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DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DO IFPB 2013 ISSN

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Academic year: 2021

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D I V U L G A Ç Ã O C I E N T Í F I C A E T E C N O L Ó G I C A D O I F P B | 2 0 1 3

23

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Ano 16, n. 23 (dez. 2013) - João Pessoa: IFPB, 2013. 118 p. : il. 210 x 290 cm Quadrimestral ISSN 1517-0306 1. Educação tecnológica - Paraíba. I. Divulgação científica e tecnológica do IFPB CDU 378.6(05)(813.3)

Os trabalhos publicados nesta revista são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não representam, necessariamente, o ponoto de vista do Conselho Editorial e/ou da Instituição.

É permitida a reprodução parcial dos artigos desta revista, desde que citada a fonte.

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PREsIDENTE MEMBROs REVIsOREs REfEREE REVIsÃO ORTOgRáfIcA PROJETO gRáfIcO E DIAgRAMAÇÃO JORNALIsTA REsPONsáVEL DOcuMENTAÇÃO cONTATO Nelma Mirian Chagas de Araújo Aleksandro Guedes de Lima Arilde Franco Alves

Kennedy Flávio Meira de Lucena Ridelson Farias de Sousa Severino Cesarino da Nóbrega Neto Aleksandro Guedes de Lima Alfrêdo Gomes Neto Ana Carolina de Araújo Abihay Carlos Danilo Miranda Régis Claudia Coutinho Nóbrega Dwight Rodrigues Soares

Iana Daya Cavalcante Facundo Passos Francisco de Assis Fernandes Nobre Francisco Fechine Borges José Arthur Alves Dias Marta Maria Maurício Macena Nelma Mirian Chagas de Araújo Sabiniano Rodrigues de Araújo Severino Cesarino da Nóbrega Neto Valnyr Vasconcelos Lira

Nelma Mirian Chagas de Araújo Tamires Ramalho de Sousa

Adino Saraiva Bandeira

Filipe Francelino de Souza (DRT-PB 1051) Beatriz Alves de Sousa Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnológica da Paraíba Conselho Editorial - Pró-Reitoria de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação Avenida Dr. João da Mata, 256 - Jaguaribe - 58.015-020 - João Pessoa - PB Fone: (83) 9184-4721 - E-mail: revistaprincipia@ifpb.edu.br Homepage: www.ifpb.edu.br/revistaprincipia

cONsELHO EDITORIAL pro tempore

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artigo faz uma discussão sobre a matemática

e as dificuldades de educandos do 4º ano do

Ensino Fundamental no processo de resolução

de problemas de multiplicação, enquanto o

décimo primeiro artigo relata a estratégia de

uso de recursos técnicos em uma Empresa

Júnior (EJ) na área de Ciência da Computação,

como instrumento para ensino e aprendizagem

de Engenharia de Software Aplicada. Por fim,

o décimo segundo artigo apresenta o sistema

OurGrid como ferramenta útil para realização de

simulações científicas, para alavancar a pesquisa

no IFPB.

Os artigos apresentados são oriundos

de pesquisas de pós-graduação e de iniciação

científica, desenvolvidas por pesquisadores do

IFPB e de outras instituições de ensino superior.

Todos os artigos abordam temas relevantes,

apresentando, inclusive, aplicações práticas,

configurando-se como fonte de consulta nas suas

respectivas áreas de conhecimento.

Agradecemos aos autores pela submissão

dos artigos, e aos avaliadores internos e externos

pela colaboração no processo avaliativo. A todos,

os nossos sinceros agradecimentos.

Por fim, esperamos que os leitores

tenham uma prazerosa e profícua leitura, ao

tempo em que renovamos o convite para

submissão de artigos a este periódico.

A vigésima terceira edição da Revista

Principia, periódico institucional do IFPB, é

composta por doze artigos de distintas áreas do

conhecimento.

O primeiro artigo analisa a incidência

e prevalência de infecção puerperal em um

hospital maternidade de referência do município

de Juazeiro do Norte-CE. O segundo faz uma

análise histórica da educação física do IFPB nas

décadas de 1980 e 1990

.

Já o terceiro artigo

apresenta um diagnóstico do gerenciamento dos

resíduos gerados em hospitais de João Pessoa-PB, enquanto o quarto apresenta um Simulador

de Computação Quântica desenvolvido em

linguagem de programação Java.

O quinto artigo apresenta uma análise

sobre a forma de obtenção da profundidade a

partir do cálculo da disparidade em vídeos 3D.

O sexto artigo avalia a rotação nos esquemas

de modulação M-QAM em canais com

desvanecimento Rice. O sétimo artigo faz uma

análise da incorporação do prosaísmo e do humor

na poesia romântica de Álvares de Azevedo,

enquanto o oitavo artigo faz uma abordagem

sobre o ensino de Física, demonstrando não ser

fácil modificar uma concepção preexistente dos

fenômenos físicos experimentados no cotidiano.

O nono artigo discorre sobre o

reaproveitamento do rejeito de caulim, de Junco

do Seridó-PB, na síntese de zeólitas. O décimo

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Estudo da prevalência da infecção puerperal no hospital

maternidade de referencia do municipio de Juazeiro do

Norte - cE

Ana Paula Nascimento de Santana, Cícera Érica Nascimento Santana,

Maria Jeanne de Alencar Tavares ...

Análise histórica da educação física do IfPB: do

conformismo da década de 80 à perspectiva de

mudança da década de 90

Maria Josély de Figueirêdo Gomes ...

Diagnóstico do gerenciamento dos resíduos gerados em

hospitais de João Pessoa – PB

Anna Christina Cavalcante Borges, Arilde Franco Alves, Roméria

Santana da Silva Souza, Viviane dos Santos Sousa ...

computação quântica: uma abordagem simulacional

José Vinícius do Nascimento Silva, Carlos Alex Souza da Silva ...

Obtenção da disparidade e dos mapas de profundidade

em vídeos 3D

Nathália Alves Rocha Batista, Carlos Danilo Miranda Regis ...

Avaliação da rotação nos esquemas de modulação

M-qAM em canais com desvanecimento Rice

Carlos Danilo M. Regis ...

“A minha lavadeira na janela”: a incorporação do

prosaísmo e do humor na poesia romântica

Francilda Araújo Inácio, Girlene Marques Formiga ...

Diálogo sobre as duas grandes ciências: mudanças

conceituais em sala de aula

Juline Alves Marinho de Carvalho, Jacques Cousteau da Silva Borges ....

11

19

26

34

41

50

57

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Marcelo Rodrigues do Nascimento, Alécio Marlon Pereira Diniz, Mateus

Herculano Pereira de Oliveira Araújo ...

Matemática e multiplicação: dificuldades e novos

olhares em torno deste ensino

Maria José da Silva Pires, Nyedja Nara Furtado de Abrantes, Valéria

Maria de Lima Borba ...

simpleWay Process: parceria entre academia e

indústria através de engenharia de software aplicada a

projetos reais

Nadja da Nóbrega Rodrigues, Naylla Vieira de Almeida Estrela ...

utilizando a computação paralela para alavancar a

pesquisa científica no IfPB

Paulo Ditarso Maciel Jr., Thiago Gouveia da Silva, Thomas Ribeiro

Rodrigues ...

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95

87

77

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Estudo da prevalência da infecção puerperal

no hospital maternidade de referência do

município de Juazeiro do Norte - CE

Ana Paula Nascimento de Santana [¹], Cícera Érica Nascimento Santana [2], Maria Jeanne de Alencar Tavares [3]

[1] pa.ulla.santanna@hotmail.com. Faculdade Leão Sampaio. Av. Leão Sampaio, Km 3, Lagoa Seca - Juazeiro do Norte - Ceará - Brasil; [2] ericansantana@hotmail.com. Faculdade Santa Maria, BR 230 S-6 - Cajazeiras – Paraíba - Brasil; [3] jeannealencar@hotmail.com. Faculdade Leão Sampaio.

