7/22/2010
Antrop aposta na formação de motoristas
A Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros é a primeira entidade licenciada no país para ministrar formação de motoristas para obtenção do CAM. A aposta nesta área traduz-se num novo e inovador Centro de Formação, inaugurado a 16 de Março, no Porto.
A Antrop - Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de
Passageiros inaugurou, no passado dia 16 de Março, na cidade do Porto, o seu novo Centro de Formação para motoristas, o primeiro a ser certificado em Portugal para a actividade de formação de motoristas de pesados de mercadorias e de passageiros.
O novo centro surge na sequência da obtenção da licença, concedida pelo IMTT no passado mês de Dezembro, para o exercício da actividade de formação de motoristas de veículos de pesados de passageiros e de mercadorias. A Antrop passa assim a ser a primeira entidade licenciada no país para ministrar formação de motoristas para obtenção do CAM –
Certificado de Aptidão para Motorista.
Segundo o Decreto-Lei nº 126/2009, esta formação deverá: assegurar aos motoristas a qualificação inicial no acesso à actividade de condução e a formação contínua ao longo da sua vida activa; proporcionar a obtenção do CAM, de que depende a emissão da Carta de
Qualificação de Motorista; melhorar a segurança rodoviária e a segurança dos motoristas; aumentar a qualidade dos serviços de transporte rodoviário de passageiros e mercadorias; e valorizar a imagem da profissão de motorista.
«Foi sempre preocupação da ANTROP a não criação de estruturas que, naturalmente, poderiam criar custos fixos que, muitas das vezes, comprometem a sustentabilidade
económica das associações. – explica Pedro Neto, Director do Gabinete Técnico da Antrop e responsável pela área de formação - Seguindo este princípio a ANTROP optou pela criação de uma estrutura própria de dimensão reduzida mas de forte carácter técnico de coordenação e, paralelamente, procurar externamente um parceiro com larga experiência nesta área». Nesse sentido, a Antrop contará com a Logistel como parceiro formativo, entidade escolhida após o lançamento de um concurso onde foram consultadas mais quatro entidades. Os cursos a serem ministrados aguardam homologação por parte do IMTT, que deverá ser atribuída até Junho de 2010.
De qualquer forma, a Antrop avança já que os cursos previstos integram o aperfeiçoamento para uma condução racional baseada nas regras de segurança (mecânica e electrónica; condução defensiva, económica e ambiental); regulamentação (laboral e da actividade); saúde, segurança rodoviária, segurança ambiental, serviço e logística; condução individual com formação prática (através de um simulador).
Luís Cabaço Martins, presidente da Antrop referiu que após a homologação dos cursos, a associação “poderá avançar de imediato com as acções de formação, no novo centro do Porto, mas também em Lisboa, ou em qualquer região do país onde se justifique a realização de acções formativas” adiantando ainda que “está prevista a possibilidade de ministrar a formação nas instalações das próprias empresas transportadoras, desde que o número de motoristas o justifique e as instalações disponíveis reúnam as condições
necessárias”.
De referir que o Centro de Formação da Antrop representou um investimento de mais de 560 mil euros, maioritariamente suportado pelos fundos do programa comunitário Equal. Esta iniciativa é a consequência do trabalho desenvolvido no âmbito do programa Volante XXI, no qual a Antrop foi parceira do IMTT, da Antram, da Rodoviária de Lisboa e do Grupo Luís Simões.
Pedro Neto - Director do Gabinete Técnico da Antrop Centro de Formação do Porto é inovador
Transportes em Revista: Como nasceu a ideia de a ANTROP exercer a actividade de formação de motoristas de veículos pesados?
Pedro Neto: A preocupação da ANTROP com a actividade de formação profissional não é de agora nem surge como consequência desta nova obrigatoriedade para os motoristas de veículos pesados de passageiros e de mercadorias.
Desde que alargou o âmbito da sua actividade, em Janeiro de 2000, acrescentando a
“Formação Profissional”, a ANTROP tem vindo a desenvolver inúmeras acções de formação direccionadas também para os motoristas das empresas suas associadas, nomeadamente,
ao nível da condução económica, ambiental e defensiva e da regulamentação da actividade. Tendo, inclusivamente, criado em candidaturas apresentadas ao anterior Quadro de Apoio Comunitário cursos que, na sua génese, já contemplavam as matérias agora previstas com a transposição para o ordenamento jurídico nacional da Directiva Comunitária 2003/59 CE, de 15 de Julho.
No entanto, em 2005 e no âmbito de um projecto apoiado pela iniciativa comunitária EQUAL, o “Volante XXI”, a ANTROP começou a trabalhar mais especificamente esta matéria em parceria com o IMTT e outras três entidades: Antram, Rodoviária do Tejo e Transportes Luís Simões. Esta experiência de aproximadamente três anos permitiu a aquisição de
competências fundamentais para uma óptima implementação de todo o processo formativo. Importa ainda realçar que, apesar do investimento efectuado neste projecto, a ANTROP trabalhou sempre em paralelo noutras áreas da formação profissional, também elas fundamentais para o sector como, por exemplo, a formação para motoristas de transporte colectivo de crianças, tendo formado desde o final de 2007 cerca de 3000 motoristas.
