CURSO DE FORMAÇÃO DOS DELEGADOS DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO
“ESTADO, DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO POPULAR”
NOVEMBRO/2009 VITÓRIA, ES
Prefeito Municipal João Carlos Coser
Secretária de Gestão Estratégica Marinely Santos Magalhães
Gerência do Orçamento Participativo Ângela Maria Castello Moretto
Hanelore de Paula Martins Joana Paula Binda Luciane Aparecida Bolda Patrícia Moreira Norbim Facilitador
ESTADO, DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO POPULAR
Amala e Kamala
Amala e Kamala, também
conhecidas como as meninas
lobo, foram duas crianças
selvagens encontradas na Índia no ano de 1920. A primeira delas tinha um ano e meio e faleceu um ano mais tarde. Kamala, no entanto, já tinha oito anos de idade, e
viveu até 1929.
Em 1920, o reverendo Singh encontrou, em uma caverna, duas crianças que viviam entre lobos. Suas idades estimadas eram de 2 e 8 anos. Deram-lhes os nomes de Amala e Kamala, respectivamente. Após encontrá-las, o rev. Singh levou-as para o orfanato que mantinha na cidade de Midnapore. Foi lá que ele iniciou o penoso processo de socialização das duas meninas-lobo.
Elas não falavam, não sorriam, andavam de quatro, uivavam para a lua e sua visão era melhor à noite do que de dia. Amala, a mais jovem, morreu um ano após ser encontrada. Kamala viveu por mais oito anos sem, contudo, aprender a falar, ler, usar o banheiro ou a ter qualquer comportamento que pudesse ser considerado próprio de seres humanos. A única emoção que demonstrou em todos esses anos foi algumas lágrimas que caíram de seus olhos, no dia em que Amala morreu.
Competir procurar atingir de forma violenta um mesmo objetivo que outro, cujo alcance é exclusivo de apenas um.
Cooperar trabalhar junto, agir com outro para alcançar objetivos iguais, cujos resultados podem ser partilhados.
Luca Cavalli-Sforza
(geneticista, pesquisador do projeto genoma humano)
“Há uma grande solidariedade para com os velhos e inválidos (...). Na floresta, ser incapaz de andar é quase o mesmo que morte certa. Nesses casos, o bando toma conta dos desafortunados; cheguei mesmo a observar que cegos e até doentes graves não são abandonados”
“Todas possuem o “hábito de dividir a comida, consumindo-a em comunidade [e] a típica ausência de hierarquias rígidas e leis preestabelecidas (a tribo inteira participa das decisões)...”
“Esses abundantes depósitos de pedras e ossos nos informam que o homem era caçador e carnívoro, ao contrário de seus antecessores (...). Também nos revela um comportamento significativamente diferente do observado nos símios: o costume de dividir a presa e consumi-la em grupo. É o primeiro passo em direção à cooperação”.
Robert Foley
(biólogo, especialista em ecologia humana)
“(...) os indivíduos humanos são interdependentes em larga escala. (...) A cooperação entre as pessoas é um elemento comum a boa parte do comportamento humano”.
“A partilha de alimento é uma forma de cooperação adotada em todas as sociedades humanas e, dada sua relativa raridade entre os primatas não humanos, é considerada uma característica humana chave”.
“A competição é quase sempre desvantajosa para todas as unidades envolvidas (...) Isso significa que, sempre que possível, é vantajoso que um organismo evite a competição”.
Relações que se criam sobre o eixo da cooperação
− Ética da solidariedade o bem de um é o bem de todos e o bem de todos é o bem de cada um.
− Partilha do poder democracia real, onde todos participam das decisões da sociedade.
− Propriedade coletiva nada pertence a ninguém individualmente. − Equilíbrio com a natureza a harmonia do grupo estende-se à relação
com o ambiente do qual depende a coletividade.
Relações que se criam sobre o eixo da competição
− Ética da luta pela sobrevivência – individualismo, salve-se quem puder, cada um por si, etc. Os problemas de cada um não dizem respeito à coletividade.