RESuMo

Infecção puerperal é aquela que se origina no aparelho genital, após parto recente. Com o objetivo de analisar a incidência e prevalência de infecção puerperal, analisou-se 303 prontuários de puérperas atendidas na maternidade durante o ano de 2009, onde 57 correspondiam à infecção puerperal. Elaborou-se um estudo exploratório, documental, retrospectivo. Utilizou-se um roteiro para a coleta de dados e constatou-se um elevado percentual de puérperas na faixa etária entre 16 e 20 anos (28%), sendo 44% primigesta. A via de parto mais prevalente foi a cesariana (60%), sendo que a maioria (53%) ocorreu pelo risco materno-fetal. Internação, a maioria (53%) por 24 horas após o parto, 48 horas (44%) e 72 horas (3%). Após a alta, 16% voltaram a maternidade antes das 24 horas. Diagnósticos: Endomiometrite (36%), infecção do períneo 17%, períneo vulvovaginite-cervicite 3%, infecções da ferida operatória 23% e mastite 21%. Os antibióticos profiláticos utilizados foram: Cefalotina (39%) e Metronidazol (36%), para o tratamento da infecção Cefalotina (53%), Metronidazol (9%) e Cefalexina (38%). Conclui-se que a incidência e prevalência de infecção puerperal devem-se a maior parte devido ao alto índice de partos cesáreos na unidade, os outros fatores podem estar relacionados à assistência, uso de antibióticos e outras causas.

Palavras-chave: Infecção. Puerperal. Maternidade AbSTRACT

Puerperal infection is one that originates in the genital tract after recent delivery . In order to analyze the incidence and prevalence of puerperal infection, we analyzed medical records of 303 postpartum women in maternity during the year 2009, where 57 corresponded to puerperal infection. We developed an exploratory, documentary, retrospective study. We used a script to collect data and we found a high percentage of postpartum women aged between 16 and 20 years (28 %), 44% as primiparous. The most prevalent mode of delivery was cesarean section (60%), with the majority (53%) occurred at maternal- fetal risk. Hospitalization, the majority (53%) for 24 hours after delivery, 48 hours (44 %) and 72 hours (3%). After discharge,16 % returned motherhood before 24 hours. Diagnostics: endomyometritis (36 %), infection of the perineum 17 %, perineum IPV - cervicitis 3%, surgical wound infections 23% and 21 % mastitis. Prophylactic antibiotics were used: Cephalothin (39%) and metronidazole (36%), for the treatment of cephalothin (53%), metronidazole (9%) and cephalexin (38%) infection. We conclude that the incidence and prevalence of puerperal infection are due to largely due to the high rate of cesarean deliveries in the unit, other factors may be related to care, use of antibiotics and other causes.

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1

Introdução

As mulheres que experimentam a maternidade pela primeira vez adquirem uma experiência com base em vivências adquiridas ao longo de sua vida, a maternidade fica marcada por novas emoções, mudanças físicas, alterações no relacionamento in-terpessoal e familiar, exigindo assim a capacidade de adaptação da mulher.

O período puerperal compreende o momento de descanso, pois torna-se estressante, podendo ocasio-nar um desequilíbrio psicológico e fisiológico devido à fadiga, perda de sangue e outros sofrimentos do parto. Portanto, deve ser um período tranqüilo e sem complicações para um bem-estar físico e mental da mãe e sua prole.

Contudo, a adoção de medidas que visem o con-trole de complicações, como a infecção puerperal (IP) ,que é a que gera mais conflito e a mais complicada, devem ser instruídas aos profissionais de saúde que lidam com o parto, a mulher e o bebê. Eles devem estar atentos para a aplicação de técnicas assépticas, como: lavagem correta das mãos, esterilização dos materiais utilizados, entre outros métodos que re-duzam o risco de infecção, assim como os cuidados que devem ser mantidos ao entrar em contato com a paciente nos períodos do trabalho de parto, no nasci-mento e puerpério.

A IP, está entre as principais causas de morte materna peri-natal no mundo, devido ao alto índice de escolha pelo parto cesário, que é um importante fator de risco para a infecção. Dentre os principais determinantes de complicações maternas, estão os citados pelo Ministério da Saúde (MS): oferta insuficiente de profissionais capacitados para atuar na atenção obstétrica e neonatal; reconhecimento restrito da magnitude da questão enquanto proble-ma de Saúde Pública; precárias condições sócio--econômicas da população; baixa escolaridade, 60% das mulheres não concluíram o ensino fundamental (BRASIL, 2001).

Dentro do aspecto saúde, a questão da IP tem representado um desafio na rotina de um serviço de saúde que atende diversidades de populações e de vários níveis sociais. Com isso, estes serviços têm procurado cada vez mais profissionais habilitados e especializados nesta área específica de atendimento, para promoção e recuperação da saúde.

A redução da mortalidade materna e neonatal no Brasil é ainda um desafio para os serviços de

saúde e a sociedade como um todo. As altas taxas encontradas se configuram como uma violação dos direitos humanos de mulheres e crianças e um grave problema de saúde pública, atingindo desigualmente as regiões brasileiras com maior prevalência entre mulheres e crianças das classes sociais com menor ingresso e acesso aos bens sociais (BRASIL, 2008).

No entanto, foi feito um estudo comparativo dos fatores que contribuem para o desenvolvimento da IP, sendo observada a incidência e prevalência. A escolha da temática se deu a partir de estudo re-lacionado à saúde da mulher, parto e puerpério. O objetivo geral foi analisar a prevalência da Infecção Puerperal no Hospital Maternidade do município de Juazeiro do Norte-CE, enquanto que os objetivos específicos foram: averiguar histórico obstétrico das puérperas acometidas por infecção puerperal; avaliar tempo de permanência da internação da puérpera e uso de antibióticos; identificar o tipo de infecção puer-peral que mais acometem as puérperas; enumerar a ocorrência de infecção puerperal com relação ao tipo de parto.

O estudo mostra-se relevante, visto que, mesmo com a melhoria da qualidade de atenção à saúde da mulher, ainda assim os números atestam que a situ-ação atual está aquém do aceitável, pois, de acordo com Brasil (2008), os índices de mortalidade materna nos países em desenvolvimento são alarmantes. Um estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que “em 1990, aproximadamente 585.000 mulheres em todo o mundo morreram vítimas de complicações ligadas ao ciclo gravídico--puerperal”. Sendo que apenas 5% delas viviam em países desenvolvidos.

Esse estudo irá contribuir com propostas e su-gestões ao setor da pesquisa, de acordo com os pro-blemas que foram encontrados ao longo do estudo para o alcance da melhoria da assistência hospitalar e para minimizar os riscos de infecções.

2

Metodologia

Foi realizado um estudo exploratório com as-pecto documental retrospectivo, cuja abordagem foi quantitativa de caráter descritivo, porque analisou-se dados objetivos referentes à incidência e prevalência de Infecção Puerperal. Essa pesquisa foi realizada na maternidade do Hospital Municipal São Lucas, loca-lizado na Rua São Benedito, número 243, bairro São Miguel, no município do Juazeiro do Norte – Ceará.

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médios de 9%. No Brasil, esses índices variam em torno de 1 a 7,2% (BARROS et al., 2002). Entretanto, vale ressaltar que esses índices de infecção podem estar subestimados, considerando o alto índice de parto cesáreo, importante fator de risco, falha no sistema de vigilância, bem como a inexpressiva cons-cientização e envolvimento das pessoas para melhor apresentação da realidade. Assim, este tópico foi organizado em quatro partes: a primeira, trata dos dados sociodemográficos das puérperas; a segunda, mostra o perfil dessas puérperas quanto à história obstétrica; a terceira, a hipótese diagnóstica; e a quarta, quanto ao uso de antibióticos.

Tabela 1 – Análise da prevalência da infecção puerperal em puérperas internadas para tratamento

clínico durante os meses e o ano de 2009 Meses Qualquer causa Puerperal Infecção

Janeiro 31 - Fevereiro 29 4 Março 29 6 Abril 25 7 Maio* 34 4 Junho 32 6 Julho 15 4 Agosto*** 20 3 Setembro 21 6 Outubro 18 6 Novembro** 23 8 Dezembro*** 26 3 Total 303 57

Fonte: pesquisa direta de prontuários. *Mês mais prevalente de internamentos.

**Mês com maior prevalência de infecção puerperal. ***Meses com menor prevalência de infecção puerperal.

3. 1 Dados sociodemográficos das puérperas

O Gráfico 1 mostra a distribuição das puérperas segundo a faixa etária, onde, do total de 57 prontuá-rios, 28% (n = 16) tinham entre 16 a 20 anos de idade, O período de coleta dos dados foi durante o mês

de abril até o mês de maio de 2009. O universo da pesquisa consistiu de 57 prontuários de puérperas que tiveram diagnóstico de infecção puerperal e que foram assistidas na maternidade do estudo em ques-tão no ano 2009, sendo que foram analisados todos os prontuários dessas clientes escolhidas de acordo com o objetivo do estudo.

