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OS SISTEMAS DE ESPAÇOS LIVRES URBANOS: UMA VISÃO SUSTENTÁVEL PARA O PLANEJAMENTO DAS CIDADES BRASILEIRAS

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OS SISTEMAS DE ESPAÇOS LIVRES URBANOS: UMA VISÃO SUSTENTÁVEL PARA O PLANEJAMENTO DAS CIDADES BRASILEIRAS

RESUMO

Este artigo apresenta um comparativo entre Palmas, cidade planejada do norte brasileiro, e Presidente Prudente, no estado de São Paulo. As duas são cidades médias com aproximadamente 200 mil habitantes e com características distintas. Os estudos revelam que em ambas as cidades o sistema de espaços livres são determinantes para estruturação da forma urbana, na primeira por apresentar um grande estoque em decorrência do plano original, privilegiando-os em função da temática ambiental e paisagística, e na segunda em função das características do meio físico e das formas de expansão da cidade, consolidando uma malha urbana descontinua em meio a um conjunto de fundos de vales, parques e praças com grande potencial sistêmico.

1 INTRODUÇÃO

O espaço é uma ciência no qual objetos concretos e abstratos caminham lado a lado através de abordagens tecnológicas, econômicas, culturais e ambientais. Essa complexidade incide em diferentes problemáticas, cada vez mais intrigantes aos planejadores urbanos que buscam, através de conhecimentos multidisciplinares e interdisciplinares, proporcionar as cidades maior qualidade urbana e ambiental, minimizar as segregações sociais causadas pela produção especulativa do espaço e torná-la mais adequada aos novos paradigmas ambientais e culturais para sua produção.

Jane Jacobs afirma que a cidade é um imenso laboratório de tentativa e erro, fracasso e sucesso, em termos de construção e desenho urbano. É nesse laboratório que o espaço urbano apreende, elabora e testa suas formas, e onde ocorrem as mais efetivas expressões do viver em grupo, das manifestações sociais do cotidiano e da exaltação da cidadania.

O espaço livre, caracterizado como todo espaço livre de edificação, é um dos principais estruturadores da forma urbana, capaz de proporcionar qualidade ambiental para as cidades e integrar diferentes elementos físicos com aspectos culturais e sociais que o caracterizam como objeto de estudo próprio. Nestes, as deficiências e necessidades de um povo se revelam, se acomodam, e exaltam as forças do ser social, transmitindo os signos e valores de sua sociedade.

“Os espaços livres têm um valor simbólico, configurado naquilo que é específico de um lugar, o que, dentro de uma cultura globalizada, pode transformá-los em espaços capazes de subverter a segregação social crescente. São os lugares por excelência das intervenções capazes de

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conciliar questões ambientais e sociais que se apresentam como contraditórias. Precisamos ter em mente a possibilidade de criação de um ambiente que enriqueça nossa vida cultural, redefina nossa ligação com a natureza e represente um outro modo de conceber os espaços livres: como um processo de socialização de espaços naturais e de (re) naturação dos espaços sociais.” (OSEKI e PELLEGRINO, 2003)

A produção do espaço é a ciência do uso, das necessidades, dos desejos e das diferentes possibilidades da apropriação humana sobre a natureza. Se para o geógrafo Milton Santos (1991), a produção do espaço é resultado da ação dos homens agindo sobre o próprio espaço, intermediados pelos objetos, naturais e artificiais, para a arquiteta Kolhsdorf (1996), qualquer estruturação social não existe sem espaço. Ele é fruto das relações e da história do homem com o contexto que o cerca, alterando as condições ambientais dos sítios onde se localizam.

A conformação da paisagem urbana não pode ser desligada do seu suporte geográfico, e a configuração engloba tanto aspectos sistêmicos, físicos, como históricos, econômicos e sociais, compreendidos e aplicados como ferramentas para o planejamento. A situação urbana atual requer um extremo cuidado, pois os recursos, que antes se pensavam inesgotáveis, estão ficando cada vez mais escassos e os assentamentos humanos constituídos de forma errônea contribuem para isso. Os principais danos ambientais urbanos são causados pelo desrespeito aos ciclos da natureza, que são desestruturados pelas ações antrópicas, interferindo diretamente no sistema.Para Moraes (1994) a questão ambiental não se homogeneíza num só alvo de ação, antes se difunde como uma faceta inerente a todo ato de produzir espaço.

