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Breves considerações acerca de modificadores nominais (rentaishuushokugo) da língua japonesa, segundo Yamada a Watanabe

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Academic year: 2021

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Breves considerações acerca de modificadores nominais

(rentaishuushokugo) da língua japonesa, segundo

Yamada a Watanabe

Junko Ota

Centro de Estudos Japoneses – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - Universidade de São Paulo (USP)

Av. Prof. Lineu Prestes, 159 – 05508-900 – São Paulo – SP – Brasil cejap@usp.br

Abstract. Following the purpose of the Inter-institutional Group of Japanese

Language Studies (GRIELJ) of studying the theoretical approaches of modern Japanese grammarians, Yoshio Yamada, Shinkichi Hashimoto, Motoki Tokieda and Minoru Watanabe, the present paper has as aim discuss the mentioned authors’ concepts about the question of name modifying (rentaishuushoku) of Japanese language.

Keywords. Japanese language; noun modifyer; nominal adjuncts; relative

clauses; Japanese grammarians

Resumo.Dentro da proposta do Grupo Inter-institucional de Estudos da Língua

Japonesa (GRIELJ), de estudar as abordagens teóricas dos gramáticos japoneses modernos, Yoshio Yamada, Shinkichi Hashimoto, Motoki Tokieda e Minoru Watanabe, o presente trabalho tem como objetivo tecer breves considerações sobre os conceitos dos referidos estudiosos em torno da questão de modificação nominal (rentaishuushoku) da língua japonesa.

Palavras-chave. língua japonesa; modificador nominal;, adjunto adnominal;

oração adjetiva, lingüistas japoneses.

“Rentai(que se liga ao nome) shuushoku(que determina) go(palavra)” é a terminologia em japonês que designa palavras, locuções e mesmo orações que determinam o substantivo, o que corresponde a adjuntos adnominais e orações subordinadas adjetivas, razão pela qual o traduzimos “modificadores nominais”. Um dado que merece destaque na comparação com o português é sua posição sintagmática dentro da sentença: os modificadores nominais, assim como os verbais, ocupam sempre a posição anterior ao elemento modificado/complementado. Uma vez escrito em vertical, os modificadores posicionam-se acima do substantivo modificado, e em horizontal, à esquerda do mesmo. Seguem-se abaixo as considerações tecidas restritamente em torno dos modificadores nominais pelos gramáticos japoneses modernos, Yoshio Yamada, Shinkichi Hashimoto, Motoki Tokieda e Minoru Watanabe, seguindo a ordem cronológica.

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Yoshio Yamada (1873-1958)

Yamada chama o modificador nominal de rentai-kaku, ou seja, a parte da oração com a função de modificar os nomes, definindo-o como aquele que esclarece o significado dos nomes, posicionando-se acima dos mesmos, levando em conta a escrita em linhas verticais, tradicionalmente adotada no Japão. Nota-se nas considerações de Yamada a percepção tanto à função sintática quanto à posição sintagmática da referida parte da oração. O gramático ainda descreve os elementos constituintes de modificadores nominais. São os nomes (taigen) com a partícula no, marcador de modificador nominal; os numerais e pronomes; os predicativos (yôgen) com ou sem os seus complementos; e os advérbios(fukushi).

Segundo Yamada, a sentença se caracteriza pela presença de um pensamento no interior da cadeia de palavras, unificadas pela ação concatenadora (tôkaku sayô) que ocorre através da força predicativa (chinjutsu) dos chamados “predicadores” ou yôgen. O gramático não menciona, porém, a questão da força predicativa em yôgen quando este faz parte do modificador nominal, dando-nos a entender que a ação de concatenação de idéias se constata essencialmente nos predicados posicionados na parte final da sentença. Essa questão, como veremos mais adiante, é retomada posteriormente de outra forma pelo gramático Tokieda.

Shinkichi Hashimoto (1882-1945)

Em suas obras, Hashimoto considera que, diferentemente de modificadores verbais, que se subdividem em sete, os modificadores nominais são de um tipo só, sendo simples e sem problemas. Mas observamos um problema de consideração se levarmos em conta a questão de modificação nominal à luz de seus conceitos acerca da menor unidade significativa da sentença, ou seja, bunsetsu.

Hashimoto conceitua o bunsetsu como a menor unidade significativa da sentença, tendo como princípio de separação a pausa de som entre uma unidade e outra. Cada unidade de bunsetsu, separável entre si pela pausa de som, é constituída de um elemento nocional e um relacional ou então por um elemento que é ao mesmo tempo nocional e relacional. Em outras palavras, a sentença como:

Sakura-no / hana-ga / saku. “cerejeira”-Genitivo / “flores”-Nominativo / “florescem” “As flores de cerejeira florescem.”

é dividida em sakura-no “de cerejeira”/ hana-ga “as flores” /saku “florescem”. Consideramos que a divisão de bunsetsu está perfeitamente de acordo com o que o gramático propõe, que é a unidade divisível do ponto de vista sonoro. Porém, não se pode considerar que uma unidade bunsetsu sempre modifica a outra, como fazem supor as afirmações de Hashimoto. Principalmente em se tratando da relação de modificador e o

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seguinte toda, mas sim apenas parcialmente, uma vez que a relação se estabelece entre uma unidade sakura-no e uma parte da outra unidade, hana, sem levar em consideração o marcador de nominativo ga, que se liga a todo o sintagma nominal sakura-no hana “flor de cerejeira” e não somente a hana “flor”.

Em outras palavras, não se podem considerar no mesmo nível as unidades

sakura-no (“cerejeira”-Genitivo) e hana-ga (“flores”-Nominativo), uma vez que ali opera a ligação

sintática entre sakura-no e hana, e somente após essa formação do sintagma nominal como um todo (sakurano hana “flores de cerejeira”), pode-se atribuir a função sintática de sujeito, através da partícula ga. Nesse sentido, devemos dizer que o conceito de bunsetsu de Hashimoto não contempla de forma satisfatória pelo menos a relação e identificação do modificador de nome e o nome modificado.

Motoki Tokieda (1900-1967)

Tokieda foi o lingüista que aprofundou a teoria da divisão das palavras japonesas em palavras conceituais (shi) e gramaticais(ji), existente desde o século XIII. De acordo com a concepção do gramático, os princípios da sintaxe residem na junção de shi e ji, sendo que shi é vocábulo de conteúdo que passa pela etapa da conceptualização e ji, vocábulo gramatical que expressa o julgamento subjetivo do falante. Considerando o “predicador”(yôgen) como palavras conceituais (shi), Tokieda vê anexado ao mesmo um ji oculto, chamando-o de elemento concatenador de idéias (chinjutsu). Nesse quesito, Tokieda se distingue de Yamada, que enxergava em yôgen um elemento que “incorporava” a função concatenadora de idéias da sentença. Em outras palavras, atribuindo a palavras gramaticais (ji) essa função concatenadora de idéias, a parte subjetiva e portanto mais importante da língua, Tokieda vê a importância de se denominar o ji oculto de Zero Kigô ou Rei Kigô “Signo Zero”. Se, para Yamada, yôgen era elemento essencial para desenvolver esse conceito de chinjutsu “concatenação de idéias”, para Tokieda, o elemento ji era o que amarrava as idéias trazidas pelo shi – daí a atribuição de importância a yôgen e a ji, respectivamente, para os respectivos gramáticos.

Para Tokieda, o Signo Zero que acompanha o yôgen (para ele, shi, expressão apenas de conceito) faz parte não somente dos predicados, partes finais da frase, como afirmava Yamada, mas também dos modificadores de nome. Segundo Tokieda, os predicadores ou

yôgen que fazem parte do modificador nominal também assumem a força concatenadora, o

que pode ser compreendida como “força modalizadora”. O conceito de que a oração adjetiva ou relativa pode conter a força modalizadora tem suscitado polêmica, uma vez que não se incluem dentro de modificadores nominais expressões modais, tais como os morfemas finais yo, ne e ka.

Minoru Watanabe (1926-)

Watanabe publica a obra Kokugo Kôbunron (Teoria de Sintaxe da Língua Japonesa) em 1971, onde desenvolve sua concepção teórica de análise da língua, baseada em funções

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(shokunô) que as palavras desempenham na frase, não se restringindo a sintáticas, mas também as semânticas e discursivas.

Ainda nesse livro acima mencionado, o gramático tece considerações sobre modificadores nominais comparando-os com os verbais, uma vez que os modificadores, em japonês, shuushokugo (palavras que especificam), são subdivididos em rentai (que se ligam ao nome) e ren’yô (que se ligam ao verbo). É a partir da gramática de Hashimoto que se estabelece a Gramática Escolar, onde os dois modificadores são considerados como se tivessem características paralelas. Watanabe afirma, entretanto, que enquanto os modificadores verbais são constituídos de nome e morfema indicador de vários casos, os nominais se resumem numa só forma, de nome e o morfema no, que extrapola qualquer especificação da relação lógica. Do ponto de vista de sua concepção de sintaxe da língua japonesa, os modificadores verbais e nominais não possuem características similares, uma vez que a junção das partículas em dois modificadores se dá de uma forma extremamente distinta, comparando apenas a constituição de nome + partícula(s).

Por outro lado, o yôgen (traduzido como “predicador”) que faz parte do modificador nominal, segundo Watanabe, não tem a força concatenadora (chinjutsu) da frase como teorizou Tokieda, e sim uma concatenação proposicional (tôjo), que tem um encadeamento enquanto modificador nominal, o que o gramático chama de rentaitenjo. Dessa forma, Watanabe distingue o tôjo (concatenação proposicional), que ocorre dentro do modificador nominal, do chinjutsu (concatenação de idéia), que se realiza na parte final da frase.

Vale acrescentar ainda que Watanabe, que levou em conta os aspectos semânticos, apontou a questão da restrição semântica existente entre o modificador e o nome modificado. Mesmo que de um lado exista o modificador de um lado e o nome a ser modificado, a relação de modificação não se constitui sem a proximidade semântica entre os dois elementos. Assim, só os elementos seguintes podem estabelecer a relação de modificador e nome modificado:

Sakura-no (de cerejeira) – ki(árvore), hana(flor), miki(caule), iro(cor), geta(tamanco

japonês)

Kawa-no(do rio) – nagare (correnteza), fukasa (profundeza), mukô (para lá), sakana

(peixe);

Não há, portanto, a mesma relação entre os elementos abaixo:

Sakura-no (de cerejeira) – fukasa (profundeza), sakana (peixe), ha (dente), jishin

(terremoto)

Kawa-no (do rio) – miki (caule), geta (tamanco japonês), ha (dente), jishin (terremoto).

Pode-se dizer que Watanabe foi o gramático que abordou com maior acuidade a questão da semântica entre o nome modificado e os elementos constituintes de modificador nominal, o que nos mostra o grau de maturidade teórica em comparação aos seus predecessores, equilibrando as considerações morfológicas, sintáticas e semântico-discursivas.

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Nas breves explanações dos gramáticos acima descritos, vemos que Yamada introduziu o conceito de chinjutsu (concatenação de idéia) da sentença, mas sem visualizar o mesmo no modificador nominal. Tokieda passou a adotá-lo ampliando seus limites, visualizando seu efeito até na parte do modificador nominal. Watanabe, por fim, então, passou a conceber como distinto o conceito da concatenação no final da sentença daquela que ocorre no modificador nominal, separando a noção de chinjutsu da de tôjo. Hashimoto, por sua vez, não chega a discutir a respeito da concatenação de idéias, sendo o gramático que levou em consideração a parte formal, a separação da sentença em unidades significativas de bunsetsu.

Bibliografia

DOI, E. T. et al. As teorias gramaticais de japonês: Yamada e Hashimoto. Estudos Lingüísticos. Taubaté: Unitau. 2003. CD-ROM.

MORALES, L.M. et al. As funções lingüísticas em Watanabe Minoru. Anais do XIV Encontro Nacional de Professores Universitários de Língua, Literatura e Cultura Japonesa. Assis: Unesp/Assis, 2003.

OTA, J. et al. Ação concatenadora (tôkaku sayô) e força de predicação (chinjutsu) na frase da língua japonesa segundo Yamada. Texto apresentado em XVI Seminário do CELLIP. 2003.

SUZUKI, T. et al. Classificação mórfica binaria SHI e JI da língua japonesa. Estudos Lingüísticos. Campinas: Unicamp. 2004. CD-ROM.

TOKIEDA, M. Nihonbunpô kôgohen. Tóquio: Iwanami Shoten, 1980. WATANABE, M. Kokugo kôbunron. Tóquio: Shima Shobô. 1971.

Referências

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