O Instrumento para a coleta dos dados consti-tuiu-se de um roteiro elaborado de acordo com as informações contidas nos prontuários das puérperas arquivados no hospital, composto de quatro partes: a primeira contém dados sócio-demográficos das puérperas; a segunda, o perfil das puérperas quanto à história obstétrica; a terceira, dados sobre as hi-póteses diagnósticas; e a quarta, dados sobre o uso de antibióticos, para permitir uma melhor coleta de dados.

Ao final, foram contabilizados os dados e verifi-cado a prevalência de Infecção Puerperal neste dado período. Após a coleta de dados, estes receberam tratamento estatístico e foram transformados em gráficos em forma de pizza e tabelas, para permitir melhor visualização e compreensão dos resultados, fazendo o registro e quantificação conforme os indi-cadores encontrados.

3

Resultados e discussões

Este estudo teve como objetivo geral analisar a prevalência da Infecção Puerperal no Hospital e Maternidade do Município de Juazeiro do Norte--Ce no ano de 2009. Para iniciar a coleta de dados, contabilizou-se a quantidade de 303 prontuários de puerperas que foram internadas para tratamento clinico na maternidade e um livro de registros de notificação de infecção da maternidade.

Dentre os 303 prontuários analisados, apenas 57 correspondiam aos casos de internação por infecção puerperal, que equivale a 19%. A prevalência de ca-sos de infecção por mês variou entre 3 e até 8 caca-sos: O mês de maio destacou-se com a maior preva-lência de internamentos ocorridos durante o ano de 2009, com 34 internamentos, sendo apenas 4 para o tratamento da infecção puerperal. Já o mês de no-vembro teve 23 internamentos, sendo que 8 foram internadas para o tratamento de infecção puerperal. Os meses de agosto e dezembro foram os menos prevalentes com apenas 3 casos.

Internacionalmente, a infecção puerperal apre-senta índices que oscilam entre 3 e 20%, com valores

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Gráfico 2 – Distribuição de acordo com o número de gestações das puérperas admitidas no hospital São Lucas (2009)

Fonte: pesquisa direta.

O Gráfico 3 mostra os tipos de parto, onde 60% (n = 34) dos partos foram feitos por cesariana. Segun-do Rezende & Montenegro (2008, p. 478), “a operação cesariana é o fator predisponente mais importante, de desenvolver IP, aumentando significativamente a morbiletalidade puerperal”. Complementa Branden (2000, p. 446), em dizer que “o parto cesáreo recebe classificação para fatores de risco intraparto” e Barros (2002, p. 393), ao afirmar que: “no Brasil a incidência de Infecção puerperal é muito alta devido ao alto índi-ce de parto índi-cesáreo”.

Gráfico 3 – Distribuição de acordo com a via de parto das puérperas admitidas

no hospital São Lucas (2009)

Fonte: pesquisa direta.

O parto vaginal, 40% (n = 23), não deixa de ser incluído como fator predisponente para o desen-volvimento de IP, pois inclui: trabalho de parto pro-longado, excesso de toques vaginais, episiotomia, restos maternos e ovulares entre outros fatores que também podem desencadear um processo infeccioso (BRANDEN, 2000).

A escolha da via de parto é muito importante, pois pode contribuir para o desenvolvimento de infec-ções que irão prejudicar o período pós-parto. O parto o que corresponde à maioria, sendo que 25% (n =

14) tinham entre 26 a 30 anos de idade, 17% (n = 10) tinham entre 21 a 25 anos, 18% (n = 10) tinham idade maior ou igual a 30 anos.

Gráfico 1 – Distribuição de acordo com a faixa etária das puérperas admitidas

no hospital São Lucas (2009)

Fonte: pesquisa direta.

As puérperas com idade entre 12 a 15 anos formaram o menor grupo deste estrato, com índice de 12% (n = 7). Considerando que, de acordo com Deff (1999), a idade jovem está inclusa entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento da endomiometrite, que é uma complicação da Infecção Puerperal.

A maior idade encontrada no estudo foi de 36 anos e a menor de 12 anos de idade. Saber o grupo etário das puérperas é uma informação que por vezes permite diminuir o número de possíveis agentes etio-lógicos, sabendo que existem grupos de microorga-nismos que são mais prevalentes em determinados grupos de faixa etária (SCHERCHTER, 1998).

3. 2 Perfil das puérperas quanto a história obstétrica

De acordo com o número de gestações, 44% (n=25) estava na sua primeira gestação, o que corres-ponde à maioria, sendo que a nuliparidade é um fator de risco independente para o desenvolvimento de infecção. Dentre as demais: 26% (n = 15) estavam na segunda gestação; 18% (n = 10) estavam na terceira; e 12% estavam na quarta gestação ou mais.

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está internado ou após a alta. Portanto, classifica-se como infecção hospitalar quando não houver evidên-cia clínica ou laboratorial de infecção no momento da internação no hospital, convenciona-se infecção hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se apresentar após 72 horas da admissão no hospital. Também são convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72 horas da interna-ção, quando associadas a procedimentos médicos realizados durante esse período”.

De acordo com Rezende & Montenegro (2008), deve-se considerar a temperatura de, no mínimo, 38ºC, durante dois dias quaisquer, dos primeiros 10 dias do pós-parto, excluídas as 24 horas iniciais. De acordo com os dados coletados, apenas 16% das puérperas deram entrada no serviço hospitalar entre as 24 horas após a alta, o que para Rezende & Montenegro (2008) e Braden (2000) exclui as 24 horas iniciais do pós-parto, sendo que o aumento da temperatura, que é um dos sinais de infecção, é fisiológico nesse período devido à desidratação. Já para Freitas et al. (2006) e Barros (2002), a infecção pode surgir nas 24 horas iniciais logo após o parto. A maioria dos casos (84%), deixou para procurar o ser-viço hospitalar depois das 24 horas para tratamento da infecção.

Gráfico 6 – Distribuição, de acordo com retorno das puérperas à unidade em menos de 24 horas

após a alta no hospital São Lucas (2009)

84% 16%

Sim Não

Fonte: pesquisa direta.

3. 3 Dados sobre as hipóteses diagnósticas Quanto às hipóteses diagnósticas, os resultados mostraram que a endomiometrite, com 36%, obteve a maior frequência dentre os outros tipos. De acordo com Freitas et al. (2006), a endomiometrite é conside-rada a forma clinica mais frequente de infecção puer-peral, podendo estar associada ou não à infecção de ferida operatória, episiotomia ou parede abdominal. Concordam e acrescentam Rezende & Montenegro, cesáreo é um fator de risco para o desenvolvimento

de infecção, pois está associado ao aumento da fre-quência e da gravidade das infecções (CASTELLANI, 1998). Analisando os dados, encontramos que 53% (n = 30) da escolha estava relacionada com o risco materno/fetal por algum motivo e que 47% (n = 27) tiveram a chance de escolher a via de parto.

Analisando o tempo de internação pós-parto, observamos que: 53% (n = 30) permaneceram por 24 horas de internação, sendo que, para Rezende & Montenegro (2008), as 24 horas são excluídas para a possibilidade de contaminação hospitalar; 44% (n = 25) permaneceram por 48 horas, geralmente pacien-tes que fizeram cesariana; e 3% (n = 2) permaneceram até por 72 horas pós-parto, indicando que houve al-gum tipo de complicação no parto ou pós-parto. Não houve nenhuma internação com mais de 72 horas.

Gráfico 4 – Distribuição de acordo com o motivo da escolha da via de parto das puérperas

admitidas no hospital São Lucas (2009)

53% 47% Risco materno e/ou fetal Opcional

Fonte: pesquisa direta.

Gráfico 5 – Distribuição de acordo com tempo de internação pós-parto das puérperas

admitidas no hospital São Lucas (2009)

53% 44% 3% 24 horas de internamento 48 horas de internamento 72 horas de internamento

Fonte: pesquisa direta.

