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Palavras-chave: Concepções dos Professores; Educação Ambiental; Ensino Fundamental.

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Academic year: 2021

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A Educação Ambiental no Projeto Político Pedagógico: as concepções dos professores do ensino fundamental de uma escola pública

Thamires Lima de OLIVEIRA Maria Auxiliadora de R.Braga MARQUES Centro Universitário Moura Lacerda – CUML Programa de Pós-Graduação em Educação, Ribeirão Preto, SP

Eixo temático 3 - Pesquisa, Formação de Professores e Trabalho Docente Categoria: Comunicação Resumo:

Com o objetivo identificar e analisar, como a educação ambiental está proposta no Projeto Político Pedagógico e quais são as concepções dos professores que lecionam no ensino fundamental de uma escola pública. Trata-se de um estudo de fundamental importância, diante das consequências sociais e ambientais expressas no mundo contemporâneo e que representam sérias ameaças a vida do homem e do planeta, diante das catástrofes em grande escala, as quais podem ser observadas na atualidade. Nesse cenário, a educação tem papel importante na formação de indivíduos cidadãos, e sem dúvida a dimensão ambiental pode possibilitar uma consciência ética, ecológica do ser humano. O estudo foi desenvolvido com base na abordagem qualitativa, utilizando-se de questionários e análise documental (Projeto Político Pedagógico). Os sujeitos participantes da pesquisa foram 8 (oito) professores que lecionam no ensino fundamental, numa escola pública no interior de SP. Para a realização da análise procurou-se apreender do Projeto Político Pedagógico a temática sobre a educação ambiental; foram elaboradas e interpretadas de acordo com as concepções apresentadas pelos professores e como essas encontram articuladas ao Projeto Político Pedagógico da escola. Identificou-se que os professores não participam do projeto político pedagógico e com isso, a temática ambiental não faz parte da prática pedagógica, apesar de alguns professores expressarem sobre a importância da educação ambiental, não se apropriam dos fundamentos teóricos e metodológicos necessários para a compreensão da temática ambiental nas dimensões da educação, que permitam promover a conscientização dos indivíduos sobre ética, cidadania e preservação, ampliando a visão de homem e natureza que a humanidade e o planeta necessitam. É nesse sentido que este estudo, pretende contribuir para novos olhares e perspectivas que propiciam as conexões necessárias entre os aspectos culturais, humanos e éticos da educação formal e necessários para fundamentar a educação ambiental.

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A Educação Ambiental no Projeto Político Pedagógico: as concepções dos professores do ensino fundamental de uma escola pública

Thamires Lima de Oliveira Maria Auxiliadora de R. Braga Marques Centro Universitário Moura Lacerda – CUML Programa de Pós-Graduação em Educação, Ribeirão Preto-SP Eixo temático 3 - Pesquisa, Formação de Professores e Trabalho Docente Categoria: Comunicação

Introdução

Assistimos nas últimas décadas do século XX, a ênfase no debate sobre a Educação Ambiental, nos diversos segmentos da sociedade, tendo em vista as transformações econômicas e sociais. Nesse contexto a expansão do desenvolvimento científico e tecnológico a partir da década de 1960, possibilitou novas questões sociais e ambientais em decorrência de um crescimento desordenado, ao lado da introdução de tecnologias nos diversos segmentos do setor produtivo. Com isso, a educação ambiental torna-se necessária e apresenta relevância nos diversos segmentos da sociedade, e sem dúvida na educação formal, conforme expressa nos Temas Transversais. Porém, sua inserção no contexto da educação e na escola, ainda depende de definições teóricas, metodológicas e, sobretudo, de políticas públicas orientadoras para que possam legitimar a educação ambiental como prática pedagógica nos espaços escolares, tido como privilegiados para a conscientização social dos cidadãos, preservação da cultura, logo, as questões ambientais são implícitas no processos educativo. Quando se fala em prática pedagógica, insere o professor, o qual se comprometido com a visão de mundo, de homem e natureza, essas questões tornam-se indissociáveis do contexto escolar.

