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AVALIAÇÃO DA GESTÃO MUNICIPAL DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL POR MEIO DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE.

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Flavia Tuane Ferreira Moraes Universidade Federal de Itajubá flaviatuane@yahoo.com.br

AVALIAÇÃO DA GESTÃO MUNICIPAL DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

POR MEIO DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE.

Andriani Tavares Tenório Gonçalves Universidade Federal de Itajubá andriani_dri@yahoo.com.br Josiane Palma Lima

Universidade Federal de Itajubá jpalmalima@gmail.com

Renato da Silva Lima Universidade Federal de Itajubá rslima74@gmail.com 986

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8º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO PARA O PLANEAMENTO URBANO, REGIONAL, INTEGRADO E SUSTENTÁVEL (PLURIS 2018)

Cidades e Territórios - Desenvolvimento, atratividade e novos desafios

Coimbra – Portugal, 24, 25 e 26 de outubro de 2018

AVALIAÇÃO DA GESTÃO MUNICIPAL DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL POR MEIO DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE.

F. T. F Moraes, A. T.T Gonçalves, J. P. Lima, R. S. Lima

RESUMO

Os Resíduos de Construção Civil (RCC) representam a maior parte dos resíduos produzidos pelos municípios brasileiros. Por esta razão, é necessária a criação de ferramentas que busquem monitorar e avaliar a Gestão de Resíduos de Construção Civil (GRCC). Os indicadores de sustentabilidade são ferramentas capazes de auxiliar os gestores a garantirem a eficácia da gestão. O objetivo deste trabalho é listar e identificar os indicadores mais relevantes para a GRCC municipal. Para tanto, foi utilizado o método AHP de análise multicritério e consultado um grupo de 17 especialistas. Os indicadores foram agrupados em: Grupo Operacional, Grupo Ambiental, Grupo Político-econômico, Grupo Educacional e Grupo Social. Em cada grupo, estão reunidos indicadores que avaliam aspectos da gestão considerados pela Política Nacional de Resíduos Sólidos. Os resultados mostram que os especialistas consideram os indicadores do Grupo Político-econômico os mais relevantes para avaliar a GRCC.

1 INTRODUÇÃO

No Brasil, os Resíduos de Construção Civil são definidos pela Resolução Conama n°307 de 2002 como aqueles provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras ou resultantes da preparação da escavação de terrenos. De acordo com Schamne e Nagali (2016), os RCC são gerados devido a perdas nos canteiros de obras e em demolições e reformas, locais nos quais são gerados uma série de materiais como madeira, tijolos, concreto e pavimentos asfáltico. Estes podem ser gerados tanto na fase de execução quanto ao final da vida útil de uma construção.

O rápido crescimento das cidades levou ao aumento da produção de RCC. Tal aumento aliado à falta de políticas públicas específicas torna a GRCC um desafio para os municípios brasileiros. De acordo com Lima (2012), é comum, por exemplo, a prática de disposição final em áreas irregulares, vias públicas, calçadas, terreno baldios, encostas e nas margens de corpos d’agua. Apesar dos problemas causados por uma gestão ineficiente, a GRCC é muitas vezes colocada em segundo plano pelas prefeituras brasileiras.

Segundo Ortiz et al. (2010), os RCC apresentam alto potencial de recuperação, mas atualmente apenas uma parcela é aproveitada. Quando a GRCC ocorre de maneira eficiente, de modo a promover o tratamento e destinação final adequada, é possível obter ganhos sociais e econômicos. Desta forma, é fundamental a criação de um Sistema de Gestão Municipal para promover a utilização eficiente dos RCC.

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Neste contexto surge a necessidade de utilizar ferramentas para avaliar a GRCC de forma sistêmica, considerando os aspectos previstos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Este trabalho propõe a avaliação da GRCC por meio da utilização de indicadores que consideram aspectos operacionais, ambientais, sociais, político-econômicos, educacionais e sociais no sistema de gestão. O estudo busca analisar os indicadores mais relevantes para esta avaliação. Para tanto, utiliza-se o método AHP de análise multicritério. Desta forma, objetiva-se auxiliar os gestores municipais na priorização de ações de melhoria e na destinação de recursos.

