• Nenhum resultado encontrado

TRABALHO DE FINAL DE CURSO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "TRABALHO DE FINAL DE CURSO"

Copied!
20
0
0

Texto

(1)

27

TRABALHO DE FINAL DE CURSO

Gláucia Vieira CÂNDIDO (FFBS)1

RESUMO

O presente artigo objetiva apresentar um estudo sobre um dos principais fatores responsáveis pela textualidade - a coesão textual – a partir da descrição de propriedades específicas verificadas em duas redações de vestibular. Nessas redações observar-se-á o modo como se dão as relações de sentido estabelecidas entre enunciados que compõem um texto escrito. A análise basear-se-á em aportes teóricos oferecidos por Halliday & Hassan (1976), Beaugrande & Dressler (1981), Weinrich (1973) e, especialmente, Koch (1996) que propõe, baseando-se na função dos mecanismos de coesão na construção da textualidade, a seguinte classificação das modalidades de coesão textual : coesão referencial e coesão seqüencial.

Introdução

O presente trabalho tem por objetivo apresentar um estudo preliminar sobre a coesão textual, um dos principais fatores responsáveis pela textualidade. Assim, prevê-se uma breve descrição de propriedades específicas de dois textos1 selecionados para que neles se observem como se dão as relações de sentido estabelecidas entre enunciados que compõem um texto escrito.

Para a análise dos textos partir-se-á de considerações teóricas, tais como as feitas por Halliday & Hassan (1976), Beaugrande & Dressler (1981), Weinrich (1973) entre outros. Contudo, um enfoque maior recairá sobre as orientações de Koch (1996), visto que essa autora, embora baseando-se na função dos mecanismos de coesão na construção da textualidade discutida pelos demais autores mencionados, propõe uma classificação interessante (devido à sua objetividade e amplitude) das modalidades de coesão, isto é, a coesão estaria dividida em duas classes: a referencial e a seqüencial.

1

Redações produzidas por candidatos ao Vestibular 1999 para o curso de Direito das Faculdades Objetivo de Goiânia-Goiás.

(2)

28

Assim, esse estudo subdivide-se em duas partes básicas: a primeira relaciona-se com os pressupostos teóricos que embasarão a análise; a segunda, compreende a análise dos três textos em questão.

Pressupostos Teóricos

Tradicionalmente os estudos lingüísticos sobre o texto envolvem uma diversidade de vertentes teóricas que se encontram distribuídas em três momentos fundamentais: o da análise transfrástica, o da construção das gramáticas de texto e o da construção de teorias de texto.

O primeiro momento se procede à análise das regularidades que transcendem os limites do enunciado. O intuito, portanto, é estudar os tipos de relação que se podem estabelecer entre os enunciados diversos que compõem uma seqüência significativa.

A construção das gramáticas de textos, que caracteriza o segundo momento, baseia-se na idéia de que um texto não é apenas uma seqüência de frases isoladas, mas uma unidade lingüística com propriedades estruturais específicas. É orientando-se por essa linha de pesquisa que muitos estudiosos, ligados ora à gramática estrutural ora à gerativa, tentam apresentar os princípios de constituição do texto em uma dada língua, procurando levantar critérios para a delimitação de textos e, ainda, diferenciar as diversas espécies de texto.

No terceiro momento, além dos procedimentos utilizados na construção de gramáticas de textos, destaca-se o tratamento especial ao texto no seu contexto2 pragmático. Em virtude disso, aliás, muitos estudiosos como Petöfi, por exemplo, assumem que a própria gramática textual constitui-se, de fato, apenas como um dos componentes da teoria de texto (Fávero & Koch, 1998).

2

Termo entendido, geralmente, como um conjunto de condições externas ao texto da produção, da

(3)

29

Dentro do panorama teórico acima exposto, surgem diversas definições de texto, dentre elas, três interessam particularmente às análises que se propõe a realizar neste trabalho, conforme destacadas a seguir:

Sob a ótica gerativista, Dressler (1970), postula o texto como uma enunciação lingüística formada a partir de regras gramaticais de uma língua particular, cujas intenções dos interlocutores se encarregam de reter como completa lingüisticamente. Por outro lado, Halliday & Hasan (1973), seguindo orientações da linha funcionalista, tomam o texto como uma “realização verbal entendida como uma organização de sentido, que tem o valor de uma mensagem completa e válida num contexto dado” (cf. Fávero & Koch, 1998).

Abarcando os dois conceitos acima, Marcuschi (1983) define o texto não apenas como uma configuração produzida pela simples união de morfemas, lexemas e sentenças, mas como resultado de operações comunicativas e processos lingüísticos em situações comunicativas. Esse autor enfatiza ainda que estando um texto submetido tanto a controles e estabilizadores internos como externos, não se deve considerar a estrutura lingüística como único fato para a produção, estabilidade e funcionamento do texto.

Como se pode notar, tais orientações teóricas expressam de um modo geral a idéia de que existem determinados elementos e fatores que cooperam para que haja a textualidade, ou seja, para que uma realização verbal constitua de fato um texto. Além disso, percebe-se, nessas teorias, a necessidade de se observar alguns critérios específicos a fim de se verificar uma situação de enunciação.

