• Nenhum resultado encontrado

RELAÇÃO ENTRE FONÉTICA E FONOLOGIA. Miguél Eugenio Almeida UEMS Unidade Universitária de Jardim. 0. Considerações iniciais

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "RELAÇÃO ENTRE FONÉTICA E FONOLOGIA. Miguél Eugenio Almeida UEMS Unidade Universitária de Jardim. 0. Considerações iniciais"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

RELAÇÃO ENTRE FONÉTICA E FONOLOGIA

Miguél Eugenio Almeida UEMS – Unidade Universitária de Jardim 0. Considerações iniciais

A “Relação entre fonética e fonologia” compreende uma relação de interdependência, porque ambas trabalham com o fonema; mas sob enfoque diferente. Ao estabelecermos as possíveis relações entre elas (fonética e fonologia), estamos buscando os elementos de aproximação para o estudo do fonema. E, em outro momento, estamos evidenciando os elementos que caracterizam as especificidades de cada abordagem a respeito do mesmo (fonema).

Nesta nossa proposta de análise, auxiliamo-nos basicamente dos seguintes estudiosos da linguagem, em geral: Malmberg, em “As novas tendências da lingüística” (1971); Genouvrier e Peytard, em “Lingüística e ensino do português” (1985); BORBA, em “Introdução aos estudos lingüísticos” (1975); Ferreira Netto, em “Introdução à fonologia da Língua Portuguesa” (1975). Com eles, procuramos situar o campo da fonética e da fonologia, especialmente; para que possamos evidenciar os fonemas sob o âmbito da fonética e da fonologia no estudo da língua. Assim, apresentamos, a seguir, a noção de “fonema” de uma língua dada.

1. Noção de fonema

O fonema compreende o menor elemento presente de uma dada língua. Destarte, ele (fonema) é a forma estruturante desta (língua), gerando as alterações profundas de significado (sentido) quando procedemos à substituição de um elemento (fonema) por outro da mesma ordem, num mesmo ponto da cadeia falada. Tomamos o seguinte exemplo:

/p/ato X /b/ato

(2)

No caso, os fonemas /p/ e /b/ diferenciam-se um do outro por um único traço fonético distintivo: quanto à função das cordas vocais, o fonema /p/ é surdo e /b/ é sonoro. A diferença observada é a marca da não-sonoridade - Ø - em /p/ e da sonoridade em /b/. Com isto, o elemento do traço distintivo – sonoridade -, no aspecto do significante, implica notoriamente a mudança de significado entre as respectivas formas (pato x bato); pois, conforme os estudiosos da língua: “O fonema é a menor unidade de som capaz de produzir modificações do sentido por mera comutação(¹), sem ter próprio um sentido. [...] O fonema é a unidade mínima pertinente de uma língua dada”. (GENOUVRIER; PEYTARD, 1985, p.62-63). No conceito, percebemos a relação de pertinência do fonema para com a língua. Ele (fonema) está em relação com a língua à medida que a compõe o seu signo.

2. As abordagens da fonética e da fonologia

A seguir verificamos o fonema nas diferentes abordagens da fonética e da fonologia, assim: a fonética descreve o som quanto à articulação, tonalidade, altura; podendo definir a frequência das vibrações sonoras. De outra parte, a fonologia mostra as oposições entre uma unidade e outra de mesma classe (modo de articulação, por exemplo) num mesmo ponto da cadeia falada, para distinguir um lexema do outro, sob o ponto de vista do significado. Diante disto, cabem ao foneticista e ao fonólogo as seguintes tarefas:

Do som [i], o foneticista pode descrever a articulação, a tonalidade, a altura; pode definir a freqüência de vibrações por meio de aparelhos especiais ele trabalha com uma substância, no caso a substância sonora.

[...] o objeto do fonólogo, a quem interessa antes de mais nada saber que /i/ é uma unidade que se opõe a outras, por exemplo no sistema fonológico do português. [...] o /i/ existe não como um dado autônomo, mas como uma unidade de valor meramente relacional, formal. Trabalha com uma forma. (GENOUVRIER; PEYTARD, op. cit., p.173).

A língua como forma (Saussure) expressa à abstração pelo signo. Este tece o sistema da língua, a partir das unidades menores (fonemas). A este respeito, para os autores: “[...] tanto no significante quanto no significado, o signo lingüístico é uma forma. Ele nasce de combinação arbitrária daqueles”. (GENOUVRIER; PEYTARD, op. cit., p.174). À guisa de esclarecimento, a forma corresponde a determinação geral para um fonema ou seqüência fonêmica plenos de significação, ou seja, capazes de formar o

(3)

conteúdo de uma idéia; pois o significante traduz a parte fônica do signo representando o significado deste signo – morfema -. (CÂMARA JR., 1981, p.120b). Entendemos que a forma em si é pura abstração. Ela se insere num sistema de signos tornando possível a comunicação humana. Dito de outra forma:

Por signo entende-se algo que existe por outra coisa diferente, que indica algo diverso de si mesmo: por exemplo, a fumaça supõe o fogo, a pomba traz à mente a idéia de paz, etc.(7) É, portanto, da essência do signo o ter caráter intencional: quer dizer, atrai a atenção não sobre si, mas sobre a coisa de que é signo. (MONDIN, 1980, p.136-137).