2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Resíduos de Construção Civil

Em 2010, foi instituída no Brasil a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que representou um marco legal para a Gestão de Resíduos Sólidos (GRS) no país. Segundo Machado e Oliveira (2010), essa Política insere uma série de conceitos inovadores na GRS, dentre os quais: o incentivo à coleta seletiva, inserção do setor informal, criação de Sistemas de Logística Reversa, educação ambiental e a Responsabilidade Compartilhada.

A PNRS classifica os resíduos quanto à origem e quanto à periculosidade. Em relação à periculosidade, os resíduos são classificados em resíduos perigosos e em resíduos não perigosos. Quanto à origem, os resíduos são classificados como: domiciliares, de limpeza urbana, sólidos urbanos, de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, de saneamento básico, industriais, agrossilvopastoris, de serviços de transporte e mineração e em resíduos de construção civil (RCC).

O manejo e a gestão dos RCC foram estabelecidos pela Resolução Conama n° 307/2002 e alterados pelas Resoluções Conama n° 348/2004, 431/2011, 448/2012 e 469/2015. Estas determinam que os municípios elaborem Planos de Gestão de Resíduos da Construção Civil, contemplando os pequenos geradores e definam as diretrizes para a elaboração dos Planos de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil (PGRCC), que devem ser elaborados pelos grandes geradores. Segundo o Conama, os RCC são classificados em quatro categorias (A, B, C e D), de acordo com suas características e forma de tratamento e destinação final.

Os resíduos de classe A são aqueles que podem ser reutilizáveis ou recicláveis como agregado. Estes devem ser enviados para Aterros de Resíduos de Classe A. A classe B engloba resíduos como plásticos, papel e papelão, que devem ser enviados para centrais de reciclagem. Na classe C, encontram-se os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias economicamente viáveis de reciclagem ou recuperação. Por fim, os resíduos perigosos como tintas, solventes e óleos são classificados como resíduos de classe D (CONAMA, 2002). De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2010), para que a GRCC ocorra de maneira eficaz, os municípios devem, primeiramente, realizar diagnóstico dos resíduos por eles gerados. E o sistema de gestão deve ser elaborado considerando fatores ambientais, econômicos e sociais.

Para que a gestão destes resíduos ocorra de maneira eficiente, os pontos fortes e fracos do sistema de gestão também devem ser conhecidos e o desenvolvimento deste deve ser acompanhado. Neste sentido, a PNRS deve ser constantemente avaliada. Para Santiago e Dias (2012), os indicadores de sustentabilidade para a gestão de resíduos são instrumentos para que gestores públicos possam acompanhar e planejar estratégias voltadas para a melhoria da gestão.

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2.2 Indicadores de Sustentabilidade

Os indicadores são informações sistematizadas capazes de representar e transmitir aspectos de um fenômeno. Quando são usados em estudos de sustentabilidade visam melhorar a base de informações sobre o ambiente, auxiliar na elaboração de políticas públicas e simplificar estudos e relatórios, tornando possível a comparação de diferentes cenários (MILANEZ, 2000).

Segundo Polaz e Teixeira (2009), a adoção de um sistema de indicadores de sustentabilidade adaptados especificamente à Gestão de Resíduos Sólidos pode auxiliar os administradores municipais na definição das prioridades e levar ao direcionamento de investimentos públicos nas áreas mais necessitadas. Neste sentido, Parekh et al. (2014) estudaram indicadores de sustentabilidade voltados para a Gestão de Resíduos Sólidos utilizando o método AHP de análise multicritério. Segundo o autor, conhecer a relevância de cada indicador é importante na avaliação da Gestão de Resíduos Sólidos e na priorização de ações para melhoria dos indicadores mais relevantes.

No que se refere aos RCC, Lima (2012) apontou a necessidade da utilização de indicadores para avaliar e monitorar a gestão municipal de forma sistêmica. Rocha (2012) afirmou que a utilização de indicadores para avaliação da GRCC deve ser divulgada de modo a proporcionar troca de experiência entre os gestores. Desta forma, fica evidente a necessidade de estudos envolvendo indicadores de sustentabilidade voltados para a GRCC.