Nesse sentido, Beaugrande & Dressler (1981) discutem os principais critérios ou padrões de textualidade e do processamento cognitivo do texto. Enfocando especialmente a textualidade, esses autores apresentam dois critérios centrados exclusivamente no texto: a coesão (conexão seqüencial) e a coerência (conexão conceitual-cognitiva); e ainda outros cinco que se centram nos usuários: a informatividade, a situacionalidade, a intertextualidade, a intencionalidade e a aceitabilidade.

No âmbito deste trabalho, focalizar-se-á apenas a coesão textual, fator relacionado ao modo como os elementos da superfície se encontram interligados entre si numa seqüência linear, ou seja, o critério referente às relações de sentido que se estabelecem entre os enunciados na composição textual, e que ocasionam dependência entre a interpretação dos elementos do texto. Nesses termos, vale destacar também que

(4)

30

o estabelecimento de relações coesivas envolve todos os níveis linguísticos, já que se inicia com significados específicos (nível semântico) que após codificados como formas (nível léxico-gramatical) se realizam, por fim, como expressões (nível fonológico-ortográfico). Na seqüência destacam-se, conforme Halliday & Hasan (1976), os principais fatores de coesão: a referência, a substituição, a elipse, a conjunção e a coesão lexical.

A referência é classificada tradicionalmente como textual ou situacional (extratextual). Isso porque constituem elementos de referência itens lingüísticos que não são semanticamente interpretados pelo seu sentido próprio, já que sua significação depende de outros elementos que podem estar no próprio texto (referência endofórica) ou fora dele, isto é, na situação além texto (referência exofórica).

Há três tipos básicos de referência: a pessoal, a demonstrativa e a comparativa. A primeira, faz-se através da categoria da pessoa do discurso e é representada por pronomes pessoais e possessivos. A segunda, efetua-se por meio da situação, numa escala de proximidade, pelo uso de pronomes demonstrativos e advérbios que indicam lugar. Já o terceiro tipo dá-se, indiretamente, através de identidades ou similares. A propósito disso, Koch (1996) diz que a coesão referencial é aquela em que um elemento da superfície do texto (forma referencial) faz remissão a um outro que faça parte do universo textual (elemento de referência). Este último elemento pode ser um nome, um sintagma, um fragmento de oração, uma oração inteira ou todo um enunciado.

Ainda conforme Koch (1996), tal noção de coesão referencial tem feito com que a maioria dos estudos sobre o assunto partam do princípio de que exista obrigatoriamente identidade de referência entre a forma remissiva (referencial) e o seu referente (elemento de referência). No entanto, isso é questionável, visto haver exemplos concretos de formas remissivas que extraem de alguns grupos nominais o seu elemento de referência, repudiando o restante, como atestado por Halliday & Hassan (1976). Além desses exemplos, ainda há outros que se referem a questões de categoria ou função e que reforçam tal questionamento. Aliás, por causa dessa discussão Kallmeyer et al (1974) propuseram a “Teoria da Referência Mediatizada”, que como o próprio nome implica, caracteriza a função mediadora exercida pela forma remissiva quando da remissão a outros elementos lingüísticos do texto.

(5)

31

Ainda no tocante à referência textual, ela pode ser anafórica, quando permitir a interpretação de um determinado item pela relação em que se encontra com algo que o precede no texto; ou catafórica, quando caracterizada por um elemento cuja interpretação depende de algo que se segue no texto.

Na visão de alguns estudiosos, a referência anafórica se distingue em superficial, quando se estabelece entre uma forma remissiva e um referente textual e profunda, quando o referente não estiver explícito no enunciado, mas que poderá ser deduzido pelo contexto através de inferências. Para fins deste trabalho destaca-se a classificação geral de Kallmeyer et al (op. cit) das principais formas remissivas: referenciais e não-referenciais; presas e livres.

As formas referenciais remissivas são os grupos nominais definidos, os sinônimos, os hiperônimos e nomes genéricos entre outros. Já as formas remissivas não-referenciais presas são aquelas que dentro de um grupo nominal antecedem o nome e também ao(s) modificadores, isto é, aquelas que exercem a função de determinantes. Finalmente, as formas não-referenciais livres são os pronomes que têm verdadeiramente função de pronome, ou seja, os pessoais de 3ª pessoa e os substantivos em geral; além deles os advérbios pronominais, como por exemplo, “lá”, “aí”, “acima” etc.

A substituição é o processo coesivo que consiste na colocação de um item no lugar de outro(s) ou até mesmo de uma oração inteira. A substituição é classificada como nominal quando feita por meio da colocação de pronomes, numerais e indefinidos ou de nomes genéricos (hiperônimos).

A elipse, outro fator de coesão, implica a omissão de um item lexical que, entretanto, pode ser recuperado pelo contexto. Elementos nominais, verbais e até orações podem ocorrer como elipse em textos.

Segundo Fávero & Koch (1998), os três fatores acima descritos assemelham-se em certos aspectos. Afinal, poder-se-ia dizer que a substituição é um tipo especial de referência, enquanto a elipse, um tipo de substituição, já que na realidade a elipse constitui um processo de substituição de uma forma qualquer por zero (). O que distingue a substituição da referência é que esta é uma relação mais semântica (nível do significado); já aquela, é mais gramatical (nível da palavra).