Para Zanon & Marangoni (1998, p. 96): “Infecções hospitalares são, portanto, complicações infecciosas relacionadas à assistência prestada ao paciente e à diminuição da sua capacidade de defesa antiinfec-ciosa [...] podem manifestar-se enquanto o paciente

(15)

Os outros tipos de infecções, ainda que sem índices prevalentes, merecem atenção, pois são considerados por alguns autores, como Rezende & Montenegro (2008), Freitas (2006) e Branden (2000), os tipos mais complicados de se obter a cura. 3. 4 Dados sobre o uso de antibióticos

Ao longo do estudo, percebem-se os inúmeros tipos de antibióticos existentes e que podem ser usados para combater o desenvolvimento de deter-minados tipos de infecções. Cada um vai ter ação diferente ou similar ao outro, impedindo a dissemina-ção do agente infeccioso no organismo. Os tipos de antibióticos mais utilizados no hospital do estudo em questão foram: Cefalotina, Cefalexina e Metronidazol. As Cefalosporinas (Cefalotina e Cefalexina) são as mais usadas na prática clinica e vão agir diretamente contra cocos Gram-negativos e algumas espécies de enterobactérias que são os microorganismos causa-dores de infecção puerperal. O Metronidazol é mais utilizado com associação com outros antibióticos, agem também contra cocos Gram-negativos (CAR-VALHO et al., 1998).

Tabela 3 – Antibióticos mais utilizados nas puérperas que se submeteram ao parto

cesáreo no hospital São Lucas (2009).

Antibióticos f %

Cefalotina 22 39

Metronidazol 18 36

Nenhum 17 25

Total de puérperas 57 100

Fonte: pesquisa direta.

Como medida profilática, ou seja, no período que antecedeu o parto, o antibiótico de escolha utilizado com mais frequência foi a Cefalotina, com 39%. São os antibióticos mais empregados em profilaxia de in-fecção cirúrgica, devido a sua meia-vida mais longa, sendo, portanto, usadas apenas por via intravenosa (CARVALHO et al.,1998). O Metronidazol foi utilizado em 36% dos casos em associação com a Cefalotina. A Cefalexina, como medida profilática, não foi utilizada em nenhum dos casos.

(2008), que a infecção surge na área de implantação da placenta.

Tabela 2 – Hipóteses diagnósticas quanto ao tipo de infecção das puérperas admitidas

para tratamento da infecção puerperal no hospital São Lucas, ano 2009

Diagnósticos f %

Infecção do períneo (episiotomia) 10 17 Perineo-vulvovaginite e Cervicite 2 3

Endomiometrite 20 36

Ferida Operatória 13 23

Mastite 12 21

Total 57 100

Fonte: pesquisa direta.

Dentre os outros tipos, a ferida operatória pós ce-sariana aparece com frequência de 23%. As infecções localizadas podem originar-se de uma ferida interna ou externa, neste caso, é a ferida externa que sofre um processo inflamatório e pode gerar drenagem de secreção purulenta ou sanguinolenta, sendo mais frequente ocorrer após cesariana (BRANDEN, 2000; FREITAS et al., 2006).

A mastite surgiu em 21% dos casos. Alguns au-tores não consideram a mastite como infecção puer-peral. Freitas et al. (2006) e Castellani (1998) a consi-deram por ter inicio na 2ª ou 3ª semana pós-parto, sendo que este é o período puerperal, também por ser o Staphylococcus aureus um dos agentes cau-sadores, sendo que ele está relacionado aos outros tipos de infecções.

A infecção do períneo aparece com frequência de 17%, devido à episiotomia. Por ser ferida em região contaminada, a infecção da episiotomia não é comum, vigente em menos de 0,5% dos casos, a grande maioria sem gravidade e raramente mortal, isto é, vai depender da gravidade da profundidade do processo inflamatório (REZENDE & MONTENEGRO, 2008). O Perineo-vulvovaginite e Cervicite surgem com pequena frequência, no total de 3,5% dos casos, mas, mesmo com pequena incidência, mostra-se relevante para o estudo, uma vez que uma pequena infecção, se não tratada de forma correta, pode acar-retar graves consequências.

(16)

de partos cesarianos, diminui-se a probabilidade de ocorrer infecção.

Quanto ao tempo de internação pós-parto e o re-torno à unidade depois da alta, deu para perceber que o tempo estimado para esses dois casos aconteceram conforme o esperado e visto nas literaturas, sendo que a maioria espera os sintomas aumentarem para procurar a unidade. Isto indica que a procura pelo ser-viço resulta de possíveis complicações advindas de procedimentos no período da internação hospitalar e/ou baixo nível socioeconômico. De acordo com as hipóteses diagnósticas levantadas, observa-se que a maioria está diretamente relacionada à operação cesariana. Enquanto a episiotomia está relacionada ao parto Cesário, a mastite pode relacionar-se a qual-quer um dos tipos de parto, sendo que todas estão diretamente relacionadas à infecção hospitalar e/ou baixo nível sócio-econômico.

Em relação ao uso de antibióticos, não variou muito quanto aos tipos, apenas três foram encontra-dos, mas podemos concluir que os medicamentos utilizados são de bastante eficácia, tanto os de uso profilático, quanto os utilizados para o tratamento da infecção, sendo que dois deles são utilizados simultaneamente. A importância de se fazer o uso adequado de antibióticos é relevante, pois o uso indiscriminado deste medicamento pode tornar o indivíduo resistente ao tipo de antibiótico e ocasionar várias consequências. Desde já é muito importante continuar incentivando os profissionais da unidade na utilização racional deste tipo de medicação, para se evitar complicações futuras. Com base nos resul-tados obtidos, pode-se concluir que a incidência de casos de infecção puerperal durante o ano de 2009 teve um índice baixo, apenas 19%, mas que se torna relevante, tendo em vista que é um caso complicado por estar associado à mortalidade materna.

Lembrando ainda que existem os casos de sub-notificação, que podem decorrer da falha do sistema de vigilância epidemiológica, da alta precoce das puérperas e da utilização de antibióticos profiláticos, o que pode no momento da internação ocultar a infec-ção antes que possa se manifestar clinicamente. Com isso, torna-se cada vez mais importante a presença de um serviço de controle de infecção hospitalar atu-ante que possa, por meio de um sistema de vigilância epidemiológico adequado para a instituição, diagnos-ticar e notificar os casos de infecção puerperal, princi-palmente após a alta. Sugere-se que a instituição em estudo, ainda que com índice baixo de infecção, una Tabela 4 – Antibióticos mais utilizados para

o tratamento da infecção nas puérperas com diagnóstico de Infecção puerperal

no Hospital São Lucas (2009)

Antibióticos f %

Cefalotina 30 53

Metronidazol 5 9

Cefalexina 22 38

Total 57 100

Fonte: pesquisa direta.

Para o tratamento das infecções, foram encon-trados os mesmo antibióticos citados anteriormente, sendo que a Cefalotina permaneceu com a maioria (53%), a Cefalexina com 38%, utilizada via oral, e o Metronidazol 9%, em associação, de alguns casos, com a Cefalotina. De acordo com Carvalho et al. (1998), a escolha do antibiótico ideal para o tratamen-to de infecções deve estar relacionada a: atividade antimicrobiana efetiva e seletiva, sem toxicidade para o hospedeiro; ser bactericida; não alterar a microbiota saprófita; não indutor de resistência em organismos inicialmente sensíveis; penetração uniforme em todos os órgãos e tecidos; baixo custo; meia-vida prolonga-da e estável em solução. Analisando estas questões, diminui-se o risco de administração incorreta de an-timicrobianos.

