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Análise crítica de métodos para dimensionamento de

reservatórios de água pluvial: estudo comparativo dos municípios

de Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e Rio Branco (AC)

Ana Paula de Godoy Lopes

Graduada em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Izabela Hendrix (CEUNIH), anapauladegodoy@hotmail.com

Daniel Pinto da Silva Júnior

Graduada em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Izabela Hendrix (CEUNIH), danielsilvaengcivil@gmail.com

Daniel Augusto de Miranda

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Docente do Centro Universitário

Izabela Hendrix (CEUNIH), daniel.miranda1@izabelahendrix.edu.br DOI: http://dx.doi.org/10.15601/2359-5302/ptr.v1n2p219-238 Resumo

O objetivo deste artigo consiste em comparar os resultados dos diversos métodos para dimensionamento de reservatório de água pluvial sugeridos na norma brasileira NBR 15527/2007 e o programa computacional Netuno. Foram calculados os volumes de reservatório para residências em três cidades no Brasil, Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e Rio Branco (AC), escolhidas por apresentarem características pluviométricas distintas. Observou-se que alguns métodos não são adequados para algumas condições de precipitação, pois resultam sempre no mesmo volume de reservatório, independentemente da demanda de água pluvial ou do regime pluviométrico local, podendo levar à instalação de reservatórios sub ou superdimensionados. Portanto, os métodos que consideram as características de demanda, média de precipitação e área de coleta tendem a apresentar como resultados valores mais adequados às condições do local de sua instalação.

Palavras-chave: Aproveitamento de água pluvial; dimensionamento de reservatório de água pluvial; comparação entre métodos de dimensionamento de água pluvial.

1 Introdução

Atualmente, a escassez da água é um problema enfrentado em diversos locais do mundo. Segundo a Organização das Nações Unidas do Brasil (2014), 780 milhões de pessoas não têm acesso à água limpa e quase 2,5 bilhões não têm acesso a saneamento adequado. Embora a

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água seja um recurso renovável, ela tende a se deteriorar em função do seu uso indiscriminado, o que compromete a quantidade de água com qualidade disponível para consumo em diversas localidades (FIORI, 2005).

É em razão deste panorama que cresce a necessidade de encontrar meios e formas de preservar a água potável, buscando novas tecnologias e reavaliando os modos de uso da água pela população. A utilização de novas técnicas para o uso racional da água é uma alternativa que pode suprir a demanda da população em relação ao uso de água para fins não potáveis. Pesquisas feitas no Japão mostram que, com o uso da água reciclada para fins não potáveis, conseguiu-se reduzir o consumo de 30% da água potável (TOMAZ, 2003).

De maneira geral, a água destinada ao abastecimento humano pode ter dois fins distintos: usos potáveis e usos não potáveis. Parte da água que abastece uma residência é utilizada para higiene pessoal, consumo e preparação de alimentos, sendo estes usos designados como potáveis. A outra parcela da mesma água que chega às residências é destinada aos usos não potáveis (GONÇALVES, 2009).

Nesse sentido, por meio de um sistema de captação da água da chuva, é possível reduzir o consumo da água potável. A água pluvial coletada pode ser utilizada em torneiras de jardins, lavagem de roupas, de automóveis e de calçadas, e vasos sanitários dentre outros (CONSUMO SUSTENTÁVEL, 2005).

A maior parte da hidrosfera do planeta é composta por água que está nos oceanos (água salgada), o que representa 97,50%, ou seja, água imprópria para o consumo humano, a não ser que seja realizado um processo de dessalinização, o que requer um investimento muito alto. Logo em seguida, 2,493% encontram-se em regiões polares ou subterrâneas de difícil aproveitamento. Somente 0,007% da água disponível são próprias para o consumo humano, e está em rios, lagos e pântanos (água doce). Apenas 8% deste 0,007% de água doce são destinados ao uso individual (clubes, residências, hospitais, escritórios, outros) (MOLINARI, 2010).

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da população brasileira, reúne 68,5% da água doce do país. O Nordeste, com 29% da população, tem apenas 3,3% da água doce. No Sudeste, a situação é ainda pior: 42,61% da população e menos de 6% da água doce de superfície. O Sul, por sua vez, possui 14,91% da população e 6,5% da água doce. Já a região Centro-Oeste possui 6,85% da população e 15,7% de água doce (PORTAL BRASIL, 2010).

