Em 1982 é a vez de retornar à Holanda e em 1983 os “Messengers” retornam ao festival “Aurex” em Tóquio, capital oriental que os receberá no ano seguinte no “Nakano Sun Plaza”.

Em 1985 ocorre em New York o “relançamento” do selo “Blue Note” no “Town Hall”, com o magnífico Art Blakey e “All Stars Jazz Messengers” ” gravando no “One Night With Blue Note”. O “A.B.J.M.” cumpre temporada no exterior: Inglaterra e Holanda.

CAMINHANDO PARA O FINAL

A partir daí e mesmo com todo seu natural entusiasmo e dedicação musical, a saúde de Art Blakey não lhe permitia mais tantas apresentações e gravações, suportando ainda assim temporada em 1988 na Itália, Holanda e Alemanha e sua gravação final nos estúdios da “BMG” em New York.

Em 10 e 11 de abril de 1990 o “A.B.J.M.” com Brian Lynch / trumpete, Steve Davis / trombone, Dale Barlow e Javon Jackson / saxes.tenor, Geoff Keezer / piano, Essiet Okon Essiet / baixo e Art Blakey / bateria, registrou para o selo “A&M” as faixas “Here We Go”, “One For All - And All For One”, “Theme

(7)

REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO E (†) LUIZ CARLOS ANTUNES EDIÇÃO Nº 104 – JANEIRO/2015 PÁGINA 6 DE 7 My Youth / It Could Happened To You”, “Green Is Mean”, “I'll Wait And Pray”, “Logarhythms”, “Bunyip”, “Polka Dots And Moonbeams” e “Nica's Tempo”.

O falecimento de Art Blakey poucos meses depois foi apenas uma conseqüência esperada de tantas décadas de esforço, que nos legou extensa obra de arte.

Com toda a razão a figura desse baterista é cultuada como músico e como líder de um dos mais permanentes e atuantes grupos de Jazz.

O “HARD BOP”

Art Blakey em conjunto com o pianista Horace Silver (que incorporou ao “bebop” elementos do “rhythm & blues” e do “gospel”) foram os grandes responsáveis iniciais pelo novo vigor dado ao “bebop”, reagindo ao Jazz “cool” da West Coast, cujas suavidade e sonoridade dominavam a década de 50 do século passado. Na realidade o que fizeram foi tomar os princípios harmônicos do “bebop” de 10 (dez) anos antes e temperá-los com o “blues” ( o “rhythm & blues”) e o “gospel”, expondo as vertentes do Jazz oriundas da África: foi um enriquecimento do “bebop”, com aspereza sim, mas sem perda da vitalidade e norteado claramente pela perfeição técnica e instrumental. Essa, mais que criação, evolução, é muito bem sintetizada por Luiz Orlando Carneiro em seu livro “Obras Primas do Jazz” (Jorge Zahar Editor, 1986, 178 páginas). O novo vigor, a nova temática e o novo filão criados com o “hard bop” possibilitaram a ampliação dos horizontes do Jazz, permitindo a sucessão de tantos e tantos novos talentos musicais, em especial pelo “combo” dos “Jazz Messengers”, levando o grupo desde sua criação até a penúltima década do século passado à categoria de constituir-se num dos mais importantes da história do Jazz.

A CRIAÇÃO DOS “JAZZ MESSENGERS”