4

Conclusão

Nota-se que alguns dos fatores que levaram o desenvolvimento de infecção puerperal poderiam ter sido evitados, visto que a maioria dos casos ocorreu devido ao elevado número de cesarianas, que é o principal fator de risco para o desenvolvimento de infecções. Sabemos que o parto Cesário é para ser utilizado nos casos de complicações, como distócias, desproporções céfalo-pélvicas, risco maternos e fetais, dentre outros casos. O que se pode observar é que, em alguns casos, os profissionais de saúde permitem que a gestante escolha a via de parto e obviamente algumas optam pela cesariana, talvez por medo ou porque não estão sendo preparadas adequadamente para o parto normal. Com isso, pode-se concluir que no pré-natal, onde deveriam ser preparadas e informadas, ainda está deixando a desejar, pois se sabe que quanto menor o índice

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diagnóstica e terapêutica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara koogan S.A., 1998 p. 464-466 DEFF, Patrik Infecção maternal e perinatal. In: GABBE, Steven G.; NIEBYL, Jennifer R.; SIMPSON Joe Leigh. Obstetrícia: gestações normais & patológicas. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A. 1999 p. 864-867

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as-sistência, visando a diminuição das taxas de infecção, especialmente aquelas causadas por procedimentos invasivos, continuando o incentivo às medidas pro-filáticas, basicamente: lavagem das mãos, limpeza das unhas e uso de água clorada, tomar providências quanto à redução de partos cesarianos, fazer a notifi-cação correta nos prontuários, orientar as puérperas sobre os possíveis sinais e sintomas da infecção e que procurem a unidade no caso destes aparecerem, e que, se possível, anualmente analisem os fatores de risco mais prevalentes, fazendo um estudo, para assim reduzir as taxas de infecção. Então, faz-se necessário que os responsáveis pela unidade conti-nuem adotando medidas de prevenção e controle de infecção, capacitem os profissionais para garantir a realização dos procedimentos corretamente e exijam deles o cumprimento destas medidas.

REfERêNCIAS

BARROS, Sonia Maria Oliveira; MARIN, Heimar de Fátima; ABRÃO, Ana Cristina Freitas. Enfermagem obstétrica e ginecológica: guia para a prática assistencial. 1. ed. São Paulo: Roca, 2002. BRANDEN, Pennie Sessler. Enfermagem mater-infantil. 2. ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2000.

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Análise histórica da educação física do

IFPB: do conformismo da década de 80 à

perspectiva de mudança da década de 90

Maria Josély de Figueirêdo Gomes

jogranada2004@yahoo.com.br. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN. R. Francisco Simplício, 145, apt. 1803C, Ponta Negra, Natal-RN. CEP: 59090-315

ResuMo

O presente estudo foi realizado como parte da dissertação de mestrado e da tese de doutorado de sua autora. Este trabalho faz parte de um trabalho mais amplo, que fez um breve histórico da Educação Física no Instituto Federal da Paraíba (IFPB), desde seu início (1945) até o início do século XXI (2003). Para este trabalho específico, foi realizada a análise histórica das décadas de 80 e 90. Foi realizado um levantamento documental no acervo do IFPB, juntamente com entrevista semiestruturada com seis professores. Como conclusão, pode-se dizer que o reconhecimento histórico dessa prática educativa/disciplina nas duas décadas estudadas é de grande importância para um melhor desenvolvimento da disciplina nas diversidades encontradas nos dias atuais. Palavras-chave: Educação Física Escolar. Histórico das Décadas de 80 e 90. IFPB.

ABstRAct

The present study was performed as part of a master’s dissertation and a doctorate’s thesis of the author concerned. This paper belongs to a broader work which dealt with keeping a brief IFPB’s (Instituto Federal da Paraíba / Federal Institute of Paraíba) Physical Education track record since its beginning (1945) until the beginning of the 21th century (2003). For this specific work, a historical analysis of the eighties and nineties was conducted. In addition, papers survey was carried out in the IFPB’s archive as well as a semi-structured interview with 6 professors. As a conclusion, the historical acknowledgment of this educative practice along these two decades is of extreme importance for a better development of the matter among diversities found nowadays.

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1

Introdução

Em 1937, na elaboração da Constituição Federal, fez-se a primeira referência explícita à Educação Físi-ca em textos constitucionais federais, incluindo-a no currículo como prática educativa obrigatória (e não como disciplina curricular). Havia também um artigo naquela Constituição que citava o adestramento físico como maneira de preparar a juventude para a defesa da nação e para o cumprimento dos deveres com a economia.

A Educação Física como componente curricular teve lugar de prestígio no interior das Instituições Pú-blicas Federais de Educação Profissional – neste caso específico, o Instituto Federal da Paraíba (IFPB) –, uma vez que era a disciplina do núcleo comum com maiores recursos com relação a espaço físico e ma-terial didático-pedagógico, como também a disciplina que mais realizava atividades extraclasse apoiadas pela instituição.

O objetivo deste trabalho é descrever a trajetó-ria histórico-crítica da disciplina Educação Física no interior do agora IFPB, nas décadas de 80 e 90. Esta pesquisa é um recorte de um trabalho mais amplo, que fez parte da construção da dissertação de mes-trado e da tese de doutorado de sua autora.

O trabalho foi desenvolvido na perspectiva qualitativa e utilizou as técnicas do levantamento bibliográfico e documental. Os documentos dispo-níveis, embora só a partir de 1960, eram bastante significativos, a saber: relatórios, programas da disci-plina, conteúdos planejados para serem trabalhados durante atividades curriculares e extracurriculares, propostas pedagógicas da disciplina, planos de curso, solicitações para melhoramento da estrutura física da Coordenação, enfim, dados da Educação Física na vida da escola. Tais documentos foram encontrados na Coordenação de Educação Física (CEF), na Coor-denação Pedagógica, na CoorCoor-denação de Registros Escolares (CORE) e no arquivo. A técnica utilizada para análise do conteúdo dos documentos foi a análi-se por categorias.

Paralelamente à análise documental, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com seis professores(as), dentre os quais cinco aposentados e um da ativa. Dos seis entrevistados, cinco atuaram a partir de 1960. Foram realizadas, também, entre-vistas informais com quatro dentre os doze profes-sores em atividade naquele momento, em que se discutiram as legislações, as metodologias utilizadas,

os conteúdos das aulas, entre outras particularidades da disciplina nas décadas de 80 e 90. Essas entre-vistas tiveram como objetivo identificar o processo do ensino da Educação Física dentro do IFPB em relação aos seguintes aspectos: o prestígio da Edu-cação Física na instituição, no olhar dos alunos; os objetivos pedagógicos; as metodologias utilizadas; o lugar ocupado pela Educação Física no currículo; e, por fim, a percepção de cada professor entrevistado sobre a Educação Física dentro da escola. Na análise dos conteúdos do corpus das entrevistas, utilizamos a técnica da categorização.

O levantamento documental e as entrevistas semiestruturadas proporcionaram um material rico para esta reconstrução histórica, favorecendo um entendimento mais crítico da história da Educação Física escolar no IFPB.

2

crise na educação Física brasileira,

conformismo na educação Física da

etFPB na década de 80

Na década de 80, as mudanças dentro da Edu-cação Física da Escola Técnica Federal da Paraíba (ETFPB) – como era chamado o IFPB à época – não foram significativas, embora a Educação Física brasi-leira passasse por um período de análise e reflexão. Seus princípios pedagógicos, suas metodologias, sua organização, seus conteúdos, seu planejamento não se alteraram muito, até os dias atuais, nessa institui-ção.

Essa década foi marcada politicamente pelo processo de democratização, e a economia do país oscilava entre períodos de violento agravamento dos índices inflacionários e de relativo reordenamento econômico, “sendo que no final desta década a in-flação chegou a ser projetada para mais de 1000%” (GONÇALVES; PIMENTA, 1992).

A Educação Física, enquanto campo de conheci-mento, foi, durante a década de 80, objeto de crítica em relação aos seus processos de legitimação esco-lar, sendo questionadas suas inter-relações com os setores médico e militar, e sendo criticado o processo de exploração do corpo na sociedade capitalista, apontando-se o esporte como aparato ideológico do Governo.

Muitos intelectuais, nesse período, pautaram-se em pressupostos do materialismo dialético e na orientação marxista, inserindo as transformações na Educação Física – no sentido da democratização,

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(Continuação) Unidade 3 - Arremessos 3.1 Tipos de arremessos a - Peso b - Dardo c - Disco Unidade 4 - Saltos 4.1 Tipos de saltos Unidade 5 - Basquete 5.1 Passes 5.2 Arremessos 5.3 Domínio de bola 5.4 Dribles 5.5 Bloqueios e corta-luz 5.6 Sistemas defensivo e ofensivo

Tabela 2 – Programa – Ano 1986. Disciplina Educação Física (fem/masc). Série: 3ª.