Há, portanto, um desequilíbrio entre a oferta e a demanda. Observa-se, também que a região Sudeste possui maior população e o problema é acentuado pela poluição dos rios, em consequência da atividade industrial, utilização dos insumos agrícolas, poluentes, despejos urbanos e baixos índices pluviométricos. Por isso, racionalizar o uso da água torna-se um dos elementos essenciais diante deste cenário de escassez de recursos hídricos (SILVA, 2012).

E o dimensionamento da capacidade do reservatório para armazenamento de água pluvial é um dos pontos críticos na implantação do sistema, pois geralmente é um dos itens mais caros, impactando significativamente o tempo de retorno do investimento. É também o principal fator a influenciar na confiabilidade do sistema, ou seja, desempenha um papel importante em evitar ocorrências em que a quantidade de água no reservatório é insuficiente para atender à demanda (RUPP; MUNARIM; GHISI, 2011).

A composição da água de chuva varia de acordo com a localização geográfica do ponto de amostragem, com as condições meteorológicas, como por exemplo, intensidade, duração e tipo de chuva, estação do ano, com a presença ou não de vegetação e também com a presença de carga poluidora (TOMAZ, 2003).

A chuva em um ambiente não poluído é, naturalmente, levemente ácida - enquanto a água pura tem um pH 7,0, o pH da chuva natural é cerca de 5,7. Esta acidez normal é o resultado da dissolução do dióxido de carbono da atmosfera em gotículas de água nas nuvens formando ácido carbônico fraco (H20 + CO2 = H2CO3). Em regiões poluídas, pode-se chegar a valores

como 3,5, quando há o fenômeno da “chuva ácida” (TAVARES JÚNIOR, 2015).

Segundo Tomaz (2003), a qualidade da água de chuva pode ser encarada em quatro etapas: na primeira etapa, é a qualidade da água da chuva antes de atingir o solo; na segunda etapa, é a

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qualidade da água de chuva depois de se precipitar sobre o telhado; a terceira etapa é quando a água de chuva fica armazenada em um reservatório; na quarta etapa, a água chega ao ponto de consumo, como por exemplo, na bacia sanitária.

No aproveitamento da água de chuva, são usados os telhados como superfícies de captação e, dependendo dos materiais utilizados em sua confecção, a contaminação poderá ser ainda maior. Exemplos de contaminadores são: fezes de passarinhos, pombas, e outros animais, bem como poeiras, folhas de árvores e o próprio revestimento dos telhados. As fezes das aves e possíveis animais podem trazer problemas de contaminação por bactérias e de parasitas gastrointestinais. Por esse motivo, é aconselhável que a água de lavagem dos telhados, isto é a primeira água, seja desprezada e jogada fora. A chuva poderá levar materiais pesados, que estão no ar e que se depositarão no fundo do reservatório, onde geralmente se forma uma pequena cama de lama. Os micro-organismos que vieram do telhado e dos encanamentos se desenvolverão no reservatório, colocando em perigo aqueles que usarem a água de chuva para fins potáveis (TOMAZ, 2003).

Na norma NBR 15527 (ABNT, 2007) são citados alguns parâmetros de qualidade que devem ser respeitados para usos restritivos não potáveis, que estão apresentados na Tabela 1. Na referida Norma, não está citado, de maneira clara, o que são esses usos restritivos não potáveis e tampouco o que são usos menos restritivos, o que pode causar dúvidas à população no momento de sua utilização.

Tabela 1 – Parâmetros de qualidades de água de chuva para usos restritivos não potáveis

Parâmetro Período de Análise Valor

Coliformes Totais Semestral Ausência em 100 mL

Coliformes Termotolerantes Semestral Ausência em 100 mL

Cloro Residual Livre Mensal 0,5 a 3,0 mg/L

Turbidez Mensal <2,0 uT, <5,0 uT para usos menos restritos

Cor Aparente Mensal < 15 uH

Ph Mensal

pH entre 6,0 e 8,0, no caso de tubulações de aço carbono ou galvanizado

Fonte: Adaptado de Norma ABNT (2007).

A Portaria n° 2914/2011 do Ministério da Saúde que estabelece padrões de qualidade para água destinada ao consumo humano e apresenta procedimentos e responsabilidade relativos ao controle e à vigilância da qualidade da água potável (BRASIL, 2011).

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A água é utilizada em todo o mundo para diversas finalidades, como o abastecimento de cidades e usos domésticos, a geração de energia, a irrigação, a navegação e a aquicultura. Na medida em que os países se desenvolvem, crescem principalmente as indústrias e a agricultura, atividades que mais consomem água se comparadas aos outros usos (GOMES, 2011).

