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Ciberespaço e jornalismo: a participação das fontes no Fórum Cidadão Repórter¹. Brena MAGALHÃES² Jurani CLEMENTINO³. Faculdade do Vale do Ipojuca

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Academic year: 2021

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Ciberespaço e jornalismo: a participação das fontes no Fórum Cidadão Repórter¹

Brena MAGALHÃES² Jurani CLEMENTINO³ Faculdade do Vale do Ipojuca

Resumo

Este trabalho trata da convergência da opinião pública para o ciberespaço e da descentralização da produção da informação jornalística. Nosso objeto de estudo é o Fórum Cidadão Repórter do portal pernambuco.com do Grupo Diario Associados. A mobilidade das fontes no ambiente virtual multiplica as possibilidades de disseminação, interação e interpretação sobre os fatos apresentados pela imprensa. Com as novas tecnologias, as fontes entram em contato direto com a redação e geram uma intervenção social autônoma e imediata. A partir da autonomia dos participantes do fórum, o artigo aborda o fato de que nem tudo que está exposto no ciberespaço pode ser considerado como informação jornalística, e que, a interação estabelecida no ambiente virtual intensifica a vontade do público obter informação.

Palavras-chave

Jornalismo; ciberespaço; cidadão repórter

Introdução

Nem toda informação exposta no ciberespaço é informação jornalística. Nesse espaço de interação contínua e imediata é possível manter uma conexão entre sujeitos que possuem objetivos e identidades múltiplas. O acesso à internet ocorre de forma desterritorializada, ou seja, sem fronteiras ou limitações no espaço-tempo. Isso altera o processo de comunicação de forma significativa, visto que, todos estão virtualmente ligados a todos, de forma não bilateral. Esse envolvimento ultrapassa a relação emissão e recepção calculada por Marshall Mcluhan, através do estudo sobre os meios quentes e frios. Não há limitações, nem censura no processo de interatividade virtual. E esse é um aspecto relevante quando comparamos a teoria dos meios quentes e frios com a utilização das novas tecnologias que avançam com a conexão virtual.

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¹ Trabalho apresentado no GT Comunicação, espaço e cidadania da Jornada de Iniciação Científica em Comunicação, evento componente do XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.

2 Jornalista, recém-formada pela Faculdade do Vale do Ipojuca, email: brenadaniela@yahoo.com.br.

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A internet passa a representar uma série de possibilidades para interação com a mensagem. E a própria internet passa a ser a mensagem.

O ciberespaço do qual falaremos adiante, representa a mobilização virtual-real que se estabelece através da integração das novas tecnologias. Nesse espaço todos tem o direito de se comunicar, de dizer o que pensa da maneira que acha conveniente. Isso resulta na produção de fluxos de informação autônomos sem hierarquização. A informação perde a estrutura hierárquica de emissor e receptor. A construção da comunicação ocorre de forma hipertextual com hipersentidos. E é dentro da descentralização da informação e da produção dessa informação que os papéis sociais estão sendo construídos, seja para reafirmar a cidadania, seja para recriar o perfil de uma nova sociedade ou nova geração da informação. Diante desse cenário de possibilidades, o jornalista tem papel importante na construção da realidade. Esse profissional passa a ser peça fundamental no percurso de mediação entre o que é simplesmente exposto ou é apurado para ser exposto. A internet também apresenta desafios para o comunicador, já que todos podem expor e serem expostos. No mundo virtual é preciso definir a responsabilidade de cada sujeito. E é nos critérios de exposição sobre os fatos que os limites se apresentam. E analisando nosso objeto de estudo foi possível inferir que a redação não conseguiu definir claramente esses critérios diante da participação das fontes no Fórum Cidadão Repórter.

A apuração e verificação dos fatos é o principal critério para se obter uma informação jornalística. Diante disso, o Eu cidadão repórter se diferencia do Eu jornalista.

A maneira como a informação se fragmenta no ciberespaço torna perceptível a necessidade de termos uma “informação construída coletivamente”, e que vá além de suposições sobre os fatos. Nesse novo contexto em que a sociedade contemporânea está envolvida, todos definem quais são e o que representam os fatos. Entretanto, é importante que se diga que o modo como a internet lançou possibilidades para o envio de uma série de mensagens; isso não se configura na produção de informação jornalística, mas na possibilidade de obtê-la de forma descentralizada, já que o cidadão passa a ser envolvido, através de participação e sugestão direta, e a pauta passa a ter visibilidade a partir de uma vontade cidadã, que é a de exibir o que lhe provoca ou o que interfere em sua rotina cotidiana.

