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Suplementação na terminação eleva produtividade e lucro

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Academic year: 2021

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Suplementação na terminação

eleva produtividade e lucro

Fornecendo ração de

alto consumo na fase final

de engorda e investindo

em adubação, fazenda

rondoniense aumenta

produção de arrobas em 59%.

FOTOS: FERNANDO Y ASSU

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s

n

Fernando Yassu yassu@revistadbo.com.br

N

a safra 2013/2014, a Fazenda Minuano I, que se dedica à re-cria e à engorda no município de Cacoal, RO, registrou ganho de peso médio de 614 gramas por cabe-ça por dia a pasto. Foi a melhor marca entre as 146 fazendas que fazem parte do portfólio da Terra Desenvolvimento Agropecuário, de Maringá, PR, que con-seguiram em média, 346 gramas.

Não foi só o clima regional privilegia-do que ajuprivilegia-dou no desempenho privilegia-do gaprivilegia-do (o Estado de Rondônia registra precipitação pluviométrica anual entre 1.500 e 1.800 mm, o período seco dura apenas três me-ses do ano e, mesmo na entressafra, se re-gistram chuvas casionais e a temperatura raramente chega a 18º C, limite para que os capins tropicais parem de crescer).

O manejo rotacionado bem feito, com a observação rigorosa da altura do capim à entrada e à saída do gado do pi-quete e a correção da fertilidade do solo, ajudou muito, mas a suplementação de alto consumo a pasto na fase final da en-gorda foi fundamental na melhora no desempenho do gado.

Nas palavras dos proprietários da Fa-zenda Minuano I, o casal Denyse e Mar-co Antônio Azevedo, ela arquiteta e ele médico, a suplementação de terminação foi a cereja do bolo no sistema de recria e engorda da propriedade, que, antes do uso dessa técnica, já apresentava uma boa produtividade, com média de 412 gramas por cabeça por dia.

O benefício não ficou restrito aos 60 dias da engorda, com a aceleração do ga-nho de peso e da antecipação do abate. Ela também alavancou a produtividade geral da propriedade. Na taxa de desfru-te, o ganho foi de 39%, na produção por hectare o avanço foi de 59% e em cabe-ças vendidas o aumento alcançou 97%.

Na safra 2011/2012, quando for-neciam apenas sal proteinado de baixo consumo na terminação do gado, a Fa-zenda Minuano I registrou taxa de des-frute de 51%, produziu 9,63 arrobas por ha/ano e vendeu 537 animais. Na safra 2013/2014, quando suplementou todo gado na terminação, a taxa de desfrute pulou para 73%, a produção saltou para 15,35@/ha e a venda de animais alcan-çou 1.026 machos.

Como lembra o casal, não foi preciso investir na integração com a agricultu-ra paagricultu-ra intensificar a produção. Não que eles fossem contra, mas, dizem, o inves-timento na integração exigiria grande imobilização de capital em maquinários para plantar e colher os grãos e para ar-mazenar a produção.

Não é só: lembram também que agricultura é uma atividade de alto

ris-co, especialmente para quem, como eles, não tinham experiência com la-vouras. “Não quisemos correr risco, fa-zendo experiência numa seara desco-nhecida”, diz o médico.

TesTe – A experiência com a

suple-mentação começou na safra 2012/2013 e, com bom resultado, o casal resolveu estender a técnica na última temporada a todos os machos que atingiam 420 kg de peso vivo, fornecendo uma ração es-pecial até terminar o gado, normalmente com peso vivo final entre 490 e 500 kg.

Balanceada pela Vitasal, de Ji-Para-ná, RO, a ração tem, além dos macro e microelementos minerais, 16% de prote-ína bruta e 70% de energia expressa em NDT (Nutrientes Digestíveis Totais).

Além dos nutrientes e energia, a ra-ção é preparada com ingredientes que ajudam a melhorar o aproveitamento da forrageira, como ureia e ureia protegida, e aditivos, como monensina e virginia-micina, que, reduzindo a produção de metano no processo de fermentação no rúmen, melhoram o aproveitamento da energia da dieta.