De natureza diferenciada das relações coesivas anteriormente destacadas, a conjunção não é simplesmente uma relação anáforica, já que os elementos conjuntivos são coesivos não por si próprios, mas sim devido às relações significativas específicas que se estabelecem entre as orações dentro do período, entre os períodos dentro de um

(6)

32

parágrafo e entre os parágrafos no interior do texto. Os principais tipos de conjuntivos são: advérbios e locuções adverbiais; conjunções coordenativas e subordinativas; locuções conjuntivas; preposições e locuções conjuntivas; itens continuativos como “daí”, “então”, “a seguir” entre outros.

Assinala-se, ainda, outro fator de coesão lexical, a colocação, que é resultante da associação de itens lexicais que regularmente co-ocorrem.

No que diz respeito à coesão lexical, sabe-se que ela é obtida por meio da reiteração de itens lexicais idênticos ou que possuem o mesmo referente, isto é, de sinônimos ou palavras afins que pertençam a um mesmo campo lexical. O uso dos nomes gerais tem sua função coesiva situada entre a coesão lexical e a gramatical, já que esses nomes se encontram a meio caminho do item lexical, constituinte de um conjunto aberto, e do item gramatical, membro de um conjunto fechado. Também é discutível para Koch (1996), a existência dessas duas últimas categorias na classificação de Halliday & Hassan (1976). O fato é que o uso de sinônimos, hiperônimos e nomes genéricos caracteriza uma forma de remissão a elementos do mundo textual, tendo, portanto, função coesiva idêntica à das pro-formas; a reiteração do mesmo item lexical pode ter também essa mesma função ou exercer uma outra do tipo seqüenciadora, o que também ocorre com o processo da colocação.

Em face dessas considerações, Koch (1996) propõe a existência de duas modalidades de coesão: a referencial, na qual se enquadram as formas de referenciação ou remissão e a seqüencial, em que, além da conjunção, enquadram-se outros processos de seqüenciação. Sobre esses últimos processos, Koch (1996) atesta que a progressão textual pode ser feita com ou sem elementos recorrentes. A partir disso e com base em Castilho (apud Koch, 1986), a autora classifica a seqüenciação em parafrástica e frástica.

A seqüenciação parafrástica dá-se quando na progressão do texto, utilizam-se procedimentos de recorrência , tais como recorrência de: termos (reiteração de um mesmo item lexical); estruturas (paralelismo rítmico ou sintático, ou seja, igualdade de forma, porém com conteúdos diferentes); conteúdos semânticos (paráfrase, isto é, igualdade de forma com mesmo conteúdo); recursos fonológicos segmentais e/ou supra-segmentais e, finalmente, tempo e aspecto verbal.

(7)

33

Por outro lado, a seqüenciação frástica, dá-se por meio de sucessivos encadeamentos, assinalados por meio de um conjunto de marcas lingüísticas através das quais se estabelecem, entre os enunciados que compõem o texto determinados tipos de relação. Exemplificam mecanismos responsáveis pela seqüenciação frástica, aqueles que somam argumentos a favor de determinada conclusão (conjunções aditivas); aqueles que operam a localização temporal (conjunções temporais); aqueles que introduzem uma restrição, oposição ou contraste com relação ao dito anteriormente (conectores adversativos); aqueles que apresentam uma justificativa ou explicação sobre o ato de fala anterior (conjunções explicativas); aqueles que introduzem uma alternativa (conjunções alternativas) entre outros.

De posse desses pressupostos teóricos, apresentar-se-á em seguida algumas observações sobre as condições de produção dos textos que servirão de análise neste trabalho.

Condições de produção dos textos em análise

“Um texto se constitui enquanto tal no momento em que os parceiros de uma atividade comunicativa global, diante de uma manifestação lingüística, pela atuação conjunta de uma complexa rede de fatores de ordem situacional, cognitiva, sociocultural e interacional, são capazes de construir, para ela, determinado sentido.” (KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2000)

Segundo Koch (2000), a informação semântica contida em um texto distribui-se em pelo menos dois blocos: o dado e o novo. Esses elementos devem estar cuidadosamente dispostos e dosados para uma interferência, diga-se, adequada na construção do sentido. A informação dada é aquela que se encontra no horizonte de consciência dos interlocutores e sua função é estabelecer os pontos de ancoragem para o aporte da informação nova.

Como já destacado nos pressupostos teóricos deste estudo, a retomada da informação já dada far-se-á por meio de remissão ou referência textual que no texto em si formará cadeias coesivas organizadas que contribuirão para a produção de sentido pretendida pelos autores dos textos, parte esta que será focalizada posteriormente.

(8)

34

Consideram-se aqui algumas informações básicas sobre a situação de produção dos textos em análise, assim como de sua temática, a fim de dar ao leitor alguns subsídios para que possa construir junto com os autores, o sentido de cada texto em questão.

Os dois textos em análise enquadram-se no tipo narrativo e foram produzidos durante o processo seletivo3 das Faculdades Objetivo de Goiânia, realizado em 06/02/1999, e cuja temática reproduz-se integralmente, abaixo:

TEMA B – NARRAÇÃO

“A tragédia do ‘Titanic’ que o mundo não esquece, volta a emocionar multidões numa superprodução cinematográfica. O cineasta James Cameron não se satisfez com a história original – criou um enredo romântico para garantir o sucesso nas telas.” (IstoÉ)

Imagine que você tenha viajado também no navio e reconte a história, mudando-a totalmente ou apenas em parte.

