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VI PROBLEMAS AMBIENTAIS DOS LATICÍNIOS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

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22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 a 19 de Setembro 2003 - Joinville - Santa Catarina

VI-178 - PROBLEMAS AMBIENTAIS DOS LATICÍNIOS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

Thiago Negreiros Moura(1)

Aluno do Curso de Graduação em Engenharia Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Bolsista do Laboratório de Reatores e Termodinâmica do DEQ/UFRN.

Camilo Miguel Duarte Ribeiro

Aluno do Curso de Graduação em Engenharia Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Bolsista do Laboratório de Reatores e Termodinâmica do DEQ/UFRN.

Carlos Enrique de Medeiros Jerônimo

Mestrando do Programa de Pós-graduação em Engenharia Química da UFRN. Engenheiro Químico pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Endereço(1): Rua Moraes Navarro, 2049, Condomínio Atol das Rocas, Bloco B – Apto 101. Lagoa Nova – Natal – RN – Brasil. (84) 2064936. E-mail: negreiros@eq.ufrn.br

RESUMO

O Projeto de Pesquisa Problemas Ambientais dos Laticínios do Estado do Rio Grande do Norte tem como objetivo diagnosticar as tecnologias disponíveis para o beneficiamento do leite e a produção de derivados, e expor a real situação em relação aos aspectos e impactos causados ao meio ambiente, das empresas participantes do projeto, enfatizando a

necessidade de medidas a serem tomadas, afim de tratar e diminuir, em especial o volume dos resíduos descartados nos cursos d’água ou sob outras formas de disposição

ambientalmente menos saudáveis. A metodologia aplicada consistiu no preenchimento in loco de um questionário desenvolvido, afim de avaliar as questões ambientais inerentes ao

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processo produtivo, em relação aos parâmetros de balanço de material e oportunidade de inclusão de estudos de produção mais limpa. São apresentados os resultados referentes a efluentes líquidos, resíduos sólidos e emissões atmosféricas. Constatou-se que os efluentes líquidos representam a principal fonte de poluição nestas indústrias, principalmente com relação ao soro, já que são gerados 9 litros por quilograma de queijo produzido, que possui elevada carga de matéria orgânica, esta, altamente nociva ao equilíbrio biológico destes cursos. Com relação aos resíduos sólidos, os mesmos se apresentam em pequena

quantidade, porém com destinações nem sempre adequada como a disposição em lixões, incinerações ou aterramentos. As emissões atmosféricas, a princípio, não representam problemas de real significância devido ao pequeno porte das caldeiras e ao fato de que a maioria das indústrias se situa na periferia das cidades ou na zona rural.

PALAVRAS-CHAVE: Laticínios, Soro, Leite e Diagnóstico Ambiental.

INTRODUÇÃO

As questões ambientais estão, no momento, entre os principais assuntos na mídia global, tanto na abordagem dos aspectos técnicos envolvidos, dos impactos causados e da importância ao bem-estar social.

A origem dos problemas ambientais, normalmente, é atribuída ao crescimento econômico baseado na exploração dos recursos naturais, a qual provoca o seu esgotamento ou a contaminação (CNTL, 2003 [1]).

Os resíduos (sólidos, líquidos ou gasosos) sempre foram considerados inevitáveis nos processos produtivos. Como no metabolismo dos seres vivos, nossa sociedade transforma insumos em bens, em serviços e em resíduos, que necessitam ser adequadamente tratados, para serem absorvidos pelo meio ambiente, tornado-se, muitas vezes, incompatível com a sua preservação (CNTL, 2003 [1]).

O resíduo sólido se disposto inadequadamente sem qualquer tratamento, pode poluir o solo, as águas superficiais e subterrâneas e contaminar o ar. Em decorrência da grande

diversidade de processos produtivos industriais, capazes de originar uma variedade de subprodutos e resíduos sólidos que, normalmente, não retornam aos processos produtivos como forma de recuperar matéria e energia, sendo lançados ao meio ambiente de maneira desordenada, interferindo nos sistemas naturais (CNTL, 2003 [2]).

No tocante a efluentes líquidos, a poluição das águas se dá pela adição de substâncias ou de formas de energia que, direta ou indiretamente, alteram o corpo d`água de uma maneira tal que prejudique os legítimos usos que dele são feitos. Pode-se listar os principais poluidores de água da seguinte forma: contaminação, assoreamento, eutrofização, e acidificação (CNTL, 2003 [3]).