Na década de 70, as iniciativas relatadas pelo Relatório do Clube de Roma, representou algum avanço sobre a utilização dos recursos naturais, diante das transformações científicas e tecnológicas, modernização dos processos produtivos. A Conferência Mundial sobre Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, na Suécia, apresenta a educação dos indivíduos como necessária para o equilíbrio do planeta. Logo, em 1975, acontece o Seminário Internacional sobre Educação Ambiental, seguido da Conferência em Tbilisi. Tais eventos, ocorridos numa mesma década, apresentam impactos e alerta sobre a necessidade de pensar sobre a questão ambiental, inserindo-a nas diferentes dimensões da sociedade.

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Nas últimas décadas do século XX, com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento-Rio-92, tomando como base a Conferência de Tbilisi, promove a discussão sobre as questões ambientais, valorizando a educação formal, como espaço concreto para que o ensino pudesse alcançar os objetivos necessários para o desenvolvimento da consciência crítica e formação de cidadãos e a partir daí, esses cidadãos poderiam contribuir na difusão dos valores, atitudes e mudanças de comportamento nas comunidades de origem, acreditando assim num processo de integração e promoção de boas práticas. Por outro lado, vale ressaltar também, que a visão interdisciplinar dos currículos é valorizada, procurando assim, maior conexão entre os saberes.

Não há dúvidas que o privilégio ao paradigma econômico simplificou as dimensões que deveriam alcançar a complexidade, o que comprometeu outras dimensões históricas, culturais e éticas que envolvem o homem e suas relações com o mundo. Na educação, de modo geral, a visão disciplinar e determinista prevaleceram e consequentemente, as visões de homem, cultura e natureza. Loureiro (2007) qualquer indivíduo reconhece o meio ambiente como indissociável à vida humana. Também Morin (2001) expressa sua preocupação no sentido de cuidado com pensamento sendo esse necessário para nortear as mudanças e as reformas no campo da educação escolar, e enfatiza que [...] “só poderemos começar a reforma do pensamento na escola primária e em pequenas classes”.

O estudo realizado numa escola pública, situada no interior do estado de São Paulo e foi desenvolvida segundo a abordagem qualitativa, utilizando-se de questionários abertos e da análise documental. Os questionários foram apresentados aos professores participantes, os quais responderam de forma presencial, e as respostas dos professores foram organizadas em dois eixos: conscientização e cidadania, preservação e ecologia, no sentido de apreender a articulação entre o Projeto Político Pedagógico e quais as concepções dos professores sobre a educação ambiental. O objetivo foi identificar e analisar, como a educação ambiental está proposta no Projeto Político Pedagógico e quais são as concepções dos professores que lecionam no ensino fundamental de uma escola pública.

A Educação Ambiental na Escola: algumas indagações

A discussão sobre a educação ambiental dos últimos anos tem cumprido um papel fundamental com a contribuição de autores sobre diferentes perspectivas, contidas nos estudos e pesquisa que tratam do debate sobre a educação ambiental deve ser vista como uma ação destinada a reformular comportamentos humanos em que a conscientização é o processo educativo necessário para garantir um equilíbrio entre homens e o planeta, e para tanto, depende das concepções de mundo e de vida, e ainda acrescenta que essas

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concepções tem um caráter essencialmente político, e a educação ambiental deve ser orientada por esses princípios.

A necessidade de propostas de uma educação ambiental inserida no contexto da educação formal fez parte do contexto político, a partir da segunda metade da década de 1970 prosseguindo até a década de 1990 visando privilegiar as questões relacionadas as degradações que acontece de forma crescente e tem comprometido o planeta e a vida humana.

Nesse sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) tidos como um referencial e instrumento para a adequação e reformas para a Educação Básica no Ensino Fundamental em todo o País, propõe como objetivo orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema educacional. A Lei 9.795/99, descreve a Educação Ambiental como “um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”, respeitando as diversidades regionais, culturais e políticas existentes no processo educativo em todas as regiões brasileiras. “[...] os educadores deverão considerar sua natureza interligada à outras áreas do currículo e a necessidade de serem tratados de modo integrado, não só entre si, mas entre eles e o contexto histórico e social que as escolas estão inseridas [...]” (BRASIL, 2001, p.15).

A Educação Ambiental é inserida no currículo por meio dos chamados Temas Transversais elaborados a partir das necessidades importas pela sociedade, no sentido de proporcionar ao aluno uma “formação para a cidadania”. Para tanto, os temas apontados como referência e/ou ponto de partida para tratar a educação ambiental são silenciados e não chegam à sala de aula e quando chegam, não ultrapassam os limites da visão determinista das concepções mais amplas necessários, causando um grande impacto entre a temática ambiental na escola e o desafio que impulsiona sobre a formação do professor. Ao observar que nos Temas Transversais propostos, aparecem os termos “Ética, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde, Orientação Sexual e Trabalho e Consumo”, o que leva a crer que esses temas dependem de pressupostos teóricos e metodológicos e filosóficos, caso contrário, preserva a lógica do paradigma técnico-instrumental.