No Brasil, a maior demanda por água, como acontece em grande parte dos países, é a agricultura, sobretudo a irrigação, com aproximadamente 70% do total. O uso doméstico responde por 18% da água. Em seguida, está a indústria e, por último, a pecuária. O consumo de água residencial inclui tanto o uso interno quanto o uso externo a residências. Os usos de água internos distribuem-se em atividade de limpeza e higiene, enquanto que os usos externos ocorrem principalmente devido à irrigação, lavagem de veículos, piscinas e jardim, entre outros (GONÇALVES, 2006).

De acordo com Deca (2007)1 citado por Marinoski (2007), pode-se ressaltar que um dos grandes vilões do consumo de água residencial são os aparelhos de vasos sanitários. O que se pode observar é que 44% da utilização da água é para fins de uso não potável. As águas pluviais ainda podem ser usadas em sistemas preventivos contra incêndios em qualquer tipo de edificação. A Tabela 2 apresenta a relação da distribuição do uso de água potável e não potável em uma residência em São Paulo (SP), e destaca-se o uso de 44% de toda agua tratada é usada para fins não potáveis.

Tabela 2 – Distribuição de consumo de água residencial em São Paulo.

Ponto de Consumo Potável (%) Não Potável (%)

Vaso Sanitário - 29

Chuveiro 27 -

Cozinha 16 -

Máquina de Lavar Roupa - 9

Lavatório 5 -

Tanque - 6

Máquina de Lavar Louça 8 -

Total 56 44

Fonte: Deca (2007) citado por MARINOSKI (2007).

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Nas indústrias, a água da chuva pode ser utilizada para lavanderia industrial, lavagem de maquinários, resfriamento evaporativo, climatização interna, abastecimento de caldeiras, lava jatos de veículos e limpeza industrial, entre outros. Na agricultura, pode ser empregada principalmente na irrigação de plantações (MAY, 2004).

Este trabalho tem como objetivo avaliar qual é o método mais adequado para o dimensionamento de reservatório de água pluvial domiciliar não potável, comparando métodos sugeridos na norma NBR 15527 (ABNT, 2007) com o programa computacional Netuno, com intuito de avaliar dentre esses qual o sistema mais eficiente, dadas às condições de utilização. Adicionalmente, pretende-se avaliar a influência do padrão de precipitação em três municípios brasileiros (Belo Horizonte, Recife e Rio Branco) na escolha do método que melhor se ajusta a essas condições para dimensionamento de reservatório de água pluvial. 2 Materiais e métodos

Utilizando-se cada um dos métodos sugeridos na NBR 15527 (ABNT, 2007) e o programa Netuno (Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil), foram calculados os volumes de reservatório para residências em três capitais brasileiras: Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e Rio Branco (AC). Essas cidades foram escolhidas por pertencerem a estados diferentes e por possuírem características distintas em termos de distribuição pluviométrica ao longo do ano.

Baseados nas informações disponibilizadas pela Agência Nacional de Águas (ANA), em seu portal Hidroweb2, coletaram-se dados hidrológicos dos postos pluviométricos indicados na Tabela 3.

Tabela 3 - Lista dos postos pluviométricos selecionados

Código Nome

Sub-bacia Rio Estado Município Responsável Operadora 1943055 BELO HORIZONTE

(HORTO) 41 - MINAS GERAIS

BELO

HORIZONTE INMET INMET 834007 RECIFE (CURADO) 39 - PERNAMBUCO RECIFE INMET INMET

967000 RIO BRANCO 13 - ACRE RIO BRANCO INMET INMET

Fonte: Adaptado de Hidroweb (2015)

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Utilizou-se uma série histórica de precipitação de 44 anos para as três cidades. O período considerado foi de janeiro de 1970 a dezembro de 2014 (Figuras 1, 2, 3 e 4). Após a análise dos dados pluviométricos das regiões estudadas, observou-se que Recife possui a maior média de precipitação e Belo Horizonte a menor (Figura 1).

Figura 1 - Precipitação Média anual de janeiro de 1970 a dezembro de 2014.