O trato durou em média 60 dias, com o fornecimento de 1% (4 kg/dia) a 2% do peso vivo (8 kg), respectivamente na safra e na entressafra. A técnica acelerou o ganho de peso na fase final de engorda de 448 gramas para a faixa entre 1.200 (águas) e 1.400 gramas (seca) por cabe-ça/dia e ajudou a antecipar a terminação dos animais em até três meses, com re-dução da idade de abate de 25/30 me-ses para a faixa de 22/27 meme-ses. Na úl-tima safra, 80% dos animais da Fazenda Minuano tinham no máximo dois dentes

Suplementação não exigiu grandes investimentos em instalações

Fazenda em números

Nome: Condomínio Minuano (Fazendas Minuano I e Minuano II)

Localização: Cacoal, RO Área de pasto: 1.870 ha Rebanho total: 4.207 cabeças Bois vendidos: 1.026 Bezerros desmamados: 1.102

RO

Porto Velho Cacoal

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definitivos, segundo o médico.

A suplementação trouxe outro ganho para a propriedade. Ela facilitou o ajuste da carga animal dos pastos, com a reti-rada contínua dos garrotes que atingiam 420 kg dos módulos de recria e dos bois gordos, com peso entre 490 e 500 kg vivo, dos módulos de terminação.

Assim, apesar do salto na produtivi-dade geral, a carga animal cresceu pou-co: em cabeças, subiu 37% e em quilos, a alta foi de 9,4%.

CoNfiNameNTo – Em termos de

inves-timento, a opção pela suplementação

como estratégia de manejo do pasto foi melhor do que a do confinamento, se-gundo Marco Antônio. “Se optasse pelo confinamento, teria que investir em ins-talações, fábrica de ração, maquinários

para distribuir os alimentos no cocho e para o plantar, colher e armazenar o vo-lumoso”, observa.

Para suplementar a pasto, o médi-co investiu apenas em médi-cochos simples feitos de tambor de plástico cortado ao meio e fixado em suportes de madeira, o que, em termos de capital, foi quase nada. Os cochos foram instalados próxi-mos dos saleiros e dos bebedouros, que, ainda, são naturais. “Além do alto inves-timento, o confinamento, em Rondônia, não é funcional por causa do clima: nos-so problema é que chove, com intensida-de maior ou menor, nos nove meses do ano”, justifica.

Sem confinamento, além de pou-par capital em instalações e em maqui-nários, o médico não precisou contratar funcionários. Contando a proprieda-de que se proprieda-dedica à atividaproprieda-de proprieda-de cria, o médico continuou com quatro pessoas, o que dá uma média de um funcionário para 1.052 cabeças na safra 2013/2014. O peso da mão de obra não passou de 5,7% dos custos totais.

CusTo aLTo – A conta da

suplementa-ção foi salgada, ficando entre R$ 3 (nas águas) e R$ 6 (na seca) por dia e, respec-tivamente, R$ 180 e R$ 360 por cabeça em 60 dias de trato. Na última safra, a Fazenda Minuano I gastou R$ 470.000 apenas com sal mineral proteinado e ra-ção para suplementar o rebanho de 1.439 bovinos em recria e engorda.

Foi de longe o item de maior peso no desembolso, que inclui custeio e inves-timento, da propriedade. Sozinha, a nu-trição representou 57,3% do total de R$ 820 mil gastos com o rebanho na tem-porada 2013/2014 e fez com que a pro-priedade tivesse o maior desembolso en-tre as 146 fazendas que têm consultoria

Trato começa no aleitamento, com fornecimento de ração em creep feeding.

