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ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO. Protecção social

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Protecção social

2018

ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO

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P

ro

te

ão

S

oc

ia

l

(3)

Protecção social

2018

ORÇAMENTO

GERAL

(4)
(5)

Protecção social

Mensagens-chave

>

Uma das principais metas do novo PDN é reduzir a taxa de pobreza de 36% para 25% até 2022. Actualmente, há 10,5 milhões de angolanos em situação de pobreza. A meta é reduzir este número para 8,25 milhões até 2022, ou seja, retirar mais de 2,25 milhões de angolanos da pobreza nos próximos 4 anos. Isto requer investimentos substanciais aos vários níveis, mas principalmente na protecção social não contributiva e, especialmente, em programas de grande escala de transferências monetárias sociais. Particularmente com a diminuição dos subsídios ao preço do combustível e às tarifas de água e electricidade, deve-se estabelecer neste PDN programas de transferências sociais directamente focados nas populações mais vulneráveis.

Em termos orçamentais, deve-se pensar em

alcançar, com as transferências sociais, pelo menos, o número de pessoas que se pretende retirar da pobreza até 2022.

>

A categoria de protecção social não contributiva/ acção social representa somente 0,45% do total geral do OGE para 2018, o que implica uma redução, já que, em 2017, esta despesa representava 0,51% do OGE. Estudos recentes revelam que, em Angola, a

média da despesa com a assistência social em relação ao PIB é de 0,3%. Para uma perspectiva comparada, considere-se que a média no continente é de 1,3% e que a média do mundo é de 1,5%.

>

Uma taxa de inflação de 28,70%, em 2018, implica, na prática, uma forte desvalorização dos programas de transferência directa que são dirigidos aos segmentos mais vulneráveis da população quando se verifica, nos últimos anos, um constante aumento do custo de vida, manifesto, por exemplo, na cesta básica, nos combustíveis e nos medicamentos disponíveis.

>

Consequentemente, o seu impacto torna-se ainda

mais residual. De modo a não colocar em risco a sustentabilidade da protecção social, poder-se-ia considerar a mobilização de outras fontes financeiras, como é o caso, por exemplo, do Fundo Soberano.

>

Um forte sistema de protecção social implica uma forte estratégia de investimento nos recursos humanos que fazem o atendimento à população. É urgente a admissão de novos quadros para fortalecer substancialmente a rede de assistentes sociais,

A Constituição da República de Angola consagra os direitos da

criança como um Direito Fundamental. Neste âmbito, a família, a

sociedade e o Estado estão constitucionalmente obrigados a criar

as condições para a protecção e o desenvolvimento pleno das crianças.

O Direito à Segurança e Protecção Social inclui o direito à não denegação da

cobertura da segurança social de forma arbitrária ou não razoável e o direito

à igualdade no desfrute da adequada protecção em caso de desemprego,

doença, velhice ou falta de meios de subsistência.

ODS 1.3: Implementar, a nível nacional, medidas e sistemas de protecção

social adequados para todos (…) e até 2013 atingir uma cobertura

substancial dos pobres e vulneráveis.

A protecção social básica não deve depender das contribuições dos

cidadãos, devendo ser orientada para os grupos sociais mais vulneráveis.

Esta modalidade de protecção social é extremamente relevante para

uma distribuição mais equitativa de recursos e para minorar os efeitos da

pobreza e da exclusão.

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educadores e activistas sociais, garantindo uma formação contínua e uma remuneração adequada e sustentável. Uma possível fonte de financiamento desses quadros (sem os quais não se conseguirá reduzir a pobreza quer a nível individual, quer a nível familiar e comunitário), poderá ser o Programa de Combate à Pobreza.