INSTRUÇÕES

1ª Seja qual for sua história, deverá se passar no navio ‘Titanic’.

2ª Você poderá ser qualquer um dos personagens da história do filme original ou ainda um outro personagem, que não tenha aparecido na versão do grande cineasta.

3ª Se você optar por ser um personagem da história original, crie um enredo diferente para o mesmo; afinal, outras histórias podem ter acontecido na mesma ocasião e local. Quem sabe uma história policial?... Ou mesmo uma outra história de amor? Fique à vontade para criar...

4ª Conduza a narrativa em 1ª pessoa do singular.

3

Em virtude dessa situação de produção, os textos são passíveis de desvios à norma padrão da língua portuguesa, contudo isso não estará sendo levado em consideração neste trabalho.

(9)

35

Na seqüência, apresentar-se-á a transcrição dos textos, doravante denominados Texto A e Texto B, e imediatamente as análises propostas para cada um deles. Antes, porém, de iniciar a análise do fator coesão textual, far-se-á um breve comentário a respeito dos elementos constituintes da narrativa: o narrador, os personagens, o tempo, o cenário e o enredo.

Texto A

O NAVIO QUE NÃO AFUNDOU

Toco porque o momento (1) existe. E a minha (2) música (3) ecoará sempre por este navio (4) e as suas (5) adjacências. O meu (6) violino (7) aliviará o fardo do medo, do desconhecido, do ódio e do remorso das almas (8) que (9) se encontram neste plano (10). Toco porque agora que estou morto é que me (11) descubro vivo. Pois todos os receios se foram. Deixei de ser um músico (12 ) para me (13) tornar música (14). Pura e simplesmente arte (15). Toco porque esta (16) é a minha (17) função (18).

E, no decorrer da tragédia (19), aos poucos os meus (20) irmãos de música (21) se (22) juntam a mim (23). E vamos assim, atenuando com a nossa (24) música a cacofonia do reverso e da penitência das almas (25) tripulantes e passageiros (26) deste navio (27).

À minha (28) frente se encontra um jovem artista (29). Ele (30) se mostra como uma alma incompleta, acorrentado a um quadro. E ele (31) sabe que passará todos os seus (32) dias a desenhar a face de sua (33) amada (34) na esperança de um dia se encontrar com ela (35) para assim se (36) tornar vivo novamente.

Todas as almas (37) que (38) se encontram encerradas nos escombros do navio(39)sabem agora o preço da passagem, do capitão (40) ao mais reles tripulante (41). O dever de singrar eternamente vai mover das nossas (42) sórdidas e densas memórias e esperanças para naufragarmos de uma vez em meio aos nossos(43) erros ou para sermos salvos pela nossa (44) coragem. Mas levará muito tempo até chegarmos a algum porto seguro. E por isso (45) eu(46) toco, pois esta (47) é a minha (48) função(49).

E sei que todas as pessoas (50) que (51) cruzarem este trecho do mar escutarão em sua (52) alma a minha (53) melodia (54) para que esta alma obtenha a coragem (55) que (56) faltou a muitos (57 )no dia da tragédia (58) . Pois esta (59) é a minha (60) função (61).

(10)

36

Análise do Texto A

Nota-se que o autor do Texto A, de posse das orientações dadas pela temática, assume o papel de narrador-protagonista para contar a sua versão da história de um dos personagens coadjuvantes do filme de James Cameron: um músico, cuja função era entreter os passageiros do navio Titanic durante a viagem. Personagem este, que optou por continuar executando sua tarefa mesmo após o início da tragédia que assolou todo o navio.

Tal como Machado de Assis, o narrador/personagem (defunto) descreve brevemente alguns poucos personagens (os irmãos de música, o jovem artista e sua amada, o capitão), cujas características psicológicas evidenciam comportamentos de pessoas angustiadas em meio a um drama. O enredo é relatado de forma fragmentada, embora organizada, estruturado talvez com o objetivo mesmo de proporcionar um efeito de construção de imagem.

Destaca-se no texto a progressão temporal, pois ao contrário de perspectivas teóricas que atestam que em textos do tipo relato de mundo a predominância é do tempo pretérito, o autor opta pelo presente. Voltar-se-á a discutir esse aspecto adiante.

O cenário parece ter função bastante significativa dentro da trama. Vê-se, por exemplo, que o indicador de lugar “neste plano” dá ao leitor indícios de que o narrador-personagem está morto, o que será posteriormente confirmado pela expressão “agora que estou morto”. Aliás, em virtude disso reforça a interpretação de que se tem em mãos um texto de caráter espiritualista, em cujo autor percebe-se crenças relacionadas ao Espiritismo, como por exemplo, em almas e reencarnação.

Feitas essas considerações, partir-se-á para a análise dos recursos coesivos utilizados na construção de sentido do Texto A.