Evolução dos indicadorEs zootécnicos E Econômicos da FazEnda minuano i, Em cacoal, ro.

safra 2011/2012 (*) 2013/2014 (**) Evolução rebanho em recria e engorda 1.050 1.439 37,04%

Ganho de peso por dia/média/ano 412 gramas 614 gramas 49,02%

lotação média em cabeças 1,5 2,06 37,33%

carga animal 1,28 UA/ha 1,4 9,37%

Produção de arroba por ha 9,63 15,35 59,40%

Produção total de arrobas 6.741 10.745 59,40%

lucro bruto/ha/ano R$ 307 R$ 519 69,05%

lucro bruto total (***) R$ 215.000 R$ 363.363 69,05%

taxa de desfrute 51,2% 73,2% 43,00%

taxa interna de retorno (tir) 1,38% 1,46% 5,8%

(*) Sal proteinado de baixo consumo na recria e engorda. (**) sal proteinado de baixo consumo na recria e ração de alto consumo. (***) Não leva em conta depreciação, mas inclui investimento. Fonte: Terra Desenvolvimento Agropecuário (Maringá, PR).

indicadorEs Econômicos E zootécnicos da FazEnda minuano ii, cacoal, ro

safra 2011/2012 2013/2014 Evolução

rebanho 2.645 2.768 4,65%

desfrute 34,4% 40% 16,28%

Ganho de peso gramas/dia/média/ano 277 309 11,55%

Produção de arrobas/ha/ano 3,73 8,89 15%

lotação média em cabeças 2,3 2,37 3,04%

carga animal em ua/ha 1,3 (585 kg vivo) 1,63 (734 kg vivo) 25,38%

custo do bezerro à desmama (R$) 652,00 400,00 -38,65%

receita por ha (R$) 287,00 571,50 99,21%

taxa interna de retorno (tir) 1,45%/mês 1,64% 13,10%

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Na recria, os garrotes recebem sal proteinado especial, com consumo de 0,1% a 0,3% do peso vivo do animal.

da Terra, gastando R$ 47,25 por cabeça/ mês ante R$ 37,60, mas o investimento compensou, no dizer dos proprietários.

Segundo eles, gastou-se mais mas ganhou-se mais. Na temporada 2013/2014, a Fazenda Minuano I apre-sentou lucro operacional de R$ 520 por ha/ano, enquanto as 146 clientes da Terra conseguiam média R$ 67,42. De-talhe: não houve diferença significati-va no preço médio de vendas - R$ 110 e R$ 109,

respectiva-mente, por arroba. O resultado eco-nômico veio do ga-nho de escala, com aumento da produ-ção física de arrobas em 59%. O ganho de

escala , por sua vez, levou a um desem-bolso menor por arroba produzida, que ficou em R$ 76,25. Na mesma safra, a média das 146 fazendas que fazem par-te do portfólio da Terra ficou em R$ 102,44.

Além do ganho de escala, a Fazenda Minuano I economizou com o encurta-mento do ciclo de produção em três me-ses em média. Como desembolsou R$

47,46 por cabeça por mês, a antecipação do abate em três meses gerou uma eco-nomia de R$ 142 por boi terminado, pa-gando, assim, parte da suplementação.

A suplementação também melhorou o rendimento de carcaça, que passou de 52 para 54%. Na média, foi de 17,16 arrobas por cabeça para 17,86. O ganho foi de 0,7 arroba por cabeça. Em dinheiro, R$ 77 por cabeça, com a arroba vendida a R$ 110. “Contando apenas a economia

decorren-te da andecorren-tecipação do abate e da melhora no rendimento de carca-ça, ganhamos R$ 220 por cabeça”, contabi-liza o médico.

TRaTo – O trato do

gado começa quando o animal chega à propriedade, após a desmama. Melhor dizendo, começa já na fase de cria, que é feita em outra propriedade do casal, a Fazenda Minuano II, que também fica no município de Cacoal.

A justificativa para o trato desde quan-do o animal começa a ruminar é aprovei-tar as fases em que ele apresenta a melhor conversão. Ou seja, quando ganham mais

Rebanho em recria

aumentou 37%, mas

venda de bois, 97%.

Tripé tecnológico _ adubação, observação da altura do capim à entrada e à saída do piquete e suplementação _ garante alta produvidade a pasto.

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peso com menor aporte nutricional. Recebendo apenas 200 gramas de ra-ção em creep feeding, os bezerros ma-chos, por exemplo, ganharam, em mé-dia, no período de aleitamento de oito meses, 730 gramas por dia e, do nasci-mento à desmama, 175 kg, desmamando com 210 kg.