>

A gestão da acção social está, como sector, bastante fragmentada. Os programas de assistência social são geridos ao nível central, quando deveriam ser descentralizados para o nível do município, o qual tem uma maior proximidade à procura e maior potencial para responder aos problemas diários dos cidadãos. Ainda que o processo de descentralização esteja numa fase embrionária e enquanto os

municípios procuram fortalecer a capacidade de planificar adequadamente as suas intervenções, esta é uma oportunidade para que os recursos do OGE possam ser descentralizados, de modo a fortalecer as capacidades e o papel da acção social a nível municipal.

>

Além de atentar contra os direitos humanos, a violência contra a criança tem um elevado custo social e económico, envolvendo um aumento dos gastos em saúde, por exemplo, e um impacto negativo no desenvolvimento da capacidade produtiva e, consequentemente, económica ao longo da vida. Infelizmente, alguns programas cruciais sofreram cortes grandes, em 2018, como o Programa de Promoção do Acesso ao Direito e à

Justiça (corte de 35%), o Programa de Protecção e Promoção dos Direitos da Criança (corte de 72%) e o Programa de Apoio às Vítimas da Violência (corte de 50%). Estas tendências devem ser revertidas e um orçamento adequado deve assegurar estes programas cruciais.

Introdução

A função da protecção social é uma das mais importantes do sector social. Mas o seu peso no OGE tem vindo sistematicamente a decrescer desde 2011. De facto, nesse ano, a protecção social absorvia 21% do orçamento dedicado ao sector social. Entre 2016 e 2017, a sua dotação orçamental tornou a ser reduzida em 4% em termos nominais, o que correspondeu a 17% em termos reais. Esta tendência prevalece: se, em 2017, a protecção social representava 9,8% do orçamento do sector social, em 2018, a mesma tem um peso de apenas 6,41%. É fundamental ter em mente estas discrepâncias entre montantes nominais e reais, sobretudo quando se verifica, nos últimos anos, um constante aumento do custo de vida, manifesto, por exemplo, na cesta básica, nos combustíveis e nos medicamentos disponíveis. Neste cenário, uma protecção social adequada é crucial e indispensável. De modo a não colocar em risco a sustentabilidade da protecção social, poder-se-ia considerar a mobilização de outras fontes financeiras, como é o caso do Fundo Soberano.

São ainda de salientar os efeitos da inflação. Estes exercem aqui uma pressão adicional de redução dos subsídios dirigidos à protecção social. Refira-se que, para 2018, segundo o Relatório de Fundamentação do OGE de 2018, está prevista uma taxa de inflação de 28,70%. No cômputo geral, e revendo a evolução da despesa pública em protecção social, verifica-se que Angola situa-se abaixo das médias internacionais. Na verdade, estudos recentes1 revelam que a média da despesa em

assistência social em relação ao PIB em Angola é de 0,3%. Para uma perspectiva comparada, considere-se que a média no continente é de 1,3% e que a média do mundo é de 1,5%.

1 World Bank. Angola. Revisão das Despesas Públicas do Sector da Protecção Social. Fevereiro

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Protecção social

Quadro 1: Gastos com a protecção social em % do PIB

Fonte: Banco Mundial Revisão das Despesas Públicas do Sector da Protecção Social. Fevereiro 2018.

Quadro 2: Protecção social em % do OGE

Fonte: Análise comparada OGE. UNICEF

tendêncIas

Uma tendência estrutural desta função continua a ser a prioridade dada à protecção social contributiva em detrimento dos grupos mais vulneráveis. A protecção social contributiva é financiada pelos impostos dos trabalhadores. Já a protecção social não contributiva destina-se às pessoas que, por estarem desempregadas, por trabalharem no sector informal, ou por motivos de incapacidade, não realizaram descontos durante a sua vida activa.

Em 2017, apenas 5% do orçamento destinado à função de protecção social foi dirigido ao financiamento da protecção social não contributiva, o que correspondeu a uns escassos 0,5% do total do OGE de 2017. Na verdade, nesse mesmo ano, quase metade dos recursos (49%) foram destinados à segurança social e pensões de funcionários públicos, pessoal militar e paramilitar. Por outro lado, uma percentagem significativa do montante alocado à protecção social (46%) foi

classificada como ‘outros serviços de protecção social’ – classificação esta que não permite o controlo da despesa pública.