(11)

37

O processo de coesão textual no Texto A

A noção de que um texto não é apenas uma adição de frases isoladas transparece no estruturação do Texto A. Nota-se que o autor, em uma linguagem simples, porém objetiva estrutura suas idéias em frases geralmente curtas, fazendo uso moderado de conectores explícitos.4 Contudo, os mecanismos de coesão referencial e seqüencial são no Texto A importantes fatores para a construção do sentido, conforme descreve-se na seqüência.

Veja-se em princípio a coesão referencial. No que tange a referência situacional (exofórica), isto é, à remissão fora do texto, destaca-se a “tragédia” mencionada duas vezes durante a narrativa e que remete a um elemento que está fora do texto e que só pode ser recuperado pelo leitor se ele estiver interado da situação comunicativa. Daí a importância em explicitar informações que cooperam com as informações do texto para a construção do sentido.

Já no que respeita à referência endofórica (incluindo-se aí a substituição, a elipse; algumas vezes a coesão lexical e a colocação), percebe-se que no Texto A, ela está ligada a operações realizadas tanto pelo locutor quanto pelo leitor à medida em que o discurso se desenvolve, isto porque é o discurso que se encarrega de criar objetos a que faz remissão quando necessário. A reativação dos referentes dá-se na maioria da vezes tanto por meio de anáforas. Um exemplo disso, ocorre logo na 1ª linha do 1º parágrafo. O elemento referencial “momento”, será retomado posteriormente pela forma referencial “agora” na 3ª linha desse mesmo parágrafo.

O quadro abaixo demonstra outras formas remissivas ou referenciais que reativam alguns dos principais elementos de referência ou referentes do Texto A. Essa formas encontram-se representadas por números, os quais servem para identificá-las no próprio texto:

4

Isso, aliás, não constitui um problema, já que como atesta Marcuschi (1983), a coesão não é uma condição necessária, tampouco suficiente para a criação de um texto.

(12)

38

REFERENTE OU ELEMENTO DE REFERÊNCIA FORMA REMISSIVA OU REFERENCIAL FORMA REMISSIVA NÃO- REFERENCIAL LIVRE FORMA REMISSIVA NÃO-RERENCIAL PRESA5

narrador protagonista (12) e (14) Desinência de 1ª

pessoa do singular nos verbos: tocar, descobrir, deixar, tornar entre outros. (2), (6), (11), (17), (20), (28), (46), (48), (53) e (60). músico(12) (16), (23), (47) e (59) função (18) (49) e (61) música (3) (15), (24) e (54) navio (4) (27) e (39) almas (8) e (37) (25), (26), (37), (40), (41) e (57) (9) e (38) (42), (43) e (44) irmãos de música (21) (22) e (24) jovem artista (29) (30) e (31) (32), (33) e (36) amada (34) (35) (36) pessoas (50) (51) (52) coragem (55) (56) tragédia (19) (58) 5

O Texto A apresenta um alto número de formas remissivas não-referenciais presas na função de determinante. Contudo, por questões práticas não foram marcadas por números tanto no texto quanto no Quadro 1.

(13)

39

Quadro 1: Coesão referencial no Texto A

A título de exemplificação, observe-se no Quadro 1, acima, que o referente “narrador protagonista”, é reativado várias vezes por meio da forma remissiva não-referencial pronome possessivo, bem como pela desinência número/pessoal marcada morfologicamente nas formas verbais. Na estrutura textual, por outro lado, será na maior parte das vezes reativado por meio do processo de elipse, isto é, há uma substituição da forma pronominal do elemento de referência 1ª pessoa do singular pela forma  (zero).

Na análise da coesão seqüencial, observar-se-á os procedimentos lingüísticos por meio de que se estabelecem vários tipos de relações semânticas ou pragmáticas entre segmentos do texto (tais como enunciados, partes de enunciados, parágrafos e mesmo seqüências textuais).

Em princípio, assinala-se o uso de marcadores formais que correlacionam aquilo que será mencionado com o que já havia sido dito anteriormente. As relações significativas e específicas entre alguns dos elementos constitutivos do texto são marcadas explicitamente pelos seguintes tipos de conectores ou partículas de ligação:

A conjunção aditiva “e”: um dos recursos coesivos mais utilizados no Texto A e cujo uso pode-se atribuir ao caráter narrativo do texto, pois sabe-se que o processo de seqüenciação de fatos descritos/narrados costuma sofrer influências naturais da modalidade oral da língua. No quadro, abaixo, demonstra-se a ocorrência do conector “e” em posição inicial de sentenças (inclusive de parágrafos, prática pouco comum na modalidade escrita), bem como em outras posições nas sentenças:

LINHA

PARÁGRAFO

INÍCIO DE SENTENÇA OUTRAS POSIÇOES

NA SENTENÇA

Primeiro 1ª 2ª e 5ª

Segundo 1ª e 2ª 2ª e 3ª

Terceiro 2ª

Quarto 5ª 3ª (duas ocorrências)

(14)

40

Quadro de ocorrência do conectivo “e” no Texto A.

O contrajuntivo “mas”: introduzido para quebrar a seqüência aditiva de informações no 4º parágrafo. Através desse elemento se estabelece a contraposição entre os enunciados de orientações argumentativas diferentes.