Na recria, a conversão alimentar também é bem melhor do que na ter-minação Nesta fase, os garrotes, para depositar 0,64 grama de proteína (2,8 gramas de músculo), precisam receber 3,5 kcal de energia, segundo o profes-sor Dante Pazzanese Lanna, do

Depar-tamento de Zootecnia da Esalq/USP, citado no artigo “Engano do Ganho Compensatório”, de Flávio Dutra de Rezende e Gustavo Rezende Siquei-ra, publicado na edição de DBO de dezembro último. Para depositar 0,64 grama de lipídio (0,7 grama de tecido de gordura) na fase final de termina-ção, o animal precisa receber um apor-te de 6 kcal de energia, segundo o mes-mo professor.

Na ponta do lápis, para depositar quatro vezes a mais de tecido muscu-lar, um animal em recria precisa receber apenas 58% de energia do que um em

Em parceria com empresas, a Fazenda Minuano I está testando vários tipos de adubo.

Adubação estratégica

Na Fazenda Minuano I, o médico

Mar-co Antônio Azevedo tem três elementos essenciais para o desenvolvimento do capim: sol, calor e chuva em pelo menos nove meses do ano. No caso da proprie-dade, a qualidade do solo entretanto deixa a desejar - mas não é nenhum de-sastre. “É um solo arenoso que exige a correção de sua fertilidade”, observa.

Como adubo chega muito caro em Rondônia e o Estado contava apenas com uma pequena mina de calcário, o médico sempre foi comedido nos gas-tos para a correção do solo. “Por causa dos custos da correção do solo, é pre-ciso planejar a produção de capim de forma cirúrgica. Não podemos deixar faltar capim, mas, também, não pode-mos deixar sobrar”, explica. “Se sobra, desperdiço o adubo. Se falta, o gado passa fome”, observa.

Com a suplementação na termi-nação, Marco Antônio introduziu uma novidade, que, ao mesmo tempo, eco-nomiza com insumos e não deixa fal-tar comida para o gado. É a adubação tópica em cobertura em um ou mais piquetes nos módulos de manejo, que têm em média oito subdivisões.

Como lembra o produtor, a adu-bação tópica em cobertura, com uma fonte nitrogenada, exige que o solo do módulo de manejo não apresente acidez ou carência de macroelemen-tos, como fósforo ou potássio. “Não adianta fazer adubação em cobertura se o solo tiver deficiência em outros nutrientes. A resposta será baixa”, ob-serva.

Por essa razão, a Fazenda Minu-ano, também, investe na correção da fertilidade do solo, repondo eventuais

carências de algum nutriente. Não é aleatória essa correção da fertilidade do solo. A reposição é feita com base no resultado da análise do solo, que é feita anualmente.

Independente da análise do solo, o médico monitora sinais que indicam carência de nutrientes (folhas amare-lecidas, por exemplo) ou de início da degradação do pasto, como o avanço das invasoras ou de cupim de montí-culo. “Não deixamos que o pasto se degrade”, diz Marco Antônio.

Com a correção de reposição e adubação tópica, a Fazenda Minuano I gastou R$ 130 mil com calcário e ferti-lizantes, média de R$ 185 por ha, mas, de outro lado, aumentou a carga ani-mal em 9% (de 1,28 UA/ha/ano ou 576 kg para 1,4 ou 630) e 37% em cabeça (de 1,5 para 2,06).

terminação para depositar um quarto de tecido de gordura.

Assim, em vez de oferecer apenas sal mineral comum, Marco Antônio re-solveu fornecer na recria um sal protei-nado especial, que tem 35% de proteí-na bruta mais aditivos (ureia protegida, cromo, leveduras e salinomicina), com consumo de 0,1% do peso vivo, no iní-cio, e 0,3%, na fase final da recria. Na safra 2013/2014, os animais em recria ganharam até 650 gramas por cabeça por dia, mas a média ficou em 500. A duração da recria variou em média de 12 a 17 meses.

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Cria lucrativa

Apesar do excelente resultado na ativi-dade de recria e engorda, foi na cria que o casal Denyse e Marco Antônio Azeve-do conseguiu o maior ganho econômico. Na safra 2013/2014, o lucro operacional - que não leva em conta depreciação e nem remuneração de capital terra - bateu em R$ 571 ha, R$ 52 a mais do que na ativi-dade de recria e engorda.