Sublinhe-se que a categoria de protecção social não contributiva/acção social representa somente 0,3% do total geral do OGE para 2018, o que representará uma diminuição já que, em 2017, esta despesa representava 0,5% do OGE. Na verdade, do total de 6,41% do montante total do OGE de 2018 atribuído à protecção social, somente 6,39% são destinados aos mais vulneráveis, o que dá uma percentagem de 0,3% do OGE vocacionado para este segmento social. Como referido anteriormente, uma taxa de inflação de 28,70% em 2018 implica, na prática, uma forte desvalorização dos programas de transferência directa que são dirigidos aos segmentos mais vulneráveis da população. Consequentemente, o seu impacto torna-se ainda mais residual.

Componentes

2017

2018

Protecção social contributiva/despesas

não especificadas

48,61%

47,28%

Protecção social não especificada

46,44%

46,34%

Assistência social aos mais vulneráveis

5,18%

6,39%

Fonte: Análise comparada OGE. UNICEF.

Para além de ser secundarizada em relação à protecção social contributiva, a protecção social básica (ou não contributiva) está organizada de modo muito disperso e fragmentado, não havendo ainda uma política estruturada para esta área.

(8)

Uma outra questão problemática é a necessidade urgente de aumentar a rede de assistentes, educadores e activistas sociais, garantindo a sustentabilidade futura destes quadros, via formação contínua e remuneração adequada e sustentável. Uma possível fonte de financiamento desses quadros – sem os quais não se conseguirá reduzir a pobreza quer a nível individual, quer a nível familiar e comunitário, poderá ser o Programa de Combate à Pobreza.

Globalmente, para além de um reforço orçamental, especialmente dirigido à protecção social não contributiva, esta função necessita de maior transparência ao nível da alocação dos recursos, da execução da despesa e da estruturação dos programas e respectivas tutelas, já que estes se encontram espalhados por diferentes entidades, tendem a ser de pequena dimensão e, como tal, correm o risco de sobreposição e de ineficácia.

A título exemplificativo, o principal Ministério para a protecção social contributiva é o Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), mas existem múltiplas entidades governamentais com verbas classificadas como Protecção Social. É o caso do Ministério da Defesa, mas também do Ministério do Interior, do Ministério da Administração do Território, entre outras entidades governamentais.

Contudo, ao mesmo tempo que há uma multiplicação de pequenos programas, assiste-se também a um significativo grau de centralização da implementação e gestão dos mesmos, o que contraria o desígnio da descentralização e da municipalização da acção social. De facto, do total de 621 279 836 053 kwanzas atribuídos à função, a esmagadora maioria é gerida centralmente: as províncias gerem apenas 39 242 445 965 kwanzas.

Outra questão a suscitar preocupação é o facto de as despesas globais do sector beneficiarem mais os idosos e os adultos do que os jovens e as crianças. O estudo do Banco Mundial já mencionado, realizado em Fevereiro de 2018, demonstrou que 80% dos gastos em protecção social vão para os idosos, os quais representam 2% da população. Tenha-se em mente que 48% da população tem idades entre os 0 e os 14 anos e que, de acordo com a mesma fonte, esta é a faixa etária globalmente menos coberta por programas de protecção social.

Lei de Bases da Protecção Social – Lei n.º 7/04 de 15

de Outubro

Artigo 4.º (Fundamentos e objectivos da protecção social de base)

Constituem fundamentos e objectivos da protecção social de base:

a) a solidariedade nacional que reflecte

características distributivas e é, essencialmente, financiada através de imposto;

b) o bem-estar das pessoas, das famílias e da comunidade que se concretiza através da promoção social e do desenvolvimento regional, reduzindo, progressivamente, as desigualdades sociais e as assimetrias regionais;

c) a prevenção de situações de carência, disfunção e marginalização, organizando, com os próprios destinatários, acções de protecção especial a grupos mais vulneráveis;

d) a garantia de níveis mínimos de subsistência e dignidade, através de acções de assistência a pessoas e famílias em situações especialmente graves quer pela sua imprevisibilidade ou dimensão quer pela impossibilidade total de recuperação ou de participação financeira dos destinatários.