Fonte: Adaptado de Hidroweb (2015)

Figura 2 - Precipitação média mensal no município de Belo Horizonte entre janeiro de 1970 e dezembro de 2014

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Figura 3 - Precipitação média mensal no município de Recife entre janeiro de 1970 e dezembro de 2014

Fonte: Adaptado de Hidroweb (2015)

Figura 4 - Precipitação média mensal no município de Rio Branco entre janeiro de 1970 e dezembro de 2014

Fonte: Adaptado de Hidroweb (2015)

Por cada método e para cada município, dimensionaram-se os reservatórios de água pluvial considerando-se as seguintes premissas: [1] Área de captação de 150 m²; [2] Segundo a

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Fundação Procon – SP, a demanda de água potável per capita é de 180 litros/pessoa/dia. Considerando-se uma residência com quatro moradores, o consumo estimado de água seria de 22 m³ mensais; [3] porcentagem de substituição de água potável por pluvial de 40%, estimado com base na Tabela 2, referente ao consumo de água não potável.

Método de Rippl

Segundo Tomaz (2003), no método de Rippl utilizam-se séries históricas de precipitações, as mais longas possíveis, transformadas em vazões que alimentam o reservatório. O mesmo autor aponta que, de forma a facilitar o cálculo, é comum se formularem séries sintéticas, ou seja, elaboradas a partir de uma série histórica de precipitação, que pode ser em base diária ou mensal. O dimensionamento é feito utilizando séries históricas de precipitação tanto em base diária quanto mensal.

S(t) = D(t) – Q(t) (eq. 1) Q(t) = C x P x A (eq. 2) Onde:

• S(t) é o volume de água pluvial no reservatório no tempo t (L); • D(t) é a demanda ou consumo de água pluvial no tempo t (L); • Q(t) é o volume de água pluvial no tempo t (L);

• C é o coeficiente de escoamento superficial (adotado como 0,80, segundo recomendações da NBR 15527 (ABNT, 2007));

• P é a precipitação média no tempo t (mm); e • A é a área de captação em projeção no terreno (m²). Método da Simulação

Para um determinado mês, aplica-se a equação da continuidade a um reservatório finito: S (t) = Q (t) + S (t-1) – D (t) (eq. 3)

Q (t) = C x precipitação da chuva (t) x área de captação (eq. 4) Sendo que: 0 ≤ S (t) ≤ V

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Onde:

• S (t) é o volume de água no reservatório no tempo t; • S (t-1) é o volume de água no reservatório no tempo t – 1; • Q (t) é o volume de chuva no tempo t;

• D (t) é o consumo ou demanda no tempo t; • V é o volume do reservatório fixado;

• C é o coeficiente de escoamento superficial. Método Azevedo Neto

Para o dimensionamento do reservatório de água pluvial pelo método do Professor Azevedo Neto, segundo a NBR 15527 (ABNT, 2007), deve-se utilizar a Equação 5.

V = 0,042 x P x A x T (eq. 5) Onde:

• P é a precipitação média anual, em milímetros; • T é o número de meses de pouca chuva ou seca; • A é a área de coleta, em metros quadrados;

• V é o volume de água aproveitável e o volume de água do reservatório, em litros Método Prático Alemão

Trata-se de um método empírico onde se toma o menor valor do volume do reservatório; 6 % do volume anual de consumo ou 6 % do volume anual de precipitação aproveitável.

Vadotado = mínimo de (volume anual precipitado aproveitável e volume anual de consumo) x

0,06 (6 %) onde:

• V é o valor numérico do volume aproveitável de água de chuva anual, expresso em litros (L);

• D é o valor numérico da demanda anual da água não potável, expresso em litros (L); • Vadotado é o valor numérico do volume de água do reservatório, expresso em litros (L).

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Método Prático Inglês

Para o dimensionamento do reservatório de água pluvial pelo método Prático Inglês, segundo a NBR 15527 (ABNT, 2007), deve-se utilizar a Equação 6.

V = 0,05 x P x A (eq. 6) Onde:

• V é o volume de água pluvial, ou o volume do reservatório de água pluvial • P é a precipitação média anual (mm); e

• A é a área de captação em projeção no terreno (m2). Método Prático Australiano

O cálculo do volume do reservatório é realizado por tentativas, até que sejam utilizados valores otimizados de confiança e volume do reservatório. Segundo a NBR 15527 (ABNT, 2007), deve-se utilizar a Equação 7.