O lucro não foi em decorrência do es-touro do preço dos bezerros. Contabil-mente, a Fazenda Minuano II, que faz a cria, “recebeu” da Fazenda Minuano I , que faz a recria e engorda, um ágio de 10% sobre a arroba do boi, o que, na safra 2013/2014, deu média de R$ 121 por ar-roba. No mercado, o sobrepreço chegou a superar 32% na mesma safra.

O bom resultado econômico na ati-vidade de cria veio da boa qualidade do solo, que, até agora, tem dispensado até a necessidade de adubação para a repo-sição de nutrientes. Enquanto a Minua-no I gastou, na safra 2013/2014, R$ 130 mil com calcário e adubo, a Minuano II não teve nenhum dispêndio com o pas-to, a não ser com as cercas. Mesmo sem adubação, conseguiu trabalhar com uma carga animal de 730 kg de peso médio ano (1,63 UA/ha).

Além do solo de qualidade, a estraté-gia de mandar os bezerros para a Minua-no I assim que desmamam e a

suplemen-tação das vacas de descarte _ por idade, por infertilidade, por problemas de tipo ou por falta de habilidade materna (abandona ou desmama bezerro mito leve) - enquanto estão aleitando suas crias ajuda na gestão da carga animal ao longo do ano.

Com essas duas estratégias, a Fazen-da Minuano II chega no período seco sem os bezerros e sem as fêmeas de descarte, que, com a suplementação enquanto alei-tam as crias, já estão praticamente pron-tas para o abate poucos dias após a des-mama, aliviando, assim, os pastos antes do período de menor oferta forrageira.

Mesmo fornecendo ração no creep

feeding para os bezerros e suplementan-to as vacas de descarte, o gassuplementan-to com nu-trição _ sal mineral, proteinado e ração - ficou em R$ 133 mil na safra 2013/2014 para um rebanho de 2.768 cabeças, das quais 1.542 fêmeas em serviço de repro-dução (vacas, primíparas e novilhas), 3,5 vezes a menos do que despendeu a Minuano I, com 1.439 animais.

Sem ter que investir em adubação de pastos, a Minuano II gastou apenas R$ 400 por bezerro desmamado na estação de monta 2013/2014.

Contando as fêmeas de descarte e os bezerros, o custo da arroba produzida

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Cada funcionário do Condomínio Minuano cuida de 1.052 cabeças

Pecuarista por acaso

A “gestação” do médico Marco

Antô-nio Azevedo e da arquiteta Denyse como pecuaristas começou de uma brincadeira entre os dois quando ainda estudavam no Rio de Janeiro nos anos 80 e eram na-morados. “Um sonho?”, perguntou Mar-co Antônio para Denyse. “Uma fazendi-nha com 100 vaquifazendi-nhas”, respondeu ela. Detalhe: nem o médico e nem a arquiteta têm raiz no campo e nem nasceram num Estado com tradição agrícola. Ele nasceu no Espírito Santo e ela, no Rio de Janeiro.

Marco Antônio foi parar em Cacoal e Denyse o seguiu, mas não foi a brinca-deira que os levou para Rondônia. “Fo-mos atrás de trabalho, influenciados pela história de migração de capixabas para o Estado após uma forte crise do café”, diz o médico. “Rondônia virou produtor de café por causa dessa migração”, lembra.

O sonho de Denyse se materializou em 1989, com a compra de 100 ha e das primeiras 100 vacas em Cacoal, o em-brião do projeto de pecuária de corte do casal. Em 25 anos, a área de terra se mul-tiplicou por 25 e o rebanho por 40. “A pe-cuária de corte deixou de ser um hobby e virou um negócio sério”, diz o médico. “Ela nos deu uma renda mensal de R$ 86 mil em 2014”, observa Marco Antônio.

Sócio do maior hospital privado de Cacoal e um dos maiores de Rondônia, Marco Antônio virou um estudioso da pe-cuária de corte. Foi ele quem subdividiu os piquetes para a implantação do pastejo rotacionado e planejou os currais anties-tresse, um dos primeiros em Rondônia.