(9)

Protecção social

2018

Observações

Protecção social total OGE

2018 por função

621 209 781 077,00

- 8,81%

Outros serviços

de protecção social

255 770 562 396,00

-18,98%

Família e infância

15 916 351 364,00

- 0,44%

Velhice

263 866 621 943,00

Sobrevivência

82 710 570 310,00

Doença e incapacidade

2 904 542 885,00

Fonte: Análise comparada OGE. UNICEF.

Quadro 3: Subfunções na Protecção Social 2018

Fonte: Análise OGE 2018. UNICEF.

MasFaMu e prograMas

de protecção socIal

O OGE para 2018 reflecte uma mudança institucional de peso, a qual se refere à fusão dos antigos MINARS e MINFAMU, após as eleições de Agosto de 2017. A entidade resultante desta fusão institucional denomina-se Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU). O novo Ministério tem uma dotação orçamental de 29 mil milhões de kwanzas em 2018 para 14 programas. Deste montante, 12,3

mil milhões serão, em 2018, destinados à rubrica de protecção social, cujo investimento representa uma diminuição de 11% em relação ao ano anterior. Por seu turno, dos 12,3 mil milhões atribuídos, 28,04% continua a ser atribuído à rubrica “Outros Serviços de Protecção Social”.

Os quatro maiores programas sob a responsabilidade deste novo ministério são o Programa de Apoio Social, dotado com 0,04% (2 809 380 719,00 AOA), o Programa de Melhoria das Condições de Vida dos Ex-Militares e Suas Famílias, o qual absorve 8,47% do orçamento, o Programa Nacional de Desminagem, ao qual foi atribuído 23% do orçamento ministerial e o Programa Integrado de Desenvolvimento Rural e Combate à Pobreza, dotado com 9 960 373 653,00 AOA, o que equivale a 34,18% do mesmo orçamento. Ainda assim, os montantes atribuídos a estes programas são bastante diminutos em termos de percentagem geral do OGE. Considerem-se os seguintes exemplos:

Programa

% do OGE 2018

Apoio Social

0,04%

Integrado de Desenvolvimento Rural e

Combate à Pobreza

0,91%

Fonte: Análise OGE 2018. UNICEF.

Como referido, os restantes programas são não só de pequena dimensão, como parecem sobrepor-se em várias áreas de intervenção. Vejam-se os exemplos seguintes listados no OGE de 2018:

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Programa

% do orçamento

do MASFAMU

Apoio às questões de género e promoção

da mulher

0,32%

Apoio à actividade económica da mulher

rural

0,09%

Promoção da mulher rural

0,44%

Valorização da família e melhoria das suas

condições de vida

0,22%

Valorização da família e aumento das

competências familiares

0,29%

Fonte: Análise OGE 2018. UNICEF.

Do ponto de vista da função e do propósito dos programas de protecção social, será importante pensar os mesmos como políticas estratégicas de combate não só à pobreza, mas também à exclusão, à vulnerabilidade e à violência. São, por isso, programas que desempenham um papel transversal no sector social.

Verifica-se que vários programas nesta área sofrem fortes oscilações orçamentais. Assim, por exemplo, o Programa de Apoio às Vítimas de Violência teve um aumento de 174% de 2016 para 2017 e agora foi reduzido novamente em 50%, usufruindo de um montante de 94 134 233 AOA. Uma das metas mais relevantes no PDN 2018-2022 estabelece que, em 2022, todas as províncias irão dispor de um Centro de Atendimento às vítimas de violência. O mesmo

documento estabelece a meta de se formarem 5250 profissionais capacitados para atender casos de violência.