2.3 Análise de decisão multicritério

A Análise de Decisão Multicritério é uma ferramenta que busca auxiliar os tomadores de decisão por meio da comparação de critérios. Ela é utilizada quando existem diferentes critérios envolvendo uma decisão e há a necessidade de convergência entre estes critérios (VUČIJAK; KURTAGIĆ; SILAJDŽIĆ, 2015). Existem vários métodos de Análise multicritério, sendo os mais conhecidos: ELECTRE, PROMETHEE (Preference Ranking

Organization Method for Enrichment Evaluations), MAUT (Multiattribute Utility Theory),

NCIC (Non-Traditional Capital Investment Criteria), MACBETH (Measuring Attractiveness

by a Categorical Based Evaluation Technique), TOPSIS (Technique for Order Preference by Similarity to Ideal Solution), DEA (Data Envelopment Analysis), SMART (Simple Multiattribute Rate Technique), TODIM (Interactive Decision Making) e AHP (Analytic Hierarchy Process) (RODRIGUEZ; COSTA e CARMO, 2013).

Dentre estes métodos, o AHP é o mais utilizado em estudos ambientais e de Gestão de Resíduos Sólidos. Segundo Huang et al. (2011), dos 312 artigos publicados entre 2000 e 2009 que estavam inseridos na temática ambiental e utilizavam análise multicritério, 48% dos trabalhos utilizavam o AHP para a tomada de decisão. Neste sentido Parekh et al. (2014) afirmaram que o AHP permite a apresentação clara dos critérios de avaliação, contribuindo para a seleção de tecnologias e a tomada de decisão no manejo de Resíduos Sólidos.

Em termos de Gestão de Resíduos de Construção Civil, Banias et al. (2010) utilizaram análise multicritério para a localização de áreas apropriadas para a instalação de unidades de gerenciamento de RCC. O estudo foi realizado na Grécia e os decisores foram capazes de considerar aspectos quantitativos (distância, preços das áreas etc.) e qualitativos (estética, degradação de áreas etc.) no processo de decisão. Mendis (2011) utilizou o método AHP para

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avaliar e priorizar a opinião de especialistas sobre as questões contratuais da indústria de construção civil sobre a geração de RCC. Já Chinda (2016) aplicou o método AHP para estudar os principais fatores que influenciam as decisões relacionadas à reciclagem de RCC. Desta forma, o método de análise multicritério utilizado neste trabalho é o AHP.

3 METODOLOGIA

O estudo é classificado como modelagem, pois visa criar um modelo para avaliação da Gestão Municipal de Resíduos de Construção Civil. A natureza da pesquisa é aplicada, pois seus resultados podem ser utilizados na solução de problemas específicos, reais e de interesses locais (SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009).

Para realização do estudo é utilizado o método AHP. De acordo com Saaty (1980), o AHP consiste em três princípios que incluem: a estruturação hierárquica, a análise de prioridades e a verificação da consistência dos resultados. Este processo é composto de três etapas. A primeira etapa do AHP é a definição do objetivo da decisão e a hierarquização dos critérios. Após a hierarquização dos critérios, inicia-se a segunda fase. Esta consiste na comparação dos critérios por meio de matrizes de comparação par-a-par. Por fim, a terceira etapa é a síntese das prioridades, na qual é realizada a análise dos resultados das matrizes de comparação. O objetivo do modelo proposto neste trabalho é avaliar a Gestão Municipal de Resíduos de Construção Civil. A hierarquia deste trabalho é composta de Grupos (critérios de maior nível) e indicadores (critérios de menores níveis). Para aplicação do AHP, foram consultados 17 especialistas. Estes foram escolhidos devido à experiência com resíduos sólidos e/ou setor de construção civil. Houve a participação de representantes do setor público, do setor privado e do meio acadêmico.