Entender a participação das fontes e o trabalho jornalístico dentro deste espaço repleto de conexões cognitivas é o objetivo deste artigo, que tem como objeto de análise

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o conteúdo sugerido pelos participantes do Fórum Cidadão Repórter, durante o ano de estréia, em 2007, no portal Pernambuco.com, do Grupo Diario Associados.

Considerando que o cidadão está apto a produzir informação de todo tipo e sem qualquer critério de apuração, é preciso insistir na verificação dos dados que constam na notícia, ou no que convém denominarmos de lead. E isso se confirma na nossa primeira hipótese de que, a exposição dos fatos adquiriu um espaço jamais imaginado e as conseqüências sobre esses fatos também. Esse espaço representa a desconfiguração de toda uma geração de profissionais que viviam em torno do copidesque ou da reunião de pauta numa sala fechada com editores e secretários de redação. Agora, o conteúdo jornalístico gerado na internet passa a ser sugerido e alterado coletivamente sem restrições, nem censura. É nesse contexto que tentamos refletir como ferramentas tecnológicas de comunicação e para comunicação, como o Fórum Cidadão Repórter pautam a informação jornalística. Nosso estudo demonstra que estamos diante de um hipertexto que exalta a visibilidade da comunidade. O cidadão passa a ter um espaço para reivindicar e denunciar os problemas do lugar em que vive.

Utilizando como método de pesquisa, a análise de conteúdo, a pesquisa documental, quantitativa e bibliográfica, analisamos 53 pautas sugeridas pelo cidadão, e que foram publicadas na internet, bem como na editoria Vida Urbana, do jornal impresso Diario de Pernambuco. As sugestões foram resultado de denúncias e reivindicações postadas por leitores, em sua maioria, da Região Metropolitana de Recife, Estado de Pernambuco. O Fórum Cidadão Repórter é utilizado como meio de convergência opinativa entre jornalista, cidadão e órgão público.

A Internet e o ciberespaço

Para entender a mobilização dos grupos sociais na internet, é importante mencionar os passos que essa ferramenta percorreu. A velocidade e a dinâmica nas transformações da produção e disseminação da informação começam a dar seus primeiros passos nos anos 40. E é a infraestrutura e a vontade de saber que prevalece nesse processo de transição em que jovens americanos se envolvem para desenvolver o que conhecemos por internet hoje.

Os primeiros computadores (calculadoras programáveis capazes de armazenar os programas) surgiram na Inglaterra e nos Estados Unidos

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em 1945. Por muito tempo reservados aos militares para cálculos científicos, seu uso civil disseminou-se durante os anos 60. Já nessa época era previsível que o desempenho do hardware aumentaria constantemente. Mas que haveria um movimento geral de virtualização da informação e da comunicação, afetando profundamente os dados elementares da vida social, ninguém, com a exceção de alguns visionários, poderia prever naquele momento. Os computadores ainda eram grandes máquinas de calcular, frágeis, isoladas em salas refrigeradas, que cientistas em uniformes brancos alimentavam com cartões perfurados e que de tempos em tempos cuspiam listagens ilegíveis. A informática servia aos cálculos científicos, às estatísticas dos Estados e das grandes empresas ou a tarefas pesadas de gerenciamento (folhas de pagamento etc.). (LÉVY, 1999, p.31)

É neste momento que surge o suporte técnico do ciberespaço. E apesar de não analisar a influência das novas tecnologias apenas do ponto de vista técnico, Pierre Lèvy demonstra que é preciso entender as tendências contemporâneas que acompanham o movimento cultural e social na rede de computadores.