Já no que diz respeito mais especificamente às despesas de funcionamento e de apoio ao desenvolvimento deste novo ministério, são de mencionar várias constatações.

Em primeiro lugar, é de salientar uma inovação. Trata-se do deTrata-senvolvimento e “implementação de um modelo de colaboração com instituições de vocação social através de contratos programa e mediante apoio ao Estado nos domínios da reinserção social, apoio à criança e reintegração familiar de menores”2.

Neste âmbito, o OGE de 2018 inclui três programas, a saber: i) Apoio Financeiro às Associações de Utilidade Pública (490 250 000,00 AOA); um segundo programa chamada ii) Apoio Financeiro Para as Associações de Utilidade Pública (50 000 000,00 AOA); iii) Apoio Institucional (120 266 858,00 AOA). Seria importante conhecer o âmbito de acção de cada programa e averiguar a pertinência destas dotações orçamentais, se a opção tomada for a de criar amplas parcerias e contratos-programas com actores não governamentais que actuam nestas áreas. A terminologia, tal como a classificação das despesas, são cruciais para que sejam assegurados a transparência orçamental e o controlo da execução da despesa pública.

Em segundo lugar, nesta rubrica, encontram-se projectos e programas que focam os grupos mais vulneráveis. Mas, de modo similar, são de pequena dimensão e não é evidente a sua articulação com outros programas que partilham preocupações e objectivos semelhantes. Assim, por exemplo, o Programa de Apoio às Famílias Mais Carentes, cuja dotação é de 9 140 485,00 AOA, coexiste com o Programa de Assistência às Crianças Vulneráveis, cujo orçamento totaliza 20 109 065,00 AOA e com o Programa de Assistência Alimentar a Pessoas Carenciadas e em Situações de Vulnerabilidade, ao qual foi atribuído 281 745 244,00 AOA. Para além de ser indispensável clarificar as áreas de actuação e as competências de cada programa, importaria esclarecer os critérios de elegibilidade para cada um deles. A adequação destes programas às necessidades sociais, por seu turno, requer que haja uma ligação evidente entre diagnósticos sociais, despesas de financiamento e metas específicas.

(11)

Protecção social

Uma terceira questão que a rubrica das despesas de funcionamento e de apoio ao desenvolvimento deste ministério levanta diz respeito ao investimento nas estruturas centrais e de coordenação. Por um lado, tendo sido integrada no novo ministério, a Comissão Nacional de Luta Contra a Pobreza conheceu um aumento massivo do seu orçamento, passando de apenas 165 milhões, em 2016, para 6,8 mil milhões de kwanzas em 2018. Refira se que este montante representa mais do dobro do que foi atribuído ao próprio Cartão Kikuia.

A este nível, seria de extrema importância que a Comissão Nacional de Luta Contra a Pobreza contribuísse directamente para a municipalização da acção social, apoiando os quadros e os activistas locais, bem como as despesas deste tipo ao nível do município.

Mencione-se, ainda o Programa de Implementação do Mecanismo de Coordenação da Acção Social. Embora esteja dotado apenas com 6 855 363,00 AOA, a sua implementação é potencialmente positiva, na medida em que poderá promover as sinergias intersectoriais e interministeriais, diminuindo a dispersão e

reforçando a produtividade dos investimentos. Naturalmente, tudo dependerá da adopção de modos de trabalho baseados na articulação intersectorial e interinstitucional.

prograMas de

transFerêncIas

MonetárIas

Os elevados custos sociais da crise económica que Angola atravessa desde 2014 requerem uma resposta eficaz e sistemática que permita uma distribuição mais equitativa de recursos, via programas de protecção social e programas de transferência directa de recursos, à semelhança do que sucede em muitos países, nomeadamente africanos.