O signo representa a relação do homem para consigo, para com o ouro e para com o universo que o envolve. E é esta representação que marca notoriamente a expressão mais íntima da natureza humana, permitindo, todavia, o conhecimento do homem em sua plenitude. Isto permite ao homem caminhar cada vez mais para a sua evolução infinita, à medida que amplia o seu conhecimento sobre todas as coisas, amplia o seu arcabouço linguageiro.

Após a exposição nocional do fonema, torna-nos perceptível identificar o objeto formal da fonética e da fonologia. Borba (1975, p.176), quanto ao objeto formal da fonética, diz-nos: “A fonética estuda os sons da linguagem articulada humana. Preocupa-se com a parte significante do signo lingüístico e não com o seu conteúdo”. Desta forma, ela descreve os elementos físicos dos “sons da linguagem”, ou seja, a parte material do signo lingüístico. São esses elementos físicos do som pertinentes ao sistema da língua que constitui a base do signo. Conforme o fonólogo:

ruídos vocais significativos, que podem agrupar-se com outros ruídos vocais igualmente significativos e, conseqüentemente, formar unidades significativas maiores. (FERREIRA NETO, 2001, p.12). O que interessa ao fonólogo é o estudo dos sons significativos para o sistema da língua compreendida. Eles devem formar um todo do signo linguístico. Isoladamente, como observamos, eles são ruídos, mas articulados com os demais e formando um conceito, passam a ter relação de pertinência; pois, conforme Malmberg (1971, p.110): “O filólogo chama pertinentes ou distintivos ou portadores de significação as diferenças de sons utilizadas [...] para distinguir fonemas característicos; chama as outras de não pertinentes ou não distintivas (6)”. Didaticamente,

(4)

estabelecemos a relação entre a fonética e a fonologia; mas do ponto de vista prático, há uma interdependência entre elas, para que os falantes possam fazer uso da língua. A este respeito, o foneticista pondera:

[...] materialidade do sistema, isto é, articulações específicas do trato vocal que se permitem descrever detalhadamente, quanto à organização cognitiva de unidades abstratas, isto é, o reconhecimento, a seleção e a organização que os falantes fazem de aspectos específicos das articulações do trato vocal. (FERREIRA NETO, op. cit., p.14).

Dessa forma, o material sonoro compreende o uso da língua pelos seus falantes. Este material (elemento significante) dá suporte para a formação do signo lingüístico, porque, de acordo com o lingüista: “Toda língua usa um número limitado e preciso de fonemas, que se distinguem uns dos outros por certos característicos fonéticos precisos que são determinantes para sua distinção mútua.” (MALMBERG, op. cit., p.109).

Os elementos fonéticos são portadores de significado quando formam um conjunto lexicológico.

3. Considerações finais

A fonética e a fonologia completam-se para explicar a noção de fonema no sistema da língua; pois, entendemos o fonema da língua enquanto elemento pertinente a ela (língua). No âmbito da fonética, o fonema é descrito fisicamente inventariando as suas propriedades acústicas e os aspectos fisiológicos de sua produção. Portanto, são os elementos materiais – físicos – que elencamos, no caso, ou seja, os elementos que compõem a parte do significante de um signo linguístico, que é o material sonoro. De outra forma, a fonologia estabelece o papel funcional dos fonemas para a formação dos morfemas, que determinam a parte significante de um signo. Destarte, o papel funcional do fonema é relacionar o elemento físico com o elemento de significação pertinente ao sistema da língua.

(5)

BORBA, F. S. Introdução aos estudos linguísticos. 4. ed. São Paulo: Editora Nacional, [1975].

CÂMARA JR, J. M. Dicionário de linguística e gramática: referente à língua portuguesa. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 1981.

FERREIRA NETO, W. Introdução à fonologia da Língua Portuguesa. São Paulo: Hedra, 2001.

GENOUVRIER, E.; PEYTARD, J. Linguística e ensino do português. Tradução de Rudolfo Ilari. Coimbra: Almedina, 1985.

MALMBERG, B. As novas tendências da linguística. Tradução de Francisco da Silva Borba. São Paulo: Editora Nacional/ EDUSP, [1971].

MONDIN, B. O homem: quem é ele? Elementos de Antropologia Filosófica. Tradução: R. Leal Ferreira e M. A. S. Ferrari. São Paulo: Edições Paulinas, 1980.

Referências

Documentos relacionados

Embora o chips frito tenha apresentado mais firme quando comparado ao mesmo produto obtido de matérias primas semelhantes na literatura científica, tal resultado não

1 — O dono da obra pode modificar em qualquer momento o plano de trabalhos em vigor por razões de interesse público. 2 — No caso previsto no número anterior,

Miguel e Lobo, Fernando da Graça Editorial Presença, 1993. Integrais em Variedades

- Se o estagiário, ou alguém com contacto direto, tiver sintomas sugestivos de infeção respiratória (febre, tosse, expetoração e/ou falta de ar) NÃO DEVE frequentar

Os instrutores tiveram oportunidade de interagir com os vídeos, e a apreciação que recolhemos foi sobretudo sobre a percepção da utilidade que estes atribuem aos vídeos, bem como

História Protótipo Casos de Teste Refinamento Planning Build Geração de Massa Testes Homologação Responsável: time de QA Entradas: • Histórias; • Protótipos; • Casos

Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa O local escolhido como cenário para a pesquisa foi a Faculdade de Enfermagem Nova Esperança de Mossoró – FACENE/RN

O presente estudo pretende abordar os interesses sociais no Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, conhecido como Pedregulho, do arquiteto Affonso Eduardo