Os explicativos ou justificativos: elementos significativamente empregados no Texto A. São eles os conectores: “porque” (Ex.: 1ª e 3ª linhas, 1º parágrafo) e “pois” (Ex.: 3ª linha, 5º parágrafo). Nota-se que para introduzir seu texto o autor apresenta um enunciado sobre o qual deverá dar ao leitor justificativas ou explicações posteriores. Em toda a narrativa estão presentes tais justificativas que também participam efetivamente da construção do sentido do texto, que se caracteriza até certo ponto como misterioso.

Os temporais: operadores de seqüencialização que marcam a ordem segundo a qual o autor teve a percepção ou o conhecimento de um dado estado de coisas do mundo narrado. No Texto A progressão temporal dos fatos descritos pelo narrador é marcada de forma explícita por meio da partícula “agora” (Ex.: 4ª linha, 1º parágrafo; 2ª linha, 4º parágrafo). Chama a atenção, contudo, a repetição do verbo “tocar” ao longo do texto, o que se considera um recurso responsável pela orientação discursiva do narrador, conforme expresso no diagrama:

“... porque o momento existe.” (tempo zero da narrativa)

“... porque agora que estou morto...” (aclive temporal) “Toco ...”

“... porque esta é a minha função.” (ápice temporal) “... pois esta é a minha função.” (aclive temporal)

Como é possível notar, o direcionamento e evolução da trama, fatores significativos do texto, são dados pela reiteração do verbo “tocar”, recurso que atua como operador argumentativo introduzindo o elemento tempo da narrativa. Ainda que predominando o tempo presente do indicativo, a repetição estratégica do verbo marca respectivamente o tempo zero da narrativa, um aclive, o ápice e um declive que culmina no encerramento do relato.

(15)

41

Com respeito à conjunção, pouco se vê nesse texto acerca desse critério. Isso se, é claro, parte-se do princípio de que os elementos conjuntivos são coesivos em virtude das relações significativas que se estabelecem entre as orações dentro do período, entre os períodos dentro de um parágrafo e entre os parágrafos no interior de um texto.

Certamente, muito há ainda que se observar nesse texto. Contudo, para os propósitos desse trabalho conclui-se que o aqui descrito seja suficiente para observar os mecanismos da coesão textual. Veja-se, agora, o que o Texto B apresenta a esse respeito.

Texto B

SONHO NAUFRAGADO

Assistia ao espetáculo das águas (1). Lentamente, elas (2) invadiam a cozinha (3). E todo aquele movimento me (4) fez refletir sobre o motivo por que estava ali (5). Friamente, não sentia medo. Apenas esperei.

Tinha esperanças(6) de uma nova vida(7), melhor, como muitos naquele navio (8). Imigrar para os Estados Unidos (9) passaria a ser uma bela realidade. Os pés (10) estariam no chão. Eu (11) deixaria os porões dos navios por belas e requisitadas cozinhas em Nova York (12). Além de cozinhar, preparar drinques também me (13) excitava. Coloquei bastante gelo (14) no copo, o (15) que (16) me (17) fez associar com o início daquela tragédia(18). Coloquei um bom uísque(19), já almejando que o gelo(20) dissolvesse logo, mas pensei que como era sólido igual a uma rocha, não teria como mudar a situação(21). Calma e esperar.

Já que a minha (22) esperança(23) não mais se realizaria, resolvi sonhar. Sonhar em águas geladas e densas(24). Fui para o salão de jantar, imaginei deliciar pratos saborosos(25), acompanhada por belos cavalheiros. Só que os pratos(26) já flutuavam, os talheres(27) me(28) espetavam como se quisessem dizer: “Vá, suba, busque socorro!” Mas não, eu(29) apenas persistia em boiar entre aqueles objetos(30). Simulei tomar meu(31) último gole(32) e pude dançar levemente. Meu(33) corpo(34) já havia perdido o chão(35). Então bailava com toda a intensidade da minha(36) mente(37). Já tocava os cristais dos lustres e deixei que os meus(38) sonhos se cristalizassem, como pedras de gelo, num ato de amor e descoberta de mim(39) mesma(40).

(16)

42

Análise do Texto B

Assim, como se observou no Texto A, também o autor do Texto B demonstra ter feito uma leitura cuidadosa das instruções expressas no tema do Vestibular. Lançando mão de uma linguagem figurada, mas bastante consistente, relata enquanto narrador-personagem suas experiências a bordo do navio em naufrágio.

Os elementos da narrativa são bem explorados pelo autor, que aproveita-se das imagens fornecidas pelo filme do cineasta Cameron para definir bem seu cenário e sua personagem. O texto fornece pistas de que o narrador é uma mulher, uma profissional da cozinha, que descreve suas ações e emoções no decorrer da tragédia. As relações entre as características psicológicas e profissionais da personagem e o cenário são muito bem trabalhadas pelo autor, que leva seu leitor a visualizar as imagens que descreve.

Do ponto de vista estrutural, o Texto A dá mostras de que seu autor tem um bom domínio dos recursos inerentes ao processo de coesão referencial. Tanto a referência endofórica, quando a exofórica podem ser verificadas na estruturação desse texto. Com relação a essa última, destaca-se que a forma remissiva não-referencial livre “ali” ( 2ª linha, 1º parágrafo), pode-se fazer também uma remissão exofórica, já que pode estar remetendo à “cozinha”, ou a um contexto maior, como o “navio”, por exemplo.