Foram construídas 6 matrizes de comparação. Estas foram disponibilizadas aos especialistas via e-mail. Após o preenchimento das matrizes, os especialistas encaminhavam as matrizes respondidas para o cálculo do grau de importância de cada critério. Este cálculo foi realizado de acordo com o método AHP proposto por Saaty (1980). Para a aplicação do AHP no contexto de uma decisão em grupo, em que os indivíduos atuam separadamente, como ocorre nesse estudo, é necessária a utilização da média geométrica dos elementos (COSTA; BELDERRAIN, 2009).

Para a seleção dos indicadores utilizados para avaliar a GRCC, foi realizada a revisão dos principais trabalhos sobre o tema e das diretrizes que norteiam a GRCC no Brasil e em outros países. Foram selecionados 19 indicadores. Os indicadores selecionados foram aqueles que estavam de acordo com as diretrizes da PNRS e das Resoluções Conama e consideravam a sustentabilidade no sistema de Gestão.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 Indicadores selecionados

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Os indicadores selecionados foram baseados nos trabalhos de Lima (2012), Yuan (2012), Polaz e Teixeira (2009), Rocha (2012), Santiago e Dias (2012), Milanez (2002), Gehrke (2012), Parekh et al. (2014) e Fernandes e Silva Filho (2017). Também foram consultadas as diretrizes vigentes sobre a GRCC. Alguns indicadores foram propostos pelos autores a fim de avaliar aspectos ainda não considerados nos trabalhos consultados.

Após a seleção dos indicadores, estes foram hierarquizados (Tabela 1). Foram considerados cinco grupos: Operacional, Ambiental, Político-econômico, Educacional e Social. O Grupo Operacional engloba os indicadores que avaliam as etapas do gerenciamento de RCC (quantificação, separação, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final). No Grupo Ambiental encontram-se os indicadores que avaliam aspectos relacionados aos recursos naturais. Dentro do Grupo Político-econômico, estão os indicadores que avaliam a estrutura administrativa, legal e os recursos destinados a GRCC. Já no Grupo Educacional, estão os indicadores que avaliam as medidas de conscientização da população e a capacitação de trabalhadores sobre os RCC. Por fim, no Grupo Social, estão presentes os indicadores que verificam a existência de medidas de inclusão social e a Responsabilidade Compartilhada.

Tabela 1 Estrutura hierárquica proposta

Ava li ar a GRC C Muni cipal Gr upo Ope ra cional Identificação Separação Acondicionamento Coleta Transporte Tratamento Disposição Final Gr upo Ambienta l Controle Ambiental Recuperação Ambiental Práticas Sustentáveis Gr upo P olí ti co -ec onômi co Normas e Regulamentos Econômico Estrutura Monitoramento Gr upo Educ ac

ional Capacitação de mão-de-obra

Sensibilização da população Gr upo S oc ial Responsabilidade Compartilhada Usuários Inclusão Social 4.2 Grau de importância

O grupo de especialistas consultados era heterogêneo e contava com representes do setor público, privado e do meio acadêmico. Cada setor representado pelos avaliadores apresenta

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experiências e visões distintas. Desta forma a importância dada a cada Grupo de indicadores varia de acordo com o setor que os avaliadores representam (Tabela 2).

Os representantes do setor privado priorizam os aspectos operacionais, pois estes são cobrados para que as etapas do gerenciamento ocorram de forma rápida e eficaz. Já os representantes do setor público atribuíram a maior importância aos aspectos ambientais. Nos últimos anos os poder público vem enfrentando pressões populares para preservarem os recursos naturais e considerarem a sustentabilidade em suas agendas de governo. Tal fato justifica a maior importância dada ao Grupo Ambiental. Os acadêmicos, por sua vez, atribuíram a maior importância ao Grupo Político-econômico. Este resultado pode ser justificado pelo conhecimento das lacunas legais existentes em relação à GRCC e a necessidade de estudos envolvendo este tema, como apontou Lima (2012).