Mesmo tendo os “Jazz Messengers” como data “oficial” de criação a gravação de 06 de fevereiro de 1955 sob o título “Horace Silver And The Jazz Messengers”, tomada no estúdio do perfeccionista Rudy Van Gelder (à época ainda em Hackensack / New Jersey), formando com Kenny Dorham, Hank Mobley, Horace Silver, Doug Watkins e Art Blakey (“Hippy”, “The Whom It May Concern”, “Hankerin’” e “The Preacher” foram as faixas), anteriormente e em 22/dezembro/1947 e pela primeira vez Art Blakey gravou utilizando o título de “Messengers”. O octeto com o trumpete de Kenny Dorham, as palhetas de Sahib Shihab (alto), Orland Wright (tenor) e Ernest Thompson (barítono), o piano de Walter Bishop Jr., LaVerne Barker no contrabaixo e Art Blakey na bateria, em New York e nos estúdios WOR, gravou 04(quatro) faixas mais 01(uma) “alternate”, que foram editadas pelos selos “New Sounds” e “Blue Note”: “The Thin Man”, “The Bop Alley” (mais “alternate take”), “Groove Street” e “Musa’s Vision”. Ainda em 31/outubro/1953, diretamente do “Birdland” e sob o título de “Horace Silver And The Jazz Messengers”, o quinteto com Kenny Dorham, Lou Donaldson, Horace Silver, Gene Ramey e Art Blakey, teve 05 faixas registradas e lançadas pelos selos “Session Disc” e “Royal Jazz”, a saber: “An Oscar For Oscar”, “If I Love Again”, “Split Kick”, “Get Happy” e “Lullaby Of Birdland”.

Em 21 de fevereiro de 1954 no “Birdland” (New York) e durante 05(cinco) entradas iniciadas à noite e prolongadas por toda a madrugada, o quinteto formado por Clifford Brown / trumpete, Lou Donaldson / sax.alto, Horace Silver / piano, Curly Russell / baixo e Art Blakey / bateria, lançou as bases definitivas para as gravações do “hard bop”, destacando a absoluta empatia da “cozinha” com os solistas e as interpretações magistrais do excepcional Clifford Brown. Tendo como apresentador a figura (e, claro, o “charuto”) de Pee Wee Marquette, a “Blue Note” gravou “Wee Dot”, “Now's The Time”, “Quicksilver”, “Confirmation”, “Once A While”, “Mayreh”, “Our Delight” (essa tomada foi gravada mas deletada na edição), “If I Had You”, “Split Kick”, “Lou's Blues”, “Wee Dot”, “A Night In Tunisia”, “Blues improvisado”, “The Way You Look Tonight” e “Lullaby Of Birdland”

Ainda mais e em 13 de novembro de 1954, no estúdio de Rudy Van Gelder, o mesmo quinteto de 06 de fevereiro de 1955 (Kenny Dorham, Hank Mobley, Horace Silver, Doug Watkins e Art Blakey), gravou sob o título de “Horace Silver And The Jazz Messengers” 04 faixas lançadas pelo selo “Blue Note”: “Room 608, “Creepin' In”, “Doodlin'” e “Stop Time”.

Assim é lógico tomarmos a primeira metade da década de 50 do século passado como a do surgimento dos “Jazz Messengers”, que a partir de 05 de abril de 1956 passam a ser liderados exclusivamente por Art Blakey, constituindo-se em definitivo no “Art Blakey Jazz Messengers” = A.B.J.M., tanto nas gravações quanto nas apresentações dentro e fora dos U.S.A.

(8)

Na próxima “Revista Mensal do Jazz” nº105, fevereiro/2014, prosseguiremos com o foco na figura do grande baterista ART BLAKEY.

Referências

Documentos relacionados

Contudo, não é possível imaginar que essas formas de pensar e agir, tanto a orientada à Sustentabilidade quanto a tradicional cartesiana, se fomentariam nos indivíduos

Promovido pelo Sindifisco Nacio- nal em parceria com o Mosap (Mo- vimento Nacional de Aposentados e Pensionistas), o Encontro ocorreu no dia 20 de março, data em que também

Para aprofundar a compreensão de como as mulheres empreendedoras do município de Coxixola-PB adquirem sucesso em seus negócios, aplicou-se uma metodologia de

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

2.1. Disposições em matéria de acompanhamento e prestação de informações Especificar a periodicidade e as condições. A presente decisão será aplicada pela Comissão e

Se você vai para o mundo da fantasia e não está consciente de que está lá, você está se alienando da realidade (fugindo da realidade), você não está no aqui e

libras ou pedagogia com especialização e proficiência em libras 40h 3 Imediato 0821FLET03 FLET Curso de Letras - Língua e Literatura Portuguesa. Estudos literários