A forma e desenho da cidade devem englobar a questão do espaço livre como um sistema atuante na sua composição. A sua produção e gestão passam por uma nova cultura de entendimento do paradigma ambiental como determinante para a qualidade urbana e para o planejamento sustentável.

Neste contexto, o entendimento de como se estruturam os espaços livres nas cidades brasileiras torna-se uma das principais abordagens da questão urbana, junto a um desenvolvimento que permita integrá-los no desenho e proporcionar qualidade de vida, gestão eficiente dos recursos naturais, e uma nova relação entre homem e natureza. Esse novo paradigma do planejamento passa pela necessidade da construção de uma nova paisagem urbana, integrando a natureza, arquitetura e os espaços a uma nova configuração.

2 SISTEMAS DE ESPAÇOS LIVRES NO BRASIL

A diversidade de cidades no Brasil representa também uma diversidade na forma com que os espaços livres se estruturam pelo tecido urbano. A urbanização contemporânea brasileira vem se transformando e configurando novos arranjos espaciais, onde muitas vezes a dispersão física, a descontinuidade urbana, e a organização territorial fragmentada e segregada, determinam a forma de ocupação de espaços com grande potencial de uso, como também da vida cotidiana destas populações.

As ruas e calçadas são os principais estruturadores dos espaços livres nas cidades, porém não são os únicos. Praças, parques, fundos de vales, unidades de conservação, universidades com grandes áreas abertas, e até cemitérios, representam parte do sistema

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que se distribui pelos tecidos urbanos, convergindo para uma condição representativa da paisagem local, das formas de apropriação, da cultura e principalmente dos aspectos históricos da urbanização.

Muitos conflitos são encontrados quando se trata dessa categoria de espaço, principalmente pela legislação e planejamento ambiental em determinadas cidades. Porém, os avanços nessa questão com a criação de unidades de preservação, criando estoques de áreas, proporcionam um redesenho e uma nova forma de gestão.

Estes não são compostos apenas por áreas públicas, mas também as áreas de propriedade privada. Estes representam grande parte do seu potencial qualitativo, porém as taxas de ocupação, o tamanho dos lotes, e a própria configuração da cidade como um objeto arquitetônico muitas vezes minimizam a quantidade destes espaços, prejudicando o caráter sistêmico do espaço livre.

Fig. 1. Comparativo entre os espaços livres e estrutura da malha urbana de cidades brasileiras. (QUAPÁ-SEL, FAUUSP, 2009)

O grupo de pesquisa QUAPÁ-SEL, organizado pela FAU-USP e com pesquisadores em diversas universidades brasileiras, elaborou esquemas gráficos sobre como os espaços livres se estruturam dentro de nossas malhas urbanas, após estudos realizados em algumas cidades brasileiras, incluindo Palmas.

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A Figura 1 apresenta um quadro com três cidades estudadas e representativas dessa questão. Elas apresentam características distintas. Curitiba, conhecida por seu grande número de parques e áreas verdes, tem uma boa distribuição de espaços livres, que se juntam a áreas de preservação periurbanas, formando um sistema de parques, áreas de drenagem e abastecimento de água. Isso é fruto do planejamento urbano de décadas, refletindo diretamente na qualidade ambiental da cidade. Maringá, cidade planejada do norte paranaense, apresenta uma estruturação urbana diferenciada. As ruas formam verdadeiros corredores verdes, que se juntam a áreas preservadas pelo desenho, configurando uma estrutura contínua. O último caso é o de Belém, onde existem grandes áreas de proteção, porém isoladas do contexto urbano e pouco acessíveis a população. Caracterizar os tipos de espaço livres possibilita estabelecer critérios para definir o papel de cada categoria de espaço no sistema. A caracterização feita pelo núcleo de São Paulo da Pesquisa QUAPÁ-SEL não segue um caráter hierárquico e funcional, mas de complementaridade com a malha urbana. Também deve ser observado seu caráter projetual, de predominância de uso, e principalmente seu caráter ambiental e ecossistêmico.

