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Uma Senhora Toma Cha - Resenha-Revista-Ciencia Hoje-Outubro 2009

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RESE

RESE

 NHA

 NHA

A pitoresca história

A pitoresca história

da estatística

da estatística

Uma senhora toma chá – Como a estatística

Uma senhora toma chá – Como a estatística

revolucionou a ciência no século 20

revolucionou a ciência no século 20

David Salsburg

David Salsburg

Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 288 p., R$ 49,90

Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 288 p., R$ 49,90

o século 20, diversas

o século 20, diversas discipli-

discipli-nas científicas passaram em

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maior ou menor grau pela

maior ou menor grau pela

revolu-ção probabilística. Em vez de

ção probabilística. Em vez de

ima-ginar que os

ginar que os fenômenos estudadosfenômenos estudados

seguem leis determinísticas, as

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ciências modernas partem da ideia

ciências modernas partem da ideia

de que estes

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 probabilísticas. Há po

 probabilísticas. Há possibilidadessibilidade

de conhecermos o mundo, mas

de conhecermos o mundo, mas

nunca temos certeza absoluta

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so- bre os resultados d

 bre os resultados de nossas inves-e nossas

inves-tigações. Essa passagem de uma

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visão determinística do mundo,

visão determinística do mundo,

que caracterizou as ciências até o

que caracterizou as ciências até o

século 19, para uma visão

século 19, para uma visão

proba- bilística, a partir do século

 bilística, a partir do século 20, foi20, foi

 possível graças aos av

 possível graças aos avanços e re-anços e

re-voluções ocorridos em uma

voluções ocorridos em uma

disci- plina: a estatística.

 plina: a estatística.

A estatística não surgiu

A estatística não surgiu

natural-mente, mas sim a partir

mente, mas sim a partir do traba-do

traba-lho de diversos pensadores e

lho de diversos pensadores e

estu-diosos. As histórias de como eles

diosos. As histórias de como eles

criaram e desenvolveram as

criaram e desenvolveram as

diver-sas facetas do conhecimento

sas facetas do conhecimento

esta-tístico são contadas no f

tístico são contadas no fascinanteascinante

livro de David Salsburg.

livro de David Salsburg. Mostran-

Mostran-do conhecimento sobre os

do conhecimento sobre os

fun-damentos matemáticos, Salsburg

damentos matemáticos, Salsburg

relata a história viva da e

relata a história viva da estatística,statística,

ou seja, a história das pessoas que

ou seja, a história das pessoas que

inventaram esses métodos e

inventaram esses métodos e

teo-rias, das controvérsias e brigas

rias, das controvérsias e brigas

entre estatísticos e do contexto

entre estatísticos e do contexto

 político e social em q

 político e social em que se encon-ue se

encon-travam seus protagonistas.

travam seus protagonistas.

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66 •CIÊNCIA HOJECIÊNCIA HOJE• vol . 4 4 • nº 264• vol . 4 4 • nº 264

 N

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O autor começa o livro contan-O autor começa o livro

contan-do uma incrível anecontan-dota que

do uma incrível anedota que

ilus-tra como o famoso geneticista e

tra como o famoso geneticista e

estatístico inglês Ronald Fisher 

estatístico inglês Ronald Fisher 

(1890-1962) explicou os

(1890-1962) explicou os

funda-mentos matemáticos do método

mentos matemáticos do método

experimental. Reza a lenda que,

experimental. Reza a lenda que,

em uma tarde ensolarada em

em uma tarde ensolarada em

Cam- bridge, uma senho

 bridge, uma senhora afirmou quera afirmou que

o gosto do chá seria

o gosto do chá seria completa-

completa-mente diferente se o leite

mente diferente se o leite fossefosse

acrescentado à xícara antes ou

acrescentado à xícara antes ou

de- pois do chá. O profess

 pois do chá. O professor Fisher or Fisher 

teria proposto um experimento em

teria proposto um experimento em

que a senhora deveria tomar

que a senhora deveria tomar

alea-toriamente xícaras de chá com

toriamente xícaras de chá com

leite, acrescentado antes ou

leite, acrescentado antes ou

de- pois. Dessa forma, afirmav

 pois. Dessa forma, afirmava ser a ser 

 possível testar se a senh

 possível testar se a senhora distin-ora

distin-guia o gosto do chá por sorte

guia o gosto do chá por sorte ouou

 por conheciment

 por conhecimento de causa. Maso de causa. Mas

essa é apenas uma anedota; não

essa é apenas uma anedota; não

foi assim que Fisher descobriu os

foi assim que Fisher descobriu os

fundamentos matemáticos do

fundamentos matemáticos do

método experimental.

método experimental.