Tabela 2 Grau de importância por grupo de especialista

Setor Privado Setor Público Acadêmicos

Grau de Importância Desvio padrão Grau de Importância Desvio padrão Grau de Importância Desvio padrão Operacional 0 ,41 0,13 0,13 0,09 0,20 0,09 Ambiental 0,17 0,10 0,25 0,11 0,22 0,13 Político-econômico 0,24 0,07 0,22 0,19 0,26 0,13 Educacional 0,10 0,08 0,21 0,11 0,17 0,13 Social 0,08 0,04 0,19 0,09 0,15 0,08

Considerando todos os especialistas, a maior importância foi atribuída ao Grupo Político-econômico (Figura 1). O resultado mostra a preocupação dos especialistas com as exigências legais e com os aspectos econômicos relacionados à GRCC. Outros trabalhos também chegaram a conclusões semelhantes. Para Elizar, Wibowo e Koestalam (2015), a política e os recursos econômicos são duas das variáveis mais relevantes para o bom funcionamento da GRCC. Tot et al (2017) identificaram a área institucional-administrativa como o primeiro item a ser abordado para uma melhorar a GRCC em países em desenvolvimento. Desta forma, tanto na literatura, quanto na visão dos especialistas, os aspectos legais e financeiros são os mais relevantes para o bom funcionamento de um sistema de gestão de RCC.

A segunda maior importância foi dada ao Grupo Operacional, o que mostra a preocupação dos especialistas com o bom funcionamento das etapas de gerenciamento de RCC. O Grupo Ambiental recebeu a terceira maior importância, o que reflete o papel da preservação dos recursos naturais e a necessidade de inserção de práticas sustentáveis na GRCC. As menores importâncias foram atribuídas aos Grupos Educacional e Social. Isto mostra que, embora tais aspectos sejam previstos por lei, estes não são, na visão dos especialistas, os mais relevantes na avaliação da GRCC.

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Figura 1 Grau de importância entre os Grupos

3. 2 Grupo Operacional

Dentre os indicadores do Grupo Operacional, os mais relevantes foram Tratamento e Disposição Final (Tabela 3). Ambos os indicadores receberam a mesma importância. Esse resultado mostra a preocupação dos especialistas em recuperarem os resíduos e fornecer a estes uma destinação final ambientalmente adequada. No entanto, a maioria dos municípios brasileiros não é capaz de realizar o tratamento e a destinação da maneira prevista pelo Conama (Lima, 2012).

Tabela 3 Grau de importância: indicadores do Grupo Operacional

Indicador Grau de Importância Desvio padrão

Identificação 0,15 0,14 Separação 0,16 0,06 Acondicionamento 0,1 0,05 Coleta 0,13 0,07 Transporte 0,08 0,07 Tratamento 0,19 0,1 Disposição Final 0,19 0,08 3.3 Grupo Ambiental

No Grupo Ambiental, a maior importância foi atribuída ao critério Práticas Sustentáveis (Tabela 4). Tal fato remete a necessidade dos municípios e empresas do setor de construção civil em inserirem práticas que promovam a redução da geração de resíduos e a produção e utilização de agregados reciclados. A utilização de materiais reciclados é um desafio para os municípios brasileiros. Muitas vezes, não existem usinas de reciclagem para a produção de agregados. Mesmo quando há a produção, ainda existe a dúvida por parte do consumidor sobre a qualidade destes materiais (MORAES et al., 2017).

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Tabela 4 Grau de importância: indicadores do Grupo Ambiental

Indicador Grau de Importância Desvio padrão

Controle Ambiental 0,35 0,15

Recuperação Ambiental 0,26 0,18

Práticas Sustentáveis 0,39 0,18

3.4 Grupo Político-econômico

Dentre os critérios pertencentes ao Grupo Político-econômico, a maior importância foi atribuída ao critério Estrutura (Tabela 5). Este resultado mostra a preocupação dos especialistas em criar uma estrutura administrativa na qual exista um departamento municipal com profissionais capacitados para o planejamento e administração da GRCC. Uma estrutura administrativa organizada torna possível a contratação de serviços através de licitações, o cadastramento de empresas, a elaboração de diretrizes, a criação parcerias com o setor privado e a fiscalização da GRCC.