[...] para isso, é necessário que, mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e aprendizagem de procedimentos. E esse é o grande desafio para a educação [...] BRASIL, 1998.p.187.

É importante salientar que a educação ambiental ainda permanece sob ua ênfase de uma visão assistencialista e conservacionista. Porém, o processo histórico da EA ainda se expressa sob diversas denominações que atropelam as concepções e como estas chegam a prática pedagógica. “Houve momentos que se discutiam as características da educação

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ambiental formal, não formal e informal; outros discutiram as modalidades da Educação

Conservacionista, outros a educação para o meio ambiente” (LAYARGUES, 2004, p.7).

Contudo, a possibilidade de colocar em prática a dimensão ambiental no contexto da educação formal ainda depende de princípios e significados que integram o homem, natureza e sem dúvida a dimensão ética na educação. A EA deve despertar uma consciência crítica e ecológica do professor e do aluno como sujeitos do processo educativo, e nesse sentido que a educação tem o papel fundamental de promover as concepções necessárias à construção da cidadania sob perspectivas sociais e culturais.

[...] a cidadania é ligada a discursos fortemente sedimentados e isso ajuda a garantir legitimidade não apenas à educação para a cidadania, mas aos próprios Temas Transversais. Por um lado, os documentos vinculam cidadania à nação, um dos conceitos que, se vem sendo posto em questão recentemente, consolidou-se ao longo da Modernidade no imaginário ocidental. Por outro, no que diz respeito às vinculações pedagógicas, aludem ao progressivismo [...] (MACEDO, 2009, P.102).

É nesse sentido que somos instigados a buscar a compreensão sobre a relevância da educação ambiental no currículo, bem como identificar criticamente como aquilo apresentado nos Temas Transversais se efetivam na atuação crítica do professor e do aluno.

Morin (2001) chama a atenção para a necessidade de um novo paradigma capaz de estabelecer as conexões necessárias, e nesse caso, a educação e as relações humanas e ambientais, como possibilidade de ultrapassar os limites da simplificação dos saberes que seriam indissociáveis para compreender a vida do homem e do planeta. O autor afirma que as concepções orientadoras da educação formal vigente não dão conta de atingir a complexidade dos problemas enfrentados pela humanidade, e é nesse sentido que a teoria da complexidade.

As racionalizações científicas estão condicionadas às diversas noções e usos da natureza que suscitam práticas narrativas que refletem nossas relações com o mundo e se inserem no movimento de busca ontológica e epistemológica do campo da pesquisa em educação ambiental. (TRISTÃO, 2013, p.849).

Por isso, a busca de novos desafios depende de nos apropriarmos nos debates, e compreender sobre a necessidade de recontextualizar a questão ambiental no âmbito da sociedade e da educação sem perder de vista os pressupostos de dominação pelo paradigma científico-instrumental, o qual tomou dimensões econômicas e técnicas exacerbadas no campo da educação. Esse é um desafio, que segundo Morin (2001), só será possível se transformar o pensamento, ou seja, “Depende da reforma do pensamento”, o que implica na mudança de paradigma, no sentido de resignificar o pensamento para compreender quem são os habitantes do planeta e que a vida “do” e “no” planeta pelos

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Homens devem ser contempladas também pelo conhecimento e pensamento dos seres humanos habitantes.

Não é demais afirmar que as dimensões econômicas e tecnológicas influenciam os destinos da cultura na educação escolar e da ética planetária. Segundo Morin (2001) as sociedades domesticam as pessoas através de mitos e ideias e, entretanto, os indivíduos poderiam fazer valer as suas opiniões e controlar as sociedades que os controlam. Sauvé (2005, p.321), acrescenta: “a educação ambiental acompanha e sustenta de início o surgimento e a concretização de um projeto de melhora da relação de cada um com o mundo [...]

Nesse contexto, é possível entender que os limites existem, porém, trazer essa discussão para o campo da educação, tem o sentido de provocar inquietações na perspectiva das tensões políticas, econômicas, sociais e culturais, as quais têm contribuído fortemente para as contradições na educação formal. As lacunas e o distanciamento da sobre a visão de mundo dos professores, dificulta a inserção da educação ambiental na prática pedagógica, e por isso, as temáticas ambientais expressas pelo PPP, não atingem o seu objetivo até a sala de aula. Torna-se urgente que as questões ambientais, apontadas pelo PPP sejam apropriadas pelos professores numa perspectiva crítica, e não na mesma lógica do consumo e do determinismo econômico que promove os valores da sociedade contemporânea.

Segundo Libâneo (2001) o Projeto Político Pedagógico tem por objetivo apresentar o resumo das exigências sociais e legais do sistema de ensino, bem como as diretrizes e ações do processo educativo e ainda aspectos metodológicos sobre como a escola deve desenvolver, ou seja, dos aspectos pedagógicos aos administrativos e políticos.

No PPP analisado encontramos maior destaque na dimensão de questões relacionadas à cidadania e ao meio ambiente, as quais deveriam ser desenvolvidas por meio de projetos, contando com o envolvimento dos professores, em sala de aula.

[...] compreender as relações entre o homem e a natureza entendendo o agrupamento humano em sociedades diferentes, portanto, analisando os inúmeros problemas da sociedade em que vive e as diversas formas de relação entre os homens, refletindo sobre as meras ações, intervenções e contradições da sociedade contemporânea ao ambiente. (PPP, 2009).

A partir do exposto, procuramos apreender quais as propostas apresentadas sobre a educação ambiental, e a partir daí foi necessário construir eixos temáticos e articulados as respostas dos professores, por meio dos questionários, no sentido de identificar como a educação ambiental está inserida no projeto político pedagógico e como os professores concebem e se apropriam da discussão sobre a educação ambiental. Sem dúvida a Educação Ambiental deve ser entendida como uma prática transformadora e comprometida

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com a formação de cidadãos críticos e corresponsáveis. Para isso, depende de mudanças na visão de mundo e a apropriação de novas abordagens teórico-metodológicas.

Educação Ambiental na concepção dos professores

Procurou-se valorizar e compreender a educação ambiental nas suas dimensões mais amplas do processo educativo, ou seja, as inter-relações com os aspectos culturais, sociais e ambientais. Entendendo, que a temática situa-se no campo de muitas complexidades e diversidades culturais, porém, é importante ressaltar que a escola é o lugar onde essas complexidades e diversidades devem ser tratadas por meio do processo educativo. Macedo (2009, p.49) “os currículos escolares do ensino fundamental são constituídos de um conjunto de disciplinas, sendo alguns campos do saber representados e outros não”.

Os professores ao ser questionados sobre a relação da educação ambiental com os conteúdos curriculares apresentam concepções restritas, perdendo o significado das questões relacionadas à temática ambiental, o que demonstra uma visão fechada e reducionista sobre a educação ambiental e quais as suas inter-relações no processo de ensino-aprendizagem, bem como nos conteúdos curriculares. “Eu trato a sala de aula, principalmente quando o assunto é globalização que é a expansão e circulação de mercadorias, que gera outro problema, acumulo de lixo. Tento conscientizar os meus alunos”. (P5). Percebemos que tratar a educação ambiental na escola, ultrapassa aquilo que está proposto pelos Temas Transversais e apresentado no PPP da escola, destacando aquilo que faz parte do dia-a-dia, porém, sem nenhuma reflexão que possa instigar a importância da educação ambiental e como ela encontra-se inserida no cotidiano escolar. “deveria estar intrínseco à ciência da natureza, não deveria ser trabalhada separadamente, perderia a real importância” (P6) “deveria ser matéria curricular”. (P1).

Ao retomar a relação homem-natureza é possível compreender que há possibilidades de pensar a educação ambiental, a partir das múltiplas reflexões sobre o meio ambiente sobre diferentes dimensões. De fato, a educação ambiental, como uma antidisciplina, não pode se fechar a uma razão única, pois ela se sustenta em uma racionalidade mais aberta. (TRISTÃO, 2013, p.850). O processo educativo mobiliza uma multiplicidade de referências que têm a ver concretamente com todas as modalidades da prática histórica dos homens, ou seja, com a prática política da vida social e com a prática cultural responsável pela produção simbólica da vida humana e sua relação com a natureza (SEVERINO, 2001).