Vt = Vt-1 + Qt – Dt (eq. 7) Onde:

• Qt é o volume mensal produzido pela chuva no mês t;

• Vt é o volume de água que está no tanque no fim do mês t, em metros cúbicos; • Vt-1 é o volume de água que está no tanque no início do mês t, em metros cúbicos; • Dt é a demanda mensal, em metros cúbicos;

O volume de chuva é obtido pela seguinte equação:

Q= A x C x (P – I) (eq. 8) Onde:

• C é o coeficiente de escoamento superficial, geralmente 0,80; • P é a precipitação média mensal, em milímetros;

• I é a interceptação da água que molha as superfícies e perdas por evaporação, geralmente 2 mm;

• A é a área de coleta, em metros quadrados;

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Dimensionamento do reservatório de água pluvial utilizando-se o programa Netuno O Netuno, versão 4.0, consiste em um programa computacional desenvolvido no LabEEE/UFSC (GHISI; CORDOVA, 2014), que tem por objetivo determinar o potencial de economia de água potável em função da capacidade do reservatório, através do aproveitamento de água pluvial para usos em que a água não precisa ser potável. O programa permite que se façam simulações do potencial de economia de água potável tanto para um volume de reservatório quanto para diversos volumes, ao mesmo tempo.

De acordo com Ghisi e Cordova (2014), a metodologia do programa baseia-se no histórico comportamental já conhecida. Os dados de precipitação devem ser fornecidos em uma base diária, as simulações são calculadas de acordo com esses dados.

3 Resultados e discussão

São apresentados a seguir os resultados dos dimensionamentos dos reservatórios de água pluvial, calculados pelos diferentes métodos apresentados na norma NBR 15527 (ABNT, 2007) e no programa computacional Netuno (Tabelas 4, 5 e 6).

Tabela 4 - Volume do reservatório calculado pelos diferentes métodos para o município de Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e Rio Branco (AC)

Métodos Volume Reservatório (L)

Belo Horizonte Recife Rio Branco

RIPPL 31.000,00 7.400,00 11.800,00 SIMULAÇÃO 31.000,00 7.000,00 12.000,00 AZEVEDO NETO 58.500,00 59.000,00 50.000,00 PRÁTICO ALEMÃO 6.300,00 6.300,00 6.300,00 PRÁTICO INGLES 12.000,00 17.000,00 1.500,00 PRÁTICO AUSTRALIANO 8.000,00 5.000,00 5.000,00 NETUNO 8.000,00 4.500,00 5.500,00 Fonte: Autores (2015).

De maneira geral, constata-se que os diversos métodos de dimensionamento apresentam grande dispersão nos resultados, tendo em vista o cálculo para os três municípios analisados.

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A dispersão de resultados constatada acima pode ser justificada pela diferença conceitual dos métodos, cujas formulações foram apresentadas em Materiais e Métodos. Enquanto que alguns desses métodos de dimensionamento levam em conta a distribuição pluviométrica média mensal e a demanda de utilização de água pluvial, tais como o Método de Rippl e o da Simulação, outros são mais simplistas, como é o caso dos Métodos Práticos Alemão e Inglês, os quais consideram unicamente a área de captação e a média anual de precipitação.

O método de Rippl baseia-se no dimensionamento do reservatório de água pluvial pela máxima diferença acumulada entre o volume e a demanda de água pluvial. Observou-se que os volumes dos reservatórios aumentaram à medida que os déficits foram sendo acumulados. De acordo com o Gráfico 5, em Belo Horizonte, houve o superdimensionamento do reservatório, tornando-o inviável economicamente.

Gráfico 5 - Volume estimado do reservatório pelo Método de Rippl

Fonte: Autores (2015).

O método da Simulação resulta num valor do reservatório de água pluvial baseado no fator pluviométrico, observando-se os meses que em que houve déficit de chuva e resultando em tamanhos ideais para armazenamento da água de chuvas para os meses em que há pouca chuva. Observa-se, conforme o Gráfico 6, que em Belo Horizonte, onde há um maior período de estiagem de chuva, o volume do reservatório é maior para compensar esses meses. E em Recife, onde o volume de precipitação mensal é regular durante todo o ano, o tamanho reservatório é menor.

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Gráfico 6 - Volume estimado do reservatório pelo Método da Simulação

Fonte: Autores (2015).

Pelo método Azevedo Neto, houve superdimensionamento comparando-o com os outros métodos do volume do reservatório para todos os casos, conforme ilustrado no Gráfico 7. Este método relaciona a capacidade de armazenamento do reservatório com a quantidade de meses com seca ou pouca chuva, uma variável não utilizada pelos demais métodos indicados na norma NBR 15527 (ABNT, 2007).