A palavra “ciberespaço” foi inventada em 1984 por William Gibson em seu romance de ficição científica Neuromante. No livro, esse termo designa o universo das redes digitais, descrito como campo de batalha entre as multinacionais, palco de conflitos mundiais, nova fronteira econômica e cultural. [...] Eu defino o ciberespaço como o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores. [...] (LÉVY, 1999, p. 92)

Participação social

Com o intenso número de ataques terroristas e tragédias ambientais, a sociedade começa a expor informação de forma ainda mais rápida, demonstrando a vontade de expor e de saber. Um marco de interação social ocorreu durante o ataque terrorista aos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001. As pessoas que viram o momento do ataque, em Nova York, começaram a postar vídeos e mensagens sobre o atentado. A tragédia do tsunami também foi tema de vários vídeos postados no youtube. Diante disso, as sugestões de pauta surgem de forma descentralizada, ocasionando uma aproximação imediata entre redação e opinião pública.

Muitas vezes, é a redação que utiliza a informação do cinegrafista amador ou a declaração postada num blog, sem apuração sobre os fatos, porque as novas tecnologias definiram um novo perfil para a informação que a sociedade está consumindo hoje.

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Ninguém precisa mais esperar pelo jornal impresso na porta de casa pela manhã, para saber qual é o assunto do dia. Refletir sobre estas questões nos faz ir em busca dos fluxos opinativos que preenchem o ciberespaço, e que resultam nessa opinião real e virtualizada do “Eu repórter”. A mudança está no fluxo de informação que é produzido e na participação de quem o produz, porque diferentemente do jornal impresso, da tv e rádio, a internet possibilita a inclusão do público de forma hipertextual e contínua. Jornalista e cidadão passam a ser envolvidos por uma comunicação híbrida que inclui várias modalidades perceptivas.

A Web introduziu aos jornalistas novas formas de escrever. Em um

chat de discussão do Poynter Institute, da Flórida (Estados Unidos),

Jonathan Dube, editor e publisher do Instituto Americano de Imprensa, fez sugestões sobre como escrever textos on-line. A primeira delas foi conhecer o público e manter o foco nas necessidades e hábitos dos leitores. Segundo o jornalista, estudos de usabilidade da Internet mostram que os internautas tendem a apenas passar pelos sites, muito mais do que lê-los assiduamente. Diversas pesquisas apontam ainda que o público on-line tende a ser mais ativo do que o de veículos impressos e mesmo do que um espectador de TV, optando por buscar mais informações em vez de aceitar passivamente o que é apresentado. É importante também, de acordo com Dube, pensar em quais são os objetivos de seu público. (FERRARI, 2008, p. 47)

O Fórum

Em abril de 2007, o Fórum Cidadão Repórter foi lançado pela redação do portal Pernambuco.com, do Grupo Diario Associados. A proposta era promover a cidadania e a interatividade entre os internautas e leitores do jornal impresso Diario de Pernambuco. Com o preenchimento da ficha de cadastro, e aceito o contrato de acordo para utilização do serviço, o cidadão começa a assumir o status de Cidadão Repórter. A interatividade ocorre de acordo com o número de postagens, sugestões e comentários publicados sem censura entre os participantes cadastrados. Alguns usuários possuem nomes fictícios, outros, usam a verdadeira identidade.

Os temas estão relacionados aos problemas e necessidades da comunidade. O comunitário entra em pauta. O internauta, autor da postagem, tem autonomia para publicar denúncias, reivindicações e sugerir pautas para todos os meios de comunicação que fazem parte do Grupo Diario Associados. Seja Rádio Clube, TV Clube, jornal impresso Diario de PE e portal pernambuco.com.

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A descentralização sobre a produção da informação mobiliza cidadão e jornalista em torno de um interesse público. E a interatividade vai além da emissão e recepção de mensagem.

O termo “interatividade” em geral ressalta a participação ativa do beneficiário de uma transação de informação. De fato, seria trivial mostrar que um receptor de informação, a menos que esteja morto, nunca é passivo. Mesmo sentado em frente de uma televisão sem controle remoto, o destinatário decodifica, interpreta, participa, mobiliza seu sistema nervoso de muitas maneiras, e sempre de forma diferente de seu vizinho. (LÉVY, 1999, p. 79)

Ao passo em que o jornalista tem o papel social de informar, o cidadão tem o direito de ser bem informado. E acompanhar as necessidades do público para atender o interesse coletivo é um desafio para os profissionais da comunicação social que legitimam a informação jornalística. Tendo como base o Fórum Cidadão Repórter, nossa hipótese aponta para a afirmativa de que nem toda informação pode ser considerada como jornalística. E é a autonomia dos sujeitos no ciberespaço que reafirma a necessidade de uma hierarquização social que torne válida a circulação de informação dentro do ambiente desterritorializado, que é esse espaço ocupado pelo Cidadão Repórter no fórum. A construção da realidade deve ir além da suposição e especulação sobre os fatos. Cada sujeito deve ser encarado como integrante, mas suas impressões não devem simplesmente ganhar o status de jornalismo.