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As principais fontes poluentes são sólidos, em suspensão, matéria orgânica biodegradável e não biodegradável, nutrientes, patogênicos, metais pesados e sólidos inorgânicos

dissolvidos (CNTL, 2003 [3]).

Nos últimos anos, as questões a fim de inibir tais ações danosas e aumentar a sociabilidade e maior aplicação dos conceitos de desenvolvimento sustentável, vem tomando grandes proporções nos diferentes segmentos econômicos.

O setor agroindustrial de Leite no Brasil é um dos mais importantes tanto no aspecto econômico quanto no social. É um seguimento industrial bastante diversificado no âmbito nacional; encontrando-se presente nos mesmos, empresas de Laticínios de diversos portes variando de empresas ditas ‘fundo de quintal’ beneficiadoras de volumes reduzidos de Leite, até multinacionais e cooperativas centrais capazes de processar um montante diário de centenas de milhares de litros de Leite.

De acordo com o IBGE, a região nordeste é a terceira maior produtora de leite do Brasil, onde o RN é portador da média de um laticínio por cidade, podendo assim, ter participação significativa nesse montante.

São três os subprodutos gerados pelas indústrias de laticínios sob a forma de efluente industrial: o soro, o leitelho e o leite ácido. Destes, o primeiro é o de maior importância, tanto pelo volume produzido (cerca de 9L por Kg de queijo produzido) e pela própria característica de matéria-prima de qualidade e de amplo espectro de possibilidades de reutilização, quanto pelo seu enorme poder poluente.

O soro é um subproduto do processamento de queijo, caseína e outros produtos de leite acidificado. Aproximadamente, de 75 a 85% do volume do leite destinado à fabricação de queijos é constituído pelo soro.

O soro de queijo contém a metade do extrato seco do leite, representado por lactose, proteínas solúveis e sais (Greig e Harris, 1983; Mello, 1989, citados por PAOLUCCI, 1991).

O potencial de poluição do soro de queijo é aproximadamente cem vezes maior do que o de um esgoto doméstico. Atualmente, constitui prática adotada pela maioria das usinas

brasileiras, descartar o soro de queijo direta ou indiretamente nos cursos de água. Uma fábrica com produção média de 300.000 litros de soro de queijo por dia, polui o equivalente a uma pequena cidade com 150.000 habitantes (RALPH, 1982, citado TORRES, 1988). Apesar de toda a complexidade que envolve a cadeia produtiva dos laticínios e seus altos graus de agressão ambiental, não são registrados estudos de diagnósticos ambientais, para esse segmento industrial no estado do Rio Grande do Norte, sendo assim não se tem registros sobre a real gravidade e impactos causados ao meio ambiente que são derivados dessa atividade.

Dentre as diversas visitas preliminares realizadas pela equipe técnica participante do

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no referente a programas gestores de produção mais limpa capazes de atender as normas legislativas ambientais. E em decorrência dessa avaliação prévia, confirmou-se a real necessidade de elaboração do projeto.

O presente trabalho teve como objetivo a realização de um estudo de caracterização qualitativa e quantitativa dos principais resíduos gerados na indústria de laticínios e sua destinação final. Os resultados serão utilizados para nortear as providências e medidas a serem tomadas para esse importante segmento da economia norte-riograndense, visando a minimização dos impactos causados ao meio ambiente, geradas na atividade, e a

regularização da situação destas empresas perante os órgãos ambientais do estado. Além de ser um parâmetro de entrada para a análise econômica de projetos de reaproveitamento, através da quantificação e disponibilidade dos resíduos (matéria-prima).

MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo foi procedido mediante visitas técnicas, realizadas em diversas industrias do setor. As finalidades das visitas foram o conhecimento da situação tecnológica, ambiental e a identificação dos pontos críticos nas demais etapas do projeto (estudo de alternativas tecnológicas para o processo industrial e estudo de alternativas para o tratamento de efluentes).

Os dados necessários à elaboração do diagnóstico foram obtidos mediante a aplicação de um questionário em todos as indústrias de laticínios participantes do projeto. Trabalhou-se com informações e dados secundários fornecidos diretamente pelas indústrias.