Antes de chegar à história de

Antes de chegar à história de

como Fisher descreveu os f

como Fisher descreveu os funda-

unda-mentos do método experimental,

mentos do método experimental,

Salsburg conta como Karl

Salsburg conta como Karl

Pear-son (1857-1936) sucedeu Francis

son (1857-1936) sucedeu Francis

Galton (1822-1911) – o inventor 

Galton (1822-1911) – o inventor 

da correlação estatística e da

da correlação estatística e da

re-gressão à média – em seu

gressão à média – em seu labora-

labora-tório biométrico. Pearson

tório biométrico. Pearson

preten-dia testar hipóteses derivadas da

dia testar hipóteses derivadas da

teoria de Darwin sobre o

teoria de Darwin sobre o

surgi-mento de novas espécies a partir 

mento de novas espécies a partir 

de mudanças aleatórias nos

de mudanças aleatórias nos

am- bientes ocorridas em

 bientes ocorridas em paralelo, masparalelo, mas

não correlacionadas, a mudanças

não correlacionadas, a mudanças

aleatórias nos organismos. Ele

aleatórias nos organismos. Ele

acreditava que somente o

acreditava que somente o

conhe-cimento de distribuições

cimento de distribuições

matemá-ticas de probabilidade seria capaz

ticas de probabilidade seria capaz

de explicar a teoria de

de explicar a teoria de Darwin.Darwin.

Embora essa ideia seja poderosa e,

Embora essa ideia seja poderosa e,

em última instância, verdadeira,

em última instância, verdadeira,

Pearson ficou toda a vida preso a

Pearson ficou toda a vida preso a

uma coleta insana de dados para

uma coleta insana de dados para

 provar suas teorias, qu

 provar suas teorias, quando outrosando outros

estatísticos, inclusive seu filho,

estatísticos, inclusive seu filho,

Egon Pearson (1895-1980), já

Egon Pearson (1895-1980), já

esta-vam mais à frente no

vam mais à frente no

desenvolvi-mento da ciência.

mento da ciência.

Um dos principais opositores

Um dos principais opositores

e críticos de alguns erros de

e críticos de alguns erros de Pear-

Pear-son pai foi Ronald Fisher, que no

son pai foi Ronald Fisher, que no

início de sua carreira não foi

início de sua carreira não foi

re-conhecido pelo poderoso

conhecido pelo poderoso

Pear-son e acabou aceitando um

son e acabou aceitando um

empre-go em uma estação de

go em uma estação de

experimen-tação agrícola. Foi a partir das

tação agrícola. Foi a partir das

experiências neste local isolado,

experiências neste local isolado,

Rothamstead, e não da tarde

Rothamstead, e não da tarde

enso-larada tomando chá, que Fisher 

larada tomando chá, que Fisher 

escreveu uma série de artigos

escreveu uma série de artigos

de-finindo os fundamentos do

finindo os fundamentos do

méto-do experimental. Salsburg conta

do experimental. Salsburg conta

de forma viva e emocionante a

de forma viva e emocionante a

história de Fisher, descrevendo

história de Fisher, descrevendo

as contribuições desse grande

as contribuições desse grande

cientista para o

cientista para o desenvolvimdesenvolvimen-

en-to da estatística, mas mostrando

to da estatística, mas mostrando

outras facetas de sua

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personalida- NA

de, como, por exemplo, as tendências fascistas.

Além de relatar as controvérsias entre Pearson e Fisher, o autor conta a história de diversos outros estatís-ticos e cientistas que contribuíram  para o desenvolvimento dos métodos

que são hoje parte do cotidiano de qualquer cientista. As histórias se multiplicam no livro e são sempre narradas de forma agradável e insti-gante. Os leitores que conhecem e trabalham com estatística vão ado-rar conhecer as histórias dos homens e mulheres que inventaram os méto-dos que usam em seu cotidiano de trabalho. Por exemplo, as de William Gosset (1876-1937), que inventou o teste t de Student enquanto trabalha-va na cervejaria Guiness; de Chester  Bliss (1899-1979), inventor do mo-delo probit; de Jerzy Neyman (1894-1981), que desenvolveu a matemáti-ca que explimatemáti-ca os testes de hipótese; de W. Edwards Deming (1900-1993), que revolucionou a indústria japo-nesa; ou de Andrey Kolmogorov (1903-1987), o gênio matemático que desenvolveu a teoria da probabili-dade, entre outras, de forma ímpar.

Além de ser interessante para o  pesquisador que usa estatística em

seu trabalho, o livro é uma leitura agradável para qualquer pessoa cu-riosa que esteja interessada em co-nhecer melhor a história das ciências modernas. O historiador da ciência mais especializado, no entanto, tal-vez sinta falta de explicações mais detalhadas e profundas sobre a his-tória da estatística, mas o livro não se destina ao historiador profissional. Foi escrito para um leitor que deseje se distrair com relatos pitorescos sobre a importância da estatística  para a ciência no século 20.

Reco-mendo fortemente o livro; com cer-teza, o leitor vai se divertir.

Carlos Antonio Costa Ribeiro Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, Universidade Candido Mendes e Departamento de Ciências Sociais, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

ESTANTE

Detetives do DNA

Anna Meyer 

Rio de Janeiro, Record, 288 p., R$ 39

O DNA é a molécula que guarda todas as informações biológicas sobre um determinado indivíduo. Ela existe em todos os seres vivos e pode até ser encontrada nos restos de pessoas, animais ou vegetais que já morreram há muito tempo, como há 100 mil anos. Esse material genético é chamado de DNA antigo e o seu estudo serve de base para que a autora discuta alguns mistérios

da história, tanto humana quanto da vida no planeta. Os sete capítulos do livro a bordam, entre outros, temas como a relação dos neandertais com a humanidade moderna, a  possibilidade de se ressuscitar espécies extintas, a natureza da peste negra e o

desti-no de Anastácia Romadesti-nova, herdeira da dinastia russa deposta na revolução bolchevi-que. O livro conclui com uma discussão sobre o futuro do campo do DNA antigo.

Lina por escrito

Silvana Rubino e Marina Grinover (org.)

São Paulo, CosacNaify, 208 p., R$ 59

“Original ao extremo”, assim era considerada por muitos a arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992), nascida em Roma e que veio morar no

Brasil em 1946, na companhia do marido, o crítico e colecionador  Pietro Maria Bardi. Neste livro, são reunidos 33 textos publicados

por Lina entre 1943 e 1991 em revistas italianas e em periódicos brasileiros. Os artigos discutem temas como habitação, mobiliá-rio, arte popular, museologia, restauro, educação e políticas culturais e são ilustrados  por desenhos originais, fotograxas e obras gráxcas da própria arquiteta. Segundo as

organizadoras da coletânea, sua leitura constitui uma via de aproximação à criação arquitetônica de Lina, notabilizada por projetos emblemáticos como os do Museu de Arte de São Paulo (Masp), o Sesc Pompéia (SP) e o Museu de Arte Moderna da Bahia.

Flores da xoresta amazônica:

a arte botânica de Margaret Mee

Margaret Mee

São Paulo, Escrituras, 168 p., R$ 99,90

“Após uma noite incômoda, vi no raiar das primeiras luzes ma-tinais uma das mais lindas cenas: uma revoada de xamingos contrastando com o verde escuro da xoresta, como se fosse uma chuva de pétalas de gerânio.” A descrição inspirada pertence ao diário da primeira expedição à Amazônia feita, em 1956, por  Margaret Mee e faz parte do livro bilíngue (português-inglês),

que, além de trechos dos diários de viagem, traz reproduções de trabalhos dessa pes-quisadora da xoresta tropical brasileira, artista e conservacionista. Nascida em 1909, na Inglaterra, Mee veio para o Brasil na década de 1950 e aqui xcou até morrer, em 1988, consagrando-se como importante ilustradora botânica. Nos 32 anos de viagens  pela xoresta, ela registrou nove novas espécies de plantas, que ganharam nomes em

sua homenagem, como, por exemplo, a Aechmea meeana, a Sobralia margaretae e a  Neoregelia margaretae. Neste livro, além de admirar suas imagens botânicas, o leitor 

conhecerá seus comentários sobre as xores, árvores, aves e animais da região amazô-nica, bem como sua cruzada apaixonada pela preservação da xoresta.

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