Isso vem para mostrar que há muitas variáveis nas impressões de cada homem do mundo invisível. Os pontos de contato variam, as expectativas estereotipadas variam, o interesse considerado varia na forma mais sutil de todas. As impressões vivas de um grande número de pessoas são em infinita medida pessoais em cada uma delas, e extremamente complexas nas massas. Como então há qualquer relação prática estabelecida entre o que está na cabeça das pessoas e o que está fora, além de seu horizonte, no ambiente? Como na linguagem da teoria democrática um grande número de pessoas, que sentem tão privadamente sobre figura tão abstrata, desenvolve qualquer desejo comum? Como uma ideia simples e constante emerge deste complexo de variáveis? Como aquelas coisas conhecidas como o desejo do povo, ou o propósito nacional, ou opinião pública cristalizam-se a partir destas imagens casuais e tão passageiras? (LIPPMANN, 2008, p.177)

A participação das fontes no Fórum Cidadão Repórter modifica profundamente o modo como o lead ou fato principal será construído, redigido e publicado. Não basta

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apenas valorizar o aspecto singular da notícia a partir da circunstância de tempo, lugar, modo, causa e finalidade. A apuração jornalística deve ir além das proposições dispostas no lead, porque o hipertexto impulsiona a interpretação e co-relação com uma série de fatores que podem estar envolvidos nos fatos. Quando a informação é exposta em causa própria e sem critério de apuração, tendo em vista, o anonimato, a publicação pode trazer conseqüências devastadoras sem risco de ter alguém responsabilizado. No caso do jornalista, há um Código de Ética que precisa ser obedecido e que define que o profissional deve trabalhar com a verdade sobre os fatos, que por sua vez, surgem através da investigação. Temos, portanto, a impressão jornalística que se contrapõe à impressão cidadã no ciberespaço. E um fator agravante é quando o público e o privado se confundem numa proposta lançada pelos próprios jornalistas.

Entre as sugestões de pauta que analisamos está o caso de um suposto desaparecimento. Um cidadão que se identifica como ex-chefe de uma moça que desapareceu, publica a mensagem sobre o fato. A postagem repercute entre os internautas e na página do Orkut da suposta desaparecida. Ao perceber que estava exposta na internet, a moça reaparece e revela que havia conhecido um rapaz pela internet e queria manter o relacionamento amoroso longe da família e do ex-marido. Com o desfecho do fato, a equipe da redação do portal Pernambuco.com remete ao Fórum Cidadão Repórter, o sucesso e a conclusão de mais um caso. Entretanto, é preciso atentar para a utilização da ferramenta na medida em que foge à comunicação e interfere no ambiente privado do cidadão.

(...) ao se buscar o campo específico da comunicação, não se pode prescindir destas definições referentes ao público e ao privado. A partir de análises é possível explicitar noções a respeito daquilo que a sociedade não pode ter subtraída de si. Assim o debate chega ao campo da comunicação pública ou, como preferimos, do interesse público (MELLO, 2007, p. 30).

O ciberespaço é um canal de diálogo interativo e contínuo. Entretanto, a dinâmica no processo de utilização dessa ferramenta inclui cidadãos com questões objetivas e subjetivas. Nesse sentido, o fórum como espaço de discussão e exposição deve ser conduzido a partir do fluxo opinativo e entendido como tal, para que daí possa surgir pautas para o trabalho jornalístico.

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Em abril de 2007, ano em que o Fórum Cidadão Repórter foi lançado pela redação, foram registradas no tópico matérias publicadas postagens com 17 denúncias, 13 com exemplos de cidadania, cinco foram dedicadas ao fórum; mencionando o sucesso da ferramenta entre os internautas; e ao problema de transporte público na Região Metropolitana de Recife foram mais cinco postagens. Segurança, saúde, violência e educação foram mencionadas em duas postagens para cada tópico. Justiça, meio ambiente, lixo, política e economia foram mencionados uma vez para cada tópico. A seleção da informação para publicação é realizada pela redação e a postagem é reproduzida tal como foi postada, sem verificação ou apuração dos fatos.