Acresce dizer que a ANTROP tem como princípio basilar o de fornecer uma formação de qualidade, encontrando-se reconhecida como entidade acreditada pela DGERT.
TR: Irão disponibilizar cursos diferenciados para motoristas de pesados de mercadorias e pesados de passageiros?
PN: Em termos de cursos e no que diz respeito à sua nomenclatura eles são iguais, no entanto, existem de facto diferenças ao nível dos objectivos e dos seus conteúdos e, consequentemente, a ANTROP contempla na sua oferta formativa as necessárias
especificidades associadas a cada sector. Em conformidade com o referido, iremos disponibilizar cursos diferenciados para motoristas de veículos pesados de passageiros e pesados de mercadorias.
TR: Quais são as grandes mais-valias do centro de formação recentemente inaugurado no Porto?
PN: Foi com enorme satisfação que a ANTROP viu homologado o seu Centro de Formação no Porto, pois este reveste-se de condições excepcionais para uma oferta de formativa de qualidade. Se o tivéssemos de caracterizar numa só palavra, seria: INOVADOR.
De facto, o modelo formativo da ANTROP oferecido neste centro de formação contempla, para além da utilização dos recursos técnico-pedagógicos exigidos e constantes do Decreto-Lei n.º 126/2009, de 27 de Maio, incluindo duas óptimas salas de formação, a utilização de um Simulador de alta qualidade modelo TRUST3000, cabine Volvo, produzidos pela
empresa francesa THALES.
Este simulador resulta dos mais avançados desenvolvimentos tecnológicos, constituindo uma excelente ferramenta para a formação prática. Proporciona a aquisição de
competências complementares, ao nível da condução em situações extremas, de difícil implementação numa condução normal em estrada.
Para além da sua estrutura, possui uma nova ferramenta que gere toda a base de dados de exercícios e um software que proporciona a simulação, durante a execução do exercício, da condução de veículos pesados de passageiros e de mercadorias, quer em situações de emergência, quer de condução em todo o tipo de zonas (urbanas, suburbanas, montanha
etc.).
Disponibiliza, ainda, a possibilidade, após impressão dos relatórios associados à condução, da realização de um debriefing junto dos formandos com o propósito de analisar os
resultados da acção de formação prática, sendo fundamental para a correcção de potenciais desvios em relação àquilo que se pretende atingir com a formação.
Em paralelo, será utilizado um sistema de formação em computador (CBT – Computer Based Training). O centro dispõe de oito portáteis equipados com o respectivo software de formação e que, entre outras, permite as seguintes experiências formativas:
a)Utilizar sistemas telemáticos integrados no veículo;
b)Assumir os processos de mudança e a evolução das tecnologias dos veículos e equipamentos de transporte;
c)Aplicar a geo-referenciação e redes viárias; d)Ler e interpretar mapas de estradas;
e)Respeitar os tempos de condução e repouso;
f)Interpretar e utilizar o tacógrafo e demais equipamento técnico de bordo.
De referir ainda, a óptima localização geográfica do Centro de Formação ANTROP.
Encontra-se numa zona central do Porto em que o acesso á facilitado por um vasto conjunto de serviços de transporte público.
TR: Que impactos considera que o desenvolvimento desta actividade terá para a ANTROP e para o sector?
PN: Com a entrava em vigor desta nova legislação o acesso à profissão de motorista de veículos pesados representa um desafio que o sector tem de enfrentar de forma clara, pois, não bastará a quem quiser aceder à profissão possuir a carta de condução “normal” terá de complementar esta habilitação com uma qualificação inicial e realizar, de 5 em 5 anos e ao longo da sua vida activa, formação contínua específica.
A ANTROP consciente desta mudança preparou-se atempadamente para poder responder de forma sustentada a este novo paradigma, reforçando o seu Gabinete Técnico e
procurando um parceiro com provas dadas no âmbito da formação profissional a nível nacional. Concretizada esta parte inicial da sua estratégia, prevê-se um grande crescimento na oferta formativa da ANTROP, nomeadamente, a partir do próximo ano com o início da formação contínua obrigatória.
Em termos de impacto para a ANTROP, diríamos que, para além daquilo que são as questões económicas, fundamentais para a sustentação do modelo financeiro associado a esta oferta formativa, consideramos que a ANTROP irá consolidar a sua posição no que diz respeito às suas capacidades como entidade acreditada para a formação profissional e, acima de tudo, irá reforçar ainda mais a relação com os seus associados, pois espera-se destes um grande participação ao nível, não só, da utilização dos serviços da sua
associação, mas também, na operacionalização de processo formativo nas regiões em que operam.
A curto prazo e em termos de impacto no sector, esta mudança trará algumas
consequências financeiras tanto para as empresas como para os candidatos a motoristas. No entanto, entendemos que a médio / longo prazo o retorno será conseguido, não só por uma maior qualidade do serviço e consequentemente uma maior satisfação do cliente, mas também, em termos económicos, pois, questões tão fundamentais como a segurança rodoviária, a sinistralidade e o consumo energético serão presença constante no dia-a-dia da actividade das nossas empresas no futuro próximo.
Por: Andreia Amaral Fonte: