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ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS CONFERÊNCIA SOBRE OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO

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ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS

CONFERÊNCIA SOBRE OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO

Grupo de Trabalho 1: Fortalecendo e criando políticas públicas de saúde materna

INTRODUÇÃO1

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) é uma agência das Nações Unidas e funciona como uma rede global que conecta os países ao conhecimento, além da troca de experiências e recursos para auxiliar as pessoas na busca de melhores condições de vida. Presente em 166 países trabalha em suas próprias soluções para o desafio do desenvolvimento nacional e global de acordo com os valores e princípios da Organização das Nações Unidas (ONU), o que faz com que seja reconhecida no mundo inteiro. O PNUD acredita que cada país deve controlar seu futuro e que trabalhando juntos para metas e objetivos em comum é que se conquista o desenvolvimento.

O PNUD publica anualmente o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), baseado no conceito de desenvolvimento humano, que parte da premissa que para atingir o avanço da população não se deve levar em consideração apenas os fatores

econômicos, mas também fatores sociais, culturais e políticos2.

No ano de 1990 foi publicado o então inédito Índice de Desenvolvimento do

Milênio (IDH), este indicador se contrapõe ao Produto Interno Bruto (PIB) per capta3

1 Texto desenvolvido por Guilherme Conceição Vieira, aluno do curso de Relações Internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado – FAAP.

2

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Desenvolvimento Humano e IDH. Disponível em: http://www.pnud.org.br/idh/.

3 O PIB per capta pode ser medido através da soma dos valores monetários de bens e serviços produzidos em um país ou região em certo período de tempo. Dividindo-se produto, renda e despesa pela população do país obtêm-se o PIB per capta.

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que abrange somente a esfera econômica. O IDH considera além do poder de compra de cada um, a educação, a longevidade, etc. As três dimensões (PIB per capta, educação e

longevidade) têm a mesma importância, gerando um índice que varia de zero a um4.

Um dos trabalhos do PNUD são os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), adotados por países no ano de 2000, na Conferência do Milênio, com o prazo de quinze anos para serem alcançadas, ou seja, no até o ano de 2015. Até essa data os Estados-Membros das Nações Unidas assumiram o compromisso de buscar as oito

metas para garantir o desenvolvimento humano no planeta5.

Os projetos do PNUD prezam pelo progresso e cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. O primeiro dos oito objetivos é “Erradicar a pobreza e a fome”. Este objetivo vem sendo cumprido de forma com que o número de pessoas vivendo com menos de um dólar por dia diminuíssem. Eram 1,25 bilhões em 1990, no ano de 2004 passou a ser 980 milhões. As regiões mais afetadas pela desigualdade social são a África, América Latina e Caribe. Entre as metas do primeiro objetivo estão: a redução pela metade entre os anos de 1990 e 2015 da proporção de pessoas com renda inferior a um dólar por dia; alcançar o emprego pleno, produtivo e decente para rodos entre eles jovens e mulheres e reduzir pela metade entre esses quinze anos a população

que sofre de fome6.

O segundo objetivo é “Atingir o ensino básico universal”. Nos países em desenvolvimento é mais frequente a ausência das crianças nas escolas. Apesar das matrículas terem aumentado, mais de 100 milhões de crianças ainda continuam fora da escola em todo o mundo. Grande parte é do sexo feminino no sul da Ásia e África Subsaariana. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), na América Latina e Caribe o total de crianças sem estudar chega a 4,1 milhões. A

4 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Desenvolvimento Humano e IDH. Disponível em: http://www.pnud.org.br/idh/.

5 Basics Facts about the MDGs. What are the Millennium Development Goals? Disponível em:

http://www.undp.org/mdg/basics.shtml. 6

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Erradicar a extrema pobreza e a fome. Disponível em : http://www.pnud.org.br/odm/objetivo_1/.

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principal meta desse objetivo é garantir que até o ano de 2015 todas as crianças

terminem o ensino básico.7

A terceira meta é responsável por “Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres”. A desigualdade entre homens e mulheres começa nos primeiros anos e deixa marcas para o resto da vida. Nos últimos anos a participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou pouco, os maiores avanços foram na Oceania e no Oeste da Ásia. A intenção deste objetivo é eliminar a disparidade entre os

sexos em todos os níveis de ensino até 2015.8

“Reduzir a mortalidade na infância” é o quarto objetivo acordado entre os países membros das Nações Unidas. Cerca de 11 milhões de crianças no mundo morrem entre as idades de zero a cinco anos de idade em decorrência de doenças que podem ser evitadas ou tratadas, como doenças respiratórias, diarreia, sarampo e malária. A mortalidade infantil é mais frequente em países em desenvolvimento com sistemas de saúde precários. O que se pretende com esse objetivo é reduzir em dois terços, até 2015

a mortalidade de crianças menores de cinco anos9.

O quinto objetivo do milênio é o que pretende “Melhorar a saúde materna”. Muitas crianças morrem em decorrência de complicações na gravidez e muitas outras permanecem com sequelas o resto da vida. Na África uma a cada dezesseis mulheres morre na hora do parto. Os sinais de progresso são visíveis através de um aumento no número de pré-natais e também de cuidados pós-natais. Os melhores números aparecem em países de renda média, como o Brasil. As metas desse objetivo se baseiam em: reduzir em três quartos a taxa de mortalidade materna e alcançar até o ano de 2015 o

7 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Atingir o ensino básico universal. Disponível em: http://www.pnud.org.br/odm/objetivo_2/.

8

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Promover a igualdade entre os sexos e autonomia das mulheres. Disponível em:

http://www.pnud.org.br/odm/objetivo_3/. 9

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Reduzir a mortalidade na infância. Disponível em: http://www.pnud.org.br/odm/objetivo_4/.

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acesso universal à saúde reprodutiva10. Este é inclusive o tema abordado nesta edição do nosso evento e será abordado durante este guia de estudos.

Outro objetivo do milênio é “Combater a AIDS, malária e outras doenças”. Das pessoas que morrem de Aids a maioria é por falta de prevenção e tratamento. Somente 28% dos soropositivos recebem o tratamento necessário. Outras doenças são: a malária que mata um milhão de pessoas por ano no continente africano e a tuberculose que causa a morte de dois milhões no mundo inteiro. As metas desse objetivo podem ser resumidas em: até o ano de 2015 determos a propagação da AIDS, até 2010 promover o acesso universal ao tratamento da doença e até 2015 deter a incidência da malária e

outras doenças como a tuberculose11.

Enquanto o penúltimo objetivo diz respeito ao meio ambiente: “Garantir a sustentabilidade ambiental”. O número de áreas protegidas vem crescendo no mundo todo. Uma meta é diminuir pela metade o número de pessoas sem acesso a água potável, melhorando as condições em favelas, periferias e bairros pobres. Outras metas desse objetivo são: integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais e reverter as degradações dos recursos ambientais; reduzir a perda da diversidade biológica, até o ano de 2015, a proporção da população sem acesso a água potável e esgotamento sanitária (saneamento básico) e até 2020 ter atingido um melhora na vida de pelo menos 100 milhões de habitantes que vivem sob essas

condições12.

O último objetivo é o mais amplo e ambicioso de todos, ele visa “Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento”. As pretensões vão desde ajuda para os países pobres que pagam US$ 100 milhões de serviços de dívidas por dia aos países ricos, aumento de auxílios humanitários, comércio internacional, barateamento de custo

10 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Melhorar a saúde materna. Disponível em: http://www.pnud.org.br/odm/objetivo_5/.

11 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Combater o HIV. Disponível em : http://www.pnud.org.br/odm/objetivo_6/ .

12

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Garantir a sustentabilidade ambiental. Disponível em: http://www.pnud.org.br/odm/objetivo_7/.

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de remédios, acesso a internet, mercado de trabalho entre outras metas. Entre as metas do objetivo pode-se destacar: avançar no desenvolvimento de um sistema comercial e financeiro aberto; atender as necessidades dos países menos desenvolvidos; dos países sem acesso ao mar e dos pequenos estados insulares; tratar globalmente o problema das dívidas dos países em desenvolvimento; formular estratégias para que os jovens obtenham um trabalho digno e produtivo, proporcionar o acesso a medicamentos essenciais aos países em desenvolvimento; e tornar acessível os benefícios das novas

tecnologias13.

No ano de 2012, a saúde materna faz parte da Agenda Internacional através do quinto objetivo das metas do milênio. O principal objetivo é reduzir 3/4 a mortalidade

materna, no período entre 1990 a 2015. 14 Para garantir uma saúde materna de qualidade

e evitar grandes taxas de mortalidade; cabe aos Estados promover políticas públicas, em todos os âmbitos – saúde, educação, infraestrutura, tecnologia e condições básicas; para assim garantir que a quinta meta do milênio seja concretizada.

Deve-se, primeiramente, delimitar o termo “saúde materna”. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, saúde materna refere-se a saúde da mulher durante a gravidez, nascimento da criança e o período pós parto. Enquanto a maternidade deveria ser um período de muita felicidade para as futuras mães, para muitas mulheres, é um período que traz sofrimento, doenças e até mesmo mortes. As principais causas de morte durante a maternidade são hemorragia, infecções, pressão alta, aborto forçado e

parto obstruído.15

Deve-se atentar principalmente nos países subdesenvolvidos; os quais possuem maior incidência de casos de mortalidade materna. A grande maioria das mortes citadas

13 Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Estabelecer parceria mundial para o desenvolvimento. Disponível em:

http://www.pnud.org.br/odm/objetivo_8/.

14 ONU. The Millennium Development Goals Report. 2010. Página 30. Disponível em:

http://www.un.org/millenniumgoals/pdf/MDG%20Report%202010%20En%20r15%20-low%20res%2020100615%20-.pdf

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a cima poderiam ser prevenidas. Hemorragia, por exemplo, a qual representa 1/3 das mortes maternas, pode ser prevenida por uma série de intervenções médicas, com o suporte de todo o equipamento e tecnologia hospitalar.

Segundo a Organização Mundial da Saúde16, alguns fatos não podem ser

descartados e assustam com relação a seus números:

- 800 mulheres por dia morrem por causas que poderiam ser prevenidas durante a gravidez e o nascimento;

- 99% das mortes maternais ocorrem em países em desenvolvimento;

- Há uma incidência maior de mortalidade maternal nas regiões rurais e com condições precárias;

- Há um risco maior de morte em adolescentes que ingressam nesse momento da gestação;

- Entre 1990 e 2010, a mortalidade maternal mundial caiu 50%.

É possível afirmar que nesta quinta meta do milênio, desafios e incertezas são lançados a população que consequentemente geram dúvidas sobre a capacidade da sociedade em garantir a saúde da gestante. Qual é de fato o papel da mulher no mundo globalizado de hoje, que sofre com um desenvolvimento tecnológico em alta velocidade e o crescimento da fome, miséria e violência em números alarmantes? Como devemos cuidar das nossas gestantes? Qual o papel do governo e de suas política públicas? Como garantir a saúde da gestante? Estas são somente algumas das perguntas que são levantadas nos dias de hoje pelas mulheres e por todo o cenário Internacional.

HISTÓRICO DO PROBLEMA

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WHO. Media Centre. Maternal Mortality. Disponível em:

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O quinto objetivo do milênio trata de um assunto muito importante para a sociedade civil: melhorar a saúde materna. O principal objetivo é reduzir 3/4 a

mortalidade materna, no período entre 1990 a 2015. 17Para garantir uma saúde materna

de qualidade é necessário promover bons serviços de saúde na área da reprodução e uma série de intervenções programadas para assegurar uma passagem segura da mulher pelo seu período de maternidade. Infelizmente, em muitas sociedades, milhares de mulheres morrem por ano por falta de incentivos, investimentos e acompanhamento desses resultados da mortalidade materna.

É muito desafiador medir a mortalidade materna proveniente te complicações durante o período de gestação. As estimativas e pesquisas não conseguem obter dados precisos e de acordo com a realidade. Entretanto, pode-se perceber que há uma melhora nas condições da saúde materna; fato que demonstra um progresso na quinta meta do milênio.18

Avaliando todas as causas que podem afetar o período de gestação da mulher, deve-se atentar ao papel do Estado nesse processo. Os governos possuem um papel fundamental nesse período, é o principal provedor de instrumentos que proporcionam uma período maternal saudável. É devido a isso, que esse grupo de trabalho tratará o tema “Fortalecendo e criando políticas públicas de saúde materna”. Entretanto, em muitas regiões, o Estado não exerce seu papel, e deixa as mulheres a mercê da sorte e do esquecimento; faltam hospitais, instrumentos hospitalares, profissionais, programas de acompanhamento; ou seja, falta todo o ambiente para prover a mulher de um período maternal saudável.

17 ONU. The Millennium Development Goals Report. 2010. Página 30. Disponível em:

http://www.un.org/millenniumgoals/pdf/MDG%20Report%202010%20En%20r15%20-low%20res%2020100615%20-.pdf

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Alguns fatos não podem ser descartados; e devem pautar as discussões sobre a

saúde materna. De acordo com a Organização Mundial da Saúde:19

- 800 mulheres por dia morrem por causas que poderiam ser prevenidas durante a gravidez e o nascimento;

- 99% das mortes maternais ocorrem em países em desenvolvimento;

- Há uma incidência maior de mortalidade maternal nas regiões rurais e com condições precárias;

- Há um risco maior de morte em adolescentes que ingressam nesse momento da gestação;

- Entre 1990 e 2010, a mortalidade maternal mundial caiu 50%.

A partir dessas estatísticas, descaso por parte do Estado, falta de incentivo, financiamento e investimentos, que surgem os problemas referentes a esse período; o qual deveria ser de grande prazer para a mulher. É devido a este contexto que o tema da política pública ganha notoriedade, pois ela é a principal responsável por oferecer as estruturas necessárias para cuidar da saúde materna. Organizações Internacionais, Estados, Governos, e a própria sociedade devem unir-se e tornar esse tema um dos focos das ações internacionais. Investir nas “futuras mães” é garantir um futuro melhor para toda a humanidade.

DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

A mortalidade materna é inaceitavelmente alta. No ano de 2010, 287.000 mulheres morreram durante o período de gestação e/ou no nascimento da criança. Deve-se notar que a maioria dessas mortes poderiam Deve-ser evitadas Deve-se houvesDeve-sem recursos no acompanhamento da gestante. Nas regiões que possuem ineficiências na área da saúde materna, ou até mesmo falta de estrutura e recursos; abrigam os maiores índices de mortes. Aproximadamente 99% das mortes ocorrem em países em desenvolvimento; e,

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WHO. Media Centre. Maternal Mortality. Disponível em:

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mais da metade dessas mortes, ocorrem na África Sub Saariana e um terço ocorre no sul

da Ásia.20

A proporção de mortalidade materna nos países em desenvolvimento é 240 a cada 100.000 nascimentos; em contrapartida aos 16 a cada 100.000 nascimentos nos países desenvolvidos. Percebe-se assim que há intensas disparidades entre os países, entre a renda das pessoas e também diferenças provenientes das áreas rurais e urbanas.

De acordo com os relatórios da OMS e seus estudos, percebe-se a disparidade entre as mulheres que residem em áreas urbanas e rurais. De acordo com isso, no período de 2003-2008, a proporção de mulheres atendidas e acompanhadas durante o período de gestação, por quatro vezes ou mais, é sempre maior nas cinco regiões analisadas para as pessoas que residem na área urbana. A partir disso, pode-se considerar que essas diferenças de oportunidades que acontecem entre regiões é um problema grave; já que os recursos deveriam ser oferecidos de forma igualitária pelo Estado e para todas as mulheres; sem que eles precisassem se locomover por grandes distâncias para obter um período de gestação saudável. Nota-se assim, que as políticas públicas; no que diz respeito a saúde materna, deve lidar com as diferenças.

Deve-se notar que muitas vezes as políticas públicas são voltadas para os grandes centros urbanos. O que de fato é importante, já que há uma grande concentração populacional nessas áreas; porém, tais políticas precisam ser voltadas também para as zonas rurais, local que agrega uma população – em sua maioria de baixa renda, que necessita de cuidados e oportunidades durante o período de gestação. É importante que os governos ofereçam para as zonas rurais, hospitais, profissionais e acompanhamento as gestantes. Percebe-se assim que mulheres de classes mais inferiores e que residem em áreas distantes fazem parte, em sua maioria, do grupo de pessoas que não recebem cuidados de saúde adequados. Isso acontece especialmente em regiões que não possuem profissionais de saúde capacitados para fazerem o acompanhamento necessário a

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gestante e oferecer instrumentos que garantam o bem-estar da mulher. Pode-se exemplificar esse problema em áreas como a África subsaariana e sul da Ásia. Enquanto em outras partes do mundo o nível de acompanhamento pré-natal aumentou, em regiões como as mencionadas a cima apenas 46% das mulheres recebem os benefícios de tal

acompanhamento.21 Isso significa que milhões de nascimentos não são acompanhados e

assistidos por profissionais; o que pode gerar problemas de saúde para a mãe e para a criança. Pode-se perceber, no gráfico a baixo, esse aumento no número de mulheres que recebem atendimento pré-natal nas cinco regiões do planeta.

21 WHO. Media Centre. Maternal Mortality. Disponível em:

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22

Percebe-se assim que houve uma melhora significativa nesses índices, porém, nota-se ainda que há disparidades entre as regiões do globo e que precisam ser minimizadas. O acompanhamento pré-natal é muito importante para a saúde da mulher,

22

ONU. The Millennium Development Goals Report. 2010. Disponível em:

http://www.un.org/millenniumgoals/pdf/MDG%20Report%202010%20En%20r15%20-low%20res%2020100615%20-.pdf

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e também da criança. Essa assistência pode prevenir uma serie de complicações durante os meses de gestação. Porém, como dito anteriormente, ainda há uma preocupante evidência nos países desenvolvidos; muitas mulheres ainda não recebem o acompanhamento adequado de saúde. Ilustrando esse fato, pode-se analisar a imagem a baixo:

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Um profissional qualificado de saúde (médicos, enfermeiros e parteiras) pode administrar intervenções para prevenir e conduzir possíveis complicações médicas; ou simplesmente fazer o acompanhamento do paciente durante o período em questão. Nas regiões subdesenvolvidas e em desenvolvimento, a proporção de atendimentos

23

ONU. The Millennium Development Goals Report. 2010. Página 30. Disponível em:

http://www.un.org/millenniumgoals/pdf/MDG%20Report%202010%20En%20r15%20-low%20res%2020100615%20-.pdf

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proporcionados por profissionais da área da saúde representava 55% em 1990, passando a ser em 2010, 65%. As regiões com maior índice de mortalidade materna, África subsaariana e Sul da Ásia, são as mesmas regiões que não possuem gestação e parto assistido por profissionais qualificados – menos da metade. Em algumas regiões com crescimento no índice de gestantes assistidas, como Sudeste da Ásia e Nordeste da África; sofreram um pequeno retardamento da sua evolução entre 2000 e 2010.

Essa falta de acompanhamento e assistência pré-natal traz diversos problemas que prejudicam a saúde da mulher; podendo até mesmo ocasionar a morte das gestantes. Tais mulheres podem morrer devido a complicações durante o período de gestação ou até mesmo no nascimento da criança. As maiorias dessas complicações se desenvolvem durante a gestação. As principais complicações, as quais representam 80% das mortes maternas são: sangramento intenso (principalmente após o parto), infecções, pressão sanguínea alta durante a gestação e aborto inadequado. Deve-se exaltar outras mortes devido a malária e AIDS durante a gestação. Saúde materna e do recém-nascido são intimamente ligadas. Mais de 3 milhões de recém nascidos morrem todos os dias, além dos 2.6 milhões que nascem mortos.

Entretanto, deve-se considerar que a vida das mulheres pode ser salva. A maioria das complicações maternas podem ser evitadas através do acompanhamento materno por parte de profissionais bem qualificados. Todas as mulheres necessitar ter acesso ao cuidado pré-natal, apoio profissional durante o parto e assistência após o nascimento. Como ressaltado a cima, as principais complicações podem ser evitadas; como por exemplo: o sangramento pode ser evitado após a injeção de uma toxina momentos após o parto. Já com relação a infecções, as mesmas podem ser evitadas se o parto acontecer em um local com boas condições de higiene. Por fim, para evitar mortes maternas, é

muito importante prevenir gestações não-assistidas e precoces. 24

24 WHO. Media Centre. Maternal Mortality. Disponível em:

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Conclui-se assim, cabe ao governo e suas políticas que minimizem as diferenças de oportunidades que ocorrem entre as regiões, proporcionando acesso igualitário a hospitais e profissionais para toda população. No que diz respeito ao âmbito internacional, cabe aos governos em conjunto com as Organizações Internacionais promover em todas as regiões do globo as mesmas condições de acesso para as gestantes. A Organização Mundial da Saúde (WHO, sigla em inglês) tem como prioridade aprimorar, difundir e tornar acessível a saúde materna. A Organização esta trabalhando para reduzir a mortalidade materna proporcionando orientação baseada em evidências clínicas e programáticas, estabelecendo padrões globais e fornecendo apoio técnico aos Estados-Membros. Além disso, a Organização Mundial da Saúde defende para tratamentos mais acessíveis e efetivos, proporcionando material e manuais de instrução para profissionais da área de saúde, além de apoiar os países para implementar políticas e programas para monitorar o progresso. Durante o encontro das Metas do Milênio, em setembro de 2010, o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, lançou uma estratégia global para a saúde de crianças e mães; com a pretensão de salvar mais de 16 milhões de mulheres e crianças nos próximos quatro anos.

A OMS criou um órgão para auxiliar os governos a examinar as condições de saúde nos respectivos países assim como as políticas públicas existentes e futuras. Esse

órgão é chamado de Comissão de Macroeconomia e Saúde (CMH).25 O processo

macroeconômico para a saúde tem como objetivos:

- apoiar os governos, seus respectivos Ministérios, parceiros, o setor privado e representantes da sociedade civil em examinar as medidas para implementar as políticas de saúde em seus países;

- Analisar as políticas de investimento na área da saúde e o planejamento nacional para atingir as Metas de Desenvolvimento do Milênio;

25

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- Ajudar na criação de canais de assistência financeira e técnica aos governos e seus parceiros a estabelecer as bases para a construção de alianças mais fortes dentro dos países. Estas ações irão centralizar a capacidade dos governos para planejar e implementar o investimento, a fim de melhorar a saúde das classes menos favorecidas mais rapidamente e de forma sustentável.

Percebe-se assim a necessidade de fortalecer e criar políticas públicas de saúde materna, que devem trabalhar em conjunto com Organizações Internacionais, para assegurar a saúde materna (e também da criança), proporcionando a todas as mulheres acompanhamento pré-natal, apoio técnico e profissional e acesso a infra-estrutura adequada. Essas medidas tornam-se possíveis através das políticas públicas que devem ser implementadas com seriedade e eficácia.

DIPLOMACIA NAS NEGOCIAÇÕES

Com relação a região da América Latina e Caribe é possível afirmar que a mortalidade materna é uma problemática social que merece atenção mas sofre com a dificuldade de baixos registros na busca de melhorias e soluções. Assim, o preenchimento correto dos óbitos pelos profissionais da saúde, atenção frequente e a avaliação das causas de tais mortes é crucial. No Brasil em especial,

(...) milhares de mulheres morrem todos anos por complicações ligadas à gestação, parto e puerpério, tendo este o quinto maior índice de mortalidade da América Latina. Estimam-se que ocorram 134,7 óbitos maternos por 100.000 nascidos vivos, sendo que as causas mais frequentes de morte materna são as doenças hipertensivas da gravidez, hemorragias, infecções e abortos, as

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chamadas causas diretas. 98% destas mortes seriam evitáveis se as mulheres

tivessem condições de vida digna e atenção à saúde adequada.26

Enquanto isso Estados Unidos, Canadá e a maioria dos países europeus possuem grau de conhecimento cientifico e tecnológico avançado permitindo que a maioria dessas mortes sejam evitáveis. As causas de mortalidade materna podem ser prevenidas e tratadas com intervenções básicas e rentáveis. Mas é fato que não são todas as mulheres nestas regiões que possuem acesso a cuidado apropriadamente capacitado. Enquanto a região Leste do Mediterrâneo se preocupa em prover cuidados adequados e planejamento familiar como ferramenta primordial para a promoção da saúde materna e neonatal, pois 50% dos partos ocorrem fora de instalações de atendimento de saúde.