Gráfico 7 - Volume estimado do reservatório pelo Método Azevedo Neto

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O Método Prático Alemão considera apenas os valores de água pluvial anual ou a da demanda anual de água pluvial, desconsiderando a área de captação. Deste modo, o volume do reservatório será o menor resultado entre 6% do volume anual de consumo ou 6 % do volume de precipitação. Por se tratar de uma metodologia empírica, o mesmo não se preocupa com a eficiência do sistema. Em todas as cidades a demanda foi menor que a precipitação anual. Portanto, não houve variação do dimensionamento do reservatório de acordo com o Gráfico 8. Gráfico 8 - Volume estimado do reservatório pelo Método Prático Alemão

Fonte: Autores (2015).

O método Prático Inglês é um dos mais simples a ser aplicado, sendo necessários apenas os valores de precipitação anual e da área de captação. Portanto, observou-se que quanto maior for a precipitação no município (Figura 1), maior será o volume do reservatório, desconsiderando a demanda da residência. De acordo com o Gráfico 9, foi o método que resultou os menores volumes para o reservatório.

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Gráfico 9 - Volume estimado do reservatório pelo Método Prático Inglês

Fonte: Autores (2015).

O método prático Australiano utiliza uma análise entre a chuva total do mês, relacionado com a demanda também mensal para resultar o volume do reservatório. Portanto, observa-se que seu resultado diferencia-se dos métodos práticos por obter valores mais criteriosos. Foram realizadas tentativas para obter o volume do reservatório ideal numa combinação entre consumo, área de coleta e percentual de atendimento, conforme o Gráfico 10.

Gráfico 10 - Volume estimado do reservatório pelo Método Prático Australiano

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O programa computacional Netuno leva em consideração o potencial de economia de água potável. Os volumes de reservatório aumentam com a demanda de água pluvial até ser definido o volume ideal. Deste modo, seus resultados para as três cidades foram regulares, pois conforme o Gráfico 11.

Gráfico 11 - Volume estimado do reservatório pelo Programa Netuno

Fonte: Autores (2015).

4 Conclusão

A partir das simulações efetuadas e revisão bibliográfica, conclui-se que, quando comparados os volumes de reservatório dimensionados em cada método com o melhor volume em termos do potencial de economia de água potável, constatou-se que os métodos Prático Australiano e o programa Netuno resultaram em valores semelhantes por possuírem as mesmas características de cálculo como demanda, média de precipitação e área de coleta. O Método da Simulação também leva em consideração todas essas características, porém este possui um diferencial que é o fator pluviométrico para compensar os meses que há pouca chuva.

Quanto aos Métodos Práticos Alemão e Inglês, apesar de sua simplicidade quanto aos cálculos, os mesmos aparentam não serem adequados para as variações pluviométricas apresentadas nos 3 municípios avaliados no presente trabalho. Recomenda-se que ambos

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sejam mais bem avaliados para utilização no pré-dimensionamento de reservatórios de água pluvial em regiões que apresentem condições pluviométricas similares àquelas a partir dos quais os mesmos foram concebidos, ou seja, em regiões de clima temperado, como é o caso da Alemanha e da Inglaterra.

Por fim, ressalta-se que cabe ao projetista decidir sobre a melhor opção, frente às particularidades de cada caso no que tange à existência de fontes alternativas, tipo de consumo, características pluviométricas, entre outras.

Agradecimentos

A verdadeira gratidão tem maior sentido quando se encontra a realização. Por isto, agradecemos imensamente a todos que contribuíram para a realização desta pesquisa, em especial ao professor Daniel Miranda pela orientação, auxílio e incentivo. À nossa família e amigos, que tanto nos apoiaram e acreditaram no nosso sucesso em mais esta etapa. E, sobretudo, a Deus.

Critical analysis of methods for sizing of rainwater reservoirs:

a comparative study of the cities of Belo Horizonte (MG), Recife (PE)

and Rio Branco (AC)

Abstract

The purpose of this article consists in comparing the results of different methods for the design of a rainwater tank suggested by the Brazilian Standard NBR 15527 and by using the software Netuno. The reservoir volumes were calculated considering the same type of residence in three cities in Brazil, Belo Horizonte (MG), Recife (PE) and Rio Branco (AC), chosen because they have distinct characteristics in terms of precipitation. It was observed that some methods are not suitable for some conditions of precipitation, they always result in the same reservoir volume, regardless of rain water demand or local rainfall conditions what can lead to the installation of undersized or oversized reservoirs. Therefore, those methods that consider the demand characteristics, average precipitation and catchment area tend to present as a result more appropriate values to local conditions of rainwater tank installation.

Keywords: Rainwater Harvesting; rainwater reservoir sizing; comparing rainwater design

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Referências

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Referências

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