Além dessa remissão exofórica, observa-se o que termo “tragédia”, que aparece na 5ª linha do 2º parágrafo. Somente de posse da temática fornecida nesse estudo é que o leitor pode remeter ao referente dado pelo autor, ou seja, a referência está fora do texto.

Com relação à referenciação endofórica, o texto apresenta freqüentes retomadas de referentes via fenômeno da elipse (Ex.: 5ª linha, 2º parágrafo: elipse da expressão “no copo”; 6ª linha, 2º parágrafo: elipse do termo “gelo”).

Outra forma de referenciação utilizada pelo autor é aquela feita por hiperônimos ou indicadores de classes. (Ex.: 2ª linha, 2º parágrafo: “os pés” são referenciados pelo termo “corpo”; 1ª linha, 4º parágrafo: “gole”, por “uísque”). Também é notório o modo como o autor faz uso de formas referenciais cujo lexema fornece instruções de sentido que representam uma categorizarão das instruções de sentido de partes antecedentes do

(17)

43

texto. Por exemplo, a sentença “E todo aquele movimento” resgata os referentes (idéias) expressos nos dois enunciados anteriores: “...espetáculo das águas” e “elas invadiam a cozinha”. Outro exemplo disso, é a palavra “sonhos” (3ª linha, 4º parágrafo) que pode ser considerada uma forma nominalizada, isto é, um nome deverbal, por meio do qual se remete ao verbo “sonhar” e seus argumentos que se encontram no parágrafo anterior (1ª e 2ª linhas).

Interessante ressaltar também o uso da forma remissiva “o”, presente no 2º parágrafo (4ª linha). Nota-se que o pronome demonstrativo remete a todo o fragmento oracional anterior “Coloquei bastante gelo no copo”.

Além desses exemplos de coesão referencial, demonstra-se no quadro, abaixo, outras formas remissivas que reativam alguns dos principais elementos de referência do Texto B, as quais são representadas por números que as indicam o texto:

REFERENTE OU ELEMENTO DE REFERÊNCIA FORMA REMISSIVA OU REFERENCIAL FORMA REMISSIVA NÃO- REFERENCIAL LIVRE FORMA REMISSIVA NÃO-RERENCIAL PRESA

narrador protagonista (10), (34) e (37) Desinência de 1ª

pessoa do singular nos verbos: assistir, sentir, esperar, imigrar, deixar, excitar, almejar, entre outros. (4), (11), (13), (17), (22), (28), (29), (31), (33), (36), (38), (39) e (40). águas (1) (24) (2) cozinha (3) (5) esperanças (6)

(18)

44

nova vida (7) (23) navio (8) (35) (5) Estados Unidos (9) (12) gelo (14) (20) tragédia (18) (21) wísque (19) (32) pratos saborosos (25) pratos (26) (30) talheres (27) (30) Quadro 2: Coesão referencial no Texto B

Com respeito à inferência por substituição, notamos tal processo ocorrendo com os referentes “pratos” (26) e “talheres” (27 ) que são substituídos pela forma remissiva “objetos” (30). Na oportunidade, salienta-se que o autor pode levar um leitor desavisado a fazer uma falsa inferência entre o número (25) “pratos saborosos” e o número (26), “pratos”, que obviamente não se tratam do mesmo referente.

A análise da coesão seqüencial do Texto B também revela que o autor está consciente dos mecanismos coesivos lingüísticos para um bom encadeamento das informações dadas em sua narrativa. Sobre a coesão seqüencial do tipo parafrástico, é possível observar que o autor do Texto B pretende transmitir ao seu leitor a idéia de que o fato narrado é algo sem volta, sem soluções para a personagem/narrador. O maior indício de conformismo com a situação está na última linha do 1º parágrafo com o uso da expressão “Apenas esperei”. A sua recorrência ao final do 2º parágrafo no enunciado “Calma e esperar”, confirma tal hipótese.

Enfim, além desses recursos lingüísticos a escolha lexical do autor corrobora com a idéia de que o narrador, um provável defunto por afogamento, era uma pessoa conformada e sonhadora, pois mesmo tendo a oportunidade de fugir ao seu destino, opta em “persistir”, em boiar à espera de sonhos cristalizados, ou melhor, congelados pela morte.

(19)

45

A recorrência de tempo verbal é outro importante mecanismo de coesão seqüencial no Texto B. Conforme Koch (1996), o mundo narrado tem como tempo verbal característico, o pretérito imperfeito e o futuro de pretérito do indicativo. Nesse texto isso é evidenciado pelo uso dos dois tempos marcando a progressão textual: o tempo-zero da narrativa é o pretérito imperfeito (Ex.: 1ª linha, 1º parágrafo: “assistia”, “invadiam”); a evolução é marcada pelo pretérito perfeito (Ex.: 2ª linha, 1º parágrafo: “fez”, “esperei”).