Quando olhamos a região africana a situação permanece em grande alerta principalmente por que não existe tradução adequada das políticas colocadas em ação, os sistemas de saúde são fracos e especialmente devido a falta de recursos humanos, alocação inadequada de fundos e baixa participação comunitária no assunto e a questão como um todo ainda é agravada por infecções de malária e HIV. Isto sem falar em níveis altos de pobreza e baixos níveis de literalidade presente em muitos países africanos que contribuem com o baixo status da mulher e comportamento comunitário de baixa preocupação com cuidados da saúde que afetam negativamente a saúde da

mulher.27 O continente possui também grande dificuldade com falta de

comprometimento nacional e financeiro, falta de coordenação entre parceiros, envolvimento masculino inapropriado no cuidado da saúde materna, crescimento da pobreza entre as mulheres, falta de acesso a disponibilidade e uso de cuidado capacitado durante a gravidez, parto e período pós-natal e falta de políticas claras de melhoria para

26

ZAMPIERI, Maria de Fátima Mota. Prevenção Da Mortalidade Materna: Um Desafio Para Todos.

Disponível em:

http://www.saude.sc.gov.br/geral/planos/programas_e_projetos/cemma/prodcient/art2/context.htm

27

WHO. Regional Office for Africa. Making pregnancy safer. Disponível em:

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o cuidado da saúde materna.28

Enquanto no Egito a redução da RMM durante um curto período de tempo tem demonstrado que o efeito coletivo de um programa nacional integrado de maternidade saudável focado em melhorias comunitárias, local de atendimento medico e níveis profissionais de atendentes. Os treinamentos intensivos recebido pela equipe médica vêm demonstrando um efeito positivo na redução da RMM durante os anos 90 no país. Contudo, ainda permanece difícil quantificar o impacto direto das melhorias de infra-estrutura e acompanhamento de profissionais qualificados nos nascimentos.

Já na região do sudoeste asiático, os estudos demonstram que é necessário melhorar a relação entre políticas regionais e a estrutura mundial, melhorar o conhecimento da população ao difundir normas e ferramentas, prover auxílio técnico adequado enquanto melhoram a capacitação a nível nacional e regional e promoção e coordenação de cooperação. Outra área que também precisa de melhorias é a de monitoramento e avaliação da questão da saúde materna.

Enquanto a cobertura do cuidado da saúde materna experiência melhorias em muitas partes do mundo na última década, uma média de somente 40% das mulheres de países de baixa renda se beneficial de tratamento capacitado durante o parto, o que quer dizer que milhões de partos não são assistidos por uma parteira, médico ou enfermeira treinada e a região do Oeste do Pacífico faz parte destas estatísticas.

Desta forma, vale ressaltar que por mais que tenham ocorrido baixas nos índices de mortalidade maternal, permanecemos muito distantes da meta de 2015. Existiram melhorias significativas nas questões de saúde materna, mas o progresso permanece lento, ainda. Mas evitar a mortalidade maternal é possível, mesmo em países com recursos escassos, mas é necessário ter informações corretas em mãos para então traçar soluções. Compreender o nível da mortalidade somente não é suficiente, mas sim

28

WHO. Roadmap Africa. Disponível em: http://www.afro.who.int/en/clusters-a-programmes/frh/making-pregnancy-safer/overview/policies-and-strategies.html

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compreender os fatores que levam a estas mortes. Cada óbito materno ou caso de risco de vida possui informações valiosas que podem indicar caminhos para melhor atender o problema.

Referências

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