“Os objetivos, portanto, para a definição de um sistema de espaços livres deve responder ao desafio colocado pela crise ambiental atual, isto é, ajudar a cidade a construir uma relação sustentável com as águas, com o ar, com o clima, com o relevo, com a vegetação nativa e com os demais aspectos do ecossistema.” (OSEKI e PELLEGRINO, 2003)

Um dos objetivos do grupo de pesquisa é sistematizar as categorias em cada cidade, permitindo aos planejadores estabelecer ações que desenvolvam o potencial de cada tipo de espaço. Os espaços livres podem apresentar diferentes vocações. Destacam-se aqui os de caráter ambiental: como APP´s e manguezais; os de práticas sociais: como praças e calçadões; os de circulação: como calçadas e canteiros viários; os de infra-estrutura urbana: como estação de tratamento de água; e os produtivos, como hortas e pesqueiros. O planejamento deve estudar cada tipo, pensando que não se trata de uma caracterização fechada e sim em constante transformação, e assim promover o desenvolvimento urbano através do pensamento sistêmico do espaço, estruturando um conjunto de ações que vise integrá-las as outras ferramentas do planejamento.

3 PALMAS E PRESIDENTE PRUDENTE: ESPAÇO E PAISAGEM NO INTERIOR DO BRASIL

Abordar o tema paisagem na cidade de Palmas é ir a seu ponto de partida, ao conceito do projeto como um todo, aos seus esboços iniciais e organização espacial, onde a urbe não é simplesmente inserida na paisagem natural, mas integrada ao seu ecossistema. A cidade planejada é resultado da apreensão do fragmento da paisagem do cerrado brasileiro. Palmas é a capital administrativa do mais novo estado brasileiro, o Tocantins.

Os danos da acumulação antrópica e da transformação da natureza primeira em segunda foram inevitáveis. Os impactos causados pela consolidação de sua área urbana são conflitantes quando analisados através do discurso e da prática, pois onde a transformação do cerrado foi mais intensa, os espaços se configuraram distantes dos valores culturais existentes no ecossistema.

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O desenho da cidade segue uma malha ortogonal definindo grandes quadras com funções específicas: de serviço, comercial e principalmente residencial. Os fundos de vale foram preservados e delimitam o plano original. Este, em conjunto com o percentual de áreas verdes definidos pelo parcelamento do solo, criou um grande estoque de espaços livres na cidade. Por se tratar de uma cidade planejada, estes aparecem seguindo definições funcionais específicas, mas que possibilitam a formação de um sistema, que, mesmo com o crescimento desorganizado da cidade, pode trazer qualidade ambiental para seu tecido urbano.

O projeto, segundo o Grupo Quatro, priorizou a consolidação de quatro diferentes categorias de espaços livres em meio ao desenho urbano e à paisagem natural. A primeira e mais emblemática, é a do espaço iconográfico. A segunda categoria se encontra nas quadras residenciais e comerciais, respeitando a lei 6766, que destina 35% da área de cada uma para espaço livre. Cada quadra foi estipulada para ter um desenho próprio, e a diferenciação dos traçados de cada uma define, segundo seus autores, seu caráter e identidade contemporânea.

Fig. 2 Unidades de Conservação de Palmas segundo o plano diretor de 2007. Parte já havia sido pensada no plano original. (Fonte: SEDUH, 2007)

A terceira categoria refere-se às áreas de preservação e proteção. Trata-se de um sistema de espaços livres na cidade em meio à formação urbana já consolidada, delimitando o contexto natural e o antrópico (Fig. 2).

“Propõe-se um sistema de áreas verdes composto pelo parque Ecológico, Parques Urbanos, Parques Lineares, pelas áreas Verdes Comunitárias, que alcançarão um índice de 19 m²/habitante, superando portanto os índices internacionais estabelecidos pela UNESCO.”(GRUPO 4, 1989) A quarta categoria é a dos espaços livres utilitários (Fig. 3). Esses apresentam função estrutural na cidade, seja pela manutenção do zoneamento proposto, pela reserva de áreas para o transporte ou para outros elementos de seu desenvolvimento. Este é o caso da Avenida Teotônio Segurado, eixo estrutural da cidade, que contém uma “ilha” de área verde destinada inicialmente ao transporte de massa, mas que se tornou durante a construção de Palmas, um ícone do progresso ao rasgar o cerrado existente e transformar a paisagem natural.