Com respeito à coesão seqüencial frástica, pode-se notar no texto em análise que o encadeamento das idéias, isto é, a progressão textual é feita de forma tranqüila através de conectores e partículas conectivos que garantem relações lógicas entre os enunciados que compõem o texto. Destacam-se no Texto B os seguintes elemento responsáveis pelo mecanismo de coesão seqüencial frástica:

O conector “e”: embora com menor recorrência (isso em relação ao Texto A), a conjunção aditiva também figura no Texto B (Ex.: 1ª linha, 1º parágrafo; 3ª linha, 2º parágrafo; 1ª linha, 4º parágrafo). Os encadeamentos sucessivos dão-se mais via operadores ou encadeadores do discurso do tipo:

Conjunção: “como” (Ex.: 1ª linha, 2º parágrafo); “além de”, “também” (Ex.: 3ª e 4ª linhas, 2º parágrafo). Esses elementos servem para interligar enunciados que constituem argumentos para uma mesma conclusão.

Contrajunção argumentativa: o conector “mas” (6ª linha, 2º parágrafo; 4ª linha, 3º parágrafo), tal como no Texto A, serve aqui à função de estabelecer a contrajunção de enunciados cujas orientações discursivas são distintas. Revela em ambos os usos a descrença, a falta de motivação da personagem/narradora em dar crédito às idéias contrárias expressas nos enunciados anteriormente produzidos.

De forma semelhante à análise do Texto A, também aqui não se pretende esgotar a tarefa de observar os mecanismos de coesão textual. Contudo, pensa-se que se tem uma amostra razoável do processo em questão.

Conclusão

Os textos analisados demonstraram de forma geral estar bem definidos acerca do fator referenciação, visto que seus autores parecem apresentar domínio das estratégias cognitivo-discursivas da progressão textual.

(20)

46

Como se pôde observar, a referência é sobretudo um processo ligado às operações efetuadas pelos sujeitos (escrito/leitor) à medida que o discurso se desenvolve; o discurso constrói os objetos a que faz remissão, sendo, ao mesmo tempo, tributário dessa construção.

O exame da coesão seqüencial nos Textos A e B revelou que ambos os autores têm consciência de que para se obter uma progressão textual favorável nem sempre é necessário fazer uso de elementos recorrentes. Contudo, o encadeamento das idéias dá-se de forma clara com o uso dos mecanismos de dá-seqüenciação existentes na língua.

Vale lembrar, é claro, que o encadeamento das idéias pode ocorrer mais no nível da coerência (fator de que não se tratou neste trabalho) do que no da coesão textual.

Referências Bibliográficas

BARROS, K. S. M. “Redação escolar: produção textual de um gênero comunicativo?” In:

Leitura: teoria & prática. N 34. São Paulo: Mercado Aberto e ALB, 1999.

BEAUGRANDE, R. & DRESSLER, W. U. Introduction to Textlinguisticas. London: Longman, 1981.

BROWN, G. & YULE, G. Discourse Analysis. London: Cambridge,

DRESSLER, W. “Towards a Semantic Deep Structures of Discourse Grammar.” Papers from

the Sexth Regional Meeting of the Chicago Linguistic Society. 1970, p.2020-209.

FÁVERO, L. L. & KOCH, I. V. Lingüística textual: intrudução. São Paulo: Cortez, 1998. HALLIDAY, M. A. K. & HASAN, R. Cohesion in English. London: Longman, 1976. _____. Cohesion in Spoken and Written English. Londres: Longman (1973).

KALLMEYER, W. et al. Lektürekolleg zur Textulinguistik. Vol II: Reader, Frankfurt. Athenäeum, 1974.

KOCH, I. V. O texto e a construção de sentido. São Paulo: Contexto, 2000. _____. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 1996.

_____. A inter-ação pela linguagem. 5 ed. São Paulo: Contexto, 2000. _____. A construção discursiva da referência. (mimeo)

MARCUSCHI, L. A. Lingüística de texto: o que é e como se faz. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 1983.

MARSLEN-WILSON, W; LEVY, E.; TYLER, L. K. “Producing interpretable discourse: the establishment and maintenance of reference”. In: JARVELLA, R. J. e KLEIN, W.

Speech, Place, and Action. J. Wiley, 1982. pp.339-378.

Referências

Documentos relacionados

Na tentativa de avaliar a confiabilidade das medidas lineares realizadas em radiografias panorâmicas, comparando-as com imagens obtidas por meio de TC, Nishikawa et al., 2010

Leite 2005 avaliou duas hipóteses: a diferentes tempos de condicionamento com AFL não influenciariam nos valores de resistência de união entre uma cerâmica e um cimento resinoso; b

A revisão das produções sobre matriciamento em saúde mental apontou os seguintes eixos: dificuldades na articulação da rede de cuidados e fatores que dificultam o desenvolvimento

O presente estudo tem como objetivo avaliar se o uso de um munhão personalizado é capaz de facilitar a remoção do excesso de cimento após a cimentação de

Não só o crack, mas também as drogas de modo geral, e incluem-se aqui também as chamadas drogas lícitas tais como álcool e tabaco, são considerados um

Nos Estados Unidos da América EUA, elas representam cerca de 133 milhões, as quais contribuem para 7 a 10% da mortalidade a cada ano, resultam num gasto dispendido para a saúde de

Para modelação e ajuste do viés arbitral foi usado regressão logística binária sendo “audiência” (público no estádio) e taxa de ocupação, posse de

A operacionalização da implantação do apoio matricial às equipes de Saúde da Família, segundo Relatório do Planejamento da Gestão atual da Saúde Mental se deu