Unidade 1 - Condicionamento básico através da ginástica escolar

1.1 Coordenação 1.2 Equilíbrio 1.3 Flexibilidade e elasticidade 1.4 Resistência e força 1.5 Pequenos jogos Unidade 2 - Corridas

2.1 Corridas de velocidade intensa 2.2 Corridas de meio fundo Unidade 3 - Arremessos 3.1 Tipos de arremessos a - Peso b - Dardo c - Disco Unidade 4 - Voleibol 4.1 Passe 4.2 Levantadas 4.3 Cortadas 4.4 Bloqueio 4.5 Defesa Baixa Unidade 5 - Handebol 5.1 Sistema de defesa 5.2 Sistema de ataque 5.3 Tipos de arremessos Unidade 6 - Basquetebol 6.1 Sistema de defesa 6.2 Sistema de ataque Fonte: COEF.

Nessa década, as aulas de Educação Física passaram a ser mistas. O maior motivo para essa mudança é que a quantidade de meninos era muito maior que a de meninas; consequentemente, as au-las das professoras contavam com uma quantidade da autonomia e da legitimidade pedagógica – nos

movimentos e lutas em prol da democratização da sociedade como um todo. Para muitos pesquisadores da área, “era imprescindível superar o modelo de sociedade regido pelo modo de produção capitalista” (RESENDE; SOARES, 1996, p. 54).

Apesar desse movimento crítico e reflexivo da Educação Física nacional, na década de 80, frente ao anacronismo das propostas tecnicistas de ensino, não se viu sua influência dentro da ETFPB: a Coordenação de Educação Física continuava com sua atuação nas mesmas perspectivas anteriores.

O entusiasmo da década de 70 ainda persistia. No ano de 1980, a ETFPB consagrou-se campeã em todas as modalidades que disputou nos XII Jogos Es-colares da Paraíba, tendo ainda se destacado como a primeira colocada no desfile de 7 de Setembro, por aclamação pública.

Em 1981, as atividades esportivas tiveram outro estímulo com a construção da piscina, que veio com-pletar o parque esportivo. Em 1982, foi realizado o evento “Primeiros Jogos Internos da Escola Técnica-PB”.

A fala de um professor que atuou na década de 80 retrata a preocupação central com o esporte de competição e os programas da disciplina Educação Física nos anos de 1981 a 1985 e de 1986 (Tabelas 1 e 2), que ilustram o foco no esporte e na aptidão física. Como se pode perceber, a ênfase nos esportes foi crescendo.

Ah 80! tanta mudança não é? Um trabalho que a gente procurava sempre ... mas o principal objetivo de, ... dessa ... desse levantamento era justamente para poder a gente formar, a gente tirar, aquele pessoal, que tinha aptidão para formar as equipes (Professor da ativa 1). Tabela 1 – Programa – Anos 1981-1985.

Disciplina Educação Física (fem/masc). Carga Horária: 60 horas. Série: 3ª.

Unidade 1 - Ginástica Escolar 1.1 Duplas

1.2 Pequenos grupos 1.3 Pequenos jogos Unidade 2 - Corridas

2.1 Corridas de velocidade intensa 2.2 Corridas de velocidade prolongada 2.3 Corridas de meio fundo

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o franco avanço da automação na indústria brasileira. Essa minimização da importância de um corpo forte, ágil, resistente e flexível para a atuação no trabalho industrial era reforçada pelo tipo de trabalhador for-mado na ETFPB, isto é, o técnico qualificado, en-quanto as funções manuais seriam exercidas por um operário desqualificado.

Era difícil, naquele instante, a Coordenação e os professores de Educação Física questionarem sua atuação até então e aderirem aos paradigmas novos que estavam surgindo. Diante das transformações políticas, econômicas e sociais que ocorriam no Brasil, mudanças conceituais e práticas, certamente, trariam instabilidade; eram mais cômodas a estabilidade que havia dado prestígio à disciplina e a manutenção das mesmas perspectivas que atenderam aos anseios da instituição até aquele momento. Apoiamo-nos em Chervel (1990, p. 198), quando fala sobre a inércia das disciplinas frente aos desafios provocados pela necessidade de mudanças:

Os processos de instauração e de funciona-mento de uma disciplina se caracterizam por sua precaução, por sua lentidão e por sua segurança. A estabilidade da disciplina assim constituída não é então, como se pensa segui-damente, um efeito de rotina, do imobilismo, dos pesos e das inércias inerentes à instituição. [...] Ela se prevalece dos sucessos alcançados na formação dos alunos, assim como de sua eficácia na execução das finalidades impostas. Fidelidade aos objetivos [...] adequados e reno-mados, professores tanto mais experimentados quanto reproduzem com seus alunos a didática que os formou em seus anos de juventude, e sobretudo consenso da escola e da sociedade, dos professores e dos alunos: igualmente fatores de solidez e de perenidade para os ensinos escolares.

3

educação Física da etFPB

na década de 90: perspectiva de

mudanças

O ensino da Educação Física por modalidade de-sportivafoi implantado na Escola Técnica-PB do ano de 1988 em diante (LIMA; LIMA, 1995). Na década de 90, o ensino da Educação Física se processava de tal forma que, em todas as três séries do 2º grau, os educandos praticavam modalidades desportivas por bimestre, perfazendo um total de quatro modalidades mínima de meninas, enquanto os professores tinham

suas aulas superlotadas de alunos. O resultado foi muito melhor que o esperado, mantendo-se até os dias atuais. Seguem as falas de alguns professores sobre esse assunto:

Fazer ... uma experiência de fazer as aulas mis-tas, porque os meninos ficavam ... as meninas sempre foram menos e sobrecarregava muito os professores, e foi uma maravilha (Professo-ra aposentada 1).

Que a Escola passou a ser mista, foi muito bom. Valeu a pena, porque houve parece um entro-samento muito, muito sincero entre os rapazes e as moças e se fez ver que já teria, já teria que ter sido feito há muito mais tempo (Professora aposentada 3).

Nessa época, os professores continuavam min-istrando aulas de Educação Física escolar, sendo que aqueles que também eram técnicos de modalidades esportivas tinham uma carga horária de aula maior para os treinos. O prestígio dos professores técni-cos era maior, mas timidamente algumas mudanças começavam a aparecer. Segue a fala de uma profes-sora que iniciou seu trabalho em 1980:

As aulas eram ... eram mais pra formação do aluno ... não para formar técnicos. Existiam professores que davam a parte técnica e as ou-tras que davam a Educação Física ... é, voltada para educação (Professora aposentada 3). Em setores ligados ao setor pedagógico da ET-FPB, algumas pessoas acompanhavam as reflexões desenvolvidas no campo da educação brasileira e, consequentemente, na Educação Física escolar. Apesar de entenderem a forte influência do esporte, passaram a questionar sua utilização e sua relevância no atendimento às necessidades de desenvolvimento integral dos educandos. Segundo Soares (1996, p. 8), “a cultura corporal, cultura física e cultura do movi-mento teve início no decorrer da década de 80 e teria como conteúdo a ser ensinado na escola a ginástica, esporte, jogo, dança, lutas, capoeira, etc.”.

A Educação Física também era questionada quanto a sua função na formação para o mundo do trabalho. Diante das transformações no universo produtivo, demandava-se cada vez menos o uso efe-tivo das qualidades físicas no trabalho, tendo em vista

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ser transmitido e vivenciado na escola é uma das perspectivas.

No ano de 1994, aconteceu o Curso de Especial-ização em Treinamento Desportivo para os profes-sores da Coordenação de Educação Física (COEF). Isso gerou um novo impulso e, sendo assim, os ques-tionamentos para alguns professores foram surgindo, prenunciando mudanças.

O professor Ovídio Lima, do quadro da COEF, e o professor Orlando Lima fizeram como trabalho final do Curso de Especialização em Treinamento Despor-tivo uma análise crítica do ensino da Educação Física na ETFPB. Até aquele momento, não tinha havido nenhuma avaliação que viesse refletir a eficácia do trabalho em relação aos objetivos previstos e o nível de aceitação do modelo vigente, ou seja, por mo-dalidade desportiva, entre os alunos. Nesse trabalho, Lima e Lima (1995) entrevistaram alunos da ETFPB e, com base nos resultados, implementaram a prática de escolha, pelos alunos, da atividade física de sua preferência. Foram incluídas, além dos esportes, a musculação, a ginástica geral, a ginástica aeróbica, a ginástica localizada e, ainda, a natação especial, para alunos com limitações, para os quais se indicava a prática de atividade física na água. As turmas eram formadas por alunos de qualquer um dos três anos – 1º, 2º ou 3º – e de qualquer curso. Isso foi possível devido a um programa de que a Escola dispunha, facilitando a entrega das notas, por matrícula, sem causar transtorno no final do bimestre.