Vimos que o maior número de postagens que acabaram sendo publicadas se referem ao tópico denúncia. E por ser uma abordagem sobre o fato, que gera impacto na opinião pública, a denúncia ganha destaque nas matérias publicadas e selecionadas pela redação.

É importante afirmar que os temas que tiveram um número menor de publicação no ano de estréia do fórum não são os assuntos menos comentados, são resultado da seleção realizada pela redação. E nosso objetivo ao analisar essa seleção em torno das postagens, é observar como se dá a relação entre informação postada pelo cidadão e informação jornalística. Diante disso, partimos para nossa segunda hipótese. Com o fórum, o jornalista deixa de lado o processo de apuração e se distancia do fato, transferindo a responsabilidade sobre a publicação para o autor da postagem.

Contudo, as matérias publicadas a partir de sugestões do cidadão repórter ocorrem através da informação postada no próprio fórum. A verificação dos fatos, muitas vezes, se restringe à ligação telefônica ou à interpretação sobre os fatos publicados. Isso representa a descentralização do processo de produção da informação, o que modifica profundamente a percepção do jornalista.

Com a descentralização da redação ocorre uma inversão no fluxo de notícias, antes muito dependente das fontes organizadas. O próprio jornalista necessita rastrear nas redes os dados antes de redigir a matéria solicitada ou mesmo quando apura a veracidade dos conteúdos das matérias enviadas pelos colaboradores. O alargamento do conceito de fontes coloca na ordem do dia a reflexão sobre as conseqüências para o jornalismo da incorporação dos usuários no circuito de produção de conteúdo. (MACHADO, 2003, p. 35).

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Conclusão

A pesquisa não tem a pretensão de responder ou levantar todos os questionamentos que se multiplicam diante do avanço das novas tecnologias, mas tenta problematizar a autonomia dos usuários no ciberespaço e a repercussão disso sobre a produção da informação jornalística.

Este trabalho mantém o argumento inicial de que nem tudo que está exposto no ciberespaço pode ser considerado informação jornalística, visto que, todo fluxo de informação é dependente de uma série de modalidades perceptivas do cidadão. É preciso admitir que o ciberespaço e o próprio Fórum Cidadão Repórter são ferramentas que permitem a troca e exposição de informação sem censura e de forma dialógica. Mas ao publicar essa informação para ocupar o espaço numa editoria de jornal ou em qualquer outro veículo de comunicação, a informação precisa passar pelo processo de apuração e verificação, para que o fluxo opinativo não se confunda com o jornalístico.

Um aspecto que chama atenção é que o internauta tem a oportunidade de expor de maneira peculiar o que afeta o dia a dia da comunidade. A postagem ganha o tom de denúncia, aspecto que influencia a seleção da notícia na redação. Incentivar a cidadania, através da interatividade é o objetivo trilhado pela redação do portal Pernambuco.com, administradora do fórum. E é sob essa interatividade que o jornalista precisa rastrear e monitorar a vontade de expor e de saber do cidadão repórter, para que os fatos não tenham conseqüências devastadoras no cotidiano, ferindo os limites do público e privado na sociedade contemporânea.

Referências bibliográficas

FERRARI, Pollyana. Jornalismo Digital. São Paulo: Contexto, 2008 LAGE, Nilson. Linguagem jornalística. São Paulo: Ática, 2001 LÉVY,Pierre. O que é virtual?. São Paulo: 34, 2007

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: 34, 2000

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. O futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed.34, ano 1993.

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LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: Record, 2005

LIPPMANN, Walter. Opinião Pública, São Paulo: Vozes, 2008

MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensão do homem (understanding

media). São Paulo: Cultrix, 2007

MACHADO, Elias. O ciberespaço como fonte para os jornalistas. Salvador: Calandra, 2003 MELO, José Marques de. História do pensamento comunicacional. São Paulo: Paulus, 2003 MELLO, Ricardo. Comunicação de Interesse Público. A escuta popular na comunicação

Referências

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