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Fig. 3 Espaço livre utilitário de Palmas: Av. Teotônio Segurado. (Fonte: autor, 2005)

Cada unidade de vizinhança de Palmas é dotada de particularidades, seja pelo desenho, pelo modelo de ocupação ou pela apropriação que se dá tanto no espaço público como no privado. A divisão respeita os eixos viários ortogonais que derivam da Avenida Teotônio Segurado (Norte-Sul) e da Avenida JK (Leste-Oeste). Embora as condições espaciais propostas pelo plano sejam as mesmas em relação às dimensões das unidades e diretrizes de parcelamento, sua diversidade morfológica resulta das diferentes configurações de espaços livres. A figura 4 apresenta um exemplo de quadra e como os espaços livres estão estruturados no seu desenho.

Fig. 4 Espaços livres da quadra ARSE 21 (Fonte: SEL - Palmas, 2008)

Pelo conceito original, o sistema de espaços livres deveria ser o elemento integrador do traçado da cidade, porém, atualmente, este se manifesta como um conjunto de fragmentos que muitas vezes não se conectam, ocasionando a descontinuidade do espaço urbano. Estes se constituem em diferentes aspectos e modalidades para qualificar a malha urbana de maneira pontual, introduzindo na paisagem um imaginário de que a quantidade destes espaços pudesse proporcionar uma qualificação em um novo contexto de cidade contemporânea.

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Como contraponto, Presidente Prudente é uma cidade tradicional e capital econômica da região oeste do estado de São Paulo. Os dois núcleos que originaram a cidade, fundada pelos Coronéis Marcondes e Manoel Goulart, se mantiveram como estruturadores da malha urbana, mesmo com condições topográficas diferenciadas, o que influenciou diretamente nos setores de expansão da cidade.

Fig. 5 Foto aérea de Presidente Prudente com o Parque do Povo no meio da Foto (Fonte: PMPP, 2009)

Os fundos de vale e a alta declividade de algumas regiões foram decisivos no processo de ocupação do seu território. O núcleo central se expandiu inicialmente no sentido norte-sul (Fig. 05), porém na década de 70, a implantação de conjuntos habitacionais para além do córrego do Veado, determinou o crescimento da malha urbana para o setor oeste, de forma descontínua, desintegrada e pouco condicionada aos núcleos centrais que originaram a cidade.

Fig. 6 Expansão da malha urbana de Presidente Prudente (Fonte: autor, 2010)

Esse aspecto é visível na figura 6, onde se percebe um centro muito mais compactado e contínuo, e uma periferia dispersa e desconectada desse contexto. A abordagem aqui não é somente da segregação que isso ocasionou, mas da potencialidade que a cidade tem de se estruturar através de um sistema de espaços livres provenientes dessa ocupação.

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O Parque do Povo é um embrião desse processo (Fig. 07). Limite anterior da cidade, ele foi projetado pelo arquiteto Geraldo Serra no fim dos anos 70, transformando e valorizando a paisagem de um setor da cidade. Embora atualmente ele não se encaixe em muitos dos paradigmas ambientais para um projeto de parque linear, principalmente pela canalização do córrego, ele propiciou uma nova configuração urbana para Presidente Prudente, tecendo a malha urbana e alterando definitivamente o cotidiano e a paisagem da cidade.

Fig. 7 Foto do Parque do Povo: ao fundo os prédios que surgiram com a valorização do seu entorno (Fonte: autor, 2010)

Se paisagem é transformação e acumulação no tempo, em Presidente Prudente isso ocorreu de forma a valorizar todo um conjunto de bairros que hoje se estruturam por esse importante espaço livre da cidade. Porém, a potencialidade de criação de um sistema de espaços livres se perdeu no processo de configuração urbana, não utilizando nas regiões periféricas os fundos de vale, os córregos, e áreas de proteção, de modo a organizar uma estrutura de espaços contínuos e determinantes para a qualidade do espaço urbano (Fig. 08).

Fig. 8 Áreas com potencial de criação de um sistema de espaço livre na cidade de Presidente Prudente (Fonte: disciplina gestão do meio ambiente UNESP, 2009)

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Parte disso se deve a gestão urbana que privilegiou outros setores da cidade no processo de desenvolvimento do território, e principalmente pela falta de entendimento sistêmico deste tipo de espaço. O planejamento urbano de Presidente Prudente não fugiu a regra de outras cidades, locando a população menos favorecida em lugares distantes dos centros urbanos, mas mesmos assim, esses bairros se transformaram e adquiriram vida própria. A falta de conexão com o restante da cidade poderia ser feita através de corredores verdes, parques lineares, melhorando não só sua qualidade de vida, mas resgatando a conectividade da malha urbana e propiciando outra relação de seus habitantes com o espaço natural.

Face ao agravamento dos problemas ambientais na cidade, o pensamento sistêmico potencializa espaços que antes eram renegados pela urbanização, mas que agora podem se configurar de modo a alterar o contexto ambiental e paisagístico das cidades brasileiras. Em Palmas esse pensamento esteve presente no plano diretor aprovado em 2007, criando Unidades de Conservação em áreas estratégicas para garantir um crescimento sustentável, preservando e criando um sistema de espaços naturais e antropizados essenciais ao ecossistema urbano.

As duas cidades apresentam mais diferenças do que semelhanças - urbanísticas, culturais, históricas e econômicas - porém o conjunto de espaços livres é determinante para a estruturação de uma malha urbana mais conectada e capaz de trazer novas possibilidades ao planejamento e a forma com que a cidade se apropria de determinados tipos de espaços.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A integração e o alto nível de mobilidade e acessibilidade ao espaço urbano permitem às cidades intensificarem o seu papel de promotora das relações sociais em diferentes níveis. A derrubada das muralhas das antigas cidades, proteção e limites de seu traçado urbano promoveram não só uma nova conformação espacial, mas permitiram a sua expansão e conexão, tanto de sua estrutura física como de sua estrutura social, configurando novas sociedades. Atualmente, os limites se caracterizam por outras barreiras, tanto físicas como sociais, definindo fragmentos que restringem o uso dos espaços como elementos de promoção da interação social.

A compreensão dos sistemas de espaços livres que se conformam em função do processo de urbanização das cidades brasileiras possibilita uma importante discussão sobre as interfaces entre forma urbana, qualidade ambiental, apropriação e gestão dos espaços urbanos. Essa compreensão possibilita uma visão integrada das estruturas urbanas e propicia aos planejadores uma visão sustentável na elaboração de diretrizes ambientais para as cidades.

A forma das cidades está conectada a estruturação dos espaços livres, essenciais no discurso da contemporaneidade das esferas públicas e privadas do cotidiano, e que incide na criação de identidades e dos sensos de pertencimento de uma comunidade. Mesmo com os inúmeros conflitos apresentados em Palmas e Presidente Prudente, eles apresentam potencialidades que, se estudadas, analisadas e compreendidas no âmbito de uma esfera conjunta entre o público e o privado, permitem trazer uma nova condição ambiental e urbana.

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5 REFERÊNCIAS

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JACOBS, J. (2000) Morte e vida das grandes cidades, Martins Fontes, São Paulo. KOHLSDORF, M. E. (1996) A apreensão da forma da cidade, UNB, Brasília.

LAMAS, J. M. R. G. (1993) Morfologia urbana e desenho da cidade, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.

MAGNOLI, M. M. (2006) Espaço livre: objeto de trabalho, Paisagem e Ambiente:

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MORAES, A. C. R. (1994) Meio ambiente e ciências humanas, Hucitec, São Paulo. OSEKI, J. e PELLEGRINO, P. (2003) Sociedade e Ambiente. FAUUSP, São Paulo. SANTOS, M. (1991) Metamorfoses do espaço habitado, Hucitec, São Paulo.

TÂNGARI, V. R., ANDRADE, R. de e SCHLEE, M. B. (2009) Sistemas de Espaços

Livres: o cotidiano, apropriações e ausências, UFRJ, Faculdade de Arquitetura e

Urbanismo, PROARQ, Rio de Janeiro.

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