− Poder concentrado – inviabilidade da democracia real, afastamento do povo da política. Disputa do poder pelo poder, etc.
− Propriedade privada – Acúmulo de terras e bens sem a necessidade de função. Leis e repressão para garantir a posse individual sobre o direito coletivo.
− Desequilíbrio ecológico – A sociedade desequilibrada não consegue estar em equilíbrio com o ambiente em que vive.
ESTADO
Estado Instituição de poder fixa que possui os mecanismos para exercê-lo sobre toda a sociedade.
Governo Composição política mutável responsável pelo exercício do poder e administração do Estado.
TRÊS TIPOS DE GOVERNO
Monarquia Poder de um só, transferido hereditariamente. Aristocracia Poder dos “melhores” escolhidos para governar. Democracia Poder do povo, dividido entre os cidadãos.
TRÊS TIPOS DE DEMOCRACIA
Direta Exercida sem intermediários, pelos próprios cidadãos em assembléias.
Representativa Exercida por representantes eleitos, teoricamente em nome de seus eleitores.
Participativa Exercida em parte por representantes eleitos, controlados pelos eleitores, e em parte pelos próprios cidadãos nos assuntos que dizem respeito mais diretamente a seus interesses.
FORMAÇÃO DO ESTADO MODERNO − Crescimento da burguesia
− Contraposição à monarquia e à nobreza
− Luta por participação no poder e criação de parlamentos − Ideais republicanos e democráticos
− Idéia de poder imanente
− Concepção de Estado como representação da “vontade geral”
− Revolução Gloriosa (1688), Independência dos EUA (1776), Revolução Francesa (1779)
− Criação de mecanismos para o controle do poder (sufrágio e tripartição do poder)
− Surgimento da sociedade civil em relação com o Estado
LIMITES DA DEMOCRACIA NO CAPITALISMO − Conflito de classes
− Diferentes interesses entre trabalhadores e capitalistas − Soberania do mercado
− Estado controlado pelas classes dominantes
− Estrutura do Estado e leis montadas pelos capitalistas − Rejeição à participação popular
QUESTÕES
− Mesmo com os limites impostos pelo capitalismo, a democracia foi uma grande conquista e trouxe inúmeras vantagens para os países que a praticaram.
− Como isso acontece no Brasil? Temos democracia? Por que o país é do jeito que é?
− Compare a reflexão da manhã com a realidade política brasileira
ESTADO E DEMOCRACIA NO BRASIL − País colonizado.
− Ausência de poder central; coronelismo. − Estado imposto de fora e não conquistado.
− Implantação da República sem revolução ou participação da sociedade. − O povo brasileiro como expectador da história.
− Sociedade civil frágil e fragmentada. − Participação política limitada ao voto.
− Deturpação e corrupção dos mecanismos que garantem a democracia − Visão fragmentada da sociedade, tanto na escolha de representantes
como para a solução dos problemas.
− Movimentos populares e participação popular como contraponto aos limites da democracia institucional.
− Conquistas de parcelas do poder por forças ligadas aos movimentos populares.
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO
− Experiência de democracia participativa Combina representação e decisão direta.
− Resultado da luta política e das reivindicações dos movimentos populares.
− Não é apenas uma maneira de “pedir” coisas, mas uma nova forma de pensar a cidade e a política, baseada em:
Democracia e transparência Controle social
Igualdade de acesso ao poder público
Conceito de cidade como totalidade e não como aglomerado de bairros.
Visão integrada dos problemas locais e gerais.
QUESTÕES
− Dentro da concepção de Orçamento Participativo como mecanismo de democratização e como nova maneira de se pensar e viver a cidade, quais os principais desafios que devem ser enfrentados pelos representantes da sociedade civil na discussão do OP?
− Quais as ações possíveis para a superação desses desafios?
− Qual o papel dos delegados do OP como cidadãos e representantes da
Prefeitura Municipal de Vitória Secretaria de Gestão Estratégica Gerência de Orçamento Participativo
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