De facto, a experiência internacional tem demonstrado que este tipo de programas contribui significativamente para a redução da pobreza e da vulnerabilidade. Refira-se que os programas de transferências monetárias directas rondam uma média de 40% da despesa em protecção social em países africanos. Recorde-se que a meta do ODS 1.4 visa assegurar, até 2030, a todos e em particular aos pobres e vulneráveis, direitos iguais a recursos económicos, bem como acesso aos serviços básicos, entre outras dimensões.

Segundo o PDN 2018-2022, a taxa oficial de

incidência da pobreza é de 36%, o que correspondia a 9,44 milhões de cidadãos. O objectivo de erradicar a pobreza será, de acordo com este documento estratégico, prosseguido de várias maneiras, das quais se destaca o Programa de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza que, não estando assim designado no actual OGE, será da responsabilidade do MASFAMU. Adoptando a filosofia da

municipalização, o programa será estruturado em 3 eixos: a) inclusão produtiva rural e urbana; b) acesso universal a serviços públicos; c) transferências sociais. Uma das principais metas do novo PDN é reduzir a taxa de pobreza para 25% até 2022. Tendo em conta as projecções populacionais, segundo as quais, em 2022, Angola terá pouco mais de 33 milhões de habitantes, uma taxa de 25% implica que 8,25 milhões de angolanos deverão estar em situação de pobreza. Por outro lado, o novo Programa de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza será, igualmente,

responsável por financiar a formação e a actividade de assistentes sociais, bem como os custos operacionais do modelo de acção social descentralizada e dos serviços sociais básicos (do registo de nascimento, ao saneamento e educação). Tal implica que este programa tem metas e objectivos muito exigentes que irão exercer pressão significativa sobre os recursos que lhe são alocados.

Já no âmbito do Programa de Protecção e Promoção da Criança, o novo PDN estabelece a meta seguinte: o número de crianças dos 0 aos 2 anos que recebem leite, papas e outros apoios complementares passa de 2188 crianças, em 2017, para 15 000 crianças em 2022. Estima-se que, em 2022, 5 299 939 angolanos tenha entre 0 e 4 anos. Na impossibilidade de aceder a dados mais desagregados, tal indica que apenas 0,28% das crianças na primeira infância terão acesso a este apoio.

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O PDN 2018-2022 indica ainda que, através do Programa Família e Reforço das Competências Familiares, sob a tutela do MASFAMU, o número de famílias assistidas com a ”Cesta Básica de Alimentos” passará de 6117, em 2017, para 15 000 em 2022. Se se tomar o universo populacional previsto para 2022 (33 milhões de habitantes), verifica-se que este apoio cobrirá apenas 0,045% da população.

Por outro lado, se se colocar a hipótese, segundo a qual, em 2022, a meta da taxa de incidência da pobreza (25%) será realmente atingida, constata-se que dos 8 milhões de pobres, apenas 0,18% terão acesso à Cesta Básica.

O Programa de Apoio às Famílias Vulneráveis (Cartão Kikuia), o Programa de Merenda Escolar3 e o Programa

de Apoio Social são os principais programas baseados em transferências não monetárias, isto é, investem na transferência de bens (por exemplo, alimentares). Estes programas não constavam no PND 2013-2017, o que é revelador de uma certa desarticulação entre políticas, prioridades e medidas.

Tendo sido implementado em 2013, o Cartão Social Kikuia é um programa de transferências sociais não monetárias. Tem como objectivos a redução da

pobreza, o reforço nutricional e o aumento da produção agrícola dos beneficiários e dá prioridade a viúvas com órfãos, pessoas com deficiência, pessoas com doenças crónicas e antigos combatentes.

OGE 2016 Revisto

OGE 2017

OGE 2018

Total Kikuia

7 669 467 583

2 170 783 152

3 091 358 036

Total Protecção

Social não

Contributiva

34 804 865 053 37 676 240 436

43 543 456 190

Fonte: Análise comparada OGE. UNICEF.