Para efeito dessa pesquisa definiu-se uma amostra representativa da região da Grande Natal e Zona da Mata potiguar para realizar o estudo de impactos ao meio ambiente. Os

estabelecimentos onde se procederam as coletas de dados foram escolhidos por meio de uma predição sistemática e deliberada. Definiu-se o tamanho da amostra (n) e o número de estabelecimentos relacionados (N). Para a escolha sistemática dos estabelecimentos

avaliados, foram adotados intervalos de três vezes a constante K, sendo K o número inteiro mais próximo de N/n. Para a escolha sistemática dos estabelecimentos avaliados, foram listados todos os estabelecimentos credenciados em entidades como: Sindicato dos Laticínios/RN, SEBRAE/RN e FIERN; quantificando o parâmetro N. O tamanho da amostra (n) foi definido como 12. Assim a escolha dos estabelecimentos obedeceu a

seqüência: 3k, 3k+k, ...+3k+nk. Quando não foi possível obter os dados do estabelecimento selecionado, escolheu-se através da seqüência: 3k+(n+1)k,,... Até 3k+(n+5)k.

As informações obtidas com o preenchimento dos questionários desenvolvidos foram subdivididas em seis etapas seqüenciais. Dentre os itens contemplados no questionário uma síntese é mostrada abaixo:

DADOS GERAIS DAS EMPRESAS Razão Social:

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Nome ao qual a empresa é registrada legalmente nos órgãos públicos. Localização:

Endereço completo da empresa. Origem do Leite:

Questionou-se se o leite beneficiado pela empresa era produzido em fazendas da mesma, ou era comprado de distribuidoras.

Consumo Diário:

Montante de Leite beneficiado pela empresa diariamente. Produtos:

Variedade de produtos industrializados (produzidos) pela empresa. RESÍDUOS SÓLIDOS

Coleta Seletiva:

Foi avaliada a presença de qualquer tipo seletivo de separação do lixo, seja rudimentar ou com sistema tecnológico avançado de coleta.

Principais tipos de Resíduos:

Listou-se os principais tipos de resíduos sólidos gerados pela empresa (classificando segundo a NBR 10140).

Ex: Papelão, plástico, sacos etc. Compostagem:

Existência de um sistema de produção de adubos, porém, com controle para que possa ser enquadrado como compostagem.

Destinação Final:

Foi observado o local onde são depositados os resíduos. Ex: sistema de coleta pública, próprio, aterros etc.

Sistemas de Reciclagem:

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ESGOTOS E ÁGUAS RESIDUÁRIAS Deposição das Águas da Chuva:

Foi caracterizado o sistema de fluxo das águas pluviais na área de produção da empresa. Ex: se existia algum aproveitamento dessa água etc.

Esgotos Sanitários:

Provenientes de banheiros e refeitórios. Montante Diário: Medir o consumo diário.

Destino Final: Se esse efluente é direcionado para rede pública, fossas etc. Águas de Lavagem:

Água proveniente da lavagem da zona industrial. Composição: Composição Qualitativa

Quantidade Diária: Média do montante gasto por dia

Diferenciação entre pisos e equipamentos: Questionou-se se a água utilizada era a mesma, tanto para a lavagem de pisos quanto para lavagem de máquinas do processo.

Diferenciação Entressafra e Safra:

Questionou-se se havia uma diferença e se tinha, de quanto, do montante de águas residuárias geradas nos diferentes períodos.

EFLUENTES INDUSTRIAIS O Soro é o único?

Se não, foi listado quais outros efluentes eram gerados no processo industrial

Tipo do Soro:

O tipo de soro gerado é proveniente do tipo de queijo produzido, por isso foi feita uma relação do tipo de queijo produzido por cada empresa.

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Foi observada a existência de uma quantificação do montante de soro gerado por litro de leite processado.

Montante Diário: Volume de soro gerado por dia de processo

Destino Final: Foi avaliado onde são depositados esses efluentes gerados pelo processo. Ex: estação de tratamento, depositados em rios ou solo, doados a criadores de animais etc. Diferenciação Entressafra e Safra:

Questionou-se se havia uma diferença e se tinha, de quanto, do montante de efluentes gerados nos diferentes períodos.

Freqüência de Despejo:

Questionou-se qual o destino das avarias, leites fora da validade ou perdido durante o processo.

EMISSÕES ATMOSFÉRICAS Presença de Caldeiras:

Observou-se a existência de caldeiras para geração de vapor, E também que destino era dado a água de resfriamento.

Tipo de Combustível:

Esse tópico se fez necessário para que podéssemos avaliar a qualidade das emissões gasosas geradas em decorrência da queima de combustíveis de alimentação.