Foi dele, também, a ideia da aduba-ção em cobertura de um ou mais pique-tes dos módulos de manejo para que não faltasse e nem sobrasse comida para o gado e ainda racionalizando o uso de fertilizante nitrogenado. Atualmente, ele tenta provar que a morte do braquiarão está relacionada com alta relação do magnésio com manganês.

Não foi só a técnica que provoca o seu interesse pela pecuária. Para ele, antes da técnica, vem a gestão. Foi por essa razão que contratou a Terra Desen-volvimento Agropecuário, de Maringá, PR. “Não tomo decisão no escuro. O meu guia são os dados zootécnicos e econômicos que a Terra me fornece e o seu benchmarking diz aonde estou para melhorar”, observa.

Marco Antônio diz que aprende a fa-zer a pecuária porque é aberto às mu-danças. Suas duas fazendas viraram campo experimental para empresas

tes-tar os produtos. Por exemplo, a Vitasal desenvolve um novo produto a partir da demanda do médico, como o novo sal proteinado para as fêmeas em repro-dução. “Ele faz parte de um grupo de 30 pecuaristas que têm a liberdade de sugerir para que desenvolvamos novos produtos e também um dos primeiros a testar”, diz Hugo Santana, da Vitasal.

Atualmente, o Condomínio Minuano faz experimento com adubação de pas-tagens com três empresas: a Vitalis com adubo organo-mineral, a Fertipar com super N protegido e a Heringer com MAP com liberação lenta de fósforo. O zootec-nista Daniel de Paula, também, resolveu usar as fazendas do médico como um campo da experimental para validação de pesquisas agropecuárias da Universidade Federal do Mato Grosso, onde é professor.

Marco Antônio e Denyse, ladeados pelo gerente Fidelis Herculano

(esq.) e Hugo Santana, da Vitasal: brincadeira que virou negócio sério.

cou em R$ 52,26. Como vendeu os bezer-ros para a Fazenda Minuano I e as fême-as de descarte para os frigoríficos por um preço médio de R$ 116,58, a Minuano II registrou lucro por arroba produzida de R$ 64,27, com margem sobre venda de 55%.

meLhoRaR - Apesar do ótimo resultado

econômico, Marco Antônio Azevedo não está satisfeito com os indicadores zootéc-nicos. “Taxa de 71,5% de desmama não é boa”, aponta ele. Foi o que obteve na esta-ção de monta de 2013/2014, com IATF com sêmen Angus e repasse com touros Nelore. Com um plantel de 1.542 fêmeas, entre va-cas, novilhas e primíparas, produziu apenas 1.127 bezerros e desmamou 1.102.

A baixa taxa de desmama na estação de monta 2013/2014 foi puxada pelo mau desempenho das primíparas e das novi-lhas, que apresentaram taxas de fertilida-de fertilida-de, respectivamente, 62,1% e 74,9%. Nem a média das vacas, de 82,6%, agra-dou o médico.

Foi por essa razão que ele resolveu mu-dar a alimentação das fêmeas, que, até a úl-tima safra, recebiam sal mineral com ureia protegida. Na estação de monta 2014/2015, elas passaram a receber um sal

proteina-do adensaproteina-do de baixo consumo, com ureia protegida, cromo, leveduras e monensina.

O resultado apareceu no diagnós-tico de prenhez da estação de monta 2014/2015: a taxa de fertilidade das novi-lhas alcançou 91,4% e das vacas 91,3%. Mas, a taxa das primíparas, ainda, patina: a média ficou em apenas 54,6%, abaixo, portanto, da safra anterior, mas, pondera o médico, o número de fêmeas dessa ca-tegoria aumentou de 198 para 447 entre as duas estações.

Esse é o grande desafio para o médico alcançar taxa geral de desmama de pelo menos 80%. “O problema das primípa-ras é que elas precisam receber aporte nutricional para mantença, para cresci-mento e para a gestação e depois para aleitar as crias”, diz Marco Antônio, que pretende ter, no futuro, 2.000 fêmeas em reprodução, com produção de pelo me-nos 1.600 bezerros. n

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