Os beneficiários recebem um cartão com um crédito financeiro de 5000 kwanzas por mês para compra de bens alimentares, material escolar e insumos agrícolas. As compras apenas podem ser realizadas nas ”Lojas Kikuia” e em outros estabelecimentos comunitários. A crise económica prejudicou a implementação do programa e muitos beneficiários não chegaram a receber os respectivos subsídios. Frequentemente, as lojas estão muito distantes dos beneficiários que não têm meio de transporte. Para além disso, a organização logística do programa é muito pesada e exigente, o que significa que parte significativa das verbas vão para manter a estrutura do programa e não para os beneficiários.

Quadro 4: Atribuição ao Cartão Social Kikuia

Fonte: Análise comparada OGE. UNICEF.

3 Para mais informações sobre o Programa da Merenda Escolar, consultar o Folheto Educação

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Protecção social

Quadro 5: Valor orçamentado para Cartão Kikuia total per

Província e per capita 2018

Fonte: Análise comparada OGE. UNICEF.

O PND 2013-2017 previa a implementação de um programa de rendimento mínimo, baseado em transferência directa de recursos, para pessoas a viver em extrema pobreza, tal como o aperfeiçoamento do sistema de protecção social e a regulamentação e aplicação da Lei de Bases da Protecção Social, a qual remonta a 2004. O OGE de 2018 prevê uma dotação de 54 milhões de kwanzas para o Programa de Rendimento Mínimo para Pessoas em Situação de Risco, o qual é classificado como Despesa de Apoio ao Desenvolvimento do MASFAMU.

Sabendo-se que a taxa oficial de incidência de pobreza oficial é de 36% e que a mesma remonta, na realidade, a 2008, este montante parece estar longe das necessidades. Não é claro também se se trata efectivamente de um programa de transferências monetárias e como o mesmo será articulado com os outros programas de assistência social não contributiva.

Valerá a pena ter em mente que, segundo o PDN 2018-2022, uma das metas do Rendimento Social Mínimo é que, até 2022, pelo menos 28 300 crianças menores de 5 anos, provenientes de famílias pobres, possam usufruir deste apoio. Estimando-se que, em 2022, a população com idades compreendidas entre os 0 e os 4 anos totalize 5 299 939 crianças, constata-se que a meta deste programa é cobrir cerca de 0,53% dessas crianças.

De qualquer modo, é bastante positivo notar que o OGE de 2018 inclui um Programa de Rendimento Mínimo para Pessoas em Situação de Risco. Embora não se afigure como um programa de transferências de grande escala, o mesmo poderá, em coordenação com o projecto piloto de transferências sociais monetárias, financiado ao MASFAMU pela União Europeia, representar uma oportunidade de aprendizagem no sentido de ampliar o programa a todo o país.

A protecção social é um direito humano básico que deve ser assegurado a todas as pessoas, especialmente às crianças. Considerando o contexto das projecções do crescimento populacional de Angola, é recomendável e estratégico que o investimento no capital humano seja realizado desde a base, permitindo o desenvolvimento seguro de cada criança e alcançando o pleno potencial de cada uma delas para a construção de um país. A protecção social, especialmente aquela dirigida às crianças, necessita de ser complementada e reforçada com outros programas para além das transferências monetárias. Sendo estas cruciais, o seu impacto seria ampliado e mais profundo se fosse articulado com outros programas sectoriais, quer na educação (por exemplo, através da merenda escolar), quer na saúde (mediante uma maior cobertura de vacinação e de cuidados primários).

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CRÉDITOS

Design: Julie Pudlowski Consulting • Fotografia: @UNICEF Angola - Pág. 1, 2009/Silva Pinto; Pág. 4, 2013/Silva Pinto; Pág. 6, 2005/Silva Pinto; Pág. 7, 2013/Silva Pinto; Pág. 8, 2007/Silva Pinto; Pág. 9, 2008/Silva Pinto; Pág. 10, 2007/Silva Pinto; Pág. 11, 2007/Silva Pinto; Pág. 12, 2015/Simancas; Pág. 13, 2008/Silva Pinto; Pág. 15, 2007/Silva Pinto.

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Referências

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