Ao analisar as respostas dos professores envolvidos na pesquisa, percebe-se que as questões ambientais são distantes do processo pedagógico e das conexões que o professor pratica, fora das exigências curriculares, ou seja, a compreensão de que a educação ambiental faz parte da vida cotidiana e que a conscientização e o exercício da cidadania

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podem chegar à sala de aula, pelas vias do processo de interação com o meio ambiente, com a comunidade e realidades onde se inserem. “Acho interessante e relevante para a reflexão e educação do jovem com relação ao meio ambiente; de sua vida futura e da preservação e repeito pelo planeta” (P8).

Ao relacionar o PPP com o proposto nos Temas Transversais observa-se que os termos “Ética, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde, Orientação Sexual e Trabalho e Consumo”, encontram presentes, porém, ao ser articulados com as concepções dos professores sobre os mesmos e o que eles representam nos conteúdos curriculares, nos leva a crer que esses temas dependem de pressupostos teóricos e metodológicos e filosóficos, e, portanto, o comprometimento com a formação do professor, caso contrário, preserva a lógica do paradigma técnico-instrumental.

É nesse sentido que o paradigma reducionista constante nas definições propostas pelo discurso oficial representa formatos fragmentados em alguns momentos, o que corrobora com as concepções trazidas pelos professores sobre as questões ambientais e suas conexões. Destacamos que contrapor ao paradigma reducionista requer mudanças, e qualquer que seja essa mudança, nos orienta e requer fundamentos teórico-metodológicos e filosóficos para compreendermos aquilo que precisamos aprender sobre como lidar com complexidade (MORIN, 2001).

Com isso, percebe-se que compreender o que envolve o ser humano e seu papel na sociedade, e como as questões ambientais fazem parte da vida cotidiana, envolve uma complexidade de sentidos e significados, como complementos necessários para a solidariedade ética, compromisso político, social e cultural, necessários para legitimar o processo de conscientização e cidadania. “Se eles não tiverem a conscientização com o meio em que vivem, quem vai ter? É na escola que começa as orientações para a vida”. (P3). Com essa fala percebemos que embora seja uma concepção ainda fragmentada e limitada, é importante reafirmar que é por meio da educação que os significados e as visões de mundo se consolidam num ação coletiva, e consequentemente a formação da consciência crítica. Para Leff (2002) as diferentes concepções sobre Educação Ambiental são construídas por meio de diálogo, da integração dos saberes e de possíveis capacitações sobre a atemática, visando a uma organização interdisciplinar do conhecimento. Sendo assim, abordar as questões ambientais exige um currículo organizado, com a temática ambiental ampla, e principalmente a conscientização dos docentes e de todos os envolvidos no processo educativo. “Se eles não tiverem a conscientização com o meio em que vivem, quem vai ter? Daqui alguns anos eles serão o futuro da nação. É na escola que começa as orientações para a vida [...] (P3).

Pelo exposto, percebe-se que há preocupação sobre a importância da educação ambiental, que são apresentadas por meio de diferentes questões que, de alguma forma,

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aproximam-se de uma concepção crítica, porém, existem diferenças conceituais entre a finalidade proposta e a forma como se legitima na visão do professor.

Uma questão, como esta (EA) não deve ser trabalhada separadamente, perderia a real importância (P6); Também poderia ser um Tema Transversal trabalhado por todas as áreas, educando as pessoas para uma vida de parceria com o meio ambiente“ Não vi nenhuma atividade realizada com

este tema até agora (P1).

O que nos parece bastante claro, pelas respostas dos professores é que não existe uma conscientização por parte do corpo docente, isto porque as respostas não mostraram interesse maior no desenvolvimento de projetos que propiciassem aos alunos um aprendizado mais profundo, assim como seu comprometimento com a natureza.

“Não necessariamente, mas devendo a escola dar espaços para que haja uma conscientização maior sobre o problema ambiental e a educação necessária para a conscientização da sua relação com a natureza” (P8). “deveria estar intrínseco à ciência da natureza, como é atualmente. Uma questão como esta não deve ser trabalhada separadamente, perderia a real importância” (P6); “deveria ser matéria curricular” (P1).