Liberação de Gases para a Atmosfera:

Se existia, que tipo de tratamento esses gases liberados recebiam. Descrição Técnica:

Foram listados quais meios técnicos são utilizados no devido tratamento antes que esses gases sejam emitidos a atmosfera.

Diferenciação Entressafra e Safra:

Questionou-se se havia uma diferença e se tinha, de quanto, do montante de gases geradas nos diferentes períodos.

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Neste item, foram descritas características que diferenciam a empresa nos aspectos ambientais, sejam eles positivos ou negativos (consumo de água, energia elétrica etc). Foi descritas também a respeito da localização da empresa, a sua realidade e importância para a qualidade ambiental da localidade.

As informações levantadas no trabalho de campo foram todas tabuladas em forma de Banco de Dados. Todos os dados coletados foram tratados dando um enfoque principal aos

principais efeitos impactantes ao meio ambiente, de forma que podessem ser comparados e qualificados quanto ao grau de nocividade causada ao mesmo. Com o diagnóstico, foi possível apontar as principais falhas do sistema de gestão hoje existente, bem como, levantar uma matriz de soluções para a minimização desses impactos, referenciadas na adequação de normas internacionais já existentes.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A natureza e abrangência das informações coletadas permitiram análises que abordaram diversos temas importantes para o setor de laticínios, tais como capacidade de recepção e processamento de leite, produtos fabricados, limpeza e desinfecção, situação junto ao SIF (Serviço de Inspeção Federal), geração de empregos, consumo de energia e abastecimento de água (fontes de abastecimento, tratamento da água, consumo de água).

Observou-se nas visitas que existia uma diferenciação entre as empresas localizadas nas zonas rural e urbana do estado, principalmente no que diz respeito ao local e formas de disposição final dos resíduos sólidos e efluentes líquidos. As empresas localizadas na zona urbana utilizam em sua maioria o sistema de disposição público para coleta de resíduos sólidos e esgotamento sanitário. No caso das empresas rurais, os resíduos sólidos são dispostos em aterros próprios, sem qualquer forma de tratamento (Ex: impermeabilização) ou queimados. Quanto aos efluentes são em sua maioria dispostos em fossas sépticas, sumidouros ou em corpos receptores (rios, córregos etc).

Os laticínios do estado do Rio Grande do Norte estão em sua maioria em funcionamento e sem a fiscalização dos órgãos competentes no referente ao meio ambiente.

Descrição Geral das Empresas Pesquisadas

Foram visitadas várias empresas de diversos portes e regiões (Zona da Mata, Mato Grande e Grande Natal) do setor no estado, abrangendo empresas beneficiadoras de 500 até

40.000L de leite diariamente, onde em sua grande maioria eram produtoras do próprio leite. Algumas empresas localizadas na região rural, não sofrem qualquer tipo de cobrança ou fiscalização por parte do IDEMA (órgão de fiscalização ambiental do estado). Permitindo assim, qualquer tipo de procedimento clandestino por parte dos laticínios.

A localização das empresas urbanas é um tanto inconveniente para as vizinhanças, devido a emissão de gases provenientes de caldeiras, sistemas de tratamentos inadequados

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(emanando mau cheiro), algumas com geradores e maquinários que geram uma poluição sonora fora dos padrões admissíveis. É certo que tudo isso pode ser resolvido com uma fiscalização mais eficiente e medidas técnicas eficazes.

Presenciou-se a falta de conscientização por parte da maioria dos empresários no aspecto ambiental do processo. Tratando com certa irrelevância os possíveis impactos que suas empresas podessem causar ao meio ambiente.

Gerenciamento dos Resíduos Sólidos

A constituição dos resíduos sólidos gerados nas indústrias de laticínios visitadas, embora sendo em pequena quantidade, é muito variada, variação esta função da linha de produção. Os principais resíduos produzidos são: embalagens plásticas, embalagens de papel, cinzas de caldeira, aparas de queijo, gorduras, latas e lixo doméstico.

Apenas algumas empresas disponibilizavam de coleta seletiva, e cerca de 90% não apresentavam planos gestores dos resíduos sólidos gerados. Dentre as que apresentavam sistema seletivo de lixo, uma chamou atenção pela criatividade de incentivo aos

funcionários, procedendo da seguinte forma: todo resíduo selecionado é vendido e a verba revertida em investimentos para lazer e conforto coletivo dos mesmos, dessa forma fazendo com que os funcionários selecionassem o lixo de suas próprias residências para somar ao gerado pela empresa.

Quanto às empresas que não apresentam coleta seletiva nem dispõe de sistema público de coleta, boa parcela do resíduo gerado é lançado direto em aterros ou queimados sem qualquer sistema de fiscalização ou controle. Ou também, só que em pequena quantidade, os laticínios localizados em zonas rurais, utilizam os resíduos orgânicos como adubos. Já as empresas que disponibilizam do sistema público, esse resíduo segue o mesmo destino do doméstico, que também é disposto em aterros e lixões, sem qualquer seleção ou controle. Pôde-se analisar, porém que, em sua totalidade, não apresentam sistema algum de

reciclagem interna de resíduos gerados. Com exceção das empresas que vendem o resíduo gerado, as demais não disponibilizam de dado algum que implique no controle do montante global do mesmo.

Esgotamento Sanitário e Águas Residuárias

Nenhuma das empresas visitadas eram dotadas de algum tipo de sistema pluvial alternativo para que houvesse o aproveitamento ou destino selecionado, todas as empresas adotavam como sistema de deposição das águas da chuva, a infiltração natural.

Quanto aos esgotos sanitários, nenhum laticínio tinha conhecimento do montante diário ou mensal que se é destinado a esses fins. No tocante a destinação final, as empresas

localizadas na zona rural ou urbana não dotada se sistemas de saneamento depositam seus efluentes sanitários em fossas sépticas ou sumidouros sem qualquer tratamento prévio. Em algumas empresas as fossas sépticas se encontram em localizações fora dos padrões legislativos.

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A grande maioria delas não possuía, assim como para os resíduos sólidos, sistema de gerenciamento de águas residuária e sanitária.

Além de não quantificarem a água de lavagem (lavagem e desinfecção de equipamentos, latões e caminhões tanques, lavagem de ambientes, principalmente dos pisos; quebra de embalagens contendo leite; e perdas nas máquinas e lubrificação dos transportadores), também são mínimas as que destinam essa água a um sistema de tratamento antes da disposição ao meio ambiente. Já que essa água está em geral contaminada com

componentes químicos como Cloro, Soda Cáustica, Detergentes, CIP (Hidróxido de sódio, Àcido Nítrico, água).

Em algumas empresas urbanas, essa água de lavagem é lançada direto no sistema público de esgotos sem qualquer tratamento. As empresas que se localizam próximas a rios em uma grande maioria, lança essa água de lavagem direto no corpo dágua ou no solo. Foi

observado, em algumas empresas, certo tipo de lagoas para tratamento desses efluentes, só que de maneira inadequada e conseqüentemente ineficientes perante as normas ambientais. Em algumas das empresas pesquisadas foi observada a presença de módulos de

refrigeração, que se utilizam água de qualidade "potável" como fluido auxiliar no processo de resfriamento.

Efluentes Industriais

O principal efluente industrial, se não o único, apresentado pelos laticínios é o soro. Soro este, que varia de acordo com o tipo de queijo produzido. Se o soro for subproduto da produção de queijo de coalho, este pode ser todo aproveitado para a produção da ricota. Na produção de queijo é gerado em média um volume de 9L de soro como subproduto por quilograma de queijo produzido. Dessa maneira, a geração de soro de um laticínio vai variar proporcionalmente com sua capacidade produtiva.

Como citado anteriormente, foi observado que a grande maioria dos pequenos produtores situados na zona urbana, dispõem seus efluentes industrias (soro) na rede pública de esgoto ou vendem para criadores de suínos em especial. Já os localizados na zona rural, destinam esse efluente para sumidouros, alimentar animais, corpos d’água ou diretamente no solo, sem qualquer controle qualitativo ou quantitativo.

A perda de leite no processo produtivo é quase inexistente em quase todos os laticínios devido à vasta aplicabilidade dessa matéria-prima. Todo o leite que retorna as empresas (avaria), é destinado para a produção de bebida Láctea, requeijão entre outros produtos menos exigentes quanto a qualidade do leite.

Alguns projetos fora de especificações técnicas pertinentes, foram encontrados entre eles sistemas "ditos" anaeróbios sem cobertura de isolamento, dentre outros sistemas que unem águas pluviais à efluentes de lavagem industrial e domésticos.

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Emissões Atmosféricas

Foi observada a presença de caldeiras, em praticamente todas as empresas visitados pela equipe técnica, diferentemente da presença de sistemas de tratamento para os gases liberados.

Outro ponto crítico é o tipo de combustível de alimentação utilizados nessas caldeiras, pois 90% das empresas utilizam madeira para esse fim, principalmente as localizadas na zona rural. Foi constatada em algumas empresas a incineração de plástico para alimentar a caldeira, combustível esses estritamente proibido por lei. Além de madeira foi presenciado o uso de Gás de cozinha e óleo BPF.

Em decorrência da presença dessas caldeiras a liberação de gases é imprescindível, gases esses bastante poluentes e inconvenientes (se o laticínio estiver localizado na cidade) por serem provenientes da queima principalmente de madeira. Segundo as normas de poluição ambiental esses gases devem ser tratados antes de liberados a atmosfera, exigência pouco respeitada pelas empresas, principalmente as localizadas na zona rural. Apenas em poucas empresas situadas na cidade é que se pode constatar a presença de cata-fuligem e filtros nos dutos emissores.

A Tabela 1 apresenta as informações levantadas sobre a distribuição das caldeiras instaladas nas indústrias visitadas assim como sua localização e tipo de combustível. Tabela 1 - Distribuição das caldeiras segundo o tipo de combustível.

Localização Caldeiras À lenha A óleo Total Cidade 0 % 100 % 100 %

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Periferia 90 % 10 % 100 % Zona rural 100 % 0 % 100 % Total 88 % 12 % 100 %

Da tabela acima observa-se que:

A maioria das caldeiras localiza-se na periferia ou zona rural (88 %)

18 % das caldeiras possuem algum tipo de equipamento de equipamento de controle de emissões, sendo o catafuligem o principal deles.

A maioria das caldeiras utiliza a lenha como combustível (57%).

CONCLUSÕES

Em linhas gerais, pôde-se observar uma distinção entre as empresas localizadas nas zonas rural e urbana do estado, especialmente em relação às formas de disposição final dos resíduos sólidos e efluentes líquidos.

No que se refere aos efluentes líquidos, observou-se que o principal problema é a

destinação final dada à fração não aproveitada do soro, com o seu lançamento diretamente nos cursos d’água, solo etc. Conhecendo o alto potencial poluidor do soro pós-processo,

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esta prática implica no principal impacto ao meio ambiente gerado pelos laticínios. A busca da otimização do processo industrial, com vistas à diversificação da utilização do soro, pode-se chegar a um efluente composto basicamente de águas de lavagem de pisos e equipamentos, que poderá ser somado aos esgotos sanitários para o tratamento em reatores biológicos.

Em relação aos resíduos sólidos constatou-se, pelos dados obtidos, que este setor industrial apresenta, a exemplo de outros que atuam no Brasil, grande carência de dados quantitativos e qualitativos de geração dos mesmos. Como o volume de resíduos sólidos nesse setor é geralmente baixo, soluções cômodas e simples de disposição final têm sido adotadas, sem a utilização de critérios técnicos, podendo significar perdas econômicas e agressões ao meio ambiente.

Referenciando-se as emissões gasosas, pelo porte das caldeiras presenciadas, não é de se esperar para a maioria dos laticínios a ocorrência de problemas no que se refere às emissões atmosféricas, desde que se garantida a adequada operação e manutenção desses

equipamentos de geração de vapor. Também o fato das caldeiras a lenha serem em maior número contribui para a melhoria do cenário, tendo em vista o menor teor de enxofre presente na lenha em relação aos óleos comuns, contudo o problema gerado pela devastação de áreas inadequadas e o tráfico de lenha ajudam a complexar esse sistema. Entretanto, é preocupante, também, o fato de que a grande maioria dos laticínios que usam a lenha como combustível não dispõem de adequadas condições de armazenamento dessa lenha de alimentação, de modo a garantir que esta esteja permanentemente seca, o que é fundamental inclusive para a minimização da emissão de material particulado. O fato de que a maioria das caldeiras estarem localizadas na zona rural ou periferia das cidades torna-se mais um fator amenizante em relação as vizinhanças.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CNTL. Curso de Formação de Consultores em Produção Mais Limpa – Módulo 1. Porto Alegre, RS. 2003.

CNTL. Curso de Formação de Consultores em Produção Mais Limpa – Módulo 2. Porto Alegre, RS. 2003.

CNTL. Curso de Formação de Consultores em Produção Mais Limpa – Módulo 3. Porto Alegre, RS. 2003.

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MACHADO, R. M. G. Sistemas de Tratamento Utilizados para Efluentes Líquidos de Laticínios. In: 20º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. Rio de Janeiro – RJ. 1999.

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