Tabela 5 Grau de importância: indicadores do Grupo Político-econômico

Indicador Grau de Importância Desvio padrão

Normas e Regulamentos 0,23 0,12

Econômico 0,25 0,19

Estrutura 0,27 0,15

Monitoramento 0,25 0,16

3.5 Grupo Educacional

No Grupo Educacional a maior importância foi dada ao critério Sensibilização da População (Tabela 6). Este resultado mostra a importância de conscientizar a população sobre os RCC. Sem a participação da população não é possível que as etapas de separação e coleta ocorram de maneira eficaz. Uma população conscientizada também é capaz de dar preferência pelo consumo de produtos reutilizados ou recicláveis, reduzindo os impactos dos RCC no ambiente.

Tabela 6 Grau de importância: indicadores do Grupo Educacional

Indicador Grau de Importância Desvio padrão

Capacitação de mão-de-obra 0,46 0,26

Sensibilização da população 0,54 0,26

3.6 Grupo Social

Por fim, no Grupo Social, o critério Responsabilidade Compartilhada obteve maior importância, ressaltando a necessidade da atuação conjunta dos setores público e privados e da população. A participação de todos os agentes envolvidos com a GRCC é importante, pois possibilita que todas as etapas do gerenciamento de RCC ocorram de maneira eficaz,

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aumentando a produção e o consumo de agregados reciclados e gerando maiores empregos e renda.

Tabela 7 Grau de importância: indicadores do Grupo Social

Indicador

Grau de

Importância Desvio padrão

Responsabilidade Compartilhada 0,43 0,2

Usuários 0,29 0,16

Inclusão Social 0,28 0,15

4 CONCLUSÃO

Os indicadores selecionados foram capazes de avaliar a GRCC nos aspectos operacionais, ambientais, político-econômicos, educacionais e sociais. A avaliação da GRCC considerando diversos aspectos se faz necessária devido à ausência de ferramentas de avalição que considere a gestão de maneira sistêmica. Desta forma, o conjunto de indicadores selecionados foi considerado eficiente na avaliação da Gestão Municipal de Resíduos de Construção Civil. O método AHP também se mostrou eficaz na avaliação do grau de importância dos indicadores selecionados. Com o método, foi possível identificar os indicadores mais relevantes nesta avaliação. No grupo de avaliadores consultados, havia representantes do setor público, privado e representantes acadêmicos. Eles possuíam diferentes experiências e visões sobre a GRCC. Assim, quando se analisa a importância dada a cada grupo, considerando cada um dos setores avaliados, percebe-se uma variedade de julgamentos e opiniões divergentes. Cada setor atribuiu a maior importância para um determinado aspecto da GRCC. Esta variedade é considerada enriquecedora na composição do grau de importância, pois foi possível abranger diversos contextos na tomada de decisão do problema em estudo.

Ao considerar todos os avaliadores, os aspectos do Grupo Político-econômico foram considerados os que mais influenciam na avaliação da GRCC. Este resultado se deve a importância da existência de leis e da estrutura administrativa que garantam o funcionamento da GRCC. Os recursos destinados à gestão também são fundamentais para que esta ocorra de maneira eficiente.

Assim, os gestores municipais devem priorizar ações políticas e econômicas para melhorar o Sistema de Municipal de GRCC. Neste sentido, sugere-se que as Prefeituras brasileiras iniciem o processo de melhoria com a criação de diretrizes municipais voltadas para os RCC. Estas diretrizes incluem a elaboração do Plano de Gestão de Resíduos de Construção Civil e do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Tais planos fornecerão as orientações necessárias para que pequenos e médios geradores, empresas de coleta e população saibam suas responsabilidades na GRCC. Desta forma, os Planos municipais voltados para a GRCC são capazes de promover a Responsabilidade Compartilhada. Os Planos devem conter ainda programas de educação ambiental, inserção do setor informal e incentivo para a produção e comercialização de agregados reciclados.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e à FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais)

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pelo apoio financeiro concedido aos projetos que subsidiaram o desenvolvimento deste trabalho.

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