Nota-se, que alguns professores demonstram a necessidade da conscientização ambiental, embora não tenham ideia formada sobre como essa consciência pode ser transmitida e desenvolvida em suas disciplinas curriculares: “Se houvesse iniciado na Educação Infantil, há alguns anos, hoje já teríamos uma geração com nova consciência”. (P1)

Pelas respostas dos professores configura-se que não existe uma conscientização por parte do corpo docente, isto porque as respostas não mostraram interesse maior no desenvolvimento de projetos que propiciassem aos alunos um aprendizado mais profundo, assim como seu comprometimento com a natureza. “Não necessariamente, mas devendo a escola dar espaços para que haja uma conscientização maior sobre o problema ambiental e a educação necessária para a conscientização da sua relação com a natureza” (P8).

Considerando-se que os professores expressaram pouco envolvimento na elaboração do Projeto Político Pedagógico, ficando sob o controle do administrativo da escola, pode-se adiantar que os desdobramentos políticos-pedagógicos do PPP e a sua concretização na sala de aula, fica limitado aos conteúdos disciplinares, segundo a visão determinista de currículo e os temas ambientais se escondem de algum modo, seja, em práticas pedagógicas, seja, pela ausência nas concepções sobre os sentidos e significados que inserem a educação ambiental.

Algumas considerações

A realização desse estudo foi importante no sentido de acrescentar na discussão sobre a educação ambiental na escola, como ainda carece de estudos que perpassam a inserção dessa temática no currículo e nas propostas apresentadas no Projeto Político Pedagógico. Percebemos que a desarticulação entre o que está proposta e o

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distanciamento apresentado pela concepção dos professores, ainda muito orientados pela visão reducionista compromete o sentido e a necessidade com os quais a educação ambiental deve ser tradada na escola.

Identificamos que a elaboração do Projeto Político Pedagógico não conta com a participação coletiva dos professores como um “Projeto” que deve ser contemplado na prática pedagógica dos professores, e que as propostas sobre Educação Ambiental, sem dúvida deveriam contar com as concepções dos professores, suas reflexões sobre as questões possíveis e necessárias a serem articuladas como fundamentos e práticas. Também Morin (2001, p.18) diz “é preciso uma adequação de todas as disciplinas, científicas e humanas, às finalidades educativas fundamentais que acabaram sendo ocultadas pelas fragmentações disciplinares”.

Nóvoa (2002) afirma que, quando se pensa em professores inovadores, deve pensar também nos processos da formação educacional, o qual compreende certas tendências paradigmáticas das instituições escolares, fundamentadas ainda pela concepção reducionista da ciência moderna, o que dificulta abordagens mais inovadoras para a formação dos professores.

REFERÊNCIAS

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________. Plano Nacional de Educação. Lei no. 10172/2001. Brasília,DF: 2001.

LEFF, E. Pensar a complexidade ambiental. In: _____. (Coord.). A Complexidade ambiental. Tradução de Eliete Wolff. São Paulo: Cortez, 2002. p.15-64.

LIBÂNEO, J.C. Organização e gestão escolar: teoria e prática. Goiânia: Alternativa, 2001. LOUREIRO, C.F.B. & COSSIO, M.F.B. Um olhar sobre a educação ambiental nas escolas: considerações iniciais sobre os resultados do projeto “O que fazem as escolas que dizem que fazem Educação Ambiental”. In: MELLO, S.; TRAJJBER, R. (Org.) Vamos cuidar do Brasil: conceitos e práticas em educação ambiental na escola.

MACEDO, E. Parâmetros Curriculares Nacionais: a falácia de seus Temas Transversais.In: MOREIRA, A.F. (org). Currículo: políticas e práticas. Campinas, SP: Papirus, 1999, p.43-58.

________. Como a diferença passa do centro à margem nos currículos: o exemplo dos PCN. Educ.Soc., Campinas, vol.30, n.106, p.87-109, jan./abr. 2009

MORIN, E. A Religação dos Saberes. O desafio do século XXI, Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 2001.

NÓVOA, A. S. Os professores e o “novo” espaço público da educação. In: NÓVOA, A. (ed) Formação de professores e trabalho pedagógico. Lisboa: Educa, 2002, p.217-233.

SAUVÉ, L. Educação Ambiental: possibilidades e limitações. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.31, n.2, p.317-322, maio/ago.2005.

TRISTÃO, M. Uma abordagem filosófica da pesquisa em educação ambiental. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, v. 18 n. 55 out.-dez. 2013.

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