Em 1996, foi de muita valia a assessoria da Coordenação Pedagógica à COEF. Em reuniões e encontros, levantaram-se amplamente problemas de toda natureza com relação à prática de Educação Física. Seguem alguns depoimentos que fortalecem essa afirmativa:

Na década de 90 eu senti que ... era preciso a gente dar mais ênfase às aulas porque ... os alunos realmente não tinham mais aquele incentivo (Professor da ativa 1).

A nossaEducação Física de hoje em dia é mais em forma de lazer, de recreação, porque o alu-no, o aluno da Escola, é aluno que é muito ata-refado, tem 14 disciplinas, de 13 a 14 disciplinas ... e esse aluno realmente não tem tempo de ... de seu lazer no dia a dia (Professor da ativa 1). desportivas por ano e totalizando doze modalidades

desportivas até o final dos três primeiros anos, já que na 4ª série a disciplina não constava do currículo.

Veja-se a seguir o programa da disciplina Educa-ção Física no ano de 1992.

Tabela 3 – Programa de Educação Física – 1992. Habilitação: Estradas, Edificações, Saneamento, Eletrônica, Eletrotécnica e Mecânica. Disciplina: Educação Física. Carga horária: 90 horas. Série: 1ª / Teórica e Prática.

Unidade 1 - Atletismo Fundamentos Regras Unidade 2 - Natação Fundamentos Regras Unidade 3 - Basquetebol Fundamentos Regras Unidade 4 - Voleibol Fundamentos Regras Fonte: COEF.

Na 2ª série modificam-se os fundamentos em alguns casos, por exemplo: natação, 1ª série – nado craw, 2ª série – nado costas; quando não se modifi-cam os fundamentos, como é o caso do basquete e do voleibol, os exercícios vão ficando mais complexos.

Nessa época, os pesquisadores em Educação Física estavam preocupados em redimensionar a contribuição desse componente curricular dentro da escola e em esclarecer qual seria o seu objetivo de ensino. Existia no início dessa década, como até hoje, uma discussão em torno do conhecimento e da es-pecificidade da responsabilidade social da Educação Física escolar. Sobre as perspectivas para a década de 90, escreveu Betti (1991, p. 73-74):

A corrente que se autodenomina “promoção da saúde”, conferindo um novo colorido e uma vi-são mais crítica e social ao velho conceito higie-nista da Educação Física, com um forte enfoque na prevenção, será uma das vertentes em que deverá enveredar a Educação Física, interna-cionalmente, nas próximas décadas, mas não será a única, teremos uma multiplicidade de propostas, na teoria e na prática. A cultura cor-poral como objeto principal do conhecimento a

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transformação. Essa disciplina, como se sabe, só era contemplada por lei até o Ensino Médio. Entretanto, no ano letivo de 2000, o curso técnico de Eletrônica contou com a disciplina optativa Atividade Física e Qualidade de Vida, que foi ministrada dentro da per-spectiva da Educação Física escolar para promoção da saúde.

Essa nova abordagem no Ensino Técnico privi-legiou a prevenção em saúde através de conteúdos da cultura corporal, que deu uma atenção especial à prática do lazer, do bem-estar e de uma melhor qualidade de vida. Além disso, abordou temas da aptidão física e da saúde individual e coletiva, que contribuíram para uma visão mais crítica e transfor-madora, não só para o técnico, especificamente, mas para a vida do ser humano em si.

Essa perspectiva de promoção de saúde, quali-dade de vida e bem-estar na Educação Física escolar não só já vem sendo abordada em pesquisas científi-cas(GUEDES; GUEDES, 1992, 1993a, 1993b), como também é um marco da Educação Física para o novo século.

Para concluir essa retrospectiva histórica, tran-screvo a Declaração do Consenso de Québec do World Forum on Physical Activity and Sport, que aconteceu na cidade de Québec, no Canadá (UNES-CO, 1995, p. 8):

Atividade física influencia positivamente a saú-de física e mental. É importante em todos os estágios do ciclo de vida.

Um estilo de vida sedentário influencia a insta-lação e progressão de uma série de distúrbios metabólicos e vasculares. Em contraste, ativi-dade física regular diminui o nível de risco para estes problemas, em parte através de melhora na regulação do peso.

Atividade física beneficia a maioria dos com-ponentes estruturais e funcionais do sistema músculo-esquelético, aumentando a capaci-dade funcional e assim a independência da qualidade de vida. Uma parte substancial do declínio da capacidade funcional relacionado à idade deve-se ao decréscimo da já insuficiente atividade física, mais do que ao envelhecimento por si próprio.

Exercício tem efeito benéfico consistente na disposição e bem estar psicológico, ansiedade, depressão e estresse psicológico e pode me-lhorar a função cognitiva.

Essas modificações mostravam, claramente, certo desgaste dos objetivos e papéis cumpridos pela Educação Física nos últimos 40 anos. Esse desgaste se deu, prioritariamente, pela modificação do ideário pedagógicoda ETFPB, seguida da modificação do tipo de clientela discente(PEREIRA, 1995) – que pas-sou de alunos das camadas populares para alunos provenientes dos diferentes estratos da classe média –, e, por último, pela admissão de professores novos.

Veja-se a seguir o plano de curso da disciplina Educação Física em 1996.

Tabela 4 – Plano de Curso da disciplina Educação Física – 1996. Escola Técnica Federal da Paraíba. Diretoria de Ensino. Área de Linguagens e Códigos. Disciplina: Educação Física. Carga Horária: 90 Horas.

Modalidades: Voleibol, Tênis de Mesa, Natação, Musculação, Handebol, Ginástica Geral, Futsal, Futebol de Campo e Basquetebol.

Objetivo Geral: Capacitar o educando para o

desenvolvimento harmonioso do corpo e da mente, através da sociabilidade, utilizando a prática regular de atividades físico-desportivas.

Metodologia: As ações metodológicas nesta escola, na área de Educação Física, visam à formação do ser humano integrado, crítico e reflexivo, através de atividades (exercícios e jogos) que estimulem a criatividade,

respeitando as dificuldades dos alunos/as e aceitando o diálogo como proposta de transformação.

A psicologia cognitiva, a criticidade e participação do aluno/a nas tomadas de decisões serão práticas vivenciadas nas aulas de Educação Física.

Avaliação: A avaliação na escola, por muito tempo, significou uma simples medição de domínio de conteúdos. Atualmente, temos que considerar vários aspectos e compreender o aluno/a como um todo, reconhecendo as diversidades que deverão ser relevantes no processo de avaliar.

Na Educação Física adotamos como critérios de avaliação a sua participação nas aulas e o reconhecimento prático e teórico da disciplina.

Fonte: COEF.

OBS.: Cada modalidade tem sua ementa, objetivos geral e específico, conteúdo programático e referências bibliográficas.

No decorrer do ano 2000, após ter passado toda a fase de instabilidade da Educação Física como componente curricular – que, de acordo com Castel-lani (1998), ocorreu não só nas escolas profissionali-zantes, mas em todos os níveis de ensino do país –, a Educação Física no Centro Federal de Educação Tec-nológica da Paraíba (CEFET-PB) viveu momentos de

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UNESCO. Declaration and recommendations of the world forum on physical activity and sport. 1995. Disponível em: http://unesdoc. unesco.org/images/0010/001045/104555e. pdf. Acesso em: 24 ago. 2010.

Nos países em desenvolvimento a inatividade física parece ser menos comum, mas se torna-rá uma questão importante com o desenvolvi-mento e urbanização contínua.

Governos e entidades internacionais devem planejar para estas tendências e oferecer oportunidades para seus cidadãos de todas as idades de participar de atividades físicas, consi-derando o estado nutricional.

A promoção de saúde para todas as idades é uma das formas mais eficazes de melhorar a saúde e aumentar as funções físicas e qua-lidade de vida. Todos os Governos do mundo devem iniciar políticas para aumentar a parti-cipação individual em atividade física, criando um ambiente que encoraje um nível aceitável de atividade física em toda a população. Através desse trabalho, o CEFET-PB foi um dos primeiros CEFETs do Brasil a oferecer uma proposta de Educação Física escolar dentro de uma perspec-tiva de promoção da saúde, para todos os cursos técnicos. Em 2000, apenas o curso de Eletrônica foi contemplado, por já ter no seu currículo a prática desportiva como disciplina optativa no ano de 1999. Com a expansão da oferta, o CEFET-PB poderá ser uma referência nacional dessa nova perspectiva da Educação Física escolar que, ao atender além das expectativas de qualidade de vida atual do educando técnico, contribua, também, para toda sua vida. ReFeRêncIAs

BETTI, M. Perspectivas para Educação Física Escolar. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v. 5, n. 1/2, p. 70 -75, 1991.

CASTELLANI, L. Política educacional e Educação Física. 1. ed. Campinas: Autores Associados, 1998. 93 p. CHERVEL, A. História das disciplinas escolares:

reflexões sobre um campo de pesquisa. Teoria & Educação, Porto Alegre, n. 2, p. 177-229, 1990. GONÇALVES, S.; PIMENTA, C. Revendo o ensino de 2º grau: propondo a formação de professores. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1992. 160 p. GUEDES, D.; GUEDES, J. Projeto “Atividade Física e Saúde”. Revista da APEF, Londrina, v. 7, n. 13, p. 15-22, jul. 1992.

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Diagnóstico do gerenciamento dos resíduos

gerados em hospitais de João Pessoa – PB

Anna Christina Cavalcante Borges [1], Arilde Franco Alves [2], Roméria Santana da Silva Souza [3], Viviane dos Santos Sousa [4]

[1] chrisscavalcante@yahoo.com.br ; [2] alves@ifpb.edu.br ; [3] romeriasantana2@gmail.com ; [4] vivisousa23@hotmail.com. Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Paraíba.

ReSumo

Em meio aos problemas ambientais que mais atingem a população, está o mau gerenciamento dos resíduos sólidos. Este problema torna-se mais preocupante quando se trata de resíduos sépticos hospitalares, tecnicamente denominados de Resíduos de Serviços de Saúde - RSS, devido ao risco de doenças à população, por causa da presença de resíduos infectantes. Atualmente, em muitos centros urbanos essa prática de controle dos RSS não é efetivamente aplicada. Isso leva a uma concepção de que os hospitais são os únicos culpados pelo problema de seus resíduos, quando as autoridades públicas e uma política ambiental correta deveriam, também, cuidar dessa problemática, que pode trazer danos irreparáveis à saúde ambiental. Nesse contexto, a questão foi saber como se dá o processo de gerenciamento dos RSS no sistema hospitalar em João Pessoa. Metodologicamente, fez-se de uma sondagem prévia, utilizando um roteiro de entrevistas, que buscassem dados e uma caracterização das condutas técnicas referente ao gerenciamento dos RSS. Para tal, a equipe de pesquisa delimitou a compreensão desse problema, através de uma amostragem desses estabelecimentos de saúde, visando ter, nas mesmas, um referencial da situação do gerenciamento dos RSS. Os resultados dessa enquete inicial apontaram um ainda incipiente controle dos RSS na fonte geradora. Como a pesquisa ainda está em andamento, não se pode fechar todas as averiguações, consecutivamente, sem um completo diagnóstico da problemática do gerenciamento dos RSS.

Palavras-chave: Resíduos sólidos, Gerenciamento dos RSS, Saúde ambiental. ABStRACt

Amid the environmental problems that most affects the population is the solid waste management. This problem becomes more disturbing when it comes to septic hospital waste, waste technically called Health Services Waste - RSS due to the population at risk of disease because of the presence of infectious waste. Currently, in many urban centers that control practice of the RSS is not effectively applied. This leads to a perception that hospitals are the ones to blame for the problem of its waste, while public authorities and a correct environmental policy should also take care of this problem, which can bring irreparable harm to environmental health. In this context the question was how the process of management of RSS takes place in the hospital system of João Pessoa. Methodologically, a preliminary survey was made, using a set of interviews that seek data and a characterization of the technical procedures for the management of RSS. To this end, the research team narrowed the understanding of this issue through a sampling of these health facilities, aiming to take, a benchmark of the situation of the management of RSS. The initial results of this poll pointed to an incipient control of RSS at the source. As the research is still in progress, you cannot close all inquiries consecutively without a complete diagnosis of the problem of managing RSS.

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1

Introdução

Em meio aos problemas ambientais que mais atingem a população, está o gerenciamento dos resíduos sólidos. Alguns fatores contribuem para a grande produção desses resíduos, destacando o crescimento exponencial da população, a rápida ur-banização e a mudança do estilo de vida do homem (MACÊDO et al., 2001). Isto faz com que se busquem alternativas para a problemática relativa à produção de lixo (SANTOS, 2002).

Este problema torna-se mais preocupante quando se trata de resíduos sépticos hospitalares, tecnica mente denominados de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), devido ao risco sanitário, por causa da presença de resíduos infectantes.

Sabe-se que os RSS são gerados pelas ativi-dades que prestam assistência médica, odontoló gica, laboratorial, farmacêutica e das instituições de ensino e pesquisa médica, todos relacionados tanto à popu-lação humana quanto à animal. Além disso, é impor-tante salientar, preliminarmente, que os RSS, apesar de representarem uma pequena parcela em relação ao total de resíduos urbanos gerados, são fontes potenciais de propagação de doenças e apresentam um risco adicional aos tra balhadores dos serviços de saúde e à comunidade em geral, quando gerenciados de forma inade quada.

Atualmente, em muitos centros urbanos essa prática de controle dos RSS não é efetivamente apli-cada. Isso leva a uma concepção de que os hospitais são os únicos culpados pelo problema de seus resí-duos, quando as autoridades públicas e uma política ambiental correta deveriam, também, cuidar dessa problemática, que pode trazer danos irreparáveis à saúde ambiental. Nesse contexto, a questão foi sa-ber: como se dá o processo de geren ciamento dos resíduos dos serviços de saúde no sistema hospitalar em João Pessoa?

Assim, o presente documento busca apresen tar uma síntese do que até o presente momento foi le-vantado, uma vez que o Projeto ainda está em anda-mento. Para tanto, o artigo está divido nas seguintes partes: primeiro, uma resenha do tema no sentido de esclarecer algumas ques tões de ordem sanitária e legal, relacionadas a essa problemática ambiental; depois, as primeiras in formações colhidas em campo, representativas da amostra delineada metodologica-mente pelo Pro jeto de Pesquisa; por fim, nossa inicial

avaliação e algumas perspectivas de avanço no cam-po do Gerenciamento dos Resíduos Sólidos (GRS).

2

os RSS – de uma preocupação

sanitária a uma questão legal

Em se tratando de resíduos, primeiramente, é importante esclarecer o que é, de fato, um resíduo, diferentemente da terminologia lixo, que é con-vencionado como tudo aquilo que não tem mais utilização, enquanto que resíduo é aquilo que sobra do processo ou beneficiamento de produtos industria-lizados (BRASIL, 2006).

A partir dessa com preensão inicial é possível definir tudo sobre resí duos, como tipos, origem etc., de modo a definir os resíduos sólidos, aos quais inclu-ímos os resí duos decorrentes dos serviços de saúde e ativida des correlatas. Uma prova disso está na Re-solução CONAMA 005/1993, que define os resíduos sóli dos como:

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospi talar, comercial, agrícola e de servi ços de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equi-pamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particu-laridades tornem inviá vel o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, [...] (BRASIL, 2006, p. 19). [grifo nosso]

Ainda no sentido elucidativo desse nosso ob jeto de estudo, os resíduos dos serviços de saúde, segun-do Philippi Jr. & Aguiar (2005), são tosegun-dos aqueles ge-rados em hospitais, clínicas, ambulató rios e similares. Para esses autores, a principal característica desses resíduos é o potencial de patogenicidade, uma vez que são classificados como infectantes, especiais e comuns. Os infec tantes, por terem organismos patogênicos; os espe ciais podem apresentar carac-terísticas de periculo sidade, como radioatividade e toxicidade; os co muns, com características compa-tíveis com os resíduos domésticos, ou seja, do lixo comum, passiveis de algum tipo de aproveitamento ou reciclagem.

Com essa caracterização, o processo de Geren-ciamento dos Resíduos do Serviço de Saúde (GRSS) torna-se um assunto polêmico e ampla mente discuti-do por tratar-se de lixo hospitalar (SILVA & SOARES,

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